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Matemática II

Texto de Apoio

Sucessões e Séries

José Manuel de Oliveira Pires

Abril 2014
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 1

Índice

Prefácio 2

1. Sucessões de números reais 3


1.1 Sucessões. Sucessões limitadas e sucessões monótonas. Subsucessões 3
1.2 Limite de uma sucessão. Propriedades dos limites 9
1.3 Sublimites. Limites superior e inferior 19
1.4 Sucessão de Cauchy 20

2. Séries numéricas 21
2.1 Definições e exemplos 21
2.2 Série geométrica. Séries redutíveis ou de Mengoli 24
2.3 Propriedades gerais das séries 29
2.4 Séries de termos não negativos 33
2.4.1 Critérios de comparação 33
2.4.2 Critérios de Cauchy e de D’Alembert 37
2.5 Séries alternadas 41
2.6 Convergência absoluta e convergência simples 42

3. Séries de potências 44

4. Séries de Taylor 50

Bibliografia 56
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Prefácio

O presente texto tem por objectivo apoiar os alunos interessados no estudo desta matéria,
em particular os que frequentam a unidade curricular de Matemática II do curso de
licenciatura em Contabilidade ministrado no Iscal. Constitui, conjuntamente com o
caderno de exercícios, material de suporte às aulas e nunca poderá ser visto como um
substituto das mesmas.

A frequência das aulas, apesar de importante, não é suficiente para garantir o sucesso da
aprendizagem nesta disciplina. Torna-se necessário um trabalho extra aula no qual é
essencial a prática de exercícios. A resolução de exercícios permite, não só aprender a
aplicar os conceitos teóricos, mas também a consolidá-los.

A este propósito refira-se uma citação de um pensador chinês, Confúcio (551 - 479 a.C.) e
que deve estar presente na aprendizagem desta disciplina:

‘Ouço e esqueço,
Vejo e lembro,
Faço e entendo.’

De salientar a importância de aprender matemática, não só pela sua aplicabilidade na


resolução de situações reais, mas também pelo papel que desempenha na formação do
indivíduo, por possibilitar o desenvolvimento da capacidade de raciocínio, e pelos hábitos
de trabalho que fornece.
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1 Sucessões

1.1 Sucessões. Sucessões limitadas e sucessões monótonas. Subsucessões

Definição 1.1 Chama-se sucessão de números reais a toda a aplicação u :    , isto é,


toda a aplicação definida em  e tomando valores em  .

Não obstante tratar-se de funções, é usual, no estudo de sucessões, a utilização de notação


e terminologia específicas. Assim, a sucessão u :    representa-se usualmente por
(un ) n ou, mais simplesmente, por (u n ) . Os elementos do contradomínio de u designam-
se termos da sucessão e, em vez de u (1), u (2), u (3), ..., u (n), ... , utiliza-se normalmente a
notação u1 , u 2 , u 3 , ..., u n , ... , para indicar os termos da sucessão u . Assim, u1 é o primeiro
termo ou termo de ordem 1, u2 é o segundo termo ou termo de ordem 2 e assim
sucessivamente, sendo un é o n-ésimo termo ou termo de ordem n , que representa o termo
geral da sucessão.

Uma sucessão (u n ) pode ser definida pelo termo geral, por exemplo, un  2n  3 ; ou por
recorrência, por exemplo, u1  1 , u2  1 e un  2  un 1  un , n   (sucessão dos números
de Fibonacci: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, …).

Por vezes, de um modo menos preciso, em vez de se definir uma sucessão pelo termo geral
ou por recorrência, indicam-se alguns termos iniciais que se supõem ser suficientes para
inferir os restantes. Por exemplo, escreve-se (1, 0, 1, 0, 1, 0, …) para indicar a sucessão
cujos temos de ordem par são iguais a 0 e cujos termos de ordem ímpar são iguais a 1 (de
uma forma rigorosa, escrever-se-ia (u n ) tal que u2 n  0 e u2 n 1  1 , para qualquer n   ).

