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ENDEREÇO: Rua José Ramos Fernandes, 420 – Jd. Vale das Virtudes – São Paulo –
SP. Cep 05796-070
CURSO DE TEOLOGIA
MÉDIO EM TEOLOGIA
Básico em Teologia
Médio em Teologia
Bacharelado em Teologia
HOMILÉTICA
CONTEÚDO:
INTRODUÇÃO
DEFININDO O TERMO HOMILÉTICA
A IMPORTÂNCIA DO MINISTÉRIO DA PREGAÇÃO PARA A IGREJA
COMO PREPARAR UM SERMÃO
Doze Regras Para um Bom Sermão
A ELOQUÊNCIA
CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES QUANTO A ESTRUTURA
O ASSUNTO E O TÍTULO DO SERMÃO
O TEXTO DO SERMÃO
A ESTRUTURA DO SERMÃO
A CONCLUSÃO DO SERMÃO
BONS HÁBITOS TANTO NA PREGAÇÃO QUANTO AO PREGADOR
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
QUESTÕES
INTRODUÇÃO
ORATÓRIA - Arte de falar ao público. Oratória de óris = boca, esta foi a palavra que
os romanos deram a retórica que, como muito da cultura grega, os influenciou. Os
romanos também nada sabiam a respeito da “retórica sacra” ou como eles a
denominariam: “retórica sacra”, pois esta ainda não existia.
Homilética "é a arte de pregar sermões", "a ciência da pregação", "arte de fala religiosa". Do
grego: "Homilos" (conversa, fala, em espírito de camaradagem).
O termo Homilética é derivado do Grego "HOMILOS" o que significa, multidão assembléia
do povo, derivando assim outro termo, "HOMILIA" ou pequeno discurso do verbo "HOMILEU"
conversar.
O termo Grego "HOMILIA" significa um discurso com a finalidade de Convencer e agradar.
Portanto, Homilética significa "A arte de pregar".
A arte de falar em público nasceu na Grécia antiga com o nome de Retórica. O cristianismo
passou a usar esta arte como meio da pregação, que no século 17 passou a ser chamada de
Homilética.
Outras definiçõe:
É o estudo dos fundamentos e princípios de como preparar e proferir sermões.
É a ciência cuja arte é a pregação e cujo resultado é o sermão.
É a arte do preparo e pregação de sermões.
O campo da homilética:
O estudo e pesquisa necessários para que os sermões tenham conteúdos bíblico e
contemporâneo.
A arte da organização das idéias que serão apresentadas.
A arte do uso do idioma.
A arte da apresentação do sermão.
2. PREPARAR A INTRODUÇÃO
É o início da pregação.
O ideal é que a introdução seja algo que prenda logo a atenção dos ouvintes,
despertando-lhes o interesse para o restante da mensagem.
Pode até começar com uma ilustração, um relato interessante, porém sempre ligado
ao tema do sermão.
A introdução produz a primeira impressão aos ouvintes e esta deve ser boa.
3. ESCOLHA DO TEXTO
8. Diga “eu”. Não adquira o hábito de referir-se a você como “nós”, isto já está totalmente
ultrapassado.
9. Seja você mesmo. Não queira imitar outros pregadores.
10. Mostre humildade e apreço pelos ouvintes.
11. Fale ao coração dos seus ouvintes.
12. Sempre dê aos ouvintes algo que eles possam colocar em prática.
A ELOQUÊNCIA
IBSAA – Instituto Bíblico Pastor Sebastião Antônio Alves
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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I
A POSTURA DO ORADOR
a) O tema deve ser claro, específico e expressivo, pois tudo dependerá dele;
b) Os argumentos devem vir em ordem progressiva. Inverta as divisões I e III do
exemplo 1 e veja o que acontece;
c) Esquematize as divisões em uma das seguintes maneiras: explanação, prova,
argumentação, aplicação. Esta é a melhor progressão.
2. TEXTUAIS LITERAIS.
É quando as divisões são literalmente as palavras do texto. Podendo haver ligeira
variação dos termos.
Exemplo 1: "Às graças permanentes" (I Coríntios 13.13)
I - A FÉ
II - A ESPERANÇA
III – O AMOR
3. TEXTUAIS LIVRES
É quando as divisões expressam os sentidos das palavras do texto em termos
diferentes.
Exemplo 1: "A purificação dos pecados" (I João 1.7)
I - É OBRA DIVINA (de Jesus Cristo)
II - É OBRA PRESENTE (nos purifica)
III – É OBRA PESSOAL (nos purifica)
IV - É OBRA PERFEITA (de todo o pecado)
Faremos uma análise sintetizada do Texto de Efésios 6:10-18, e daremos mais dois
exemplos:
Paulo aqui trata da batalha espiritual do crente.
