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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

ESTADO DE COISAS INCONSTITUCIONAL DA CULTURA E CENSURA NO


GOVERNO BOLSONARO: A LIBERDADE DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA E OS
IMPACTOS DA DECISÃO DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS NO CASO “A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO”

FERNANDA DE MORAES FERREIRA

RA00266483

SÃO PAULO

2023
SUMÁRIO

1. Introdução................................................................................................................
1.1 Os primeiros passos na Academia …………………………………………..
1.2 Introdução ao tema…………………………………………………………….

2. Atividades desenvolvidas.........................................................................................
2.1. A sistemática adotada em orientação................................................................
2.2. Objetivos e dificuldades.....................................................................................
2.3. Alterações...........................................................................................................
2.4. Atividades de expansão.....................................................................................

3. Relatório científico...................................................................................................
3.1 Apresentação e discussão dos resultados preliminares ..................................
3.1.1 O conceito de censura para o direito brasileiro
……………………………………
3.1.2 Breve análise do caso “A última Tentação de Cristo”
…………………………
3.1.3 A ADPF 918 e o Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura ………………
4. Cronograma......................................................................................................
5. Referências bibliográficas........................................................................................
1. Introdução

No momento em que escolhemos amar, começamos a nos mover contra a


dominação, contra a opressão. No momento em que escolhemos amar,
começamos a nos mover em direção à liberdade, a agir de formas que
libertam a nós e aos outros. - Bell Hooks, tudo sobre o amor.

A única surpresa é o tempo gasto nessa passagem e ultrapassagem. Ficou


claro: não há mais espaço para um conhecimento que não integre os
momentos da Estética (da arte, da emoção, da sensação, do poder ser) da
Ética (outro nome para a prática das melhores escolhas) e da Lógica (a
abstração, as normas, o que tem de ser). De um lado, o rigor da ciência: no
canto oposto, as errâncias da sensibilidade. Durante tempo demais, desde
Platão, impôs-se uma distância entre ambos os pólos - em prejuízo dos dois.
Não mais - Nestor Canclini, Falsas Pistas.

“Talvez eu tenha que chamar de mundo esse meu modo de ser um pouco de
tudo” - Clarice Lispector, perdoando Deus.

Qual é a fronteira entre questões que exigem apenas um debate técnico e


aquelas que podem e devem ser submetidas a um escrutínio mais político?
Existe algum tema unicamente técnico? Existe uma burocracia tecnicamente
neutra que consiga tomar decisões sem interesses políticos? - Gabriela Lotta,
Democracia Equilibrista.

1.1 Depoimento dos primeiros passos na Academia

Rubens Alves, em entrevista para o documentário “Eu Maior”, conta a história de


quando um jovem admirador lhe perguntou o que ele tinha feito para chegar onde chegou em
sua carreira. O escritor respondeu que chegou onde chegou porque tudo aquilo que havia
planejado deu errado.
A verdade é que somos uma fração daquilo que imaginávamos ser. Miramos na lua e
acertamos as estrelas. Aquilo que imaginava conseguir pesquisar até agora deu terrivelmente
errado. De acordo com a minha agenda, em março já deveria ter sanado minhas dúvidas a
respeito da censura cinematográfica por parte do poder Executivo no Governo Bolsonaro, bem
como ter conseguido ler toda a bibliografia indicada

Deu errado e cheguei onde cheguei: hoje tenho muito mais dúvidas que certezas, me
deparei com um cenário de sucateamento da cultura nacional mais grave do que imaginava -
mudei o título de “Censura Cinematográfica” para “Estado de Coisas Inconstitucional da
Cultura” - e não consegui ler toda a bibliografia porque cada livro ou ADPF que pegava para
ler me direcionava para a leitura de outro livro ou de outra ADPF mais interessante ainda sobre
o assunto.

A verdade é que estamos inseridos em um contexto de revolução informacional.


Esqueci de anotar na agenda que de agosto a março encontraria desafios no caminho: a
notificação que acabei de receber, o terrorismo do dia oito de janeiro, o chat GPT, as estatísticas
sobre fome no Brasil. Uma frase de Baumann sobre a modernidade líquida. O medo que sinto
de dar os primeiros passos no mundo acadêmico aliado ao desejo e a fome que tenho de fazer
parte desse mundo.

O novo estágio, o texto para a peça de teatro, o erro e o desejo, os livros de Clarice e
os interiores teores do STF, a crítica que eu e minha mãe temos àqueles textos acadêmicos que
são extremamente difíceis de entender aliada à vontade que tenho de subverter um pouco essa
lógica e, quiçá, aliar as errâncias da sensibilidade ao rigor da ciência.

E no meio disso tudo; as reuniões que tive com o meu professor orientador que marcava
em minha agenda. Sem dúvidas as reuniões com o Professor Alarcon foram essenciais para que
eu superasse esses desafios e seguisse um caminho quando a estrada parecia ramificada demais.

