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Homilética

“A Bíblia não nos foi dada para aumentar o nosso conhecimento, mas para
transformar as nossas vidas” D. L. Moody

Qualquer cristão em nossos dias concordaria com essa afirmação: a Palavra de


Deus é o que abençoa e transforma pessoas. A Bíblia tem em si material para salvar,
libertar, curar, edificar a vida de um homem, dentre tantos benefícios. Agora quando
essa Palavra viva é pregada e esse propósito não é alcançado, qual será o motivo?

Dentre tantos fatores que podem ocasionar esse fato, um pode ser, talvez a forma
como foi exposta e abordada a Palavra. É importante que quem pregue ou ensine a
Palavra não apenas tenha uma vida de oração e estudo diário com a Palavra, mas
conheça, aprenda e aprimore formas de compor e expor sermões. A disciplina de
Homilética está estabelecida nesse propósito. Mas vamos entender exatamente o que
significa Homilética:

“Essa palavra portuguesa vem do grego, omiletikos (sociável). O verbo omileein


significa estar em companhia de, e o substantivo omilos significa assembléia. Visto que
a sociabilidade está, intimamente ligada à linguagem esse titulo homilética veio a se
referir aquele ramo da retórica que trata da composição e entrega de sermões. Em
outras palavras é a arte de compor e entregar sermões". O dicionário Aurélio define
como "a arte de pregar sermões religiosos”.

Compor e entregar (ou expor) sermões é o que define Homilética. E nessa


definição vamos trilhar nosso estudo. Por isso, dentro da Homilética temos duas partes
para melhor entendimento: escrita e oralidade.

A escrita corresponde à composição, e isso vai desde a pesquisa e meditação nas


Escrituras, a formação estrutural do esboço em uma pregação ou ensinamento. A
oralidade já está estabelecida em como o orador vai expor o material escrito estruturado
a um público determinado. Nestas linhas falaremos com mais detalhes mais a frente de
forma mais apurada. Mais antes de entrar nestes conceitos precisamos entender a
diferença entre o que é uma pregação e um ensino para melhor desenvolvermos os
princípios da Homilética.

Pregação x Ensino
Quando olhamos para Jesus e vemos suas obras enquanto esteve em carne,
percebemos que ele curava e libertava muitas vidas; e quanto à forma de exposição da
Palavra, Jesus pregava e ensinava (Mt 9.35; Mt 4.23). Na grande comissão Jesus nos
comissionou a pregar e ensinar as Escrituras (Mt 28.19,20). No livro de Atos vemos que
os cristãos pregavam e ensinavam as Escrituras (At 5.42). A Bíblia ressalta e distingue
essas práticas porque elas são, na sua essência, diferentes uma da outra. Observe as
definições das mesmas:

Ensina lamad Is 48.14 Instruir; treinar; estimular; incitar; fazer alguém aprender. A
origem do verbo pode ser encontrada no incitar o gado.

Ensinar yarah: instruir, dirigir, ensinar, apontar, atirar, visar, arremessar, lançar em
linha reta. “O significado primitivo de yarah é “atirar em linha reta”, ou “direcionar o
fluxo” de alguma coisa. Daí um termo derivado de yarah seja yoreh, “chuva”. Moreh é
o outro termo derivado, e significa “professor” alguém que lança e arremessa suas
instruções em linha reta, alguém que aponta a verdade. O termo bíblico mais
importante que deriva de yoreh é Torah.

Lei Torah: instrução, ensino direção, lei, preceito. “Uma maneira direta” A idéia é de
que as instruções de Deus para Israel foram dadas de uma direta, franca.

Pregava Kerusso: anunciar, declarar, publicar, propagar, proclamar publicamente,


exortar, evocar em bom tom, comunicar, pregar. O arauto deve fazer um anúncio
público de uma mensagem oficial e emitir quaisquer exigências que a mensagem
vincule.

Observando mais ainda de perto essas definições, vemos o quanto elas são
diferentes. A Igreja tem que aprender a andar em equilíbrio entre pregar e ensinar as
Escrituras.

Em algum momento numa pregação pode se ter algum elemento de ensino. Da


mesma forma, num ensino pode se ter elementos da pregação. Mas dentro de uma
prática ou outra é importante que fiquemos concentrados na prática direcionada para
que uma não suplante a outra perdendo assim o seu objetivo.

