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6. Os vencedores e a Igreja.........................................

Os vencedores ante o fracasso da Igreja


O vinho novo necessita de odres novos
A armadura de Deus:
a) O cinto da verdade
b)A couraça da justiça
c) O calçado do evangelho
d)O escudo da fé
e) O capacete da salvação
f) A espada do Espírito
g)A oração
h)O manto da humildade
i) O amor
Sexta promessa
Colunas no templo
O nome de Deus
O novo nome de Cristo

OS VENCEDORES E A IGREJA

Os vencedores ante o fracasso da Igreja

Solidarizo-me com os que afirmam que «a Igreja forma o


centro do universo e a razão de ser da criação».*(1) O que
pensava Deus quando criou o universo? Diz Zacarias 12:1b: "o
SENHOR, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o
espírito do homem dentro dele". Eis aí o centro da atenção do
Senhor, eis aí o mais importante para o Criador, o espírito do
homem regenerado, a Igreja, onde fará Sua morada eterna. Isso
é mais importante para Deus que todas as grandes galáxias
juntas.
*(1) Daniel Ruíz Bueno. Pais Apostólicos. BAC. 1985. Pág. 929.

De acordo com Gênesis 1:26-27 e Romanos 5:14, Adão foi criado


à imagem de Cristo; mas o homem caiu e perdeu essa imagem.
É agora na era da graça e pela redenção de Deus em Cristo, que
o homem redimido volta a ser a imagem de Cristo (Romanos
8:29); é a Igreja, o conjunto de todos os predestinados por Deus
para que participem desta salvação tão grande. Ante a rebelião
de Satanás primeiro e a queda do homem depois, o plano eterno
de Deus de reunir todas as coisas em Cristo, e que todas as
coisas manifestassem a glória de Cristo, e que o homem fosse
semelhante a Cristo, esse plano sofre demora; e por ele é
necessário que o Filho de Deus se encarne na história, nasça e
cresça como todos os homens e faça Sua obra na cruz, morrendo
por nós e ressuscitando gloriosamente, segundo o antecipado
conselho de Deus, e vença. O Senhor Jesus é o primeiro
vencedor. Ao derramar sua vida na cruz, e por meio de Sua
poderosa ressurreição e gloriosa ascensão, o Senhor da vida à
Igreja, a qual é chamada a se manter na vitória de Cristo na
cruz. Cristo, o Cabeça, no Calvário venceu e atou a Satanás; e o
Senhor quer que Seu Corpo, a Igreja, todo o tempo que
permanecer na terra, mantenha e demonstre a vitória da cruz, e
para ele é necessário que a Igreja amarre a Satanás em todo
lugar. Satanás tem se interessado muito em que a Igreja, seus
membros, ignore que Cristo já venceu na cruz do Gólgota, e que
essa vitória é nossa, onde nos devemos manter firmes. A Igreja
está chamada a proclamar e viver essa vitória do Senhor sobre
as forças das trevas. Sabemos que muitos irmãos vivem
prostrados, crendo que suas próprias forças lhe darão a vitória.

Mas a Igreja historicamente tem fracassado; isto vem ocorrendo


desde o período primitivo. Desde os tempos apostólicos
começaram as falhas; com a perda do primeiro amor começou o
declínio. A Igreja gradualmente foi experimentando suas falhas,
primeiro manifestadas em algumas pessoas, e depois caiu
comprometida com o mundo em tempos de Constantino o
Grande, imperador romano; houve um matrimônio desigual que
se consolidou nos tempos do imperador Teodósio o Grande (379-
395), veio das alturas com Cristo a morar na terra, até que
definitivamente foi infiel ao Senhor. A Igreja é o Corpo místico de
Cristo; Ele como Cabeça, sofre as feridas do Corpo e, como o
corpo humano, através da história a Igreja tem sido atacado por
inumeráveis germes e pragas malignas com que Satanás tem
desejado acabar com a igreja. A Igreja tem sido atacada por
legiões de demônios que a vão contaminado com a falta de amor
ao Senhor e aos irmãos, falta de fé e esperança nas promessas
de Deus conforme as Escrituras, com heresias, gnosticismo,
ataques por parte do judaísmo e o legalismo, com o
desconhecimento dos princípios bíblicos, com incontáveis
divisões, com perseguições, união com o mundo, com
cesaropapismo, com sincretismo, idolatria, por meio da
inquisição, o nicolaísmo, a mariolatria, o denominacionalismo e
as doutrinas de demônios, com as forças psíquicas latentes na
alma e a teologia da prosperidade, com o evangelho das ofertas,
com o cepticismo e a incredulidade, com o farisaísmo e a
aparência de piedade, com sedução com princípios e práticas
esotéricas, e por último com o ecumenismo e a globalização da
religião.

Mas a Igreja, apesar de que tem chegado a estar gravemente


enferma, tem saído triunfante, porque as portas do Hades não
prevalecerão contra ela, e depois do grande cativeiro e de passar
pelo vale da sombra da morte, chegou a hora de brotar loução
como as flores na primavera, mas desafortunadamente nem toda
a Igreja tem estado comprometida, e nem toda ela é a portadora
dos anticorpos, senão que só os vencedores estarão preparados
para a grande batalha final. É como a vanguarda da Igreja.
Desde o começo, e ante o fracasso da Igreja, surge a
necessidade de que a responsabilidade recaia sobre uns poucos,
os vencedores. Só com os vencedores, os que já tem recobrado
a imagem de Seu Filho, Deus porá Seus inimigos por estrado dos
pés de Cristo (Mateus 22:44), quem tem a preeminência em
tudo. O resto, a grande massa da Igreja quer glorificar a si
mesma e jactar-se de seu trabalho e de suas conquistas. É mais
saudável que trabalhes para o Senhor sem esperar nada para ti;
si estás esperando algo, não tens matado a ti mesmo. Se isso
está te ocorrendo, conta-te entre os eliminados do reino. É
preciso que Deus nos vença por meio da cruz.

