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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

IBSAA – Instituto Bíblico Pastor Sebastião Antônio Alves.

ENDEREÇO: Rua José Ramos Fernandes, 420 – Jd. Vale das Virtudes – São Paulo –
SP. Cep 05796-070

CURSO DE TEOLOGIA

MÉDIO EM TEOLOGIA

ELABORAÇÃO: Professores do IBSAA


REVISÃO TEOLÓGICA: Pr. Izael Alves Correia Th.D.
EDITORAÇÃO: Vicente Dias

O IBSAA MINISTRA OS SEGUINTES CURSOS:

 Básico em Teologia
 Médio em Teologia
 Bacharelado em Teologia

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

HOMILÉTICA

CONTEÚDO:

INTRODUÇÃO
DEFININDO O TERMO HOMILÉTICA
A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO DA PREGAÇÃO PARA A IGREJA
COMO PREPARAR UM SERMÃO
Doze Regras Para um Bom Sermão
A ELOQUÊNCIA
CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES QUANTO A ESTRUTURA
O ASSUNTO E O TÍTULO DO SERMÃO
O TEXTO DO SERMÃO
A ESTRUTURA DO SERMÃO
A CONCLUSÃO DO SERMÃO
BONS HÁBITOS TANTO NA PREGAÇÃO QUANTO AO PREGADOR
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
QUESTÕES

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

INTRODUÇÃO

Surge a necessidade da homilética, porque o obreiro precisa saber comunicar a


Palavra de Deus com eficiência e de maneira clara.
O Objetivo da homilética é ajudar na confecção de sermões para uma pregação
mais eficiente.
Vejamos algumas definições que envolve essa matéria:

DISCURSO - Conjunto de frases ordenada faladas em público. Surgiu quando


alguém teve que alterar a intensidade de sua voz para se comunicar com um grupo de
pessoas, pois o discurso tem essas duas marcas de identidade: a pessoa fala a um
grupo, a uma coletividade; e por causa disso, a pessoa tem que falar alto, isto é, tem que
aumentar a intensidade ou tonalidade de sua voz. Assim, um pai que tivesse que
aumentar o volume de sua voz para orientar ou dar ordens a seus filhos, teria feito um
discurso. Os gregos, que inventaram a democracia, foram os primeiros a estudar as
técnicas do discurso.

RETÓRICA - Conjunto de regras relativas a eloquência; arte de falar bem. Na


democracia grega, os cidadãos se reuniram nas praças para participarem diretamente nas
discussões e nas deliberações diretas.
Logo se percebeu que os cidadãos fidantes, de fácil verbo, se expressavam mais
adequadamente, dominavam a situação, tornavam-se admirados pelas multidões e
galgavam os melhores postos na comunidade.
A palavra retórica é grega e deriva de retos, palavra falada. O rétor, entre os gregos,
era o orador de uma assembléia. Entre nós, entretanto, a palavra rétor veio a ter o
significado pomposo de “mestre de oratória”.

ORATÓRIA - Arte de falar ao público. Oratória de óris = boca, esta foi a palavra que
os romanos deram a retórica que, como muito da cultura grega, os influenciou. Os
romanos também nada sabiam a respeito da “retórica sacra” ou como eles a
denominariam: “retórica sacra”, pois esta ainda não existia.

PREGAÇÃO - Ato de pregar, sermão, ato de anunciar uma notícia.

SERMÃO - Discurso cristão falado no púlpito.

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DEFININDO O TERMO HOMILÉTICA

Homilética "é a arte de pregar sermões", "a ciência da pregação", "arte de fala religiosa". Do
grego: "Homilos" (conversa, fala, em espírito de camaradagem).
O termo Homilética é derivado do Grego "HOMILOS" o que significa, multidão assembléia
do povo, derivando assim outro termo, "HOMILIA" ou pequeno discurso do verbo "HOMILEU"
conversar.
O termo Grego "HOMILIA" significa um discurso com a finalidade de Convencer e agradar.
Portanto, Homilética significa "A arte de pregar".
A arte de falar em público nasceu na Grécia antiga com o nome de Retórica. O cristianismo
passou a usar esta arte como meio da pregação, que no século 17 passou a ser chamada de
Homilética.

Outras definiçõe:
É o estudo dos fundamentos e princípios de como preparar e proferir sermões.
É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão.
É a arte do preparo e pregação de sermões.

O campo da homilética:
O estudo e pesquisa necessários para que os sermões tenham conteúdos bíblico e
contemporâneo.
A arte da organização das idéias que serão apresentadas.
A arte do uso do idioma.
A arte da apresentação do sermão.

A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO DA PREGAÇÃO PARA A IGREJA CRISTÃ

Vivemos dias onde o papel da Igreja na sociedade, quando questionado, provoca


ponderações em diversas direções.
Para que a Igreja possa alcançar sua estatura ideal, nos termos de Efésios 4:12 e 13,
o ministério da pregação é fundamental. Verdadeiramente a pregação é prioridade na Igreja
Cristã. Concordo com Lloyd-Jones, que no livro "Pregação e Pregadores" relaciona o
declínio da Igreja ao empobrecimento e desprestígio do púlpito. Para que a Igreja cumpra
seu papel no mundo é imprescindível que os pregadores desempenhem seu ministério
eficientemente e façam com que a pregação da Palavra volte a ser o momento mais
importante do culto.
Para que a pregação readquira seu grau de importância é imperativo que os
pregadores tenham um preparo adequado, tanto espiritual como intelectualmente. O
pregador deve ser vocacionado por Deus para a mais importante tarefa do mundo e,
consciente de sua excelente missão, dispor-se nas mãos de Deus buscando a direção do
Espírito em todas as áreas de sua vida. A vida do pregador precisa referendar seus
sermões. Ele deve viver o que prega, ser exemplo de vida, de santidade, amor, oração,
honestidade, chefe de família. O preparo intelectual é igualmente importante. É mistér que o
pastor seja homem dado aos estudos, primeiramente das Escrituras, mas não somente
conhecimento bíblico é fundamental ao bom pregador. Ele precisa ter boa formação
teológica, conhecimento histórico, filosófico, psicológico, antropológico, dentre outras áreas,
e isto exigirá do pregador constante apego aos estudos e pesquisas.
Destaco o preparo homilético do pregador. É fundamental que este se aperfeiçoe
homileticamente, que estude, que se aprofunde na homilética a fim de conhecer técnicas,
métodos e formas sermônicas que enriquecerão seu trabalho.
Concordamos que o bom sermão é aquele que "conforta os abatidos e incomoda os
acomodados", pois cremos que o sermão deve constituir-se num instrumento de Deus para
falar ao seu povo.

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COMO PREPARAR UM SERMÃO

Um dos problemas que os pregadores enfrentam é justamente o problema da


elaboração do sermão, pois como veremos é preciso observar alguns pontos
cruciais, pontos estes que quando são observados fazem toda a diferença.
1. DESCOBRIR O PENSAMENTO CENTRAL
O pensamento central é a mensagem, ou seja, é o Tema. Sempre procurar definir o
tema no sentido positivo. Será que existe Deus ? é um tema indesejado pois suscitam
mais dúvida do que fé. Como ser curado ? é um tema sugestivo pois fortifica a fé.
O Título pode ser:
Imperativo Quando sugere uma ordem. ( Ide Marcos 16:15 )
Interrogativo Quando sugere uma pergunta. (Que farei de Jesus? Mt.27:22)
Enfático Quando é reduzido. ( Amor, Fé )

- A mensagem pode Ter várias origens :


- Através da leitura da Bíblia.
- As literaturas religiosas e não religiosas.

2. PREPARAR A INTRODUÇÃO

É o início da pregação.
O ideal é que a introdução seja algo que prenda logo a atenção dos ouvintes,
despertando-lhes o interesse para o restante da mensagem.
Pode até começar com uma ilustração, um relato interessante, porém sempre ligado
ao tema do sermão.
A introdução produz a primeira impressão aos ouvintes e esta deve ser boa.

3. ESCOLHA DO TEXTO

É imprescindível a escolha de um texto que se relacione com o tema do sermão, o


texto deve ser adequado. Vejamos o tipo de textos que devemos evitar:
- Textos longo Cansam os ouvintes. ( Salmo 119 )
- Textos obscuro Causam polêmicas no auditório. ( I Cor. 11:10 Véu)
- Textos duvidosos " E Deus não ouve pecadores" ( João 9:31 )

DOZE REGRAS PARA UM BOM SERMÃO

1. Prepare bem o seu sermão, decida fazer o melhor.


2. Tente achar uma boa introdução: adequada, criativa, interessante.
3. Formule para você mesmo o objetivo do sermão: tenha certeza da direção que precisa
apontar aos ouvintes.
4. Afaste tudo que poderia desviar os pensamentos dos seus ouvintes para uma trilha
secundária.
5. Organize sua mensagem: tome todas as precauções para não ficar repetitivo, inseguro,
perdido em meio às idéias.
6. Use uma linguagem viva e simples.
7. Use ilustrações e exemplos práticos em quantidade suficiente.

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8. Diga “eu”.  Não adquira o hábito de referir-se a você como “nós”, isto já está totalmente
ultrapassado.
9. Seja você mesmo.  Não queira imitar outros pregadores.
10. Mostre humildade e apreço pelos ouvintes.
11. Fale ao coração dos seus ouvintes.
12. Sempre dê aos ouvintes algo que eles possam colocar em prática.

A ELOQUÊNCIA
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ELOQUÊNCIA é um termo derivado do Latim “Eloquentia” que significa: Elegância


no falar, Falar bem, ou seja, garantir o sucesso de sua comunicação, capacidade de
convencer. É a soma das qualidades do pregador.

Não é gritaria, pularia ou pancadaria no púlpito. A elocução é o meio mais comum


para a comunicação; portanto deve observar o seguinte:

1. Voz - A voz, é o principal aspecto de um discurso.

Audível: Todos possam ouvir.


Entendível: Todos possam entender. Pronunciar claramente as palavras. Leitura
incorreta, não observa as pontuações e acentuações.

2. Vocabulário - Quantidade de palavras que conhecemos.

Fácil de falar - comum a todos, de fácil compreensão - saber o significado;


Evitar as gírias, Linguagem incorreta, Ilustrações impróprias. Evitar usar o pronome
EU e sim o pronome NÓS.

A POSTURA DO ORADOR

É muito importante que o orador saiba como comportar-se em um púlpito ou tribuna.


A sua postura pode ajudar ou atrapalhar sua exposição.
A fisionomia é muito importe pois transmite os nossos sentimentos, Vejamos :
- Ficar em posição de nobre atitude.
- Olhar para os ouvintes.
- Não demonstrar rigidez e nervosismo.
- Evitar exageros nos gestos.
- Não demonstrar indisposição.
- Evitar as leituras prolongadas.
- Sempre preocupado com a indumentária. ( Cores, Gravata, Meias )
- Cabelos penteados melhora muito a aparência.
- O assentar também é muito importante.
Lembre-se que existem muitos ouvintes, e estão atentos, esperando receber alguma
coisa boa da parte de Deus através de você.

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CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES QUANTO A


ESTRUTURA

Geralmente os sermões pertencem a uma dessas três categorias:

. Sermão tópico ou temático. Trata de um tópico e não de um texto bíblico em


particular. As divisões derivam-se do tópico (ou tema).
. Sermão textual. Trata do desenvolvimento de um texto bíblico, um ou dois
versículos. As divisões derivam-se do texto.
. Sermão expositivo. Trata do desenvolvimento de um texto bíblico, geralmente
longo. As divisões também derivam-se do texto.
 
