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Salvador
2016
Salvador
2016
À
Minha querida mãe.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por permitir tudo de bom que aconteceu ao longo da minha vida
acadêmica. Em todos os momentos, Deus é o maior mestre quе alguém pode conhecer.
A minha orientadora Leidimar, pelo apoio e paciência na orientação deste trabalho. A todos
que colaboraram direta ou indiretamente e fizeram parte dа minha formação.
A minha mãe, Elizete, pela educação e por tudo que fez e faz por mim.
Ao meu irmão, Leonardo, que mesmo longe se fez presente.
A minha pequena Maria Isabella que é minha alegria.
A todos meus familiares, principalmente a minha tia Maria José e meus primos Jorge
Henrique e Eliana.
Aos meus colegas de graduação pelo incentivo, em especial Deane.
A todos meus amigos e principalmente minhas amigas mais próximas, Soraia, Daniela,
Aline e Tatiana, por sempre dividirem momentos de alegria e tristeza.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais
inteligente, mas o que melhor se adapta às
mudanças”.
Charles Darwin
RESUMO
O presente trabalho monográfico tem o objetivo de identificar e analisar quais fatores levaram
alguns dos estudantes do curso de Administração de EAUFBA a se desmotivarem durante a
trajetória acadêmica. Partindo de uma abordagem metodológica bibliográfica, de natureza
qualitativa, embasada na revisão de literatura e apoiada por uma pesquisa de campo, buscou-se
no pensamento administrativo subsídios teóricos para fundamentar a análise do objeto em
questão, que no caso, foi o que levam os alunos a se motivarem ou desmotivarem enquanto estão
frequentando o curso de Administração na referida instituição. Para compor o arcabouço teórico
da pesquisa, foram consultados diversos materiais e fontes bibliográficas diversas, a exemplo de
monografias, teses, dissertações, artigos científicos, matérias extraídas de jornais e revistas
especializadas, livros-texto de Administração, Psicologia e áreas afins, dentre outras fontes.
Diversas pesquisas e estudos de diferentes autores foram pesquisados, a exemplo de
Boruchovitch, Bzuneck, Alves, Barros, Ramos, dentre outros. A metodologia também incluiu a
aplicação de um questionário aos estudantes do curso de Administração da EAUFBA, de
diferentes semestres. Os resultados da pesquisa permitiram concluir que dentre as várias razões
apontadas pelos estudantes para explicar o que os mantinham motivados ou desmotivados,
destacaram-se: a perspectiva de encontrar um emprego ao concluir o curso, o corpo docente da
instituição, estrutura física, metodologias de ensino, dentre outras. Muitos estudantes realizam
estágio remunerado para poder suprir suas necessidades econômicas, ao passo que boa parte
apenas estudam. Dessa forma, percebeu-se que os fatores mais apontados como critérios para
motivação ou desmotivação durante o curso eram os relacionados à carreira e a realização
profissional, ou seja, a perspectiva de se conseguir um emprego na área de Administração, ou
aperfeiçoamento profissional. Espera-se que este trabalho possa suscitar novos questionamentos
e fomentar a elaboração de novos estudos e pesquisas que ampliem os arcabouços teóricos sobre
essa questão nos meios acadêmicos.
LISTA DE GRÁFICOS
Em geral, quando um aluno ingressa na academia seu desejo maior é poder aprender e
assimilar todos os conhecimentos que puder, para quando concluírem o curso, conseguirem uma
colocação profissional na sua área de formação (BUROCHOVITCH & BZUNECK, 2004).
No entanto, são muitos os casos de desistência e evasão nas IES por conta de falta de
motivação dos estudantes, sendo que esta, dentre outros fatores, é causada pela perda de interesse
dos alunos. Parte desse desinteresse é causado pela expectativa dos discentes em relação ao que
próprio sistema de ensino e das normas e regulamentos da instituição, além das perspectivas
profissionais ao findar o curso. Como consequência desse conjunto de fatores, a evasão é
apontada com um resultado direto da falta de motivação nos estudos acadêmicos:
Pesquisas relacionadas à aprendizagem de universitários, com contribuição da
Psicologia Educacional, têm sido desenvolvidas com o propósito de compreender os
fatores que influenciam as escolhas, expectativas e envolvimento dos estudantes com a
sua formação. Estes estudos abordam, entre outros aspectos, a existência de uma relação
entre fenômenos de integração/evasão acadêmicas com a motivação para aprender dos
estudantes (FARIAS, FRANCISCO JÚNIOR & FERREIRA, 2010, p.2).