O Antigo Testamento está cheio de tipos e figuras de Cristo e a


igreja. Por exemplo, a Escritura, falando da construção do
tabernáculo no deserto sob a liderança de Moisés, diz que a
coberta exterior desse templo portátil era confeccionada com
peles de texugos (cfr. Êxodo 36:19). A esse respeito citamos um
comentário do irmão Witness Lee, tendo em conta que o
tabernáculo era só um tipo da legítima Igreja do Senhor.
"Depois da capa de peles de carneiro tingidas de vermelho, está
a quarta capa, a qual vem a ser a capa externa. Esta coberta
está formada de peles de texugo ou de marsopas, as quais são
muito fortes; podem resistir a qualquer classe de clima, qualquer
classe de ataque. A coberta exterior não é muito atrativa em
aparência e é algo tosco. Hoje em dia, exteriormente Cristo não
é tão agradável para as pessoas mundanas; Ele simplesmente se
assemelha à forte pele de texugo, que não tem atrativo em sua
aparência exterior. Mas ainda que Ele não seja muito atrativo por
fora, por dentro Ele é formoso, maravilhoso e celestial. Ele não é
como o cristianismo de hoje, que tem edifícios imensos e
formosos; exteriormente são muito imponentes, mas interior e
espiritualmente são desagradáveis, vazios e algumas vezes
corruptos. As organizações cristãs mundanas são
verdadeiramente feias. No interior da igreja apropriada, do
edifício de Deus, há algo celestial e belo, ainda que
exteriormente seja humilde e tosco, sem atrativo nem beleza".
(Witness Lee. A Economia de Deus.
LSM. 1990. pág. 204).

O cristianismo perfila-se através de duas correntes. Por um lado,


há um cristianismo religioso, nominal, professo e até com
aparência de piedade; claro, com uma variante gama de
autenticidade; que ao mesmo tempo em que podem estar
anelando estar bem com Deus, também podem estar se
inclinando a olhar com simpatia o mundo circundante e seus
enganosos prazeres. São os que não costumam desejar
comprometer-se com Deus. Mas detrás desse cristianismo
veleidoso, há outra realidade, a dos lutadores, os que sabem que
com Cristo são vitoriosos, os que esperam a vinda do Senhor e
Seu reino com Ele. São os que têm se comprometido com Cristo
até a morte; são os que são guiados pelo Espírito de Deus,
porque conhecem e estão familiarizados com Sua voz e a
estimam. São os que já não vivem para si mesmos, senão para
aquele que dentro deles habita e ordena, porque têm consciência
que ofertou Seu próprio sangue pela vida da Igreja, e nos fez
livres do que escraviza aos homens e quer destruir o rebanho do
Senhor. São os que tem consciência que nossa verdadeira causa,
vida e fortaleza é Cristo; são os que sabem que os demais saem
sobrando. São os que sabem que tudo o que está relacionado
com este mundo de pecado, com nossa própria carne e com
Satanás, nos impede de um autêntico crescimento espiritual. São
os que estão conscientes de que chegou a hora em que tem que
deixar de julgar à Igreja. São os que não põem em primeiro
lugar às “demais coisas” senão ao Senhor. Frequentemente
essas duas correntes cristãs não se identificam uma com a outra,
nem se entendem, e até tem sido antagônica na história. Dá-se o
caso de que se um vencedor trata de ajudar a um irmão caído,
ou a um irmão cego à realidade do Senhor, ou a um irmão
egocêntrico, este a recusa e o apelida de fanático ou extraviado.
E até o persegue.
A partir da regeneração dos membros do Corpo de Cristo; a
Igreja já vive dentro da esfera do reino de Deus, e como em todo
reino, no reino de Deus há claras normas de governo e de
disciplina, e é necessário que todos os redimidos sejamos não só
governados e disciplinados, senão também treinados para
governar com Cristo na eventual manifestação do reino dos céus.

Este é o tempo em que, de acordo com o sermão do monte de


Mateus 5-7, a Igreja, como a atual realidade do reino dos céus,
deve ser treinada, disciplinada, provada, purificada, limpa,
experimentada em uma vida austera, em tribulações e
restrições, corrigida em tudo. Nos pequenos reinos e feudos que
se tem formado no cristianismo, a Igreja está sendo guiada pelos
caminhos largos e amplas portas que facilitam a entrada à
prosperidade econômica; os irmãos são treinados para ganhar
méritos próprios diante do Senhor para serem dignos de ricas
"bênçãos" terrenas, que satisfaçam seus deleites carnais aqui e
agora. Estamos na era das ovações e as distinções entre os
homens. Para que esperar o futuro? Não há preparação para
merecer o reino, porque se desconhece tudo do reino. Para quê
mais reino, se já a grande massa está reinando. Se dizem:
"Somos os filhos do Grande Rei; já estamos reinando". Muitos
querem reinar desde agora, mas recusam pagar o preço da
coroa. É melhor reinar na manifestação do reino futuro, e estar
sobre todos os bens do Senhor (cfr. Mateus 24:47), que reinar
aqui. Ninguém, exceto os vencedores, querem ocupar-se na
confecção e bordado, com o Espírito Santo, do vestido de linho
fino, limpo e resplandecente, sem mancha, para poder participar
nas bodas do Cordeiro; porque esse vestido é individual, pois é
feito em nosso viver diário com o Senhor, o que fazemos, a
Palavra diz que são os atos de justiça de cada santo em
particular. As ações justas de outro santo não servem a ti para
que possas participar nas bodas do Cordeiro, enquanto tu não
negares a ti mesmo, e teu andar não for no Espírito de Deus.

Por tudo isso, a Palavra de Deus fala de vencedores, porque só


os vencedores podem chegar a ser pobres no espírito, ter
capacidade para suportar o sofrimento, ser mansos, ter fome e
sede de justiça, ser misericordiosos; só os vencedores podem ser
limpos de coração, pacificadores; só os vencedores tem
capacidade de padecer perseguição por causa da justiça e ser
vituperados por causa do Senhor, e por cima de tudo isso, se
regozijar e alegrar, sem devolver mal por mal, sem queixar-se, e
sim bendizendo a seus detratores; só os vencedores são capazes
de voltar a face esquerda ao que lhe fere ou golpeia a direita. Só
um vencedor tem a capacidade de se contentar com qualquer
que seja a situação pela que tenha que passar, seja de
necessidade ou de abundância, e poder manifestar como Paulo: "
tudo posso naquele que me fortalece " (Fp. 4:13).

Os vencedores são a vanguarda; os vencedores são os


verdadeiros guerreiros de Deus na Igreja, os que estão vestidos
com toda a armadura de Deus. Na Igreja há pessoas que só
vestem parte dessa armadura, e outros, embriagados por uma
falsa teologia fácil, não vestem nada. Andam nus, como os de
Laodicéia. Só os vencedores expressam a realidade do reino que
deveria expressar toda a igreja redimida pelo Senhor; porque só
na vida vitoriosa dos crentes vencedores se satisfaz o
requerimento de Deus de que nossa justiça deve ser maior que a
dos escribas e fariseus, ou seja, uma mais elevada e exigente
moral comparada a que demanda a lei veterotestamentária e os
legalistas religiosos professos. Temos a realidade do reino, mas é
uma realidade escondida na Igreja, inclusive para a maioria dos
crentes.