1. SERMÕES TÓPICOS OU TEMÁTICOS
O que caracteriza o sermão tópico ou temático é o seu tema derivado do texto, mas
as divisões são aleatórias.
O texto só proporciona o pensamento para o assunto, mais depois de escolhido o
texto já não é a base principal da análise. As divisões são provenientes do assunto e não
do texto;
O pregador é o responsável pela elaboração das divisões.
Exemplos de Sermão Tópico / Temático:
A Bíblia e uma fonte inesgotável de temas, onde o pregador pode selecionar
material abundantemente para qualquer ocasião ou condição em que as pessoas se
encontrem. Mediante o garimpar constante o pregador descobrirá um vasto tesouro para
a sua própria edificação e da sua Igreja.

Exemplo 1: "A palavra divina é a verdade" (João 17.17).


Na introdução o pregador mostrou como podemos crer na bíblia. Ela tem sido
comprovada pelos séculos. A argumentação seguiu a partir daqui: A palavra de Deus é a
verdade e isto está provado. Surgiram as três divisões:
I – PELA HISTÓRIA HUMANA
II – PELA CIÊNCIA
III – PELO SEU PODER

Observe cinco coisas:

1. Acertadamente, a idéia mais forte é a do último tópico. Grave bem isto.


2. As divisões nada têm a ver com o texto.
3. As divisões nada têm a ver com exposição.
4. As divisões derivam-se do tema ou tópicos.
5. As divisões são aleatórias, acidentais, arranjadas.

Exemplo 2: "Coisas a esquecer" (Filipenses 3.13)


I - DERROTAS
II - PECADOS
III - RIXAS
IV - SOFRIMENTOS.

1.1 - VANTAGENS DO SERMÃO TÓPICO OU TEMÁTICO.

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a) Possibilita o aperfeiçoamento da retórica. É o sermão típico dos grandes


oradores;
b) É fácil de se elaborar, porque a unidade é construída conforme o desejo do
pregador;
c) Agrada a muitos ouvintes "preguiçosos mentais", porque não exige reflexão;
d) Possibilita que se esgote o assunto ou que se o encerre de modo completo;
e) Permite a discussão de qualquer assunto, pois as idéias vêm de fora do texto.

1.2 - PERIGOS NO USO DO SERMÃO TEMÁTICO OU TÓPICO


a) Negligenciar a exegese da palavra de Deus não aplicando-a;
b) Atrair a atenção para o pregador. É a inteligência, argumentação e oratória dele
que funciona;
c) Pode levar a alegorização.

1.3 - CUIDADOS NA CONFECÇÃO DO SERMÃO TEMÁTICO OU TÓPICO

a) O tema deve ser claro, específico e expressivo, pois tudo dependerá dele;
b) Os argumentos devem vir em ordem progressiva. Inverta as divisões I e III do
exemplo 1 e veja o que acontece;
c) Esquematize as divisões em uma das seguintes maneiras: explanação, prova,
argumentação, aplicação. Esta é a melhor progressão.
 
2. TEXTUAIS LITERAIS.
É quando as divisões são literalmente as palavras do texto. Podendo haver ligeira
variação dos termos.
Exemplo 1: "Às graças permanentes" (I Coríntios 13.13) 
I - A FÉ
II - A ESPERANÇA
III – O AMOR

Exemplo 2: "Às expressões do mundanismo" (I João 2.16)


I - A CONCUPSCÊNCIA DA CARNE
II - A CONCUPSCÊNCIA DOS OLHOS
III – A SOBERBA DA VIDA

Na confecção do sermão pode se fazer perguntas ao texto: Quem? Que? Como?


Por que? Para que?
Exemplo 1: "A busca do reino de Deus" (Mateus 6.33)
O que? (buscar) I – O REINO E A SUA JUSTIÇA
Quem? (deve buscar) II - VÓS, OS CRENTES
Quando? (buscar) III – EM PRIMEIRO LUGAR
Por que? (buscar) IV - TODAS AS COISAS VOS SERÃO ACRESCENTADAS.

3. TEXTUAIS LIVRES
É quando as divisões expressam os sentidos das palavras do texto em termos
diferentes.
Exemplo 1: "A purificação dos pecados" (I João 1.7)
I - É OBRA DIVINA (de Jesus Cristo)
II - É OBRA PRESENTE (nos purifica)
III – É OBRA PESSOAL (nos purifica)
IV - É OBRA PERFEITA (de todo o pecado)
 

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Exemplo 2: "As Escrituras Sagradas" (Oséias 8.12)

I - SEU AUTOR (Eu lhes escrevi)


II - SEU CONTEÚDO (As grandes coisas da lei)
III – SUA REJEIÇÃO (Coisas estranhas)
 Observe:
a) O título é muito geral;
b) Há uma palavra chave nas divisões;
c) O sermão é negativo, deve exigir grande esforço do pregador para dizer algo
construtivo.
 
4. SERMÕES EXPOSITIVOS
Sermão expositivo consiste na explicação ou explanação de um trecho das
Escrituras. Não o confunda com homilia.
O sermão expositivo divide-se em:
a) Analítico: Analisa o texto versículo por versículo. E o sermão narrativo ou
interpretativo do texto lido;
b) Sintético: E uma síntese de todo o texto ou livro.

Exemplo 1: "A Visão de um Jovem", Ref.: Isaias 6:1-8.


I- A visão que um jovem tem de Deus;
II- A visão que um jovem tem do pecado;
III- A visão que um jovem tem da purificação;
IV- A visão que um jovem tem do serviço.

Exemplo 2: "As Revelações de Jesus", Ref.: Jo. 9:35-41.


I- Revelação de Jesus aos cegos;
II- Revelação de Jesus aos religiosos;
III- Revelação de Jesus ao mundo.

Faremos uma análise sintetizada do Texto de Efésios 6:10-18, e daremos mais dois
exemplos:
Paulo aqui trata da batalha espiritual do crente.
Do versículo 1013, o apóstolo anima o crente a ser corajoso e firme em face dos
inimigos avassaladores (espirituais);
Os versículos 1417, lidam com as diferentes partes da armadura que o senhor
providenciou para os santos em face do inimigo sobre-humano;
No versículo 18, ele diz que o crente vestido com a armadura deve entregar-se a
vida de oração e intercessão pelos santos.

Exemplo 3: - Aspectos da guerra espiritual relatada pelo apóstolo Paulo: "As


características do crente"
I- A firmeza do crente vs.1013;
II- A armadura do crente vs.1417;
III- A vida de oração do crente v.18.

Exemplo 4: "A Boa Luta da Fé".


I- A moral do crente vs. 10-14;
Deve ser elevada v.10;
Deve ser firme vs.11-14.
II- A armadura do crente vs. 14b, 17.
Deve ter caráter defensivo vs.14b, 17a;

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Deve também ter caráter ofensivo v. 18b.

4.1 - As limitações do sermão expositivo:


a) É difícil manter a unidade e a concatenação das idéias
b) Os assuntos não são tratados de um modo lógico e completo.

4.2 - As vantagens do sermão expositivo:


a) Foi o método dos tempos apostólicos
b) Exige estudo sério da palavra de Deus (é benção para o pregador e é bênção
para a igreja – é a melhor maneira de edificar a igreja)
c) Obriga-se a tratar de assuntos que de outra forma ficariam esquecidos.
d) Presta-se a uma série de sermões bíblicos. Aplica-se uma série de passagens
doutrinárias, devocionais, evangélicas, parábolas, milagres, incidentes históricos e séries
de sermões.

4.3 - As exigências do sermão expositivo:


a) É necessário determinar o texto. O texto precede o sermão. Diferença de um
sermão temático e um expositivo, neste sentido.
b) É necessário a exegese do texto. Dá mais trabalho
c) É preciso descobrir o assunto principal ou a lição principal
d) As divisões devem se relacionar com o tema principal
e) Deve-se evitar a multiplicação de minúcias, de detalhes desnecessários
f) Não gastar tempo demasiado explicando pontos difíceis
g) Não multiplicar a citação de passagens paralelas.

Exemplo : "O remédio para a condição humana" - ( Ef 2.1-10):


I - A condição espiritual do homem natural está descrita em nosso texto sob três
figuras:
1. O homem natural está morto - "morto em delitos e pecados"
2. O homem natural está preso por uma trindade infernal:
a) Segue o curso deste mundo
b) Vive nos desejos da carne
c) Obedece ao príncipe das potestades do ar
3. O homem natural é um réu condenado - "filho da ira"
II - Para esta terrível condição Deus proveu um remédio adequado que nosso texto
descreve em três maneiras:
1. É um remédio de amor – "pelo seu muito amor com que nos amou."
2. É um remédio de poder – "nos ressuscitou juntamente com Ele."
3. É um remédio de graça – "porque pela graça sois salvos."
 
Conclusão:
a) Este remédio nos é oferecido somente em Cristo;
b) Este remédio pode ser nosso pela fé;
c) Os resultados da aplicação deste remédio serão motivo de contemplação e de
louvor a Deus por toda a eternidade (Veja v. 7);
d) Deve por isso, ser aceito agora mesmo.

Observe:
a) Bom título (que pode ser melhorado)
b) Nas sub-divisões, as palavras chaves
c) A boa estrutura da conclusão.
O ASSUNTO E O TÍTULO DO SERMÃO
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O TÍTULO DO SERMÃO
É o nome do sermão. É o condensado de um título, numa expressão.

1. A necessidade de um título
a) Auxilia o pensamento do pregador na preparação do sermão
b) Auxilia a congregação a entender o que o pregador quer dizer. É bom que o povo
saiba para onde vai andar.

2. Qualidades de um bom título


a) Clareza - Deve permitir que o ouvinte saiba o que vai ser tratado. O que significa
"Prolegômenos pneumatológicos " ?
b) Específico - Não deve ser genérico. Salvação, Deus, universo, etc.
c) Brevidade - De duas a sete palavras
d) Adequado ao púlpito - Considere-se o que é a pregação o que é o púlpito e qual o
ambiente em que se prega.
e) Relevância - Deve ter relação com a vida do povo. Qual é o melhor "A vida de
José" ou "A fidelidade de um jovem crente?" O que nos diz mais respeito "como Abraão
se portou" ou "Porque devemos obedecer a Deus" ?
f) Originalidade - Um bom: "O direito de rejeitar a Cristo". Não confunda com
sensacionalismo, irreverência ou vulgaridade.

O TEXTO DO SERMÃO

Definição: Texto é a passagem bíblica que serve de base para o sermão.

1. Escolhendo o texto
Quatro regras negativas:
a) Evite o uso de texto de autenticidade duvidosa : Jo 8.1-11, At 9.6, I Jo5.7.
b) Cuidado com textos obscuros ou contravertidos: Rm 7.10-11, I Pe 3.18-20.
Escolha textos claros e simples sobre os quais você pode falar. Se usar texto obscuro e
contravertido, estude-o muito e fale claramente. Explique e aplique. Sua função é
esclarecer e não obscurecer.
c) Cuidado com textos repugnantes : Jz 3.24, II Pe 2.22 e Ap 3.16.
d) Cuidado com textos cuja tradução seja disputada: Jo 5.39, no caso de usar o
verbo no imperativo.
 
Seis regras positivas:
a) Escolha um texto que tenha falado ao coração do pregador;
b) Delimitar o texto de tal forma que contenha um unidade completa de pensamento;
c) Ter em mente as necessidade dos ouvintes;
d) Seguir o calendário cristão na medida do possível;
e) Usar textos de todos os livros da Bíblia;
f) Via de regra, limitar-se a um só texto para cada sermão. Em caso excepcional,
mais de um. Manter a unidade de pensamento.

