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MENTO
LITE
RÁRIO
Florianópolis, SC – Junho/2023 – No 165 – Edições A ILHA – Ano 43
A NOVA
LITERATURA PORTUGUESA
ANTOLOGIA
AÇORIANO-CATARINENSE
ESCRITORES
PORTUGUESES
CONTEMPORÂNEOS
A ORIGEM
DA LITERATURA
PORTUGUESA
DULCE RODRIGUES
NA FEIRA DO LIVRO
DE LISBOA
Portal A ILHA: http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Suplemento Literário A ILHA – Junho/2023 – N. 165 – Edições A ILHA – Ano 43
MEU
CORAÇÃO
E EU
Luiz Carlos
LUZBOA
Amorim Luiz Carlos Amorim
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Suplemento Literário A ILHA – Junho/2023 – N. 165 – Edições A ILHA – Ano 43
SUPLE
MENTO
LITE
RÁRIO
EDITORIAL
INTEGRAÇÃO LUSO-BRASILEIRA
A redação das Edições A ILHA está sediada em Lisboa, este ano. Co-
mo as revistas do Grupo Literário A ILHA já publicavam e publicam
autores portugueses, contemporâneos como José Luis Peixoto e clás-
sicos como Pessoa, decidimos tentar aumentar a integração entre es-
critores brasileiros e portugueses, abrindo um espaço maior para a
literatura portuguesa. Esta edição de junho da revista SUPLEMENTO
LITERÁRIO A ILHA, quando o Grupo e a revista completam 43 anos de
trajetória, de existência e resistência divulgando a literatura brasileira e
de outros países, é especial exclusivamente com escritores portugue-
ses e de alguns outros países da lusofonia.
Aqueles que já frequentavam as nossas páginas estão, é claro, presen-
tes, como era de se esperar, e novos escritores de regiões diferentes
de Portugal chegaram para ocupar as páginas do nosso Suplemento
Literário A ILHA. Autores consagrados de países como Moçambique e
Angola, como é o caso de Mia Couto e Agualusa estão presentes, as-
sim como o já citado José Luis Peixoto, português forte na literatura de
seu país. E Dulce Rodrigues, outro nome forte da literatura infanto-juve-
nil portuguesa, de sucesso internacional. Também Nicolau dos Santos,
Rita Pea, Georgina Caçador. Outros escritores que estrearão na nossa
revista, consagrados: Afonso Cruz, Gonçalo M. Tavares, João Tordo,
Pedro Chagas Freitas. Walter Hugo Mãe já passeou por aqui. Dos no-
vos, Adélio Amaro, Rosário Pereira, Carlos Cardoso Luís, Jorge Vicente
e outros. E os clássicos da literatura portuguesa, que não podiam faltar:
Camões, Saramago, Pessoa, Miguel Torga, Florbela Espanca.
Uma edição para que os leitores portugueses se sintam em casa, lendo
seus escritores, novos ou não e para os brasileiros conhecerem mais
autores portugueses através da nossa revista.
O Editor
EXPEDIENTE
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Suplemento Literário A ILHA – Junho/2023 – N. 165 – Edições A ILHA – Ano 43
VOLTA AO MUNDO
O escritor português José Luís Peixoto tem viajado muito, nos últi-
mos anos, não só pelo simples prazer de viajar e descobrir o mun-
do, mas para divulgar a literatura portuguesa. Transcrevemos aqui
textos do próprio escritor, sobre viagens e sobre o começo da sua
maratona, para que tenhamos uma ideia da sua volta ao mundo,
que não chegou ao fim, ela continuará nos próximos anos.
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Suplemento Literário A ILHA – Junho/2023 – N. 165 – Edições A ILHA – Ano 43
nhais ou de um stand
de automóveis usa-
dos em Quar teira.