Definição 1.2 Dadas duas sucessões de números reais (u n ) e (vn ) , chama-se:


a) sucessão soma de (u n ) e (vn ) à sucessão ( wn ) definida por
wn  un  vn ;
b) sucessão diferença de (u n ) e (vn ) à sucessão ( xn ) definida por
xn  un  vn ;
c) sucessão produto de (u n ) e (vn ) à sucessão ( yn ) definida por
yn  un vn ;
d) sucessão quociente de (u n ) e (vn ) à sucessão ( zn ) definida por
u
zn  n , sendo, neste caso, vn  0 , n   .
vn
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Definição 1.3 Uma sucessão (u n ) diz-se:

a) limitada superiormente (ou majorada) quando o conjunto dos seus


termos é limitado superiormente, isto é, quando existe b   tal que
un  b , n   ;

b) limitada inferiormente (ou minorada) quando o conjunto dos seus


termos é limitado inferiormente, isto é, quando existe a   tal que
a  un , n   ;

c) limitada quando o conjunto dos seus termos é limitado, isto é, quando


existem números reais a e b tais que a  un  b , n   .

Teorema 1.1 Uma sucessão (u n ) é limitada se, e só se, existe L    tal que | un | L ,
n   .

É evidente que uma sucessão é limitada se, e só se, for limitada superior e inferiormente.
Uma sucessão que não seja limitada diz-se ilimitada.

Exemplo 1 A sucessão definida por un  1  n é limitada superiormente, mas não o é


inferiormente.

Exemplo 2 A sucessão definida por un  n é limitada inferiormente, mas não o é


superiormente.

Exemplo 3 A sucessão definida por un  sin(n) é limitada. De facto, tem-se


| un || sin(n) | 1 , n   .

n
Exemplo 4 A sucessão definida por un  é limitada. De facto, tem-se
n 1
n 1 1 1 3
| un |   1  1  1  .
n 1 n 1 n 1 n 1 2

Então, existe L    (por exemplo, L  3 / 2 ) tal que | un | L , n   , logo (u n ) é


limitada.

Exemplo 5 A sucessão definida por un  (1) n n é ilimitada: não é minorada nem


majorada.
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Definição 1.4 Uma sucessão de números reais, (u n ) , diz-se:


a) crescente se un  un 1 , n   ;
b) decrescente se un  un 1 , n   ;
c) não decrescente se un  un 1 , n   ;
d) não crescente se un  un 1 , n   .

As sucessões crescentes, decrescentes, não decrescentes e não crescentes dizem-se


sucessões monótonas.

Uma sucessão crescente ou não decrescente é sempre limitada inferiormente.


Analogamente, uma sucessão decrescente ou não crescente é sempre limitada
superiormente.

n
Exemplo 6 A sucessão definida por un  é monótona crescente. De facto, tem-se
n 1
n 1 n
un 1  un  
n  2 n 1
n 2  2n  1  n 2  2n

(n  1)(n  2)
1
  0 , n  
(n  1)(n  2)

Então un 1  un  0 , n   , ou seja, un 1  un , n   , pelo que a sucessão é monótona


crescente. Esta sucessão é limitada inferiormente por u1  1/ 2 .

n2
Exemplo 7 A sucessão definida por un  é monótona decrescente. De facto, tem-se
n 1
n3 n2
un 1  un  
n  2 n 1
n 2  4n  3  n 2  4n  4

(n  1)(n  2)
1
  0 , n  
(n  1)(n  2)

Então un 1  un  0 , n   , ou seja, un 1  un , n   , pelo que a sucessão é monótona


decrescente. Esta sucessão é limitada superiormente por u1  3 / 2 .
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1
Exemplo 8 A sucessão definida por un   1
n
não é monótona. De facto, tem-se
n
1 1
un 1  un   
n 1 n
2n  1
  0 , se n é par
n(n  1)

1  1
e un 1  un   
n 1  n 
2n  1
  0 , se n é ímpar
n(n  1)

Definição 1.5 Dada uma sucessão de números reais u :    , chama-se subsucessão


da sucessão u a qualquer sucessão u  v :    onde v :    é uma
sucessão de números naturais crescente.

