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Sucessões e Séries
Abril 2014
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 1
Índice
Prefácio 2
2. Séries numéricas 21
2.1 Definições e exemplos 21
2.2 Série geométrica. Séries redutíveis ou de Mengoli 24
2.3 Propriedades gerais das séries 29
2.4 Séries de termos não negativos 33
2.4.1 Critérios de comparação 33
2.4.2 Critérios de Cauchy e de D’Alembert 37
2.5 Séries alternadas 41
2.6 Convergência absoluta e convergência simples 42
3. Séries de potências 44
4. Séries de Taylor 50
Bibliografia 56
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 2
Prefácio
O presente texto tem por objectivo apoiar os alunos interessados no estudo desta matéria,
em particular os que frequentam a unidade curricular de Matemática II do curso de
licenciatura em Contabilidade ministrado no Iscal. Constitui, conjuntamente com o
caderno de exercícios, material de suporte às aulas e nunca poderá ser visto como um
substituto das mesmas.
A frequência das aulas, apesar de importante, não é suficiente para garantir o sucesso da
aprendizagem nesta disciplina. Torna-se necessário um trabalho extra aula no qual é
essencial a prática de exercícios. A resolução de exercícios permite, não só aprender a
aplicar os conceitos teóricos, mas também a consolidá-los.
A este propósito refira-se uma citação de um pensador chinês, Confúcio (551 - 479 a.C.) e
que deve estar presente na aprendizagem desta disciplina:
‘Ouço e esqueço,
Vejo e lembro,
Faço e entendo.’
1 Sucessões
Uma sucessão (u n ) pode ser definida pelo termo geral, por exemplo, un 2n 3 ; ou por
recorrência, por exemplo, u1 1 , u2 1 e un 2 un 1 un , n (sucessão dos números
de Fibonacci: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, …).
Por vezes, de um modo menos preciso, em vez de se definir uma sucessão pelo termo geral
ou por recorrência, indicam-se alguns termos iniciais que se supõem ser suficientes para
inferir os restantes. Por exemplo, escreve-se (1, 0, 1, 0, 1, 0, …) para indicar a sucessão
cujos temos de ordem par são iguais a 0 e cujos termos de ordem ímpar são iguais a 1 (de
uma forma rigorosa, escrever-se-ia (u n ) tal que u2 n 0 e u2 n 1 1 , para qualquer n ).
Teorema 1.1 Uma sucessão (u n ) é limitada se, e só se, existe L tal que | un | L ,
n .
É evidente que uma sucessão é limitada se, e só se, for limitada superior e inferiormente.
Uma sucessão que não seja limitada diz-se ilimitada.
n
Exemplo 4 A sucessão definida por un é limitada. De facto, tem-se
n 1
n 1 1 1 3
| un | 1 1 1 .
n 1 n 1 n 1 n 1 2
n
Exemplo 6 A sucessão definida por un é monótona crescente. De facto, tem-se
n 1
n 1 n
un 1 un
n 2 n 1
n 2 2n 1 n 2 2n
(n 1)(n 2)
1
0 , n
(n 1)(n 2)
n2
Exemplo 7 A sucessão definida por un é monótona decrescente. De facto, tem-se
n 1
n3 n2
un 1 un
n 2 n 1
n 2 4n 3 n 2 4n 4
(n 1)(n 2)
1
0 , n
(n 1)(n 2)
1
Exemplo 8 A sucessão definida por un 1
n
não é monótona. De facto, tem-se
n
1 1
un 1 un
n 1 n
2n 1
0 , se n é par
n(n 1)
1 1
e un 1 un
n 1 n
2n 1
0 , se n é ímpar
n(n 1)
Em conformidade com a notação usual para as sucessões, (u v)(n) u (v(n)) u (vn ) uvn ,
pelo que os termos de uma subsucessão u v denotam-se por uvn sendo vn uma sucessão
De um modo informal, e portanto menos preciso, pode dizer-se que se obtém uma
subsucessão de uma sucessão suprimindo alguns dos seus termos e mantendo os restantes
com a ordem inicial.
n
1 1
por xn , se n é par, e yn , se n é ímpar, são duas subsucessões de (un ) , a
n n
subsucessão dos termos de ordem par e a subsucessão dos termos de ordem ímpar,
respectivamente.
Definição 1.6 Uma sucessão (u n ) diz-se uma progressão aritmética se, e só se, é
constante a diferença entre cada termo e o anterior. Essa constante
designa-se por razão da progressão e representa-se usualmente por r .
Simbolicamente, tem-se:
(un ) é uma progressão aritmética un 1 un r , n ( r constante ).
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un u p (n p)r , n e algum p
É possível mostrar que a soma dos n primeiros termos consecutivos de uma progressão
aritmética (u n ) pode ser calculada, de um modo simples, através da expressão
u u
Sn 1 n n
2
Definição 1.7 Uma sucessão (u n ) diz-se uma progressão geométrica se, e só se, é
constante o quociente entre cada termo e o anterior. Essa constante
designa-se por razão da progressão e representa-se usualmente por r .