Do versículo 1013, o apóstolo anima o crente a ser corajoso e firme em face dos
inimigos avassaladores (espirituais);
Os versículos 1417, lidam com as diferentes partes da armadura que o senhor
providenciou para os santos em face do inimigo sobre-humano;
No versículo 18, ele diz que o crente vestido com a armadura deve entregar-se a
vida de oração e intercessão pelos santos.
Observe:
a) Bom título (que pode ser melhorado)
b) Nas sub-divisões, as palavras chaves
c) A boa estrutura da conclusão.
O ASSUNTO E O TÍTULO DO SERMÃO
IBSAA – Instituto Bíblico Pastor Sebastião Antônio Alves
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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I
O TÍTULO DO SERMÃO
É o nome do sermão. É o condensado de um título, numa expressão.
1. A necessidade de um título
a) Auxilia o pensamento do pregador na preparação do sermão
b) Auxilia a congregação a entender o que o pregador quer dizer. É bom que o povo
saiba para onde vai andar.
O TEXTO DO SERMÃO
1. Escolhendo o texto
Quatro regras negativas:
a) Evite o uso de texto de autenticidade duvidosa : Jo 8.1-11, At 9.6, I Jo5.7.
b) Cuidado com textos obscuros ou contravertidos: Rm 7.10-11, I Pe 3.18-20.
Escolha textos claros e simples sobre os quais você pode falar. Se usar texto obscuro e
contravertido, estude-o muito e fale claramente. Explique e aplique. Sua função é
esclarecer e não obscurecer.
c) Cuidado com textos repugnantes : Jz 3.24, II Pe 2.22 e Ap 3.16.
d) Cuidado com textos cuja tradução seja disputada: Jo 5.39, no caso de usar o
verbo no imperativo.
Seis regras positivas:
a) Escolha um texto que tenha falado ao coração do pregador;
b) Delimitar o texto de tal forma que contenha um unidade completa de pensamento;
c) Ter em mente as necessidade dos ouvintes;
d) Seguir o calendário cristão na medida do possível;
e) Usar textos de todos os livros da Bíblia;
f) Via de regra, limitar-se a um só texto para cada sermão. Em caso excepcional,
mais de um. Manter a unidade de pensamento.
A ESTRUTURA DO SERMÃO
IBSAA – Instituto Bíblico Pastor Sebastião Antônio Alves
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MÓDULO: Homilética / Hermenêutica I
3. A INTRODUÇÃO
Tudo neste mundo tem uma introdução: entrada, pórtico em casa, peça musical, o
prefácio de um livro.
4. O CORPO DO SERMÃO
Esta parte do sermão recebe vários nomes, tais como: discussão, argumento,
desenvolvimento do sermão. O corpo do sermão exige uma atenção especial, visto que o
que precedeu foi um preparo para este momento, e o que virá após será uma questão
apenas de fechamento do assunto.
5. AS DIVISÕES DO SERMÃO
6. ILUSTRAÇÕES
Podemos afirmar que s ilustrações são necessárias, são um meio pedagógico
eficiente. Auxiliam a memória. O povo se lembra mais das ilustrações do que das
argumentações. Um pastor pediu a vinte pessoas que escrevessem sobre o que se
lembravam do sermão que pregara. Um ou dois se lembraram do esboço; quase todos se
lembraram da história final.
SUGESTÕES PRÁTICAS
- Não usar número excessivo de ilustrações. Qualidade, não quantidade;
- Variar a natureza das ilustrações;
- Cultivar a arte de contar histórias;
- Ser preciso. Cuidado com nomes, fatos e datas;
- Não exagerar. Não "aumentar" a ilustração;
- Preparar a ilustração com cuidado.
A CONCLUSÃO DO SERMÃO
Formas de Conclusão:
- Amorosa Toda conclusão deve ser feita em tom de ternura e amor, nos gestos,
nas palavras e na voz;
- Segura sem desculpas ou tropeços;
- Sincera sem piadas ou gracejos de mau gosto;
- Positiva devesse acentuar o positivo mesmo que o sermão tenha tratado do
negativo;
- Breve devesse evitar, contudo, a precipitação;
- Simples compreensível;
- Pessoal sem ser egoísta ou exibicionista.