Vejamos algumas diferenças:

Pregação Ensino
Proclamar, Anunciar Instruir, Treinar
Tem Caráter Geral Mostra Detalhes
Chama o Ouvinte a Deus Instrui a Maneira Correta de Chegar
Fala da Importância de Permanecer na Mostra a Forma de Permanecer na Palavra
Palavra
Proclama o “material” que gera a fé Nos dá fundamentos, bases para a fé

As diretrizes de Homilética que veremos a seguir ajudarão a desenvolver tanto


uma ênfase no caráter de pregação ou no caráter de ensinamento. No entanto, torna-se
fundamental ao orador saber do Espírito, qual é o direcionamento, quanto à questão se
vai ensinar ou pregar, para melhor desenvolver os princípios homiléticos.
Oralidade
Vamos gastar mais tempo na parte sobre escrita estabelecendo fundamentos para
a composição de um esboço, por isso observaremos primeiro a questão da oralidade de
um sermão.

Para que a Palavra seja exposta é necessário que vários elementos presentes no
orador propiciem uma melhor absorção do público ouvinte:

1- Voz

Um sermão mesmo com bom conteúdo pode ser prejudicado pelo modo como o
pregador fala. Como disse Moraes Carvalho: “A voz, pela sua sonoridade, irá
abrir o leito por onde o rio de palavras passará.” A Palavra de Deus será ouvida
pelo som da voz do pregador. Pense nisso. E agora pergunte a si mesmo o que
posso melhorar na minha voz para facilitar o entendimento dos ouvintes? Veja
algumas perguntas importantes a fazer:

Minha voz reflete o sentimento e emoção que o texto bíblico ou a temática da


mensagem sugere?
Minha voz se mantém no mesmo tom toda a mensagem?
Minha voz está muito baixa ou muito alta?

Quanto ao ritmo pergunte:

Estou falando muito rápido ou muito lento?


As palavras estão saindo com uma boa dicção e pronúncia de forma que o
ouvinte entende?
Estou enfatizando e repetindo os conceitos centrais e importantes do meu
esboço?
Estou sendo original ou estou imitando algum tom ou estilo de voz de alguém?

Pergunte a pessoas ao seu redor, ouça sua voz numa gravação ou preste atenção
enquanto está pregando nestas perguntas. Muitos pregadores ou professores por falta de
entendimento, rotina ou pelo estado emocional no dia da pregação, comprometem o uso
tão importante da voz em um sermão. Se você tem um tom de voz alto ou baixo aprenda
a modular sua voz durante uma mensagem. Está comprovado que um mesmo som
constante leva o ouvinte ao sono ou a distração.

Quando estamos escrevendo e queremos destacar uma idéia ou conceito


colocamos em negrito, sublinhamos ou em CAIXA ALTA. Numa pregação não temos
esses recursos, mas a voz pode funcionar desta forma. Repetir com um tom e ritmo de
voz diferente pode ressaltar o que estamos querendo dizer. Falar mais alto ou mais
pausadamente pode chamar a atenção do ouvinte para o que você está querendo falar.

2- Linguagem

Público alvo

A questão da linguagem está profundamente ligada ao público alvo no qual


estou querendo me comunicar. Qual é o meu público alvo? Jovens, crianças,
adolescentes, idosos, pessoas com menos escolaridade ou mais escolaridade? Entender o
público alvo vai nos ajudar muito para utilizar a melhor linguagem. Se ele for
diversificado utilize palavras simples e evite gírias de grupos específicos que muitos não
entendem.

Repetições de expressões

Às vezes por nervosismo ou por não prestar atenção, pessoas repetem em


excesso expressões. Né, não é isso, verdadeiramente, concorda são apenas algumas das
expressões que podem distrair o ouvinte para prestar mais atenção na repetição do que
você está dizendo do que no conteúdo apresentado. Pois tudo aquilo que se repete traz
um significado para quem ouve de maior valor e chama mais atenção.

