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1. DEFINIÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

1.1 Tema

Esta pesquisa tem por finalidade, a reflexão sobre a noção de carnaval como
representação da espetacularização da vida, bem como da desconstrução, visto que o
mesmo traz a desordem, pois exige fantasia, exagero, humor, criando a paródia e a
conseqüente destruição do objeto. Desse modo, nota-se que a desordem tornar-se-á um
campo fértil, no qual desaparece, a princípio, a ordem hierárquica, pois de acordo com
Bakthin( 2002): não há divisão entre atores e espectadores.(P.122-3).

Cria-se, portanto o seguinte questionamento: Até que ponto o indivíduo seguirá


em alienação dentro do caos trazido pelo rompimento de regras, entretanto é preciso
pensar que a desordem (o vale-tudo) poderá ser útil, já que poderá ocorrer o ímpeto da
reorganização. A esse discurso, buscou-se fazer uma correlação com o panorama social
apresentado na obra de Manuel Rui.

Em Quem me dera ser onda temos um cotidiano revolucionário de uma sociedade


angolana, cujos valores utópicos são questionados em função de um momento em que
se verifica que os ideais perseguidos por heróis como Agostinho Neto, se esfacelam
diante da intransigência do comunismo stalinista, bem como diante da constatação de
que os problemas sociais nos países africanos de língua portuguesa, infelizmente não se
solucionaram com a Independência política daquelas nações.

Buscou-se, também o diálogo que o texto apresenta com o clássico de George


Orwel: A revolução dos bichos. Obra satírica, que aponta para os fatos históricos e que
serve como pano de fundo para a interpretação de uma sociedade, pois, na obra de
Orwel, o sonho de um velho porco de criar uma granja governada por animais, sem a
exploração dos homens, concretiza-se com uma revolução. Como acontece com as
revoluções, a dos bichos também está fadada à tirania, com a ascensão de uma nova
casta ao poder. Nesta fábula feita sob medida para a Revolução Russa, todos os animais
são iguais, mas uns são mais iguais do que os outros.
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A carnavalização, segundo Mikhail Bakhtin pode se tratar de uma inversão dos


costumes consagrados, na verdade, um mundo visto pelo avesso, daí remetemo-nos à
paródia.

Retomando a novela, podemos pensar que o porquinho, Carnaval da Vitória é um


ícone necessário para trazer à tona, a figura do reprimido, já que pode estar
representando o povo o que nos remete à quebra de hierarquia imposta pelo regime
soviético. O animal pode significar o atalho que dará acesso à maturidade que se faz
necessária para que essa geração (representa pelos três meninos) não cometa os mesmos
erros do passado, o qual é o presente da ficção.

Assim, houve um espaço para que se pensasse na presença do porco como


elemento de desordem naquele prédio, ( o qual, obviamente teria que cumprir leis)
habitado por pessoas de uma classe média angolana, visto que as personagens adultas
retratadas trabalham para o Estado, vão às compras, enfim vivem relativamente bem em
detrimento da maioria. O grupo tenta conviver dentro daquela difícil realidade, visto que
os problemas de ordem estrutural são muitos, como por exemplo, filas intermináveis,
escassez, entre outros.

É preciso ressaltar, também, a quem se dirige a sátira de Manuel Rui, diante


daquele contexto histórico-político-cultural do conto em Angola semelhante ao que
pretendeu Orwel,(um militante desiludido com a Revolução Russa) no que tange às
questões sociais de 1945, principalmente ás ocorridas na então União Soviética, alvo da
fábula. Convém fazer um breve histórico do que isso veio a ser: À época do pós-guerra,
sabemos que houve um fortalecimento da ditadura de Stalin, que sustentou o poder até
1953 com um rígido controle da burocracia e com perseguição implacável aos
opositores, assim grandes patriotas foram executados como traidores pelas depurações
stalinistas. Sob a ditadura dos comunistas a União Soviética veio a ser uma das maiores
potências do mundo, rivalizando-se com os EUA, sobretudo no campo militar, fato que
deu origem à Guerra Fria.
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1.2 Questões de Estudo

A história de Manuel Rui mostra a rotina de uma família que mora num prédio
(com falhas estruturais) de Luanda (como já foi mencionado anteriormente). O narrador
deixa nas entrelinhas, com ironia essas questões ocorridas no local: Faustino só tirava o
dedo do botão quando o elevador aparecia[...]Carregaram no botão. O elevador nunca
mais.[...].( Rui, Manuel In: Quem me dera ser onda. P.7-8)

É importante refletir sobre o significado do ato de Diogo, personagem que


representa o pai das crianças, o qual resolve trazer um porco (clandestinamente) para a
casa. Ele tem a intenção, apenas de variar o seu cardápio - já tão pífio que se resume ao
peixe frito diário -porém as crianças imediatamente se identificam com aquele
elemento, além do mais ocorre o estranhamento e a inadaptação, esses fatos logo
acarretariam, naquele recinto privado, o rompimento da hierarquia, bem como a
inversão de valores.