Por exemplo, a lei exige que se ame ao próximo e se aborreça


aos inimigos, mas o Senhor nos diz que amemos a nossos
inimigos. Mas, quem que não seja vencedor pode conseguir isto?
Com o estado atual da igreja professa, com essa divisão crônica
reinante, se vive um egoísmo sem precedentes; não se ama nem
sequer aos irmãos na fé; às vezes nos devoramos uns aos
outros; muitas vezes se prefere não empregar os serviços de
nossos irmãos, porque há muita desconfiança,
irresponsabilidade, falta de honradez, fachada de religiosidade,
mas nada de amor e respeito, muito menos de piedade, porque o
crente vive como o resto dos homens, como qualquer filho de
vizinho e não como filhos de nosso Pai que está nos céus. Existe
uma grande diferença entre ser filho de um pai meramente
humano e ser filho do Pai celestial; porque a vida humana não
pode viver a realidade do reino dos céus, senão a vida divina que
Deus vive dentro de nós. A oração autoritativa, a obediência, a
dedicação, o sofrimento, a cruz, o negar a si mesmo, o trabalho
e a vitória dos vencedores, repercute em toda a Igreja. Os
vencedores obtêm a vitória para a Igreja, porque os vencedores
levam toda a carga que deveria levar a Igreja inteira. Sobre os
ombros dos vencedores recai a responsabilidade de carregar a
arca (símbolo de Cristo); elevá-la, e ao custo de sua própria
vergonha, livrá-la do vitupério dos homens. O vencedor não tem
repouso; sua responsabilidade não lhe admite o descanso; o
vencedor sabe que tem que se manter em vigília até que o
Senhor lhe alivie da carga. Então, irmãos, é justo que o Senhor
julgue em Seu tribunal o que a Igreja tem feito nesta era? Será
justo que todos os santos recebam um mesmo trato, sendo que
uns tem caminhado pelo caminho amargo e difícil, enquanto que
outros o tem feito pelo amplo, prazeroso e fácil? É curioso o que
anota o irmão Sonmore: "O povo, que tem ouvidos sarnento, se
congrega ante os mestres de sua própria eleição para ouvir
mensagens de prosperidade, de paz, de poder, de auto-
realização e de sanidade física para continuar em pecado".
(Clayton E. Sonmore. "Ninguém se atreve a chamá-lo engano".
Tomo 3 da série "Mostre a Casa aos da Casa". M.S.M. 1995, p.
130).

Há duas coisas que teve a igreja em seu período primitivo e que


se perderam não muito tempo depois, e que urge que sejam
restauradas em nosso tempo, a saber, o ministério e a
mensagem. Esses dois aspectos já têm sido restaurados em
certos lugares, mas a um alto custo de perseguição e
dificuldades. Por exemplo, o ministério que existe agora não é o
bíblico; e a mensagem em mãos de um ministério estranho
também se aparta da verdade do fundamento escriturário.
Alguém tem dito que uma igreja com um ministério e uma
mensagem que não se podem reconhecer, é um fantasma da
verdadeira Igreja do Novo Testamento. Hoje ministério é uma
fonte de ganância e de posição social; na Bíblia, exercer o
ministério é um grande sacrifício pois exige pagar um preço.
Qual é a mensagem do verdadeiro ministério e por que é
recusado no cristianismo atual? Porque a verdadeira mensagem
é a cruz. Ninguém quer pregar a cruz, nem menos vivê-la. Se tu
pregas a cruz, te correm de tua denominação. Se a Igreja não
vive a cruz, qual será a diferença com os pagãos? Os vencedores
são os únicos que levam a cruz e negam a si mesmos. A cruz é
obediência e submissão ao Senhor até a morte; a cruz é dor e
sofrimento, a fim de que possa haver vida para outros. Sem
morte não pode haver vida. Mas a Igreja evita levar a cruz, e se
refugiam na prosperidade material, na vida fácil, como se o Rei
nos houvesse redimido para que nos acomodemos neste mundo.
Diz W. Nee: "Cada um de nós deveria perguntar: O que faço o
faço com o afã de adquirir fama, ou prosperidade ou para ganhar
a simpatia dos demais? O que busco é a vida na igreja de Deus?
Espero que todos possamos pronunciar a seguinte oração: Oh
Senhor, permita-me morrer para que outros possam viver". (W.
Nee. O Plano de Deus e os Vencedores. Ed. Vida, 1977, pág. 87.)
Satanás já foi julgado na cruz, de modo que a execução dessa
sentença está a cargo da Igreja, e em particular dos vencedores.
Quando os vencedores forem ressuscitados e levados ao céu,
com eles o Senhor estabelece Seu reino e Sua autoridade sobre
a terra e é consumada a salvação. A grande maioria na Igreja
não consegue cumprir o propósito de Deus simplesmente porque
o ignora; por isso é que o Senhor consegue Seu propósito com
um grupo de vencedores. No cristianismo não há consciência de
Igreja como Corpo de Cristo. Só na condição de Filadélfia se tem
restaurado a vida corporativa da Igreja. No cristianismo tem se
exagerado a ênfase na salvação individual, e isso em detrimento
da Igreja, o Corpo de Cristo; porque o que tem que ver com um
membro, tem sua repercussão em todo o organismo. Se não
somos agarrados e alicerçados em amor, todos unidos como os
membros do corpo humano, não podemos ser cheios de toda a
plenitude de Deus. Deus não trabalha só, nem quer que nós
trabalhemos sós. A Palavra de Deus diz que só corporativamente
se pode conhecer a Cristo em suas reais dimensões (cfr. Efésios
3:1719). Individualmente na Igreja há covardes, outros são
preguiçosos, outros descuidados, outros amadores das coisas do
mundo; daí que o Senhor dispensacionalmente sempre se tem
valido de um pequeno remanescente, tanto no povo de Israel
como na Igreja.