Simbolicamente, tem-se:
un 1
(un ) é uma progressão geométrica r , n ( r constante ).
un
2
Exemplo 12 A sucessão definida por un é uma progressão geométrica de razão
5n
r 1/5 , uma vez que
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un 1 2
5n1 5n 1
n 1
, n .
un 2
5n
5 5
un u p r n p , n e algum p
É também possível mostrar que a soma dos n primeiros termos consecutivos de uma
progressão geométrica (u n ) é dada pela expressão
1 rn
S n u1 , r 1
1 r
No caso de r 1 , todos os termos são iguais ao primeiro e, portanto, S n nu1 .
Uma questão que se coloca a respeito de uma sucessão é a de saber o que acontece quando
n é suficientemente grande, isto é, quando n tende para .
Definição 1.8 Diz-se que um número real a é limite de uma sucessão de números reais,
(u n ) , e escreve-se lim un a (ou lim un a ou, ainda, lim un a ),
n n
1
Exemplo 1 Mostre-se, usando a definição, que lim 0.
n
Pretende-se provar que dado 0 , arbitrário, existe n0 tal que
1
n n0 0
n
1 1 1
Ora, 0 n .
n n
1 1
Então, para n0 tem-se que n n0 0 , pelo que a proposição é verdadeira.
n
1
Fazendo n0 obtém-se a menor ordem para a qual se verifica a veracidade da
proposição. ( x denota o maior inteiro que não excede x ).
É imediato verificar, através da definição, que o limite de uma sucessão constante é igual
ao valor dessa constante.
Definição 1.9 Uma sucessão que tem por limite um número real diz-se uma sucessão
convergente. Caso contrário, a sucessão diz-se divergente.
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A aplicação conjunta dos teoremas 1.2 e 1.3 revela-se útil para mostrar a divergência de
algumas sucessões: basta, para o efeito, obter duas subsucessões, de uma mesma sucessão,
com limites distintos.
Note-se que o recíproco não é verdadeiro. Basta considerar, por exemplo, a sucessão
definida por un (1) n , que é limitada mas não é convergente. Contudo, o facto de uma
sucessão não ser limitada permite concluir que é divergente, como acontece, por exemplo,
com a sucessão definida por un (1) n n .
O teorema que se segue permite concluir que uma sucessão é convergente sem conhecer, a
priori, o seu limite.
n
Exemplo 3 A sucessão definida por un é convergente uma vez que é limitada e
n 1
monótona, como se verificou nos exemplos 4 e 6.
Note-se que, dizer que uma sucessão (un ) converge para a é equivalente a afirmar que a
sucessão (un a) é um infinitésimo.
sen(n)
Exemplo 4 Calcular o limite da sucessão definida por un .
n
sen(n) 1 1
Ora, sen(n) . Como a sucessão definida por é um infinitésimo e a sucessão
n n n
sen(n)
definida por sen(n) é limitada por se ter | sen(n) | 1 , n , tem-se lim 0.
n
Teorema 1.8 Se (u n ) e (vn ) são sucessões convergentes tais que lim un a e lim vn b ,
com a, b , então:
Teorema 1.9 Se (u n ) é uma sucessão tal que lim un a e a 0 então existe n0 tal
que para n n0 se tem un 0 . Isto é, se uma sucessão tem limite positivo, a
partir de uma certa ordem todos os termos são positivos.
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De referir que se lim un b e b 0 então, a partir de uma certa ordem, todos os termos
são negativos.
1 2sen(n)
Exemplo 5 Calcule-se o limite da sucessão definida por un .
n
3 1 2sen(n) 1
tem-se , n .
n n n
1 3
Como lim lim 0,
n n
1 2sen(n)
tem-se, pelo teorema das sucessões enquadradas, que lim 0.
n
Com base nas definições dadas, pode enunciar-se o teorema que se segue.
Teorema 1.11 Sejam (u n ) e (vn ) sucessões de números reais. Se existe n0 tal que
un vn , para qualquer n n0 , então:
Se lim un e lim vn , nada se pode concluir quanto a lim(un vn ) uma vez que
este pode ser um número real, , ou não existir, como se ilustra nos exemplos que
se seguem. Diz-se, então, que estamos perante uma indeterminação .
lim(un vn ) lim n 1 n
lim
n 1 n n 1 n
n 1 n
1
lim
n 1 n
0
lim(un vn ) lim n 2 n
lim n n 1
lim(un vn ) lim n n 2
lim n 1 n
un
Se lim un e lim vn , também nada se pode concluir quanto a lim , uma vez que
vn
este limite pode ser igual a um número real, , ou não existir, como se ilustra nos
exemplos que se seguem. Neste caso, diz-se que estamos perante uma indeterminação do
tipo .
un n2
lim lim
vn n2
2
1
lim n
2
1
n
1
De seguida, apresentam-se mais alguns teoremas que se revelam úteis no cálculo de limites
de sucessões.
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0 se |a | 1
lim a n 1 se a 1
se a 1
2n 4 5n 1
Exemplo 14 Calcule-se lim .