Nesse processo, os puxões de orelha virtuais que recebi por estar crua nos conceitos
que me propus a pesquisar, o ensinamento de que é preciso ser objetiva naquilo que estou
falando, bem como ter um rigor e método de pesquisa, e os links de matérias enviadas
consolidaram minha trajetória, meu amadurecimento e aprendizado.
Entre erros e acertos, dei meus primeiros passos no mundo científico e cheguei até aqui.
E que bom que sou uma fração daquilo que imaginava ser; que bom que mirei a lua e acertei
as estrelas, porque a ciência deve ter começado em um dia muito estrelado quando alguém
olhou para o céu: deve ser essa uma das mil explicações possíveis para o que é o amor. 1

1.2 Introdução ao tema

O desejo de pesquisa surgiu após a entrevista de Wagner Moura para o Roda Viva, no
dia primeiro de novembro de 2021, pouco antes do lançamento do seu filme “Marighella”. Em
uma de suas falas, Wagner diz à entrevistadora Vera Magalhães que o audiovisual no Brasil
estava acabado, e que “a questão com a Ancine foi uma situação absolutamente clara de
censura” 2

A entrevista gerou uma grande repercussão na mídia. Era quase um consenso para as
pessoas com posicionamentos políticos semelhantes aos meus de que o filme Marighella havia
sido censurado. Enquanto estudante de direito, porém, me faltaram argumentos jurídicos para
sustentar se existiu, de fato, uma censura do filme.

O que é a censura e quem censura? Por que o caso do filme não virou uma ação judicial?
As lives que o ex-presidente fazia atacando a Ancine eram as provas que precisava para afirmar
que o filme Marighella havia sido censurado? Quem está por trás do desmonte da cultura? O
Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), por meio da portaria 1.576/2019, teve seus editais
suspensos por 180 dias: isso é censura? É ato vinculado ou discricionário?

É evidente que a cultura estava sob ataque de atos inconstitucionais por parte dos
membros do Poder Executivo do antigo Governo Bolsonaro. Mas ainda não tinha as
ferramentas para sustentar um possível caminho de defesa, muito menos afirmar juridicamente
quais foram os atos inconstitucionais cometidos e responder às indagações supracitadas.

1
CAMPILHO, Matilde – Fevereiro.
2
https://www.metropoles.com/colunas/o-melhor-da-tv/estrela-de-marighella-wagner-moura-e-o-
convidado-do-roda-viva
“Vamos fechar a Ancine ou não vamos? (...) Vai ter um filtro, sim. Já que é
um órgão federal, se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine.
Privatizaremos ou extinguiremos” 3 - alegação do ex-presidente em uma live
em 19 de julho de 2019.

“Art. 1º Ficam suspensos, pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias,


prorrogável por igual período, os termos do Edital de Chamamento para TVs
Públicas, com recursos públicos do Fundo Setorial do Audiovisual - FSA,
lançado em 13 de março de 2018, em razão da necessidade de recompor os
membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual - CGFSA -
Portaria 1.576/2019 de Osmar Gasparini Terra, 20 de Agosto de 2019.

Pairava no ar a constatação de que o filme Marighella havia sido censurado, e as falas


do ex-presidente, bem como as diversas outras ameaças proferidas por membros da sua gestão
nas redes sociais - vide o tweet de Mário Frias em 27/7/2021, “dirigismo da política cultural
não é problema, é parte da função de governo” - eram a argumentação de que a cultura estava
sendo, de fato, perseguida e seu desmonte fazia parte do projeto governamental.

A grande questão é que, no mundo jurídico, essas meras alegações não eram suficientes
para comprovar uma inconstitucionalidade. O desafio que venho me propondo a cumprir está
justamente em associar as ameaças e declarações de perseguição ao setor cultural com os atos
administrativos que foram cometidos; a live do dia 19 de julho com o decreto do dia 20 de
agosto: censura em pleno 2020.

Descobri, nesses meses de pesquisa, que entre as ameaças e os atos administrativos há


um espaço, e quem o preenche é a burocracia. Através de um olhar superficial, a justificativa
para a suspensão dos editais de que os membros do Comitê Gestor do FSA precisavam ser
compostos parecia ser adequada, quando o que estava por trás era a intenção de desmonte do
FSA. Assim, o discurso técnico foi uma luva perfeita para a censura e deu aval para o
esvaziamento da cultura.

3
Falas do presidente retiradas de uma live ESTADÃO. Cinema com filtro. Disponível em:
https://www.estadao.com.br/cultura/cinema/vamos-fechar-a-ancine-ou-nao-vamos-pergunta-
bolsonaro-a-publico-em-frente-ao-palacio-da-alvorada/
Gabriela Lotta, co-autora do livro “Democracia Equilibrista”, traz à baila a discussão
do uso burocrático como vetor de proteção de interesses próprios:

“A burocracia deve sempre resguardar as leis. Mas quando, em um


processo legal e legítimo, ela se recusa a se submeter às decisões da
política legalmente fundamentada, tomando para si a função de definir
o que julga do interesse da sociedade, invocando um discurso técnico
que acaba por proteger apenas seus interesses, a democracia sai
chamuscada”. 4

Estamos, aqui, diante de uma forma de censura muito perigosa; porque sutil, porque
feita pelas beiras da burocracia administrativa e capaz de chegar ao centro de um setor inteiro
e asfixiá-lo, culminando um Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura, objeto da ADPF 918
que está em curso no Supremo Tribunal Federal.