CUIDADOS A TOMAR
- Prepare-se, não neglicencie. Esboço visto! "conclusão: O que vier na hora". Pode
se esperar algo do pregador preguiçoso?;
- Evite a pobreza mental e fuja do medo de levar os ouvintes à decisão;
- Evite a "conclusão de afogado": "batendo no ar", para todos os lados;
- O tempo: Não mais de 10% do sermão;
- Não acrescente matérias novas, idéias diferentes;
- Não peça desculpas. É ruim no início e pior no fim;
- Não conte piadas. É o momento mais sério do sermão;
- Cuidado com gestos que distraem: olhar o relógio, fechar a Bíblia, recolher o
esboço, falar enquanto folheia o hinário, buscar um hino a ser cantado etc;
- Varie as conclusões, evite monotonia.
O APELO
4. Cuidado com regionalismo: "Butão (de camisa, mucidade, cruis de Jesuis, dolze,
irrael, etc" etc.
5. Use seu próprio estilo: Seja você mesmo. Não copie. O uniforme de Saul não
coube em Davi.
6. Fale toda a palavra: Não engula os "r" e os "s" não engula as sílabas finais. Evite
as sujeições "eles tão" ao invés de "eles estão".
8. Fale às pessoas: Olhe para elas. Paredes, bancos, teto e chão não se convertem
nem aprendem.
9. Fale com o corpo: Use expressão facial condizente. Evite a "cara de mau". Use
ambas as mãos. Não oscile o corpo para trás e para a frente. Tão pouco se
levante constantemente na ponta dos pés. Evite o dedo indicador apontando
para o ouvinte.
10. Module a voz: Deve ser de acordo com o ambiente. Não é o grito. É a
consistência e convicção.
11. Evite os vícios de linguagem: - "né", "intão", "é interessante notar", "aí", etc.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblica. 1ª edição, Miami: Vida, 1986.
JOWETT, John Henry. O Pregador Sua Vida e Obra. 1ª edição, São Paulo: Casa
Presbiteriana, 1969.
LACHLER, Karl. Prega a Palavra. 1ª edição, São Paulo: Vida Nova, 1990.
POLITO, Reinaldo. Como Falar Corretamente Sem Inibições. 26ª edição, São Paulo:
Saraiva, 1990.
REIS, Romeu Ritter. O Púlpito Evangélico. 1ª Ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
1988.
ROBINSON, Haddon W. A Pregação Bíblica. 1ª edição, São Paulo: Vida Nova, 1983.
SILVA, Plínio Moreira. Homilética. 6ª edição, Curitiba, PR, Edições A.D. Santos, 2001.
QUESTÕES DE HOMILÉTICA
Obs: Todas as questões são compostas de quatro alternativas, sendo que, somente uma
destas alternativas deve ser marcada.
HERMENÊUTICA I
CONTEÚDO:
INTRODUÇÃO
DEFININDO O TERMO HERMENÊUTICA
A EXEGESE
A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
O LEITOR COMO INTÉRPRETE
A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO BÍBLICO
COMPONENTES DA HERMENÊUTICA
O ESPÍRITO SANTO E A HERMENÊUTICA
A Relação do Espírito Santo com a Interpretação
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
QUESTÕES
INTRODUÇÃO
A EXEGESE
A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA
A primeira razão por que precisamos aprender como interpretar é que, quer deseje,
quer não, todo leitor é ao mesmo tempo um intérprete, ou seja, a maioria de nós toma por
certo que, enquanto lemos, também entendemos o que lemos. Tendemos, também, a
pensar que nosso entendimento é a mesma coisa que a intenção do Espírito Santo ou do
autor humano. Apesar disso, invariavelmente levamos para o texto tudo quanto somos,
com toda nossa experiência, cultura e entendimento prévio de palavras e idéias. Às
vezes, aquilo que levamos para o texto, sem o fazer deliberadamente, nos desencaminha
ou nos leva a atribuir ao texto idéias que lhe são estranhas.
Desta maneira, quando uma pessoa em nossa cultura ouve a palavra "cruz", séculos
de arte e simbolismo cristãos levam a maioria das pessoas a pensar automaticamente
numa cruz romana (T) embora haja pouca probabilidade de que aquele era o formato da
Cruz de Jesus, que provavelmente tinha a forma de um "T". A maioria dos protestantes, e
dos católicos também, quando lê textos acerca da igreja em adoração, automaticamente
forma um quadro de pessoas sentadas numa construção com bancos, muito semelhante
às deles. Quando Paulo diz: “Nada disponhais para a carne, no tocante às suas
concupiscências” (Rm 13.14), as pessoas nas culturas de idiomas europeus tendem a
pensar que "a carne" significa “o corpo" e, portanto, que Paulo está falando nos "apetites
físicos." Mas a palavra "carne," conforme Paulo a emprega, raras vezes se refere ao
corpo — e neste texto quase certamente não tem esse sentido — mas, sim, a uma
enfermidade espiritual, uma doença de existência espiritual às vezes chamada "a
natureza pecaminosa." O leitor, portanto, sem o fazer deliberadamente, está interpretando
o que lê, e, infelizmente, por demais freqüentemente interpreta incorretamente.
