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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, CRIAÇÃO E INOVAÇÃO

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES


CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ESPECIALIZAÇÃO EM
EDUCAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE

MARIANA SANTOS FERREIRA

CONTRIBUIÇÕES DA INTERDISCIPLINARIDADE NA BASE


CURRICULAR COMUM DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O ENSINO
FUDAMENTAL I

AMARGOSA – BA
2022
MARIANA SANTOS FERREIRA

CONTRIBUIÇÕES DA INTERDISCIPLINARIDADE NA BASE


CURRICULAR COMUM DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O ENSINO
FUDAMENTAL I

Artigo científico apresentado como Trabalho de


Conclusão do Curso de Pós-graduação Lato Sensu
Especialização em Educação e Interdisciplinaridade
do Centro de Formação de Professores da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Especialista em Educação e Interdisciplinaridade.

Orientador (a): Prof. Dr. Cintia Mota Cardeal

AMARGOSA-BA
2022
Inserir os Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – Ficha Catalográfica a
ser solicitada na biblioteca (exemplo abaixo)

SIBI/UFBA/Faculdade de Educação – Biblioteca Anísio Teixeira

Barbosa, Irenilson de Jesus.


No Olimpo da inclusão: a importância da afetividade na educação de pessoas
com deficiência visual / Irenilson de Jesus Barbosa. – 2016
230 f.
Orientador: Prof. Dr. Félix Marcial Díaz-Rodríguez.
Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação,
Salvador, 2016.

1. Inclusão em educação. 2. Afetividade. 3. Educação Especial. 4. Pessoa


com deficiência. 5. Educação Inclusiva. I. Díaz-Rodríguez, Felix Marcial. II.
Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação. III. Título.
CDD 371.9046 – 23. ed.
MARIANA SANTOS FERREIRA

CONTRIBUIÇÕES DA INTERDISCIPLINARIDADE NAS PRÁTICAS


DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUDAMENTAL I.

Trabalho/Artigo Científico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação


e Interdisciplinaridade do Centro de Formação de Professores (CFP) da Universidade Federal
do Recôncavo da Bahia - UFRB, como requisito parcial para obtenção do grau/título de
Especialista em Educação e Interdisciplinaridade

Aprovada em ___/___/___.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________
Prof./Profa. Dr. Cintia Mota Cardeal (orientador)
Doutorado em educação física com ênfase em Neurociência-UCB, UFRB

__________________________________________
Prof./Profa. Dr. Cristina Souza Paraiso (examinador)
Doutorado educação física – UFBA, UFRB

__________________________________________
Prof./Profa. Dr. Márcia Valéria Cozzani (examinador)
Doutorado em Ciência da Motricidade Humana – UNESP, UFRB
.

A Deus, a minha família e aos meus amigos


que me foi sustento e me deu coragem para
questionar realidades e propor sempre um
novo mundo de possibilidades.
6

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado força e coragem para superar as dificuldades.


Agradeço a minha família por estar sempre ao meu lado.
A Universidade UFRB, pela oportunidade de fazer o curso.
À minha orientadora Cintia Cardeal, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas
correções e incentivos.
7

SUMÁRIO

RESUMO...................................................................................................................................8
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................9
2 BNCC e EDUCAÇÃO FÍSICA ..........................................................................................11
3 EDUCAÇÃO FÍSICA E INTERDISCIPLINARIDADE.................................................14
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................20
REFERÊNCIAS......................................................................................................................22
8

CONTRIBUIÇÕES DA INTERDISCIPLINARIDADE NAS PRÁTICAS


DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUDAMENTAL I.

RESUMO
A proposta deste artigo é analisar as os conteúdos da Educação Física Escolar para as séries iniciais do
ensino fundamental apresentados na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) sob a perspectiva da
interdisciplinaridade. Tendo como objetivos específicos apontar os desafios curriculares da Educação
Física Escolar no ensino fundamental a partir da análise da BNCC e discutir sobre a
interdisciplinaridade e na Educação Física escolar e as possibilidades de relações no currículo. Essa
análise documental realizada na BNCC nos levou a apontar que existem grandes desafios quanto ao
currículo da Educação Física Escolar no ensino fundamental a partir da análise da BNCC, pois em
grande parte do documento apresenta inconsistências teóricas e conceituais. Os documentos
norteadores não deixam muito claro como trabalhar com a interdisciplinaridade, consequentemente
deixa uma orientação insuficiente sobre como o professor deverá tratar os conteúdos e seu
planejamento.

Palavras-chave: Interdisciplinaridade. BNCC. Educação Física escolar.

ABSTRACT
The purpose, of this article is to analyze the contents of School Physical Education for the
initial grades of fundamental education presented in the National Curricular Common Base
(BNCC) from the perspective of interdisciplinarity. Having as specific objectives to point out
the curricular challenges of School Physical Education in elementary education from the
analysis of the BNCC and discuss about interdisciplinarity and in Physical Education at
school and the possibilities of relations in the curriculum. This documentary analysis carried
out at the BNCC led us to point out that there are major challenges regarding the curriculum
of Physical Education in Elementary Education based on the analysis of the BNCC, as a large
part of the document presents theoretical and conceptual inconsistencies. The guiding
documents do not make it very clear how to work with interdisciplinarity, consequently
leaving insufficient guidance on how the teacher should treat the contents and their planning.

