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John Knox (1514-1572)


O patriarca do Presbiterianismo1

“Deus é minha testemunha, nunca preguei Jesus Cristo com desrespeito a qualquer homem” declarou
John Knox no alto da sua luta contra todas as maneiras de tirania e corrupção. Ele tinha sido acusado de
desdenhar oponentes quando de fato, ele simplesmente não temia nenhum deles. Ele poderia ter-se
amedrontado. Quando Knox tinha apenas quinze anos Patrick Hamilton, um jovem acadêmico fascinado
por Lutero, tinha sido queimado numa fogueira amarrado em uma estaca. Knox jamais se esqueceria.

John nasceu em uma vila a cerca de 17 milhas (cerca de 27 km) fora de Edimburgo. Rústico por toda a
vida, nunca teve vergonha ou se escusou de suas origens rústicas mesmo quando a providência
colocou-o entre os bem nascidos de seu tempo. Odiava as intrigas palacianas, desprezando
subterfúgios, manipulações e o tráfico de influências, sua consciência e transparência nunca o tornariam
apto a agüentar falcatruas de outrem.

Os primeiros anos da vida de Knox foram conhecidos em uma igreja


cuja corrupção e avareza era as piores em toda Cristandade (na
Escócia, a igreja tinha acumulado metade da riqueza do país). Ao deixar
a Universidade de St. Andrew, Knox foi ordenado sacerdote, logo
incumbiram-lhe não uma paróquia, mas o departamento legal da
burocracia eclesiástica.

Gradualmente ele foi perdendo o interesse nas disputas abstratas de


muitos pensadores medievais ao mesmo tempo em que achou-se
eletrificado pelos Pais da Igreja. Agostinho e Jerônimo em particular lhe
apresentaram os grandes temas das Escrituras: graça, fé, pecado,
justificação, providência.

Pelo resto de sua vida sua passagem predileta era João 17, na qual Jesus às vésperas de ser traído ora
por aqueles que o Pai lhe dera, e ora especificamente para que sejam sustentados em todas as
tormentas pelas quais passariam – não só eles, mas por todos os Filhos de Deus em qualquer época.

Logo, Knox estaria pregando destemidamente em um estilo que lhe marcaria e aos seus seguidores para
sempre. Na páscoa, em 1547, ele pregou no castelo de St. Andrew, criticando duramente a guarnição do
castelo por sua degradação – e assim foi surpreendido subitamente ao ser chamado de pastor da
congregação.

Mas isto não durou muito. Dois meses após, vinte e uma galés francesas bombardearam o castelo
furiosamente. Já enfraquecidos pela peste, a guarnição do castelo se rendeu. Os homens – Knox
incluído – foram acorrentados a bancos, como remadores, e foram submetidos a violento esforço físico
de dia, e a noite se juntavam para se aquecer sob as bancas comendo feito lobos. O rei da França,
presumindo que agora poderia usar agora a Escócia como base para atacar a Inglaterra pensou que um
patriota e um líder como Knox ajudaria-o a fazer isso. Ele soltou o escocês depois de 19 meses de
agonia nas galés francesas.

O monarca gaulês havia cometido um erro de cálculo, o escocês era qualquer coisa exceto antiinglês.
Logo Knox estava na Inglaterra pregando para a crescente congregação que havia reunido. Aqui os
reformadores ingleses ressaltaram os seus dons na teologia e na liturgia, incorporando seu trabalho no
Livro de Orações da Igreja Anglicana.

1
Fonte: http://www.ipgracas.org.br/knox.html.
Então Maria I sucedeu Eduardo VI. Em quatro anos Maria “Sanguinária” engendraria as horríveis mortes
de trezentos homens e mulheres. Knox teve que deixar a Inglaterra imediatamente. Ele se mudou então
a Genebra, e diariamente conseguiu de seu amigo Jean Calvin (Calvino) a formação teológica que ele
tinha que ter para um ataque final em sua terra natal.

Suas estadas em uma terra distante da sua, em Genebra, foram os períodos mais felizes de sua vida.
Pregava três vezes por semana em uma congregação inglesa, dedicava longas horas ao estudo, imerso
no hebraico e no grego. Ao mesmo tempo ele sabia que Genebra estava infundida pelo evangelho
enquanto Edimburgo não. Quando três nobres escoceses escreveram-no pediram-no insistentemente
para que retornasse, ele não podia declinar.

Antes de deixar Genebra pela última vez ele publicou um pequeno texto, “O Primeiro Ressoar do Clarim
contra o Regimento monstruoso das mulheres”.O “regimento” consistia de duas Maria “Sanguinária” e
Maria de Guise da Escócia, logo dando vez a sua filha Maria, Rainha dos Escoceses. O “Ressoar…” não
era como um simples rojão. Na Inglaterra, a pena por possuir uma cópia, ou não destruir uma cópia
desse panfleto encontrada nas mãos de alguém era a morte.

Temendo que Maria de Guise tivesse impiedosamente sacrificado a Escócia à França (ou pelo menos
tentado), a nobreza escocesa a depôs. Com Maria fora do caminho, a situação dos Reformadores
parecia melhorar. Knox e seus colegas de luta agora tinham fôlego necessário para escrever a Confissão
de Fé Escocesa. Ao mesmo tempo em que suas provisões foram destinadas para cada pastor na Igreja
da Escócia a serem pagas como um sustento, grande o suficiente para apoiar a esposa e os filhos e
assim evitar um segundo emprego que os distrairiam. Toda Escócia seria dividida em paróquias auto-
sustentáveis, com uma escola mantida por uma paróquia. Aqui é que foi criada a reputação dos
escoceses como: veneradores da educação, terem repugnância pela tirania, insistentes pela democracia
e amantes da literatura.

Maria Rainha dos Escoceses seria logo a monarca. Ela levou Knox a um tribunal, gargalhando todo o
tempo “Sabei vós por que estou rindo?” Pergunta ela à nobreza em torno dela “Aquele homem fez-me
chorar uma vez.... verei se posso fazê-lo chorar também”.Ela não conseguiu. Quando ela perguntou aos
nobres para apresentar um veredicto eles inocentaram-no de forma unânime! Furiosa, ela exigiu outra
plenária. O resultado foi idêntico.

Maria estaria logo chorando por ela mesma. Seu marido foi assassinado, e ela rapidamente casou-se
com o assassino! A nobreza escocesa sentiu asco por ela agora, prenderam-na e carregaram-na às ruas
de Edimburgo enquanto a multidão nas ruas gritavas “Queimem a prostituta!” Elizabeth I, nunca teve
muita paciência com pessoas imbecis, mandou-a ser guilhotinada (acusando-a também de conspirar
pelo trono da Inglaterra).

Os anos restantes de Knox foram muito difíceis. Boatos cercavam-no. Acusaram-no ter se deitado com
sua sogra e sua cunhada também. A boataria continuou por cerca de cinqüenta anos, tornando-se até
incrivelmente ridícula, foi dito que ele cometeu incesto, quando a data do suposto ocorrido fora vinte
anos após a morte de John Knox.

A voz trovejante podia apenas sussurrar agora. Enquanto a morte chegava mais perto a sua esposa lia e
relia suas passagens favoritas da Bíblia, sempre terminando com João 17, segundo ele “o lugar onde eu
primeiro pus minha âncora”.No túmulo uma pessoa que foi ao funeral afirmou “Aqui jaz um homem que
nunca dissimulou com palavras ou temeu a morte”.

Victor Shepherd

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