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ESTRUTURAS BACTERIANAS E FUNÇÕES

1.1. Membrana Citoplasmática


A membrana citoplasmática, também conhecida como membrana
plasmática, é uma barreira que serve para a separação do meio interno
(citoplasma) e externo, se tornando vital para a célula bacteriana.
A) Estrutura Química da Membrana
Os componentes da membrana citoplasmática variam de acordo com a
espécie e com as condições de cultivo. Ela é constituída por proteínas (60%)
imersas em uma bicamada de lipídeos (40%). Os ácidos graxos dos lipídeos
são responsáveis pela condição hidrofóbica da porção interna da membrana e
pela condição hidrofílica da parte externa que é exposta ao ambiente.
B) Funções da Membrana
- Transporte de Solutos
Esse transporte acontece com o auxílio de proteínas de transporte de
membrana. O transporte que envolve uma proteína transportadora e que ocorre
a favor do gradiente de concentração é denominado de difusão facilitada, que é
um transporte passivo e sem gasto de energia. Já os transportes contra o
gradiente de concentração gastam energia como, por exemplo, a translocação
de grupo e o transporte ativo.
A translocação de grupo ocorre de maneira semelhante ao transporte
ativo, porém a substância é alterada durante o transporte. Já no transporte
ativo a substância se liga a um ou mais carreadores que a liberam dentro da
célula, não havendo alteração durante o transporte.
Existem três transportes ativos, sendo eles:
UNIPORT: transporte de apenas uma substância de um lado para outro
da membrana.
SIMPORT: transporte de duas substâncias na mesma direção.
ANTIPORT: transporte de duas substâncias em direções opostas.
- Produção de Energia
A produção de energia pode ocorrer pelo transporte de elétrons, pela
fotossíntese ou não, e pela fosforilação ativa com a ativação ou inativação de
uma enzima. Como exemplo de bactérias que realizam a fotossíntese podem
ser citadas as cianobactérias.
- Biossíntese
A biossíntese nada mais é do que a síntese de lipídeos que são
expostos ao lado externo da membrana citoplasmática.
As enzimas de síntese dos lipídeos da membrana estão ligadas à
membrana citoplasmática. Assim que sintetizados, os lipídeos são permeados
para o lado externo por meio dos canais conhecidos como junções de Bayer.
As junções de Bayer são formadas por prolongamentos da membrana
citoplasmática que se unem à membrana externa das bactérias GRAM
negativas (GRAM-), estabelecendo o contato entre o citoplasma e o limite
externo da célula.
- Duplicação de DNA
Algumas proteínas do complexo de duplicação de DNA estão localizadas
na membrana citoplasmática.
- Secreção
A membrana também está envolvida na secreção de enzimas hidrolíticas
que têm a função de romper macromoléculas do meio, fornecendo
subunidades que servirão como nutrientes.

1.2. Parede Celular


Geralmente a pressão interna das bactérias é maior em relação à do
meio externo. Com isso, se não fosse a parede celular, as bactérias
estourariam. Além dessa proteção, a parede celular dá forma às espécies
bacterianas e atua na divisão celular, dando origem ao septo que separa as
duas novas células oriundas da divisão celular.
- Estrutura Química
Em relação à estrutura química da parede celular das bactérias, existem
diferenças marcantes entre às GRAM- e GRAM positivas (GRAM+).
As bactérias GRAM+ possuem a parede celular mais espessa, porém
composta predominantemente por um único tipo de macromolécula, o
peptideoglicano. Já a parede das bactérias GRAM- é formada por uma ou
poucas camadas de peptideoglicano e por uma membrana externa. Além disso,
a membrana externa das GRAM- é composta por várias camadas que se
diferem na composição química e, por isso, são mais complexas que as
GRAM+.
Essa variedade de substâncias que compõem a parede celular das
GRAM- fazem com que elas sejam mais resistentes aos ataques de células
imunológicas fagocitárias e a membrana externa ainda serve como barreira
adicional, impedindo ou dificultando a entrada de substâncias como
antibióticos. Alguns antibióticos como a eritromicina e a actiomicina, assim
como o cristal de violeta, metais pesados e sais biliares não penetram a parede
das GRAM- tão facilmente quanto nas GRAM+.
O espaço que separa a membrana citoplasmática da membrana externa
é o periplasma ou espaço periplasmático.

