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A Compreensão
ALQUIMIA
Leia em 25 minutos.
Beat Krummenacher
Sobre o Arcano
Arcanum significa literalmente aquilo que é secreto. Seu significado é
ilustrado pela seguinte citação de Paracelso: “O que vemos não é o
remédio, mas o portador do remédio. Porque os arcanos dos elementos
e do homem são invisíveis. O que é visível é o superficial, que não faz
parte da essência curativa.” Essa parte invisível de cada substância
médica é “toda a virtude da substância em mil vezes melhorada.” O
Arcano é aquilo que é não-físico e indestrutível – é a parte eternamente
viva da Natureza”. Um remédio, ou mais precisamente o que faz de
uma substância um remédio, é aqui chamado de “arcano dos
elementos”. Esses poderes de cura devem ser entendidos como
princípios puramente abstratos ou espirituais, não materiais. Se
entendermos os arcanos como princípios de cura imateriais que não
podemos definir por sua substância material, isso não significa
necessariamente que eles sejam ineficazes. No entanto, de acordo com
o paradigma atualmente dominante, apenas assumimos como real
aquilo que podemos perceber com os nossos sentidos e que é
mensurável fisicamente. Este paradigma não permite uma avaliação
concreta do conceito de arcanos, pois, segundo a tradição, os arcanos
não são matéria bruta, mas realidades energéticas sutis. Paracelso
muitas vezes chamou esses remédios transmitindo “arcanos” ao
paciente e deixa inequivocamente claro que eles devem ser preparados
alquimicamente: “Faça arcanos e aponte-os contra as doenças … Este
é o caminho para curar e tornar saudável – tudo isso é realizado pela
alquimia, sem a qual não poderia acontecer.” Com esta afirmação, ele
também trouxe o fato de que os arcanos imateriais podem ser
transmitidos. Isso significa que é possível preparar transmissores (os
remédios espagíricos), que servem como veículos materiais dos
poderes ocultos (arcanos). Esse tipo de pensamento diverge muito do
nosso entendimento contemporâneo, que faz uma conexão causal
entre o efeito e a substância. No entendimento atual, é a própria
substância que realiza a cura, devido a alguma interação físico-química
com o organismo. Para Paracelso e os alquimistas, a substância material
não produz cura, mas é o veículo para os poderes causadores do efeito
(curativo). A substância é apenas a matriz ou forma que serve para
encarnar os arcanos.
Sobre as polaridades
Os hermetistas enfatizaram repetidamente que tudo o que existe está
sujeito à lei da polaridade. Eles expressaram isso na forma da seguinte
afirmação axiomática como parte dos sete princípios herméticos
mencionados antes: “Tudo é duplo – tudo tem dois pólos, tudo tem
seu par de opostos; semelhante e diferente é o mesmo; opostos são
idênticos em natureza, apenas diferentes em grau; os extremos estão
conectados; todas as verdades são apenas meias verdades; todas as
contradições podem ser reconciliadas”. (Do Caibalion) Em todos os
lugares encontramos polaridades: dia e noite, claro e escuro, quente e
frio, atração e repulsão em eletricidade estática e magnetismo, grande e
pequeno etc.
Substância Bruta:
Remédio Químico:
Substância Bruta:
Dissociação Espagírica:
Cada vibração – por mais complicada que seja – pode ser demonstrada
como um padrão de interferência único de vibrações harmônicas
(análise de Fourier). A forma ou qualidade de uma vibração mais
complicada é expressa no espectro de frequências, a quantidade de
amplitudes – sendo a amplitude total composta pela soma das
amplitudes individuais – e também a própria frequência que define a
vibração. Podemos comparar essas formas de definir uma curva com a
descrição dos três princípios alquímicos, como os encontramos nos
textos alquímicos:
Especificado quimicamente:
O Processo Espagirico
O objetivo do processo espagírico é obter os arcanos – que definimos
como energias de cura vibratórias – de tal forma que a preparação
espagírica resultante contenha apenas frequências, amplitudes e formas
curvas de cura que são benéficas para o organismo tratado. Todas as
vibrações desarmônicas de frequência inferior devem ser eliminadas.
Como poderes de cura invisíveis, os arcanos não podem ser acessados
diretamente, mas apenas indiretamente através da substância
transportadora. Assim, é vital eliminar e separar todas as substâncias
portadoras de materiais com baixas frequências, formas de curvas
desarmônicas ou amplitudes ásperas (grossas). O procedimento mais
fácil seria obter os arcanos em um único passo – e fazê-lo como um
todo – na forma de um remédio puro. Mas quando na prática
processamos as plantas, percebemos que esse método de uma etapa é
impossível. Se extraímos assim, partes essenciais da planta ficam no
resíduo e sua quantidade depende do solvente. Se destilamos, obtemos
apenas as partes voláteis, e todos os minerais são perdidos nesse
processo. Se queimamos a planta, queimamos os óleos e substâncias
etéreas típicos junto com os componentes orgânicos e os únicos
resíduos são os componentes inorgânicos. Em suma, é impossível
obter todos os três princípios ao mesmo tempo. A separação
“química” de um princípio leva à destruição ou perda dos outros.
Assim, só nos resta uma escolha: primeiro temos que deixar a planta
morrer, ou seja, precisamos processá-la de maneira que os três
princípios firmemente unidos na planta viva sejam dissociados sem
destruição ou perda de nenhum princípio. Este primeiro passo de
todos os processos espagíricos os alquimistas chamavam de Putrefatio
(putrefação), Digestão, Fermentação etc. Há diferentes nomes para este
processo, porque diferentes métodos são aplicados dependendo das
substâncias que são a base da dissociação. Somente a putrefação pode
dissociar os princípios alquímicos e separar sua polaridade inata de
veneno e remédio. Somente a morte da substância possibilita o
nascimento da essência pura. Um autor anônimo descreveu esse
processo em 1782 da seguinte forma: “A morte é a putrefação, a
separação do bem e do mal, do puro do impuro; através disso, o novo
corpo e a tintura podem renascer. como uma folha de grama cresce de
uma semente, assim também o corpo velho dá à luz o novo corpo
através da putrefação.” Kirchweger diz: “Nós, portanto, começamos no
portão principal da natureza – na chave e ponto de origem de todo
nascimento, destruição e renascimento – sem esta chave não podemos
sondar o fundo dos mistérios da Natureza, e esta chave é o ponto focal
da arte da dissociação: chama-se putrefação… Portanto, não podemos
esperar a verdadeira dissociação sem maceração, digestão ou
fermentação … ”
Traduçao: Tamosauskas