Assim, retornaremos ao conceito do crítico russo sobre a carnavalização, já


percebida naquele ambiente angolano. Bakthin(2002) : [...] Não se contempla e, em
termos rigorosos, nem se representa o carnaval, mas vive-se nele e vive-se conforme as
suas leis enquanto estas vigoram[...] uma vida às avessas, um mundo invertido. (P.122-
3).

O mundo invertido, denunciado pelo porco poderia ser traduzido como a


engrenagem estatal socialista, que pregava um discurso, já esvaziado, não mais
condizente com o real, nota-se que a máquina não dá conta (tanto por desinteresse,
quanto pela má administração) dos anseios do povo, para o qual tudo foi prometido.

Pensemos que diante de um sistema – no qual coexistem o privado e o público –


tão falho, a presença clandestina do animal poderá ser entendida como um gesto
anárquico fragmentado, já que não se observam unidades maiores compactuando com
esse gesto, no caso, uma ação elaborada por crianças (figuras sempre valorizadas pelo
autor, bem como no contexto do imaginário africano). Elas resolvem, a princípio batizar
o porquinho, de “Carnaval”, após terem conseguido burlar as regras do condomínio e a
seguir, acrescentam “ da Vitória”, por se tratar da denominação de uma data festiva
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revolucionária, o que passou a ter relação como o fato da não descoberta do bicho. Ou
seja, a denominação do próprio ato revolucionário das crianças.

Quanto às crianças, Zeca, Ruca e Beto, temos uma interessante leitura da


Professora Laura Padilha:

[...] as crianças reescrevem a estória dos sonhos,


do jogo e começam a travar outras lutas tão
dolorosas como dos outros meninos, já então
antigos.

[...] o mundo continua a ser recuperado


narrativamente [...] pelo olhar das crianças.[...]
Nesse mundo assim recuperado, invertem-se as
expectativas e os sonhos[...] P.151

Observa-se, também que no texto de Manuel Rui, a ausência da figura do velho no


recinto do lar. Por exemplo, não vemos a figura de avó, avô, enfim dos representantes
das tradições ancestrais, o que poderia servir de apoio às crianças.

A pequena guerra travada pelos três meninos naquele prédio (onde as leis são
burladas o tempo todo) pode representar a desconstrução do discurso socialista imposto,
não só naquela comunidade, como também no âmbito geral.

Retomando o crítico russo, o qual afirma que a principal ação carnavalesca (a ser
refletida neste trabalho) trata-se da coroação da bufa e a seguir o destronamento do rei
do carnaval.(P.124) , fatos que trarão as mudanças e a conseqüente renovação.

Desse modo podemos nos transportar ao conto e refletir que o mesmo faz uma
paródia sobre as organizações estatais.

A comicidade reside sob vários aspectos, dentre os quais, a perspectiva de morte e


renovação diante do ritual carnavalesco, como por exemplo, a marca sutil nesta frase,
proferida pelo menino, Ruca no batismo do porco: E no carnaval a gente mata e come.
Com fiscal ou sem fiscal[...]. Temos também um outro elemento cômico: o fato de
Diogo, a princípio rejeitar tal elemento desagregador, o porco. Chamando-o, inclusive
de “pequeno-burguês”, já que o animal, por incrível que pareça tem acesso ao que está
vedado para o resto da família. (Rui, Manuel.Ob.Cit. P.10-19).Contudo, o homem sabe
que precisa desta desordem para obter o seu intento, posto que tenha os resquícios
burgueses, apesar da ideologia vigente.
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Quanto ao diálogo do conto com a Revolução dos bichos, de Orwel, percebe-se no


início as mesmas palavras de ordem, já tão esvaziadas no contexto político angolano-
socialista, proferidas pelo porco Major:[...]E, principalmente, jamais um animal deverá
tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos.
Todos os animais são iguais.(Apud:Sut, Helena.IN: Recanto das Letras).

A fábula conta a insurgência dos animais de uma fazenda, insuflada pelas palavras
de ordem de um porco idoso, que em uma noite, após o dono da fazenda se embriagar,
comenta um sonho visionário: habitar num mundo sem a presença humana, isto posto,
reitera a necessidade de os bichos assumirem as rédeas de seus destinos.

Com a morte do porco, há uma elevação de sua figura heróica, então ocorre a
premeditação do levante, salvo os argumentos dos mais conservadores, que temiam
morrer de fome.