Ser vencedor não necessariamente se relaciona com ser


integrantes de um grupo de pessoas especialmente espirituais,
com meta a receber coroas e recompensas quando vier o
Senhor. Pode haver algo disso, mas no fundo se trata da falha
que historicamente tem afetado à Igreja, e o Senhor quer
cumprir Seus propósitos com uns poucos que tem vencido as
circunstancias que tem levado à derrota o resto da Igreja. O
vencedor faz o que realmente deveria fazer toda a Igreja. O
vencedor proclama com freqüência a vitória de Cristo; ou seja,
dá testemunho que Cristo já venceu Satanás, e que já se
aproxima a manifestação do reino dos céus. É necessário que
expressemos o testemunho tanto aos homens como a Satanás. É
necessário dar testemunho que Jesus é o Senhor. De
conformidade com a Palavra de Deus, vemos a diferença entre
um crente vencedor e um vencido. Ao menosprezar sua vida até
a morte, o vencedor está disposto a ser sacrificado em sua vida
física e a negar-se até perder toda a força de sua alma. As
capacidades naturais da alma humana do crente, devem ser
tratadas pela cruz. Quando chegamos a Cristo, trazemos uma
série de forças e capacidades, que o diabo e a carne nos induzem
a pôr ao serviço do Senhor sem que sejam tratadas pela cruz; e
quando isto ocorre, o cristão tem falhado. As capacidades
naturais do homem estorvam a obra de Deus.

Qualquer um pode se enganar e enganar usando suas


habilidades como se procedessem do Espírito Santo. Costuma-se
usar magníficas habilidades naturais pedagógicas, eloquência,
inteligência inata, privilegiada memória; mas tudo isso pode
estar se fazendo na carne: madeira, feno, palha. O que significa
isso? Que se está apresentando uma santidade e umas
capacidades que não procedem de Deus. A Deus não se pode
servir com o que não procede Dele mesmo. Deus não recebe o
que não procede Dele. Qual é o caminho correto a seguir? O eu
deve ser anulado por meio da cruz. Se isso não ocorre, Cristo
não pode manifestar Seu poder em nós. O orgulho que nos
arrasta com base em nossos próprios recursos naturais, e o
poder de Cristo, não são compatíveis. Diz em 1 Coríntios 15:50:
"Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar
o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção". O corpo
animal de que fala o versículo 44 não pode herdar o reino; ele
deve passar primeiro pela ressurreição, e a alma haver
experimentado a cruz.

O vinho novo necessita de odres novos

O Senhor está edificando sua Igreja de acordo aos parâmetros


bíblicos, e necessitamos ter clareza de que o Senhor nos revela
em sua Palavra e pelo Espírito que não temos para quê nos
esforçar tratando de reformar as velhas estruturas eclesiásticas
reinantes; isso é uma tarefa impossível. Todo intento de
renovação não funciona simplesmente porque a edificação da
Igreja é viva; a Igreja é um organismo vivo. As organizações
eclesiásticas, por muito esplendorosas que se mostrem, não
deixam de ser estruturas mortas que não podem conter essa
vida. São recipientes velhos e rotos aptos para a dispensação da
lei; e o Senhor está preparando odres novos para depositar o
vinho novo (cfr. Mateus 9:14-17; Marcos 2:18-22; Lucas 5:33-
39.). As dispensações da lei e da graça são incompatíveis. O que
procura estabelecer sua própria justiça tratando de cumprir
preceitos legais (Ro. 10:3), e não se sujeita à justiça de Deus em
Cristo (Ro. 3:22; 10:4), simplesmente cai da graça (Ga. 5:4). O
cristianismo voltou ao legalismo. Por exemplo, para os meros
professantes da religião, o jejum já não é um ato íntimo e
secreto de adorar ao Senhor (cfr. Mateus 6:16-18), senão uma
prática religiosa externa e oficial, muitas vezes usado para
ostentar e jactar-se não só diante dos homens senão também
ante Deus.

Isto tem cumprimento tanto a nível pessoal como organizacional.


As caducas estruturas da igreja tradicional em suas diferentes
facções, com sua bagagem de legalismo e imposições,
constituem uma trincheira para a graça. A Igreja do Senhor está
voltando a sua normalidade bíblica, à verdadeira vida e unidade
do corpo de Cristo, às práticas do primeiro século, quando os
santos "E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações" (At. 2:42). Mas a
normalidade da Igreja não se conquista renovando as estruturas
das igrejas tradicionais. Não se podem reformar velhas
estruturas eclesiásticas; isso é uma verdadeira utopia. Desde o
ano 1123 ao redor de 13 concílios "ecumênicos" não puderam
renovar o catolicismo romano, por exemplo. Diz o Senhor que
isso seria como pretender que um vestido velho fosse convertido
em um novo simplesmente porque se enche de remendos, pois
remendar um pano velho com pedaços de um novo traz como
resultado a ruptura do pano velho. Por que se rompe? No original
grego não diz necessariamente pano novo; mas fala de pano
tosco, sem cardar (agnafos), não curtido. Um pano não passado
por curtimento, é que não tenha sido golpeado, desengraxado e
curtido; é um pano tosco, que ao ser molhado se encolhe, de
maneira que o remendo do dito pano o tira do velho e o
desgarra; então a ruptura se faz maior que antes. Assim é o
evangelho do reino; é puro; é um evangelho sem tirar as
asperezas, a cruz, o negar a si mesmo; é o evangelho do
caminho estreito; é um evangelho que não pode servir para
remendar o evangelho fácil que está se pregando. O evangelho
do reino e da justiça de Deus choca-se com o evangelho
mundano da prosperidade e do enriquecimento econômico;
choca-se com o evangelho dos palácios e dos grandes empórios.

O mesmo acontece com os odres. Os odres são couros


geralmente de cabra, que, cozidos e costurados por todas as
partes menos pelo correspondente ao pescoço do animal, serve
para conter líquidos, como vinho e azeite. Os couros dos odres,
com o envelhecimento tendem a endurecer, e, claro, vão
perdendo flexibilidade, e podem romper facilmente. Esses couros
velhos não resistem à força da fermentação do vinho novo. A
restauração da igreja bíblica está fermentando agora em quase
todos os países do mundo; e essa fermentação está produzindo
grandes rupturas nas diferentes estruturas da igreja tradicional.
Há milhares de irmãos que neste momento estão recebendo essa
revelação do Senhor; e há deserções por em toda parte. Há
muitos irmãos vencedores que estão buscando a unidade do
corpo de Cristo na comunhão do Espírito de Cristo. O vencedor
vê o que não veem os demais. O vencedor faz um escrutínio
cuidadoso conforme a Palavra de Deus, porque a visão espiritual
deve ser conforme a as Escrituras. O vencedor examina e reflete.
O vencedor não fica na superfície; em certo modo há de se
penetrar no mistério do corpo de Cristo; vê-lo, vivê-lo, discerni-
lo. Nós cristãos não devemos viver no temor que engendra o
cumprimento de preceitos e cargas; ao crer em Jesus Cristo,
Dele não temos recebido o espírito de escravidão (cfr. Romanos
8:15.). Hoje somos filhos de Deus, e devemos gozar do espírito
de liberdade do Evangelho, e esse espírito de liberdade (não de
libertinagem) não cabe nos velhos odres ou antigos moldes nem
do judaísmo nem da igreja tradicional envelhecida com essa
carga de institucionalismo, legalismo, normas, divisões,
nicolaísmo e caducas estruturas.

