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Aula de Exercícios - 25/10/2007

October 24, 2007

1 Exercício (1)
A Hamiltoniana do sistema pode ser escrita por
e −→ −→ eB
H=− S ·B =− Sz (1)
mc mc
Chamando ω = −eB/mc = |e| B/mc, temos:

H = ωSz = σz (2)
2
O operador de evolução temporal U (t) pode ser imediatamente escrito:
   
iHt iωt
U (t) = exp − = exp − σz (3)
~ 2

Vamos agora avaliar a exponencial utilizando uma expansão em série. Vale lembrar aqui que σ 2 z = I , onde
I é a identidade 2 × 21 , e portanto:
n par

I,
σzn = (4)
σz , n ímpar
Desta forma, temos:
∞  n ∞  n ∞  n
1 iωt 1 iωt 1 iωt
(5)
X X X
U (t) = − σz =I − + σz −
n=0
n! 2 n! 2 n! 2
n=0 n=0
n par n ímpar

Ou, alternativamente, se utilizarmos mapeamentos de números inteiros para números pares e ímpares,
∞ n  2n ∞ n  2n+1    
(−1) ωt (−1) ωt ωt ωt
= I cos − iσz sin (6)
X X
U (t) = I − iσz
n=0
(2n)! 2 n=0
(2n + 1)! 2 2 2

Note que este operador de evolução temporal é similar a um operador de rotação ao redor do eixo z por um
ângulo φ = ωt. Quando atuando em um estado inicial |α, t0 i, temos:
    
ω (t − t0 ) ω (t − t0 )
|α, t0 ; ti = I cos − iσz sin |α, t0 i (7)
2 2

Não podemos mais realizar muitos cálculos produtivos a partir disto. É claro que poderíamos decompor
|α, t0 i em uma combinação linear de autoestados de Sz , mas não haveria nenhuma informação nova.
Note que o período τ é o menor ∆t = t − t0 tal que |α, t0 ; ti = |α, t0 i. Uma inspeção rápida da equação
(7) revela que isto só ocorre se cos (ω∆t/2) = 1 e, simultaneamente, sin (ω∆t/2) = 0; portanto, o período
1A identidade é omitida em alguns textos. Escolhemos colocá-la aqui para evitar confusões.

1
do movimento aqui é τ = 4π/ω . Isto é particularmente surpreendente porque há um fator 2 inesperado que
não deve ser observado noDlaboratório.


E
Vamos agora calcular S (t) e vericar o seu período. Veja que:


→ →

D E
S (t) = hα, t0 ; t| S |α, t0 ; ti (8)

Note que este valor médio é um vetor e, em notação matricial, temos:


 
hα, t0 ; t| Sx |α, t0 ; ti


D E
S (t) ≡  hα, t0 ; t| Sy |α, t0 ; ti  (9)
hα, t0 ; t| Sz |α, t0 ; ti


D E
Vamos agora avaliar cada um dos componentes de S (t) . Daqui em diante, para simplicações, escrever-
emos θ = ω (t − t0 ) /2:
~ ~
hα, t0 ; t| Sx |α, t0 ; ti = hα, t0 ; t| σx |α, t0 ; ti = hα, t0 | (I cosθ + iσz sinθ) σx (I cosθ − iσz sinθ) |α, t0 i (10)
2 2
~
hα, t0 | σx cos2 θ − iσx σz sinθcosθ + iσz σx sinθcosθ + σz σx σz sin2 θ |α, t0 i (11)

hSx i (t) =
2
~
hSx i (t) = hα, t0 | σx cos2 θ + isinθcosθ [σz , σx ] + σz σx σz sin2 θ |α, t0 i (12)