Key words: Interdisciplinarity. BNCC. School Physical Education.


9

1 Introdução

O termo Interdisciplinaridade surgiu na França e na Itália, em meados da década de


1960 no período marcado pelos movimentos estudantis que buscavam mudanças no modelo
escolar voltadas para um ensino cuja teoria e prática se aproximasse da realidade social.
Hilton Japiassu e Ivani Fazenda (2008) foram os principais teóricos brasileiros a pesquisar e
escrever sobre a temática ainda no final da década de 1960 e exerceu influência na elaboração
da lei de diretrizes e bases nº 5.692/71 (FAZENDA, 2011). A interdisciplinaridade surge
então com vários significados, seja ela como processo, movimento, complementaridade,
integração ou interação entre disciplinas ou área de conhecimento atingindo um objeto
incomum ou atitude, desvinculando da restrição de dominar um único saber em busca de
relações entre diferentes saberes e parceria com outros docentes.
A Interdisciplinaridade vem com a proposta de construção do conhecimento de forma
globalizante, visando à formação integral do sujeito. Considera que as dimensões biológicas,
psicológicas, afetiva, social, econômica, ecológica e religiosa, devem ser vividas
coletivamente. Para Japiassu (1976) a interdisciplinaridade surge como uma necessidade
imposta pelo surgimento cada vez maior de novas disciplinas. No cotidiano da escola discute-
se a interdisciplinaridade como algo contemporâneo e que precisa romper com padrões
tradicionais que priorizam a construção do conhecimento de maneira fragmentada. Como
método de investigação a interdisciplinaridade produz conhecimentos amplos chegando à
formação integral para exercer a cidadania e favorecer a resolução de problemas complexos
(FAZENDA, 2011), também busca garantir mais uma possibilidade de aumentar o leque de
ensino e aprendizagem no caráter da pan-interdisciplinariade1.
A perspectiva da interdisciplinaridade na educação advém da formação e do
entendimento que a complexidade faz parte do caminho que leva a totalidade do
conhecimento, que é conduzido em mundo heterogêneo que perpassa por vários fenômenos.
O princípio da complexidade para Morin visa a totalidade e profundidade dos saberes que
interferem na vida do ser humano e do mundo. Morin (2000) propõe um caminho para
educação passando por sete saberes, apresentados como: 1- Os erros e as ilusões do
conhecimento; 2- A construção do conhecimento pertinente; 3- O ensino da condição

1
O pressuposto da pandisciplinaridade (pan=totalidade), pelo qual o sujeito coletivo é capaz de viver a
interdisciplinaridade em qualquer espaço de atuação, seja no ensino, na pesquisa ou na extensão à comunidade;
(JANTSCH AP, BIANCHETTI L apud GATTÁS; FUREGATO, 2006, p. 4)
10

humana; 4- O reconhecimento da identidade terrena; 5- Enfrentamento das incertezas


constantes no conhecimento científico; 6- Ensinar a compreensão por meio dialógico; e 7-
Ensinar e exercitar a ética do gênero humano, tornando assim uma postura democrática
cognitiva, rearticulando os saberes numa perspectiva da complexidade e a educação para além
dos muros da escola, faculdade ou universidade, indissociavelmente da questão ética da
alteridade, estando também vinculada a subjetividade do professor, buscando um saber como
prática social, ou seja Morin propõe uma educação para um sujeito que é e vive de maneira
multidimensional. Por isso, a interdisciplinaridade também pode ser considerada uma atitude:

Interdisciplinaridade é uma nova atitude diante da questão do conhecimento, de


abertura à compreensão de aspectos ocultos do ato de aprender e dos aparentemente
expressos, colocando-os em questão. [...] A interdisciplinaridade pauta-se numa ação
em movimento. Pode-se perceber esse movimento em sua natureza ambígua, tendo
como pressuposto a metamorfose, a incerteza (FAZENDA, 2002, p. 180)