Em concreto, acon-
selho a aplicação (e
site) Radio Garden,
que permite girar o
Globo e selecionar
um dos milhares de
pontinhos dispersos
p el os mapa s, que
Sidi Ifni, Marrocos correspondem a uma
rádio desse local.
a caminhar pelas entre muitas outras Experimentem.
ruas de diversas ci- possibilidades. Fico
3. INSTAGRAM E
dades. Apenas isso. a olhar para pessoas
OUTRAS REDES
Quando tenho sau- que não imaginam SOCIAIS
dades de Manhattan, estar a ser vistas em
por exemplo, entro Portugal. A urgência da do-
no youtube e faço pamina não permite
2. RÁDIOS
uma busca por: ma- grandes travessias.
nhattan street walk. Também através da Seguir contas liga-
Escolho Soho ou up- internet, as rádios das a viagens nas
town, escolho dia ou proporcionam uma redes sociais é so-
noite, e lá inicio o curiosa experiência bretudo uma forma
meu passeio virtual. de evasão. Há a faci- de recordar sonhos
Se tiver vontade de lidade de ouvir rádios bons e, assim, aju-
passar pela Times de ilhas do Pacífico, dar-nos a sonhar um
Square, vou às câ- de países com idio- pouco mais. Mesmo
maras em tempo real mas que desconhe- que grande parte da
e fico a saber que ço, mas nem sempre oferta seja os tais cli-
horas são, se está é preciso ir tão longe. chés, ajudar os ou-
a chover, quem an- Enquanto cumpro as tros a sonhar é uma
da por lá. O mesmo minhas tarefas do- tarefa meritória, com
acontece com o cru- mésticas, pode ser muito valor.
zamento de Shibu- bastante exótico es-
4. LER E
ya, em Tóquio, com tar a ouvir o anún-
ESCREVER
a Avenida Niévski, cio dos preços de um
em São Petersburgo, minimercado em Vi- Ler esta mesma re-
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vista, por exemplo, Quando nos falam mos que ainda estão
mas também livros. de um lugar específi- lá, ficaram gravados.
Neste caso, devido co, mesmo que nun- Estas são as minhas
à natureza da expe- ca tenhamos estado tentativas. No entan-
riência não preciso lá, usamos as nos- to, com frequência,
de atualidade. Se es- sas referências pa- tudo isto me faz pen-
tiver a ler sobre uma ra interpretá-lo, para sar ainda mais nos
v i a g e m n o s é c ul o fazê-lo viver em nós. lugares onde quero
XVIII, não me sinto Esse recurso é muito voltar assim que pu-
menos transpor ta- evidente na escrita. der.
do do que se estiver Neste tempo, escre-
MARROCOS
perante a descrição ver sobre viagens é
de uma viagem fei- uma forma potente Vo l t a r a M e k n é s ,
ta na semana pas- de viajar, os estímu- a Fez, ao Atlas, a
sada. Creio que este los são convocados Ouarzazate, a Es-
meio, as palavras, aos sentidos e, afi- saouira, como quan-
tem uma ligação di- nal, pela força da do tinha vinte e
reta com a memória. memória, percebe- poucos anos e, com
os meus amigos, ar-
ranjávamos maneira
de chegar a Algeci-
ras, apanhar o barco,
alugar um carro em
Tanger e lançarmo-
-nos por esse país
enorme. Os burros
na berma da estra-
da, os sinais de stop
em árabe, as briga-
das de Polícia a fis-
calizar a velocidade.
Quando puder, que-
ro atravessar cente-
nas de quilómetros,
comer tagine, beber
chá de menta ao fim
Macau é "ser levado pela multidão, entre fragmentos de cantonês e o
cheiro de lulas secas espetadas num palito, folhas de carne de porco
da tarde e regressar
caramelizada, caixas de bolachinhas para acompanhar o chá" (Foto: a Sidi Ifni, onde já fui
José Luís Peixoto)
muito feliz.