3n 2 4n 3
2n 4 5n 1 2 n 2 4 5n 5
lim n 2 lim n 2
3 4n 3 3 3 4 n 43
2n 5n
4 n 2 n 5
n 4
lim n
4 4
3
4n n 32 43
4
n n
2 5
2 5
4
lim n
4 4
3
3 4
2 3
4
Um outro tipo de indeterminação, que ocorre com frequência, é 1 , que surge quando se
pretende calcular lim un vn , com lim un 1 e lim vn . É o que acontece, por exemplo, no
n
1
cálculo do limite da sucessão definida por un 1 . Contudo, é possível demonstrar
n
que
n
1
lim 1 e .
n
Teorema 1.14 Sejam (u n ) uma sucessão de números reais tal que lim un e x .
un
x
Então lim 1 e x .
un
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n2
n2 1
Exemplo 15 Calcule-se lim 2 .
n 1
n2
1
n2
1 2
n 1
2
n
lim 2 lim
n 1
n2
1
1 2
n
e2
ln n
Exemplo 16 Calcular lim . Ora sendo un ln n tem-se
n
lim(un 1 un ) lim(ln(n 1) ln n)
n 1
lim ln
n
1
lim ln 1
n
0
ln n
Então, de acordo com o teorema anterior, lim 0.
n
a1 a2 ... an
Corolário 1.4 Se lim an a então lim a . Isto é, o limite de uma
n
sucessão e o da média aritmética dos seus n primeiros termos são iguais.
1 1
Exemplo 17 Calcule-se lim n . Sendo un tem-se
n! n!
un 1 1
lim lim n!
un (n 1)!
1
lim
n 1
0
1
Então, por a) do teorema 1.16, lim n 0.
n!
n n
Exemplo 18 Calcule-se lim n
. Sendo un n tem-se
2 2
un 1 n 1 2n
lim lim n 1
un 2 n
n 1
lim
2n
1
1
2
n
Então, por b) do teorema 1.16, lim 0.
2n
nn nn
Exemplo 19 Calcule-se lim . Sendo un tem-se
n! n!
un 1 (n 1) n 1 n !
lim lim
un (n 1)! n n
(n 1) n
lim
nn
n
1
lim 1
n
e 1
nn
Então, por c) do teorema 1.16, lim .
n!
Se uma sucessão (un ) é limitada, então o conjunto dos sublimites de (un ) é não vazio.
Basta ter em conta o facto de que toda a sucessão limitada possui subsucessões
convergentes (teorema 1.6).
Teorema 1.17 Se (un ) é uma sucessão limitada, então o conjunto dos sublimites de (un )
tem um mínimo e um máximo.
Definição 1.15 Seja (u n ) uma sucessão de números reais limitada. Chama-se limite
máximo ou limite superior de (un ) ao maior dos sublimites de (u n ) e
denota-se por lim un ou lim sup un ; chama-se o limite mínimo ou limite
inferior de (un ) ao menor dos sublimites de (u n ) e denota-se por lim un
ou lim inf un .
Exemplo 1 Os sublimites da sucessão definida por un 2 (1) n são 1 e 3, uma vez que
lim u2 n 1 1 e lim u2 n 3 . Então, lim un 1 e lim un 3 .
Assim, mesmo que não exista lim un , existe sempre lim un e lim un , desde que (un ) seja
limitada.
É evidente que lim un lim un e que, no caso de (un ) ser uma sucessão convergente, se
tem lim un lim un lim un . O recíproco desta última afirmação também se verifica, o que
permite enunciar o teorema que se segue.
Teorema 1.18 Uma sucessão limitada (u n ) é convergente se, e só se, lim un lim un .
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Definição 1.14 Diz-se que (u n ) é uma sucessão de Cauchy (ou sucessão fundamental)
quando dado , arbitrário, existe um n0 tal que n n0 e m n0
implicam | un um | .
Note-se que na definição de limite tem-se que, a partir de uma certa ordem, os termos da
sucessão “estão próximos” do valor do limite. Na definição de sucessão de Cauchy tem-se
que, a partir de uma certa ordem, os termos da sucessão “estão próximos” uns dos outros.
O teorema que se segue permite mostrar que uma sucessão é convergente sem recorrer ao
cálculo do respectivo limite.
Teorema 1.19 Uma sucessão de números reais é convergente se, e só se, for de Cauchy.
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2. Séries numéricas
Sabe-se que a operação adição é definida para um número finito de parcelas. Coloca-se
então a questão de saber que significado atribuir a uma generalização desta operação no
caso de se ter um número infinito de parcelas. Surge, neste contexto, o conceito de série.
n
S n u1 u2 u3 ... un uk
k 1
À associação das sucessões (u n ) e ( S n ) chama-se série e denota-se por
u1 u2 u3 ... un ... , un , u , u
n n ou, ainda, u n .
n 1 1 n 1
Por uma questão de uniformização, os índices das séries que intervêm nas definições e
teoremas que se seguem assumirão valores em IN . Em exemplos concretos, o subconjunto
dos números naturais, em que se fará variar o índice inferior, depende do significado de un .
Por exemplo, para a série
1
n2 ln n
o índice toma valores para n 2 porque só a partir dessa ordem, inclusive, n pode
percorrer ininterruptamente o conjunto dos números naturais. Outros exemplos podem ser
1 1
considerados como sejam as séries e .
n4 n 3 n 0 n!
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Definição 2.2 Dada uma série u n , se a sucessão S n , das somas parciais associada à
n 1
u
n 1
n diz-se convergente. Nesse caso, S diz-se a soma da série e escreve-
se u n S . Se o limite de S n for infinito, ou não existir, a série u n
n 1 n 1
diz-se divergente.