Nesse aspecto, além da falta de motivação dos estudantes com relação ao próprio
processo de aprendizagem, eles ainda precisam se manter motivados a permanecerem e
concluírem o curso que escolheram. Os docentes, por outro lado, esperam determinados
comportamentos dos alunos, enquanto que estes depositam nos primeiros a maior parte da
responsabilidade pelo sucesso no aprendizado. Assim, quando há uma falha nessa relação,
costuma haver conflitos de interesses, com prejuízos para ambos os lados.
[...] não se pode desconsiderar a responsabilidade do professor pelo rendimento e
envolvimento de seus alunos na aprendizagem. [...] Estudos cognitivistas têm indicado a
relevância do contexto educacional direto, isto é, a sala de aula, como determinante do
interesse e envolvimento dos alunos nas propostas educacionais. Eles evocam a figura
do professor como um agente altamente significativo no processo motivacional dos
alunos (ALMEIDA, 2012, p. 13).
Por um lado, outros fatores são apontados pelos próprios estudantes para explicar a sua
mudança com relação à perspectiva ao ingressar e ao concluir o curso, como o aprendizado
deficiente e a falta de qualidade no ensino nessas instituições de ensino superior. Argumentam
também que a própria estrutura da IES é desmotivante, e que os métodos de ensino tiram o
incentivo dos alunos, que não tendo apoio, acabam por evadir-se do curso. No caso de
instituições de ensino superior, que possuem estrutura organizacional composta fundamental e
predominantemente de pessoas – ou seja, com poucos insumos tecnológicos, materiais – os
gestores precisam ter grande habilidade e sensibilidade para lidar com diferentes
individualidades e visões de mundo, que também são várias (CAMPOS & RAMOS, 2011).
Por outro lado, há também o rigor no tradicionalismo dos métodos de ensino, ou seja, não
há uma maior preocupação em aderir a metodologias alternativas, o que no médio e longo prazo
contribui para os alunos perderem até mesmo interesse pelo curso. Nesse caso, as tecnologias
recentes e o avanço nas telecomunicações seriam também como uma força que poderia
impulsionar o aprendizado e consequentemente, contribuir para o aumento da motivação entre os
estudantes (RAMOS, 2013).
Outro aspecto que também é bastante comum e influencia no nível de motivação dos
alunos de instituições de ensino superior é com relação à expectativa futura após a conclusão do
curso. Antes de ingressar numa instituição de ensino (pública ou privada), o estudante em geral
objetiva conseguir um posto de trabalho relacionado à área que o mesmo escolheu para atuar. Ou
seja, se cursa Engenharia Civil, seu desejo é ao terminar o curso conseguir um emprego como
Engenheiro Civil; se cursa Administração, sua meta é trabalhar como Administrador ou em
funções afins. No entanto, a própria incerteza sobre a situação profissional do estudante após a
formatura – quer dizer, do próprio mercado de trabalho – amedronta e serve como parâmetro
desmotivador (FARIAS, FRANCISCO JÚNIOR & FERREIRA, 2010).
Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é o de tentar identificar quais os fatores que
levaram alguns dos estudantes de Administração, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) a se
desmotivarem do curso. Os objetivos específicos são descritos a seguir:
Para a elaboração deste trabalho, foi aplicado um questionário (ver Apêndice A) a alguns
estudantes do curso de Administração, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no período de
10 a 13 de outubro do ano corrente, em que foram feitas várias perguntas sobre diferentes
aspectos relacionados à motivação dos alunos. De um total de 812 estudantes matriculados na
Escola de Administração da UFBA (EAUFBA), foi tomada uma amostra de 30 alunos para
responder ao questionário, ou seja, espaço amostral de aproximadamente 3,7%.