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ÁFRICA DO SUL
Voltar a Joanesbur-
go pela quarta vez,
aperceber-me de co-
mo esta cidade tem
evoluído, de como
as pessoas são cada
vez mais livres de-
pois de uma história
tão sacrificada. Vol-
tar também a Dur-
ban, recordo aquela
frente marítima, cho- nês e o cheiro de lu-
via tanto quando lá MACAU las secas espetadas
estive, c om o será num palito, folhas de
com sol? Voltar a en- Voltar a Macau, estar carne de porco ca-
contrar os madeiren- no centro do Largo ramelizada, caixas
ses que vivem em do Leal Senado, girar de bolachinhas para
Durban, será que sobre o meu próprio acompanhar o chá.
ainda se lembram de eixo, como o planeta, E voltar ao Mercado
mim? Quando puder, e agradecer por estar Vermelho, voltar ao
quero sentir de novo novamente lá. Voltar Jardim Lou Lim Leoc,
o cheiro dessa terra, a sentir o empedra- ao Jardim da Flora,
os churrascos infini- do debaixo dos pés e subir outra vez ao Fa-
tos e, por fim, hei de seguir caminho, pas- rol da Guia e ver tudo
conhecer a Cidade sar pela Igreja de São lá de cima, sabendo
do Cabo, compará-la Domingos, ser levado que tenho todo aque-
com todas as descri- pela multidão, entre le mundo ali, à espera
ções que já escutei. fragmentos de canto- de ser redescoberto.
José Luís Peixoto nasceu em Galveias, em 1974. Em 2001ganhou o Prémio
Literário José Saramago pelo romance Nenhum Olhar. Em 2007, Cemitério de
Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance
estrangeiro publicado em Espanha. Com Livro, venceu o prémio Libro d’Europa,
atribuído em Itália ao melhor romance europeu de 2012. Em 2016, com Galveias,
recebeu no Brasil o Prémio Oceanos para a melhor obra literária em língua por-
tuguesa do ano anterior. Na poesia, Gaveta de Papéis recebeu o Prémio Daniel
Faria e A Criança em Ruínas recebeu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Au-
tores. Em 2012, publicou Dentro do Segredo – Uma viagem na Coreia do Norte,
a sua primeira incursão na literatura de viagens. Os seus romances estão tra-
.duzidos em mais de trinta idiomas
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O HABITANTE
(ao meu pai)
Mia Couto
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OS
CAVALOS
E OS
NENÚFARES A SUPERFÍCIE
Nicolau Santos
DO LAGO
- Lisboa Nicolau Santos
ESCRITORES PORTUGUESES
CONTEMPORÂNEOS
nível nac ional c o -
mo internacional. É
um autor de roman-
ces multipremiado
por obras como “Je-
sus Cristo Bebia Cer-
veja” (Prémio Time
Out — Melhor Livro
do Ano, 2012), “Pa-
ra onde vão os guar-
da-chuvas” (Prémio
Sociedade Portugue-
sa de Autores, 2013)
Portugal sempre te- deramos serem uma e “Flores” (Prémio
ve autores que fica- referência nacional Fernando Namora,
rão para sempre na no panorama literá- 2015).
história da literatura rio atual. Uma esco- Para além de escri-
internacional, como lha difícil que teve em tor, Afonso Cruz é
Eça de Queirós, Fer- consideração muitos ilustrador, cineasta
nando Pessoa, Flor- outros nomes, reple- e músico da banda
bela Espanca, José tos de talento, que The Soaked Lamb.
Saramago e mui- acabaram por não Natural da Figuei-
tos outros. Um país s e r c o n te m p l a d o s
repleto de talen- neste top.
to, como os quatro
1. AFONSO CRUZ
grandes escritores
por tugueses con- Afonso Cruz é um
temporâneos sobre dos escritores por-
os quais vais que- tu g ues es c o ntem -
rer descobrir as suas porâneos que mais
obras mais relevan- merece ser desta-
tes. cado, devido à sua
Selecionamos quatro vasta obra publicada
nomes de escritores e ao reconhecimen-
portugueses contem- to que recebe, cons-
porâneos que consi- tantemente, tanto a
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ra da Foz, comple-
A viagem pertence ca que fa zemos a
tou os seus estudos
ao domínio do invisí- todo o instante: con-
em estabelecimen-
vel, do inimaginável. verter perguntas em
tos de ensino bas-
É.um espaço que es- respostas, possibili-
tante conhecidos do
tá para lá da nossa dades em certezas,
país: Escola António
visão no momento, o futuro no passado.
