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1 Exercício (1)
A Hamiltoniana do sistema pode ser escrita por
e −→ −→ eB
H=− S ·B =− Sz (1)
mc mc
Chamando ω = −eB/mc = |e| B/mc, temos:
~ω
H = ωSz = σz (2)
2
O operador de evolução temporal U (t) pode ser imediatamente escrito:
iHt iωt
U (t) = exp − = exp − σz (3)
~ 2
Vamos agora avaliar a exponencial utilizando uma expansão em série. Vale lembrar aqui que σ 2 z = I , onde
I é a identidade 2 × 21 , e portanto:
n par
I,
σzn = (4)
σz , n ímpar
Desta forma, temos:
∞ n ∞ n ∞ n
1 iωt 1 iωt 1 iωt
(5)
X X X
U (t) = − σz =I − + σz −
n=0
n! 2 n! 2 n! 2
n=0 n=0
n par n ímpar
Ou, alternativamente, se utilizarmos mapeamentos de números inteiros para números pares e ímpares,
∞ n 2n ∞ n 2n+1
(−1) ωt (−1) ωt ωt ωt
= I cos − iσz sin (6)
X X
U (t) = I − iσz
n=0
(2n)! 2 n=0
(2n + 1)! 2 2 2
Note que este operador de evolução temporal é similar a um operador de rotação ao redor do eixo z por um
ângulo φ = ωt. Quando atuando em um estado inicial |α, t0 i, temos:
ω (t − t0 ) ω (t − t0 )
|α, t0 ; ti = I cos − iσz sin |α, t0 i (7)
2 2
Não podemos mais realizar muitos cálculos produtivos a partir disto. É claro que poderíamos decompor
|α, t0 i em uma combinação linear de autoestados de Sz , mas não haveria nenhuma informação nova.
Note que o período τ é o menor ∆t = t − t0 tal que |α, t0 ; ti = |α, t0 i. Uma inspeção rápida da equação
(7) revela que isto só ocorre se cos (ω∆t/2) = 1 e, simultaneamente, sin (ω∆t/2) = 0; portanto, o período
1A identidade é omitida em alguns textos. Escolhemos colocá-la aqui para evitar confusões.
1
do movimento aqui é τ = 4π/ω . Isto é particularmente surpreendente porque há um fator 2 inesperado que
não deve ser observado noDlaboratório.
→
−
E
Vamos agora calcular S (t) e vericar o seu período. Veja que:
−
→ →
−
D E
S (t) = hα, t0 ; t| S |α, t0 ; ti (8)
2
Portanto, temos:
cosωt sinωt 0
hSx i (t) hSx i (0)
−
→
E D
S (t) ≡ hSy i (t) = −sinωt cosωt 0 hSy i (0) (23)
hSz i (t) 0 0 1 hSz i (0)
→
−
D E
E conclui-se que S (t) precessiona ao redor do eixo ẑ com uma velocidade angular ω .
2 Exercício (2)
2.1 Parte (a)
Digamos que o operador densidade inicial, em t = t0 , de um ensemble é a combinação linear:
ED
(24)
X
ρ (t0 ) = wi α(i) α(i)
i
e nessa relação há igualdade se e somente se estivermos lidando com um ensemble puro2 . Calculemos agora
Tr ρ (t) :
2
Tr ρ2 (t) = Tr U (t, t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 ) U (t, t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 ) = Tr U (t, t0 ) ρ (t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 ) (29)
Temos então:
Tr ρ2 (t) = Tr U (t, t0 ) ρ2 (t0 ) U † (t, t0 ) = U † (t, t0 ) U (t, t0 ) ρ2 (t0 ) = Tr ρ2 (t0 ) (30)
Se zermos a suposição de que o ensemble inicial é puro, então Tr ρ2 (t0 ) = Tr (ρ (t0 )) = 1 e Tr ρ2 (t) = 1
também. Mas como na relação (28) há igualdade se e somente se tivermos um ensemble puro, então mesmo
para t > t0 temos um ensemble puro.