Enquanto isso, o componente humano ganhou amplo sentido, pois se acredita que a chave
para o desenvolvimento e o êxito de uma organização perpassa pelo olhar individualizado sobre
cada um daqueles que contribuem para o seu crescimento.
Chiavenato (1999) argumenta que a motivação está contida dentro das próprias pessoas e
pode ser amplamente influenciada por fontes externas ao indivíduo ou pelo seu próprio trabalho
na empresa. Motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos
esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta. Os três elementos-chave são
intensidade, direção e persistência (Ibidem).
Diante desta análise, em seus estudos Chiavenato afirma que “a motivação existe dentro
das pessoas e se dinamiza com as necessidades humanas.” Logo, demonstra-se que a motivação
humana ocorre de forma intrínseca, ou seja, de forma interna, age de dentro para fora e é o fator
que impulsiona as ações para que as necessidades dos indivíduos sejam alcançadas (Ibidem).
No entanto, devido a fatores externos, extrínsecos, como por exemplo, a alienação do
trabalho, as longas jornadas e, muitas vezes, as más remunerações criam no trabalhador um
sentimento de insatisfação com a função que exerce. A administração contemporânea visa não só
a gerência dos recursos materiais, como também procura desenvolver um ambiente satisfatório
para seus funcionários, buscando maximizar a produtividade (VEIGA, 2011).
Tais incentivos, quando devidamente preenchidos, constituem não um fim – mas um meio
– através do qual se atinge a satisfação do trabalhador, correspondendo suas expectativas,
esperando-se em troca que a atmosfera “ideal” criada para ele funcione como geradora da sua
vontade de fazer parte da organização, contribuindo sempre da melhor forma para o crescimento
da mesma.
Cada ser humano possui necessidades individuais, desejos e objetivos, podendo ser
expostos em diversas situações do cotidiano, e tais motivos podem influenciar diretamente no
comportamento dos indivíduos.
No entanto, antes de adentrar no campo das teorias que explicam (ou tentam explicar) o
que motiva as pessoas, é conveniente analisar o contexto histórico em que tais teorias surgiriam,
mostrando a evolução do pensamento administrativo.
Segundo Maximiano (2000), Taylor foi responsável por um conjunto de regras e normas
que visavam aumentar a produtividade por meio da divisão e racionalização do trabalho, como
por exemplo, pagar bons e altos salários e obter baixos custos de produção (otimização
produtiva); aplicação de uma metodologia científica de pesquisa com o objetivo de investigar as
melhores formas de execução de tarefas; seleção de empregados através de critérios "científicos",
sendo eles selecionados e treinados de acordo com suas habilidades; o clima entre trabalhadores
e a gerência deveria ser a mais cordial e próxima possível, criando com isso as condições
propícias e favoráveis, por meio de um ambiente psicológico positivo.
Com a introdução da linha de montagem, a partir da década de 1900 por Henry Ford, as
técnicas de racionalização do trabalho na administração científica ganharam grande
aplicabilidade. Até esse período, a produção era feita de modo praticamente artesanal, perdendo
em eficiência e agilidade, além dos produtos não terem uma padronização de seus produtos:
Até o começo do século XX, a atividade industrial era dominada pelos métodos
artesanais. Um automóvel era fabricado da mesma forma como ainda hoje se constrói
uma casa. A produção artesanal é custosa e demorada. Quando há um grande mercado
potencial ansioso por uma grande quantidade de produtos de baixo custo, produzidos
rapidamente, o artesanato é desvantajoso. Esse era um dos ingredientes do contexto que
impulsionou a produção em massa, que é, essencialmente, a fabricação de produtos não
diferenciados em grandes volumes (MAXIMIANO, 2000, p. 58).
É fácil imaginar que quando o método idealizado e proposto por Taylor foi implantado
nas indústrias, o nível de produção elevou-se enormemente, revolucionando as técnicas
administrativas e gerenciais que se praticavam naquela época. O engenheiro norte-americano
acreditava que os defeitos que cercavam as empresas nesse período resumiam-se em três: (1)
indolência e vadiagem dos operários, (2) desconhecimento da gerência das rotinas de trabalho e
do tempo de sua execução e (3) falta de padronização ou de uniformidade nas técnicas e métodos
de trabalho (CHIAVENATO, 2004).