3- Postura e roupa

Além de observar a voz, a linguagem, entenda que as pessoas ouvem o que não é
verbal. Segundo a universidade de Stanford- EUA 65% da comunicação está no tom de
voz e corpo. O nosso corpo mesmo sem falar pode falar muito sobre o conteúdo da
mensagem. Observe algumas orientações:

 Apenas porque alguns demonstram mais interesse por sua mensagem,


não coloque seu corpo de forma posicionada apenas para um grupo de
pessoas de um lado, em detrimento do restante. Concentre seu corpo de
forma frontal as pessoas, de forma a não negligenciar ninguém durante
o discurso.

 Não feche os olhos, não olhe para cima, ou para baixo ou apenas para
um lado durante muito tempo, procure colocar seus olhos onde as
pessoas estão de uma forma geral.

 Não fique em excesso parado ou movimentando também


exageradamente. Procure se movimentar em harmonia com aquilo que
está dizendo.
Roupas:

 Cuidado com a decência! Mulheres: a roupa é apertada ressaltando


alguma área do corpo em especial? O decote dos seios está aparecendo?
A saia está curta? Sua movimentação pode deixar a mostra alguma parte
do seu corpo? Se sua veste não refletir o caráter santo da mensagem,
o que você diz cairá em descrédito!

 Cuidado com roupas que chamam mais atenção. Procure se vestir de


forma mais sóbria para que as pessoas não se distraiam prestando mais
atenção na sua roupa do que no que você fala.

 Observe o público alvo. Por exemplo, não vá pregar de terno e gravata


para uma audiência apenas de jovens! Isso pode gerar distanciamento.

Escrita
“Uma boa forma sem conteúdo é como algodão doce, pode até ser bonito, mas
não alimenta.” Jilton Moraes

A melhor voz, linguagem, postura, criatividade, mas sem estudo e meditação na


Palavra pode ter até uma boa aparência, mas não vai cumprir o propósito da Palavra que
é o de transformar vidas. Alguém uma vez disse que: “Se o orador não está convencido
do que fala, não pode convencer ninguém.” Para poder dar um bom alimento aos
ouvintes, o pregador tem que se alimentar. Quem ensina ou prega tem que ser de
alguma forma convencido pelo que discursa e isso não acontece primeiramente no
púlpito, mas no âmbito particular, na busca ao Senhor em oração e na Palavra. O bom
pregador está sempre fazendo perguntas ao texto para melhor entendê-lo. Na leitura do
texto bíblico, perguntas como essas podem ajudar:

“Quem está no texto? Como foi abordado o assunto? Quando aconteceu isto?
Qual contexto histórico, cultural, linguístico, geográfico está presente neste texto para
que eu o possa entender melhor? Porque está colocado dessa forma? Qual a motivação
está contida nas pessoas? Que expressões e frases chamam a atenção no texto?”

Meditando na Palavra e respondendo perguntas como essas, fornecemos


ambiente para que o Espírito Santo nos dê entendimento do texto e nos ilumine sobre o
que vai ser o conteúdo do sermão.
Propósito
Quando estamos neste momento recebendo de Deus o sermão é fundamental que
procuremos entender o propósito do sermão. Pense nessas afirmações:

“O pregador que não fixa com clareza o propósito de sua mensagem tende a
ficar falando em círculos intermináveis. Um bom sermão começa a ser preparado com
a designação do seu propósito. (Jilton Moraes)” “O pregador que não é objetivo está
trabalhando como o caçador que atira sem ter um animal em mira (Fred Spann)”

Jerry Key mencionou que “muitos sermões são semelhantes à viagem de Abraão
(Hb11. 8b): “Abraão saiu sem saber para onde ia”. Isto não pode acontecer! Se Deus te
dirigiu com propósito de falar sobre o “Poder da oração”, não divague em falar sobre a
grande tribulação, atenha-se ao seu propósito. Preste atenção nos benefícios de
estabelecer o seu propósito:

 Torna-se um guia para nortear a mensagem


 Ajudará na elaboração das partes da mensagem
 Ajuda a discernir o que é útil ou não para aquela mensagem como
informação
 Facilita a compreensão do ouvinte

É muito triste perguntar as pessoas no final de um culto, qual foi o tema central da
mensagem e as pessoas não lembrarem. Se ao final do culto a pessoa não lembrar nem
mesmo a temática principal da mensagem este sermão, corre o grande risco de não ter
feito diferença nenhuma para o ouvinte. Organização gera melhor desenvolvimento e
melhor transmissão. Desordem gera distração.