A ESTRUTURA DO SERMÃO
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Como organizar a matéria: Estrutura = esboço = plano. O material do sermão deve


ser disposto em ordem. Isto exige talento e treino. É necessário a imaginação construtiva.
Mas, uma estrutura é indispensável. 

1. As características de uma boa estrutura


a) Unidade: Uma só mensagem de cada vez. Geralmente é preciso decidir o que
omitir.
b) Ordem: As idéias devem ter uma seqüência. Devem caminhar para um clímax.
c) Equilíbrio: Deve haver proporção ou simetria entre as partes. As vezes, não dá
tempo para concluir.

2. Elemento componente da boa estrutura


Dependendo do estilo do sermão, os componentes sofrem variações. Em regra
geral, são:
a) Introdução (exórdio) - apresentar o assunto e também a linha de raciocínio.
b) Proposição ou tema: O que vai ser discutido. KEI: sentença de transição.
c) Divisões.
d) Conclusão (preparação, desafio).
e) Apelo.

3. A INTRODUÇÃO
Tudo neste mundo tem uma introdução: entrada, pórtico em casa, peça musical, o
prefácio de um livro.

3.1 Características de uma boa introdução


a) Interessante, porém não estapafúrdia nem sensacional nem exagerada;
b) Breve, porém não abrupta;
c) Apropriada à ocasião, à mensagem. Deve ter estreita relação com o texto e o
tema do sermão;
d) Cordial, porém não bajuladora;
e) Clara, sem antecipar os fatos. Não dizer demais logo no início;
f) Modesta, não prometer demais. Não adornar demais.

3.2 Orientação prática


a) Ao iniciar, não peça desculpas.
b) Não procure ser engraçado. "Sabem porque Pedro traiu a Jesus?"
c) Não "rasgue ceda" Agradecimentos e salamaleques à parte
d) Não comece com tom fortíssimo
e) Não comece sempre da mesma forma. Gaste tempo no preparo de uma boa
introdução. Seja caprichoso. Fuja da frases feitas
f) Seja breve ao referir-se "ao prazer de estar aqui"
g) Evite a introdução "tamanho único" (serve para qualquer sermão)
h) Cuide bem das primeiras frases. Ou se ganha ou se perde a atenção aqui
i) Concluída sua introdução, mencione claramente o tema ou proposição do sermão.
j) Não discuta, na introdução, o assunto do sermão. Introduza o assunto.
k) Deixe a forma final da introdução para a parte final da preparação do sermão.

 
4. O CORPO DO SERMÃO

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Esta parte do sermão recebe vários nomes, tais como: discussão, argumento,
desenvolvimento do sermão. O corpo do sermão exige uma atenção especial, visto que o
que precedeu foi um preparo para este momento, e o que virá após será uma questão
apenas de fechamento do assunto.

Definição das divisões:

Divisões são as seções principais do corpo de um sermão bem ordenado


(esboço). Quer sejam enunciadas durante a entrega, quer não, um sermão corretamente
planejado será dividido em partes distintas que contribuirão para sua unidade.
As divisões principais devem observar a "Lei do Progresso Gradativo LPG", os
pontos devem ser colocados, em escala ascendentes;
Devesse conduzir o sermão ao clímax no momento exato.

5. AS DIVISÕES DO SERMÃO

A vantagem das divisões:


A divisão do tema assegura a unidade do sermão. As idéias são colocadas em
ordem. Um tema pode ter várias idéias. Veja o exemplo:
(A) "O que a incredulidade ocasiona?" Nm 14. 1-11:
- A incredulidade denigre o caráter de Deus;
- A incredulidade envilece o caráter do homem;
- A incredulidade prejudica a obra de Deus;
- A incredulidade provoca a ira de Deus.

(B) Razões que apoiam uma tese:

- Somos ricos porque recebemos o perdão de nossos pecados;


- Somos ricos porque os recursos de Deus estão a nosso favor;
- Somos ricos porque as glórias dos céus nos estão reservadas.

6. ILUSTRAÇÕES
Podemos afirmar que s ilustrações são necessárias, são um meio pedagógico
eficiente. Auxiliam a memória. O povo se lembra mais das ilustrações do que das
argumentações. Um pastor pediu a vinte pessoas que escrevessem sobre o que se
lembravam do sermão que pregara. Um ou dois se lembraram do esboço; quase todos se
lembraram da história final. 

6.1 TIPOS DE ILUSTRAÇÕES


- Linguagem pictórica, Metafórica, Alegorias. Exemplo Jr 2.12-17;
- Histórias ou narrativas. Um fato histórico. Um incidente, uma experiência, uma parábola,
etc;
- Poemas.

6.2 FONTES DE ILUSTRAÇÕES


- A Bíblia. Material abundante, familiar, de autoridade, de valor permanente;
- A literatura, Biografias, Autobiografias, Ficções, Drama, Poesia, Fábula, Mitos e Lendas;
- Experiência pessoal do pregador;
- A história secular, a história eclesiástica, a história da teologia, a história
contemporânea, os jornais e as revistas;
- A ciência;

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- As artes. Histórias de hinos, citações de livros, versos, estrofes, pinturas, etc;


- Imaginação do pregador;
- Arquivos de ilustrações.

QUALIDADES DE UMA BOA ILUSTRAÇÃO.


- Facilmente entendida, compreensível;
- Pertinente ou apropriada. Ilustra o ponto em questão ou não?;
- Atual, o mais possível;
- Digna de crédito;
- Breve, geralmente o máximo de 100 palavras.

SUGESTÕES PRÁTICAS
- Não usar número excessivo de ilustrações. Qualidade, não quantidade;
- Variar a natureza das ilustrações;
- Cultivar a arte de contar histórias;
- Ser preciso. Cuidado com nomes, fatos e datas;
- Não exagerar. Não "aumentar" a ilustração;
- Preparar a ilustração com cuidado.

A CONCLUSÃO DO SERMÃO

De grande importância. Põe abaixo ou salva o sermão. É onde se chega a uma


decisão. Muitas vezes o auditório vê o sermão se esfumaçar no fim. Não deve ser um
amontoado de frases, mas o clímax do sermão. O ponto alto.
A conclusão e sem dúvida, o elemento mais poderoso de todo o sermão. Se não
for bem executada pode enfraquecer ou até mesmo destruir as partes anteriores da
mensagem.

Princípios básicos para o preparo da Conclusão:

- A conclusão deve ter uma finalização natural e apropriada ao sermão como um


todo.
- Deve ser viva e enérgica. Uma reprodução forte e vivida do pensamento principal
do sermão, como pregos bem cravados no coração de cada ouvinte.
- Deve ser precisa, definida e clara nos pensamentos e na expressão.

Formas de Conclusão:

- Recapitulação Não basta repetir as divisões, e necessário revivê-las. Este método


e próprio para iniciantes;
- Aplicação Prática É a indicação daquilo em que a verdade pregada afeta a vida
dos ouvintes, de modo particular ou algum ponto especial;
- Apelo Direto O pregador dirige-se individualmente ao ouvinte;
- Ilustração E uma maneira muito atrativa de terminar uma mensagem;
- Sentença Final Uma sentença forte e tocante;
- Poética, Poesias, hinos, etc.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

Características de uma boa Conclusão:

- Amorosa Toda conclusão deve ser feita em tom de ternura e amor, nos gestos,
nas palavras e na voz;
- Segura sem desculpas ou tropeços;
- Sincera sem piadas ou gracejos de mau gosto;
- Positiva devesse acentuar o positivo mesmo que o sermão tenha tratado do
negativo;
- Breve devesse evitar, contudo, a precipitação;
- Simples compreensível;
- Pessoal sem ser egoísta ou exibicionista.

CUIDADOS A TOMAR

- Prepare-se, não neglicencie. Esboço visto! "conclusão: O que vier na hora". Pode
se esperar algo do pregador preguiçoso?;
- Evite a pobreza mental e fuja do medo de levar os ouvintes à decisão;
- Evite a "conclusão de afogado": "batendo no ar", para todos os lados;
- O tempo: Não mais de 10% do sermão;
- Não acrescente matérias novas, idéias diferentes;
- Não peça desculpas. É ruim no início e pior no fim;
- Não conte piadas. É o momento mais sério do sermão;
- Cuidado com gestos que distraem: olhar o relógio, fechar a Bíblia, recolher o
esboço, falar enquanto folheia o hinário, buscar um hino a ser cantado etc;
- Varie as conclusões, evite monotonia.

O APELO

O apelo não faz parte propriamente do sermão, porém, e um convite ao ouvinte a


aceitar e decidir em favor do que foi apresentado na pregação.

CARACTERISTICAS GERAIS DO APELO:

- Deve ser breve e objetivo;


- Deve ser honesto nos propósitos e meios;
- Deve ser simples e claro.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

BONS HÁBITOS TANTO NA PREGAÇÃO QUANTO AO


PREGADOR

A pregação não é apenas o sermão: é também o pregador. Alguns maus hábitos


podem comprometer o sermão. O pregador deve tomar cuidado para evitar tais costumes
e maneirismo.

1. Postura ereta. Não se deite sobre o púlpito nem se acorcunde.

2. Cuidado com a aparência: O uso de óculos escuros em recinto fechado e à noite,


é triste. O pregador descabelado, com barba por fazer, colarinho virado, sapatos
enlameados, meia verde?

3. Cultive o idioma: A pregação é comunicação oral. Conheça pelo menos o seu


idioma. É sua ferramenta.

4. Cuidado com regionalismo: "Butão (de camisa, mucidade, cruis de Jesuis, dolze,
irrael, etc" etc.

5. Use seu próprio estilo: Seja você mesmo. Não copie. O uniforme de Saul não
coube em Davi.

6. Fale toda a palavra: Não engula os "r" e os "s" não engula as sílabas finais. Evite
as sujeições "eles tão" ao invés de "eles estão".

7. Aprenda a ler: Pratique a pontuação correta, dê entonação, viva os diálogos do


texto.

8. Fale às pessoas: Olhe para elas. Paredes, bancos, teto e chão não se convertem
nem aprendem.

9. Fale com o corpo: Use expressão facial condizente. Evite a "cara de mau". Use
ambas as mãos. Não oscile o corpo para trás e para a frente. Tão pouco se
levante constantemente na ponta dos pés. Evite o dedo indicador apontando
para o ouvinte.

10. Module a voz: Deve ser de acordo com o ambiente. Não é o grito. É a
consistência e convicção.

11. Evite os vícios de linguagem: - "né", "intão", "é interessante notar", "aí", etc.

12. Evite chavões: Como acompanhar um sermão de 30 minutos com mais de 60


"aleluias" e "glórias a Deus?"

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblica. 1ª edição, Miami: Vida, 1986.

CABRAL, Elienai. O Pregador Eficaz. 1ª edição, Rio de Janeiro: CPAD, 1987.

HAWKINS, Thomas. Homilética Prática. 2ª edição, Rio de Janeiro: JUERP, 1978.

JOWETT, John Henry. O Pregador Sua Vida e Obra. 1ª edição, São Paulo: Casa
Presbiteriana, 1969.

LACHLER, Karl. Prega a Palavra. 1ª edição, São Paulo: Vida Nova, 1990.

POLITO, Reinaldo. Como Falar Corretamente Sem Inibições. 26ª edição, São Paulo:
Saraiva, 1990.

REIS, Romeu Ritter. O Púlpito Evangélico. 1ª Ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
1988.