Outro teórico administrativo que lançou bases sólidas para a Administração foi foi Henry
Fayol. Segundo Maximiano (2000), Fayol foi responsável por ter dado à Administração um
caráter mais organizacional, com funções bem definidas em termos administrativos. É dele a
formulação do conhecido Processo Administrativo, composto das funções de planejamento,
organização, direção, comando, coordenação e controle. Mais tarde, estas seriam resumidas em
planejamento, organização, direção e controle (PODC).
Desde que a Teoria das Relações Humanas surgiu com na década de 1930, e com a
percepção de que o elemento humano possui papel predominante para o sucesso das
organizações, estudos sobre a motivação vêm se multiplicando, contribuindo para responder a
algumas questões básicas sobre o tema.
Até essa época, fatores focados em aspectos ou qualidades humanas, como liderança,
motivação, cultura organizacional, reconhecimento dentre outras, não tinham a devida
importância ou então não eram considerados essenciais para o bom desempenho da organização,
sendo apenas oferecidas recompensas na forma de remuneração e prêmios por produtividade
(MAXIMIANO, 2000).
Para Sobral e Peci (2008), com a experiência de Hawthorne, Elton Mayo (formulador do
experimento) pode verificar que a produtividade não dependia de fatores econômicos, mas sim
da integração social entre os funcionários. Além disso, os indivíduos não agiam
independentemente, mas sim em função do grupo ao qual pertenciam, gerando assim um
comportamento social. Outra conclusão tirada da experiência foi a constatação de que os grupos
informais tinham enorme influência nas decisões e atitudes dos integrantes, originando o
conceito de homem social.
A motivação então seria um elemento crucial para analisar o comportamento das pessoas
nas organizações com vistas a satisfazer alguma necessidade ou meta organizacional, sendo que
daí surgiriam várias teorias sobre esse fator, como a de Maslow e a de Herzberg, situadas dentro
do contexto da Teoria Comportamental da Administração.
Para esse estudioso, a motivação segue um ciclo, denominado de ciclo motivacional, que
pode ser melhor observado pela Figura 1:
FIGURA 1 – Ciclo
motivacional.
Pela análise da figura acima, o indivíduo encontra-se num estado de equilíbrio inicial, em
que suas necessidades encontram-se satisfeitas. Porém, quando surge uma nova necessidade, e
esta não é satisfeita de imediato, ocorre um estado de tensão ou insatisfação, impelindo a pessoa
a buscar soluções ou meios de satisfazer a necessidade, gerando um conjunto de ações ou
atitudes (motivação), até que se chegue na situação do novo equilíbrio, e assim sucessivamente
(ALPERSTEDT & EVANGELISTA, 2007).
Para Maslow, as necessidades humanas compõem-se em cinco categorias ou tipologias
básicas: as básicas ou fisiológicas, de segurança, participação, autoestima e realização pessoal ou
reconhecimento. Todas estas devem seguir rigorosamente esta ordem de aparecimento, sob
prejuízo de perda de validade teórica, conforme pode ser facilmente visualizada na Figura 2
(MAXIMANO, 2000).
Fonte: http://www.jornalbrasileirogratuito.com.br/noticias/novidades/educacao/piramide-de-maslow-hierarquia-de-
necessidades-de-maslow/.
Algumas premissas precisam ser esclarecidas para se entender melhor a exposição teórica
de Maslow. Primeiramente, as necessidades mais básicas ou elementares estão localizadas na
base da pirâmide, ou seja, são aquelas mais facilmente satisfeitas e que necessitam de menores
esforços para satisfação. Em geral, essas necessidades precisam ser atendidas antes de se
procurarem satisfazer as de nível hierárquico mais elevado (CHIAVENATO, 2004).