O ensino e aprendizagem interdisciplinar é importante porque aborda um assunto sob


múltiplas perspectivas enriquecendo a visão de mundo dos alunos, promove um conhecimento
mais crítico e mais atrativo para os estudantes. A vantagem dessa perspectiva, é o aumento a
qualidade da aprendizagem, desenvolve o pensamento crítico, oferece um conhecimento mais
amplo, favorece a conscientização social e ajuda a criar ambientes colaborativos. Dentre os
obstáculos percebidos na implementação do ensino interdisciplinar na sala de aula, podemos
destacar a formação muito específica dos docentes que não são preparados na universidade
para trabalhar de modo interdisciplinar, as distâncias entre as linguagens, a falta de tempo
para planejamento coletivo, as dificuldades em compatibilizar os horários dos docentes para
esse planejamento, entre outros (BESSA,2021).
A Educação Física e seus conteúdos não se desconectam com a realidade histórica e
cultural da humanidade, pelo contrário, é através dessa conexão e contextualização que se traz
sentido e significância ao movimento e construímos interdisciplinarmente a ciência da
Educação Física. Por isso, na escola podemos também construir pontes interdisciplinares com
outros saberes, ensinando a relação entre diferentes áreas de conhecimento, o que é de vital
importância para formação de um cidadão que compreende de forma multidimensional as
relações complexas do seu corpo com a sociedade de maneira crítica e ética. Os documentos
norteadores do professor de educação física costumam tratar essa interdisciplinaridade com os
temas transversais, e não como integrativos a partir do conteúdo comum entre as disciplinas.
Esse olhar sobre a atitude interdisciplinar do professor de educação física, não descarta
a especificidade do campo e dos conteúdos da área, mas propõe questionar e construir pontes
11

de ensino. O currículo é o documento norteador que orienta toda organização de conteúdos


assim como a sua execução. Atualmente, está em vigor a Base Nacional Curricular Comum
(BNCC) que começou a ser elaborada em 2015 com base aos documentos curriculares
brasileiro, realizada por 116 especialistas indicados pelas secretarias municipais e estaduais de
educação e universidades, possui 3 versões 2015, 2016 e 2017. A proposta e a implementação
da BNCC tem sido alvo de várias discussões no meio acadêmico e educacional, pois traz
inúmeras mudanças de conceitos, perspectivas e organização do ensino e da aprendizagem
dos estudantes brasileiros.
É nesse contexto que o presente trabalho, tem objetivo geral analisar as os conteúdos
da Educação Física Escolar para as séries iniciais do ensino fundamental apresentados na
BNCC sob a perspectiva da interdisciplinaridade. Os objetivos específicos são: Apontar os
desafios curriculares da Educação Física Escolar no ensino fundamental a partir da análise da
BNCC, discutir sobre a interdisciplinaridade e na Educação Física escolar e as possibilidades
de relações no currículo.
Diante do exposto, esse artigo advém de um estudo que se utilizou dos métodos da
pesquisa qualitativa a partir da análise documental, tendo como documento norteador e
principal a BNCC. Para o embasamento da análise crítica e tratamento da discussão
relacionada a interdisciplinaridade aplicada à educação física escolar, foram considerados
autores norteadores a Ivani Fazenda, Hilton Jiapassu e Edgar Morin, assim como outros que
dialogam com uma perspectiva de ensino e aprendizagem interdisciplinar. Utilizamos como
base de pesquisa revistas, sites, artigos, livros e tese. Apontamos aqui objetivos da pesquisa
exploratório (embasamento e interpretação crítica corpus) (MINAYO, 2001). Para a análise
documental nosso foco será a BNCC para as séries finais do ensino fundamental voltadas para
a Educação Física escolar.

2 BNCC e Educação Física

A construção da BNCC advém de um plano de política educacional que vislumbrava a


melhoria qualidade educação. Assim sendo, ela tem poder de lei e surgiu a partir do artigo
210 da constituição 1988, que prevê a criação de uma Base Nacional Comum Curricular para
o ensino fundamental. A LDB (1996) artigo 26, determina a adoção de uma Base Nacional
Comum Curricular para a educação básica. As Diretrizes Curriculares Nacionais reforçam, em
12

seu artigo 14, uma Base Nacional Comum Curricular para toda a educação básica e a define
como “conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expressos nas políticas
públicas (...)”. A partir das Diretrizes, foram elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais
com referências para cada disciplina (BRASIL, 2000). Plano Nacional de Educação define a
BNCC como estratégia para alcançar as metas 1, 2, 3 e 72(BRASIL, 2018).
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo
que, propõe assegurar a formação integral e aprendizagem dos alunos na educação básica, ou
seja Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio para isso, determina as
competências (gerais e especificas), as habilidades e as aprendizagens essenciais que todos os
alunos devem desenvolver. Foi criado para que todas as escolas tenham um “padrão mínimo”
de instrução curricular e para aumentar a qualidade de ensino. O destaque da proposta está no
currículo que não é mais centrado no conhecimento, nem no aluno, o foco é na aprendizagem
e nos resultados apontados na proposta como competências (CASTRO, 2020).
O documento define competências como:
[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades
(práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do
trabalho (BRASIL, 2018, p. 8).

