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TRADUZIR O SENTIR/CONHECER NA LÍNGUA DO INVASOR:


GAMALIEL CHURATA E O COMBATE DE EL PEZ DE ORO

Cesar Augusto López Nuñez (UNASM)34

Resumo: Publicado no ano de 1957, El pez de oro, de Gamaliel Churata, é considerado a bíblia
do indigenismo peruano não só pela extensão que possui, mas porque sua classificação tem sido
um grande problema para os pesquisadores. O texto transitaria entre o romance, a poesia, o teatro,
a música, o carnaval andino (pukllay), o delírio xamânico (laykhakuy), etc. e, nesse sentido, nos
apresenta um evento no qual podem ser percebidos dois objetivos. O primeiro está relacionado
com a desterritorialização do espanhol e as formas genéricas da tradição ocidental. Isso permite,
em segundo lugar, a apresentação de uma estética distinta à do colonizador. Em outros termos, a
luta que se estabelece no texto com as palavras (λογομαχία), as incrustações do quéchua e aymara
respondem à necessidade de traduzir uma ontologia divergente da hegemônica.
Palavras-chave: Estética. Tradução. Epistemologia. Pensamento ameríndio. Gamaliel Churata.

1. El pez de oro

Publicado no ano de 1957, El pez de oro, de Gamaliel Churata, é considerado a


bíblia do indigenismo peruano não só pela extensão que possui (quase mil páginas), mas
porque sua classificação tem sido um grande problema para os pesquisadores. Para
alguns, o texto pode ser entendido como uma peça de teatro, já que no começo da obra o
autor indica a participação de vinte e cinco personagens, aproximadamente. Não obstante,
Churata inclui personagens múltiplos como sonhos, versos, bactérias e, inclusive, uns três
magníficos etcéteras. Neste sentido, o texto propõe uma realidade em movimento ou
vivente, além de múltipla e de opera aperta. Esses dados não devem ser considerados
mínimos nem pertencentes a uma vontade que procuraria surpreender ao leitor, mas vias
capitais de leitura do texto.
Outros pesquisadores catalogam a obra como um romance. Acreditamos que essa
postura é produto de que El pez de oro abarca um vasto leque de expressões dentro da sua
estrutura como poesia, com uma clara intenção musical, uma introdução homilética,
diálogos teatrais e histórias em distintos planos. Ainda assim, a possibilidade de
classificar este “peixe” não é fácil e acreditamos que a intenção taxonômica da crítica não
deveria insistir nesse tema, pois parece que o impulso principal desse produto estético
está relacionado com a intenção de impossibilitar sua colocação passiva nas prateleiras.

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Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-
mail: octaviomermao@gmail.com.
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Mesmo assim, nós tentaremos nomeá-la, mas sem nenhuma intenção pertencente aos
parâmetros contra os quais o livro lutaria: os parâmetros ocidentais.
Um dado interessante deste texto responde à questão da sua feitura. O autor
demorou aproximadamente trinta anos em acabá-la e sua aparição no panorama das letras
peruanas representou uma tarefa inalcançável para as capacidades hermenêuticas da
intelligentia peruana dos começos da segunda metade do século XX. Poderíamos dizer,
sem temor a errar, que a criação literária no Peru sempre esteve um passo além dos
críticos. Nesse sentido, é importante fazer duas observações.
Em primeiro lugar, El pez de oro é um texto que depende muito dos anos prévios a
sua aparição no tocante aos movimentos artísticos da vanguarda, especialmente com o
surrealismo. O mesmo Churata, inclusive, debateu com César Vallejo sobre a importância
deste movimento artístico para a produção estética da América Latina. Somado a isso, as
transformações socioeconômicas do altiplano peruano foram fundamentais para criar um
espaço de efervescências do qual o escritor não esteve excetuado.35 Em segundo lugar, o
substrato epistêmico da obra será a linha de fuga que guiará o seu movimento fora da
episteme do pensamento do colonizador. Nesse sentido, não se apresentaria uma
dependência, em El pez de oro, do surrealismo, mas um transcender do mesmo, porque o
que Churata faz é sondar os limites desta corrente em prol de permitir falar a voz ou vozes
de um pensamento outro.36
Como pode se observar, a obra da qual falamos desbordaria a ideia de representação
pela variabilidade caleidoscópica que apresenta: não seria uma obra, senão muitas obras
ou muitas dobras de experimentação estética. Além da multiplicidade de personagens
teríamos uma multiplicidade de espaços nos quais estes poderiam habitar. Por outro lado,
tentaria se afastar das suas influências externas até subsumi-las em um marco distinto de
compreensão e interpretação. Em outros termos, Churata aproveitar-se-ia das potências
estéticas ocidentais. Finalmente, o tempo que tomou escrever este “peixe” permitir-nos-
ia afirmar que este produto estético é um work in progress e por essa razão deveria se
fazer muita ênfase na sua proposta de movimento. Sem dúvida, estas questões têm
semelhanças com O Guesa do genial Sousândrade, já que as pautas de ambas as obras
apontariam, finalmente, a um plano de aproximação da realidade do nosso continente.

