Você está na página 1de 24

Grafos

André Rodrigues da Cruz


andre@decom.cefetmg.br

Departamento de Computação
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Matemática Discreta

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 1 / 24


Grafo Não Direcionado

Definição
Um grafo não direcionado (não orientado) G (V , A) consiste de um
conjunto, não vazio, de vértices V , e um conjunto A de arestas. Cada
aresta {i, j} ∈ A determina um relacionamento entre dois vértices i, j ∈ V .

Exemplo
Conexões de Internet de alta velocidade:
V = {Belo Horizonte, Brası́lia, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo}
A = {{Brası́lia, Belo Horizonte}, {Brası́lia, Porto Alegre}, {Brası́lia, São Paulo}, . . . , {Rio de Janeiro, Fortaleza}}

Belo Horizonte Fortaleza

Brası́lia
Rio de Janeiro

Porto Alegre São Paulo

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 2 / 24


Grafo Não Direcionado

Considera-se {i, j} = {j, i} em um grafo não orientado.


Laço: {i, i} ∈ A.
Vértice isolado: sem aresta incidente.
Grafo simples: sem laço e conexão entre vértices se dá apenas por
uma aresta.
Multigrafo: possui arestas paralelas para algum par i, j ∈ V .
Pseudografo: grafos com laços e arestas múltiplas (paralelas).
Grafo infinito: conjunto infinito de vértices ou arestas.
Grafo finito: número limitado de vértices e arestas.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 3 / 24


Terminologias

Definição
Os vértices i, j ∈ V de um G (V , A) não orientado são adjacentes
(vizinhos) se i e j são extremidades de uma aresta e ∈ A. No caso, e é
associada a {i, j}, e é dita ser incidente aos vértices i e j (e conecta i e j).

Definição
Dado um grafo G (V , A), o conjunto de todos os adjacentes a um vértice
i, N(i) ⊆ V , é denominado vizinhança de i.

Definição
O grau de um vértice i ∈ V de um grafo G (V , A) não orientado é o
número de arestas incidentes a ele (um laço é contado duas vezes). O
grau de i é indicado por gr(i), que é igual a |N(i)|. ∆(G ) e δ(G ) são,
respectivamente, o grau máximo e mı́nimo de um vértice de G .

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 4 / 24


Terminologias

Teorema do Aperto de Mãos


Seja G (V , A) um grafo não orientado com m = |A| arestas. Então
X
gr(i) = 2m.
i∈V

Teorema
Um grafo não orientado possui um número par de vértices de grau ı́mpar.

Demonstração: Sejam V1 e V2 o conjunto de vértices de grau par e ı́mpar, respectivamente, de um grafo G (V , A) não
P P P
orientado. Então 2m = i∈V gr(i) = i∈V1 gr(i) + i∈V2 gr(i). Como gr(i) é par para i ∈ V1 , primeiro termo do lado

direito da última igualdade é par. Além disso, a soma dos dois termos do lado direito da última igualdade é par, porque a soma

deste é 2m. Logo, o segundo termo na soma também é par. Como todos os termos nesta soma são ı́mpares, deve existir um

número par de tais termos. Logo, existe um par de vértices de grau ı́mpar.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 5 / 24


Terminologias

Definição
Seja G (V , A) um grafo orientado. Quando (i, j) ∈ A, diz-se que o vértice
inicial i é adjacente para o vértice final j e j é adjacente à partir de i. Em
um laço, o vértice inicial e final é o mesmo.

Definição
Em um grafo orientado, o grau de entrada de um vértice i, gr− (i), é o
número de arestas que nele chega. O grau de saı́da de i, gr+ (i), é número
de arestas de sai dele.

Teorema
Seja G (V , A) uma grafo orientado. Então
X X
gr− (i) = gr+ (i) = |A|.
i∈V i∈V

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 6 / 24


Grafos Especiais

Completo Kn - grafo simples com arestas para cada par de vértices:


1 1
1 10 2
8 2
1
9 3
5 2
7 3
8 4

6 4
7 5
3 2 4 3 5 6
K3 K5 K8 K10

Ciclo Cn , (n ≥ 3) - grafo que forma um ciclo:


1 1
1 10 2
8 2
1
9 3
5 2
7 3
8 4

6 4
7 5
3 2 4 3 5 6
C3 C5 C8 C10

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 7 / 24


Grafos Especiais

Roda Wn , (n > 3) - ciclo mais um novo vértice aos outros:


1 1
1 10 2
8 2
1
9 3
5 2
7 9 3 11
6
8 4
4
6 4
7 5
3 2 4 3 5 6
W4 W6 W9 W11

n-cubo Qn - representa as 2n sequências de n bits:


110 111
0 01 00
100 101

010 011

1 11 10 000 001

Q1 Q2 Q3

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 8 / 24


Terminologias

Definição
Um subgrafo H(V 0 , A0 ) de G (V , A) é um grafo tal que V 0 ⊆ V e A0 ⊆ A.