Quando observamos a organização do documento centrado em 10 competências e


habilidades compreendemos que há um retorno à pedagogia do “aprender a aprender” que já
foi rejeitada por diversos educadores no passado, como Saviani (2013). As competências
reforçam ao estudante a necessidade de enquadramento e adaptação. Ainda rejeitando a ideia
e os interesses de uma educação pautada no desenvolvimento de competências Carvalho
(2010, p. 42), sugere que “a escola é desafiada a transmitir novos conhecimentos e formar
novas competências, com o objetivo de preparar os seres humanos para as novas condições de
vida, em consonância com a nova dinâmica do capitalismo”, ou seja, atender aos interesses do
mercado, do capital.
Na sua orientação BNCC traz a elaboração dos currículos e proposta pedagógica das
escolas públicas e privadas, apontando as políticas para formação de professores, a produção
de materiais didáticos e avaliação. Se coloca como um instrumento para promoção da
equidade, define as aprendizagens essenciais e orienta as políticas educacionais a serem

2
O plano nacional de educação possui 20 metas para melhorar a educação e em 4 delas a BNCC está implicada. Meta 1 todos
alunos de 4 a 5 deve estar matriculado na pré-escola, oferta de educação infantil nas creches atender 50% das crianças até 3
anos para melhor atende-las. Meta 2 – toda população de 6 a 14 deve está matriculada no ensino fundamental que dura 9 anos
e que 95% conclua na idade adequada. Meta 3- atendimento universalizado para população 15- 17 anos elevar a 85% as
matriculas no ensino médio. E a meta 7 aprendizagens adequada da idade certa, elevar qualidade da educação, melhoras fluxo
escola e amenta medias do IDEB.
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implementadas nas escolas de todo o pais, no conceito de educação integral e aproxima o


processo de aprendizagem da vida real dos estudantes e professores, e para a construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva, orientados pelos princípios éticos, políticos e
estético traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (BRASIL,
2018). Branco, et al (2019, p.162) questionam “como alcançar estes objetivos, valorizando
apenas competências, habilidades, conhecimentos tácitos e secundarizando fatores que
favorecem a equidade e o acesso à cultura, desconsiderando a importância das artes, das
questões sociais e do esporte?”
A BNCC está estruturada em três etapas da educação básica: Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Ensino Médio. Na etapa fundamental a BNCC está estruturada em
cinco áreas de conhecimentos: Linguagens, Matemática, Ciência da Natureza, Ciência
Humanas e Ensino Religioso, as áreas de conhecimento por sua vez dividem-se em
componentes curricular que guarda os saberes específicos a qual os constituem. Os
componentes curriculares na BNCC são organizados por unidades temáticas (organiza os
conteúdos) ano/ciclo escolar, cada ano há uma enumeração de objeto de conhecimento a
serem abordados já que se esperam que os alunos aprendam as habilidades e competências 3
específica daquele ciclo pretendida pela BNCC.
A Educação Física é tratada pela BNCC na área de linguagens, como componente
curricular tematiza as práticas corporais nas unidades temáticas de jogos e brincadeiras,
danças, lutas, esportes e práticas corporais de aventura, refletindo sobre elas em suas diversas
formas e como meio de produção de sentidos para quem as pratica. Ainda reforça que o
movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e deve ser interpretado de
acordo com o contexto social e histórico dos envolvidos. Assim, a Educação Física na BNCC
propõe o desenvolvimento de habilidades e competências importantes para ampliar a
consciência dos movimentos corporais, dos recursos para o cuidado de si e dos outros, e,
também, para desenvolver a autonomia e a participação mais confiante e autoral na sociedade
(BRASIL, 2018).
As práticas corporais são colocadas em três elementos fundamentais: 1º são os
movimentos corporais colocado como elemento essencial, o ser humano age no mundo
através do seu corpo, especificamente através do movimento. 2º organizações internas (de
maior ou menor grau), pautada por uma lógica específica, exemplo do esporte são

3
Na BNCC possui três tipos de competências: a geral que que abarca todas as áreas de conhecimento e
componente curriculares conhecida como as 10 competências, a especifica da área de conhecimento ex:
competência especifica de ciências humanas e a especifica do componente curricular ex: competência especifica
de história. (Abreu,2017-2022)
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organizados de acordo com as semelhanças entre as modalidades e as brincadeiras e jogos dos


regionais para um aspecto mais global e o 3º elemento é o produto cultural que deve estar
vinculado ao contexto de saúde, cuidado com o corpo e no lazer e entretenimento. (BRASIL,
2018)
Neira (2018, p.5) faz fortes críticas a esses elementos que a BNCC incorpora nas
práticas corporal e diz que reduziu o campo de contextualização:
1º A ideia de movimento corporal como elemento essencial é herança da psicologia
desenvolvimentista, o que desconsidera as contribuições dos estudos da cultura, nos
quais a gestualidade, tratada como forma de linguagem, ganhou evidência. 2º parece
desconhecer a plasticidade da cultura e a ação constante dos sujeitos na criação e
recriação dos artefatos e 3º O documento desdenha que a ocorrência social das
manifestações da cultura corporal é significada de muitas outras maneiras: como
campo de exercício profissional, competição, religiosidade, estética etc.