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Elizabeth Monasterios (2015) e Juan Ulises Zevallos (2013) fazem um aporte imprescindível para
compreender o tempo de Churata.
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Marco Thomas Bosshard faz uma análise detalhada do surrealismo e certas influencias deste fora da
Europa no seu livro, presente na bibliografia, Churata y la vanguardia andina (2014).
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2. O problema da tradução

Acreditamos que o problema de El pez de oro é fundamentalmente epistêmico,


posto que aborda um tema de conhecimento afastado de uma prática de compreensão: a
prática do colonizador. Mas, o que queremos dizer com isto? Que este peixe pertence a
um vértice de conhecimento pouco prestigiado, apagado, inexplorado ou, melhor,
invisibilizado. Aqui faz sua aparição o problema da tradução e seu fundo, ou
profundidade, ontológica. Boaventura de Sousa Santos indica que o que aconteceu nos
lugares imersos nas práticas colonizadoras, além de serem destruídos de uma maneira
muito prática, no sentido material sofreram uma violência de tipo epistêmica ou
epistemicídio, exatamente (2010). Em outras palavras, aconteceu nas experiências
coloniais, uma ontomaquia, uma batalha ontológica da qual o vencedor foi aquele vindo
de ultramar. Essa derrota para as ontologias nativas, suas narrativas, suas estéticas e suas
formas políticas abriu passagem para sua desqualificação como modelo de análise do
mundo e, posteriormente, seu lento desaparecimento.
Contudo, existiram formas de resistência que mantiveram certos protocolos de
leitura no tempo e no espaço e, para ser um pouco poéticos, porém sem perder o rigor,
nos corpos mesmos. A importância destes protocolos tem a ver, sobretudo, com a forma
de olhar a existência de uma diversidade infinita de fenômenos pessoais ou de tipo
subjetivo (em breve aprofundaremos neste ponto). E não só sobreviveram, também
estabeleceram laços conflituosos, tensos e intensos com as formas de poder colonial. É
importante dizer, neste plano, que as formas puras não existem, mas sim as formas
misturadas de interpretação do cosmos. Provavelmente a pureza nunca existiu e nós
acreditamos demais no evangelho platónico, provavelmente. Isto quer dizer, também, que
as formas, tal e como nós as conhecemos, são produtos de lutas de potências expressivas
conjugadas em um plano que muitas vezes é um conjunto de dobras.
A tarefa de Churata teria, então, duas frentes. Por um lado, a tradução de uma
ontologia outra e, por outro, a tradução de um outro modo de enfrentar a multiplicidade.
Uma distinta a de classificação de objetos, mas uma de relação de sujeitos. O surgimento
do problema epistêmico teria a ver com um problema, no nível literário, pelo menos, de
expressão. A ideia poderia se entender como um deixar novamente livre formas de ver e
escutar pouco atendidas e brincar com os elementos da exterioridade destas. Por este
motivo, seria inclassificável El pez de oro porque está interessado em elaborar uma forma
a partir de formas estabelecidas. Deleuze e Guattari utilizam o termo desterritorializacão
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para se referir a este acontecimento (2014, 2010). Para dizê-lo de outra forma, o que se
opera em El pez de oro é a expressão das formas do afora do pensamento europeu.
Poderíamos chamar este evento estético como um de tipo crítico, já que desestruturaria
formações estratificadas para permitir emergir uma enorme diversidade de vozes a partir
do que se entenderia do conceito de relação no pensamento ameríndio: a ampliação de
laços subjetivos. Face a esta modalidade encontrar-se-ia o naturalismo ocidental ou a
denominação e dominação dos objetos do cosmos37.
O que se intentaria propriamente expressar/traduzir? Um conhecimento outro do
ser. Quais são as características deste? Fundamentalmente a imanência, a continuidade da
vida e a partilha generalizada ou ampla desta que permitiria uma comunhão dos viventes
do cosmos. O princípio reitor do livro mostra duas chaves: 1) o descobrimento da
perenidade da vida e a ficção da morte e 2) a fertilidade como seu imperativo categórico.
Melhor vermos uma passagem de El pez de oro:

Es que lo más espantable de todo esto es saber que la hermosura sólo


puede venir en gametos, y que es el hombre el inductor del drama, el
fálico sacerdote de la germinación. ¿Cómo, fuero de ésta, podrá
entenderse prelatura en el orden estético! El único mandamiento de la
belleza viva: ¡engendrar! ¿Entiendes, Plato? para el americano de
América: ¡engendrar! ¡engendrar! Engendrar hasta la profundidad del
Tawantinsuyu. (2012, p. 213)

Como se pode ver, vida e beleza são compreensíveis somente na encarnação.38 Isto
implica que o pior inimigo do pensamento que procura expor Churata é Platão, já que El
pez de oro erige-se contra a transcendência e as procuras ascendentes. Pior ainda, o
chamado da fertilidade propõe invadir o espaço, abrir as portas ao plural. Agora adquire
mais sentido a teatralidade do texto, posto que esse estaria habitado por uma grande
quantidade de seres que não dependem nem do antropomorfismo nem do
antropocentrismo.39 Os personagens principais são o Peixe de ouro, o seu pai, o Puma de
ouro e sua mãe, a Sereia do lago Titicaca. Também temos peixes de prata, lhamas,

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Para uma visão panorâmica deste assunto é imprescindível consultar a questão das quatro ontologias
gerais que existiriam no planeta, segundo Philippe Descola (2012). Destas quatro, duas são do nosso
interesse e sua relação é inversamente proporcional: o animismo, relacionado com os povos ameríndios e
o naturalismo, relacionado com os europeus. Por outro lado, e como complemento teórico detalhado e
arriscado é importante consultar o naturalismo e perspectivismo ameríndio proposto por Eduardo Viveiros
de Castro em seu livro Metafísicas canibais (2015).
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O conceito da vida e da carnalidade que expõe Churata tem muitas similitudes com a proposta do filósofo
francês Michel Henry (2018). No entanto, o escritor peruano vai mais além, já que não se interessaria
somente pelo humano.
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Talvez, por este motivo, Miguel Ángel Huamán (2013) não aceite dizer que o texto é uma carnavalização
de tipo europeu, mas de tipo andino ou pukllay.
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cachorros, vicunhas, nuvens, ventos, toda uma serie de entes que deixam de lado o
humano, personagem que também se encontra na lista, claro está, para demonstrar que a
existência não teria como regente ao homem. Por fim, estes deslizamentos nos
conduziriam a exposição de uma forma outra de organizar as existências.
Pode observar-se também que a remissão à questão de uma ontologia que permite
a habitação do livro, desterritorializa este, devido a que passaria a ser um meio complexo
de expressão que não contemplava plenamente estas capacidades. O livro converte-se em
um território novo e, por que não, sagrado. É importante mencionar, neste ponto, que o
subtítulo de El pez de oro é “Retábulos de laykhakuy”. No Peru, o retábulo é um objeto
que possui certas caraterísticas sacras, mas o destaque que nós queremos fazer é sua
proposta de simultaneidade. Como no teatro barroco, o mundo teria níveis e eles não
estariam divorciados. A interação infinita seria o signo do livro como revelação do
mundo. Algo muito parecido com a proposta que fazem Deleuze e Guattari, na primeira
parte de Mil platôs: “Um rizoma não cessaria de conectar cadeias semióticas,
organizações de poder, ocorrências que remetem às artes, às ciências, às lutas sociais”
(2014, p. 22-23). É isso o que faz o texto, propor uma lógica de diálogo generalizado.
Assim, até as palavras encontrariam um limite, posto que os animais, as plantas, a
geografia e os espíritos têm uma participação política que deve ser atendida e negociada.
Neste ponto, poderia se fazer uma objeção importantíssima. A língua, na qual se
escreveu El pez de oro é o castelhano, a língua do invasor, a língua do inimigo. Por que
não escrever na língua nativa, nas suas próprias potencias criativas? Uma hipótese poderia
ser a seguinte: deve-se destruir desde dentro as capacidades da língua de poder,
demonstrar que é limitada e que esses limites têm que ser explicados a partir de língua
vencida.40 Cremos que só levando até a loucura os modos de expressão do colonizador é
possível afirmar a singularidade das formas ameríndias. Mas, como se consegue
esclarecer esta proposta? É necessário chegar a um último ponto.