Diferente da censura que ocorreu no Chile no caso “A última Tentação de Cristo”, a


qual se deu através da Corte Suprema do Chile que, em julho de 1997, proibiu a exibição do
filme em nome da honra religiosa, a censura que ocorreu durante o Governo Bolsonaro se deu
através do Poder Executivo e de atos administrativos.

Dessa forma, a análise do caso “A última tentação de Cristo”, se faz presente no estudo,
de forma a aprofundar o entendimento jurídico de liberdade de expressão e censura através de
um caso concreto que gerou efeitos jurídicos e transformou a realidade Chilena. Outrossim, o
estudo do caso é caminho para a compreensão da Corte Internacional de Direitos Humanos,
objeto do presente estudo, e importante mecanismo de defesa dos Direitos Humanos, capaz de
impactar o cenário do constitucionalismo latino-americano.

A formação histórica e política de países da América do Sul como o Brasil e o Chile é

4
LOTTA, Gabriela e ABRAMOVAY, Pedro. A Democracia Equilibrista: Políticos e burocratas no
Brasil. Companhia das Letras, São Paulo, 2022
marcada por crises humanitárias, colonialismo, golpes de estado e desigualdade. Mesmo após
a consolidação dos fortes pilares do constitucionalismo latino-americano, ainda se observa
casos nos quais há uma sistemática violação de direitos fundamentais.

Esse fator resulta em “grupos de risco permanente”, isto é, populações e setores sociais
– vide o cultural- em extrema vulnerabilidade decorrente da negligência do Estado em protegê-
los e fazer valer seus diversos direitos constitucionalmente previstos.

Dessa forma, encontrei no estudo constitucional do Chile apontamentos para os


possíveis próximos passos do constitucionalismo brasileiro. As veias abertas que correm são
as mesmas. Se nossa história é marcada por crises humanitárias; colonialismo; golpes de estado
e desigualdade, o destino do fluxo sanguíneo há de ser o som das salsas cubanas que minha
professora de teatro comentou uma vez; a luta decolonial; a igualdade e o amadurecimento do
constitucionalismo latino-americano, protegido por sistemas internacionais interligados.

O estudo do caso julgado pela Corte Internacional de Direitos Humanos trouxe


respostas para indagações que surgiram após a declaração de Wagner Moura no programa Roda
Viva, e apontou as pistas para uma defesa mais sólida do direito de liberdade de expressão.

Desejo que quando a roda-viva chegar e carregar o destino para lá consigamos aprender
com os erros, seguir com voz ativa e construir um destino ainda mais bonito. Um destino em
que nossas veias correm abertas e os corações batem firmes. Um destino que não poderá ser e
não será censurado.

2. Atividades desenvolvidas

2.1. A sistemática adotada em orientação

Ao longo dos primeiros seis meses de iniciação científica, a orientação se deu tanto de
forma síncrona (reuniões virtuais realizadas pela plataforma Google Meets) quanto de forma
assíncrona (troca de e-mails e mensagens via Whatsapp). Em ambos os casos a comunicação
foi efetiva. O professor-orientador se mostrou disponível para solucionar minhas dúvidas e
acompanhou ativamente as bibliografias que enviava.

Nas reuniões, o professor-orientador me ajudou a organizar a pesquisa e apontou os


passos para iniciar a investigação. Se me propus a fazer uma pesquisa sobre censura, antes de
qualquer coisa, precisava entender qual era o conceito de censura para o direito; entender a
fundo o ponto de partida.

Ensinou que na pesquisa científica é necessário se apropriar bem dos conceitos para
que o devido rigor e responsabilidade científicos sejam alcançados

Por recomendação do orientador, foi coletada bibliografia referente ao conceito de


censura, ao caso “A última Tentação de Cristo”, à estrutura e funcionamento da Corte
Internacional de Direitos Humanos e ao funcionamento Constitucional do Chile. E com o curso
natural da pesquisa, outros objetos de estudo foram acrescentados, como a ADPFs 918 e 614.

2.2 Objetivos e dificuldades

No plano de trabalho individual formulado em abril de 2022, apontei como objetivos:

1. Analisar o funcionamento das Cortes Chilena e Interamericana de Direitos


Humanos, bem como a matéria jurídica das decisões por estas proferidas e que
são objeto de estudo do caso “A última Tentação de Cristo” (a decisão que levou
a censura do filme em julho de 1997, e a que levou, em fevereiro de 2001 a
Condenação do Estado Chileno);

2. Analisar a censura do filme Marighella por meio das ações do poder


Executivo, fazendo uma comparação entre este tipo de violação da liberdade de
expressão – que vem mediante atos do poder executivo- e a censura da Corte
Suprema do Chile – que veio mediante atos do poder executivo.
Almejava, com estes dois objetivos principais, um ensaio sobre como a decisão
paradigmática em matéria de direito fundamental à liberdade de expressão no caso “A última
paixão de Cristo” transformou a realidade Chilena.