ROBINSON, Haddon W. A Pregação Bíblica. 1ª edição, São Paulo: Vida Nova, 1983.

TEIXEIRA, Danton. Homilética. 1ª edição, São Paulo: Edições Socep, 2201.

SILVA, Plínio Moreira. Homilética. 6ª edição, Curitiba, PR, Edições A.D. Santos, 2001.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

QUESTÕES DE HOMILÉTICA

Obs: Todas as questões são compostas de quatro alternativas, sendo que, somente uma
destas alternativas deve ser marcada.

1ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) O Objetivo da homilética é ajudar na confecção de peças teatrais evangélicas para
uma apresentação mais eficiente.
B) RETÓRICA é o conjunto de regras relativas a eloquência; arte de falar bem. Na
democracia grega, os cidadãos se reuniram nas praças para participarem
diretamente nas discussões e nas deliberações diretas.
C) PREGAÇÃO - Ato de pregar, sermão, ato de anunciar uma notícia.
D) DISCURSO - Conjunto de frases ordenada faladas em público. Surgiu quando
alguém teve que alterar a intensidade de sua voz para se comunicar com um grupo
de pessoas.

2ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) Homilética "é a arte de pregar sermões", "a ciência da pregação", "arte de fala
religiosa". Do grego: "Homilos" (conversa, fala, em espírito de camaradagem).
B) O termo Homilética é derivado do Ingês "HOMILOS" o que significa, multidão
assembléia do povo, derivando assim outro termo, "HOMILIA" ou pequeno discurso
do verbo "HOMILEU" raciocinar.
C) O termo Grego "HOMILIA" significa um discurso com a finalidade de Convencer e
agradar. Portanto, Homilética significa "A arte de pregar".
D) Podemos afirmar ainda que Homilética é: o estudo dos fundamentos e princípios
de como preparar e proferir sermões.
É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão.
É a arte do preparo e pregação de sermões.

3ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) O pregador não precisa necessariamente ser vocacionado por Deus para a tarefa
da pregação no mundo, porém, consciente de sua excelente missão, deve dispor-
se nas mãos de Deus buscando a direção do Espírito em todas as áreas de sua
vida.
B) Por ser o pregador um instrumento de Deus para proferir Sua mensagem, e
consequentemente direcionado pelo Espírito Santo, não deve se preocupar com o
preparo intelectual e muito menos com o teológico.
C) É mistér que o pastor seja homem dado aos estudos, primeiramente das
Escrituras, mas não somente conhecimento bíblico é fundamental ao bom
pregador. Ele precisa ter boa formação teológica, conhecimento histórico, filosófico,
psicológico, antropológico, dentre outras áreas, e isto exigirá do pregador
constante apego aos estudos e pesquisas.
D) Para que a pregação readquira seu grau de importância é imperativo que os
pregadores tenham um preparo adequado, apenas no campo espiritual, pois o
intelectual Deus revelará.

4ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

A) Um dos pontos importantes na elaboração do sermão é a observação do


pensamento central que é o tema da mensagem.
B) Uma das regras para elaboração do sermão é organizar a mensagem: tome todas
as precauções para não ficar repetitivo, inseguro, perdido em meio às idéias.
C) É imprescindível a escolha de um texto que se relacione com o tema do sermão, o
texto deve ser adequado.
D) Concordamos que não há bom sermão porque "não pode confortar os abatidos e
não incomoda os acomodados", pois cremos que o sermão é algo que depende do
temperamento do homem, e sendo este falho, o sermão não pode atingir um
objetivo a contento.

5ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) ELOQUÊNCIA é um termo derivado do Latim “Eloquentia” que significa: Elegância
no falar, Falar bem, ou seja, garantir o sucesso de sua comunicação, capacidade
de convencer. É a soma das qualidades do pregador.
B) A Eloquência se caracteriza pela gritaria, pularia e pancadaria no púlpito, pode-se
notar que os pregadores que mais fazem isso são os que conseguem atingir seus
objetivos na pregação.
C) É muito importante que o orador saiba como comportar-se em um púlpito ou
tribuna, mas sua postura não pode ser algo que ajude ou atrapalhe sua exposição.
D) O SERMÃO DOUTRINÁRIO - Sua finalidade é instruir os crentes sobre as grandes
verdades da fé e como aplicá-las, portanto, não pode ser considerado didático.

6ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) O que caracteriza o sermão tópico ou temático é o seu tema derivado do texto,
mas as divisões são aleatórias.
B) Sermão temático - Trata do desenvolvimento de um texto bíblico, um ou dois
versículos. As divisões derivam-se do texto.
C) Sermão expositivo - Trata do desenvolvimento de um texto bíblico, geralmente
longo. As divisões também derivam-se do texto.
D) No sermão temático o texto só proporciona o pensamento para o assunto, mais
depois de escolhido o texto já não é a base principal da análise. As divisões são
provenientes do assunto e não do texto; O pregador é o responsável pela
elaboração das divisões.

7ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) Pode-se afirmar que uma das vantagens do sermão temático é a possibilidade do
aperfeiçoamento da retórica. É o sermão típico dos grandes oradores.
B) Pode-se afirmar que uma outra vantagem do sermão temático é a possibilidade
da discussão de qualquer assunto, pois as idéias vêm de fora do texto.
C) O sermão temático não agrada a muitos ouvintes "preguiçosos mentais", porque
exige muita reflexão.
D) Sermão textual literal - É quando as divisões são literalmente as palavras do
texto. Podendo haver ligeira variação dos termos.

8ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) O sermão temático divide-se em: a) Analítico: Analisa o texto versículo por
versículo. E o sermão narrativo ou interpretativo do texto lido; b) Sintético: E uma
síntese de todo o texto ou livro.
B) Observamos que o sermão expositivo foi o menos usado nos tempos dos
apóstolos, pois estes, preferiam os sermões temáticos.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

C) Sermão expositivo consiste na explicação ou explanação de um trecho das


Escrituras. Pode-se confundir sem problemas com o termo homilia.
D) Uma das limitações do sermão expositivo é a dificuldade de manter a unidade e a
concatenação das idéias.

9ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) O título do sermão não auxilia o pensamento do pregador na preparação do
sermão e também não auxilia a congregação a entender o que o pregador quer
dizer, pois é apenas um título.
B) Uma das qualidades de um bom título é a clareza, deve permitir que o ouvinte
saiba o que vai ser tratado.
C) O material do sermão deve ser disposto em ordem. Isto exige talento e treino. É
necessário a imaginação construtiva. Mas, uma estrutura é indispensável. 
D) Características de uma boa introdução: a) Interessante, porém não estapafúrdia
nem sensacional nem exagerada; b) Breve, porém não abrupta; c) Apropriada à
ocasião, à mensagem. Deve ter estreita relação com o texto e o tema do sermão.

10ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Introdução do sermão: Esta parte do sermão recebe vários nomes, tais como:
discussão, argumento, desenvolvimento do sermão.
B) O corpo do sermão exige uma atenção especial, visto que o que precedeu foi um
preparo para este momento, e o que virá após será uma questão apenas de
fechamento do assunto.
C) No sermão as divisões são as seções principais do corpo de um sermão bem
ordenado, porém não deve ser confundido com o esboço.
D) A divisão do tema não assegura a unidade do sermão porque as idéias são
colocadas em desordem.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

HERMENÊUTICA I

CONTEÚDO:

INTRODUÇÃO
DEFININDO O TERMO HERMENÊUTICA
A EXEGESE
A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
O LEITOR COMO INTÉRPRETE
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO BÍBLICO
COMPONENTES DA HERMENÊUTICA
O ESPÍRITO SANTO E A HERMENÊUTICA
A Relação do Espírito Santo com a Interpretação
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
QUESTÕES

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

INTRODUÇÃO

Almejamos, através do estudo dos princípios de hermenêutica, ajudar todos a


compreenderem e aplicarem melhor os ensinos da Bíblia. Estes princípios são
baseados nas "normas de linguagem" que governaram a comunicação por escrita nos
tempos bíblicos. Como Robert Stein afirma, cada autor bíblico escreveu um texto que
podia ser compartilhado e compreendido por outras pessoas, "submetendo-se
propositadamente às convenções e à compreensão da linguagem de sua época".
(Robert Stein "Guia Básico para a Interpretação da Bíblia", Rio de Janeiro: CPAD,
1999, p. 33).

Nossa intenção é conhecer melhor o vocabulário, a gramática e os princípios da


hermenêutica bíblica que governaram os autores das Sagradas Escrituras. Alcançando
este objetivo, vamos compreender e saber viver cada vez melhor a vontade de Deus.
O Senhor permitindo, assim viveremos de forma cada vez mais unida, pois é assim
que Deus quer que todos seus filhos vivam.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

DEFININDO O TERMO HERMENÊUTICA

Hermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e


a interpretação de textos escritos. A palavra deriva do nome do deus grego Hermes, o
mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuiam a origem da linguagem e da escrita
e consideravam o patrono da comunicação e do entendimento humano.
O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar",
"anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é
"tornada compreensível" ou "levada à compreensão".

A palavra hermenêutica significa explicar ou interpretar. Nas Escrituras é usado em


quatro versículos: João 1.42; 9.7; Hebreus 7.2 e Lucas 24.27. Esse termo pode ser
traduzido por explicar ou expor. O termo Hermenêutica, portanto, descreve simplesmente
a prática da interpretação.

Filosoficamente têm-se que o termo deriva do nome de Hermes, que na mitologia


grega é um deus, o deus Hermes. O certo é que este termo originalmente exprimia a
compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma
interpretação para ser apreendida corretamente.

Encontra-se desde os séculos XVII e XVIII o uso do termo no sentido de uma


interpretação correta e objetiva da Bíblia.

Outros dizem que o termo "hermenêutica" deriva do grego "ermēneutikē" que


significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos religiosos ou
filosóficos, especialmente das Sagradas Escrituras; "interpretação" do sentido das
palavras dos textos; "teoria", ciência voltada à interpretação dos signos e de seu valor
simbólico.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

A EXEGESE

A palavra exegese vem do grego ek + egéomai, penso, interpreto, arranco para


fora do texto. É a prática sagrada que busca a real interpretação dos textos sagrados
que formam o Antigo e o Novo Testamento. Vale-se a exegese sagrada, pois, das
línguas originais (hebraico, aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos
bíblicos e das técnicas aplicadas na linguística e na filologia.
Por isso a primeira tarefa do intérprete chama-se exegese. A exegese é o estudo
cuidadoso e sistemático da Escritura para descobrir o significado original que foi
pretendido. A exegese é basicamente uma tarefa histórica. É a tentativa de escutar a
Palavra conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; descobrir qual era a
intenção original das palavras da Bíblia. Esta é a tarefa que freqüente-mente exige a
ajuda do "perito," aquela pessoa cujo treinamento a ajudou a conhecer bem o idioma e
as circunstâncias dos textos no seu âmbito original. Não é necessário, no entanto, ser
um perito para fazer boa exegese.
Na realidade, todos são exegetas dalgum tipo. A única questão real é se você vai
ser um bom exegeta. Quantas vezes, por exemplo, você ouviu ou disse: "O que Jesus
queria dizer com aquilo foi..." "Lá naqueles tempos, tinham o costume de .. ."? São
expressões exegéticas. São empregadas mais freqüente-mente para explicar as
diferenças entre "eles" e "nós" — por que não edificamos parapeitos em redor das
nossas casas, por exemplo, ou para dar uma razão do nosso uso de um texto de uma
maneira nova ou diferente — por que o aperto da mão freqüentemente tomou o lugar
do "ósculo santo." Até mesmo quando tais idéias não são articuladas, são, na
realidade, praticadas o tempo todo de um modo que segue o bom-senso.