Ainda que há um avanço na aproximação da Educação Física às áreas das linguagens,


pleito requerido e pensado por educadores como Kunz (1991) e até os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN’s), a BNCC não traz uma definição e argumentos contundentes
sobre o pertencimento da Educação Física escolar na área de linguagem. Desse modo, o
documento torna-se frágil a medida que a fundamentação epistemológica não se sustenta
(NEIRA, 2018). Há uma necessidade de avanço na discussão e definições das concepções que
permeiam a linguagem e que a entendem para além da oralidade e escrita e nesse sentido o
olhar interdisciplinar traz a capacidade argumentativa sobre esse movimento.

3 Educação Física e Interdisciplinaridade

A Educação Física por si só já é uma disciplina que corresponde um vasto diálogo


com outras disciplinas talvez a que mais interage com outras áreas de conhecimento.
Ensinando brincadeiras, jogos, lutas, dança e esportes nos aproximamos da cultura, história
política, biologia entre outras áreas. A interdisciplinaridade busca ampliação do
conhecimento, para favorecer a aprendizagem e conhecimento e a formação dos atores
sociais.
Ressaltamos, entretanto, que a interdisciplinaridade não impõe eliminação da
disciplinaridade, portanto a especificidade da disciplina continua, mas provoca
questionamentos e releitura quando atuadas em contexto amplo. Ainda por esse olhar o
argumento é que o conhecimento não advém da contemplação, mas da ação, da atitude
(ROJAS, 1998). Portanto, entendemos que o professor de educação física apoiado na
15

especificidade, objetivos e conteúdo da área e que trata da cultura corporal de movimento,


pode estabelecer parcerias em projetos coletivos de ensino, para assumir dentro do processo
de educação da criança e com a criança, uma atitude interdisciplinar.
A Educação Física escolar segundo a BNCC é um componente curricular que introduz
e integra o aluno na cultura corporal de movimento tematizando as práticas corporais voltada
para codificação e significação social, formando cidadão de forma crítica, aborda expressão
dos alunos, possibilitando experiências estética, emotivas, lúdicas e agonista, aborda a prática
corporal como fenômeno cultural dinâmico, para com os jogos, esportes, dança, lutas
ginástica, em exercício da cidadania e qualidade de vida. As práticas corporais compostas por
três elementos: movimento corporal como elemento essencial; organização interna (de maior
ou menor grau), pautada por uma lógica específica; e produto cultural vinculado com o
lazer/entretenimento e/ou com o cuidado com o corpo e a saúde. (BRASIL, 2018, p.213)
A BNCC não deixa claro o que se entende como cultura corporal de movimento e não
se aprofunda nos caminhos e relações com o trato do conhecimento e do ensino sobre os
conteúdos proposto. Essa omissão sobre o campo epistemológico ao qual o documento se
refere, causa dúvida e confusão ao interpretar e organizar a práxis docente. O termo “cultura
corporal de movimento” já vem sendo discutido por diversos pesquisadores incluindo Betti
(2005) que argumentou que na qualidade de prática pedagógica, o projeto da Educação Física
é a apropriação crítica da cultura corporal de movimento, mas, isso não é consenso. A
insipiência de clareza do documento traz insegurança ao trato do conteúdo e ainda gera
grandes dificuldades sobre como agir de maneira interdisciplinar no planejamento escolar.
O trato com conhecimento evidenciado na educação física na área de linguagem é uma
forma de problematizar sua relação com o mundo, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade
de sentidos e significados que os grupos sociais conferem às diferentes manifestações da
cultura corporal de movimento em diferentes linguagens (BRASIL, 2018). Logo, as práticas
corporais são textos culturais possíveis de leitura e produção. A expressão corporal é uma
linguagem artística, a criança está envolvida em práticas de ressignificação, em práticas de
produzir e interpretar os códigos da linguagem usados pelos sujeitos da ação.
Colocar a educação física na área de linguagem sugesta a interdisciplinaridade por
área de conhecimento, dentre essas a linguagem oral, escrita, das artes e práticas corporais,
logo a linguagem sendo uma prática social influenciada culturalmente, as pessoas interpretam
o que está em sua volta com conhecimentos adquirido na vida, seja ela na conversação sobre
a escalação da seleção brasileira, observando um pintura sobre jogos e brincadeiras,
entendendo os efeitos fisiológicos da musculação ou desenho tático do futebol. Entender a
16

Educação Física enquanto componente da área de Linguagens significa promover atividades