Além de averiguar, com base no direito comparado da realidade chilena (iii). como o
instituto poderia ser utilizado mais amplamente na realidade brasileira, bem como (iv). o
conteúdo jurídico que tais decisões poderiam adotar segundo a ordem constitucional brasileira.

Pode-se concluir que os objetivos foram parcialmente cumpridos.

Em relação ao objetivo 1, consegui, de fato, analisar o funcionamento da Corte


Interamericana de Direitos Humanos, bem como as decisões apontadas referentes ao caso “A
última Tentação de Cristo”.

Em relação ao objetivo 2, tive mais dificuldades: ao longo da pesquisa, o escopo que


antes era o filme de Wagner Moura foi ampliado exponencialmente. A previsão era de que
encontrasse argumentos jurídicos capazes de sustentar a censura do filme Marighella e uma
possível judicialização do caso, de forma isolada. No percurso, me deparei com um verdadeiro
Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura declarado na ADPF 918, atualmente em curso no
STF.

O meu objetivo era a ponta de um iceberg que me direcionou para a dimensão do todo.
No meio do caminho surgiu o Decreto 10.755/21; a censura do festival de Jazz do Capão pela
FUNARTE; as portarias nº 22 e nº 24 de dezembro de 2020; os entraves burocráticos durante
o processo de aprovação do Plano Anual do Instituto Vladimir Herzog pela lei Rouanet; o
relatório Público 01 CNIRC - Retrato do Acervo: A dominação Marxista da Fundação
Palmares 1988-2019 que baniu livros do acervo da biblioteca da Fundação Palmares.

A dificuldade foi, então - depois de me acalmar frente às atrocidades cometidas ao setor


cultural -, redefinir um escopo de pesquisa.

2.3. Alterações
De “Censura cinematográfica no Governo Bolsonaro: a liberdade de expressão na
América Latina e os impactos da decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos no
caso “A Última Tentação de Cristo”, fui para “ Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura
e Censura no Governo Bolsonaro: a liberdade de expressão artística e os impactos da decisão
da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso “ A última Tentação de Cristo”.

O estudo do sistema jurídico- constitucional Chileno; do funcionamento da Corte


Interamericana de Direitos Humanos, a explicação de como a jurisprudência do caso “A última
Tentação de Cristo” pode ser utilizada mais amplamente na realidade brasileira: tudo isso segue
na pesquisa.

O que muda, agora, é o objeto de análise para a realização do direito constitucional


comparado à luz do caso da CIDH. Analisar-se-á a matéria da petição inicial da ADPF 918,
ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem de Advogados do Brasil em 02 de dezembro de 2021,
a qual declara o “Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura”.

Tal conceito pode ser definido como violação generalizada e sistêmica de direitos
fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em
modificar a conjuntura; transgressões a exigir a atuação não apenas de um órgão, mas sim de
uma pluralidade de autoridades.5

Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é esmiuçar a violação generalizada e sistêmica do


setor cultural, com um enfoque para o item “Atos Análogos à censura”, que traz à baila a
censura do Festival de Jazz do Capão, bem como o Decreto Inconstitucional 10.755.

Ambos são exemplos de uma censura durante o procedimento de homologação da Lei


8.313 (Lei Rouanet) por parte de atos administrativos e serão objeto de estudo da presente
iniciação científica.

Nesse sentido, os principais objetivos do trabalho passam a ser:

5
BRASIL. STF. Informativos 796 e 797. ADPF 347 MC/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.9.2015.
1. Analisar o funcionamento das Cortes Chilena e Interamericana de
Direitos Humanos, bem como a matéria jurídica das decisões por estas
proferidas e que são objeto de estudo do caso “A última Tentação de
Cristo” (a decisão que levou a censura do filme em julho de 1997, e a
que levou, em fevereiro de 2001 a Condenação do Estado Chileno);

2. Analisar a ADPF 918 que declara o Estado de Coisas Inconstitucional


da Cultura, com um escopo para o caso “Festival de Jazz do Capão” e
para o Decreto 10.755, inserido na seção “atos análogos à censura”.

3. Comparar este tipo de violação da liberdade de expressão – que veio de


atos do poder executivo- com a censura da Corte Suprema do Chile –
que de veio de atos do poder judiciário.

4. Averiguar, com base no direito comparado da realidade chilena (iv).


como o instituto da Corte IDH poderia ser utilizado mais amplamente
na realidade brasileira, bem como (v). o conteúdo jurídico que tais
decisões poderiam adotar segundo a ordem constitucional brasileira.

2.4 Atividades desenvolvidas

Ao longo do semestre, participei, no dia 17 de Agosto, da aula “Direito e Arte”


ministrada pela Advogada Cristiane Olivieri para a Universidade Federal do Paraná, bem como
das aulas “Presente e Futuro do Cinema Iberoamericano” e “Legislação Cultural”, da Mostra
Internacional de Cinema de 2022.