Insistimos, o Senhor está trabalhando na restauração de sua


legítima Igreja; é uma porta aberta que ninguém pode fechar.
Há um avanço incontido. O Senhor está derramando seu vinho
novo. Mas para esse vinho novo, O Senhor necessita odres
novos. Os odres velhos não servem ao Senhor. Longe está o
Senhor de que se reformem as velhas estruturas religiosas. Aí
está o exemplo de Jesus. Quando iniciou seu ministério não
cuidou de ir ao Sinédrio revelar sua filiação trinitária divina e
messiânica a Anás e a Caifás e demais dirigentes religiosos de
sua nação; nem tampouco a avalizar as estruturas do judaísmo
reinante; ao contrário, combateu todo aquele comércio religioso.
E em vez disso, foi às praias do Lago de Genesaré e chamou a
um grupo de odres novos para que neles fermentasse o vinho
novo do Evangelho do Reino. Jesus não veio a renovar as
estruturas do judaísmo, como agora tampouco está interessado
em renovar as velhas estruturas da igreja tradicional. Jesus
agora está edificando algo novo. O que na história se
envelheceu, morrerá em sua velhice. Quando Jesus inicia seu
ministério, nesse momento histórico, o judaísmo, com Anás e
Caifás como cabeças e com suas alas de fariseus e saduceus,
representavam o odre velho com seu vinho velho da lei, as
obras, os tipos, as sombras, os sacrifícios e as promessas do
Antigo Pacto; agora vem Cristo, marcando o fim de tudo isso,
trazendo o vinho novo à graça divina e a verdadeira realidade a
depositá-la em um odre novo, pois Cristo é o verdadeiro Cordeiro
Pascal, o bode expiatório verdadeiro, o verdadeiro maná, o
verdadeiro tabernáculo de Deus. As organizações eclesiásticas
tem já seu leque de programas, métodos e práticas; uns
tradicionais e outros recebidos de diferentes fontes; inclusive
pode tratar-se de uma congregação que se esteja inaugurando
hoje; que esteja estreando pastor, membros, edifício, púlpito,
pessoas jurídicas, tudo; mas se começa tendo por base as
estruturas tradicionais do sistema, essa congregação nasce
sendo velha e caduca, pois essas estruturas não resistem ao
autêntico vinho. Às vezes a igreja tradicional trata de remendar
os furos de sua estrutura caduca com remendo de pano novo.
Dá-se o caso de que às vezes até usam certa literatura dos
apóstolos e mestres da restauração da igreja, mas ao usá-las
mal, vêm as brechas, pois para que sejam odres novos, as
organizações deveriam desaparecer. Há membros de antigas
estruturas que, abandonando esse sistema corrompido, se abrem
ao vinho novo do Senhor, da unidade do corpo de Cristo, do
evangelho do reino, do caminho da cruz, da porta estreita, da
restauração da verdadeira liderança (apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres), da comunhão do Espírito, da
centralidade de Cristo, etc. Todo esse precioso vinho temos no
Novo Testamento, de onde bebemos pelo Espírito Santo. Cristo
nos deixou com palavras claras, inequívocas. Não é o caso de
tratar de unificar a igreja com o método externo e superficial de
unir as diferentes organizações. Isso se contempla como a
apostasia que envolve o ecumenismo. Pelo contrário, se trata de
uma revelação do Senhor a nosso espírito; é a luz de Deus que
se deve manifestar no amor que dá seu fruto. O ecumenismo
acrescenta a obscuridade, as rivalidades, os enfrentamentos, o
ódio, revive o zelo religioso. O ecumenismo pode ser
papacêntrico, mas não cristo cêntrico.

OS VENCEDORES E A IGREJA

A armadura de Deus

A Bíblia registra uma luta da Igreja contra o inimigo de Deus, as


forças malignas das trevas; e o Senhor nos ordena vestir-nos
com toda a armadura de Deus, para podermos sair vitoriosos
nesse inevitável enfrentamento; porque é necessário que
lutemos no Senhor, em Seu poder, e não no nosso. O vestir-nos
com a armadura de Deus é uma ordem, um mandato de Deus, e
uma necessidade para nós, não é opcional; Mas o por a
armadura é um ato voluntário nosso, um exercício voluntário.
Toda arma meramente humana não serve para esta luta, e sim
de estorvo.
" 10 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do
seu poder.11 Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo;12 porque a
nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes.13 Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que
possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo,
permanecer inabaláveis" (Ef. 6:10-13). Aqui a Igreja é
apresentada como um guerreiro, mas o lamentável é que nem
todos estão vestidos com esta armadura. Muito poucos, os
vencedores, estão vestidos com toda a armadura de Deus;
outros só tem parte dessa armadura, e o resto, a maioria, não
tem nada. Levemos em conta que nós vemos as pessoas com
nossos olhos físicos, mas detrás das pessoas (carne e sangue)
estão os ventríloquos, os verdadeiros inimigos de Deus, os anjos
rebeldes que ostentam neste século os poderes malignos de
Satanás, o qual conta com uma organização sofisticada nos
lugares celestes, os ares, e exercem seu poder sobre as nações
do mundo. Cada nação tem seu próprio príncipe das trevas
(Daniel 10:20) dentro dessa organização, a qual a sua vez
maneja uma verdadeira hierarquia de poderes e especialidades a
seu cargo, para infringir dano à Igreja e às nações, que estão
regidas e escravizadas por essas trevas. Mas devemos estar
firmes na vitória de Cristo, que é nossa própria vitória, por
quanto Satanás e suas hostes de maldade estão destinadas a
serem vencidas por nós; por isso devemos resistir, ou seja, estar
firmes. Paulo toma a armadura de Deus, em sua parte externa,
de modelo do soldado romano de seu tempo, o qual era muito
famoso por sua disciplina e vigilância. A armadura consta das
seguintes partes:

O cinto da verdade. "Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a


verdade" (v. 14a). Cingir-se com cinto tem a conotação de estar
pronto para a ação, neste caso para a batalha espiritual; mas é
necessário que nos cinjamos com a verdade, a qual é Cristo, o
qual verteu seu sangue por nós. Como comeram o cordeiro os
hebreus, no dia de sua liberação? "Desta maneira o comereis:
lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão" (Ex.
12:11a). Quanto mais conhecemos a Deus e a Seu Cristo, mais
temos consciência que Ele é nossa única verdade e realidade
cotidiana, em nosso andar como cristãos. "Respondeu-lhe Jesus:
Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim" (João 14:6).