Os bons tradutores, portanto, levam em consideração as diferenças entre nossos
idiomas. Esta, porém, não é uma tarefa fácil. Em Romanos 13.14, por exemplo, devemos
traduzir "carne" porque esta é a palavra que Paulo empregou, e depois deixar o intérprete
contar-nos que "carne" aqui não significa "corpo"? Ou devemos "ajudar" o leitor e traduzir
"natureza pecaminosa" porque é isto que Paulo realmente quer dizer? Por enquanto,
basta indicar que o próprio fato da tradução já envolveu a pessoa na tarefa da
interpretação.
Este livro pressupõe que os cristãos irão estudar a Bíblia, e procura dar uma
orientação metodológica a este trabalho.
Todos os que se aproximam da Bíblia, utilizam-se de um método de estudo da
mesma, consciente ou inconscientemente. Não há problema em ter um método de estudo
bíblico, desde que ele seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros.
É necessário verificar se o método que utilizamos para estudar a Bíblia é bom.
Mesmo aqueles grupos que afirmam não estudar a Bíblia, têm seu modo especial de
basear nela os seus pensamentos. Outros, mais conscientes da necessidade de estudo,
utilizam-se de comentários, livros de estudo dirigido e de outras obras, para obter maior
compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas e pregações é para a maior parte
das pessoas o único método de estudar a Bíblia que conhecem.
Esta obra quer incentivar o estudo independente da Bíblia. Esta independência não
diz respeito a Deus, e sim ao homem. Grande parte do povo de Deus tem-se tornado
erradamente dependente de outros para compreender a Bíblia. Acreditamos que o
Alguém pode perguntar: Porque devo estudar a Bíblia por mim mesmo? Uma
infinidade de pessoas já não fez esse estudo? Qual a razão de tentar fazer isto de novo?
1. A primeira razão para estudar a Bíblia por si mesmo é simples: não devemos
absorver a "teologia" dos que nos rodeiam.
5. Estudar a Bíblia faz com que deixemos de usar os textos como "textos-
prova" de doutrinas, e busquemos a mensagem íntegra que o Espírito Santo quis
transmitir através do escritor do texto sagrado.
6. Um estudo bíblico renovado impede aquela tendência de ser eclético e dar
ao texto bíblico vários sentidos.
1. Por último, cremos que a razão mais importante para um estudo bíblico sério é a
vontade de Deus. Deus quer que nos apropriemos da sua vontade.
COMPONENTES DA HERMENÊUTICA
SIGNIFICADO
O autor pretendia comunicar suas informações. Valeu-se, então, de um código de
linguagem para transmitir sua mensagem. O significado não pode ser alterado, pois o
autor, levando em consideração suas possibilidades ed interpretação, submeteu-se
conscientemente às normas de linguagem com as quais o leitor está familiarizado. Da
mesma maneira, os textos produzidos pelos autores das Sagradas Escrituras, movidos
pelo Espírito Santo, têm implicações que abrangem o significado específico que eles,
conscientemente, procuraram transmitir.
Isso é razoável, uma vez que o leitor deverá compreender a linguagem utilizada.
IMPLICAÇÕES
As implicações ultrapassam os significados originais. O autor não estaria ciente de
novas circunstâncias. Apesar disso, elas se enquadram legitimamente no padrão de
significado pretendido pelo autor. Em Gálatas 5.2 lemos: Eu, Paulo, vos digo que, se vos
deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. O significado específico está bem
claro. Se os cristãos da Galácia cedessem às pressões dos judeus e se submetessem à
circuncisão, estariam renunciando a fé, recusando a graça de Deus em Cristo e
procurando, consequentemente, estabelecer uma relação diferente com Deus, baseada
em suas próprias obras.
Para os gentios da Galácia, aceitar a circuncisão equivalia renegar a Cristo! Hoje
essa interpretação é ponto pacífico no seio da Igreja. Contudo, as implicações desse
versículo ainda são proveitosas. No século 16, Lutero tomou as indulgências e a
penitência proclamadas pela Igreja Católica como uma tentativa de estabelecer uma
relação com Deus dependente das próprias obras. Embora Paulo não estivesse ciente
das circunstâncias ocorridas no século 16, Lutero estava certo das implicações implícitas
no significado da epístola.