Como estudante de direito, ingressei no Núcleo de Direito e Cultura (NDCULT), grupo


de estudos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. E como estudante de teatro,
tive aulas de produção cultural no Centro de Artes e Educação Celia Helena e tive trocas férteis
com outras artistas a respeito dos desafios do setor cultural, bem como dos próximos passos
para consolidar as suas garantias constitucionais.
Por fim, iniciei estágio no Escritório de Advocacia “Olivieri Advogados Associados”,
onde pude ver de perto o funcionamento da Lei 8.133 e me encontrar na linguagem dos direitos
culturais.
3. Relatório Científico

Nesta seção, serão discutidos os resultados preliminares da pesquisa: (i) o direito


fundamental à liberdade de expressão e o conceito de censura para o direito braisleiro; (ii) o
caso “ A Última Tentação de Cristo” e seus impactos para a realidade Chilena e (iii) a ADPF
918 e o Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura.

Será discutida, também, a bibliografia inicialmente coletada e sua expansão ao longo


da pesquisa, bem como o cronograma a ser seguido até a finalização do presente estudo.

3.1. Resultados Preliminares

“A dogmática dos direitos fundamentais, enquanto disciplina prática, visa, em última instância,
a uma fundamentação racional de juízos concretos de dever-ser no âmbito dos direitos
fundamentais. A racionalidade da fundamentação exige que o percurso entre as disposições de
direitos fundamentais e os juízos de dever-ser seja acessível, na maior medida possível, a
controles intersubjetivos” 6 - Robert Alexy, Teoria dos Direitos Fundamentais

A democracia necessita correr riscos para atingir a plena liberdade de seus cidadãos, bem
como a confiabilidade e a segurança jurídica do Estado” - Norberto Bobbio 7

“A ordem natural é dominada fortemente pela homeostasia, a regulação, a programação. É a


ordem humana que se desenvolve sob o signo da desordem. O homem é louco-sábio. A verdade
humana comporta o erro. A ordem humana comporta a desordem. Trata-se então de perguntar
se os progressos da complexidade, da invenção, da inteligência, da sociedade se realizaram
apesar de, com ou por causa da desordem e do erro, do fantástico. E responderemos ao mesmo
tempo, por causa de, com e apesar de. A resposta certa só pode ser complexa e contraditória
como o próprio homem” - Edgar Morran, O Enigma do Homem8

6
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais, Tradução de Virgílio Afonso

7
BOBBIO, Norberto. O filósofo e a política: antologia. Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 2003.

8
MORIN, Edgar. O enigma do homem. Rio de Janeiro, Zahar, 1975.
Para Dioniso, o sofrimento, a morte e o declínio são apenas a outra face da
alegria, da ressurreição e da volta. Por isso, "os homens não têm de fugir à
vida como os pessimistas", diz Nietzsche, "mas, como alegres convivas de um
banquete que desejam suas taças novamente cheias, dirão à vida: uma vez
mais". - Obras completas de Nietzsche9

3.1.1 O direito fundamental à liberdade de expressão e o conceito de censura para o


direito brasileiro

Robert Alexy, em seu livro “Teoria dos Direitos Fundamentais” escreve que toda teoria
dos direitos fundamentais realmente existente consegue apenas ser uma aproximação desse
ideal. 10

Há um emblema entre o dever e o ser quando se está diante dos direitos fundamentais,
em especial do direito de liberdade de expressão. Enquanto dever, a liberdade de expressão é
um Direito Fundamental no Ordenamento Jurídico Brasileiro nos seguintes dispositivos da
Constituição Federal de 1988:

Art. 5°, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Art. 5°, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e


de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Art. 5°, XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardo do sigilo


da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

Art. 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer
restrição, observado o disposto nesta Constituição.

9
Obras Incompletas – Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo, 1999.
10
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais, Tradução de Virgílio Afonso, pág. 39
1° – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena
liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação
social, observado o disposto no art. 5°, IV, V, X, XIII e XIV;

2° – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e


artística

Ainda, é necessário mencionar o artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos


Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), promulgada pelo direito brasileiro em 6 de
novembro de 1992 através do Decreto 678:

Art. 13 -Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão.


Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações
e idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por
escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de
sua escolha.

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito


a censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar:

a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou

b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou


da moral
públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos,


tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa,
de freqüências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a
comunicação e a circulação de idéias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o
objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância
e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.

No plano ôntico, porém, o ser não corresponde ao plano deôntico; àquilo que deve ser:
a realidade contém censura de natureza política; ideológica e artística, embaraço e restrição.