Tipos de Sermão
Ao meditarmos na Palavra, fazendo perguntas ao texto, e em oração; um tema,
um propósito, uma idéia, começa a arder no coração do pregador. Neste momento
começa a nascer uma estrutura do sermão. Na Homilética existem vários tipos de
sermão. Na tentativa de tentar descrevê-los muitos autores homiléticos muitas vezes se
repetem. Em nosso estudo vamos nos concentrar em três que compreendem bem como
pode ser a estrutura de um sermão. São eles: sermão temático, textual e expositivo.

Sermão Temático
Definição: Sermão temático é aquele cujas divisões principais derivam do tema,
independente do texto.

A primeira parte da definição diz que as divisões principais devem ser extraídas
do próprio tema do sermão. Isso significa que esse tipo de sermão tem início com um
tema ou tópico e que suas partes principais consistem em idéias derivadas desse tema.

A segunda parte da definição declara que o sermão não requer um texto como
base da mensagem. Isso não significa que a mensagem não seja bíblica, apenas que a
fonte do sermão temático não é um texto bíblico. O assunto é tirado da bíblia e as
principais divisões do esboço do sermão devem basear-se nesse tópico, e cada divisão
principal precisa apoiar-se em uma referência bíblica. Esses versículos devem ser em
geral, extraídos de porções bíblicas mais ou menos distantes umas das outras.

Vamos entender melhor com um exemplo. Imagine se você esta estudando e crê que
Deus está te concedendo uma mensagem com o propósito (o tema) “Razões para a
oração não respondida”. Este tema não é um texto bíblico, mas evidentemente vai
passear por vários versículos bíblicos. Dele vamos tirar a linha principal para
elaborarmos os pontos que vamos trilhar na mensagem. Veja a elaboração:

1- Pecado no coração (Sl 66.18)


2- Pedir mal (Tg 4.3)
3- Duvidar da palavra de Deus (Tg 1.6,7)
4- Vãs repetições (Mt 6.7)

Repare o seguinte, embora falar sobre a importância da oração ou tipos de


oração possa ser relevante nesta mensagem, as divisões principais seguem o
direcionamento do propósito que tivemos com o tema: “Razões para a oração não
respondida” Não esqueça o propósito que foi firmado!

Por conseguinte as divisões principais vão gerar as subdivisões. Na formação


das subdivisões é muito importante que haja dois elementos: lógica e coerência, em
relação à divisão principal. Esse preceito vale para qualquer outro tipo de sermão.
Vamos usar nosso exemplo um pouco mais para falar da elaboração da subdivisão.

1- Pecado no coração (Sl 66.18) divisão principal

1.1 Deus não ouve, pois o pecado cria separação (Is 59.2) subdivisões
1.2 A falta de perdão pode ser um dos pecados (Mc 11.25,26)

Perceba que ao fazer a subdivisão eu não fui ilógico e incoerente com a divisão
principal. Imagine a incoerência se minha subdivisão fosse: “1.1 A importância de orar
em línguas”

Princípios básicos para a preparação de esboços temáticos:

 As divisões principais devem vir em ordem lógica ou cronológica


 As divisões principais podem ser um analise do tópico
 As divisões principais podem apresentar várias provas de um tema
 As divisões principais podem tratar um assunto por analogia ou por
contraste com algo mais na Escritura
 As divisões principais podem consistir em um estudo que mostre os
diversos significados de uma palavra nas Escrituras
 As divisões principais não devem apoiar-se em textos de prova fora do
contexto
Este tipo de sermão é muito bom para trazer séries de ensinamentos doutrinários
para a Igreja.

Sermão Textual
Definição: Sermão textual é aquele em que as divisões principais são derivadas de um
texto constituído de um breve trecho da bíblia. Cada uma dessas divisões é usada como
linha de sugestão, e o texto fornece o tema do sermão.

O esboço principal mantém-se estritamente dentro dos limites do texto. O texto pode
consistir em apenas uma linha de um versículo bíblico, em um versículo todo ou até
mesmo em dois ou três versículos.

Parte da definição afirma que cada divisão principal originada do texto “é usada como
linha de sugestão”, ou seja, as divisões principais sugerem os pontos a serem discutidos
na mensagem.

Com a linha de sugestão dada pela divisão principal desenvolvemos subdivisões que
podem estar baseadas em outros textos que não estão necessariamente naquele preciso
conjunto de versículos.