Em conformidade com a notação usual para as sucessões, (u  v)(n)  u (v(n))  u (vn )  uvn ,
pelo que os termos de uma subsucessão u  v denotam-se por uvn sendo vn uma sucessão

crescente de números naturais.

De um modo informal, e portanto menos preciso, pode dizer-se que se obtém uma
subsucessão de uma sucessão suprimindo alguns dos seus termos e mantendo os restantes
com a ordem inicial.

Exemplo 9 Considere-se a sucessão definida por un   1 1 . As sucessões definidas


n

n
1 1
por xn  , se n é par, e yn   , se n é ímpar, são duas subsucessões de (un ) , a
n n
subsucessão dos termos de ordem par e a subsucessão dos termos de ordem ímpar,
respectivamente.

De seguida, referem-se dois tipos especiais de sucessões, designadas por progressões.

Definição 1.6 Uma sucessão (u n ) diz-se uma progressão aritmética se, e só se, é
constante a diferença entre cada termo e o anterior. Essa constante
designa-se por razão da progressão e representa-se usualmente por r .
Simbolicamente, tem-se:
(un ) é uma progressão aritmética  un 1  un  r , n   ( r  constante ).
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Exemplo 10 A sucessão definida por un  2n  1 é uma progressão aritmética de razão


r  2 , uma vez que
un 1  un  2(n  1)  1  (2n  1)  2 , n   .

Numa progressão aritmética (u n ) , conhecidos a razão r e o primeiro termo, o termo geral


é dado por
un  u1  (n  1)r , n  

De um modo geral, conhecidos a razão r e um qualquer termo p de uma progressão


aritmética (u n ) , tem-se

un  u p  (n  p)r , n   e algum p  

É possível mostrar que a soma dos n primeiros termos consecutivos de uma progressão
aritmética (u n ) pode ser calculada, de um modo simples, através da expressão
u u
Sn  1 n  n
2

Exemplo 11 Calcule-se a soma dos primeiros cem números naturais. Os números


naturais são definidos pela sucessão un  n que é uma progressão aritmética de razão 1,
pelo que
u1  u100 1  100
S100  100  100  5050
2 2

Definição 1.7 Uma sucessão (u n ) diz-se uma progressão geométrica se, e só se, é
constante o quociente entre cada termo e o anterior. Essa constante
designa-se por razão da progressão e representa-se usualmente por r .
Simbolicamente, tem-se:
un 1
(un ) é uma progressão geométrica   r , n   ( r  constante ).
un

2
Exemplo 12 A sucessão definida por un  é uma progressão geométrica de razão
5n
r  1/5 , uma vez que
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un 1 2
5n1 5n 1
  n 1
 , n   .
un 2
5n
5 5

Numa progressão geométrica (u n ) , conhecidos a razão r e o primeiro termo, o termo geral


é dado por
un  u1  r n 1 , n  

De um modo geral, à semelhança do que acontece numa progressão aritmética, também


numa progressão geométrica (u n ) , conhecidos a razão r e um qualquer termo p , tem-se

un  u p  r n  p , n   e algum p  

É também possível mostrar que a soma dos n primeiros termos consecutivos de uma
progressão geométrica (u n ) é dada pela expressão

1 rn
S n  u1 , r 1
1 r
No caso de r  1 , todos os termos são iguais ao primeiro e, portanto, S n  nu1 .

Exemplo 13 Calcule-se a soma das cinco primeiras potências de 2. As potências de 2 são


definidas pela sucessão un  2n , que é uma progressão geométrica de razão 2 e cujo
primeiro termo é 2, pelo que
1  25
S5  2   62
1 2
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1.2 Limite de uma sucessão. Propriedades dos limites

Uma questão que se coloca a respeito de uma sucessão é a de saber o que acontece quando
n é suficientemente grande, isto é, quando n tende para  .