didáticas que auxiliem os estudantes a ler e produzir as manifestações culturais corporais,
concebidas como textos e contextos constituídos pela linguagem corporal (NEIRA, 2016).
Ao analisar o documento observamos que as unidades temáticas estão apresentadas a
partir de seus objetos de conhecimento e habilidades, direcionando o que aprender ou
possíveis conteúdos a aprender nos anos inicias de acordo com series, divididas em 1º e 2º
ano, em 4 objetos de conhecimento contidos em brincadeiras e jogos, dança, esporte e
ginásticas, já nas series 3°, 4º e 5º ano direciona para 5 objetos de conhecimento que estão
contidos em brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças e lutas (BRASIL,2018).
Notamos que os anos iniciais(1ºe 2º ano) do ensino fundamental há uma indicação que a
produção de texto esteja presente perpassando as unidades temáticas como brincadeiras e
jogos e ginásticas. A “produção de texto” é exemplificada pela possibilidade de representação
oral, escrita e audiovisual. Essa indicação de trabalhar as unidades temáticas sobre a
perspectiva de múltiplas linguagens aparece no 1ºe 2º ano, mas se arrefece nos anos
posteriores. Percebemos que não há desse modo, indicações de aproximação e interlocução
entre as temáticas apresentadas deixando insipiente a argumentação da posição
interdisciplinar da educação física na área da linguagem.
Concordamos com Santos e Fuzii (2019) que existiu uma trajetória histórica da
Educação Física para estar posicionada na área da linguagem, esse lugar rompe a ideia
biologicista e parte para uma compreensão mais ampla sobre o corpo. Entretanto, as
habilidades definidas e as competências apresentadas podem limitar esse diálogo e enquadrar
as expectativas. Ao observarmos a temática esporte no que se refere às habilidades
apresentadas, há uma limitação, pois a linguagem deixa de ser citada, o que esvazia o trato do
esporte através das múltiplas linguagens a serem apresentadas e vivenciadas pelos estudantes,
que por sua vez precisam se enquadrar nas expectativas criadas pelas habilidades feridas ao
esporte.
Dentro das áreas temáticas não há uma obrigatoriedade de universalidade, sendo um
ponto positivo, deixando livre para cada estado trabalhar de acordo com sua realidade, isso
possibilita a escolha de temas que está mais caracterizado com o sujeito, o local e materiais
disponíveis, tornando a aprendizagem mais significativa, as práticas corporais estão divididas
em seis unidades temáticas, é fundamental para a conexão do tempo real, em que deixa livre
as ideias, deixando aberta as representações, as definições e possíveis estratégias para
trabalhar, tendo critérios de progressão de conhecimento, características dos sujeitos, os
contextos de atuação.
17

Nas competências especificas de educação física para o ensino fundamental não deixa
claro como trabalhar interdisciplinarmente, o que ocorre é o subentendido a possível
interpretação sobre cada competência. Subtende-se que precisamos de outros conhecimentos
na contextualização de um tema/objetivo comuns entre diversas disciplinas e no ensinamento
através do diálogo com os alunos. Na prática de educação física as competências estão
direcionadas ao mundo cultural em que são dialogadas desde o movimento a seu aprendizado
histórico, as técnicas e táticas tomando como referência a construção de valores direcionado a
sociedade na formação do cidadão, por conseguinte a interdisciplinaridade sendo a junção de
conhecimento de forma globalizante não fica limitado apenas a área especifica.
Da forma como está posto o texto do documento, apesar da possibilidade de as
competências aproximarem da realidade de cada região, por muitas vezes na descrição do
texto o direcionamento das habilidades restringe os conteúdos e dificultam o diálogo com
outras áreas do conhecimento. É de suma importância que a dialética entre as diversas áreas
do conhecimento, pois o sujeito precisa “produzir-se enquanto ser social” (FRIGOTTO, 1995,
p.26), esse caráter dialético é premissa da interdisciplinaridade na qual pauta a realidade
social através dos conflitos, contradições e da complexidade que embora sejam, em muito,
objetos específicos da Educação Física e que devem ser estudados, não podemos esquecer das
relações históricas disciplinares que a constitui. A interdisciplinaridade, de acordo com
Ivani Fazenda (2008), pode ser definida como a relação entre as diferentes áreas do
conhecimento, abrangendo um objeto de estudo em comum, uma grande temática, por
exemplo, e que contemple características específicas de ambas.
Os temas contemporâneos transversais (TCTs), segundo BNCC, são obrigatórios e
entendidos como conteúdos essenciais, possuem 6 macros áreas (meio ambiente, ciência e
tecnologia, multiculturalismo, cidadania e civismo, saúde e economia) e dentro dessas áreas
possuem 15 temas contemporâneos (educação ambiental e educação para o consumo, ciência
e tecnologia, diversidade cultural (BRASIL,2019).
Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais
brasileiras, vida familiar e social, educação para o transito, educação e direitos humanos,
direitos da criança e do adolescentes, processo de envelhecimento, respeito e valorização do
idoso, saúde, educação alimentar nutricional, trabalho, educação financeira, educação fiscal ,
estão inseridos nas áreas de conhecimento entre disciplinas e são relevantes para compreensão
de mundo, serve para contextualizar o ensino, abordar tema de interesse dos estudantes e
contribuir para formação do cidadão. (BRASIL, 2019)
18