1.3. Cápsula, Camada Mucosa e Camada S


Vários procariotos sintetizam polímeros orgânicos que são depositados
fora da parede, conhecidos como substâncias poliméricas extracelulares
(Figura 1).
A camada S é encontrada apenas nas arqueobactérias.
- Cápsula: fica ligada à parede
- Camada Mucosa: massa amorfa mais dispersa, parcialmente desligada
da parede.
- Camada S: encontrada apenas nas arqueobactérias

Figura 1: Substâncias poliméricas extracelulares. (1) Cápsula; (2) Camada Mucosa; (3)
Biofilme. https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A1psula_bacteriana
 Funções desses envoltórios
● Reservatório de água e nutrientes, impedindo a dessecação e servindo
como fonte de nutrientes para esses organismos.
● Aumento da capacidade invasiva das bactérias patogênicas. Tornam
as bactérias encapsuladas escorregadias, as quais escapam da ação dos
fagócitos.
● Aderência: as cápsulas possuem receptores específicos que servem
como sítio de ligação com outras superfícies. Formação de biofilmes e aumento
do poder infectante.
● Aumento da resistência microbiana a biocidas. Quando há a formação
de biofilmes é mais difícil a atuação desses bactericidas.

1.4. Flagelos
Os flagelos são estruturas que proporcionam movimento à célula.
Podem ser visualizadas em microscópio óptico, mas devem estar coradas.
É um filamento externo a membrana (Figura 2), composto por uma
proteína chamada flagelina. A localização e o número de flagelos são utilizados
para a classificação das bactérias.
O movimento que algumas bactérias realizam é chamado de taxia.
Quando estimulado pela luz é chamado de fototaxia. Quando estimulado por
agentes químicos é chamado de quimiotaxia

Figura 2: Estruturas da célula bacteriana. https://www.planetaenem.com/estrutura-e-funcao-


das-celulas-bacterianas/
1.5. Fímbrias, Pelos ou Pili
Estruturas visualizadas pela microscopia eletrônica.
Muitas GRAM- são dotadas de apêndices filamentosos protéicos que
não são flagelos. Tais apêndices são chamados de fímbrias (pêlos ou pili)
(Figura 2). Poucas bactérias GRAM+ possuem essas estruturas.
São menores, mais curtos e não formam ondas regulares e, por isso,
não desempenham papel de mobilidade. Podem ser encontradas tanto em
bactérias móveis e quanto imóveis.
Dependendo dos tipos de fímbrias elas podem apresentar diferentes
funções.
- Fímbria F ou “Fímbria Sexual”: condutor de material genético.
- Outras funcionam como sítios receptores de bacteriófagos (vírus que
infectam bactérias) e como estruturas de aderência, permitindo a fixação nos
tecidos.

1.6. Nucleóide
Nucleóide procariótico ou DNA bacteriano é o material genético total ou
quase total encontrado dentro da célula, o qual pode ser visualizado em
microscópio óptico quando corado.

1.7. Plasmídios
No citoplasma bacteriano existem moléculas de DNA circulantes
menores que o cromossomo, as quais proporcionam vantagens seletivas.
Os plasmídios são capazes de realizar a autoduplicação independente
da replicação cromossômica.

1.8. Componentes citoplasmáticos


a) Ribossomos
Responsáveis pela síntese de proteína. São compostos por 60% de
RNA e 40% de proteína.
b) Grânulos
Os grânulos podem ser visualizados utilizando colorações especiais e
microscopia óptica. São substâncias de reserva e subunidades de
macromoléculas para compor outras estruturas celulares.
c) Vacúolos Gasosos
São encontrados em procariotos que vivem flutuando em lagos e rios.
d) Esporos Bacterianos
Os esporos são estruturas formadas por algumas bactérias GRAM+,
Bacillus sp. e Clostridium sp., quando o meio se torna carente de água e
nutrientes essenciais. É um método de diferenciação celular quando o meio se
torna desfavorárel.
O processo de formação do esporo é denominado Esporogênese. Nele o
esporo é liberado no ambiente, podendo sobreviver por muitos anos sob
condições de calor, ausência de água e presença de radiações e substâncias
químicas tóxicas.
 Mecanismos de Resistência do Esporo Bacteriano
Os processos capazes de matar as células bacterianas na forma
vegetativa, que é a forma não esporulada, não são suficientes contra a célula
na forma esporulada.
A água fervente mata a maioria das células na forma vegetativa, mas os
esporos podem sobreviver até 19 horas. Além disso, eles tem menor
susceptibilidade às substâncias químicas, isso provavelmente pela ausência de
água necessária para a hidrólise de proteínas.
As espécies formadoras de esporos são mais encontradas no solo e
algumas se destacam como importantes patógenos. Alguns exemplos estão
descritos abaixo:
- Bacillus anthracis – causador de doença hemorrágica
- Clostridium tetani – causador do tétano
- Clostridium perfringens – causador da gangrena gasosa, também
conhecida como edema maligno
- Clostridium botulinum – causador do botulismo

1.9. Biofilmes
Os biofilmes são formados por comunidades de bactérias envoltas por
substâncias, principalmente açúcares, produzidas pelas próprias bactérias.
Essa camada de substâncias confere à comunidade, proteção contra diversos
tipos de agressões como a ação de antibióticos ou agentes químicos e a falta
de nutrientes.
Os biofilmes podem aderir a superfícies abióticas (sem vida), como nos
cateteres, ou bióticas (com vida), nos dentes, nos tecidos e nas células.

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