Arroio, Faculdade de
que ainda não vimos, O futuro, pela sua in-
Belas Artes da Uni-
mas desejamos ver. definição, tem uma
versidade de Lisboa
Quando começamos riqueza enorme, o
e o Instituto Superior
a caminhar tornamos passado é um cami-
de Artes Plásticas de
o visível e o inima- nho único, limitado
Madeira. ginável tangível. Tal à interpretação. Há
Como obras a des-
como quando temos um empobrecimen-
tacar para agradá-
uma ideia e a exe- to intrínseco ao tem-
veis e inspiradoras
cutamos. Um passo po, na medida em
tardes de leitura, te-
fora de casa e come- que conver te a ri-
mos: “A Boneca de
çamos a desenhar o queza de inúmeros
Kokoschk, “Sinopse
mapa do mundo.
O caminhos em ape-
de Amor e Guerra” e
passado é como uma nas um só. Mas não
“O Vício dos Livros”.
resposta, fixo, mas o nos importamos,
futuro porta-se como uma vez que normal-
EXISTIR É
uma pergunta e en- mente sacrificamos
MELHOR DO QUE
NÃO EXISTIR cerra inúmeras pos- tudo por uma respos-
sibilidades. Devemos ta, pela existência.
Afonso Cruz estar cientes da tro- Nesse sentido, pa-
rece-nos que o acto
é superior à potên-
cia, mesmo que es-
ta contenha todas as
possibilidades e que
ao escolher, nos seja
obliterada a liberda-
de. Assim, Anselmo
de Cantuária teria ra-
zão ao afirmar, como
parte do seu famo-
so argumento onto-
lógico, que existir é
melhor do que não
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SEM TÍTULO
José Saramamgo
e social gravíssima,
levando a nossa cul-
tura a um es paç o
demasiado regional,
o certo é que mes-
mo assim os escri-
tores por tugueses
fizeram um enorme
esforço para preser-
var e renovar a nos-
sa literatura.
A LITERATURA tores enormes co- Neste aspecto, creio
PORTUGUESA m o C a m õ e s , E ç a que só houve uma
ACTUAL de Queiroz, Teófilo a u t ê n t i c a r e n ova -
João Bernardino Braga, Bocage, Al- ção dois ou três
meida Garret, Ale- anos após a Revolu-
Foi precisamente a xandre Herculano, ção de Abril de 1974
partir do século XII, Fernando Pessoa e em Portugal, e creio
com os cancionei- José Saramago que que se pode afirmar
ros populares tro - colocaram a literatu- que o Séc. XX literá-
vadorescos, que ra portuguesa num rio português come-
Por tugal, o berço patamar elevado. çou nesse preciso
da nossa língua e Mas não é só do m o m e n to. O m a i s
cultura, nos presen- passado que vive a imp or tante (e que
teou ao longo dos Literatura Portugue- gostaria de assina-
tempos, com gran- sa. Embora menos lar) consistiu numa
des artistas das le- produtivo e menos verdadeira reconci-
t r a s . To d o s e l e s d i v ul g a d o, o S é c . liação entre o públi-
donos de uma litera- XX e início do Séc. co e os escritores.
tura rica e sem par, XXI tem também os O que quero dizer
os escritores portu- seus ícones. E se, com isto? É que an-
gueses tornaram a infelizmente escri- teriormente, devido
literatura, entre os to r e s e o b r a s i m - à censura, fazia-
falantes de línguas pressionantes foram - se uma literatura
l at i n a s , n um m a r- sucumbidas ao regi- que poderei dizer de
co único e singular. me ditatorial de Sa- “alusiva”. Depois de
Claro que estou a lazar, que além de 1974 tud o mud ou,
referir-me em maior afundar Portugal nu- pelo menos para
dimensão a escri- ma crise económica os es c ritores p or-
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Quero ser o teu amigo. Nem E sem calar, quando for hora de
demais e nem de menos. falar.