Note-se que, no caso de uma série u
n 1
n ser convergente, dizer que tem por soma S
significa que, dado 0 , arbitrário, existe n0 tal que, para todo n n0 , a soma
S n u1 u2 un difere de S a menos de .
Então, a série é convergente e o valor da sua soma é 1. Este valor pode ser interpretado
1
como a “soma” de todos os termos da sucessão definida por un n .
2
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Exemplo 2 Considere-se a série n . Para esta série tem-se
n 1
n n 1
S n 1 2 n
2
Calculando o limite, vem
n (n 1)
lim S n lim
2
Neste caso, a série diz-se divergente.
Exemplo 3 Considere-se a série de termos alternados 1
n 1
n 1
. A respectiva sucessão
S2 0
S3 1
S4 0
0 se n par
Sn
1 se n ímpar
Esta sucessão possui duas subsucessões com limites diferentes, logo não existe lim Sn , pelo
que a série é divergente.
Definição 2.3 Dada uma série u
n 1
n , chama-se série resto de ordem p , à série que se
u
n 1
pn u p 1 u p 2 ... u p n ...
No caso da série u
n 1
n ser convergente e designando a soma da série resto de ordem p
S Sp Rp
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ar n
a ar ar 2 ... ar n ... , a 0
n 0
Teorema 2.1 A série geométrica ar
n 0
n
, com a 0 , é convergente se | r | 1 e divergente
3 1
Exemplo 1 A série 2
n 0
n
é uma série geométrica com a 3 e r
2
. Uma vez que
1
| r | 1 , a série é convergente e tem por soma
2
3
S
1
1
2
6
n
4
Exemplo 2 A série é divergente. Basta verificar que se trata de uma série
n 1 3
4
geométrica em que | r | 1 .
3
Está-se assim na presença de uma série geométrica em que a 0.372 e r 103 . A série é
convergente, uma vez que | r | 103 1 e a sua soma é
0,372
S
1 103
372
999
Definição 2.4 Uma série u
n 1
n diz-se redutível ou de Mengoli quando existe uma
un n n p ou un n p n
1
Exemplo 4 A série nn 1 é uma série redutível ou de Mengoli, uma vez que
n 1
1 1 1
.
nn 1 n n 1
De facto, decompondo a fracção, que representa o termo geral, em elementos simples, tem-
se
1 A B
nn 1 n n 1
n 1 A nB
n n 1
A B n A
n n 1
donde A 1 e B 1 .
1 1 1
Pode então escrever-se
nn 1 n n 1
n
1 1
Sn
k 1 k k 1
1 1 1 1 1 1 1
1
2 2 3 n 1 n n n 1
1 1 1 1 1 1 1
1
2 2 3 3 n n n 1
1
1
n 1
Consequentemente,
1
lim S n lim1
n 1
1
1
Então, a série nn 1 é convergente e a sua soma é 1.
n 1
n
Exemplo 5 Determine-se a natureza da série ln n 1 .
n 1
n
Note-se, em primeiro lugar, que ln ln n ln n 1 . Calculando a soma parcial de
n 1
ordem n tem-se
ln1 ln n 1
3
Exemplo 6 Mostre-se que a série é convergente e determine-se a respectiva
n 1 n n 3
soma.
3
Decompondo em elementos simples, tem-se
n n 3
3 A B
n n 3 n n 3
n 3 A nB
n n 3
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A B n 3A
n n 3
donde A 1 e B 1 .
3 1 1
Pode, então, escrever-se .
n n 3 n n 3
1 1 1 1 1
1
2 3 n 1 n 2 n 3
Consequentemente,
1 1 1 1 1
lim Sn lim 1
2 3 n 1 n 2 n 3
11
6
3 11
Então, a série n(n 3)
n 1
é convergente e a sua soma é
6
.
Com base nos exemplos anteriores, facilmente se estabelece um processo geral alternativo
para o estudo de séries de Mengoli. Assim, considerando a série u
n 1
n , com
S1 u1
1 1 p
S 2 u1 u2
1 1 p 2 2 p
1 2 1 p 2 p
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S n u1 u2 .... un
1 1 p 2 2 p ..... n n p
1 2 p n 1 n 2 n p
p termos p termos
1 2 .... p pl
1 1
a série dada é uma série de Mengoli com n e p 3 . Como lim n lim 0 , a
n n
série é convergente e a sua soma
S (1 2 3 ) 3lim n
1 1 1
1+ 3lim
2 3 n
11
6
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Teorema 2.2 Se a série u
n 1
n converge e tem por soma S , a série au
n 1
n , com a IR ,
Seja Sn a soma dos n primeiros termos da série u
n 1
n e Sn' a soma dos n primeiros
termos da série au
n 1
n . Note-se que se a 0 e lim Sn for infinito ou não existir, o mesmo
acontecerá com lim Sn' , o que permite enunciar o corolário que se segue.
Corolário 2.1 Se a 0 , as séries un e
n 1
au
n 1
n são da mesma natureza.
1 1
Exemplo 1 Considere a série 3
n 0
n
. Trata-se de uma série geométrica de r
3
, logo
S 1 3.
