Sombras do Vazio

Victória e Diego – 2° msi b

Eu morava em uma cidade pequena demais, onde as pessoas

tratavam umas às outras como se não fossem seres humanos.
Quando criança, eu era amigável e sorridente, mas, à medida que
crescia, descobri a maldade existente nas outras crianças. Fui
vítima de bullying desde cedo e me tornei uma pessoa
extremamente introvertida e solitária. No entanto, minha vida
mudou há alguns dias. Comecei a sentir constantemente uma
presença comigo, uma sombra que me seguia. Sempre que eu
me virava para vê-la, ela se escondia, mas não podia negar sua
existência. A sombra ia comigo a todos os lugares e, quanto mais
isso acontecia, mais solitário eu me sentia. Era como se a
presença da sombra, paradoxalmente, aumentasse minha solidão
ao invés de aliviá-la.
Finalmente, decidi compartilhar minha experiência com minha
mãe. Ela me contou uma lenda sombria, contada nas
profundezas mais obscuras do mundo, sobre uma entidade
maligna que se manifestava na forma de uma sombra. Essa
sombra era diferente de qualquer outra, pois era o próprio vazio,
a ausência da luz e da alma. Dizia-se que essa sombra sinistra
tinha o poder de infiltrar-se nas mentes e corações daqueles que
estavam perdidos, atormentados e incapazes de encontrar a paz
interior. Ela escolhia suas presas nas noites mais escuras, quando
a solidão e o desespero se tornavam mais intensos. Aqueles que
encontrassem essa sombra vazia seriam levados a uma jornada
aterradora.
A jornada começava com um sussurro incessante, um eco
persistente que ecoava em suas mentes, relembrando-os de seus
fracassos, decepções e arrependimentos mais profundos.
Conforme a sombra avançava, alimentava-se da angústia e do
desespero de suas vítimas. O vazio se expandia, consumindo a
luz e substituindo-a pelo desespero. A sombra se tornava uma
presença constante na vida daqueles atormentados,
perseguindo-os dia e noite. Aqueles que sucumbiam totalmente
à sombra perdiam sua própria essência, tornando-se vazios e
sem esperança. Eles eram envoltos por uma escuridão eterna,
condenados a viver como cascas vazias, incapazes de encontrar
alegria, amor ou propósito. No entanto, a lenda também falava
de um antídoto para essa sombra sem vida.
Acredita-se que aqueles que encontram coragem para confrontar
suas próprias sombras interiores, enfrentando seus medos e
arrependimentos, têm a chance de quebrar o domínio da sombra
vazia sobre eles. Esse processo de confronto e aceitação é
doloroso e requer uma profunda força interior. No entanto, à
medida que a sombra interior é dissipada, a luz começa a se
infiltrar novamente na vida das pessoas. Lentamente, a escuridão
é substituída pela esperança e pelo renascimento da alma.
Movido pela motivação de me libertar dessa sombra, decidi
confrontá-la. Um dia, virei-me e, mesmo sem encontrá-la de
imediato, decidi enfrentá-la. E então ela apareceu, uma sombra
imponente, negra e ameaçadora. Senti-me vazio com a presença
dela, mas também percebi que esse vazio na sombra era apenas
um chamado por atenção. Se eu preenchesse esse vazio, ele
deixaria de existir e perderia sua essência. No fundo, todos nós
temos um vazio, alguns mais pronunciados do que outros, assim
como eu, que me sentia vazio desde a infância, quando aquelas
crianças decidiram que eu seria o alvo de suas crueldades. Agora,
eu entendia: elas também precisavam de atenção, pois tinham
um vazio dentro delas.
Então, comecei a enfrentar a sombra. Descobri que ela não era
apenas uma lenda, mas uma parte de mim. Conforme buscava
conexão e aceitação, a sombra ia desaparecendo lentamente.
Enfrentar essa sombra cheia de vazio e solidão me ensinou a me
conectar com as pessoas ao meu redor. Por mais que o vazio
tentasse me atrapalhar em minha jornada, minha busca por
conexões e aceitação seria maior. A verdadeira essência da vida
está em nos conectarmos uns com os outros, e eu estava
disposto a encontrar isso mesmo nas profundezas sombrias do
meu próprio ser.
Sigo em frente, consciente de que posso enfrentar qualquer
sombra que tente me dominar. Enquanto me abro para o amor, a
empatia e a conexão com os outros, meus passos ficam mais
leves, minha alma mais preenchida. A sombra pode ter sido parte
de minha jornada, mas sou eu quem está no controle agora. A
sombra do vazio se tornou uma lembrança de como lutar pela
minha essência e pela luz que sempre esteve dentro de mim. E,
com isso, descobri a verdadeira força e determinação que
habitam em minha alma.