2
Note que sabemos avaliar o comutador desta última equação e temos então:
~
hα, t0 | σx cos2 θ + 2σy sinθcosθ − σx sin2 θ |α, t0 i (13)

hSx i (t) =
2
Veja que podemos reescrever esta expressão em função de alguns valores iniciais:
~
cos2 θ − sin2 θ hα, t0 | σx |α, t0 i + 2sinθcosθ hα, t0 | σy |α, t0 i (14)

hSx i (t) =
2
hSx i (t) = cos2θ hSx i (0) + sin2θ hSy i (0) = cos (ωt) hSx i (0) + sin (ωt) hSy i (0) (15)
Note que, embora a equação (7) indique que |α, t0 ; ti = |α, t0 i apenas após um período de 4π/ω , esta última
expressão indica que aas medidas realizadas em laboratório não são sensíveis o suciente para perceber a
fase (equivalente a multiplicar por −1) no estado do sistema, e as medidas realizadas indicarão um período
que é 2π/ω , de acordo com o que esperávamos.
O mesmo cálculo pode ser realizado com hSy i (t):
~ ~
hα, t0 ; t| Sy |α, t0 ; ti = hα, t0 ; t| σy |α, t0 ; ti = hα, t0 | (I cosθ + iσz sinθ) σy (I cosθ − iσz sinθ) |α, t0 i (16)
2 2
~
hα, t0 | σy cos2 θ − iσy σz sinθcosθ + iσz σy sinθcosθ + σz σy σz sin2 θ |α, t0 i (17)

hSy i (t) =
2
~
hSy i (t) = hα, t0 | σy cos2 θ + isinθcosθ [σz , σy ] − σy sin2 θ |α, t0 i (18)

2
~
cos2 θ − sin2 θ hα, t0 | σy |α, t0 i − 2sinθcosθ hα, t0 | σx |α, t0 i (19)
 
hSy i (t) =
2
hSy i (t) = cos2θ hSy i (0) − sin2θ hSx i (0) = cos (ωt) hSy i (0) − sin (ωt) hSx i (0) (20)
O cálculo para hSz i (t) é mais simples:
~ ~
hα, t0 ; t| Sz |α, t0 ; ti = hα, t0 ; t| σz |α, t0 ; ti = hα, t0 | (I cosθ + iσz sinθ) σz (I cosθ − iσz sinθ) |α, t0 i (21)
2 2
~
hα, t0 | σz cos2 θ + σz sin2 θ |α, t0 i = hSz i (0) (22)

hSz i (t) =
2

2
Portanto, temos:
cosωt sinωt 0
    
hSx i (t) hSx i (0)


E D
S (t) ≡  hSy i (t)  =  −sinωt cosωt 0   hSy i (0)  (23)
hSz i (t) 0 0 1 hSz i (0)


D E
E conclui-se que S (t) precessiona ao redor do eixo ẑ com uma velocidade angular ω .

2 Exercício (2)
2.1 Parte (a)
Digamos que o operador densidade inicial, em t = t0 , de um ensemble é a combinação linear:
ED
(24)
X
ρ (t0 ) = wi α(i) α(i)

i

No enfoque de Schrödinger, qualquer ket |αi evoluirá da forma


|α (t)i = U (t, t0 ) |α (t0 )i (25)
e vale imediatamente que
hα (t)| = U † (t, t0 ) hα (t0 )| (26)
Colocando isso na expressão (24), podemos escrever o operador densidade após a evolução temporal dos seus
sistemas constituintes:
ED
(27)
X
ρ (t) = wi U (t, t0 ) α(i) α(i) U † (t, t0 ) = U (t, t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 )

i

2.2 Parte (b)


Utilizaremos aqui um teorema básico que é absolutamente fundamental para o uso do operador densidade:
0 < Tr ρ2 ≤ 1, (28)


e nessa relação há igualdade se e somente se estivermos lidando com um ensemble puro2 . Calculemos agora
Tr ρ (t) :
2


Tr ρ2 (t) = Tr U (t, t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 ) U (t, t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 ) = Tr U (t, t0 ) ρ (t0 ) ρ (t0 ) U † (t, t0 ) (29)
  