3 Exercício (3)
3.1 Revisão Conceitual
Esse exercício utiliza aspectos da teoria que ainda não foram, no presente momento, explicados até a sua
conclusão. Desta forma, faremos uma curta revisão da soma de momentos angulares na mecânica quân-
tica, revendo com algum detalhe a adição de dois spins 21 e então partindo para a adição de três spins 21 ,
analogamente.
2A demonstração desta propriedade, por sua vez, é um exercício bastante interessante que deixamos para o leitor.
3
Ao lidar com dois momentos angulares, percebemos que há duas representações para um dado sistema.
Primeiramente, pode-se escolher a base de autoestados dos operadores S12 , S22 , S1z , S2z , que para um
com
S 2 |s, mi = ~2 s (s + 1) |s, mi (37)
Sz |s, mi = m~ |s, mi (38)
Agora, o problema do nosso interesse é fazer a transformação de base:
{|++i , |+−i , |−+i , |−−i} ↔ {|s, mi} (39)
Realizar esta mudança de base é equivalente a achar todas as projeções de cada elemento da base de
→
−
autoestados de S1z e S2z para cada elemento da base de autoestados de S e Sz , ou seja, encontrar os
produtos internos hs, m| ± ±i. Estes produtos internos que designam a relação entre a base de autoestados
de momentos angulares de uma partícula, que neste caso são S1z e S2z , com a base de autoestados dos
→
−
operadores de momento angular total, que neste caso são S e Sz , são chamados de Coecientes de Clebsch-
Gordan. Note que todos os elementos de ambas as bases são autoestados de S12 e S22 .
Quais são os valores que s e m podem assumir? Vamos inicialmente investigar a atuação de Sz de forma
bastante simples sobre um de seus autoestados:
Sz |s, mi = m~ |s, mi (40)
Multiplicando esta relação pela esquerda por h±±|, obtemos:
h±±| (S1z + S1z ) |s, mi = m~ h± ± |s, mi (41)
Veja que do lado direito desta última relação aparece um coeciente de Clebsch-Gordan, conforme denido
anteriormente. Para não confundir os ± de cada uma das duas partículas aqui, vamos escrever simplesmente
m1 = ± e m2 = ± como sendo o autovalor de S1z e S2z , respectivamente; a última equação ca sendo
portanto:
hm1 m2 | (S1z + S1z ) |s, mi = m~ hm1 m2 |s, mi (42)
(m1 + m2 ) hm1 m2 |s, mi = m~ hm1 m2 |s, mi (43)
Note que, para que hm1 m2 |s, mi não seja nulo, é necessário que
m = m1 + m2 (44)
4
Esta é uma das duas regras de seleção para que coecientes de Clebsch-Gordan não sejam nulos, e vale
mesmo que não estejamos lidando com partículas de spin 12 . A outra regra de seleção, que será vista em
mais detalhes em próximas aulas, nos diz que o autovalor de S 2 , s, está restrito pela relação
|s1 − s2 | ≤ s ≤ s1 + s2 (45)
Do ponto de vista de soma vetorial de duas grandezas, esta relação é razoável. Para o nosso exemplo de
2 partículas de spin 21 , podemos já escrever qual é a mudança de base desejada em mais detalhes:
{|++i , |+−i , |−+i , |−−i} ↔ {|1, 1i , |1, 0i , |1, −1i , |0, 0i} (46)
Esta relação, bastante conhecida, é feita pelos estados singleto e tripleto, dados por:
|1, 1i = |++i
|1, 0i = √1 (|+−i + |−+i)
2 (47)
|1, −1i = |−−i
|0, 0i = √12 (|+−i − |−+i)
Para encontrar esta última expressão, a maneira mais simples é fazer uso dos operadores S+ e S− , dados
por:
S+ = S1+ + S2+ (48)
S− = S1− + S2− (49)
Correndo o risco de parecer óbvio e desnecessariamente complicado ao mesmo tempo, ressaltamos que os
coecientes de Clebsch-Gordan aqui seriam:
|1, 1i = |++i h+ + |1, 1i
|1, 0i = |+−i h+ − |1, 0i + |−+i h− + |1, 0i
(50)
|1, −1i = |−−i h− − |1, −1i
|0, 0i = |+−i h+ − |0, 0i − |−+i h− + |0, 0i
Os termos não presentes aqui são aqueles que são nulos devido às regras de seleção (44) e (45). Vamos agora
proceder ao exercício (3) e resolvê-lo por analogia.