Carmen Lúcia, em seu voto na ADI 4.815, conceitua a censura:

“Censura é a forma de controle de informação: alguém, não autor do


pensamento e do que se quer expressar, impede a produção, a circulação ou a
divulgação do pensamento ou, se obra artística, do sentimento. Controla-se a
palavra ou a forma de expressão do outro. Pode-se afirmar que se controla o
outro, Alguém - o censor- faz-se senhor não apenas da expressão do
pensamento ou sentimento de alguém, mas também - o que é mais - controla o
acervo de informação que se pode passar a outros. 11

Em sua obra “Contra todo tipo de censura: pequeno tratado sobre liberdade de
expressão”, Gabriel Mautasch escreve que a libido censória, esse ímpeto de querer silenciar os
outros – via censura estatal ou coerção social – é de fato um dos institutos fundamentais da
nossa existência. Se alguém está muito certo da virtude de suas crenças, e certo da vileza da
opinião alheia, o impulso natural costuma ser o de procurar conter e silenciar aqueles que
ousem publicar suas ideias julgadas inaceitáveis12

Portanto, se a libido censória faz parte da natureza humana, é preciso uma atenção
especial para a proteção do direito à liberdade de expressão, bem como um amparo de institutos
jurídicos que possam remediar qualquer forma de controle de informação. É preciso, como

11
ADI 4.815, rel. Min. Carmen Lúcia, p. 45. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4271057
12 MAULTASH, Gustavo – Contra Toda Censura: pequeno tratado sobre a liberdade de expressão –
São Paulo: Avis Rara 2022.
afirma Robert Alexy, que o percurso entre as disposições de direitos fundamentais e os juízos
de dever-ser seja acessível, na maior medida possível, a controles intersubjetivos.

3.1.2 Breve análise do caso “A Última Tentação de Cristo”

O referido caso envolve a censura judicial imposta pela Corte Suprema do Chile à
exibição do filme “A Última Tentação de Cristo”, dirigido por Martin Scorsese. A denúncia
foi recebida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (doravante denominada
Comissão), e submetida à Corte Interamericana de Direitos Humanos (doravante denominada
“CIDH”).

O filme de Scorcese, que retrata as fragilidades; contradições e humanidades de Jesus


Cristo, foi alvo de críticas dos setores da sociedade ligados ao cristianismo. No Chile, o repúdio
foi tão forte, que o Conselho de Classificação Cinematográfica (órgão ligado ao Ministério da
Educação, e resquício da ditadura de Pinochet), proibiu a exibição do filme em novembro de
1988.

Em novembro de 1996, porém, o referido órgão passou a autorizar a exibição do filme


para maiores de 18 anos, o que fez com que sete advogados, em nome de Jesus Cristo, da Igreja
e de si mesmos, ingressassem com um recurso de proteção perante a Corte de Apelações de
Santiago.

A Corte Chilena tornou sem efeito a resolução do Conselho e em 2 de janeiro de 1997,


confirmou a decisão de proibir a exibição do filme.

Diante disso, e em conformidade com a regra do esgotamento dos recursos de direito


interno, os senhores Juan Pablo Olmedo Bustos, Ciro Colambra López, Cláudio Márquez
Vidal, Alex Muñoz, Matías Insunza Tagle e Hernán Aguirre Fuentes, como resultado da
censura judicial imposta à exibição cinematográfica do filme “A Última Tentação de Cristo”,
submeteram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (doravante denominada
Comissão) que, em 15 de janeiro de 1999, submeteu o caso à Corte Interamericana de Direitos
Humanos (doravante denominada Corte).
Foram evocados os seguintes artigos da Convenção: 13 (Liberdade de Pensamento e de
Expressão); 12 (Liberdade de Consciência e de Religião); 1.1 (Obrigação de Respeitar os
Direitos) e 2 (Dever de Adotar Disposições de Direito Interno).

Como resposta à decisão da Corte, o Chile editou a Lei nº 19.742/2001 que inseriu em
seu artigo 19, nº 1211, a expressa vedação à censura prévia:

12°. La libertad de emitir opinión y la de informar, sin censura previa,


en cualquier forma y por cualquier medio, sin perjuicio de responder de
los delitos y abusos que se cometan en el ejercicio de estas libertades,
en conformidad a la ley, la que deber ser de quórum calificado.

O estudo do caso, portanto, é um excelente exemplo de como os Institutos


Internacionais podem ser efetivos para a transformação e amadurecimento de um país, e um
lembrete de como o Poder Judiciário tem capacidade de censurar uma obra artística.

3.1.3 A ADPF 918 e o Estado de Coisas Inconstitucional da Cultura

No dia 13 de dezembro de 2022 o Conselho Federal da Ordem de Advogados do Brasil


(“CFOAB”), ingressou, no Supremo Tribunal Federal (STF), com uma Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), distribuída ao Min. Edson Fachin.

Nela, a CFOAB trouxe à baila uma série de atos inconstitucionais cometidos pela
Administração Pública durante a gestão do Governo Bolsonaro, que ensejaram o Estado de
Coisas Inconstitucional da Cultura e revelaram a intenção de desmonte e perseguição do setor
cultural.