A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA

Alguns escritores gostam de chamá-la de ciência da interpretação; outros preferem


falar de arte da interpretação (talvez com a implicação: "Ou você a tem ou não!").
Deixando de lado essas diferenças de perspectiva, o interesse básico da hermenêutica é
claro o suficiente. Deve ser acrescentado, entretanto, que quando os escritores usam o
termo, na maioria das vezes o que eles têm em mente é a interpretação bíblica. Mesmo
quando é outro texto que está sendo discutido, a Bíblia provavelmente assoma por trás.
Esta última observação suscita uma questão interessante. Afinal, por que tal
disciplina deveria ser necessária? Nunca tivemos aula sobre "Como Interpretar o Jornal".
Nenhum colégio propõe um curso sobre "A Hermenêutica da Conversação". Isso é uma
realidade até com respeito a cursos sobre Shakespeare ou Homero, que certamente
tratam de interpretação da literatura, mas em que nenhum pré-requisito de hermenêutica
aparece. Por que então somos informados subitamente em nossa instrução acadêmica
que precisamos nos tornar hábeis em uma ciência de som exótico, se queremos
entender a Bíblia?
Uma resposta possível que pode ocorrer é que a Bíblia é um livro divino, e assim
exige de nós algum treinamento especial para entendê-la. Mas esta solução
simplesmente não satisfaz. Como expressou um estudioso católico romano, "Se alguém é

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

capaz de falar de maneira absolutamente clara e tornar-se compreensível com eficácia


irresistível, esse tal é Deus; portanto, se há alguma palavra que poderia não exigir uma
hermenêutica, essa seria a palavra divina".
Os protestantes, por essa razão, têm sempre enfatizado a doutrina da perspicuidade
ou clareza das Escrituras. A Bíblia em si nos diz que o pré-requisito essencial para
entender as coisas de Deus é ter o Espírito de Deus (1Co 2.11), e que o cristão, tendo
recebido a unção do Espírito, não precisa nem mesmo de um professor (1Jo 2.27).
O que ocorre, na realidade, é que precisamos da hermenêutica não exatamente pelo
fato de a Bíblia ser um livro divino, mas porque, além de ser divino, é um livro humano.
Estranho como possa soar aos ouvidos, esta maneira de olhar nosso problema pode nos
colocar no caminho correto. A linguagem humana, por sua própria natureza, é
grandemente equívoca, isto é, capaz de ser compreendida em mais de uma forma. Não
fosse assim, nunca duvidaríamos do que as pessoas querem dizer quando falam. Na
prática, é claro, o número de palavras ou sentenças que geram mal-entendidos constitui
uma proporção muito pequena do total de proposições emitidas por um determinado
indivíduo em um determinado dia. O que precisamos reconhecer, porém, é que o
potencial para uma má interpretação está sempre presente.
Em outras palavras, precisamos da hermenêutica para textos além da Bíblia. Na
verdade, nós precisamos de princípios de interpretação para entender conversações
triviais e até mesmo acontecimentos não-lingüísticos — afinal, a falha em compreender o
piscar dos olhos de alguém poderia significar um desastre em certas circunstâncias. Mas,
então, retornamos à nossa questão original: Por que não nos foi exigido estudar
hermenêutica no segundo grau? Por que é que, apesar dessa omissão em nossa
educação, quase sempre compreendemos o que nosso próximo nos diz?
A resposta simples é que aprendemos hermenêutica durante toda a nossa vida,
desde o dia em que nascemos. Pode até ser que as coisas mais importantes que
aprendemos sejam aquelas que fazemos inconscientemente. Em resumo, quando você
começa um curso de hermenêutica, pode estar certo de que já conhece muito bem os
princípios mais básicos de interpretação. Toda vez que você lê o jornal ou ouve uma
história ou analisa um acontecimento, prova a si mesmo que é um entendido na arte da
hermenêutica!

O LEITOR COMO INTÉRPRETE

A primeira razão por que precisamos aprender como interpretar é que, quer deseje,
quer não, todo leitor é ao mesmo tempo um intérprete, ou seja, a maioria de nós toma por
certo que, enquanto lemos, também entendemos o que lemos. Tendemos, também, a
pensar que nosso entendimento é a mesma coisa que a intenção do Espírito Santo ou do
autor humano. Apesar disso, invariavelmente levamos para o texto tudo quanto somos,
com toda nossa experiência, cultura e entendimento prévio de palavras e idéias. Às
vezes, aquilo que levamos para o texto, sem o fazer deliberadamente, nos desencaminha
ou nos leva a atribuir ao texto idéias que lhe são estranhas.
Desta maneira, quando uma pessoa em nossa cultura ouve a palavra "cruz", séculos
de arte e simbolismo cristãos levam a maioria das pessoas a pensar automaticamente
numa cruz romana (T) embora haja pouca probabilidade de que aquele era o formato da
Cruz de Jesus, que provavelmente tinha a forma de um "T". A maioria dos protestantes, e
dos católicos também, quando lê textos acerca da igreja em adoração, automaticamente
forma um quadro de pessoas sentadas numa construção com bancos, muito semelhante
às deles. Quando Paulo diz: “Nada disponhais para a carne, no tocante às suas
concupiscências” (Rm 13.14), as pessoas nas culturas de idiomas europeus tendem a
pensar que "a carne" significa “o corpo" e, portanto, que Paulo está falando nos "apetites

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

físicos." Mas a palavra "carne," conforme Paulo a emprega, raras vezes se refere ao
corpo — e neste texto quase certamente não tem esse sentido — mas, sim, a uma
enfermidade espiritual, uma doença de existência espiritual às vezes chamada "a
natureza pecaminosa." O leitor, portanto, sem o fazer deliberadamente, está interpretando
o que lê, e, infelizmente, por demais freqüentemente interpreta incorretamente.
Os bons tradutores, portanto, levam em consideração as diferenças entre nossos
idiomas. Esta, porém, não é uma tarefa fácil. Em Romanos 13.14, por exemplo, devemos
traduzir "carne" porque esta é a palavra que Paulo empregou, e depois deixar o intérprete
contar-nos que "carne" aqui não significa "corpo"? Ou devemos "ajudar" o leitor e traduzir
"natureza pecaminosa" porque é isto que Paulo realmente quer dizer? Por enquanto,
basta indicar que o próprio fato da tradução já envolveu a pessoa na tarefa da
interpretação.

A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO BÍBLICO

Um estudo bíblico inaugurou o ministério terrestre de Jesus, e com um estudo


bíblico ele o encerrou. Esta é a ênfase do evangelho segundo Lucas (Lc 4.14-22;
24.27,32,44). Lucas é o livro bíblico que chama Jesus de Mestre o maior número de
vezes. Jesus pressupunha que o homem só pode aproximar-se de Deus por meio da sua
revelação. O estudo bíblico é o modo de conhecer a revelação de Deus.
O estudo bíblico foi um meio utilizado pela igreja primitiva na divulgação do
evangelho e no fortalecimento da fé dos convertidos (At 8.35; 17.2-3,11; 18.27-28). Eles
seguiam os passos de Jesus e acreditavam, como ele, que a pesquisa das Escrituras
levaria os homens ao encontro de Deus.
O próprio evangelho de Lucas é o resultado do estudo bíblico de evangelhos
anteriormente escritos, conforme declara o autor no prefácio da obra (Lc 1.1-4). A leitura
do Novo Testamento certamente confirma a tese de que o estudo bíblico era uma das
principais atividades desenvolvidas pela igreja nascente e missionária, no primeiro século.
Estas poucas observações bastam para ressaltar nosso dever de estudar a Bíblia. É
um dever e não uma opção, visto que este era o proceder de nosso Mestre, da igreja
antiga e dos próprios escritores inspirados. O que conhecemos de Jesus está na forma de
um livro que necessita ser estudado para obter dele uma plena compreensão da sua obra
e pessoa.

Metodologia e estudo bíblico.

Este livro pressupõe que os cristãos irão estudar a Bíblia, e procura dar uma
orientação metodológica a este trabalho.
Todos os que se aproximam da Bíblia, utilizam-se de um método de estudo da
mesma, consciente ou inconscientemente. Não há problema em ter um método de estudo
bíblico, desde que ele seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros.
É necessário verificar se o método que utilizamos para estudar a Bíblia é bom.
Mesmo aqueles grupos que afirmam não estudar a Bíblia, têm seu modo especial de
basear nela os seus pensamentos. Outros, mais conscientes da necessidade de estudo,
utilizam-se de comentários, livros de estudo dirigido e de outras obras, para obter maior
compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas e pregações é para a maior parte
das pessoas o único método de estudar a Bíblia que conhecem.
Esta obra quer incentivar o estudo independente da Bíblia. Esta independência não
diz respeito a Deus, e sim ao homem. Grande parte do povo de Deus tem-se tornado
erradamente dependente de outros para compreender a Bíblia. Acreditamos que o

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

conhecimento e divulgação de um bom método de estudar independentemente a Bíblia é


o melhor modo de promover um retorno sadio aos ensinamentos da Escritura.

A razão de estudar a Bíblia por si mesmo

Alguém pode perguntar: Porque devo estudar a Bíblia por mim mesmo? Uma
infinidade de pessoas já não fez esse estudo? Qual a razão de tentar fazer isto de novo?

1.     A primeira razão para estudar a Bíblia por si mesmo é simples: não devemos
absorver a "teologia" dos que nos rodeiam.

2.     Outra razão para fazer um estudo bíblico independente é a má exegese


encontrada na literatura sobre a Bíblia.

3.     Um motivo importante para o estudo bíblico é o fato de não possuirmos um


"intérprete oficial" da Bíblia como a Igreja Romana, ou como os Russelitas.

4.     Um estudo honesto e independente das Escrituras ajuda a tirar os textos


bíblicos do seu "sentido comum".

5.     Estudar a Bíblia faz com que deixemos de usar os textos como "textos-
prova" de doutrinas, e busquemos a mensagem íntegra que o Espírito Santo quis
transmitir através do escritor do texto sagrado.

6.     Um estudo bíblico renovado impede aquela tendência de ser eclético e dar
ao texto bíblico vários sentidos.

1. Por último, cremos que a razão mais importante para um estudo bíblico sério é a
vontade de Deus. Deus quer que nos apropriemos da sua vontade.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

COMPONENTES DA HERMENÊUTICA

É necessário que o estudante das Escrituras procure descobrir o significado do texto


que está sendo estudado. Queremos saber o que o texto significa. Para descobrirmos o
significado do texto, teremos que verificar os vários componentes envolvidos na
Hermenêutica: o autor, o texto e o leitor.
 

O AUTOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO


 
Esse é o método mais tradicional para o estudo da Bíblia. O significado é aquele que
o escritor, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. É importante verificar o que o
autor disse em outro escrito. O que Lucas registrou em seu Evangelho poderá ser mais
esclarecedor se comparado com Atos, ou registro de Lucas. Devemos levar em conta os
idiomas da época: aramaico, hebraico e grego. Eles possuem um significado que não
pode variar. Por outro lado, o texto está limitado ao que o autor disse exatamente? Por
exemplo: lemos em Efésios 5.18: Não vos embriagueis com vinho. Alguém poderia dizer:
Paulo proíbe que nos embriaguemos com vinho, mas acho que não seria errado
embriagar-se com cerveja, rum, ou outra droga.
Os escritos do apóstolo vão além de sua consciência, embora essas implicações
não contradigam o significado original, antes fazem parte do texto e seu objetivo.
Compreendemos então o mandamento paulino como um princípio, pois mesmo que o
autor não esteja ciente das circunstâncias futuras, ele transmitiu  exatamente a sua
intenção.
 