5
3.3 Parte (b)
A nossa intenção neste exercício é somar não 2 spins 12 , mas três. Desta forma, nosso objetivo é relacionar
as bases:
{|± ± ±i} ↔ {|s, mi} (60)
Note que já construímos a base da esquerda na parte (a) deste exercício. Os autoestados procurados são os
que seguem as relações:
2
−
→ →
− →
−
S 2 |s, mi = S1+ S2+ S3 |s, mi = ~2 s (s + 1) |s, mi (61)
Enquanto que a base de autoestados de S12 , S22 , S32 , S1z ,S2z e S3z exibe obviamente 8 estados, a base do
lado direito da
última relação parece ter apenas 6 autoestados; na realidade, como veremos a seguir, os dois
autoestados 12 , 12 e 12 , − 12 são degenerados.
A regra de seleção m = m1 + m2 + m3 , generalização da relação (44), nos diz inequivocamente que:
3 3
2 2 = |+ + +i
, (66)
e também que
3 3
,−
2 2 = |− − −i (67)
(68)
p
J+ |j, mi = ~ (j − m) (j + m + 1) |j, m + 1i
(69)
p
J− |j, mi = ~ (j + m) (j − m + 1) |j, m − 1i
Faremos agora o mesmo que foi feito para encontrar os estados singleto e tripleto: utilizaremos J+/− e então
a ortogonalidade. Vamos começar aplicando J− no estado |+ + +i:
3 3
J− , = (J1− + J2− + J3− ) |+ + +i (70)
2 2
√ 3 1
~ 3 ,
= ~ (|− + +i + |+ − +i + |+ − +i) (71)
2 2
3 1 1
2 2 = √3 (|− + +i + |+ − +i + |+ − +i)
, (72)
Para encontrar 23 , − 12 , poderíamos aplicar J− novamente, mas é mais fácil algebricamente aplicar J+ em
|− − −i:
6
3 3
J+ , −
= (J1+ + J2+ + J3+ ) |− − −i (73)
2 2
√ 3 1
~ 3 , − = ~ (|+ − −i + |− + −i + |− − +i) (74)
2 2
3 1 1
2 2 = √3 (|+ − −i + |− + −i + |− − +i)
,− (75)
Encontrados agora quatro dosoito elementos da base {|s, mi}, vamos nos concentrar agora nos outros quatro.
Primeiramente, veja que 21 , 12 pode ser escrito como sendo combinação linar apenas dos autoestados |± ± ±i
permitidos pela regra de seleção m = m1 + m2 + m3 :
1 1
2 2 = α |− + +i + β |+ − +i + γ |+ + −i
, (76)
Note que a soma dos mi sempre é igual a 21 , como deveria ser o caso. Aqui, α, β e γ são números complexos
restritos por apenas duas condições: primeiramente, pela normalização,
|α| 2 + |β| 2 + |γ| 2 = 1 (77)
e, em segunda instância, pela ortogonalidade com 23 , 12 , de acordo com a qual:
1 1 3 1
, , =α+β+γ =0 (78)
2 2 2 2
Encontramos aqui a degenerescência mencionada anteriormente. Não há apenas um estado que possui
2 e m = 2 neste problema, e S1 , S2 , S3 , S e Sz não perfazem um conjunto completo de observáveis
1 1 2 2 2 2
s=
que comutam. Isto é algo absolutamente fundamental que deve ser compreendido para que este exercício
seja corretamente resolvido.
Coecientes de Glebsch-Gordan como os que estamos calculando aqui são, por convenção, escolhidos como
sendo números reais. As duas restrições (76) e (77) nos dizem, portanto, que, no espaço tridimensional, os
pontos (α, β, γ) são membros do plano α + β + γ = 0 e da esfera |α| 2 + |β| 2 + |γ| 2 = 1; os pontos são portanto
aqueles que pertencem a um círculo centrado em (0, 0, 0) com raio unitário. Parametrizar este círculo não
é tarefa difícil; basta escolhermos dois membros ortogonais e combiná-los de acordo com a normalização.