As TCTs são comtempladas dentro das habilidades da BNCC, estão previstas dos
componentes curriculares cabendo aos sistemas de ensino e escolas contextualizar os TCTs de
acordo com suas especificidades, além disso descreve indicadores da aprendizagem das TCTs.
A sua metodologia se baseia em 4 pilares e possui três níveis de complexidade
intradisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar e convergem com a competências gerais da
BNCC (BRASIL, 2019).
Entendemos que a partir da complexidade interdisciplinar o professor pode abordar o
tema fazendo o cruzamento entre conteúdos e habilidades tratando esse tema de forma
integradora juntamente com outro componente curricular então o modo de aprendizagem mais
integrada. A abordagem interdisciplinar: é uma abordagem integrada de temas
contemporâneos transversais comuns entre diferentes componentes curriculares. Implica um
diálogo entre campos dos saberes, em que cada componente acolhe as contribuições dos
outros, ou seja, a interação entre eles então portando nos temas transversais a uma
interdisciplinaridade tratada.
Na BNCC, compreendo a interdisciplinaridade é resinificada como superação dos
limites das disciplinas através do diálogo, preservando seus objetivos específicos mais
tratando e problematizando um tema/objetivo comum entre diversas disciplinas ou área de
conhecimento. Diz ainda, que a Educação Física possui um compromisso também na
qualificação para leitura, a produção e a vivência das práticas corporais e na colaboração no
processo de letramento e alfabetização dos alunos (BRASIL, 2019). Na educação temos
compromisso com a educação integral do aluno por isso as áreas têm de manter seus
conhecimentos próximos para dar o máximo de vivência possível. Para Ivani Fazenda (2008),
a interdisciplinaridade constitui-se numa atitude, uma maneira de ser e fazer relacionada a
uma nova maneira de enxergar e lidar com o conhecimento.
A interdisciplinaridade está atrelada também aos quatros eixos de formação do ensino
fundamental que são eles letramentos e capacidade de aprender; leitura do mundo natural
social; ética e pensamento crítico e solidariedade e sociabilidade, que vai dialogar com
conhecimentos de outras disciplinas para melhor entendimento de determinados assuntos e
aumenta o campo de aprendizagem contribuído para aprendizagem de outras disciplinas.
Na Educação Física por se tratar da cultura corporal de movimento e expressões
culturais o leque da subjetividade é vasto, cada indivíduo de acordo com sua experiência vai
apontar direções de conhecimentos e aprendizagem significativa, que perpassa uma
interdisciplinaridade de disciplinas para analisar aspectos como: estética, ludicidade,
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psicológico, emocional, corporal, de gênero, preservação, riscos para além dos muros das
escolas (SILVA NETO, 2019).
Nas dimensões de conhecimentos para prática corporal pode notar que nos conceituais
o professor também está atrelado a um ajuste de postura interdisciplinar, pois vai se apropriar
de novos conhecimentos em disciplinas diferentes para embasar o conteúdo e passar através
de diálogo o que aprendeu, na dimensão procedimental o que deve saber fazer somados com
suas experiências e a dimensão atitudinal como se deve ser a partir de sua interpretação e
vivências mostram perante a sociedade o que aprendeu.
A partir do que está posto na BNCC e das insipiências encontradas para melhor
aplicação prática sobre as possibilidades da interdisciplinaridade propomos um exemplo de
discussão em relação aos objetos de estudos tratados no documento em análise.

Tabela 1- Possíveis conteúdo a ser trabalhando em virtude da interdisciplinaridade.


Conteúdos Objetos de estudo Relação interdisciplinar
Comunitária e regional Conhecimentos sobre continente,
Brincadeiras e Indígenas e africana paises, regiõe e estados.
jogos Do Brasil e do mundo. Conhecimentos sobre as diversidade
Jogos e brincadeiras das etinias.
pedagógicos com movimento Letramento e alfabetização
Números e operações matemáticas
Esporte/marca, precissão, Lazer, trabalho, competitivo,
Esportes parede e rede, invasão, de prevenção, propriedades da água,
campo e taco, preservação, conhecimento das
Esportes aquáticos espécies, etc
Esporte adaptados. Violência
Ginástica Ginástica geral Gênero e identidade, competição,
condicionamento, estética, noções
fisioterápicas
Danças Comunitária e regional Emoções e sentimentos, Mídia,
Indígenas e africanas Consumo
Pluralidade cultural, anorexia e
bulimia, orientação sexual, Educação
Alimentar e Nutricional;
Lutas Lutas do contexto Diversidade Cultural e Educação
comunitário e regional para valorização do
Lutas de matriz indígena e multiculturalismo nas matrizes
africana históricas e culturais brasileiras;
Racismo
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Pratica corporais Educação Ambiental e Educação


de aventura Urbanas e da natureza para o Consumo;
Mapas, rotas de orientações bússola
(norte, sul, leste, oeste) fuso horários.

Fonte: produção da autora, embasada na BNCC (BRASIL, 2019).