Definição 1.8 Diz-se que um número real a é limite de uma sucessão de números reais,
(u n ) , e escreve-se lim un  a (ou lim un  a ou, ainda, lim un  a ),
n n 

quando para cada número real positivo  , dado arbitrariamente, existe um


inteiro n0   tal que | un  a |  , sempre que n  n0 .
Em linguagem simbólica, tem-se:
lim un  a      n0   : n  n0  | un  a | 

Se lim un  a , diz-se que a sucessão (u n ) converge para a ou tende para a e, nesses


casos, escreve-se un  a .

1
Exemplo 1 Mostre-se, usando a definição, que lim  0.
n
Pretende-se provar que dado   0 , arbitrário, existe n0   tal que

1
n  n0  0 
n
1 1 1
Ora, 0     n  .
n n 
1 1
Então, para n0  tem-se que n  n0   0   , pelo que a proposição é verdadeira.
 n
1
Fazendo n0    obtém-se a menor ordem para a qual se verifica a veracidade da
 
proposição. (  x  denota o maior inteiro que não excede x ).

É imediato verificar, através da definição, que o limite de uma sucessão constante é igual
ao valor dessa constante.

Definição 1.9 Uma sucessão que tem por limite um número real diz-se uma sucessão
convergente. Caso contrário, a sucessão diz-se divergente.
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Teorema 1.2 Se (u n ) é uma sucessão de números reais e se lim un  a e lim un  b , então


a  b . Isto é, o limite de uma sucessão, quando existe, é único.

Teorema 1.3 Se (u n ) é uma sucessão convergente e lim un  a , então toda a subsucessão


de (u n ) converge para a .

A aplicação conjunta dos teoremas 1.2 e 1.3 revela-se útil para mostrar a divergência de
algumas sucessões: basta, para o efeito, obter duas subsucessões, de uma mesma sucessão,
com limites distintos.

Exemplo 2 Considere-se a sucessão definida por un   1 . Como as subsucessões dos


n

termos de ordem par e de ordem ímpar definidas, respectivamente, por u2 n  1 e u2 n 1  1


têm limites diferentes, a sucessão dada é divergente.

Corolário 1.1 Se (u n ) é uma sucessão convergente e lim un  a , então lim un  k  a , para


todo o k   . Isto é, o limite de uma sucessão não se altera quando se
suprime um número finito de termos.

Teorema 1.4 Toda a sucessão convergente é limitada.

Note-se que o recíproco não é verdadeiro. Basta considerar, por exemplo, a sucessão
definida por un  (1) n , que é limitada mas não é convergente. Contudo, o facto de uma
sucessão não ser limitada permite concluir que é divergente, como acontece, por exemplo,
com a sucessão definida por un  (1) n n .

O teorema que se segue permite concluir que uma sucessão é convergente sem conhecer, a
priori, o seu limite.

Teorema 1.5 Toda a sucessão monótona e limitada é convergente.

n
Exemplo 3 A sucessão definida por un  é convergente uma vez que é limitada e
n 1
monótona, como se verificou nos exemplos 4 e 6.

Teorema 1.6 Toda a sucessão limitada possui subsucessões convergentes.


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Definição 1.10 Uma sucessão (un ) diz-se um infinitésimo se lim un  0 .

Note-se que, dizer que uma sucessão (un ) converge para a é equivalente a afirmar que a
sucessão (un  a) é um infinitésimo.

Teorema 1.7 O produto de um infinitésimo por uma sucessão limitada é um infinitésimo,


isto é, se lim un  0 e (vn ) é uma sucessão limitada então lim(un vn )  0 .

sen(n)
Exemplo 4 Calcular o limite da sucessão definida por un  .
n
sen(n) 1 1
Ora,  sen(n) . Como a sucessão definida por é um infinitésimo e a sucessão
n n n
sen(n)
definida por sen(n) é limitada por se ter | sen(n) | 1 , n   , tem-se lim 0.
n

O teorema que se segue contempla as principais propriedades sobre sucessões


convergentes.