Temos então:
Tr ρ2 (t) = Tr U (t, t0 ) ρ2 (t0 ) U † (t, t0 ) = U † (t, t0 ) U (t, t0 ) ρ2 (t0 ) = Tr ρ2 (t0 ) (30)
   

Se zermos a suposição de que o ensemble inicial é puro, então Tr ρ2 (t0 ) = Tr (ρ (t0 )) = 1 e Tr ρ2 (t) = 1
 

também. Mas como na relação (28) há igualdade se e somente se tivermos um ensemble puro, então mesmo
para t > t0 temos um ensemble puro.

3 Exercício (3)
3.1 Revisão Conceitual
Esse exercício utiliza aspectos da teoria que ainda não foram, no presente momento, explicados até a sua
conclusão. Desta forma, faremos uma curta revisão da soma de momentos angulares na mecânica quân-
tica, revendo com algum detalhe a adição de dois spins 21 e então partindo para a adição de três spins 21 ,
analogamente.
2A demonstração desta propriedade, por sua vez, é um exercício bastante interessante que deixamos para o leitor.

3
Ao lidar com dois momentos angulares, percebemos que há duas representações para um dado sistema.
Primeiramente, pode-se escolher a base de autoestados dos operadores S12 , S22 , S1z , S2z , que para um


sistema de 2 spins 12 seria simplesmente:


S12 , S22 , S1z , S2z → {|++i , |+−i , |−+i , |−−i} (31)


Aqui, veja que os autovalores são os seguintes:


3~2
S12 |±±i = ~2 s1 (s1 + 1) |±±i = |±±i (32)
4
3~2
S22 |±±i = ~2 s2 (s2 + 1) |±±i = |±±i (33)
4
~ ~
S1z |±+i = ± |±+i ; S1z |±−i = ± |±−i (34)
2 2
~ ~
S2z |+±i = ± |+±i ; S2z |−±i = ± |−±i (35)
2 2
Mas, ao considerar-se o sistema como um todo, observaremos não S1z e S2z , mas sim o momento angular
→ →
− − →

total, S = S 1 + S 2 , e a projeção na direção
 ẑ do momento total, Sz = S1z +S2z . Nesta outra representação
possível, temos autokets dos operadores S12 , S22 , S 2 , Sz , que podemos designar como |s, mi, com s e m
associados aos autovalores correspondentes:
S12 , S22 , S 2 , Sz → {|s, mi} (36)


com
S 2 |s, mi = ~2 s (s + 1) |s, mi (37)
Sz |s, mi = m~ |s, mi (38)
Agora, o problema do nosso interesse é fazer a transformação de base:
{|++i , |+−i , |−+i , |−−i} ↔ {|s, mi} (39)
Realizar esta mudança de base é equivalente a achar todas as projeções de cada elemento da base de


autoestados de S1z e S2z para cada elemento da base de autoestados de S e Sz , ou seja, encontrar os
produtos internos hs, m| ± ±i. Estes produtos internos que designam a relação entre a base de autoestados
de momentos angulares de uma partícula, que neste caso são S1z e S2z , com a base de autoestados dos


operadores de momento angular total, que neste caso são S e Sz , são chamados de Coecientes de Clebsch-
Gordan. Note que todos os elementos de ambas as bases são autoestados de S12 e S22 .
Quais são os valores que s e m podem assumir? Vamos inicialmente investigar a atuação de Sz de forma
bastante simples sobre um de seus autoestados:
Sz |s, mi = m~ |s, mi (40)
Multiplicando esta relação pela esquerda por h±±|, obtemos:
h±±| (S1z + S1z ) |s, mi = m~ h± ± |s, mi (41)
Veja que do lado direito desta última relação aparece um coeciente de Clebsch-Gordan, conforme denido
anteriormente. Para não confundir os ± de cada uma das duas partículas aqui, vamos escrever simplesmente
m1 = ± e m2 = ± como sendo o autovalor de S1z e S2z , respectivamente; a última equação ca sendo
portanto:
hm1 m2 | (S1z + S1z ) |s, mi = m~ hm1 m2 |s, mi (42)
(m1 + m2 ) hm1 m2 |s, mi = m~ hm1 m2 |s, mi (43)
Note que, para que hm1 m2 |s, mi não seja nulo, é necessário que
m = m1 + m2 (44)