A proposta da tabela 1 exemplifica as possibilidades de se trabalhar temas para além


da possibilidade fragmentada do conteúdo. Nas séries iniciais, ainda os alunos não obtêm uma
quantidade significativa de professores separados por diversas disciplinas, é um momento,
portanto propício para que haja diálogo na conexão dos conteúdos para que se crie sentido e
significância o aprender na escola, onde o movimento, corpo, conceitos, sociedade, realidade,
história estejam representados em várias possibilidades de experimentação e abstração. O que
deixo claro no quadro é que numa aula de educação física o aluno não fica só sabendo sobre o
movimento mais também pode somar, localizar um determinado país, descobrir espécies
algumas espécies no mar ou até a história dos nossos antepassados, vai depender da
experiência do professor e interesse de seus alunos, do conteúdo a ser tratado. Demostramos
que muitas vezes a forma interdisciplinar poderá trazer mais significado para os alunos e o
ajudará entender que está tudo interligado e que a complexidade de entender a vida não é
fragmentada. Thiesen (2008, p.552) diz que:
A escola é um ambiente de vida e, ao mesmo tempo, um instrumento de acesso do
sujeito à cidadania, à criatividade e à autonomia. Não possui fim em si mesma. Ela
deve constituir-se como processo de vivência, e não de preparação para a vida. Por
isso, sua organização curricular, pedagógica e didática deve considerar a pluralidade
de vozes, de concepções, de experiências, de ritmos, de culturas, de interesses. A
escola deve conter, em si, a expressão da convivialidade humana, considerando toda
a sua complexidade. A escola deve ser, por sua natureza e função, uma instituição
interdisciplinar.

Ao analisar a BNCC percebemos que há necessidade de avançar em inúmeros pontos


para que o documento possa significar um avanço no fomento do ensino e da aprendizagem
dos estudantes a partir de suas experiências e vivências na escola.

4 Considerações Finais

Este estudo teve por objetivo analisar as os conteúdos da Educação Física Escolar para
as séries iniciais do ensino fundamental apresentados na BNCC sob a perspectiva da
interdisciplinaridade, e observamos que os documentos norteadores não deixam muito claro
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como trabalhar com a interdisciplinaridade, consequentemente deixa uma orientação


insuficiente sobre como o professor deverá tratar os conteúdos e seu planejamento. Discutir
sobre interdisciplinaridade é um processo que deve ser realizado pelo coletivo escolar para
que futuramente os alunos aprenda de forma integral.
Tendo em vista os aspectos observados na BNCC percebe-se que é oculta o que se
tem sobre a interdisciplinaridade dos conteúdos/disciplinas, dada a importância em se
trabalhar na formação integral, os conteúdos/disciplinas devem seguir nessa linha, tornando
um aprendizado mais significativo, aumentando o campo de conhecimento, temas observados
e estudados em diferentes pontos de vista. A interdisciplinaridade é uma atitude buscada por
experiências então cabe o professor ou aluno se profissionalizar e está trabalhando de forma
aberta na obtenção e transposição desse conteúdo/disciplinas ou conhecimento.
Interdisciplinaridade é um processo que envolve a integração o trabalho em conjunto
de educadores, de interação das disciplinas entre se a realidade escolar, de modo a superar a
fragmentação do ensino, visando à formação integral, atestado a sua inserção na sociedade de
forma mais crítica e participativa, agente das mudanças do mundo.
Apontamos que existem grandes desafios quanto ao currículo da Educação Física
Escolar no ensino fundamental a partir da análise da BNCC, pois em grande parte do
documento apresentam inconsistências teóricas, o que aumenta ainda mais a incerteza sobre a
condução nas práxis do professor e no seu planejamento. A inserção da Educação Física na
área da linguagem está pouco justificada e ainda existe ao longo do percurso do ensino
fundamental um esvaziamento da linguagem nas descrições das habilidades, o que denota a
dificuldade de articulação temática e por consequência dialogicidade entre temas e áreas.
Destacamos também que o retorno à valorização das competências e habilidades traz ao
aluno, a obrigação de adaptar-se ao que está posto sobre as expectativas a serem
desenvolvidas por eles a cada etapa, isso significa um grande retrocesso na área do ensino e
da aprendizagem e que já tínhamos superado.
A interdisciplinaridade na Educação Física escolar vem como uma proposta de
valorizar o campo específico da área, seus objetos de estudo, seu currículo e conteúdo.
Entretanto salienta que através da articulação com as outras disciplinas as oportunidades
construção de um saber complexo, crítico e integrado com a realidade pode ser potencializado
nas vivências dos alunos. Realizar um planejamento escolar com ações interdisciplinares,
demanda tempo, disposição e vontade da escola e de seus professores, o que por si só já é um
grande desafio a partir da realidade escolar.
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REFERÊNCIAS

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THIESEN, J. S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-
aprendizagem. Revista Brasileira De Educação, v. 39, n. 13, 2008.

Este modelo de Artigo Científico para apresentação do TCC foi aprovado por
unanimidade pelo Colegiado do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Especialização em
Educação e Interdisciplinaridade em sua Reunião Ordinária realizada em 09/09/2022 e
deverá ser apresentado perante banca examinadora de acordo com o Regimento Interno do
Curso e dos demais documentos que regem os cursos de pós-graduação lato sensu na
UFRB.

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