A Portaria MTUR nº 12/2021; o Decreto 10.755; as Portarias 22 e 24 de dezembro de


2021; a exclusão de 5.300 exemplares de livros do Acervo da Fundação Palmares; os projetos
Rouanet já analisados que ficaram paralisados devido à omissão da Secretaria Especial da
Cultura em emitir a validação e homologação. São esses todos exemplos da discussão do mérito
da ADPF 918 e vetores que apontam para o supracitado Estado de Coisas Inconstitucional
Tal conceito trata-se de uma técnica hermenêutica aperfeiçoada pela Corte
Constitucional Colombiana - um exemplo de como o constitucionalismo latino-americano está,
e deve, ser cada vez mais interligado – e pode ser definido como uma violação generalizada e
sistêmica de direitos fundamentais; inércia ou incapacidade reiterada e persistente das
autoridades públicas em modificar a conjuntura; transgressões a exigir a atuação não apenas de
um órgão, mas sim de uma pluralidade de autoridades13

Nessa toada, tendo em vista o pragmatismo do estudo, o escopo da ADPF está no item
“atos análogos a censura”. Analisar-se-á o caso de censura do Festival de Jazz do Capão e do
§ 2º do art. 50 do decreto 1.755/2021.

O Projeto Festival Jazz do Capão (pronac 201126) foi aprovado para captação de R$
147.290,00 em outubro de 2022. Em junho de 2021, porém, a FUNARTE emitiu parecer
desfavorável devido a postagem do Festival em sua página do Instagram que se declarava
“contra o fascismo e a favor da democracia”, além de inserir justificativas explicitas de
motivações religiosas.

Tal parecer ensejou a Ação Popular com Pedido de Liminar na 3ª Vara Federal da
SJBA, e o autor do parecer fez um acordo para prestar 140 horas de serviços comunitários para
não ter que responder a uma ação Penal do Ministério Público Federal.

Posteriormente à explicita censura, foi publicado o Decreto 10.755/2021 que sem seu
§ 2º do art. 50 determina o que segue:

§2º Fica vedada a utilização de logomarcas, símbolos ideológicos ou


partidários nos casos a que se referem s incisos I e II do caput

É evidente que o ocorrido foi um ato de censura, na medida em que houve impedimento
de produção, circulação e divulgação do sentimento da obra artística do Projeto Festival Jazz

13
O primeiro caso de reconhecimento de Estado de Coisas Inconstitucional na Colômbia data de
novembro de 1997 e tratava da negativa, por parte dos municípios, de pagamento de determinado
benefício previdenciário a professores. COLÔMBIA. Corte Constitucional. Sentencia SU-559/97
do Capão em um explícito abuso de autoridade durante o procedimento de realização de
projetos pela Lei 8.133 (Lei Rouanet)

Analisar-se-á, mais a frente na pesquisa, o funcionamento da referida Lei. Mas a


conclusão que se chega é que a censura encontra abrigo no limite – que parece nebuloso - entre
atos discricionários e vinculados. No caso do Festival, o projeto atendeu a todos os requisitos
legais e já havia sido devidamente aprovado e publicado. O restante do procedimento de
realização do pronac deveria ser pautado, portanto, com base nas previsões legais da Lei 8.133,
ou seja, os atos deveriam ser vinculados.

Essa mesma lei tem mecanismos para impedir este tipo de apreciação subjetiva em seus
artigos 22 e 39, in verbis:

Art. 22. Os projetos enquadrados nos objetivos desta lei não poderão ser objeto
de apreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou cultural.

Art. 39. Constitui crime, punível com a reclusão de dois a seis meses e multa
de vinte por cento do valor do projeto, qualquer discriminação de natureza
política que atente contra a liberdade de expressão, de atividade intelectual e
artística, de consciência ou crença, no andamento dos projetos a que se refere
esta Lei.

Ainda, vale mencionar a definição de atos vinculados de Maria Sylvia Zanella Di Pietro
em seu Curso de Direito Administrativo:

“Pode-se, pois, concluir que a atuação da Administração Pública no exercício


da função administrativa é vinculada quando a lei estabelece a única solução
possível diante de determinada situação de fato; ela fixa todos os requisitos,
cuja existência da Administração deve limitar-se a constatar, sem qualquer
margem de apreciação subjetiva”

É possível concluir, pois, que o que se vê, aqui, é um caso de censura por parte do Poder
Executivo, que representa uma violação generalizada e sistêmica do direito fundamental à
liberdade de expressão.
5. Cronograma

Para os seis meses seguintes, estipula-se o seguinte cronograma, com as


devidas alterações para melhor adequá-lo ao calendário atualizado.

Entrega do relatório parcial e início dos Março (2023)


debates na modalidade online e/ou
presencial com o orientador sobre os
resultados obtidos na pesquisa em cada
etapa
Continuidade dos debates na Abril (2023)
modalidade online e/ou presencial para
aprofundamento da bibliografia
Coleta e organização dos resultados Maio (2023)
obtidos
Orientação de encaminhamento de Junho (2023)
conclusões preliminares
Redação do trabalho de Iniciação Julho (2023)
Científica e produção do texto a ser
examinado e depurado
Entrega do Relatório Final e defesa Agosto (2023)
6. Referências bibliográficas

1. ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais, Tradução de Virgílio Afonso

2. ANUARIO DE DERECHO CONSTITUCIONAL LATINOAMERICANO.


BOGOTÁ: KONRAD ADENAUER. (vários números).