Outro ponto que merece ser esclarecido sobre a pirâmide de Maslow é o fato de que uma
escala precisa ser atendida antes que uma nova se manifeste ou abra demanda, ou seja, caso uma
necessidade fique sem ser satisfeita, a pessoa não avançará na sua escala e ficará ela sem
motivação para progredir. Outro ponto é que quando a pessoa consegue atender uma
necessidade, esta logo deixa e se fazer necessária, ficando a pessoa impelida ou motivada a
satisfazer o nível seguinte (SOBRAL & PECI, 2008).
Tais condições são de responsabilidade da empresa, ou seja, são os fatores externos que
independem do funcionário. Sabe-se também que, estes fatores tem grande influência no que diz
respeito à insatisfação dos colaboradores, entretanto estes não conseguem isoladamente
promover a satisfação do colaborador.
A motivação é um sentimento que pode ser utilizado como ferramenta para se alcançar a
satisfação – haja vista que alguns autores consideram ambos os sentimentos como sendo um só.
Defende-se, portanto, a necessidade de se adotar medidas que criem um clima organizacional
mais propício à produtividade e ao acolhimento.
A teoria dos dois fatores de Herzberg abrange aspectos internos e externos do indivíduo,
por entender que estes têm peso fundamental na motivação do trabalhador. Valorizar o
funcionário por meio do preenchimento das suas necessidades pode vir a ser uma ferramenta
importante na busca de se atingir a satisfação desses indivíduos com o seu respectivo ambiente
de trabalho.
Dentro desse modelo, as expectativas seriam definidas como sendo objetivos individuais,
incluindo benefícios em dinheiro, a possibilidade de segurança no cargo ou função, a necessidade
de aceitação e reconhecimento social, além de outros. As recompensas seriam as relações
advindas e percebidas entre a produtividade e o alcance dos objetivos individuais; ou seja,
recompensa pode ser definida nesse caso como sendo quando o indivíduo percebe que para obter
determinado reforço positivo, precisa atender a objetivos. Por fim, as relações entre expectativas
e recompensas ocorrem quando os indivíduos percebem a possibilidade de aumentar a
produtividade e assim satisfazer as expectativas para com as recompensas definidas
(CHIAVENATO, 2004).
Daí, segundo Alves (2011), surge um conceito que na análise de Vroom recebe o nome de
expectância, que seria a crença do indivíduo sobre sua capacidade de fazer determinada atividade
ou cumprir uma meta, empreendendo um esforço para tal tarefa. Para Vroom, as pessoas
analisam a possibilidade de escolha ou avaliação das diferentes possibilidades de comportamento
frente o esforço dispendido, ou seja, com essa teoria, o processo motivacional dependeria do
contexto do ambiente de trabalho no qual o colaborador está escrito, e não apenas dos seus
objetivos individuais, diferindo, portanto, das teorias de Maslow e de Hezberg.
O que ajuda a explicar o alcance de tal teoria é o fato desta considerar que as
organizações são estruturas compostas por pessoas diferentes, com peculiaridades e
características distintas, e que a própria percepção desses indivíduos sobre a motivação é
diferente e varia de pessoa para pessoa. Além disso, uma importante vantagem desse modelo
reside no fato de que as pessoas procuram racionalizar e otimizar suas decisões, objetivando
sempre buscar a melhor escolha dentre um conjunto de opções ou alternativas disponíveis,
partindo de uma análise contextual (ALVES, 2011).
4 PESQUISA DE CAMPO
Neste capítulo serão descritos os resultados e análises das respostas obtidas pelos
respondentes através da pesquisa de campo, e compará-los em função das teorias analisadas nos
capítulos 2 e 3.
De fato, os dados tabulados mostram que a faixa etária mediana dos alunos que
frequentam o curso de Administração na EAUFBA situa-se entre os 24 (vinte e quatro) e 27
(vinte e sete) anos, ou seja, cerca de 30% dos entrevistados tem idades dentro desse intervalo.
Em seguida, 23% possuem entre 20 (vinte) e 23 (vinte e três) anos; 20% têm entre 28 (vinte e
oito) a 30 (trinta) anos; 13% deles têm menos de 20 anos e outros 13% têm mais de 30.