4
Esta é uma das duas regras de seleção para que coecientes de Clebsch-Gordan não sejam nulos, e vale
mesmo que não estejamos lidando com partículas de spin 12 . A outra regra de seleção, que será vista em
mais detalhes em próximas aulas, nos diz que o autovalor de S 2 , s, está restrito pela relação
|s1 − s2 | ≤ s ≤ s1 + s2 (45)
Do ponto de vista de soma vetorial de duas grandezas, esta relação é razoável. Para o nosso exemplo de
2 partículas de spin 21 , podemos já escrever qual é a mudança de base desejada em mais detalhes:
{|++i , |+−i , |−+i , |−−i} ↔ {|1, 1i , |1, 0i , |1, −1i , |0, 0i} (46)
Esta relação, bastante conhecida, é feita pelos estados singleto e tripleto, dados por:
|1, 1i = |++i


 |1, 0i = √1 (|+−i + |−+i)

2 (47)

 |1, −1i = |−−i
|0, 0i = √12 (|+−i − |−+i)

Para encontrar esta última expressão, a maneira mais simples é fazer uso dos operadores S+ e S− , dados
por:
S+ = S1+ + S2+ (48)
S− = S1− + S2− (49)
Correndo o risco de parecer óbvio e desnecessariamente complicado ao mesmo tempo, ressaltamos que os
coecientes de Clebsch-Gordan aqui seriam:


 |1, 1i = |++i h+ + |1, 1i
|1, 0i = |+−i h+ − |1, 0i + |−+i h− + |1, 0i

(50)

 |1, −1i = |−−i h− − |1, −1i
|0, 0i = |+−i h+ − |0, 0i − |−+i h− + |0, 0i

Os termos não presentes aqui são aqueles que são nulos devido às regras de seleção (44) e (45). Vamos agora
proceder ao exercício (3) e resolvê-lo por analogia.

3.2 Parte (a)


Construir uma base de autoestados de S12 , S22 , S32 , S1z ,S2z e S3z é uma tarefa muito mais fácil do que parece.
Basta simplesmente denir os estados |± ± ±i de forma tal que estes sejam autoestados desses operadores,
como zemos nas equações (32), (33), (34) e (35):
3~2
S12 |± ± ±i = ~2 s1 (s1 + 1) |± ± ±i = |± ± ±i (51)
4
3~2
S22 |± ± ±i = ~2 s2 (s2 + 1) |± ± ±i = |± ± ±i (52)
4
3~2
S32 |± ± ±i = ~2 s3 (s3 + 1) |± ± ±i = |± ± ±i (53)
4
~ ~
S1z |± + +i = ± |± + +i ; S1z |± + −i = ± |± + −i ; (54)
2 2
~ ~
S1z |± − +i = ± |± − +i ; S1z |± − −i = ± |± − −i . (55)
2 2
~ ~
S2z |+ ± +i = ± |+ ± +i ; S2z |+ ± −i = ± |+ ± −i ; (56)
2 2
~ ~
S2z |− ± +i = ± |− ± +i ; S2z |− ± −i = ± |− ± −i . (57)
2 2
~ ~
S3z |+ + ±i = ± |+ + ±i ; S3z |+ − ±i = ± |+ − ±i ; (58)
2 2
~ ~
S3z |− + ±i = ± |− + ±i ; S3z |− − ±i = ± |− − ±i . (59)
2 2
Isto encerra esta parte do exercício: já construímos a base de autoestados.