Podemos escrever então que:
1 1 1 1 1 1
,
2 2 = cosθ , + sinθ , (79)
2 2 1 2 2 2
com
1 1 1
,
2 2 = √ (|− + +i + |+ − +i − 2 |+ + −i) (80)
1 6
1 1 1
,
2 2 = √ (|− + +i − |+ − +i) (81)
2 2
A conta para 12 , − 12 é inteiramente análoga; neste caso, teremos
1 1 1 1 1 1
,−
2 2 = cos φ ,
2 2 − + sin φ ,−
2 2 (82)
1 2
1 1 1
,−
2 2 = √ (|+ − −i + |− + −i − 2 |− − +i) (83)
1 6
1 1 1
,−
2 2 = √ (|+ − −i − |− + −i) (84)
2 2
A parte (b) do exercício está portanto resolvida. A nossa base de oito elementos é protanto:
3 3 3 1 3 1 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , ,− , ,−
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 , , , ,
2 2 , ,−
2 2 , ,−
2 2 (85)
1 2 1 2
7
Uma outra maneira de resolver este problema seria somar o spin das partículas 1 e 2, o que resultaria nos
estados singleto e tripleto, e proceder com a soma de mais um momento angular 12 ao tripleto/singleto. 1 1 Uma
inspeção cuidadosa das expressões (80), (81), (83) e (84) mostram também que, em e 2 1 , as
1 1
, ,−
2 2 1 2
partículas 1 e 2 estão em seu estado |1, 0i, e em 2 , 2 2 e 2 , − 2 2 , as partículas 1 e 2 estão em seu estado
1 1 1 1
|0, 0i. Isto será bastante relevante para a parte (c) do exercício.
8
ε0 2 −
→ → 2
− 2 3 1 ε0 15 2 3 2 3 1 ε0 3 1
− S − S 1 + S 2 − S 3 , = − ~ − 2~ 2
− ~ , = − , (99)
2~2 2 2 2~2 4 4 2 2 2 2 2
ε0 2 − → → 2
−
2 3
1 ε0 15 2 3 2 3 1 ε0 3 1
S − S 1 + S 2 − S3 , − =− 2 2
~ − 2~ − ~ , − = − ,− (100)
2~2 2 2 2~ 4 4 2 2 2 2 2
ε0
→
− → 2
−
2 3
3 ε0 15 2 3 2 3 3 ε0 3 3
2 2
(101)
S − S 1 + S 2 − S3 , − =− 2 ~ − 2~ − ~ , − = − ,−
2~2 2 2 2~ 4 4 2 2 2 2 2
ε0 2 − → → 2
−
2 1 1
ε0 3 2 3 2 1 1 1 1
S − S 1 + S 2 − S 3 , = − ~ − 2~ 2
− ~ , = ε 0
, (102)
2~2 2 2 1 2~2 4 4 2 2
1 2 2 1
ε0
→
− →
−
1 1 ε0 3 2 3 2 1 1
2
S 2 − S 1 + S 2 2 − S32 , =− 2 ~ − ~ , =0 (103)
2~ 2 2 2 2~ 4 4 2 2 2
ε0 2 −
2 1 1 ε0 3 2 3 2 1 1
→ → 2
−
1 1
S − S 1 + S 2 − S3 , − =− 2 2
~ − 2~ − ~ , − = ε0 , −
(104)
2~2 2 2 1 2~ 4 4 2 2 1 2 2 1
ε0
→
− →
−
1 1 ε0 3 2 3 2 1 1
2
S 2 − S 1 + S 2 2 − S32 , − =− 2 ~ − ~ ,− =0 (105)
2~ 2 2 2 2~ 4 4 2 2 2
Encontramos portanto os níveis de energia e os autovetores correspondentes:
1 1 1 1
E = ε0 → ,
, ,−
(106)
2 2 1 2 2 1
1 1 1 1
E = 0 → , , , − (107)
2 2 2 2 2 2
ε0 3 3 3 1 3 1 3 3
E = − → , , , , , − , , − (108)
2 2 2 2 2 2 2 2 2
Nota-se aqui que esta parte do exercício tornaria-se mais evidente somando momentos angulares dois-a-dois,
uma outra alternativa para resolver o problema.