O TEXTO COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO


 
Alguns eruditos afirmam que o significado tem autonomia semântica, sendo
completamente independente do que o autor quis comunicar quando o escreveu. De
acordo com esse ponto de vista, quando um determinado escrito se torna literatura, as
regras normais de comunicação não mais se lhe aplicam, transformou-se em texto
literário.
O que o texto está realmente dizendo sobre o assunto? Analisando o relato em
Marcos 4.35-41 Qual é o objetivo do texto? Informar sobre a topografia do mar da Galiléia
ou o mal tempo naquela circunstância? Seu objetivo era falar sobre Jesus Cristo, Filho de
Deus. O significado que Marcos queria transmitir está claro: Mas quem é este que até o
vento e o mar lhe obedecem? (4.41). O autor queria transmitir que Jesus de Nazaré é o
Cristo, o Filho de Deus. Ele é o Senhor e até mesmo a natureza está sujeita a ele!
 

O LEITOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO


 
Segundo essa perspectiva, o que determina o significado é o que o leitor
compreende do texto. O leitor atualiza a interpretação do texto. Leitores distintos
encontram diferentes significados, isso porque o texto lhes concede permitir essa

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

multiplicidade. É relevante o que pensa o leitor? Isto poderia influenciar o sentido do


texto? Se compreendermos que há diferença de interpretação entre um leitor crente e
outro que é ateu, a resposta é sim! Contudo é necessário que o leitor esteja em condições
de entender o texto.
Ao verificar como as palavras são usadas nas frase, como as orações são
empregadas nos parágrafos, como os parágrafos se adequam aos capítulos e como os
capítulos são estruturados no texto, o leitor procurará compreender a intenção do autor. O
texto, em sua íntegra, ajudará o leitor a compreender cada palavra individualmente. Assim
sendo, as palavras, ou conjunto de palavras, ajudam a compreender o todo.
  
 
DEFINIÇÃO DAS REGRAS.
           
Uma utilização equivocada das ferramentas da Hermenêutica resultará em confusão
e desvio, portanto, heresia. O que está envolvido no processo de interpretação? Que
padrão terminológico o autor utilizou para dar significado ao texto? Que implicações se
enquadram legitimamente no padrão por ele pretendido? Que significação atribui o leitor
ao texto? Qual é o assunto do texto? Que compreensão e interpretação o leitor terá? Se
as normas da linguagem devem ser respeitadas, que possibilidade significados é
permitida pelas palavras de um texto? Foi reconhecido o gênero literário.
As respectivas regras que o governam estão sendo obedecidas? O contexto prevê o
significado dos objetos literários encontrados no texto?
 

SIGNIFICADO
 
O autor pretendia comunicar suas informações. Valeu-se, então, de um código de
linguagem para transmitir sua mensagem. O significado não pode ser alterado, pois o
autor, levando em consideração suas possibilidades ed interpretação, submeteu-se
conscientemente às normas de linguagem com as quais o leitor está familiarizado. Da
mesma maneira, os textos produzidos pelos autores das Sagradas Escrituras, movidos
pelo Espírito Santo, têm implicações que abrangem o significado específico que eles,
conscientemente, procuraram transmitir.
Isso é razoável, uma vez que o leitor deverá compreender a linguagem utilizada.
 

IMPLICAÇÕES
 
As implicações ultrapassam os significados originais. O autor não estaria ciente de
novas circunstâncias. Apesar disso, elas se enquadram legitimamente no padrão de
significado pretendido pelo autor. Em Gálatas 5.2 lemos: Eu, Paulo, vos digo que, se vos
deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. O significado específico está bem
claro. Se os cristãos da Galácia cedessem às pressões dos judeus e se submetessem à
circuncisão, estariam renunciando a fé, recusando a graça de Deus em Cristo e
procurando, consequentemente, estabelecer uma relação diferente com Deus, baseada
em suas próprias obras.
Para os gentios da Galácia, aceitar a circuncisão equivalia renegar a Cristo! Hoje
essa interpretação é ponto  pacífico no seio da Igreja. Contudo, as implicações desse
versículo ainda são proveitosas. No século 16, Lutero tomou as indulgências e a
penitência proclamadas pela Igreja Católica como uma tentativa de estabelecer uma
relação com Deus dependente das próprias obras. Embora Paulo não estivesse ciente

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

das circunstâncias ocorridas no século 16, Lutero estava certo das implicações implícitas
no significado da epístola.
No século 19 e 20, formaram-se grupos religiosos que proclamam a guarda do
sábado como obrigatória para a salvação. As implicações do texto paulino são claras: não
podemos misturar graça e fé com as obras da Lei. É estritamente pela fé que somos
salvos - fé sem circuncisão, fé sem indulgências, fé sem penitências, fé sem guardar o
sábado.
As implicações dos ensinos bíblicos ultrapassam as distâncias culturais e temporais
e são luz para os problemas atuais. O mandamento olho por olho, dente por dente (Êx
21.23-25) implica em exercício da justiça. Enquanto grupos religiosos cortam a mão de
uma pessoa por roubar um objeto, as Escrituras ensinam uma justiça equivalente (Êx
22.1): o objeto roubado mais uma multa. Não uma retaliação física.
 

SIGNIFICAÇÃO
 
Refere-se ao modo do leitor responder ao significado de um texto. Um cristão
atribuirá significação positiva às implicações do texto naturalmente. Um descrente, pelo
contrário, atribuirá significação negativa. Mesmo no corpo de discípulos cristãos, as
aplicações de um mesmo texto poderá ser diferente: A Grande Comissão em Mateus
28.19,29 pode significar tornar-se um missionário em terra distante, ou um mantenedor,
ou mesmo um pioneiro no próprio pais, um pastor local, ou um incentivo como professor
de uma classe de Escola Dominical. Mas todas, apesar de diferentes, são respostas às
implicações legítimas do significado.
 

O ASSUNTO DO TEXTO.
 
Qual é o assunto do texto a ser considerado? Em Gênesis temos a história da
criação; em Juízes, a história política; Salmos, a poesia hebraica; Provérbios, a sabedoria
prática; Evangelhos, a vida de Jesus.
Devemos discernir qual o objetivo específico do escritor. Em Marcos 2.1-12 temos o
relato da cura de um paralítico. Diversos detalhes são agregados ao texto, transmitindo-
nos informações históricas, formas de construção de casas etc. Mas o que Marcos queria
enfatizar realmente? Sua ênfase é percebida em vários lugares no próprio texto: 1. A
questão levantada pelos escribas sobre quem tem poder para perdoar pecados (Mc 2.7);
a declaração de Jesus de que o Filho de Deus tem esse poder (Mc 2.8-10); a realização
de um milagre para legitimar sua declaração (Mc 2.11), a maneira como os ouvintes
reagiram diante de sua declaração e do milagre (2.12): Nunca tal vimos. Marcos
demonstrou que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, não existindo na Terra ninguém
semelhante, pois somente ele tem autoridade divina para curar e perdoar pecados. Outra
implicação legítima dessa exposição é que Jesus é o Senhor e Salvador.
 

COMPREENÇÃO E INTERPRETAÇÃO
 
A compreensão refere-se ao entendimento correto do significado pretendido pelo
autor. Já que há apenas um significado, todo aquele que o compreender terá a mesma
compreensão do padrão de significado do autor. Algumas compreensões podem ser mais
completas do que outras, devido à maior percepção das várias implicações envolvidas.
Como expressar essa compreensão? Há quase um número infinito de formas de
expressar essa compreensão. Por exemplo: o Senhor Jesus, ao ensinar sobre a chegada

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

do reino de Deus, valeu-se de várias parábolas. Alguns intérpretes alegam que não existe
sinônimo perfeito. Ainda assim, um autor, com o propósito de evitar o desgaste de
vocábulos já empregados, pode, conscientemente, desejar usar outros com o mesmo
sentido. Isto porque o uso de sinônimos é previsto pelas normas da linguagem, as quais
também admitem uma extensão de possíveis significados para a mesma palavra.
Há dois princípios para orientar o trabalho de tradução: palavra por palavra, ou
pensamento por pensamento. A dificuldade do primeiro é que em idiomas e culturas
diferentes nem sempre os vocábulos têm a mesma exatidão. O segundo princípio tem,
também, suas dificuldades. Isso fica evidente quando procuramos determinar como um
autor usa os mesmos termos em lugares diferentes com o mesmo significado. O valor da
equivalência em tal tradução fica muito mais comprometido do que no propósito de
comparar outras passagens nas quais o autor bíblico usa as mesmas palavras com o
mesmo significado.
  

NORMAS DE LINGUAGEM

 
As normas da linguagem, tentam especificar a extensão de significados permitidos
pelas palavras de um texto. O termo fé, por sua vez, possui ampla extensão de
significados no Novo Testamento. Pode ser mera aceitação mental de um fato; em outros
contextos, confiança plena; ou ainda, um conjunto de crenças. O termo fé, contudo, não
pode significar algo incompatível com o contexto, como: ritual do batismo. As
Testemunhas de Jeová atribuem um significado à palavra Geena que é totalmente
estranha a sua natureza. Afirmam que essa palavra deve significar aniquilamento,
destruição eterna, punição eterna. Onde encontramos esse termo? Leiamos Mt
5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6. Algum desses versículos
transmite a idéia de aniquilamento? Ou refletem um estado contínuo distante da presença
de Deus? Atribuir à palavra geena um significado inadequado é um equívoco, segundo as
normas de linguagem.
Todo o contexto atribui à palavra geena o significado que conhecemos. Portanto,
uma palavra ou frase possui uma extensão de significados. A tarefa do interprete é
descobrir qual o significado pretendido pelo autor. Ao fazê-lo, estará se orientando pelas
normas de expressão. Felizmente, as normas da linguagem limitam o número de
possibilidades, de modo que apenas uma delas terá o significado que interessa ao autor.
Por isso, o autor bíblico se manteve cuidadosamente dentro desses limites, a fim de
ajudar os seus leitores a compreendera sua mensagem. O contexto é fundamental para
reduzir os significados possíveis a apenas um significado específico.

RECONHECENDO O GENERO LITERÁRIO


 
Quais formas literárias estão sendo usadas pelo autor? Diferentes gêneros literários
estão presentes na Bíblia. Obviamente, como os escritores da Bíblia tinham por finalidade
compartilhar o significado do que escreviam, submeteram-se às convenções literárias de
seu tempo. Se o leitor não ponderar esse fato, será impossível a compreensão do
significado.
 
CONTEXTO
 
O contexto facilita a compreensão do significado pretendido pelo autor. Devemos
entender o contexto literário como sendo aquilo que o autor procurou dizer com os

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símbolos utilizados antes e depois do texto em questão. Portanto, quando nos referimos
ao contexto, aludimos ao padrão de significado compartilhado pelo autor nas palavras,
orações, parágrafos e capítulos presentes no texto. Paulo (Rm 4.1-25) e Tiago (Tg 2.14-
26) usam o termo fé com significados diferentes. Será problemático admitir que os dois
escritos queriam dizer, um conjunto de crenças. Maior dificuldade haverá se assumirmos
que Paulo está falando de uma mera aceitação do fato. E daí dizer que Tiago refere-se a
uma verdadeira confiança. Todavia, está claro, pelo contexto, que Paulo se refere à
verdadeira confiança (Rm 4.3,5); e Tiago à mera aceitação do fato (Tg 2.14,19).
O livro Raciocínios a base das Escrituras (TJ) procura explicar 1 Co 15.29
associando-o a dois textos remotos (Rm 6.3; e Cl 2.12). Desprezando o contexto (capítulo
15), que se refere à ressurreição e sua veracidade, não está focalizando a condição
espiritual do mundo em relação a Deus, como ocorre nas outras referências. Encontramos
em 1 Co 15 um credo da Igreja referente à ressurreição que Paulo está citando. 
 