1 1 2
3
1 3
Então, a série 2 3
n 1
n
é convergente e a sua soma é S ' 2
2
3.
Teorema 2.3 Se as séries u
n 1
n e v
n 1
n são convergentes tendo por soma S e T ,
respectivamente, então as séries un vn
n 1
e u
n 1
n vn convergem e
Teorema 2.4 A natureza de uma série é a mesma que a do seu resto de ordem n (com n
finito), isto é, não depende dos seus primeiros termos em número finito.
Teorema 2.5 O resto de ordem n de uma série convergente, Rn , converge para zero
quando n tende para infinito, isto é, lim Rn 0 .
Teorema 2.6 Se uma série é convergente, a série que se obtém, agrupando termos
consecutivos por forma a constituir novos termos, é também convergente e
tem a mesma soma.
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Nota: Note-se que o recíproco não é verdadeiro. Com efeito, considere-se a série
+
( 1)
n=1
n 1
a a a a a ...
ou seja, 0+0+...
Teorema 2.7 É condição necessária de convergência de uma série u n , que un seja
n 1
um infinitésimo.
Note-se que o teorema anterior estabelece apenas uma condição necessária, pelo que a
hipótese de (un ) ser um infinitésimo não é garantia da convergência da respectiva série.
De facto, pode ter-se lim un 0 e a série u
n 1
n ser divergente, como se ilustra no exemplo
que se segue.
1
Exemplo 2: Considere-se a série n , normalmente designada série harmónica. Para esta
n 1
1
série tem-se que lim un lim 0 e a série é divergente como se mostra de seguida.
n
1 1 1 1 1 1 1
S n 1 ....
2 3 4 5 6 7 8
1 1 1 1 1
3 4 4 4 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1
5 6 7 8 8 8 8 8 2
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que é divergente, uma vez que a soma dos n primeiros termos desta série é dada
1
S n' 1 n 1
2
1
Representando por Sn a soma dos n primeiros termos da série n
n 1
tem-se
S n' Sn , n IN
Na sequência do teorema 2.7, tem-se que, se uma série é convergente, então o seu termo
geral tende para zero.
1
Exemplo 3 A série nn 1
n 1
é, como se viu no exemplo 4 da secção 2.2, uma série
1
convergente e, por conseguinte, lim 0.
nn 1
Corolário 2.2 Se lim un 0 , então a série u
n 1
n é divergente.
n n
Exemplo 4 A série n 1 é divergente, pois lim n 1 1 e, consequentemente, o termo
n 1
IR n0 IN : p IN n n0 Sn p S n
1
Exemplo 5 Mostre-se, utilizando o teorema anterior, que a série n
n 1
é divergente.
Sn p Sn S2 n Sn
1 1 1
...
n 1 n 2 2n
1 1
...
2n 2n
1
n
2n
1
2
Conclui-se, assim, que a série dada não satisfaz a condição necessária e suficiente de
convergência, pelo que é uma série divergente, como já se tinha verificado, de outro modo,
no exemplo 2.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 33
Definição 2.5 Uma série u
n 1
n diz-se de termos não negativos se un 0 , n IN .
O teorema que se segue estabelece o critério geral de convergência para séries de termos
não negativos.
Teorema 2.9 Uma série u
n 1
n , de termos não negativos, é convergente se, e só se, a
Teorema 2.10 Dadas duas séries un e
n 1
v
n 1
n de termos não negativos tais que un vn
1
Exemplo 1 Considere-se a série n
n 1
n
. Trata-se de uma série de termos positivos. Tendo
1 1 1
em conta que
n n
2 n
, para n 2 , e sendo
n 1 2
n
uma série convergente, por se tratar de
1
uma série geométrica de razão , conclui-se, pelo teorema anterior, que a série dada é
2
convergente.
1
Exemplo 2 Estude-se a natureza da série n! .
n 1
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 34
ln n ln n 1
Exemplo 3 A série
n 1 n
é de termos não negativos. Considerando que
n
, para
n
1
n 2 , e sendo n
n 1
uma série divergente então, pelo teorema anterior, a série dada é
divergente.
1
Exemplo 4 Mostre-se que a série n
n 1
, com 0 1 , é divergente. É uma série de
0 1 , é divergente.
1
Nota: A série n
n 1
é designada série de Dirichlet que, como se verificou, é divergente
Teorema 2.11 Sejam un e
n 1
v
n 1
n duas séries tais que un 0 e vn 0 , para qualquer
un
n IN ; se existe n0 IN e k IR tal que k , para n n0 , então:
vn
a) a convergência de vn implica a convergência de
n 1
u
n 1
n .
b) a divergência de u
n 1
n implica a divergência de v
n 1
n .
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 35
Teorema 2.12 Sejam un e
n 1
v
n 1
n séries tais que un 0 e vn 0 , para qualquer n IN .
un
a) se lim k , com k IR , as duas séries têm a mesma natureza, isto
vn
é, são ambas convergentes ou ambas divergentes;
un
b) se lim
vn
0 , a convergência de v
n 1
n implica a convergência de
u
n 1
n ;
un
c) se lim
vn
, a divergência de v
n 1
n implica a divergência de
u n 1
n .
