“O temor do SENHOR é o princípio do saber” (Pv 1.7)
O efeito da sabedoria é o sucesso duradouro. Uma das palavras hebraicas para sabedoria, além do chokmah, já visto, é tushiya, que significa sabedoria que conduz ao sucesso prático. O conhecimento judicioso; A sabedoria sã ou eficiente. Chama a atenção ainda um significado dado a tushiya: sucesso duradouro. Isso mesmo, a verdadeira sabedoria é aquela que leva ao sucesso permanente. A mídia atual consegue fabricar ídolos cujo sucesso é proporcional a glória destes, ou seja, não passa de um momento, contudo somente a sabedoria advinda do Criador e sustentador da vida traz sucesso duradouro. Em outro livro de Salomão, denominado Eclesiastes, o sábio faz a seguinte afirmativa, que parece nos desanimar quanto a busca da sabedoria. Ele escreveu: “Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento” (Ec 1.17). Salomão parece por demais contraditório. Ele incentiva a procurar a sabedoria, depois diz que essa busca é como correr atrás do vento? Não é paradoxal? O que pretende nos ensinar o antigo e sábio Rei? Entendo que Salomão está dizendo do erro de canalizar todas as energias em um foco só, ou seja, até a busca de algo bom se torna ruim se buscar somente isto. A melhor visão da existência não é pontual é multifocal. Exemplificando: Ainda que verduras sejam excelentes para uma vida saudável, não se consegue viver bem só delas. Veja como Salomão coloca essa questão: “não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?” (Eclesiástes 7.16). Quem nunca se enojou de alguém que pretende ser justo a seus próprios olhos? Ou se irritou com um jovem que sabe (e sabe muito), mas que não sabe lidar com o que sabe? Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio não se constitui num incentivo a prática da injustiça, nem um apoio à estupidez, mas um conselho para não focarmos em um único aspecto da existência achando que entendemos o todo. Pior ainda: se achando. A grande pergunta então é: Qual é a suma de tudo? Qual deveria ser a nossa meta principal? Não deveríamos colocar nosso coração para buscar a sabedoria? O Sábio, no final do livro de Eclesiastes, responde: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13). Temer ao Senhor implica em amá-lo, reverenciá-lo, considerá-lo acima de tudo, chegando mesmo a ter medo dEle. O ter medo traz a ideia de assombro. Imagine-se diante de um tsunami de 10 metros de altura a uma velocidade de mais de 200 km/h. Como você se sentiria? Deus está astronomicamente além de todo esse poder. Temer ao Senhor implica então em ter medo dele como o Todo Poderoso, mas ao mesmo tempo ser atraído por Ele com respeito, amor, desejo de honrá-lo, pois sendo O Todo Poderoso é também a bondade e amor eterno. Assim, temer ao Senhor é o princípio do saber. Princípio no sentido de inicio, começo e primeiro passo, entendido também como base, raiz, fundamento. O contrário também é verdade: “os loucos desprezam a sabedoria e o ensino” (Pv 2.7). Naturalmente, os loucos, traduzido do hebraico como, insensato, néscio, ser idiota, não têm nenhum temor do Senhor e naturalmente, nunca alcançará a sabedoria verdadeira. Assim virá a sua ruina e destruição como atesta vários provérbios, dos quais citarei só dois: “O sábio de coração aceita os mandamentos, mas o insensato de lábios vem a arruinar-se... as palavras dos bons [justos] fazem bem a muita gente, mas a falta de juízo [do insensato] leva a morte” (Pv 10.8,21). Comecemos ou continuemos bem nossa busca pela sabedoria, iniciemos temendo ao Senhor! Rev. Heliel G. Carvalho – heliel.carvalho@unievangelica.edu.br