No século 19 e 20, formaram-se grupos religiosos que proclamam a guarda do
sábado como obrigatória para a salvação. As implicações do texto paulino são claras: não
podemos misturar graça e fé com as obras da Lei. É estritamente pela fé que somos
salvos - fé sem circuncisão, fé sem indulgências, fé sem penitências, fé sem guardar o
sábado.
As implicações dos ensinos bíblicos ultrapassam as distâncias culturais e temporais
e são luz para os problemas atuais. O mandamento olho por olho, dente por dente (Êx
21.23-25) implica em exercício da justiça. Enquanto grupos religiosos cortam a mão de
uma pessoa por roubar um objeto, as Escrituras ensinam uma justiça equivalente (Êx
22.1): o objeto roubado mais uma multa. Não uma retaliação física.
SIGNIFICAÇÃO
Refere-se ao modo do leitor responder ao significado de um texto. Um cristão
atribuirá significação positiva às implicações do texto naturalmente. Um descrente, pelo
contrário, atribuirá significação negativa. Mesmo no corpo de discípulos cristãos, as
aplicações de um mesmo texto poderá ser diferente: A Grande Comissão em Mateus
28.19,29 pode significar tornar-se um missionário em terra distante, ou um mantenedor,
ou mesmo um pioneiro no próprio pais, um pastor local, ou um incentivo como professor
de uma classe de Escola Dominical. Mas todas, apesar de diferentes, são respostas às
implicações legítimas do significado.
O ASSUNTO DO TEXTO.
Qual é o assunto do texto a ser considerado? Em Gênesis temos a história da
criação; em Juízes, a história política; Salmos, a poesia hebraica; Provérbios, a sabedoria
prática; Evangelhos, a vida de Jesus.
Devemos discernir qual o objetivo específico do escritor. Em Marcos 2.1-12 temos o
relato da cura de um paralítico. Diversos detalhes são agregados ao texto, transmitindo-
nos informações históricas, formas de construção de casas etc. Mas o que Marcos queria
enfatizar realmente? Sua ênfase é percebida em vários lugares no próprio texto: 1. A
questão levantada pelos escribas sobre quem tem poder para perdoar pecados (Mc 2.7);
a declaração de Jesus de que o Filho de Deus tem esse poder (Mc 2.8-10); a realização
de um milagre para legitimar sua declaração (Mc 2.11), a maneira como os ouvintes
reagiram diante de sua declaração e do milagre (2.12): Nunca tal vimos. Marcos
demonstrou que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, não existindo na Terra ninguém
semelhante, pois somente ele tem autoridade divina para curar e perdoar pecados. Outra
implicação legítima dessa exposição é que Jesus é o Senhor e Salvador.
COMPREENÇÃO E INTERPRETAÇÃO
A compreensão refere-se ao entendimento correto do significado pretendido pelo
autor. Já que há apenas um significado, todo aquele que o compreender terá a mesma
compreensão do padrão de significado do autor. Algumas compreensões podem ser mais
completas do que outras, devido à maior percepção das várias implicações envolvidas.
Como expressar essa compreensão? Há quase um número infinito de formas de
expressar essa compreensão. Por exemplo: o Senhor Jesus, ao ensinar sobre a chegada
do reino de Deus, valeu-se de várias parábolas. Alguns intérpretes alegam que não existe
sinônimo perfeito. Ainda assim, um autor, com o propósito de evitar o desgaste de
vocábulos já empregados, pode, conscientemente, desejar usar outros com o mesmo
sentido. Isto porque o uso de sinônimos é previsto pelas normas da linguagem, as quais
também admitem uma extensão de possíveis significados para a mesma palavra.
Há dois princípios para orientar o trabalho de tradução: palavra por palavra, ou
pensamento por pensamento. A dificuldade do primeiro é que em idiomas e culturas
diferentes nem sempre os vocábulos têm a mesma exatidão. O segundo princípio tem,
também, suas dificuldades. Isso fica evidente quando procuramos determinar como um
autor usa os mesmos termos em lugares diferentes com o mesmo significado. O valor da
equivalência em tal tradução fica muito mais comprometido do que no propósito de
comparar outras passagens nas quais o autor bíblico usa as mesmas palavras com o
mesmo significado.