A relação entre a natureza de duas séries pode ser também estabelecida pela comparação
u v
das razões homólogas, isto é, n 1 e n 1 , como se refere no teorema 2.13.
un vn
Teorema 2.13 Sendo un e
n 1
v
n 1
n duas séries de termos positivos, se existe n0 IN tal
u n 1 vn 1
que , (n n0 , n IN ) , então:
un vn
a) a convergência de vn implica a convergência de
n 1
u
n 1
n ;
b) a divergência de u
n 1
n implica a divergência de v
n 1
n .
n 1
Exemplo 5: Considere-se a série n
n 1
3
n
, que é de termos positivos. Comparando-a com
1
a série de Dirichlet n , tem-se
n 1
n 1
n 1 n
lim n n lim 3
3
1 , se 1 3 , ou seja 2 .
1 n n
n
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 36
1
Como 1 , as séries são da mesma natureza e como, para 1 , a série n
n 1
é
n
Exemplo 6: Mostre-se que a série n 1
n 1
é divergente. Comparando-a com a série de
1
Dirichlet n , tem-se
n 1
n
1
n 1 n 2
lim lim 1 , se 12 1 , ou seja 12 .
1 n 1
n
1
Como 1 , as séries são da mesma natureza e como, para 1 , a série n
n 1
é
1
Exemplo 3 Considere-se a série n , com
n 1
IR , denominada série de Dirichlet,
1
Fazendo f ( x) tem-se que f é uma função contínua, positiva e decrescente em
x
1
1, e f (n) . Para 1 tem-se
n
1
se 1
n
1 n 1 x 1 1 1
1 x
dx lim dx lim
n 1 x n 1
nlim
1 1 n 1
1 1
se 0< 1
1
Então a série n
n 1
é convergente se 1 e é divergente se 0 1 .
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 37
1 n1
dx lim dx lim ln x 1 , pelo que a série é
n
No caso de 1 , tem-se
1 x n 1 x n
divergente.
1
Note-se que a série n ,
n 1
com 0 , é divergente uma vez que o termo geral não
a série é convergente;
a série é divergente.
a) se 1 , a série é convergente;
b) se 1 , a série é divergente.
2n
n2
Exemplo 1 Considere-se a série .
n 1 2n 1
2n
n2
Sendo un , tem-se
2n 1
2n
n2
lim un lim n
n
2n 1
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 38
n2
2
lim
2n 1
1
4
1
Como 1 , conclui-se, pelo critério de Cauchy, que a série é convergente.
4
n2
n 1
Exemplo 2 Considere-se agora a série .
n 1 n
n2
n 1
Sendo un , tem-se
n
n2
n 1
lim un lim n
n
n
n
n 1
lim
n
e
a) se 1 , a série é convergente;
b) se 1 , a série é divergente.
n! n!
Exemplo 3 Considere-se a série n
n 1
n
. Sendo un
nn
, tem-se
un 1 (n 1)! n n
lim lim
un (n 1) n 1 n !
(n 1)n !n n
lim
(n 1) n (n 1)n !
n
n
lim
n 1
1
lim n
1
1
n
1
e
1
Como 1 , conlui-se, pelo critério de D’Alembert, que a série é convergente.
e
(2n)!
Exemplo 4 Considere-se agora a série 1.3.5...(2n 1) .
n 1
(2n)!
Sendo un tem-se
1.3.5...(2n 1)
un 1 (2n 2)! 1.3.5....(2n 1)
lim lim
un 1.3.5....(2n 1)(2n 1) (2n)!
(2n 2)(2n 1)(2n)!
lim
(2n 1)(2n)!
lim(2n 2)
no segundo, é convergente.
a) Atendendo a que
un 1
lim A lim n un A
un
o critério de Cauchy é aplicável sempre que o critério de D’Alembert o for e é mais
u
geral do que este, uma vez que pode existir lim n un e não existir lim n 1 .
un
b) Para os casos inconclusivos pode afirmar-se que, se o limite tende para 1, por valores
superiores a 1, a série é divergente.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 41
Definição 2.6 Diz-se que uma série é alternada quando dois termos consecutivos
quaisquer têm sinais contrários, isto é, quando é uma série da forma
(1)
n 1
n 1
un u1 u2 u3 u4 . . . (1) n 1 un . . . , com un 0
1
Exemplo 1 A série
n 1 n
(1) n 1
, denominada série harmónica alternada, é convergente,
1 1
uma vez que lim 0 e a sucessão de termo geral un é uma sucessão decrescente,
n n
cumprindo assim as condições do teorema anterior.
Nota: O critério de Leibniz é igualmente aplicável a séries alternadas do tipo (1) u
n 1
n
n
com un 0 . Basta notar que tais séries resultam das anteriores por multiplicação dos seus
termos por 1 , que, como se viu anteriormente, não altera a natureza da série.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 42
Definição 2.7 Considere-se uma série u
n 1
n de termos quaisquer, positivos, negativos ou
nulos. Se a série dos valores absolutos dos seus termos, isto é | u
n 1
n |,
converge, diz-se que a série u
n 1
n é absolutamente convergente. Se a
série u
n 1
n converge, mas a série | u
n 1
n | diverge, diz-se que a série un 1
n
Teorema 2.20 Toda a série u
n 1
n absolutamente convergente é convergente. Isto é, se a
série | un | é convergente, também o é a série
n 1
u
n 1
n .
cos(n)
Exemplo 1 Verifique-se que a série
n 1 2n
é absolutamente convergente.
cos(n)
Comece-se por estudar a série dos módulos, isto é, a série
n 1 2n
.
cos(n) cos(n) 1
Ora, n
n
n
2 2 2
1 1
A série 2
n 1
n
é uma série geométrica em que r
2
1 e, por isso, convergente.