A maioria dos respondentes da pesquisa tem entre 20 a 27 anos, algo diferente do que tem
a maioria dos estudantes do curso, onde os alunos têm entre 18 a 22 anos.
Gráfico 3 – Semestre de ingresso dos entrevistados
Gráfico 4 – Números de
semestres cursados pelos respondentes
A ocupação profissional dos alunos também foi um dos objetos de pesquisa analisado, conforme
observado no Gráfico 5.
Gráfico 5 – Ocupação dos alunos entrevistados
Fonte: Elaborado pela autora, Questionário (2016).
De acordo com o Gráfico 5, a maior parte dos alunos (cerca de 42% deles) tem como
principal ocupação a realização de estágio remunerado. Muitos alunos optam por esse tipo de
atividade remunerada pelo fato de ser uma das poucas que possibilitam conciliar o horário das
aulas (que pode abranger tanto o turno matutino, quanto vespertino ou mesmo o noturno). Uma
jornada de trabalho normal não teria essa possibilidade, dada a maior carga horária. Cerca de
19% dos alunos pesquisados possuem trabalho fixo (vínculo empregatício), enquanto que outros
19% não exercem nenhuma atividade remunerada, ocupando o tempo livre apenas com o estudo;
6% dos estudantes realizam atividade junto à Empresa Júnior.
Gráfico 6 – Interferência do trabalho nos
estudos
No entanto, pode haver situações em que mesmo o estudante não tendo sido aprovado no
primeiro curso de sua escolha, acaba gostando da segunda opção, conforme pode ser notado no
próximo gráfico.
Gráfico 8 – Arrependeu-se ou não de ter escolhido o curso de graduação
Dos 50% que tinham respondido à pergunta anterior – que Administração não tinha sido a
primeira opção de curso – 80% não se arrependeram de ter escolhido cursá-la. Apenas 20%
relataram arrependimento em ter escolhido este curso.
Gráfico 9 – Sente-se ou não motivado no curso de Administração
Fonte: Elaborado pela autora, Questionário (2016).
O Gráfico 10 mostram as razões apontadas pelos alunos que responderam que sentem
motivação ao cursar Administração na EAUFBA.
Gráfico 10 – Fatores motivadores apontados pelos respondentes
A maior parte das respostas tem relação com algum aspecto profissional. Cerca de 38% (a
maioria dos respondentes, neste caso) responderam que a ineficácia da EAUFBA em
implementar programas de inserção do estudante no mercado de trabalho. Em seguida, 22%
deles citaram que a metodologia de ensino praticada pela instituição deveria melhorar; 11%
informaram que apesar de se sentir desmotivado vão continuar no curso mesmo sabendo que não
obterão a realização profissional; outros 11% responderam que sentem como se estivessem
“perdendo tempo” continuando no curso; 8% apontaram o corpo docente da universidade como
motivo desmotivante, pois para eles, alguns professores não ensinam da forma como deveriam,
exigem muito e não demonstram domínio do conteúdo da disciplina que ensinam.
Por outro lado, Ferreira, Machado e Gouveia (2012) contribuem com a análise da
motivação acadêmica com a denominada teoria da discrepância, ou seja, quando há uma
diferença acentuada entre o que se espera de uma coisa, e a o resultado que realmente foi obtido.
Nesse caso, vem daí um fator essencial para que possa haver a motivação, ou seja, a satisfação,
que nesse aspecto é como se fosse o resultado de uma simples equação: satisfação = resultados
obtidos – resultados esperados, ou SA = RO – RE. Assim, de acordo com esta expressão, sempre
que os resultados obtidos forem maiores que os resultados esperados, ou seja, R O > RE, haverá
satisfação e consequentemente, motivação. No entanto, sempre que R E > RO (resultados obtidos
menores que os esperados, haverá insatisfação e desmotivação.
