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V
igor crítico é algo desejável para analistas do discurso como
eu1, que sentimos que novos modos de analisar a impor-
tância das economias simbólicas em nosso(s) mundo(s) são
necessários para equacionar o que experienciamos como
padrões de poder e de desigualdade mutáveis, cada vez mais comple-
xos2. As principais fontes e formas do poder e da desigualdade são sim-
bólicas, compreendendo o uso e o mau uso da linguagem e do discurso.
O trabalho com tais formas lingüístico-discursivas de poder e desigual-
dade tem um histórico respeitável (de fato, pode-se dizer que esse tra-
balho estimulou a emergência de pelo menos alguns ramos da sociolin-
güística moderna — tome-se Labov e The Logic of Non-Standard English
* Este texto foi originalmente publicado em forma de artigo no volume temático Discurso
e crítica, da revista Critique of Anthropology, em 2001, 21 (1): 13-32, com o título Context is/as
Critique. Foi mais tarde também incorporado ao capítulo 3 do livro de Blommaert intitulado:
Discourse: a Critical Introduction [Cambridge: Cambridge University Press, 2005, p. 39-67].
1. Blommaert inclui neste rol também os colegas que colaboraram para o volume temático
mencionado na nota anterior, que visava sobretudo aproximar duas abordagens de análise do
discurso nem sempre vistas como compatíveis: a análise crítica do discurso e a antropologia
lingüística. Para os autores, essas duas abordagens são complementares em seus pontos fortes e
fracos, e compartilham o interesse em compreender a relação entre linguagem, ideologia e
desigualdade social. Sua associação pode contribuir para explicitar o papel da crítica e da lingua-
gem em um mundo em constante mudança. Vale ressaltar que os artigos do volume foram
publicados em dois números separados da revista (1, 2).
2. Agradeço aos colegas no grupo de trabalho do FWO sobre “Linguagem, Poder e Identida-
de” — Monica Heller, Jim Collins, Ben Rampton, Jef Verschueren e Stef Slembrouck — por seus
ricos comentários, críticas e feedback em inúmeras versões deste artigo. Mary Bucholtz contri-
buiu com críticas pontuais e construtivas na versão apresentada na AAA session. Jan-Ola
Östman, Dell Hymes, Karen Sykes e Johannes Wagner comentaram as histórias dos requerentes
de asilo em várias ocasiões. Katrijn Maryns, com quem analisei esses dados, tem sido uma
interlocutora excelente e altamente crítica. Devo agradecer, com todas as observações costumei-
ras da responsabilidade do autor sobre o conteúdo, a todas essas pessoas.
92 SITUAR A LINGUA[GEM] | JAN BLOMMAERT
3. Na minha discussão, não farei jus à variedade de abordagens, nem às imensas diferenças
de nuance e sofisticação analítica nas duas tradições. Terei de generalizar e focar no trabalho
mais típico desses domínios, na tentativa de levantar questões gerais sobre as quais, sem dúvida,
muitos analistas do discurso estão pontualmente conscientes. É adequado dizer que estou fami-
liarizado com bons trabalhos nas duas tradições e que meus comentários se aplicam em vários
níveis aos diferentes trabalhos. Blommaert (1997a) apresenta discussões longas e mais detalhadas
de “contexto” na ACD e na AC.
CONTEXTO É/ COMO CRÍTICA 93
Além disso, como defende Briggs (1997b), nem toda fala é a mesma,
nem todas as categorias no comportamento social são equivalentes. Uma
coisa é caracterizar as pessoas como “falantes” e “ouvintes”; outra é
caracterizá-las, conforme a AC, como “membros” (de quê?); e outra ainda é
categorizá-las em termos de categorias institucionalizadas como raça, gêne-
ro, etnia, preferência sexual, idade e assim por diante, tendo em vista que
sua importância política e ideológica foi estabelecida por outros tipos de
pesquisa. No trabalho de Schegloff e em trabalhos afins, o contexto é redu-
zido a um contexto estereotípico, neutro e autocontido, em que tudo pare-
ce acontecer. Mas a fala (por ex. em ambientes institucionais) pode ser
entendida nos termos de suas marcas de gênero, por outros participantes,
posteriormente, e de forma impactante para os participantes “originais”
(Ochs, 1992). Antecipando a discussão da próxima seção, trata-se precisa-
mente de uma das questões críticas fundamentais: o fato de que a fala pode
não ter certas implicações para os participantes (“diretos”), de que certas
questões não são “demonstravelmente relevantes”, e sim tornadas rele-
vantes por reentextualizações posteriores dessa fala realizadas por outrem.