3. A fuga

Nós deixamos sem explicar uma palavra chave faz linhas acima. Imaginamos que
se criou um vazio, porque além de ser um termo aymara, é um neologismo dessa língua.

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O paradigma Deleuze-guattariano deste fenómeno é Kafka (2002), devido a que este era judeu, checo e
escrevia em alemão. Isto quer dizer que ele minava as estruturas por dentro e deste modo criava uma nova
forma expressiva.
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A palavra é laykhakuy. O significado é delírio do laykha. O equivalente deste último


termo seria, lato sensu, xamã. Neste momento é possível nos aproximarmos a uma das
vias de leitura de El pez de oro: o livro-retábulo apresentaria uma viagem delirante do
xamã (laykhakuy). Mas, este delírio não tem a ver com formas de escape ou dependente
de uma lógica surreal, como poderia se pensar à primeira vista. A direção deste
movimento procuraria penetrar na lógica da língua castelhana e desbordar o super-real.
O delírio xamânico seria a forma idônea de quebrar a lógica do poder colonizador. Para
ser mais exatos, o laykhakuy pretenderia colocar por baixo dele as formas expressivas do
castelhano. É por este motivo que as incrustações do quéchua e do aymara no livro tem a
intenção de contaminar a língua espanhola exatamente onde não pode dizer nada, onde
se cala.
Onde não consegue se exprimir a língua europeia? Aí onde o xamã permite que
vozes não humanas adquiram protagonismo, aí onde o cosmos ferve de vida, aí onde a
música tem que ser entendida a partir do seu substrato expressivo. As viagens do laykha
são interespecíficas; o homem deixa de ser protagonista para que faça seu ingresso um
novo modo de entender o humano: o peixe de ouro entendido como o porvir: “–¡Milenios
de EL PEZ DE ORO llegan!” (2012, p. 799). Nem completamente humano, nem
completamente animal, senão uma nova plenitude da experiência ou, para ser mais claros,
uma nova estética. Importante ideia, porque a episteme ocidental não seria suficiente para
abordar as hermenêuticas sobreviventes na América Latina. Esta citação poderia ser um
bom resumo do que viemos falando:

Saberse totalidad en EL PEZ DE ORO es el cual es universo y patria,


solo porque es punto lácteo. Comenzando por nuestra vida, que es el
hecho estético augural del cosmos, entenderemos en primer lugar que
estética no estática; y en segundo que la belleza viene de una plenitud
en la profundidad, y que solo cuando nos hemos reproducido es que
realmente entramos en el drama del infinito; que solamente allí el
hombre estará en fruto y germinación (2012 p. 213-214).

A ideia é reconhecer no Peixe de ouro uma nova forma, através da qual deve ser
entendido o humano. E esta renovação ou modificação é total, porque implica uma nova
universalidade, uma nova territorialidade, um novo vitalismo, cosmos, estética, beleza,
plenitude, reprodução ou erótica. Como pode ser olhar, o projeto de Churata é muito
abrangente e, por que não o dizer, impossível.
Mas, como tentar traduzir a variedade, a variação mesma; o animal, o vegetal, por
exemplo? Através de um delírio, no qual prima a língua próxima a processos de
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subjetivação, a língua dos vencidos que, em um processo de combate ou λογομαχία, no


sentido literal do termo, luta de palavras, conseguiria fazer ver e escutar formas invisíveis,
logicamente, para o blind side do pensamento hegemônico. Por este motivo, o laykhakuy
e seus movimentos por territórios além do humano arrastariam e modificariam todo
intento de organização alheio das suas propriedades de construção do mundo. Aquela
ontologia que aparentemente tinha sido apagada pela invasão espanhola reapareceria com
força, já que se encontraria na capacidade de abrir uma fenda no poder hegemônico com
o objetivo de enunciar a impossibilidade deste com seus próprios mecanismos.
Em resumo, se poderia dizer que há um terceiro elemento não mencionado na nossa
comunicação. Em primeiro lugar, Churata enfrentou a responsabilidade de
apresentar/traduzir uma ontologia ameríndia altiplânica fazendo curto-circuito na
capacidade comunicativa hegemónica. Mas, para que desvendar outra configuração do
ser? Para corroborar outras formas de sentir. O terceiro elemento pendente é o político
entendido a partir de uma nova forma de administrar o poder, posto que o homem não
seria o único com acesso a ele. Como esperamos ter deixado em claro, esta conversa ainda
não acabou. Finalmente, esperamos também ter animado à leitura de El pez de oro de
Churata para continuar com a complicada luta que propõe e da qual não podemos fugir
por muito tempo.

Referências

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