NORMAS DE LINGUAGEM
As normas da linguagem, tentam especificar a extensão de significados permitidos
pelas palavras de um texto. O termo fé, por sua vez, possui ampla extensão de
significados no Novo Testamento. Pode ser mera aceitação mental de um fato; em outros
contextos, confiança plena; ou ainda, um conjunto de crenças. O termo fé, contudo, não
pode significar algo incompatível com o contexto, como: ritual do batismo. As
Testemunhas de Jeová atribuem um significado à palavra Geena que é totalmente
estranha a sua natureza. Afirmam que essa palavra deve significar aniquilamento,
destruição eterna, punição eterna. Onde encontramos esse termo? Leiamos Mt
5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; 9.43,45,47; Lc 12.5; Tg 3.6. Algum desses versículos
transmite a idéia de aniquilamento? Ou refletem um estado contínuo distante da presença
de Deus? Atribuir à palavra geena um significado inadequado é um equívoco, segundo as
normas de linguagem.
Todo o contexto atribui à palavra geena o significado que conhecemos. Portanto,
uma palavra ou frase possui uma extensão de significados. A tarefa do interprete é
descobrir qual o significado pretendido pelo autor. Ao fazê-lo, estará se orientando pelas
normas de expressão. Felizmente, as normas da linguagem limitam o número de
possibilidades, de modo que apenas uma delas terá o significado que interessa ao autor.
Por isso, o autor bíblico se manteve cuidadosamente dentro desses limites, a fim de
ajudar os seus leitores a compreendera sua mensagem. O contexto é fundamental para
reduzir os significados possíveis a apenas um significado específico.
símbolos utilizados antes e depois do texto em questão. Portanto, quando nos referimos
ao contexto, aludimos ao padrão de significado compartilhado pelo autor nas palavras,
orações, parágrafos e capítulos presentes no texto. Paulo (Rm 4.1-25) e Tiago (Tg 2.14-
26) usam o termo fé com significados diferentes. Será problemático admitir que os dois
escritos queriam dizer, um conjunto de crenças. Maior dificuldade haverá se assumirmos
que Paulo está falando de uma mera aceitação do fato. E daí dizer que Tiago refere-se a
uma verdadeira confiança. Todavia, está claro, pelo contexto, que Paulo se refere à
verdadeira confiança (Rm 4.3,5); e Tiago à mera aceitação do fato (Tg 2.14,19).
O livro Raciocínios a base das Escrituras (TJ) procura explicar 1 Co 15.29
associando-o a dois textos remotos (Rm 6.3; e Cl 2.12). Desprezando o contexto (capítulo
15), que se refere à ressurreição e sua veracidade, não está focalizando a condição
espiritual do mundo em relação a Deus, como ocorre nas outras referências. Encontramos
em 1 Co 15 um credo da Igreja referente à ressurreição que Paulo está citando.
O ESPÍRITO SANTO E A INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA
A Bíblia, como produto da inspiração divina, é a Palavra de Deus e revela aquilo em
que os cristãos crêem (regras de fé) e como eles vivem (regra de prática). Os termos
infalibilidade e inerrância são freqüentemente usados para descrever a fidedignidade da
Bíblia.
Tudo quanto os autores desejavam transmitir com respeito a assuntos de fé
(doutrina) e prática (ética) é verdadeiro. O termo inerrância significa que tudo quanto está
escrito na Bíblia (informações históricas, geográficas, científicas etc.) corresponde à
verdade e não pode induzir ninguém ao erro.
Um fato determinante, ultrapassando as fronteiras do tempo, envolve aquilo que o
autor, conduzido pelo Espírito, desejou transmitir em seu texto. Consideremos Isaías
11.12, onde o profeta narra que Deus recolherá os dispersos de Judá desde os quatro
cantos da Terra. O que ele quis dizer com esta declaração? Teria sido: Quero que saibam
que a Terra consiste em quatro cantos e Deus trará de volta o seu povo desses quatro
lugares? A Terra não tem nenhum canto. Pretendia Isaías afirmar algo sobre geografia?
Seu propósito era falar do futuro ajuntamento do povo de Deus de todas as partes da
terra. Sua declaração portanto pode ser considerada infalível e inerrante.
REGRAS PARA INTERPRETAÇÃO
É necessário usar as diferentes regras para a interpretação dos gêneros literários
presentes na Bíblia. Uma parábola, uma narrativa, uma poesia, devem ser interpretadas
conforme as regras. Note alguns exemplos:
PROVÉRBIOS
São declarações sucintas que empregam geralmente linguagem metafórica para
expressar uma verdade geral. Contudo, os Provérbios não são leis, nem promessas. São
observações gerais extraídas de um olhar sábio e cuidadoso dos fatos do dia-a-dia.