Convergindo a série de termos maiores, também converge a de termos menores, pelo que a
série dos módulos é convergente. Então, a série dada é absolutamente convergente.
(1) n
Exemplo 2 Verifique-se que a série
n 1 n
é simplesmente convergente.
A série
(1) n
1
1
n 1 n
n 1 n
n
n 1
1
2
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 43
é uma série divergente por se tratar de uma série de Dirichlet com 0,1 . No entanto, a
(1) n
série
n 1 n
é uma série alternada em que:
1
i) lim 0
n
1
ii) A sucessão de termo geral un é uma sucessão monótona decrescente, uma vez
n
que
1 1
n n 1 n n 1 , n IN , logo un un 1 , n IN .
n n 1
(1) n
Pelo critério de Leibniz, a série
n 1 n
é uma série convergente. Como a série dos
3. Séries de potências
No capítulo anterior, foram estudadas séries cujos termos são constantes. Neste capítulo,
será estudado um tipo de séries cujos termos envolvem variáveis, designadas séries de
potências, que constitui um caso particularmente importante de uma classe mais ampla de
séries, designada por séries de funções.
a (x x )
n 0
n 0
n
a0 a1 (x x0 ) a2 (x x0 ) 2 . . . an (x x0 ) n . . .
A série a (x x )
n 0
n 0
n
é também, por vezes, denominada de série de potências centrada em
reduz-se à forma a x
n 0
n
n
. Refira-se que qualquer série de potências a (x x )
n 0
n 0
n
pode
ser reduzida a esta forma, bastando, para o efeito, efectuar a mudança de variável
x x0 y .
a) x
n 0
n
é uma série de potências centrada em 0;
b) n!(x 1)
n 0
n
é uma série de potências centrada em 1;
(x 2) n
c) é uma série de potências centrada em 2.
n 0
n!
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 45
Quando, numa série de potências, se substitui x por um número real obtém-se uma série
numérica que pode ser convergente ou divergente. Por exemplo, no caso da série x
n 0
n
,
fazendo x 1/2 obtém-se uma série convergente, enquanto para x 2 a série numérica
resultante é divergente. Sabe-se ainda que esta série é convergente se | x | 1 e divergente
se | x | 1 . A questão crucial que se coloca, aquando do estudo de séries de potências, é a
de determinar o conjunto de valores de x para os quais a série de potências converge.
raiz à série a (x x )
n 0
n 0
n
constitui um instrumento adequado para dar uma resposta
a (x x )
1
Teorema 3.1 Sejam n 0
n
uma série de potências e r . Assumindo
n 0 lim n | an |
as convenções habituais de r 0 se lim n | an | e r se
lim n | an | 0 , verifica-se uma e uma só das seguintes condições:
Note-se que o teorema nada informa quanto à natureza da série para | x x0 | r , isto é, nos
pontos x x0 r e x x0 r . Em cada um desses pontos, há que estudar, caso a caso, a
série numérica resultante, a qual pode ser convergente ou divergente. No caso de
convergência, é evidente que esta pode ser absoluta ou simples.
Definição 3.2 Nas condições do teorema anterior, o número r designa-se por raio de
convergência da série. O conjunto de valores para os quais a série é
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 46
O valor de r , referido no teorema anterior, foi determinado com recurso ao critério da raiz.
Este valor pode também ser determinado usando o critério de Cauchy, caso exista
lim n an . Basta notar que se este limite existe, então lim n an lim n an . Neste caso
obtém-se
1
r
lim n | an |
assumindo-se as convenções habituais de r 0 ou r consoante lim n | an | ou
lim n | an | 0 .
1 a
r lim n
a an 1
lim n 1
an
xn
Exemplo 2 Considere-se a série de potências n . Aplicando directamente o critério
n 1
xn
de D’Alembert à série dos módulos e sendo un obtém-se
n
un 1 x n 1 n
lim lim , x0
un n 1 xn
n
x lim , x0
n 1
x, x 0.
xn
Exemplo 3 Considere-se a série de potências n
.
n0 4 ( 1) n
an
Note–se que, neste caso, não existe lim nem lim n an , por serem diferentes os
an 1
limites das subsucessões de ordem par e de ordem ímpar. Assim, o valor de r é calculado
recorrendo à fórmula expressa no teorema 3.1, pelo que
1 1
r 3.
lim n an 1
lim
4 (1) n
série é
an
r lim
an 1
n!
lim
(n 1)!
1
lim
n 1
0
(x 2) n
Exemplo 5 Considere-se a série de potências
n0
n!
