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instituto de filosofia e ciências humanas .

departamento de história

H U M 03034
Oficina de leitura e escrita de textos históricos
professor anderson zalewski vargas. turma b . 2021/I

Ben Shapiro e a doutrinação nas universidades1


Em Lavagem Cerebral, menino-prodígio do conservadorismo demonstra como as principais
instituições de ensino superior dos EUA tornaram-se instrumentos de propaganda ideológica
marxista p

Edilson Salgueiro

Outrora a força motriz do desenvolvimento


científico, as universidades brasileiras, sobretudo
os cursos de Ciências Humanas e Sociais,
tornaram-se antros de doutrinação ideológica
marxista, empenhados tão somente na propagação
de ideias que subvertem os valores construídos a
duras penas, em longo processo de tentativa e erro,
pela civilização ocidental. No entanto, a
degradação do ambiente universitário não é
Universidades tornaram-se antros de
doutrinação ideológica. Foto: privilégio dos brasileiros, conforme explica Ben
Reprodução/Mídias Sociais Shapiro em seu livro Lavagem Cerebral: como as
universidades doutrinam a juventude. As
instituições de ensino superior norte-americanas, tão estimadas pelos rankings
mundiais especializados, também padecem do mesmo mal.
O ataque à tradição judaico-cristã; a negação de valores morais absolutos; a
demonização do capitalismo; o estímulo à libertinagem e o culto ao ambientalismo são
apenas alguns dos preceitos diuturnamente disseminados por parte majoritária do
corpo docente das universidades dos Estados Unidos. Consequência do proselitismo
ideológico em sala de aula é a corrupção da inteligência dos calouros, que, por
ostentarem a imaturidade inerente à juventude e o parco conhecimento condizente com
o de um aprendiz, deixam-se seduzir por discursos que soam bem aos ouvidos, mas que
não compõem um todo harmônico quando aplicados na realidade, conforme atestara o
desafinado século XX.

1SALGUEIRO, Edison. Nilton. Professores e professoras de história são mesmo doutrinadores? (Artigo) In:
Café História. Disponível emhttps://revistaoeste.com/mundo/ben-shapiro-e-a-doutrinacao-nas-
universidades/. Publicado em 29 maio 2021 - 19:00.
Ben Shapiro e a doutrinação nas universidades . Oficina . Turma C 2021.1. p. 2