Vamos entender melhor no exemplo: “mas os que esperam no Senhor renovam as suas
forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se
fatigam (Isaias 40.31)”.

No sermão textual as divisões principais estão no texto, exatamente. Uma pregação


textual com base no texto acima, poderia se utilizar:

1 – esperar no Senhor; 2 – renovar as suas forças; 3 – subir com asas como águia

Agora, a partir dessas divisões principais com lógica e coerência, como vimos
no sermão anterior, vamos estabelecer as subdivisões. No entanto, nas subdivisões,
podemos usar outras referências que não tem como base o texto utilizado acima.
Observe no exemplo:

1 – esperar no Senhor

1.1 – esperar precisa ser com paciência (Sl 40.1)


1.2 - esperar indica uma posição de louvor (2 Cr 20.12)

Um sermão como esse pode ter como propósito esclarecer passos para chegar na
promessa. Primeiro eu espero, depois Deus me renova e me faz subir e viver o que Ele
tem para mim.

Princípios básicos para a elaboração de um sermão textual:

 O esboço textual deve girar em torno de uma idéia central e as divisões


principais devem ampliar ou desenvolver essa idéia
 Dependendo da perspectiva, é possível encontrar mas de um tema ou idéia
dominante em um texto, mas cada esboço deve desenvolver somente um assunto
 As divisões devem vir em ordem lógica ou cronológica
 As próprias palavras do texto podem formar as divisões principais do esboço
desde que se refiram ao tema principal
 O contexto do qual se tira deve ser cuidadosamente observado e relacionado
com ele
 Dois ou três versículos de partes diferentes da bíblia podem ser reunidos e
tratados como se fossem um texto único (tem que tratar da mesma realidade )
Um pode apoiar a primeira divisão e outro a outra

Sermão Expositivo

Definição: Sermão expositivo é aquele em que uma passagem mais ou menos extensa
da Escritura é interpretada em função de um tema ou assunto. A maior parte do material
desse tipo de sermão provém diretamente da passagem, e o esboço contém uma série de
idéias progressivas que giram em torno de uma idéia principal.

Note que, de acordo com a definição, o sermão expositivo baseia-se em uma “passagem
mais ou menos extensa da Escritura”. A passagem pode consistir em poucos versículos
ou incluir um capítulo inteiro ou, até mesmo, mais de um capítulo.

A definição tambem afirma que uma passagem mais ou menos extensa da Escritura é
interpretada “em função de um tema ou assunto”. James M. Gray dá ao grupo de
versículos que formam a base do sermão expositivo o nome de “unidade expositiva”, a
qual, mais especificamente, consiste em um número de versículos dos quais emergem
uma ideia central.

No sermão expositivo, as divisões principais e as subdivisões, são todas encontradas e


interpretadas no conjunto de versículos escolhidos pra o sermão.

Diferentemente do sermão expositivo, o sermão textual, tem um conjunto de versículos


menor e as suas subdivisões podem ser encontradas em passagens diferentes.

Vejamos um exemplo que tem como propósito fornecer instruções importantes para o
crente combater o bom combate da fé (Ef 6.10-18).

1 – a moral do cristão (Ef 6.10-14a)

1.1 – ela deve ser elevada (Ef 6.10)


1.2 - ela deve ser firma (Ef 6.11-14a)

2 – a armadura do cristão (Ef 6.14-17)

2.1 – deve ter carater defensivo (Ef 6.14-17a)


2.2 – deve ter carater ofensivo (Ef 6.17b)

3 – a vida de oração do cristão (Ef 6.18)


3.1 – deve ser persistente (Ef 6.18a)
3.2 – deve ser intercessoria (Ef 6.18b)

Para que o sermão seja verdadeiramente expositivo, devemos interpretar ou explicar


corretamente as subdivisões, dessa maneira o pregador cumpre a finalidade da
exposição, que é derivar da passagem a maior parte do material do sermão e expor seu
conteúdo com relação a um único tema principal.

Uma outra alternativa para a elaboração do sermão expositivo pode consistir em duas ou
três passagens mais ou menos extensas, extraídas de várias partes da Bíblia, formando a
base de um esboço expositivo. Segundo esse princípio a unidade expositiva não consiste
necessariamente, em uma única passagem com versículos consecutivos; duas ou três
passagens, breves ou extensas, podem ser tratadas como se fosse uma unidade, quando a
relação entre elas é direta.