A couraça da justiça. A couraça era a parte da armadura que


revestia e protegia o peito do soldado romano, ou seja, nossa
consciência. " e vestindo-vos da couraça da justiça " (v. 14b).
Cristo tem sido feito por Deus nossa justificação, e dessa justiça
temos sido revestidos desde que cremos, a qual tem se
convertido em nossa couraça em nossa condição de soldados; a
obra de Cristo na cruz nos tem feito justos, mas em nossa luta
contra Satanás, devemos ter nossa consciência limpa e protegida
com a justiça de um coração reto diante de Deus e dos homens,
o qual é a vida de Cristo em nós; porque Satanás
constantemente está nos acusando, e não devemos permitir que
essas acusações definhem nossa fé e nossa confiança no Senhor.
Se nossa consciência não nos acusa, não devemos permitir que
sejamos atemorizados e envergonhados pelo inimigo.

O calçado do evangelho. "Calçai os pés com a preparação do


evangelho da paz" (v. 15). O homem estava inimizado com
Deus, mas o Senhor Jesus em Sua obra na cruz serviu de
mediador para estabelecer a paz, tanto com Deus como com os
homens; essa é a disposição fundamental do evangelho, com o
qual devemos estar calçados e parados firmemente. Agora
estamos parados sobre a rocha firme, e nessa posição entramos
com confiança a participar na batalha espiritual. Devemos
caminhar com o Senhor na paz que Ele nos tem conquistado;
não em nossa própria paz, nem na paz dos homens. Já não
caminhamos sobre a terra, porque não somos deste mundo. A
salvação separa aos crentes da terra suja, e nos faz livres. Além
disso, nosso testemunho exige que estejamos em paz com Deus
e com os homens.

O escudo da fé. "embraçando sempre o escudo da fé, com o


qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno "
(v.16). O escudo era uma arma defensiva para o soldado
romano, para se proteger tanto das flechas como dos ataques
com espada, lança ou outras armas da época. O escudo é
fundamental para se proteger dos ataques do inimigo. O escudo
do soldado romano era de couro, ou de metal; mas o escudo do
crente é a fé. Há crentes que carecem de fé, logo não tem o
escudo para apagar os dardos de fogo e ataques do maligno,
como as dúvidas, as tentações, os enredos mentirosos, as
incitações e propostas ao pecado. Outros crentes têm um escudo
muito pequeno, com o qual só poderão apagar certos dardos,
mas não todos, pois sua fé não é o suficientemente grande; e
outros, os menos, tem um escudo grande; são os vencedores.

O capacete da salvação. "Tomai também o capacete da


salvação" (v.17a). O capacete era a parte da armadura antiga
que resguardava a cabeça e o rosto, de modo que é fácil
entender que, na guerra espiritual, o capacete da salvação de
Deus guarda a mente do crente, seu intelecto, de ansiedades,
preocupações, acusações, temores, vergonha, ameaças de
Satanás, que vão diretamente dirigidas a nossa mente, para nos
debilitar, nos desorientar e nos prostrar em uma situação de
derrota e culpabilidade. Mas temos sido salvos por Deus em
Cristo; agora somos filhos de Deus, e é Cristo quem vive em nós
permanentemente. Satanás continuamente está lançando seus
dardos em nossa mente. Satanás sabe que é na mente do
homem onde se maquinam e perfilam todas as coisas, e por isso
é na mente dos crentes onde se livram as grandes batalhas
contra o inimigo, pois os argumentos e pensamentos pertencem
à mente. Lemos em 2 Coríntios 10:3-6: "3 Porque, embora
andando na carne, não militamos segundo a carne.4 Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em
Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas5 e toda
altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando
cativo todo pensamento à obediência de Cristo,6 e estando
prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a
vossa submissão". Para entrar a participar na guerra espiritual é
necessário andar conforme o espírito; daí que as armas devem
ser espirituais, poderosas em Deus, para poder derrubar
fortalezas do inimigo. Todos os que desobedecem a Deus são
portadores das fortalezas de Satanás; por isso todo pensamento
deve ser levado cativo à obediência a Cristo.

A espada do Espírito. "e a espada do Espírito, que é a palavra


de Deus" (v.17b). A espada é a única peça da armadura que é
usada para atacar o inimigo. Cristo é o Verbo de Deus
encarnado, e a Bíblia é a Palavra de Deus (gr. logos) inspirada
pelo Espírito Santo, ou soprada pelo alento de Deus (gr.
theopneustos), de maneira que quando é usada a palavra
específica (gr. rhema) para dar um golpe mortal e contundente
ao inimigo, é o próprio Cristo falando por Seu Espírito e pela
Palavra. As Escrituras têm sido deturpadas e manipuladas
abundantemente através da história, em tal forma que essas
deturpações têm facilitado o caminho para introduzir heresias na
Igreja do Senhor, contribuindo às múltiplas divisões sustentadas
com aparente respaldo bíblico. Eis ai o grande perigo, que
apoiados com uma falsa base bíblica, se protocolize a divisão do
Corpo de Cristo. O zelo religioso não é de Deus, nem o orgulho
sectário, nem a vanglória do progresso humano. Tudo isso tem
causado muito dano à unidade da Igreja; tem se quebrantado a
verdadeira expressão da unidade do Corpo do Senhor. Daí que
deve se usar a espada do Espírito no Espírito e pelo Espírito. É de
suma importância saber qual é a versão bíblica em nosso idioma
que guarde mais fidelidade com os manuscritos originais.

A oração. "com toda oração e súplica, orando em todo tempo no


Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por
todos os santos" (v.18). A oração não está relacionada dentro da
armadura de Deus, mas é o elemento indispensável para receber
a armadura e usá-la convenientemente no momento apropriado.