Resumindo as passagens da fábula, sabemos que todas as regras foram


adulteradas, como por exemplo, a principal que afirmava a igualdade de todos, já que os
porcos se apossaram dos modos do Sr. Jones, ou seja, se consideravam melhores que os
outros: eles fumavam, bebiam, andavam bem vestidos e com isso percebeu-se que os
outros (mais inferiores) trabalhavam mais e recebiam menos comida do que qualquer
um da região.

Ao final já não se distinguia a figura do porco em relação à humana, já que


estavam iguais.

Essa revolução, como todas as outras está condenada ao fracasso, posto que a sede
de poder inebrie o ser, desse modo ocorrerá a tirania e o desrespeito para com o
próximo, já que o conceito de igualdade não é para todos.

George Orwel, além de autor era um militante político marxista, mas se


desencantou com o governo stalinista, (como já foi mencionado anteriormente) assim
escreveu essa história, que na verdade é uma sátira dirigida à revolução russa. Alguns
dos principais personagens remetem-se aos revolucionários russos: Major é Lênin;
Napoleão é Stalin, entre outros.

Manuel Rui Alves Monteiro nasceu no Huambo em 1941, tendo sido Ministro da
Informação do Governo de Transição. Ele está no rol dos principais ficcionistas
angolanos.
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O autor com essa obra aparentemente despretensiosa produz algo, que até à época
da publicação, 1985 não havia sido descrito: os problemas estruturais de uma cidade
dentro do contexto-social. Como o regime socialista burocrático e que privilegia a
poucos dará conta das necessidades daquela população.?

2. JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS.

Há a necessidade de se avaliar a questão sobre até que ponto o mundo mascarado


retratado no conto agiu e se ainda deixou seqüelas no imaginário daquela geração
retratada, como por exemplo, a ação dos meninos, pois de certa forma eles tiveram uma
participação política no conto, notou-se que tinham uma visão crítica do que estava
acontecendo, portanto faz-se necessária a tentativa de avaliação dessa geração,
comparando-se com a atual, já que hoje a revolução na cabe mais: o que esse jovem
espera, já está inserido nos valores narcisísticos pós-modernos e capitalistas? Enfim são
questões interessantes a serem refletidas ao longo do trabalho.

Ressalta-se a importância de Manuel Rui nesse contexto, pois o mesmo fez uma
abordagem irônica e sutil das dificuldades de funcionamento daquela nova sociedade
angolana, colocada no plano sócio-político, porém é preciso trilhar outros caminhos,
quanto aos estudos dos processos ocorridos nesses vinte anos de história, ou seja, o
aprofundamento não só nos fatos oficiais (os que todos sabem) da revolução, como
também, nos espaços vazios da memória (o que nem todos sabem.).

Tudo isso, através das ferramentas disponíveis, no sentido de uma melhor


compreensão da abordagem pretendida pelo autor angolano, assim este pré-projeto
busca visualizar o contexto histórico-político-social angolano, retratado no conto.

Portanto, torna-se interessante o aprofundamento nas idéias de Bakhtin, a respeito


da ambigüidade do ritual carnavalesco, ou seja, do efeito provocado pela paródia, já que
simbolizando uma mudança poderá significar a morte e renovação do objeto. Assim, o
objeto criticado, a degradação estrutural luandense poderá ser entendida como uma
metáfora de um governo falido, envelhecido antes do tempo, apodrecido por tantos
esquemas e fraudes.
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Não podemos deixar de justificar o estudo comparativo com a fábula de George


Orwel, pois ele abordou com maestria a questão da denúncia de uma revolução
esvaziada, que primou pela manipulação e uso das massas a seu favor, mas esse
contingente ficou sem uma resposta para as tantas promessas de felicidade, através da
igualdade feitas. Ressalta-se que Manuel Rui, bem como outros autores, dentre os quais
Pepetela abordam essas questões sobre o desencanto revolucionário, porém o primeiro
traz o assunto de modo sutil refinado e inteligente, pois as personagens em questão
podem simbolizar a quebra da ordem e da lógica de um sistema, o qual deixou de
representar o cenário das imagens e das emoções de uma nação que precisava se
reerguer, o que deu margem para a comparação com a fábula supra citada.

O autor deixa claro que o sistema “consagrado” criou vários problemas para a
população, assim Manuel Rui deixa nas entrelinhas, a necessidade de mudanças.

3. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

3.1. Fundamentação Teórica

O fato de se buscar os pressupostos estéticos e políticos dentro da obra deve-se à


riqueza dos mesmos, no tocante às discussões tão acaloradas sobre a utilidade da arte,
sobre o fato de o autor buscar (ou não) um compromisso com as denúncias sociais bem
como a quebra de valores, a fragmentação do sujeito, entre outros.