De acordo com essa teoria, quando os alunos ingressam numa universidade em geral eles
costumam – de forma consciente ou inconsciente – criar grandes expectativas. Estas podem se
consubstanciar na forma de um ambiente acadêmico alegre, com a cooperação dos alunos,
métodos de ensino compatíveis com a realidade e os novos tempos, e sistemas avaliativos em
que as notas sejam sempre positivas. Porém, uma ou várias dessas situações podem não
acontecer, gerando uma discrepância entre o que o aluno esperava e o que realmente acontece na
vida acadêmica, gerando uma insatisfação que resultará em falta de motivação. Tais fatores
foram citados nos gráficos 10 e 11, sendo que no primeiro, alguns dos alunos que responderam
positivamente as perguntas poderão num segundo momento responder negativamente
posteriormente, ou seja, a insatisfação depende também do tempo (FERREIRA, MACHADO &
GOUVEIA, 2012).
Farias, Francisco Júnior e Ferreira (2010) ao realizar uma pesquisa sobre a motivação em
estudantes universitários ao escolherem o curso superior, acrescentam que muitos estudantes
se sentem desmotivados no ensino superior por criarem excesso de expectativas sobre a trajetória
acadêmica, e por não terem se informado sobre o ambiente ao qual ingressariam. Para eles, as
expectativas também costumam variar de pessoa para pessoa e ser muito diferentes a depender
do indivíduo que as apresentam:
[...] existe uma diferenciação na motivação entre estudantes em termos de
envolvimentos nas atividades acadêmicas diante de questões como desvalorização, a
questão do gênero, a preferência pelo bacharelado ou a simples obtenção de um diploma
de curso superior, uma vez que ficou evidente que as mulheres, os alunos mais velhos,
aqueles que atuam no ensino ou que têm clara intenção de ser professores revelaram-se
mais motivados (FARIAS, FRANCISCO JÚNIOR & FERREIRA, 2010, p. 3).
Na pesquisa de campo realizada na EAUFBA, notou-se que entre os alunos mais velhos,
o excesso de expectativa era menor, embora entre eles também a falta de motivação fosse maior.
No entanto, os estudantes de faixa etária mais elevada mostraram maiores preocupações com
aspectos profissionais, ou seja, tinham mais ansiedade em finalizar o curso para poder ingressar
no mercado de trabalho.
Neste respeito, nota-se também uma similaridade com a teoria da expectação de Vroom,
que correlaciona o comportamento despendido na busca pela recompensa. Ou seja,
[...] um sujeito terá tendência a agir de determinada forma baseado na expectativa de
que o seu comportamento poderá proporcionar-lhe uma recompensa e despenderá o
máximo esforço se a percepção do valor da recompensa o justificar, havendo uma forte
probabilidade de sucesso. Esta teoria, ao contemplar a subjetividade da natureza
humana, diz-nos como é que a experiência pode ser determinante na escolha do tipo de
recompensa a atribuir ao indivíduo, mas independentemente da percepção do valor da
recompensa, esta teoria não funcionará se o indivíduo não tiver perspectivas de sucesso
(RAMOS, 2013, p. 5).
Esta pesquisa pretendeu analisar a motivação dentro do contexto acadêmico, tendo como
objeto de estudo a motivação ou desmotivação dos estudantes do curso de Administração, da
Escola de Universidade Federal da Bahia (EAUFBA). A metodologia utilizada foi a
bibliográfica, de natureza qualitativa, baseada na revisão integrativa da literatura especializada e
apoiada num estudo prático de caso (aplicação de questionário).
Isso porque em Administração, por ser um curso multidisciplinar e contar com vários
campos de atuação, fica relativamente mais fácil ingressar num estágio extracurricular que em
outros cursos. O estágio com certeza é um dos momentos mais desafiadores na vida dos
estudantes, e é muito gratificante quando conseguimos perceber como cada disciplina estudada
na universidade contribuiu para a construção do alicerce que foi se consolidando durante a
prática profissional.
Porém, conseguir um emprego na área não deveria ser a única razão para que um
estudante se mantivesse motivado no curso superior escolhido. A formação e a realização
profissional não são objetivos que devem se esgotar com o término da graduação; muito pelo
contrário: deveriam ser as forças desencadeadoras, pois estas devem ser entendidas como fatores
para uma educação continuada e não somente como uma qualificação acabada.