O manto da humildade. Mesmo os vencedores vestidos com


toda a armadura de Deus têm seus perigos, e caso se
descuidem, podem cair de qualquer altura de onde se
encontrem; não importa o grau de maturidade espiritual que se
tenha. Diz 1 Co. 10:12: "Aquele, pois, que pensa estar em pé
veja que não caia". O brilho da armadura, pode deslumbrar ao
vencedor que se descuida, e em vez de fixar os olhos no Senhor,
fixa em si mesmo; não tem consciência de que sua armadura
não tem proteção para suas costas, onde pode ser ferido pelos
dardos do inimigo, dardos chamados orgulho; e já ferido, vai se
enchendo de certa auréola ao redor de si mesmo, e, sem se dar
conta, vai se debilitando espiritualmente de tal maneira que ao
final não tem forças suficientes para sustentar a espada e o
escudo (a Palavra de Deus e a fé), e como conseqüência vem o
engano quanto à Palavra e quanto à fé, e começa a declarar que
já não necessita usar a espada e o escudo; e no final se
despojará a si mesmo de toda a armadura. Então, qual é o
remédio preventivo? Os reis, os grandes deste mundo e os
cristãos orgulhosos, se cobrem com um manto de púrpura, mas
o manto do cristão vencedor é a outra cara da moeda; o manto
que nos cobre as costas dos dardos da altivez é a humildade, a
pobreza no espírito. 1 Pedro 5:5b-6 diz: "sede submissos aos
que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros,
cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos,
contudo, aos humildes concede a sua graça.6 Humilhai-vos,
portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo
oportuno, vos exalte". O vestido de humildade é a vestidura de
um escravo em aptidão de serviço. O altivo faz alarde por cima
dos demais; é depreciativo. O orgulhoso se enche tanto de
confiança em si mesmo, que chega o momento em que crê que
já não necessita usar a Palavra de Deus, a fé e a confiança no
Senhor, e a armadura em geral, e é enredado facilmente no
engano de toda índole. Todo guerreiro necessita de toda a
armadura de Deus, mas vestido de humildade, " 4 Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em
Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda
altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando
cativo todo pensamento à obediência de Cristo" (2 Co. 10:4-5).

A guerra contra os demônios não se faz com as habilidades da


carne; nem com força carnal e física, nem com eloquência
natural, nem com sabedoria humana, nem derrubando às
pessoas ao chão nas reuniões; não estamos lutando contra os
homens. Por tanto, as armas devem ser espirituais, poderosas
em Deus. Os dardos do inimigo vão dirigidos a encher nossa
mente de argumentos e raciocínios que nos induzem à fofoca, à
busca de faltas em nossos irmãos, à acusação, à falta de perdão,
ao egocentrismo, ao juízo injusto, aos zelos e contendas, ao
repúdio, à amargura, à luxúria; mas um dos mais fortes e
devastadores ataques vem do orgulho. Em troca, a Palavra de
Deus nos insta a sermos "Tende o mesmo sentimento uns para
com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei
com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios
olhos" (Ro. 12:6). Devemos estar vigilantes, porque abundam as
falsas roupas de humildade.
Diz Mateus 5:3: "3 Bem-aventurados os humildes de espírito,
porque deles é o reino dos céus". Com este versículo, o Senhor
no sermão do monte começa a descrição da verdadeira natureza
dos que são aptos para participar no reino dos céus; e todas as
características descritas, são o pólo oposto do cristão orgulhoso.
Diante de Deus, o humilde tem a posição mais alta, porque
reflete a plenitude de Deus e de Sua graça; porque Tiago 4:6
diz: "Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos
soberbos, mas dá graça aos humildes". Então, amados irmãos,
para que não nos deslumbre o brilho da armadura e nos impeça
ver a verdadeira natureza do inimigo, devemos tapá-la com o
manto da humildade.

O amor. Por Seu Santo Espírito, o Senhor nos tem dado dons
espirituais, como ferramentas para nosso trabalho nesta era, e
como antecipação dos poderes do mundo vindouro; mas o mais
excelente, importante e poderoso de todas as ferramentas
recebidas da parte do Senhor é o amor do Pai. Muitos, como os
coríntios, buscam os dons exteriores, mas o amor é a maneira
excelente de exercê-los, e é a expressão de Deus dentro de nós
como vida e alento.
A natureza de Deus é amor (1 Jo 4:16), e a expressão desse
amor é o que nos leva a ser espirituais. Podemos ter uma
magnífica compreensão da Palavra de Deus, podemos ter todos
os dons espirituais, podemos compreender todos os princípios do
reino, podemos possuir uma fé gigantesca, mas se carecemos do
amor do Pai, nada somos.

Não temos conseguido compreender, todavia, o suficiente e em


sua justa medida o capítulo 13 da primeira epístola aos Coríntios.
Quanto mais nos alimentamos de Cristo, mais cheios somos de
Seu amor, porque Ele, que é amor, vai se apoderando de todo
nosso ser; não só do espírito, mas também da alma e todas suas
faculdades, e até do corpo. O Senhor tem vindo a viver dentro de
nós para sempre; nunca se afastará de nós; esta é Sua casa;
mas devemos buscar que Ele nos encha de Seu Espírito e de Seu
amor para que lhe sejamos fiéis; Seu amor nos livra do
egocentrismo, e nos faz ver mais além de nosso contorno físico.
Saturados de Seu amor, poderemos ter a visão do terceiro céu, e
pregá-lo. Com o amor, podemos manejar a armadura de Deus
com eficácia.

A sexta promessa

A Igreja tem falhado, mas na história o Senhor começou a


restaurar tudo o que havia se perdido no cativeiro babilônico;
portanto começou o período de Filadélfia, do amor fraternal, os
irmãos que, ainda que com pouca força, guardam a Palavra de
Deus, retém firmemente o que têm e não negam o nome de
Jesus Cristo. É em Filadélfia onde melhor se expressa a realidade
atual do reino dos céus entre os crentes neotestamentários, e
particularmente para os vencedores de Filadélfia há formosas
promessas. Diz Daniel 4:26: "26 Quanto ao que foi dito, que se
deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino
tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que o céu
domina”. Em Filadélfia começamos a experimentar que o céu
governa em nossas vidas.

Na carta do Senhor a Filadélfia encontramos uma formosa


promessa para os vencedores, de serem guardados da hora da
prova, ou seja, a grande tribulação que tem de ser manifestada
sobre toda a terra habitada (Mateus 24:21). Diz em Apocalipse
3:10: "10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança,
também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre
o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a
terra". Neste versículo e no contexto da carta vemos que os
santos que guardam a palavra do Senhor e não negam o nome
do Senhor Jesus Cristo, ou seja, não o troquem por nomes
denominacionais ou de líderes religiosos, serão guardados por
Deus da grande tribulação nos tempos do governo do anticristo.
Não significa isto que alguns santos serão transformados e
arrebatados ao céu antes da grande tribulação, posto isto seria
crer em um arrebatamento da igreja em duas etapas, pois a
Igreja de Cristo estará na terra durante todo o governo do
anticristo.