O sacrifício de comunhão é um exemplo desse princípio. Encontramos a primeira


descrição desse sacrificio em Levítico 3.1-17 e outras informações em Lv 7.11-15, 28-
32. Portanto, para obter um quadro completo das leis refentes ao sacrificio de
comunhão, juntamos as três passagens.

Princípios básicos para a eleboração de um sermão expositivo:

 Devemos estudar cuidadosamente a passagem bíblica escolhida, a fim de


compreender seu significado e obter o assunto do texto
 A ordem do esboço pode ser diferente da ordem da unidade expositiva.Pode
ocorrer o caso de a ordem cronológica determinar que as divisões principais ou
as subdivisões sejam colocadas em uma sequencia diferente daquela apresentada
no texto
 Duas ou três passagens, mas ou menos extensas, extraídas de várias partes da
Bíblia podem formar a base de um esboço expositivo
 As divisões principais podem ser extraídas das verdades importantes sugeridas
pelo texto

Elementos Importantes no Esboço

Após definir o propósito e o conteúdo central e principal da mensagem com suas


divisões principais e subdivisões próprias de cada tipo de sermão vamos começar a
pensar em outros elementos do esboço. São eles: título, introdução, proposição e
conclusão.

Título

Ele deve ser:

 Pertinente ao texto ou à mensagem


 Interessante
 Breve
 Pode vir em forma de afirmação, exclamação ou interrogação
Introdução

Objetivos:

 Prepara a mente dos ouvintes para a mensagem


 Chama o ouvinte a atenção, ao interesse a mensagem

Com esse objetivo a introdução deve ser:

 Breve (sem tomar tanto tempo da mensagem)


 Interessante
 Levar a ideia dominante, ao ponto principal da mensagem

Para viver essas características pode se usar elementos do nosso dia-a-dia, humor,
ilustrações, testemunhos, dentre outras alternativas.

Proposição

 É uma declaração simples do assunto que o pregador se propõe apresentar,


desenvolver, provar ou explicar. Em outras palavras, é uma afirmativa da
principal lição espiritual ou da verdade eterna do sermão reduzida a uma frase
declarativa.

Características:

 Em geral colocada depois da introdução como um gancho, uma base para


começar a falar as divisões principais.
 A proposição deve expressar, em um enunciado completo a ideia principal ou
essencial do sermão.

Conclusão:

“Um sermão não precisa ser interminável para ter valores eternos”Pentz Croft

 A conclusão deve ser sempre breve (nunca pregue outra vez)

Pode ser feita de várias formas:

 Recapitulação (pontos principais)


 Aplicação ou apelo pergunta para gerar reflexão
 Motivação

Bibliografia:

BRAGA, James. Como preparar mensagens bíblicas. Editora Vida, São Paulo, 2007

MORAES, Jilton. Homilética da pesquisa ao púlpito. Editora Vida, São Paulo, 2005
Apêndice:

A preparação de uma aula ou pregação pode responder a algumas perguntas:

- Quais são as referências biblicas onde se encontra o tema (procure por palavras
correlatas)?

- Ao olhar as referências tem algo chamando sua atenção? Impressões?

- O que é? Definição no original ou em um dicionário. A Biblia traz de forma


clara a definição? Como grandes personagens atuais as definem?

- A passagem onde está o tema está indicando algo?

- Qual contexto histórico, cultural, linguístico, geografico está inserido o tema,


em alguma passsagem especifica?

- Sua primeira ocorrência traz qual o sentido?

- Existe algum obstáculos a essa prática?

- O tema pode ser visto de um outro ponto de vista?

- Quais são as suas caracteristicas ?

- Quais são as consequências beneficas ou ruins de quem não as prática?

- Ele possui sua origem e seu fim? Qual é?

- Quais são as caracteristicas do seu antônimo ( responda algumas perguntas


anteriores)?

- Qual a importância do tema?

- A Biblia tem uma outra forma de apresentá-lo? Literal ou simbólico

- Se vai analisar melhor uma passagem em questão responda prontamente: quem,


quando, onde, como, o que, porque ?

- Existe algum personagem bíblico que exemplifique o tema?

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