Vivemos num ambiente de constantes e rápidas mudanças, sempre permeado por riscos e
incertezas, de modo que nem sempre as pessoas terão suas expectativas positivas atendidas. É
necessário que as pessoas saibam e possam adaptar-se rapidamente às mudanças na expectativa.
Cabe a nós, enquanto cientistas sociais e futuros administradores, verificar como se pode aplicar
os conhecimentos aprendidos durante a nossa passagem pela Academia, podendo ser
profissionais preparados para o mercado e também para a vida.
REFERÊNCIAS
ALVES, Abigail Mary; BARROS, José Antônio Pelodan; GUARANYS, Teresinha de Jesus L. B.
Reflexões sobre motivação e a relação com os vínculos organizacionais na Caixa Econômica
Federal. Perspectivas Online, v. 4. n. 14, 2010. Disponível em
<http://www.seer.perspectivasonline.com.br/index.php/revista_antiga/article/download/
429/339>. Acesso em 26/08/2016.
FARIAS, Sidilene Aquino de; FRANCISCO JÚNIOR, Wilmo Ernesto; FERREIRA, Luiz
Henrique. Motivação na escolha de um curso universitário: a valorização do diploma de
nível superior nos cursos de Licenciatura em Química. Brasília: XV Encontro Nacional de
Ensino de Química (XV ENEQ), 21 a 24 de julho de 2010. Disponível em
<http://www.sbq.org.br/eneq/xv/resumos/R0126-2.pdf> Acesso em 05/11/2016.
MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução à Administração. 5. ed. Rev. e Ampl. São
Paulo: Atlas, 2000.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 28.
ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
RAMOS, Susana Izabel Vicente. Motivação acadêmica dos alunos do ensino superior.
[Artigo]. 2013. Disponível em <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0677.pdf>. Acesso em
09/08/2016.
RUFINI, Sueli Édi; BZUNECK, José Aloyseo; OLIVEIRA, Katya Luciane de. A Qualidade da
Motivação em Estudantes do Ensino Fundamental. [Artigo]. Revista Paideia, v. 22, n. 51, pp.
53-62, jan./abr., 2012. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v22n51/07.pdf> Acesso
em 26/10/2016.
SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
VEIGA, Mariara. Motivação dos funcionários de uma agência bancária: uma análise acerca
da implantação de um plano de cargos e salários. [Trabalho de Conclusão de Curso]. Porto
Alegre: UFRS, 2011. Disponível em <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/77622?
locale=pt_BR>. Acesso em 22/10/2016.
APÊNDICES
Sou aluna de Administração e peço, por gentileza, sua colaboração no meu Trabalho de
Conclusão de Curso respondendo o questionário abaixo, cujas informações serão utilizadas para
verificar quais fatores contribuem para a motivação e/ou desmotivação dos alunos do curso de
Administração da EAUFBA, sob orientação da Profª. Drª. Leidimar Cândida dos Santos.
Desde já agradeço sua disposição em contribuir com meu trabalho.
1 - Sexo do (a) respondente.
[ ] Masculino.
[ ] Feminino.
Resposta: ______________________
10 - Se a resposta à pergunta 9 foi “SIM”, aponte o (s) fator (es) que lhe motiva no curso de
Administração na UFBA.
[ ] O reconhecimento da EAUFBA pelo mercado de trabalho.
[ ] O espaço físico oferecido pela EAUFBA.
[ ] Me sinto motivado porque sempre quis estudar Administração na UFBA.
[ ] A perspectiva de encontrar facilmente um emprego após a conclusão do curso.
[ ] Gosto do curso de Administração, e acho que vai me realizar profissionalmente.
[ ] O corpo docente da EAUFBA.
[ ] A EAUFBA me faz sentir satisfação na minha busca por excelência na formação profissional.
[ ] A metodologia de ensino da instituição.
[ ] Outros. Descreva:_________________________________________________
11 - Se a resposta à pergunta 9 foi “NÃO”, aponte o (s) fator (es) que lhe desmotiva no
curso de Administração na UFBA.