Teorema 1.8 Se (u n ) e (vn ) são sucessões convergentes tais que lim un  a e lim vn  b ,
com a, b   , então:

a) lim(un  vn )  lim un  lim vn  a  b

b) lim(un  vn )  lim un  lim vn  a  b


un lim un a
c) lim   ( b  0 e vn  0 , n   )
vn lim vn b
1 1
lim(un ) p   lim un  p  a p
1
d) (se p é par, un  0 , n   )

e) lim(un )vn  lim(un )lim vn  a b se un  0 , n   e em que lim un e


lim vn não são ambos nulos.

Note-se que, relativamente a c), se lim un  lim vn  0 , obtém-se uma indeterminação do


0
tipo e, neste caso, o limite pode ou não existir, como se verá mais à frente.
0

Teorema 1.9 Se (u n ) é uma sucessão tal que lim un  a e a  0 então existe n0   tal
que para n  n0 se tem un  0 . Isto é, se uma sucessão tem limite positivo, a
partir de uma certa ordem todos os termos são positivos.
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De referir que se lim un  b e b  0 então, a partir de uma certa ordem, todos os termos
são negativos.

Corolário 1.2 Se (u n ) e (vn ) são sucessões convergentes e un  vn , para todo n   ,


então lim un  lim vn .

Corolário 1.3 Se (u n ) é uma sucessão convergente e un  a , para todo n   , então


lim un  a .

Teorema 1.10 Sejam (u n ) , (vn ) e ( wn ) sucessões de números reais. Se existe uma


ordem n0   tal que, para n  n0 , se tem un  wn  vn e se
lim un  lim vn  a , então lim wn  a .

O teorema 1.10 é usualmente referido como teorema das sucessões enquadradas.

1  2sen(n)
Exemplo 5 Calcule-se o limite da sucessão definida por un  .
n

Uma vez que 1  sen(n)  1 , n  

3 1  2sen(n) 1
tem-se    , n   .
n n n

1 3
Como lim  lim  0,
n n
1  2sen(n)
tem-se, pelo teorema das sucessões enquadradas, que lim 0.
n

Definição 1.11 Diz-se que uma sucessão de números reais (u n ) é um infinitamente


grande positivo ou que tende para  , e escreve-se lim un   ou
un   , quando para cada número real positivo L , dado
arbitrariamente, existe n0   tal que un  L , para qualquer n  n0 .
Em linguagem simbólica, tem-se:
lim un    L  0 n0   : n  n0  un  L
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Definição 1.12 Diz-se que uma sucessão de números reais (u n ) é um infinitamente


grande negativo ou que tende para  , e escreve-se lim un   ou
un   , se, e só se, un   .
Em linguagem simbólica, tem-se:
lim un    L  0 n0   : n  n0  un   L

Definição 1.13 Diz-se que (u n ) é um infinitamente grande em módulo ou que tende


para  , e escreve-se lim un   ou un   , se, e só se, | un |  .

Com base nas definições dadas, pode enunciar-se o teorema que se segue.

Teorema 1.11 Sejam (u n ) e (vn ) sucessões de números reais. Se existe n0   tal que
un  vn , para qualquer n  n0 , então:

a) Se lim un   , então lim vn   ;

b) Se lim vn   , então lim un   .

O teorema seguinte contempla as principais propriedades sobre limites infinitos usadas na


prática.

Teorema 1.12 (Operações aritméticas com limites infinitos)


a) Se lim un   e (vn ) é minorada, então lim(un  vn )   ;

b) Se lim un   e (vn ) é majorada, então lim(un  vn )   ;

c) Se lim un   e lim vn  a , com a   \{0} , então, lim(un vn )  


se a  0 , e lim(un vn )   , se a  0 ;

d) Se lim un   e lim vn  a , com a   \{0} , então lim(un vn )   ,


se a  0 , e lim(un vn )   , se a  0 ;
1
e) Se lim un   , então lim 0;
un
1
f) Se lim un  0 , então lim  .
un
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Se lim un   e lim vn   , nada se pode concluir quanto a lim(un  vn ) uma vez que
este pode ser um número real,  ,  ou não existir, como se ilustra nos exemplos que
se seguem. Diz-se, então, que estamos perante uma indeterminação    .