5
3.3 Parte (b)
A nossa intenção neste exercício é somar não 2 spins 12 , mas três. Desta forma, nosso objetivo é relacionar
as bases:
{|± ± ±i} ↔ {|s, mi} (60)
Note que já construímos a base da esquerda na parte (a) deste exercício. Os autoestados procurados são os
que seguem as relações:
2

→ →
− →


S 2 |s, mi = S1+ S2+ S3 |s, mi = ~2 s (s + 1) |s, mi (61)

Sz |s, mi = (S1z + S2z + S3z ) |s, mi = m~ |s, mi (62)


Note que a dimensionalidade da base faz com que o problema seja um pouco grande: há 8 elementos na
base {|± ± ±i}, e portanto devem haver oito elementos em uma base completa {|s, mi}. Para encontrar os
valores possíveis de s e m, podemos utilizar as regras de seleção (44 ) e (45); temos assim:
1 3
s= ; . (63)
2 2
e
3 1 1 3
m=− ; − ; ; . (64)
2 2 2 2
Note que então estamos relacionando as bases:l
      
3 3 3 1 3 1 3 3 1 1 1 1
{|± ± ±i} ↔ , , , , ,− , ,− ,
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
, , ,− (65)

Enquanto que a base de autoestados de S12 , S22 , S32 , S1z ,S2z e S3z exibe obviamente 8 estados, a base do
lado direito da
última relação parece ter apenas 6 autoestados; na realidade, como veremos a seguir, os dois
autoestados 12 , 12 e 12 , − 12 são degenerados.
A regra de seleção m = m1 + m2 + m3 , generalização da relação (44), nos diz inequivocamente que:

3 3
2 2 = |+ + +i
, (66)

e também que 
3 3
,−
2 2 = |− − −i (67)

Lembremo-nos agora dos operadores escada (Sakurai, pg. 192):

(68)
p
J+ |j, mi = ~ (j − m) (j + m + 1) |j, m + 1i

(69)
p
J− |j, mi = ~ (j + m) (j − m + 1) |j, m − 1i
Faremos agora o mesmo que foi feito para encontrar os estados singleto e tripleto: utilizaremos J+/− e então
a ortogonalidade. Vamos começar aplicando J− no estado |+ + +i:

3 3
J− , = (J1− + J2− + J3− ) |+ + +i (70)
2 2
√ 3 1

~ 3 ,
= ~ (|− + +i + |+ − +i + |+ − +i) (71)
2 2

3 1 1
2 2 = √3 (|− + +i + |+ − +i + |+ − +i)
, (72)

Para encontrar 23 , − 12 , poderíamos aplicar J− novamente, mas é mais fácil algebricamente aplicar J+ em

|− − −i:

6

3 3
J+ , −
= (J1+ + J2+ + J3+ ) |− − −i (73)
2 2
√ 3 1

~ 3 , − = ~ (|+ − −i + |− + −i + |− − +i) (74)
2 2

3 1 1
2 2 = √3 (|+ − −i + |− + −i + |− − +i)
,− (75)

Encontrados agora quatro dos oito elementos da base {|s, mi}, vamos nos concentrar agora nos outros quatro.
Primeiramente, veja que 21 , 12 pode ser escrito como sendo combinação linar apenas dos autoestados |± ± ±i
permitidos pela regra de seleção m = m1 + m2 + m3 :

1 1
2 2 = α |− + +i + β |+ − +i + γ |+ + −i
, (76)

Note que a soma dos mi sempre é igual a 21 , como deveria ser o caso. Aqui, α, β e γ são números complexos
restritos por apenas duas condições: primeiramente, pela normalização,
|α| 2 + |β| 2 + |γ| 2 = 1 (77)
e, em segunda instância, pela ortogonalidade com 23 , 12 , de acordo com a qual:

 
1 1 3 1
, , =α+β+γ =0 (78)
2 2 2 2
Encontramos aqui a degenerescência mencionada anteriormente. Não há apenas um estado que possui
2 e m = 2 neste problema, e S1 , S2 , S3 , S e Sz não perfazem um conjunto completo de observáveis
1 1 2 2 2 2
s=
que comutam. Isto é algo absolutamente fundamental que deve ser compreendido para que este exercício
seja corretamente resolvido.
Coecientes de Glebsch-Gordan como os que estamos calculando aqui são, por convenção, escolhidos como
sendo números reais. As duas restrições (76) e (77) nos dizem, portanto, que, no espaço tridimensional, os
pontos (α, β, γ) são membros do plano α + β + γ = 0 e da esfera |α| 2 + |β| 2 + |γ| 2 = 1; os pontos são portanto
aqueles que pertencem a um círculo centrado em (0, 0, 0) com raio unitário. Parametrizar este círculo não
é tarefa difícil; basta escolhermos dois membros ortogonais e combiná-los de acordo com a normalização.
Podemos escrever então que:   
1 1 1 1 1 1
,
2 2 = cosθ , + sinθ , (79)
2 2 1 2 2 2
com 
1 1 1
,
2 2 = √ (|− + +i + |+ − +i − 2 |+ + −i) (80)
1 6

1 1 1
,
2 2 = √ (|− + +i − |+ − +i) (81)
2 2
A conta para 12 , − 12 é inteiramente análoga; neste caso, teremos

  
1 1 1 1 1 1
,−
2 2 = cos φ ,
2 2 − + sin φ ,−
2 2 (82)
1 2

1 1 1
,−
2 2 = √ (|+ − −i + |− + −i − 2 |− − +i) (83)
1 6

1 1 1
,−
2 2 = √ (|+ − −i − |− + −i) (84)
2 2
A parte (b) do exercício está portanto resolvida. A nossa base de oito elementos é protanto:
         
3 3 3 1 3 1 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , ,− , ,−
2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 , , , ,
2 2 , ,−
2 2 , ,−
2 2 (85)
1 2 1 2

7
Uma outra maneira de resolver este problema seria somar o spin das partículas 1 e 2, o que resultaria nos
estados singleto e tripleto, e proceder com a soma de mais um momento angular 12 ao tripleto/singleto. 1 1 Uma
inspeção cuidadosa das expressões (80), (81), (83) e (84) mostram também que, em e 2 1 , as
1 1
, ,−
2 2 1 2
partículas 1 e 2 estão em seu estado |1, 0i, e em 2 , 2 2 e 2 , − 2 2 , as partículas 1 e 2 estão em seu estado
1 1 1 1

|0, 0i. Isto será bastante relevante para a parte (c) do exercício.

3.4 Parte (c)


Sugere-se uma Hamiltoniana
ε0  −
→ − → → −
− →

H=− 2
S1· S3+ S2· S3 (86)
~
− 2

 
O truque para resolver este exercício consiste em notar que o momento angular total S pode ser ree-
scrito3 :

→ −
→ →
− →
− −
→ →
− −
→ →
− → −
− → →

         
S 2
= S1+ S2+ S3 2
= S1+ S2 2
+2 S1· S3+ S2· S3 + S3 2 (87)

E, reescrevendo, temos uma correspondência muito interessante:


ε0  2  −
→ → 2

  ε0  −
→ − → → −
− →

− S − S 1 + S 2 − S 2
3 = − S 1 · S 3 + S 2 · S 3 (88)
2~2 ~2
Agora veja que a parte (b) tem dados que podem nos ajudar no nosso problema. A nossa base para o
operador momento angular total é constituída por:
         
3 3 3 1 3 1 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1
2 2 , 2, 2 , 2, −2 , 2, −2 , 2, 2 , 2, 2 , 2, −2 , 2, −2
, (89)
1 2 1 2

Ou, escrito por extenso, temos: 


3 3
2 2 = |+ + +i
, (90)

3 1 1
2 2 = √3 (|− + +i + |+ − +i + |+ − +i)
, (91)