3. BARROSO, Luís Roberto. Contramajoritário, representativo e iluminista: os papéis


das supremas cortes e tribunais constitucionais nas democracias contemporâneas.
Revista Interdisciplinar de Direito, v. 16, n. 1, p. 217-266, 2018.

4. DA SILVA FERREIRA FILHO, Marcílio. O protagonismo das cortes constitucionais


na América Latina: a construção de uma nova visão hermenêutica para efetivação de
direitos. Fórum, 2018

5. LACAMBRA, Luis Legaz y. Derecho e Libertad. Buenos Aires: Editor Lavalle, 1952.

6. RUSSEL, Bertrand. Caminhos para a liberdade de expressão. São Paulo, Martins


Fontes, 2005

7. FAVOREU, Louis. As Cortes Constitucionais. São Paulo: Landy, 2004

8. RODRIGUES, Amanda Carolina Buttendorff; BARBOSA, Claudia Maria. Cortes


Constitucionais, um estudo comparado. PublicaDireito. Disponível em: http://www.
publicadireito. com. br/artigos.

9. OLIVIERI, Cris e NATALE, Edson – Direito, arte e liberdade – São Paulo: Edições
Sesc São Paulo, 2018, Pág. 39

10. Inter-American Commission on Human Rights. Office of the Special Rapporteur on


Freedom of Expression. El Derecho de acceso a la informacion en el marco jurídico
interamericano = the inter-American legal framework regarding the right to access to
information / Relatoria Especial para la Libertad de Expresión, Comisión
Interamericana de Derechos Humanos. p. ; cm. (OEA documentos oficiales ; OEA
Ser.L/ V/ II CIDH/RELE/INF.)(OAS official records; OEA Ser.L/ V/ II
CIDH/RELE/INF.) ISBN 978-0-8270-5441-7

11. Sentenças da Corte Interamericana — Português (Brasil)

MDH-Sentenças da Corte Interamericana — Português.pdf

12. OEA :: Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão > OEA __ Relatoria Especial
para a Liberdade de Expressão-Declaração de Princípios sobre Liberdade de
Expressão.pdf

13. MAULTASH, Gustavo – Contra Toda Censura: pequeno tratado sobre a liberdade de
expressão – São Paulo: Avis Rara 2022.

14. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella – Direito Administrativo- 33. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020.

15. Fronteiras entre a eficiência jurídica e a censura: estudos sobre o Supremo Tribunal
Federal e a ditadura/ Álvaro Gonçalves Antunes Andreucci, organizador – São Paulo:
Universidade Nove de Julho, UNINOVE, 2016 (Estudos de Iniciação Científica; v2)

16. EMIR, Sader - Chile: 181-199, da independência a redemocratização – São Paulo


Brasiliense, 1991

17. Los limites de la tolerância: liberdad de expression. y debate público em Chile – Human
Rights Watch (Organização), Santiago Chile LOM, 1998, 1 ed.

18. Constituição do Chile, disponível em


https://www.oas.org/dil/esp/constitucion_chile.pdf

19. ADPF 918, disponível em


https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=6313396

20. Ação Popular nº 1054164-86.2021.4.01.3300. 3ª Vara Federal Cível da SJBA

21. ADI 4.815, rel. Min. Carmen Lúcia, p. 45. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4271057
22. ADPF 614, rel. Min. Carmen Lúcia. Disponível em:
https://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5759332
23. O primeiro caso de reconhecimento de Estado de Coisas Inconstitucional na
Colômbia data de novembro de 1997 e tratava da negativa, por parte dos municípios,
de pagamento de determinado benefício previdenciário a professores. COLÔMBIA.
Corte Constitucional. Sentencia SU-559/97
24. KAZANTZÁKIS, Nikos. A última tentação. 2. ed. Trad. Marisa Ribeiro Donatiello.
São Paulo: Grua, 2015.
25. Disponível em: . Acesso em: 15 nov. 2016. CORTE Interamericana de Direitos
Humanos. Caso Olmedo Bustos e Outros vs. Chile. Julgado em 05 fev. 2001.
Disponível em: <
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/04/f30eb7942e6ea89e4d2ec4ca870
784d3.p df >
26. O CASO “A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE CRISTO” E O SISTEMA
INTERAMERICANO DE DIREITOS HUMANOS: QUANDO O CONTROLE DA
SEXUALIDADE SUBJAZ À LIBERDADE DE CRENÇA, PENSAMENTO E
EXPRESSÃO Maiquel Ângelo Dezordi Wermuth1 Pâmela Copetti Ghisleni.
27. LOTTA, Gabriela e ABRAMOVAY, Pedro. A Democracia Equilibrista: Políticos e
burocratas no Brasil. Companhia das Letras, São Paulo, 2022

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