Fragmento 1
oui/l’autre président . . . (xxxxxx)/ on l’a empoisonné/ c’est le président Mobutu/
qui a mis le poison retardé/ il est parti au russe/ l’URSS/ pour traîter/ il a
retourné/ il est mort/ mais on a abandonné son corps hein/ oui/ {{Question:
C’était un président de MPLA?}} C’était le même mouvement MPLA/ dans le
temps/ année septante-cinq/ quand il est mort on dit/ comme on = =il est
marxisme/ on a pris on a choisi =on= on a fait faux testament/ cette testament
c’était au temps du russe qui a fait ça/ comme toi tu =le= le président il est
mort/ il a décidé Eduardo qui va me remplacer/ sans vote/ parce que il est
toujours du même parti/ Eduardo il est d’origine angolais/ mais il est des Cap
Verdiens/ parce que ce sont des anciens prisonniers/ et Portugais il a mis à l’île
hein/ nous sommes à l’océan/ et on a mis une prison là-bas/ parce qu’il est
venu pour commander l’indépendance/ c’était une petite ville =une petite=
une petite village/ on a mis au pouvoir/ maintenant le président/ c’est on dit/
5. Apresento traduções, embora sabendo que elas obviamente não podem fazer jus ao modo
“quebrado” e, por essa razão, também muito complicado, de falar. Farei uso aqui de um formato
de transcrição altamente simplificado. Os símbolos usados são: = para sucessões rápidas de
turnos ou sílabas em autocorreções; / para frases marcadas com entonação ou finais de sentenças;
pontos indicam pausas. Até o momento, não houve pesquisa sistemática sobre letramento ou
discurso escrito envolvendo esse grupo; um exemplo pequeno de escrita burocrática foi apresen-
tado em Blommaert (1999b). A falta de letramento e o semiletramento estão claramente espalha-
dos no grupo de africanos em busca de asilo, e muitos deles precisam da ajuda de advogados e
assistentes sociais para cuidar de sua documentação. Os dados foram coletados ao final de 1998
por alunos do programa de estudos africanos, na Universidade de Gent, no âmbito de um projeto
de trabalho de campo supervisionado por mim.
104 SITUAR A LINGUA[GEM] | JAN BLOMMAERT
il dit que non/ tous les gens/ qui parlent Lingala/ les gens du Nord/ ce sont des
gens plus malins/ plus intelligents/ par rapport au gens du Sud/ en Angola
nous sommes quatre couleurs/ comme le Bré= le Brésil.
Tradução
sim/ o outro presidente . . . (xxxxxx)/ eles envenenaram ele/ é o presidente
Mobutu/ que colocou o veneno atrasado/ ele partiu pra Rússia/ a União Sovié-
tica/ pra tratar/ ele devolveu/ morreu/ mas abandonaram seu cadáver, certo/
sim/ {{Pergunta: É um presidente do MPLA?}}/ Era o mesmo movimento
MPLA/ naqueles dias/ ano setenta e cinco/ quando ele morreu eles disseram/
como eles = = ele é marxismo/ eles pegaram eles escolheram =eles =eles
fizeram um falso testamento/ aqueles testamento foi no tempo dos russos que
fez isso/ como você você =o =o presidente está morto/ ele decidiu Eduardo
quem vai me substituir/ sem voto/ porque ele é sempre do mesmo partido/
Eduardo ele é de origem angolana / mas ele é dos Cabo-Verdianos/ porque eles
são prisioneiros antigos/ e português se impôs na ilha, certo/ nós estamos no
oceano/ e eles colocaram uma prisão por lá/ porque ele tinha vindo para co-
mandar a independência/ era uma cidade pequena = uma pequena = uma
pequena vila/ eles colocaram no poder/ agora o presidente /isso é o que eles
dizem/ ele disse que não/ todas as pessoas/ quem fala Lingala/ as pessoas do
norte/ elas são pessoas mais sabidas/ mais inteligentes/ em relação às pessoas
do sul/ em Angola nós somos quatro cores/ como o Bra=Brasil.
Eles não funcionam apenas como elementos de textos, mas das socie-
dades e das estruturas sociais; por essa razão, as chances de esses recur-
sos emergirem a partir da análise do discurso (lingüística) doutrinária
são muito pequenas. Em geral, eles pertencem ao domínio do “normal”
e do “usual”; eles condicionam interações na sociedade e algumas
interações simplesmente nunca acontecerão. Em um estudo crítico da
linguagem, no entanto, a ausência de certos eventos discursivos e a
forma particular de outros em função da disponibilidade de alocação de
recursos deveriam nos preocupar mais: por que não podemos todos fa-
lar e escrever da mesma forma? Por que alguns discursos são privilégio
de algumas pessoas por se basearem em usos exclusivos de recursos
raros? Para entender o que a linguagem faz na sociedade, acredito que
essas questões sejam fundamentais.
Trajetórias de textos
Um segundo contexto “esquecido” foi já brevemente mencionado aci-
ma. Uma das características dos processos de comunicação institucionais,
por exemplo, é o movimento do discurso através dos contextos: a fala é
transformada em notas, resumos, boletins oficiais, citações, discussões etc.