PROFECIA
Uma das regras da literatura profética envolve as profecias de julgamento. Por
exemplo: Jonas 3.4. O profeta proclama à cidade de Nínive: Ainda quarenta dias, e Nínive
será subvertida. Quando os ninivitas ouviram esta mensagem, proclamaram um jejum, e
vestiram-se de pano de saco, desde o maior até ao menor (Jn 3.5) e o rei decretou um
período de luto e arrependimento. A falta de julgamento divino fez dele um falso profeta?
A regra para esse tipo de profecia encontra-se em Jeremias 18.7,8: No momento em que
eu falar contra uma nação e contra um reino, para arrancar, e para derribar, e para
destruir, se a tal nação, contra a qual falar, se converter de sua maldade, também eu me
arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. Por outro lado, encontramos sectários
anunciando a volta de Cristo, marcando datas, e as mesmas sempre falhando. Não seria
legítimo entendermos que uma mudança na sentença seria semelhante à mudança de
direito: não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu
próprio poder (Atos 1.8).Os mesmos princípios de Hermenêutica devem ser observados
em outros gêneros.
como, em tal cenário, a Bíblia pode ser empregada como diz o ditado “casa de mãe
Joana,” ou seja, ela poderia significar qualquer coisa nas mãos daquele que a está
manipulando.
Minhas conclusões preliminares são oferecidas aqui. Eu creio que há pelo menos
sete ou oito maneiras pelas quais o Espírito Santo relaciona-se com a interpretação.
Muitas destas se sobrepõem; algumas pessoas talvez queiram organizá-las de forma
diferente.
1. O trabalho do Espírito é primariamente no campo da convicção, ao invés do da
cognição. Ao mesmo tempo, até mesmo nesta área necessita-se de nuanças. A
convicção de um indivíduo de fato tem um impacto em sua percepção. Assim, pode-se
dizer que o Espírito Santo auxilia nossa interpretação, mesmo que este papel se
limitasse àquele da convicção. Como?
2. Conhecimento por experiência tem um efeito bumerangue na compreensão
intelectual. Em várias áreas, se um intérprete já experimentou o que lhe está sendo
proposto, ele(a) pode compreender tal verdade. Por exemplo, se alguém nunca se
apaixonou, terá dificuldades em compreender completamente tudo que um romance
envolve.
3. Na medida em que alguém é desobediente às Escrituras, ainda que respeite
sua autoridade, pelo menos com seus lábios, ele irá distorcer as Escrituras (veja 2
Pedro 3:15-16). Por outro lado, na medida em que alguém é obediente às Escrituras,
ele(a) estará numa melhor posição para compreender uma verdade e lidar com ela
com honestidade.
4. Simpatia para com o autor bíblico abre o entendimento. O mais simpatizante
exegeta é o crente. Um intérprete não-simpatizante geralmente se equivoca, por causa
da falta de desejo de compreender. Isto pode ser facilmente ilustrado na arena política.
Aqueles que são rigorosos quanto a retidão de um certo partido tendem a vilificar tudo
que é do outro partido. Até mesmo entre cristãos há freqüentemente um “cânon dentro
de um cânon.” Isto é, alguns livros/autores são mais altamente respeitados do que
outros. Se não cultivamos simpatia por todos os autores das Escrituras, fechamo-nos
ao pleno impacto de suas mensagens.
Ao mesmo tempo, se alguém simpatiza com o autor divino, enquanto ignora o
autor humano, várias tensões nas Escrituras serão desconsideradas. Assim,
ironicamente, quando a inerrância é exibida seguindo as linhas docéticas bibliológicas
(que é tão freqüente hoje em dia), a interpretação é com freqüência mais uma defesa
de uma suposta harmonia do que uma investigação honesta do significado que o autor
quis dar. Revelação progressiva é abandonada; autores humanos se tornam meros
estenógrafos. Tensões não são respeitadas, apenas para serem levantadas como
contradições absolutas por aqueles que não têm muita simpatia pelas Escrituras,
deixando os evangélicos numa posição de correr atrás do prejuízo. Reconhecendo as
tensões nas Escrituras bem como o progresso da revelação, e que a Bíblia é tanto um
livro divino quanto um livro bastante humano, evita tais problemas.