Colunas no templo

"12 Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí


jamais sairá" (Ap. 3:12a). Se os vencedores de Filadélfia
conseguem reter firmemente o que tem, o Senhor os fará
colunas no templo de Deus. Em Filadélfia vencer é reter. Todos
os santos neotestamentários são pedras do templo do Senhor,
mas nem todos chegam a ser colunas do templo de Deus. Tem
que se diferenciar a condição de ser coluna do templo de Deus e
o ser uma simples pedra do edifício. O vencedor de Sardes será
transformado em uma pedrinha para o edifício de Deus, mas o
de Filadélfia será uma coluna edificada no templo de Deus. A
coluna é fundamental, não pode ser tirada sem que ponha em
risco a estrutura da edificação; ou seja, que o vencedor de
Filadélfia, que guarde a palavra do Senhor e não neguem Seu
nome vá, a receber no reino milenar o prêmio de ser um
fundamento do templo de Deus, e nunca mais será tirado dali. O
vencedor sabe perfeitamente que não pertence a este mundo,
que não habita aqui como se pertencesse a esta esfera. Uma vez
pertencíamos a este mundo, mas se somos vencedores, agora
não pertencemos a este mundo. Pelo contrário, esta era é tão
malvada, que os vencedores, já como um exército, virão com
Cristo a por um fim nesse sistema mundano (Apocalipse 17:14;
19:14, 19-21). Agora somos possessão de Deus, de Cristo e da
Nova Jerusalém. Fora de seu lugar celestial, a vida do vencedor é
a cruz e o vitupério. Hoje tem pouca força, e amanhã é una
coluna no templo de Deus, pelo poder do Senhor.

O nome de Deus

"gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da


cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda
da parte do meu Deus, e o meu novo nome" (Ap. 3:12b). Ao
vencedor de Pérgamo se promete dar-lhe no milênio uma pedra
com um nome escrito, mas ao vencedor de Filadélfia se fará dele
uma coluna sobre a qual serão escritos três nomes: o de Deus, o
da Nova Jerusalém e o novo de Cristo, como sinal por pertencer
a Deus, de herança eterna e de testemunho de Cristo e de que
se tenha feito um com Deus, com a Nova Jerusalém e com o
Senhor; todo o qual se cumprirá no reino milenar. Levar o nome
de Deus significa que Deus foi formado em ti; levar o nome da
Nova Jerusalém significa que fazes parte da Cidade Santa,
porque tem sido também formada em ti, e levar o nome novo do
Senhor significa que o Senhor tem formado a Si mesmo em ti,
em tua experiência, em teu andar. Em resumo, Filadélfia é a
única igreja que é completamente aprovada por Deus. Filadélfia
não nega o nome do Senhor; os irmãos de Filadélfia não se
apelidam com outros nomes; em Filadélfia não há batistas, nem
presbiterianos, nem pentecostais, nem puritanos, nem
quadrangulares; simplesmente são de Cristo, são cristãos, e em
consequência recebem uma preciosa promessa de que será
escrito sobre eles o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e
o novo nome de Cristo.

O novo nome de Cristo

"e o meu novo nome" (Ap. 3:12b). O vencedor de Filadélfia


receberá um prêmio especial, o novo nome do Senhor Jesus
Cristo. O nome do Senhor é o Senhor mesmo; o qual significa
que Cristo é pertence do crente vencedor. O nome do Senhor
tem sido forjado no crente vencedor. Qual é o nome novo de
Cristo? Tu conheces o nome novo de Cristo quando experimentas
de uma maneira nova ao Senhor. Para muitos santos Cristo já
ficou velho, já ficou algo assim como uma vida religiosa
rotineira; mas se tomas a decisão de vencer, Cristo chegará a
ser novo para ti; sempre será teu alimento fresco. O vencedor de
Filadélfia retém o nome do Senhor e a unidade do Corpo de
Cristo. O vencedor de Filadélfia tem vencido a ruptura do Corpo
de Cristo. É um erro pensar que para que haja unidade na Igreja
é necessário que se leve a cabo sob a aparência do ecumenismo.
Enquanto subsistirem as divisões denominacionais e sectárias
não pode haver unidade. É um erro pensar que para que haja
unidade na Igreja necessariamente deve haver uniformidade.
Uma coisa é a uniformidade externa e outra a verdadeira
comunhão do Espírito.
Há ênfase doutrinárias que não revestem caráter fundamental, e
que por fim não afetam a salvação nem rompem a unidade do
Corpo; e há denominações que tem se formado e tem se
apartado do resto do Corpo devido a que dão caráter
fundamental a algo que a Escritura não tem como fundamental
nem afeta a salvação. A este respeito vale a pena trazer a
colocação às palavras do irmão Martín Stendal, em relação à
Igreja: "Através da era da Igreja, tem havido muitos
indivíduos e grupos envolvidos em "guerras" e com
"sangue" em suas mãos, que vão tentando edificar o
Templo do Senhor à maneira de determinada
denominação, grupo ou movimento organizado. Estes
intentos tem terminado por edificar monumentos mortos,
ao invés de unir pedras vivas que seriam uma verdadeira
luz para as nações. O homem mede o êxito pelo número
de "fiéis", ou pelas instalações, ou pelos êxitos terrenos
quando Deus o mede pela justiça e a retidão no coração, e
por obediência a Seu ordenamento e a Sua Palavra".*(1)
Também disse o irmão Grau: "Os mesmos reformadores não
tentaram fundar uma nova religião, nem sequer uma nova
Igreja. Tanto eles como nós temos um só Mestre. A
mensagem da Reforma não nos diz que nos façamos
luteranos ou calvinistas, senão cristãos".*(2)
*(1) Martín Stendal. O Tabernáculo de Davi. Colômbia para
Cristo. 1998.
*(2) José Grau. Catolicismo Romano - Origens e
Desenvolvimento. E.E.E.. 1987, pág. 543

Além disso, como temos vindo estudando na Palavra de Deus, o


grau de maturidade e santidade dos irmãos biblicamente não é
uniforme, nem tampouco se deve esperar uniformidade no
procedimento e a ordem. Nem ainda nos vencedores há
uniformidade espiritual. No reino, uns receberão melhores
recompensas que outros. A posição no reino e mesmo na
eternidade, no novo céu e a nova terra depende e é produto de
nossa vida terrena depois de haver crido. Ser vencedor requer
sacrifício, obediência e entrega, e quanto mais se escale aqui, se
traduz em que teremos um nível maior no reino e na eternidade.
Cada vez temos mais clareza de que nossa vida e andar com
Cristo não se deve tomar levianamente.

Quando se fala de vencedores é porque há crentes derrotados.


Os que vencem são os cristãos espiritualmente normais; os
demais irmãos continuam sendo nossos irmãos, mas são
espiritualmente anormais. "4 porque todo o que é nascido de
Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a
nossa fé.5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê
ser Jesus o Filho de Deus?" (1 Jo 5:4,5).

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