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A “Controvérsia de Valladolid”: A virada ontológica do direito a partir do debate da

escravidão e da guerra justa no século XV.


 Controvérsia de Valladolid, intenso debate entre o Frei (espanhol, nispo em Chiapas,
atual México) Bartolomé de Las Casas e o filosofo espanhol Juan Guinés de
Sepúlveda, na cidade de Valladolid-ES
 O assundo da discussão: a legitimidade da escravidão indígena pelos espanhóis na
América;
 Sepúlveda defendia a legitimidade da coroa espanhola em dominar aquelas terras
sobrepondo os interesses catequéticos e econômicos da coroa.
 Las Casas se posicionava em favor dos povos indígenas, de sua autonomia, questionando
a legitimidade do direito de se impor diante de sua autonomia e fazer guerra com o
intuído de dominar aqueles povos.
o Essa perspectiva pode ser entendida como expressão uma nova concepção
de justiça e direito natural – representa uma nova perspectiva de pensar
os direitos humanos.
 Qual a justifica moral para o emprego da escravidão e do uso da força bélica
para a colonização.
 Este debate originou a Escola Ibérica da Paz (escola de Salamanca) que foi um
movimento filosófico-teológico que renovou a reflexão teológico jurídico tendo como
fonte de reflexão o pensamento escolástico aplicado à questão na América. Segunda
escolástica ou escolástica ibérica.
 Até aquele momento a teologia política era vista de forma teocrática. Não existe
separação entre Igreja e Estado, e as questões da Igreja estavam acima do estado.
 A Escola de Salamanca utiliza a teoria do direito natural de Tomás de Aquino para
defender a autonomia e a liberdade dos povos independentes de sua situação histórica.
 2 A CONTROVÉSIA DE VALLADOLID
 1520 - começa-se a colonização da Nova Espanha (México) com ideais
mercantilistas. América como colônia de exploração).
 Começam a acontecer: pilhagens, roubos, guerras injustas, assassinatos em massas.
 Os missionários de ordens religiosas denunciam esses maus tratos à coroa.
 Começam uma série de interrogatórios morais e éticos sobre todo esse processo.
 Começou então uma disputa: entre os exploradores e aqueles que defendiam os
direitos dos povos.
 Isso começou a gerar um incomodo moral na consciência espanhola. Surgiu a
necessidade então de tentar justificar moral e legalmente a colonização baseada na
guerra e no domínio pela força.
 Por outro lado, religiosos que viviam entre os índios começaram a combter oos
colonizadores e defender os povos indígenas.
 Não era uma oposição propriamente à colonização, mas ao modelo. Os religiosos
dedendiam a humanidade dos indígenas e, portanto a sua autonomia, liberdade e
direitos naturais. Daí surge Bartolomeu de Las Casas.
 Primeiro sacerdote ordenado na américa Ordem dos pregadores.
 Por outro lado Juan Guinés de la Sepúlveda. Baseava-se na obra A política de
Aristóteles para defender a escravidão natural dos povos de culturas inferiores,
chamados povos bárbaros.
 Sepulveda defendia ser justa a guerra por conta dos costumes bárbaros dos indígenas
(canibalismo e sacrifício humano). A escravidão era necessária para que estes povos
pudessem ser evangelizados e catequizados dentro dos parâmetros “das culturas mais
avançadas)
 Os povos inferiores precisam ser dominados para que possam avançar com os
superiores.
 Barolomeu rejeitou essa ideia. Para ele, Sepulbeda não conhecia a realidade dos
indígenas.
 Depois de uma guerra fria os dois sem encontram pra um debate público em
1550.
 Sepulveda defendeu na discussão: 1) Pelos delitos e pecados cometidos contra a
natureza como a idolatria e adultérios; 2) Pelo fato de possuírem um grau bastante
atrasado no desenvolvimento tecnológico e intelectual, rudeza dos seus engenhos, o
que evidenciava que eram bárbaros; 3) Para facilitar a expansão da fé; 4) Para impedir
as guerras entre os próprios índios ou atos como o canibalismo e o sacrifício humano.
 Las Casas defendeu 1)Primeiro eram os homens cruéis, inumanos, ferozes e
afastados da razão; 2) segundo estavam os que não tinham escrita e que tinham outra
língua, eram bárbaros por acidentes pois poderiam a vir a ser sábios e prudentes; 3) Na
terceira classe estavam os chamados bárbaros tomados em sentido próprio e estrito,
era para Aristóteles os que eram escravos por natureza, mais próximos de animais do
eu seres humanos deveriam ser governados por pessoas civilizados para poderem viver
em sociedade. A própria natureza tinham os feitos escravos, conforme o Livro
Primeiro da Política. 4) Na quarta classe estavam aqueles que não conheciam a Cristo,
uma classificação cristã que Las Casas incluiu.
 Para Las Casas existem provas concretas de que entre os povos indígenas existiam
uma forma ordenada de governo, leis, tribunais, escritas, ciências, enfim, uma série de
coisa que comprovavam que eles não eram bárbaros e que eram capazes de governa a
si mesmos. Portanto, rejeita a classificação dos índios como bárbaros da primeira
classe e da terceira classe.
 Para Las casa, no máximo se poderia classificar os índios como bárbaros da quarta
classe. Porem, advertia que o não conhecimento de Cristo não podia ser motivo para
escravizar.
 3 A GUERRA JUSTA E O TEMA DA ESCRAVIDÃO
 Ou seja, não é o direito e o seu uso que instaura a moralidade e a justiça; mas, é a
moralidade que determina se um determinado decreto jurídico é justo. O que Las
Casas e os missionários e magistrados que se posicionaram em favor do direito dos
indígenas defendiam é que o direito da conquista espanhola não podia estar
fundamentado nos decretos papais, nem da coroa; mas estes decretos só tinham valor
se resultasse em ações moralmente justas de acordo com o direito natural.
 UNIVERSALIDADE DA PESSOA HUMANA

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