O ESPÍRITO SANTO E A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
 
A Bíblia, como produto da inspiração divina, é a Palavra de Deus e revela aquilo em
que os cristãos crêem (regras de fé) e como eles vivem (regra de prática). Os termos
infalibilidade e inerrância são freqüentemente usados para descrever a fidedignidade da
Bíblia.
Tudo quanto os autores desejavam transmitir com respeito a assuntos de fé
(doutrina) e prática (ética) é verdadeiro. O termo inerrância significa que tudo quanto está
escrito na Bíblia (informações históricas, geográficas, científicas etc.) corresponde à
verdade e não pode induzir ninguém ao erro.
Um fato determinante, ultrapassando as fronteiras do tempo, envolve aquilo que o
autor, conduzido pelo Espírito, desejou transmitir em seu texto. Consideremos Isaías
11.12, onde o profeta narra que Deus recolherá os dispersos de Judá desde os quatro
cantos da Terra. O que ele quis dizer com esta declaração? Teria sido: Quero que saibam
que a Terra consiste em quatro cantos e Deus trará de volta o seu povo desses quatro
lugares? A Terra não tem nenhum canto. Pretendia Isaías afirmar algo sobre geografia?
Seu propósito era falar do futuro ajuntamento do povo de Deus de todas as partes da
terra. Sua declaração portanto pode ser considerada infalível e inerrante.
 
 
REGRAS PARA INTERPRETAÇÃO
 
É necessário usar as diferentes regras para a interpretação dos gêneros literários
presentes na Bíblia. Uma parábola, uma narrativa, uma poesia, devem ser interpretadas
conforme as regras. Note alguns exemplos:
 
PROVÉRBIOS
 
São declarações sucintas que empregam geralmente linguagem metafórica para
expressar uma verdade geral. Contudo, os Provérbios não são leis, nem promessas. São
observações gerais extraídas de um olhar sábio e cuidadoso dos fatos do dia-a-dia.  
 
PROFECIA
 
Uma das regras da literatura profética envolve as profecias de julgamento. Por
exemplo: Jonas 3.4. O profeta proclama à cidade de Nínive: Ainda quarenta dias, e Nínive
será subvertida. Quando os ninivitas ouviram esta mensagem, proclamaram um jejum, e
vestiram-se de pano de saco, desde o maior até ao menor (Jn 3.5) e o rei decretou um

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

período de luto e arrependimento. A falta de julgamento divino fez dele um falso profeta?
A regra para esse tipo de profecia encontra-se em Jeremias 18.7,8: No momento em que
eu falar contra uma nação e contra um reino, para arrancar, e para derribar, e para
destruir, se a tal nação, contra a qual falar, se converter de sua maldade, também eu me
arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. Por outro lado, encontramos sectários
anunciando a volta de Cristo, marcando datas, e as mesmas sempre falhando. Não seria
legítimo entendermos que uma mudança na sentença seria semelhante à mudança de
direito: não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu
próprio poder (Atos 1.8).Os mesmos princípios de Hermenêutica devem ser observados
em outros gêneros.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

O ESPÍRITO SANTO E A HERMENÊUTICA

A relação do Espírito Santo com a hermenêutica é uma questão polêmica entre


os evangélicos hoje. A nível popular, sempre houve um grande mal-entendido sobre o
papel do Espírito. Muitos cristãos acreditam que se eles simplesmente orarem, o
Espírito Santo lhes dará a interpretação apropriada. Outros não estão tão preocupados
com a interpretação do texto; eles se contentam em ter um significado idiossincrático
do texto (“o que este versículo significa para mim...”). Tudo isto é a doutrina do
‘sacerdócio de todos os santos’ correndo à solta indiscriminadamente. Embora cada
um de nós seja responsável diante de Deus pelo entendimento e aplicação da
mensagem bíblica, isto de modo algum significa que uma mistura de ignorância
compartilhada ou uma mera aproximação piedosa às Escrituras satisfaça o mandato
divino.
Surpreendentemente, há também uma crescente, e grande lacuna entre
estudiosos conservadores. James De Young, por exemplo, recentemente disse que
“quando se trata dos métodos eruditos de interpretação da Bíblia, o Espírito Santo
pode até estar morto”. Por que há tal polaridade? Há pelo menos quatro razões:
(1) por causa da guinada em direção ao pós-modernismo (e assim, saindo do
racionalismo e da lógica para a experiência como norma de interpretação);
(2) por causa da falta de desejo em fazer-se estudos sérios, como David F. Wells
assim expressou;
(3) porque o pensamento evangélico de fato tem se alimentado demasiadamente
no racionalismo;
(4) porque o movimento evangélico está se deslocando em direção ao pós-
conservadorismo, no qual a tolerância, ao invés de convicção, é o posicionamento
adequado em muitas questões.

Algumas Questões Chaves


1. Qualquer ponto de vista evangélico do papel do Espírito Santo quanto a
interpretação deve ser baseado no texto. O argumento fundamental sobre esta questão
deve encarar as principais passagens.

2. Muitos comentários não-evangélicos (até não-cristãos) estão entre os melhores


comentários disponíveis em termos de lucidez, discernimento, e entendimento do texto
bíblico. Por outro lado, muitos comentários evangélicos estão entre os piores
disponíveis. Qualquer ponto de vista sobre a relação do Espírito Santo com a
hermenêutica deve encarar com honestidade esta situação. O ponto para nós é este:
entendimento pode ocorrer até mesmo entre os incrédulos. 

3. É importante articular nossa posição de tal forma que reconheçamos o status


revelador exclusivo das Escrituras. Isto é, não devemos dizer que o Espírito acrescenta
mais revelação à Palavra escrita. Isto negaria a suficiência das Escrituras. Além do
mais, esta posição dá uma interpretação não-falsificável, porque então a revelação
acrescida do Espírito é accessível a mim apenas através de você. Finalmente, esta
posição se aproxima perigosamente da posição neo-ortodoxa de Barth, de que a Bíblia
se torna a Palavra de Deus na experiência do indivíduo. Podemos facilmente notar

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

como, em tal cenário, a Bíblia pode ser empregada como diz o ditado “casa de mãe
Joana,” ou seja, ela poderia significar qualquer coisa nas mãos daquele que a está
manipulando.

A RELAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO COM A INTERPRETAÇÃO

Minhas conclusões preliminares são oferecidas aqui. Eu creio que há pelo menos
sete ou oito maneiras pelas quais o Espírito Santo relaciona-se com a interpretação.
Muitas destas se sobrepõem; algumas pessoas talvez queiram organizá-las de forma
diferente. 
1. O trabalho do Espírito é primariamente no campo da convicção, ao invés do da
cognição. Ao mesmo tempo, até mesmo nesta área necessita-se de nuanças. A
convicção de um indivíduo de fato tem um impacto em sua percepção. Assim, pode-se
dizer que o Espírito Santo auxilia nossa interpretação, mesmo que este papel se
limitasse àquele da convicção. Como? 
2. Conhecimento por experiência tem um efeito bumerangue na compreensão
intelectual. Em várias áreas, se um intérprete já experimentou o que lhe está sendo
proposto, ele(a) pode compreender tal verdade. Por exemplo, se alguém nunca se
apaixonou, terá dificuldades em compreender completamente tudo que um romance
envolve. 
3. Na medida em que alguém é desobediente às Escrituras, ainda que respeite
sua autoridade, pelo menos com seus lábios, ele irá distorcer as Escrituras (veja 2
Pedro 3:15-16). Por outro lado, na medida em que alguém é obediente às Escrituras,
ele(a) estará numa melhor posição para compreender uma verdade e lidar com ela
com honestidade.
4. Simpatia para com o autor bíblico abre o entendimento. O mais simpatizante
exegeta é o crente. Um intérprete não-simpatizante geralmente se equivoca, por causa
da falta de desejo de compreender. Isto pode ser facilmente ilustrado na arena política.
Aqueles que são rigorosos quanto a retidão de um certo partido tendem a vilificar tudo
que é do outro partido. Até mesmo entre cristãos há freqüentemente um “cânon dentro
de um cânon.” Isto é, alguns livros/autores são mais altamente respeitados do que
outros. Se não cultivamos simpatia por todos os autores das Escrituras, fechamo-nos
ao pleno impacto de suas mensagens. 
Ao mesmo tempo, se alguém simpatiza com o autor divino, enquanto ignora o
autor humano, várias tensões nas Escrituras serão desconsideradas. Assim,
ironicamente, quando a inerrância é exibida seguindo as linhas docéticas bibliológicas
(que é tão freqüente hoje em dia), a interpretação é com freqüência mais uma defesa
de uma suposta harmonia do que uma investigação honesta do significado que o autor
quis dar. Revelação progressiva é abandonada; autores humanos se tornam meros
estenógrafos. Tensões não são respeitadas, apenas para serem levantadas como
contradições absolutas por aqueles que não têm muita simpatia pelas Escrituras,
deixando os evangélicos numa posição de correr atrás do prejuízo. Reconhecendo as
tensões nas Escrituras bem como o progresso da revelação, e que a Bíblia é tanto um
livro divino quanto um livro bastante humano, evita tais problemas.
5. Aqueles que abraçam em princípio uma crença no sobrenatural estão em
melhores condições na interpretação tanto de milagres, quanto de profecias. Estes
elementos das Escrituras simplesmente não podem ser tratados adequadamente por
incrédulos. Isto vai muito além da mera simpatia para a visão universal. Se alguém
consistentemente descrê que profecias podem ser cumpridas, então ele terá que
explicar as porções proféticas das Escrituras de outra maneira, e não como reais
predições. Ou elas serão descreditadas como não realizadas, ou de outro modo serão