Briggs (1997a) argumenta que justamente esse movimento de textos entre
diferentes contextos — práticas de reentextualização — envolve questões
cruciais de poder. Nem todo contexto é/está acessível a todos, e práticas de
reentextualização dependem de quem tem acesso a qual espaço contextual
(um ponto já elegantemente levantado por Roland Barthes em Mythologies,
1957). No sentido empregado aqui, o acesso também depende dos recur-
sos: reentextualização freqüentemente envolve uma tecnologia de
contextualização, certo nível de conhecimento técnico que é muito exclu-
sivo e objeto de imensa desigualdade em nossa sociedade (por ex.
reentextualizações legais requerem acesso a conhecimento técnico legal,
cf. Philips, 1998). A dinâmica de entextualização claramente nos leva de
volta a questões de acesso diferenciado aos recursos de poder e, portanto,
nos leva diretamente à estrutura social (Bauman & Briggs, 1990).
Fragmento 2
7. Esta versão em português foi feita a partir da tradução do autor para o inglês [n. da trad.].
8. União Nacional para a Independência Total de Angola [n. da trad.].
CONTEXTO É/ COMO CRÍTICA 109
9. Blommaert (1997a: 49–61) ilustra a importância das histórias dos dados através do
clássico artigo de Dell Hymes intitulado: Breakthrough into Performance (Hymes, 1975).
CONTEXTO É/ COMO CRÍTICA 111
CONCLUSÃO
Concepções de contexto podem ser críticas na medida em que, em
vez de serem vistas como contribuições referenciais diretas ao significa-
do textual, são vistas como condições para a produção do discurso e para
a forma de entendê-lo, tanto a partir da perspectiva leiga quanto profissi-
CONTEXTO É/ COMO CRÍTICA 113
onal. Devemos olhar tanto para a forma como o lingüístico gera o econô-
mico, social e político, quanto para como o econômico, o social e o políti-
co geram o lingüístico. Todos os problemas que identifiquei em relação
ao contexto na ACD e na AC estão voltados para a centralidade do texto
nessas duas tradições: sua aspiração final continua sendo a de explicar o
texto e não de explicar a sociedade através dessa janela aberta pelo dis-
curso. Minhas próprias sugestões foram pautadas na estratégia oposta,
usando o discurso como um objeto social e vendo suas características
lingüísticas como condicionadas e determinadas por circunstâncias que
vão muito além do que podem perceber o falante ou o usuário, mas que
são sociais, políticas, culturais e históricas. É importante lembrar que,
quando dizemos que o texto é “situado” em termos discursivo-analíticos,
parecemos nos referir a formas de localidade: a singularidade, unicidade
e microssituacionalidade do texto. A partir dessa situacionalidade indivi-
dual, estruturas mais amplas, padrões ou “regras” podem ser deduzidos,
mas essas generalizações não envolvem níveis mais elevados de
situacionalidade: o discurso parece perder o contexto assim que é eleva-
do acima do nível de texto individual. Essa diferença de graus de
situacionalidade — amplo, geral, supra-individual, típico, estrutural —
deve ter espaço em qualquer forma de estudo crítico do discurso. Em
termos concretos: a análise do discurso poderia se beneficiar muito de
intuições básicas da sociolingüística. Por exemplo, da questão da diferen-
ciação social e da desigual distribuição de recursos lingüístico-comunica-
tivos. Poderia também se beneficiar muito das intuições da etnografia,
para a compreensão da importância das histórias dos textos e dos dados,
por exemplo. Essas duas fontes de intuição poderiam contribuir para
visibilizar novos contextos do discurso, contextos que não podem sepa-
rar-se da estrutura social. A ênfase no detalhe interacional e discursivo
poderia complementar esforços socioteóricos já existentes, tal qual o de
Bourdieu (1991), para articular o interacional e o estrutural.
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METAPRAGMÁTICAS
DA LÍNGUA EM USO:
UNIDADES E NÍVEIS DE ANÁLISE*
Inês Signorini (UNICAMP)
1. INTRODUZINDO A QUESTÃO:
O “ESQUELETO EXTERNO” DA LÍNGUA EM USO
N
osso objetivo neste ca- Un des grands mystères que la socio-
linguistique doit résoudre, c’est cette
pítulo é focalizar estru- espèce de sens de l’acceptibilité. Nous
turas e processos socio- n’apprenons jamais le langage sans
culturais de natureza apprendre, en même temps, les
conditions d’acceptibilité de ce langage.
lingüístico-discursiva e político-ideo- C’est-à-dire qu’apprendre un langage,
lógica que adquirem, direta ou indi- c’est apprendre en même temps que ce
langage sera payant dans telle ou telle
retamente, explícita ou implicita-
situation (Bourdieu, 1984: 98).
mente, função metapragmática (Sil-
verstein, 1993; Mey, 2001) na interação social, isto é, função tanto de
descrever e avaliar quanto de condicionar e orientar os usos da língua na
interação oral ou escrita. O exemplo mais saliente é sempre o das regula-
mentações institucionalizadas, notadamente as objetivadas nos sistemas
oficiais de avaliação, que explicitam e colocam em cena, com grande visi-
bilidade no caso dos programas nacionais (do tipo SAEB e ENEM1, por