Definição
Um grafo H(V 0 , A0 ) é subgrafo gerador de G (V , A) se e somente se H é
subgrafo de G e V = V 0 .

Definição
Seja G (V , A) um grafo. H(V 0 , A0 ) é subgrafo induzido por vértices de
G se e somente se V 0 ⊆ V e ∀i, j ∈ V 0 , {i, j} ∈ A → {i, j} ∈ A0 .

Definição
Seja G (V , A) um grafo. H(V 0 , A0 ) é subgrafo induzido por arestas de G
se e somente se A0 ⊆ A e ∀{i, j} ∈ A0 , {i, j} ∈ A0 → i ∈ V 0 ∧ j ∈ V 0 .

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 9 / 24


Exemplos

H é subgrafo de G : H é subgrafo gerador de G :


A B A A B A B

E E E E

D C D C D C D C
G H G H
H é subgrafo induzido por vértices de G : H é subgrafo induzido por arestas de G :
A B A A B A B

E E E

D C C D C D C
G H G H

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 10 / 24


Terminologias

Definição
Seja G (V , A) um grafo. Um subconjunto S ⊆ V é um clique se e
somente se todo par de vértices distintos em S são adjacentes. O número
de clique em G , ω(G ), é o tamanho do maior clique deste.

Definição
Seja G (V , A) um grafo. Um subconjunto S ⊆ V é um conjunto
independente se e somente se não há um par de vértices distintos em S
que sejam adjacentes. O número de independência de G , α(G ), é o
tamanho do maior conjunto independente deste.

Definição
Seja G (V , A) uma grafo. O complemento de G , denotado por G (V 0 , A0 )
é tal que V 0 = V e ∀i, j ∈ V 0 , ({i, j} 6∈ A → {i, j} ∈ A0 ) ∧ {i, i} 6∈ A0 .

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 11 / 24


Exemplo

Considere o grafo G :

2 3
6
1
5
4 7 9
8

Exemplos de cliques: {1, 4}, {2, 5, 6},{6, 8, 9}, {4}, ∅.


Número de clique: ω(G ) = 3.
Exemplos de conjuntos independentes: {4, 6},{1, 3, 5, 8}, {1, 3, 7}, ∅.
Tamanho do maior conjunto independente: α(G ) = 4.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 12 / 24


Conexão

Definição
Seja G (V , A) um grafo. Um passeio em G é uma sequência de vértices
adjacentes. Ou seja, um caminho de a até b é w = (v0 , v1 , . . . , vn−1 , vn )
com v0 = a, vn = b, vi ∈ V , i = 0, 1, . . . , n e (vi , vi+1 ) ∈ A. O
comprimento de tal caminho é n (número de arestas no caminho).

Definição
Seja G (V , A) um grafo para o qual existem os passeios
w1 = (v0 , v1 , . . . , vn ) e w2 = (u0 , u1 , . . . , um ) com vn = u0 . A
concatenação de tais caminhos é definida por
w1 + w2 = (v0 , v1 , . . . , vn = u0 , u1 , . . . , um ).

Definição
Um caminho em um grafo é um caminho sem repetição de vértices.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 13 / 24


Conexão

Proposição
Seja w um caminho de um grafo G (V , A). Então, w não cruza qualquer
aresta de G mais de uma vez.

Definição
Um grafo de um caminho é aquele com conjunto de vértices
V = {v1 , v2 , . . . , vn } e arestas A = {{vi , vi+1 }, 1 ≤ i ≤ n}.

Definição
Seja G (V , A) um grafo e a, b ∈ V . Afirma-se que a é ligado a b se existe
um passeio de a até b.

Lema
Seja G (V , A) um grafo e a, b ∈ V . Se existe um passeio de a até b, então
existe um caminho de a até b.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 14 / 24
Conexão

Teorema
Seja G (V ,A) um grafo. A relação é ligado a é uma relação de equivalência.

Definição
Uma componente de G é um subgrafo de G induzido em uma classe de
equivalência da relação é ligado a em V .

Definição
Um grafo conexo se e somente se há um caminho para cada par de
vértices.

Definição
Em um grafo G (V ,A), um vértice de corte v ∈ V é tal que a remoção
deste resulta em mais de uma componente. Similarmente, removendo-se
uma aresta de corte e ∈ A resulta em mais de uma componente em G .
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 15 / 24
Árvores
Definição
Um ciclo é um passeio de comprimento mı́nimo três, em que se repete o
primeiro e o último vértices, mas nenhum outro repete-se. O termo ciclo
também se refere a um (sub)grafo que consiste nos vértices e arestas de
tal passeio. Um ciclo (grafo) com n vértices é denotado por Cn .