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

tratadas como vaticinium ex eventu (ou profecia após o fato). Milagres também
necessitarão ser reescritos para que sejam demitologizados. A crítica de C. S. Lewis,
muitas décadas atrás, ainda é tida como uma acusação válida contra tal tratamento
das Escrituras: tratar as Escrituras – especialmente o NT – como sendo cheio de
fábulas pressupõe uma linha do tempo que é demonstravelmente falsa. O espaço entre
o tempo dos eventos até o relato da narrativa é simplesmente muito curta, não
achando assim nenhum paralelo em qualquer literatura histórica acreditável. Lewis
conclui que aqueles que chamam o NT de “cheio de fábulas”, nunca na verdade
estudaram fábulas. Ou como Vincent Taylor, o erudito britânico notou, considerar os
documentos do NT como cheios de mitos pressupõe que todas as testemunhas devam
ter desaparecido quase que imediatamente após os eventos se realizaram.
Resumidamente, quando se trata de profecias e milagres, o crente está em melhor
posição para compreender a mensagem. Isto é parecido com a acusação de Jesus aos
Saduceus por não aceitarem a ressurreição: “Errais, não conhecendo as Escrituras
nem o poder de Deus.”
6. O testemunho interior do Espírito (veja Rom 8:16; 1 João 2:20, 27, etc.) é um
fator importante tanto na convicção, quanto na percepção de verdades centrais das
Escrituras. De acordo com meu estudo preliminar, eu diria que o testemunho do
Espírito é um testemunho imediato, não-discursivo e supra-racional da verdade de
princípios centrais da fé. O Espírito nos convence dessas verdades de uma forma
extra-exegética. Ele nos convence exatamente do quê? Alguma destas coisas são: (1)
nossa relação filial com Deus; (2) a ressurreição corpórea de Cristo; (3) a humanidade
de Cristo; (4) o retorno corpóreo de Cristo; (5) a divindade de Cristo; (6) a natureza da
salvação como um dom de Deus. O testemunho do Espírito pode, de fato, ser mais
abrangente do que isto. Quanto mais abrangente? É duvidoso que o Espírito dê
testemunho do tempo que Deus levou para criar o universo, ou se a teologia
dispensacionalista ou se a teologia da aliança é o melhor sistema, ou se a inerrância é
verdadeira. Eu duvido que ele dê testemunho de qual forma de governo eclesiástico é
mais preferível, o papel da mulheres na liderança, ou como definir dons espirituais. Há
tantas questões nas Escrituras que nos são deixadas para examinar usando o melhor
das nossas fontes racionais e empíricas! Mas isto não significa que não possamos
chegar a conclusões bem firmes sobre estas questões. Isto significa, por outro lado,
que estas são questões mais periféricas do que outras relativas à salvação. Eu
acredito que estas questões “negociáveis” são importantes áreas de investigação.
Devidas conclusões sobre muitas destas questões, mas não a todas, são necessárias
para a saúde da Igreja, mas não são essenciais para a vida da Igreja. 
Há três comentários finais sobre o testemunho interior do Espírito: (1) Que eu
tenha oferecido uma taxonomia preliminar da doutrina pode ser surpreendente para
alguns. A alternativa é ver todas as doutrinas como de igual importância. Mas isto é
problemático historicamente, exegeticamente, e espiritualmente. Tal visão “em cadeia”
da doutrina resultaria tanto em um dogma insustentável unido a uma arrogância
egoísta, ou em uma queda de virtualmente todas as crenças doutrinárias de um
indivíduo, porque se uma doutrina cair, todas cairão. (2) Que algumas áreas
aparentemente não são tratadas pelo testemunho do Espírito não significa que estas
áreas não são importantes. Pelo contrário, significa que quanto menos centrais elas
sejam para a salvação e para a saúde da Igreja, mais liberdade e tolerância
deveríamos dar àqueles que discordam conosco. Isto requer uma dose de humildade
nestas questões; até mesmo sobre questões que são atualmente tópicos polêmicos,
como dons espirituais e o papel das mulheres na liderança. Parte do real desafio em
pôr as mãos nestas questões é determinar o quanto a saúde da Igreja é atingida por
nossas decisões exegéticas. Mas a apresentação das nossas conclusões deve sempre
ser acompanhada por um espírito de caridade. Tenha cuidado para não elevar suas

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próprias crenças não-centrais ao primeiro nível de convicção que está reservada


àquelas verdades, as quais o Espírito nos dá testemunho. (3) O testemunho interior do
Espírito pode ser suprimido até um certo grau. É preciso manter um coração caloroso
para com Deus, através da oração, adoração, comunhão, humildade, obediência, etc.,
e uma vigilância sutil sobre a preciosidade das verdades centrais, através do estudo
tanto das Escrituras, quanto da história da Igreja, a fim de cultivar uma apreensão do
testemunho interior do Espírito. 
7. Iluminação geral é também uma área na qual o Espírito ajuda nossa
interpretação. Por iluminação geral, eu quero dar a entender seu trabalho em nos
ajudar a entender qualquer área da vida e do mundo. Isto necessita de mais
explicação. Em geral, eu acredito que o Espírito nos ajuda, limpando as nossas mentes
à medida que lidamos com muitas coisas: desde o pagamento de impostos, ao achar
as chaves do carro, até fazer provas. Por que excluiríamos as Escrituras desta matriz?
Certamente as Escrituras não estão fora da jurisdição do auxílio geral oferecido aos
crentes pelo Espírito. Admitamos, esta área de investigação necessita de mais
trabalho. Meus pensamentos são meramente preliminares.
8. Iluminação corporativa e histórica: através de todo o corpo de Cristo, tanto em
sua manifestação atual, quanto através da história – crentes têm chegado a um melhor
entendimento da vontade de Deus e da palavra de Deus.
Nós não ousamos, contudo, elevar tanto a opinião consensual, quanto a tradição
ao status de autoridade infalível! Mas, tais áreas também não devem ser relegadas ao
desdém. Afinal de contas, o Espírito Santo não começou com você, quando ele
começou a ensinar a Igreja; ele tem estado neste empreendimento há alguns séculos.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:

ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.


ALMEIDA, Antônio. Manual de Hermenêutica. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 1991.
BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro – RJ: JUERP, 1988.
CHAMPLIN, Russel Normam. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. São
Paulo; Ed. Candeia, 1996.
CHAMPLIN, Russel Normam. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. São
Paulo; Ed. Candeia, 1996.
LUND, E. Nelson, P. C. Hermenêutica. Miami, Flórida, EUA: Ed. Vida, 1985.
SOBRINHO, Antônio Grangeiro. Hermenêutica Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 1986.
VIRKLER, Henry A. Princípios e Processos de Interpretação Bíblica. Miami, Flórida, EUA:
Editora Vida, 1991.

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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I

QUESTÕES DE HOMILÉTICA

Obs: Todas as questões são compostas de quatro alternativas, sendo que, somente uma
destas alternativas deve ser marcada.

1ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) Os princípios da Hermenêutica são baseados nas "normas de linguagem" que
governaram a comunicação por escrita nos tempos bíblicos.
B) Hermenêutica é um ramo da filosofia que se debate com a compreensão humana e
a interpretação de textos escritos.
C) O termo "hermenêutica" provém do verbo grego "hermēneuein" e significa
"declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir".
D) O termo Hermenêutica, portanto, não pode descrever simplesmente a prática da
interpretação.

2ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) É a prática sagrada que busca a real interpretação dos textos sagrados que
formam o Antigo e o Novo Testamento.
B) A palavra exegese vem do grego ek + egéomai, penso, interpreto, arranco para
fora do texto.
C) A exegese sagrada vale-se, pois, das línguas originais (Latim, Siríaco e grego),
da confrontação dos diversos textos bíblicos e das técnicas aplicadas na
linguística e na filologia.
D) A exegese é basicamente uma tarefa histórica. É a tentativa de escutar a Palavra
conforme os destinatários originais devem tê-la ouvido; descobrir qual era a
intenção original das palavras da Bíblia.

3ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Quando os escritores usam o termo Hermenêutica, nem sempre eles têm em
mente a interpretação bíblica.
B) Precisamos da hermenêutica não exatamente pelo fato de a Bíblia ser um livro
divino, mas porque, além de ser divino, é um livro humano.
C) A linguagem humana, por sua própria natureza, não é grandemente equívoca, isto
é, não pode ser capaz de ser compreendida em mais de uma forma.
D) precisamos da hermenêutica somente para interpretarmos os textos da Bíblia, pois
para interpretar os textos seculares (de outras disciplinas), só precisa-se de
raciocínio lógico e não de uma rigorosa interpretação.

4ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) A primeira razão por que precisamos aprender como interpretar é que, quer deseje,
quer não, todo leitor não é um intérprete, ou seja, a maioria de nós toma por certo
que, enquanto lemos, não entendemos o que lemos.
B) O estudo bíblico foi um meio utilizado pela igreja primitiva na divulgação do
evangelho e no fortalecimento da fé dos convertidos.
C) Podemos afirmar que todos os que se aproximam da Bíblia, utilizam-se de um
método de estudo da mesma, consciente ou inconscientemente.

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D) O evangelho de Lucas é o resultado do estudo bíblico de evangelhos anteriormente


escritos, conforme declara o próprio autor no prefácio da obra.

5ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Nem todos os que se aproximam da Bíblia, utilizam-se de um método de estudo da
mesma, consciente ou inconscientemente.
B) Pode-se afirmar que há problemas em ter um método de estudo bíblico, porque ele
não é válido e pode nos conduzir a resultados duvidosos.
C) É comprovado que muitas pessoas que quiseram estudar a Bíblia acabaram
ficando com problemas mentais, pois todos sabemos que é impossível conhecer a
Deus, então não podemos tentar fazer isso, e muitos menos pela Bíblia.
D) A Hermenêutica quer incentivar o estudo independente da Bíblia, e esta in-
dependência não diz respeito a Deus, e sim ao homem.

6ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) A primeira razão para estudar a Bíblia por si mesmo é simples: não devemos
absorver a "teologia" dos que nos rodeiam.
B) Um estudo honesto e independente das Escrituras ajuda a tirar os textos bíblicos
do seu "sentido comum".
C) Não podemos afirmar que a razão mais importante para um estudo bíblico sério é a
vontade de Deus.
D) Um motivo importante para o estudo bíblico é o fato de não possuirmos um
"intérprete oficial" da Bíblia como a Igreja Romana, ou como os Russelitas.

7ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:


A) Um estudo bíblico renovado impede aquela tendência de ser eclético e dar ao
texto bíblico vários sentidos.
B) Estudar a Bíblia não faz com que deixemos de usar os textos como "textos-
prova" de doutrinas, e busquemos a mensagem íntegra que o Espírito Santo
quis transmitir através do escritor do texto sagrado.
C) Outra razão para fazer um estudo bíblico independente é a má exegese
encontrada na literatura sobre a Bíblia.
D) Para os verdadeiros amantes da Palavra de Deus, estudar a Bíblia é um dever e
não uma opção.

8ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) Para descobrirmos o significado do texto, teremos que verificar os vários
componentes envolvidos na Hermenêutica: o autor, o texto e o leitor.
B) O AUTOR COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO: Esse é o método menos
tradicional para o estudo da Bíblia.
C) O TEXTO COMO DETERMINANTE DO SIGNIFICADO: Alguns eruditos afirmam
que o significado não tem autonomia semântica, sendo completamente dependente
do que o autor quis comunicar quando o escreveu.
D) Uma utilização equivocada das ferramentas da Hermenêutica resultará em
confusão e desvio, portanto, nem sempre heresia.

9ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA INCORRETA:

A) O contexto facilita a compreensão do significado pretendido pelo autor. Devemos


entender o contexto literário como sendo aquilo que o autor procurou dizer com os
símbolos utilizados antes e depois do texto em questão.

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B) Quando nos referimos ao contexto, aludimos ao padrão de significado


compartilhado pelo autor nas palavras, orações, parágrafos e capítulos presentes
no texto.
C) Os termos infalibilidade e inerrância são freqüentemente usados para descrever a
fidedignidade da Bíblia.
D) O termo inerrância significa que tudo quanto está escrito na Bíblia (informações
históricas, geográficas, científicas etc.) nem sempre corresponde à verdade que
não pode induzir ninguém ao erro.

10ª MARQUE COM UM (X) APENAS A ALTERNATIVA CORRETA:


A) É necessário usar as diferentes regras para a interpretação dos gêneros literários
presentes na Bíblia, porém, uma parábola, uma narrativa, uma poesia, não podem
ser interpretadas conforme as regras.
B) Conto literal: são declarações sucintas que empregam geralmente linguagem
metafórica para expressar uma verdade geral.
C) Provérbios: São declarações sucintas que empregam geralmente linguagem
metafórica para expressar uma verdade geral.
D) Qualquer ponto de vista evangélico do papel do Espírito Santo quanto a
interpretação não deve ser baseado no texto. O argumento fundamental sobre
esta questão não deve encarar as passagens.

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