. Neste caso, tem-se
an
r lim
an 1
(n 1)!
lim
n!
lim(n 1)
Então, a série que se obtém, primitivando termo a termo a série dada, tem o
mesmo raio de convergência e tem-se
an
an (x x0 ) dx (x x0 ) n 1 , x x0 r .
n
n 0 n 0 n 1
A série que se obtém por derivação termo a termo da série dada tem o
mesmo raio de convergência e tem-se
d
dx nan (x x0 )
n 1
an (x x0 ) n
, x x0 r .
n 0 n 1
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 49
xn
Exemplo 6 Considere-se a série de potências n . Como se viu no exemplo 2, o raio
n 1
convergência é 1,1 .
xn
Considerando ainda a mesma série n , a correspondente série das derivadas é a série
n 1
x n 1
, que tem o mesmo raio de convergência e cujo intervalo de convergência é 1,1 .
n 1
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 50
4. Série de Taylor
f ( x0 ) f ( n ) ( x0 )
f ( x) f ( x0 ) f ( x0 )( x x0 ) ( x x0 ) 2 ... ( x x0 ) n Rn ( x)
2! n!
onde Rn ( x) é o resto de ordem n da fórmula de Taylor, cuja forma de Lagrange é
( x x0 ) n 1 ( n 1)
Rn ( x) f [ x0 ( x x0 )] , com 0 1 .
(n 1)!
A fórmula de Taylor permite, de um modo simples, dar resposta a esta questão. De facto,
tem-se
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 51
f ( x) Pn ( x) Rn ( x)
ou seja, Rn ( x) f ( x) Pn ( x)
f ( n ) ( x0 )
Nas condições do teorema anterior, diz-se que
n0 n!
( x x0 ) n é o desenvolvimento
A função f (x) e x apenas pode apresentar-se como a soma de uma série de Taylor se, e
só se, lim Rn ( x) 0 .
eθx n 1
eθx n 1
ex
Ora, 0 Rn ( x) x | x| | x |n 1
(n 1)! (n 1)! (n 1)!
ex ex
Como
n0
( n 1)!
| x |n 1
é uma série convergente x , tem-se que lim
( n 1)!
| x |n 1 0 ,
x 2 x3 xn
ex 1 x ... + ...
2! 3! n!
xn
, x
n 0
n!
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 52
Na prática, verificar que lim Rn ( x) 0 nem sempre é uma tarefa fácil, pelo que se torna
útil o seguinte teorema que estabelece uma condição suficiente para que a soma de uma
série de Taylor seja igual à própria função.
(1) n 2 n 1
x
n 0 2n 1 !
( n )π
e atendendo a que f ( n ) ( x) sen x 1 , o teorema 4.2, permite escrever
2
x3 x5 x 2 n 1
sen x x ... (1) n ...
3! 5! (2n 1)!
(1) n 2 n 1
x , x
n 0 2n 1 !
(1) n 2 n
x
n 0 2n !
x2 x4 x6 x2n
cos x 1 ... (1) n ...
2! 4! 6! 2n !
(1) n 2 n
x , x
n 0 2n !
Note-se que sendo (sen x) cos x e conhecido o desenvolvimento em série de Maclaurin
de sen x , o desenvolvimento de f ( x) cos x pode ser obtido derivando a série de
Maclaurin que representa a função f ( x) sen x .
2(n1) 1!x
n
sen x 2 4n2
, x
n 0
1
Exemplo 6 Desenvolva-se em série de Maclaurin a função definida por f (x) .
2 x
1 x
1
Tendo em conta que x n , para | x | 1 , tem-se
n 0
1 1 1
2 x 2
1
x
2
n
,
1 x x
1
2 n 0 2 2
(1) n n
n 1
x , x 2, 2
n 0 2
x n , para | x | 1 e que
1
Tendo em conta que
1 x n 0
1 1
x2 2 x
1 1
2 x
1
2
n
,
1 x x
1
2 n 0 2 2
1 n
n 1
x , x 2, 2
n 0 2
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 55
1
x n n 1 x n ,
1
tem-se, | x | 1
x 3 x 2 n 0
2
n 0 2
1 x
1
Considerando que x n , para | x | 1 , tem-se
n 0
1 1
2 x 3 x 1
1 1
x 1
1
3
3
n
x 1 x 1
1
1
3
,
3 n 0 3
(1) n
n 1
( x 1) n , x 2, 4
n 0 3
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 56
Bibliografia
[1] Anton, H., Calculus with Analytic Geometry, 5th ed., John Wiley & Sons, 1995.
[2] Apostol, T.M., Calculus, 2th ed., John Wiley & Sons, 1967.
[3] Campos Ferreira, J., Introdução à Análise Matemática, 4ª edição, Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1991.
[4] Ellis, R., GULICK D., Calculus with Analytic Geometry, 5th ed.,Es colar Editora,
Lisboa, 1994.
[5] Larson R., Hostetler R. P. e Edwards, B. H., Cálculo, Vols. 1 e 2, 8ª ed., MacGraw-
Hill Interamericana, 2006.
[6] Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1, 7ª edição, IMPA, Rio de Janeiro, 1992.
[7] Santos Guerreiro, J., Curso de Análise Matemática, Escolar Editora, Lisboa, 1989.
[8] Sarrico, C., Análise Matemática, 1ª edição, Trajectos Ciência, Gradiva, Lisboa, 1997.