5. Aqueles que abraçam em princípio uma crença no sobrenatural estão em
melhores condições na interpretação tanto de milagres, quanto de profecias. Estes
elementos das Escrituras simplesmente não podem ser tratados adequadamente por
incrédulos. Isto vai muito além da mera simpatia para a visão universal. Se alguém
consistentemente descrê que profecias podem ser cumpridas, então ele terá que
explicar as porções proféticas das Escrituras de outra maneira, e não como reais
predições. Ou elas serão descreditadas como não realizadas, ou de outro modo serão
tratadas como vaticinium ex eventu (ou profecia após o fato). Milagres também
necessitarão ser reescritos para que sejam demitologizados. A crítica de C. S. Lewis,
muitas décadas atrás, ainda é tida como uma acusação válida contra tal tratamento
das Escrituras: tratar as Escrituras – especialmente o NT – como sendo cheio de
fábulas pressupõe uma linha do tempo que é demonstravelmente falsa. O espaço entre
o tempo dos eventos até o relato da narrativa é simplesmente muito curta, não
achando assim nenhum paralelo em qualquer literatura histórica acreditável. Lewis
conclui que aqueles que chamam o NT de “cheio de fábulas”, nunca na verdade
estudaram fábulas. Ou como Vincent Taylor, o erudito britânico notou, considerar os
documentos do NT como cheios de mitos pressupõe que todas as testemunhas devam
ter desaparecido quase que imediatamente após os eventos se realizaram.
Resumidamente, quando se trata de profecias e milagres, o crente está em melhor
posição para compreender a mensagem. Isto é parecido com a acusação de Jesus aos
Saduceus por não aceitarem a ressurreição: “Errais, não conhecendo as Escrituras
nem o poder de Deus.”
6. O testemunho interior do Espírito (veja Rom 8:16; 1 João 2:20, 27, etc.) é um
fator importante tanto na convicção, quanto na percepção de verdades centrais das
Escrituras. De acordo com meu estudo preliminar, eu diria que o testemunho do
Espírito é um testemunho imediato, não-discursivo e supra-racional da verdade de
princípios centrais da fé. O Espírito nos convence dessas verdades de uma forma
extra-exegética. Ele nos convence exatamente do quê? Alguma destas coisas são: (1)
nossa relação filial com Deus; (2) a ressurreição corpórea de Cristo; (3) a humanidade
de Cristo; (4) o retorno corpóreo de Cristo; (5) a divindade de Cristo; (6) a natureza da
salvação como um dom de Deus. O testemunho do Espírito pode, de fato, ser mais
abrangente do que isto. Quanto mais abrangente? É duvidoso que o Espírito dê
testemunho do tempo que Deus levou para criar o universo, ou se a teologia
dispensacionalista ou se a teologia da aliança é o melhor sistema, ou se a inerrância é
verdadeira. Eu duvido que ele dê testemunho de qual forma de governo eclesiástico é
mais preferível, o papel da mulheres na liderança, ou como definir dons espirituais. Há
tantas questões nas Escrituras que nos são deixadas para examinar usando o melhor
das nossas fontes racionais e empíricas! Mas isto não significa que não possamos
chegar a conclusões bem firmes sobre estas questões. Isto significa, por outro lado,
que estas são questões mais periféricas do que outras relativas à salvação. Eu
acredito que estas questões “negociáveis” são importantes áreas de investigação.
Devidas conclusões sobre muitas destas questões, mas não a todas, são necessárias
para a saúde da Igreja, mas não são essenciais para a vida da Igreja.
Há três comentários finais sobre o testemunho interior do Espírito: (1) Que eu
tenha oferecido uma taxonomia preliminar da doutrina pode ser surpreendente para
alguns. A alternativa é ver todas as doutrinas como de igual importância. Mas isto é
problemático historicamente, exegeticamente, e espiritualmente. Tal visão “em cadeia”
da doutrina resultaria tanto em um dogma insustentável unido a uma arrogância
egoísta, ou em uma queda de virtualmente todas as crenças doutrinárias de um
indivíduo, porque se uma doutrina cair, todas cairão. (2) Que algumas áreas
aparentemente não são tratadas pelo testemunho do Espírito não significa que estas
áreas não são importantes. Pelo contrário, significa que quanto menos centrais elas
sejam para a salvação e para a saúde da Igreja, mais liberdade e tolerância
deveríamos dar àqueles que discordam conosco. Isto requer uma dose de humildade
nestas questões; até mesmo sobre questões que são atualmente tópicos polêmicos,
como dons espirituais e o papel das mulheres na liderança. Parte do real desafio em
pôr as mãos nestas questões é determinar o quanto a saúde da Igreja é atingida por
nossas decisões exegéticas. Mas a apresentação das nossas conclusões deve sempre
ser acompanhada por um espírito de caridade. Tenha cuidado para não elevar suas
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
QUESTÕES DE HOMILÉTICA
Obs: Todas as questões são compostas de quatro alternativas, sendo que, somente uma
destas alternativas deve ser marcada.