Tais conceitos estão inseridos no recorte do tempo, do espaço, bem como na


utilização jogo da palavra do autor e essa palavra define o que está em jogo na política
como experiência.

Por esse motivo, buscamos as idéias de Bakthin sobre os conceitos de paródia, os


quais estão agregados aos da carnavalização, posto que os festejos carnavalescos
constituem o ápice da inversão do processo cultural.

Ao relacionarmos esses pressupostos ao coto, podemos pensar que as restrições, as leis,


o medo, a devoção, enfim tudo o que fosse benéfico ao aparato governamental angolano
seriam extra-carnavalescos, ou seja passíveis de revogação durante o carnaval.
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Segundo Jacques Rancière, Professor Emérito de Estética e Política na


Universidade de Paris:

A questão da ficção é, antes de tudo, uma questão


de distribuição de lugares. Do ponto de vista
platônico, a cena de teatro, que é
simultaneamente espaço de uma atividade
pública e lugar de exibição dos “fantasmas”,
embaralha a partilha das identidades, atividades e
espaços. O mesmo ocorre com a escrita:
circulando por toda a parte, sem saber a quem
deve ou não falar/.../ P.17

Assim, de acordo com o exposto acima, podemos nos remeter às questões


discutidas na obra: a representação do elemento desagregador, carnavalizado fez a
distribuição dos lugares. Ao simbolizar a quebra das hierarquias notamos também, uma
crítica em relação ao povo angolano, que se submete, entra no esquema, preferindo
fingir que a vida segue normalmente, ou seja: vivem das aparências, pois o que se vê no
conto é o fato de se cumprirem obrigações burocráticas publicamente, para, a seguir
descumpri-las sorrateiramente.

Retomando Rancière, percebemos que um outro ambiente, o qual precisaria fazer


a distribuição de lugares, isto é, ser desagregado, é a instituição de ensino, a metáfora do
poder vigente (... lugar de exibição dos “fantasmas”....): uma máquina de engrenagens
já enferrujadas, que compactua com os valores stalinistas de conspiração.(Magnoli,
Demétrio.2006) que está muito bem representada na passagem em que não se permite
que os alunos pensem por si próprios e nem sonhem (podendo ser traduzido por “um
problema psiquiátrico”). O narrador deixa bem claro que o modelo escolar é arcaico e
ditatorial, portanto aproximando-se da intolerância colonial, nota-se o interrogatório,
pelo qual a professora idealista passou. P.30-31
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4- METODOLOGIA

Para a produção deste trabalho, foi analisada a novela de Manuel Rui: Quem me
dera ser onda com o apoio dos autores citados: Mikhail Bakhtin em: Problemas da
poética de Dostoievski, George Orwel em: A revolução dos bichos, Jacques Rancière
em A partilha do sensível , Demétrio Magnoli em Sociologia de combate e da
Professora Doutora Laura Cavalcante Padilha em: Entre voz e letra. O lugar da
ancestralidade na ficção angolana do século XX.

4.1 CAMPO DE OBSERVAÇÃO

Para produção do corpus do trabalho será necessária a investigação do contexto


histórico, sócio-político e cultural dentro de um período de vinte anos (1985-2005).

4.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Serão usadas outras obras para o diálogo com a obra principal, dados geopolíticos
e produções crítico - filosóficas, além da fábula em questão.

4.3 CRITÉRIOS PARA ANÁLISE DOS DADOS

A análise dos dados será feita através de fontes literárias, virtuais, mídia, revistas,
entre outros.

4.4 DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO

O procedimento de realização da pesquisa dar-se-á da seguinte forma:

 Fundamentação teórica;

 Investigação do problema e suas hipóteses;

 Análise literária e sociopolítica;

 A comprovação das hipóteses.


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5. BIBLIOGRAFIA

BAKHTIN, Mikhail. In: Problemas da poética de Dostoievski P.124 (Apud Figueiredo


Adriana A parecida de. In: Conceito de paródia em Mikhail Bakhtin). Disponível em:
http://www.ucm.es/info/especulo/numero31/fichivo.html. Acessado em 22/10/2006

MAGNOLI, Demétrio. In: Sociologia de combate.In: Jornal O Globo. Segundo


caderno.Rio de Janeiro. 15/10/2006.

ORWEL, George. In: Revolução dos bichos(Apud:Sut, Helena.IN: Recanto das Letras).
Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br. Acessado em 22/10/2006

PADILHA, Laura Cavalcante. IN: Entre voz e letra. O lugar da ancestralidade na


ficção angolana do século XX. Niterói.Editora Federal Fluminense. P. 151-52

RANCIÈRE, Jacques. In: A partilha do sensível. São Paulo. 34. 2005

RUI, Manuel. In: Quem me dera ser onda. UniãoEndiama. 1989. P.10-19-30-31
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