Ao longo de 244 páginas, Lavagem Cerebral escancara o semblante farsesco de


algumas das principais instituições de ensino superior do mundo, como Universidade
Harvard, Universidade Pensilvânia, Universidade Yale, Universidade Princeton,
Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Dartmouth College et cetera, que,
segundo Ben Shapiro, transformaram-se em centros de formação de militantes políticos
que atuam como fantoches do Partido Democrata.
Para fortalecer sua tese, o jovem conservador ampara-se em pesquisas realizadas por
institutos independentes; em declarações proferidas por professores e reitores; na
análise das disciplinas disponibilizadas pelas universidades, bem como no exame
minucioso das referências bibliográficas recomendadas aos estudantes, de maneira a
entender se aos universitários são oferecidas fontes diversas de conhecimento, sem o
predomínio de uma visão ideológica específica; e, não menos importante, na
experiência prática, vivenciada ao longo dos anos em que esteve na UCLA e em Harvard,
onde graduou-se em Direito.
O leitor encontra, em Lavagem Cerebral, a habilidade argumentativa e a contundência
que consagraram o menino-prodígio do conservadorismo no debate público dos
Estados Unidos. Em determinado trecho da obra, por exemplo, a professora Camille
Paglia, da Universidade de Artes da Filadélfia, defende abertamente pautas seculares.
“Sou a favor dos direitos ao aborto. Sou a favor da legalização das drogas. E não sou
simplesmente a favor da descriminalização, mas também da legalização da
prostituição”. Para rebater sua contendora, Ben Shapiro faz a seguinte provocação:
“Camille Paglia quer legalizar a prostituição porque os professores recebem mal?”
Como descreve o autor mais adiante, o discurso da preletora na Universidade de Artes
da Filadélfia explica o resultado da pesquisa realizada pela Luntz Research Associates:
apenas um de cinco professores frequenta cultos religiosos uma vez por semana,
comparados a 40% do público geral; outros 48% dos professores afirmam que
raramente ou nunca frequentaram um culto religioso. O efeito de um corpo docente
avesso à tradição judaico-cristã é o afastamento dos jovens da religiosidade, conforme
apontam Thomas Hargrove e Guido H. Stempel III. Enquanto 77% dos alunos que
acabaram de sair do ensino médio acreditam em um Deus ativo, assim que concluem a
graduação essa taxa cai para 65%. Como diz Ben Shapiro, “Deus não é mais bem-vindo
na universidade; a não ser, claro, que ele se disfarce de professor”.
Em outra passagem de Lavagem Cerebral, o jovem republicano ilustra como as
universidades norte-americanas estão inundadas de discursos anticapitalistas.
Segundo ele, durante uma aula de Geografia na UCLA, o professor Joshua Muldavin
pediu aos alunos que lessem um texto acerca da maneira como “os sistemas voltados
ao mercado de produção e distribuição não têm bons antecedentes quando se trata de
prover alimento para o povo, ou de lidar com as bases da pobreza que condenam à fome
mais de um quarto da população mundial”. Ben Shapiro, sem pestanejar, ironizou:
“Surpreendente. Da última vez que dei uma olhada, sistemas ‘não voltados ao mercado’
mataram vinte milhões de fome na URSS, trinta milhões na China e milhões mais mundo
afora. Devo ter perdido a parte da história nos EUA em que o sistema voltado ao mercado
matou milhões de cidadãos”.
O discurso socialista não se restringe ao corpo docente — ele também ecoa na alma
dos universitários, segundo pesquisa realizada pelo Daily Bruin, jornal da UCLA, com
alunos do terceiro e quarto anos da faculdade. Durante as eleições presidenciais de
Ben Shapiro e a doutrinação nas universidades . Oficina . Turma C 2021.1. p. 3

2000, o democrata Al Gore, ferrenho defensor de intervenção estatal na economia,


recebeu 71% dos votos dos alunos, enquanto o republicano George W. Bush, avesso à
criação de impostos e defensor do livre mercado, recebeu apenas 20%. Ralph Nader,
candidato do Partido Verde, ficou em terceiro, com 9%. O abismo entre o representante
dos democratas e o candidato republicano é de cinquenta pontos porcentuais. Em
outra pesquisa, desta vez focada em conhecer a opinião dos calouros, foi constatado
que 29,9% dos universitários caracterizam suas visões políticas como de “esquerda”
ou “extrema esquerda”, ao passo que 20,7% consideram-se conservadores ou de
“extrema direita”. Nesse caso, a diferença é de apenas dez pontos porcentuais.
Para combater o viés progressista nas universidades norte-americanas, Ben Shapiro
propõe uma solução multifacetada: (1) retenção de verba, que consiste em mobilizar
os investidores conservadores para que tirem seu dinheiro das grandes faculdades e
exijam ensino mais justo e equilibrado como condição para reinvestir seu capital; (2)
fundação de novas universidades, com o objetivo de desmantelar o monopólio das
grandes instituições, atualmente utilizadas como instrumento de promoção de pautas
marxistas; (3) financiamento de instituições que desenvolvem rankings
universitários, com a intenção de inserir as universidades conservadoras no seleto
grupo de entidades respeitadas, encorajando grandes empresas a contratar
universitários de direita; e (4) criação de periódicos conservadores, usando como
exemplo a Fox News, que rompeu com o monopólio midiático da narrativa progressista
da CNN, tornando o cenário de notícias menos desequilibrado ideologicamente.
“Sim, não será fácil estabelecer universidades conservadoras financiadas sem verba
pública. Sistemas legítimos de avaliação e classificação — os rankings das
universidades — não aparecerão da noite para o dia. Assim, a solução de curto prazo é
ter pais que cuidem dos filhos”, pondera Ben Shapiro, na conclusão da obra.
“Resumindo: se o pai e a mãe souberem ensinar consistentemente o certo e o errado,
como eu mesmo aprendi com os meus pais, seus filhos chegarão à idade universitária
preparados para combater os golpes esquerdistas desferidos pelos professores”,
conclui o escritor.

Leia também: “A universidade morta”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 45


da Revista Oeste

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