3 1 1
2 2 = √3 (|+ − −i + |− + −i + |− − +i)
,− (92)

3 3
,−
2 2 = |− − −i (93)

1 1 1
,
2 2 = √ (|− + +i + |+ − +i − 2 |+ + −i) (94)
1 6

1 1 1
,
2 2 = √ (|− + +i − |+ − +i) (95)
2 2

1 1 1
,−
2 2 = √ (|+ − −i + |− + −i − 2 |− − +i) (96)
1 6

1 1 1
,−
2 2 = √ (|+ − −i − |− + −i) (97)
2 2
Se essa base não nos servir por alguma razão, podemos escolher outros vetores do espaço degenerado para a
nossa base; felizmente, do jeito que está, podemos imediatamente ver que as partículas 1 e 2 estão sempre
em um estado singleto ou tripleto, o que é bastante prático e nos diz que nenhuma outra mudança será
necessária na base. Veja que:
ε0  2  −      
2 3 3 ε0 15 2 3 2 3 3 ε0
→ → 2

 3 3
− S − S 1 + S 2 − S 3 , = − ~ − 2~ 2
− ~ 2 2 = − 2
, , (98)
2~2 2 2 2~2 4 4 2 2
3 Note que utilizamos que operadores que atuam em diferentes partículas comutam.

8
ε0  2  −      
→ → 2
− 2 3 1 ε0 15 2 3 2 3 1 ε0 3 1

− S − S 1 + S 2 − S 3 , = − ~ − 2~ 2
− ~ , = − , (99)
2~2 2 2 2~2 4 4 2 2 2 2 2
    
ε0  2  − → → 2


2 3
 1 ε0 15 2 3 2 3 1 ε0 3 1
S − S 1 + S 2 − S3 , − =− 2 2
~ − 2~ − ~ , − = − ,− (100)
2~2 2 2 2~ 4 4 2 2 2 2 2
    
ε0  

− → 2


2 3
 3 ε0 15 2 3 2 3 3 ε0 3 3
2 2
(101)

S − S 1 + S 2 − S3 , − =− 2 ~ − 2~ − ~ , − = − ,−
2~2 2 2 2~ 4 4 2 2 2 2 2
    
ε0  2  − → → 2


2 1 1
 ε0 3 2 3 2 1 1 1 1
S − S 1 + S 2 − S 3 , = − ~ − 2~ 2
− ~ , = ε 0
, (102)
2~2 2 2 1 2~2 4 4 2 2
1 2 2 1
   
ε0  

− →

  1 1 ε0 3 2 3 2 1 1
2
S 2 − S 1 + S 2 2 − S32 , =− 2 ~ − ~ , =0 (103)
2~ 2 2 2 2~ 4 4 2 2 2
ε0  2  −      
2 1 1 ε0 3 2 3 2 1 1
→ → 2

 1 1
S − S 1 + S 2 − S3 , − =− 2 2
~ − 2~ − ~ , − = ε0 , −
(104)
2~2 2 2 1 2~ 4 4 2 2 1 2 2 1
   
ε0  

− →

  1 1 ε0 3 2 3 2 1 1
2
S 2 − S 1 + S 2 2 − S32 , − =− 2 ~ − ~ ,− =0 (105)
2~ 2 2 2 2~ 4 4 2 2 2
Encontramos portanto os níveis de energia e os autovetores correspondentes:
   
1 1 1 1
E = ε0 → ,
, ,−
(106)
2 2 1 2 2 1
   
1 1 1 1
E = 0 → , , , − (107)
2 2 2 2 2 2
    
ε0 3 3 3 1 3 1 3 3
E = − → , , , , , − , , − (108)
2 2 2 2 2 2 2 2 2
Nota-se aqui que esta parte do exercício tornaria-se mais evidente somando momentos angulares dois-a-dois,
uma outra alternativa para resolver o problema.

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