Definição
Seja G (V , A) um grafo. Se G não possui ciclo, diz-se que este é acı́clico.
Alternativamente, afirma-se que G é uma floresta.

Definição
Uma árvore é um grafo conexo e acı́clico.

Teorema
Para qualquer par de vértices em uma árvore existe um único caminho.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 16 / 24
Árvores

Teorema
Se G (V , A) é um grafo com a propriedade de que, para dois vértices
quaisquer existe exatamente um caminho, então G deve ser uma árvore.

Teorema
Seja G (V , A) um grafo conexo. Então, G é uma árvore se e somente se
toda aresta de G é de corte.

Definição
Uma folha em um grafo é um vértice de grau 1.

Teorema
Toda árvore possui pelo menos uma folha.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 17 / 24


Árvores

Teorema
Se G (V , A) é uma árvore e v uma folha de G . Então, ao remover v , G
continua sendo uma árvore.

Teorema
Seja G (V , A) é uma árvore com n ≥ 1 vértices. Então, G possui n − 1
arestas.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 18 / 24


Árvores Geradoras

Definição
Seja G (V , A) um grafo. Uma árvore geradora de G é um subgrafo
gerador de G que é uma árvore.

Teorema
Um grafo possui árvore geradora se e somente se é conexo.

Teorema
Seja G (V , A) um grafo conexo com n ≥ 1 vértices. Então, G é uma árvore
se e somente se G tem exatamente n − 1 arestas.

André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 19 / 24


Grafos Eulerianos
Definição
Seja G (V , A) um grafo. Um caminho euleriano é um passeio que
atravessa cada aresta de G exatamente uma vez. Se tal trilha inicia e
termina no mesmo vértice, tal passeio denomina-se ciclo euleriano.
Diz-se que G é um grafo euleriano se possui algum ciclo euleriano.

Se G é euleriano, então G tem no máximo uma componente não


trivial (com mais de 1 vértice).
Se G tem um caminho euleriano, então G tem no máximo dois
vértices de grau ı́mpar.
Se G tem um caminho euleriano que começa em um vértice a e
termina em um vértice b 6= a, então a e b têm grau ı́mpar.
Se G tem um ciclo euleriano (G euleriano), então todos os vértices de
G têm grau par.
Se G é um grafo euleriano conexo, então G tem um ciclo euleriano
que inicia/termina em qualquer vértice.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 20 / 24
Grafos Eulerianos
Lema
Seja G (V , A) um grafo conexo cujos vértices têm todos grau par. Então,
nenhuma aresta de G é uma aresta de corte.

Lema
Seja G (V , A) um grafo conexo com exatamente dois vértices de grau ı́mpar. Seja
a um vértice de grau ı́mpar e maior que 1. Então, ao menos uma das arestas
incidentes a a não é uma aresta de corte.

Teorema
Seja G (V , A) um grafo conexo cujos vértices têm todos grau par. Para
cada vértice v ∈ V , existe um ciclo euleriano que começa e termina em v .

Teorema
Seja G (V , A) um grafo conexo com exatamente dois vértices de grau
ı́mpar, a e b. Então, G possui um caminho euleriano que inicia em a e
termina em b.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 21 / 24
Coloração
Definição
Seja G (V , A) um grafo e k um inteiro positivo. Uma coloração-k de G é
uma função f : V → {1, 2, . . . , k}. Tal coloração é própria desde que para
todo vértice adjacente i, j ∈ V , f (i) 6= f (j). Um grafo que admite uma
coloração-k própria é denominado k-colorizável.

Definição
Seja G (V , A) um grafo. O menor inteiro positivo k para o qual G é
k-colorizável é denominado número cromático de G , designado por χ(G ).

Proposição
Seja G um subgrafo de H. Então, χ(G ) ≤ χ(H).

Proposição
Seja G um grafo com grau máximo ∆. Então, χ(G ) ≤ ∆ + 1.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 22 / 24
Grafos Bipartidos

Definição
Um grafo G (V , A) é bipartido se e somente se é 2-colorizável.

Proposição
As árvores são bipartidas.

Definição
Seja m, n inteiros positivos. O grafo bipartido completo Km,n é aquele
cujos vértices podem ser particionados em V = X ∪ Y de modo (i)
|X | = n; (ii) |Y | = m; (iii) para todo x ∈ X e para cada y ∈ Y , tem-se
que {x, y } é uma aresta de Km,n ; e nenhuma aresta tem ambas as
extremidades em X ou Y .

Proposição
Um grafo G é bipartido se e somente se não contém qualquer ciclo ı́mpar.
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 23 / 24
André Rodrigues da Cruz (CEFET-MG) Grafos Matemática Discreta 24 / 24

Você também pode gostar