Nem tão longe e nem tão perto. Nem ausente, nem presente por
Na medida mais precisa que eu demais.
puder. Simplesmente, calmamente,
Mas amar-te sem medida e ficar ser-te paz.
na tua vida. É bonito ser amor amigo, mas
Na maneira mais discreta que confesso é tão difícil aprender!
eu souber. E por isso eu te suplico
Sem tirar-te a liberdade, sem paciência.
jamais te sufocar. Vou encher este teu rosto de
Sem forçar tua vontade. lembranças.
Sem falar, quando for hora de Dá-me tempo, de acertar
calar. nossas distâncias...
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Rita Pea
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Nesse tempo,
Eu era um poema com letras ordenadas
Num universo de rimas silenciosas
Depositadas numa esperança sem estremecer.
Nesse tempo,
Viajava sem grandes paragens
E essa janela podre e fria
Era o apeadeiro do meu mundo
Onde eu sonhava acordada.
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REVISÃO DE TEXTOS
E EDIÇÃO DE LIVROS
Da revisão até a entrega dos
arquivos prontos para imprimir.
Contato:
revisaolca@gmail.com
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Dulce Rodrigues é uma escritora portuguesa que vive um pouco por toda a Europa.
Gosta de jardinagem, fotografia, arte, música, animais e livros – especialmente os que
escreve para crianças e jovens… de todas as idades. Ela é uma autora de obra infanto-
-juvenil extensa e de imenso sucesso em vários países. É uma apaixonada por História e
por viagens. Dulce Rodrigues foi distinguida com duas bolsas de estudos e nove prémios
literários, entre eles o Hollywood Book Festival nos Estados Unidos e o London Book
Festival no Reino Unido. Algumas das suas peças foram representadas no estrangeiro.
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FANATISMO
Florbela Espanca
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priedades em redor —
uma escola, um lagar,
um quartel da Polícia
—, e agora a bibliote-
ca estende-se por to-
dos aqueles espaços.
Emergimos de um cor-
redor sombrio e esta-
mos num pátio e logo
a seguir nos antigos
José Pacheco Vieira calabouços da Polícia,
sempre entre livros. A
Suponho que terá sido Pacheco Pereira co- biblioteca ameaça de-
convocado para outra meçou por adquirir um vorar a povoação in-
biblioteca. casarão enorme nu- teira. Imagino o furor
Visitei recentemente ma localidade perto de noturno nas estantes
aquela que deve ser Lisboa, mas depressa dobradas ao peso dos
a maior biblioteca pri- compreendeu que não livros. Os desvairados
vada de Portugal. Per- iria conseguir colocar lá títulos que ali se engen-
tence a José Pacheco todos os seus livros — dram. O fantasma de
Pereira, conhecido mais de 100 mil. Então Borges vagando feliz
comentador político. foi comprando as pro- pelos corredores.
2.
falha flor
falha temerosa cidade
falha rosa de Hiroxima ou de
Harlem
falha rosa de fogo anunciando
amianto ou xisto ou gás de
esperança
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LEVANTO ÂNCORA
Georgina Caçador
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PALHAÇO
Frankelim Amaral, Vagos, Portugal
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EXTINÇÃO
Pedro Antunes, Leiria, Portugal
Se um dia eu me extinguir.
Quer seja alma, vácuo, ou vento…
Que parta eu sem qualquer lamento...
Sem qualquer angústia por não ser.
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O MEU MAR
Trindade Pereira, Leiria, Portugal
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NÃO ME ACORDES
Catarina Pedrosa, Leiria, Portugal
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LÍNGUA PORTUGUESA
Olavo BilaC*
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LITERARTE
INAUGURAÇÃO DE BIBLIOTECA EM SC
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