Exemplo 6 Para un  n  1 e vn   n tem-se lim un   e lim vn   , enquanto

lim(un  vn )  lim  n 1  n 
 lim
 n 1  n  n 1  n 
n 1  n
1
 lim
n 1  n

0

Exemplo 7 Para un  n 2 e vn  n tem-se lim un   e lim vn   , enquanto

lim(un  vn )  lim  n 2  n 

 lim n  n  1

 

Exemplo 8 Para un  n e vn  n 2 tem-se lim un   e lim vn   , enquanto

lim(un  vn )  lim  n  n 2 

 lim n 1  n 

 

Exemplo 9 Para un  n e vn  (1) n  n tem-se lim un   e lim vn   , enquanto


lim(un  vn )  lim(1) n , que não existe.

un
Se lim un   e lim vn   , também nada se pode concluir quanto a lim , uma vez que
vn
este limite pode ser igual a um número real,  ,  ou não existir, como se ilustra nos
exemplos que se seguem. Neste caso, diz-se que estamos perante uma indeterminação do

tipo .

Exemplo 10 Para un  n  2 e vn  n  2 tem-se lim un  lim vn   e


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un n2
lim  lim
vn n2
2
1
 lim n
2
1
n

1

Exemplo 11 Para un  n 2  1 e vn  n  1 tem-se lim un  lim vn   , e


un n2  1
lim  lim
vn n 1
1
n
 lim n
1
1
n

 

Exemplo 12 Para un  1  n 2 e vn  n  1 tem-se lim un   , lim vn   , enquanto


un 1  n2
lim  lim
vn n 1
1
n
 lim n
1
1
n

 

Exemplo 13 Para un   2  (1) n  n 2 e vn  n 2 tem-se lim un  lim vn   , enquanto


un
lim  lim  2  (1)n  , que não existe.
vn

Quando, no cálculo de lim  un vn  , lim un   e lim vn  0 , obtém-se um outro caso de


0
indeterminação,   0 . Este tipo de indeterminação bem como a do tipo , já referida
0

anteriormente, reduzem-se ao tipo por simples manipulação algébrica.

De seguida, apresentam-se mais alguns teoremas que se revelam úteis no cálculo de limites
de sucessões.
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Teorema 1.13 Seja a   . Então

0 se |a | 1

lim a n  1 se a 1
 se a 1

Se a  1 , não existe lim a n .

2n  4  5n 1
Exemplo 14 Calcule-se lim .
3n  2  4n 3
2n  4  5n 1 2 n  2 4  5n  5
lim n  2  lim n 2
3  4n 3 3  3  4 n  43
 2n 5n 
4  n  2  n 5
n 4

 lim  n 
4 4
 3 
4n  n  32  43 
4 
n n
2 5
   2    5
4

 lim   n  
4 4
3
  3  4
2 3

4
 

Um outro tipo de indeterminação, que ocorre com frequência, é 1 , que surge quando se
pretende calcular lim un vn , com lim un  1 e lim vn   . É o que acontece, por exemplo, no
n
 1
cálculo do limite da sucessão definida por un  1   . Contudo, é possível demonstrar
 n
que
n
 1
lim  1    e .
 n

Mais geralmente, demonstra-se que:

Teorema 1.14 Sejam (u n ) uma sucessão de números reais tal que lim un   e x   .
un
 x
Então lim 1    e x .
 un 
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 17

n2
 n2  1 
Exemplo 15 Calcule-se lim  2  .
 n 1 
n2
 1 
n2
 1 2 
 n 1 
2
n 
lim  2   lim 
 n 1
n2
 1 
1  2 
 n 

 e2

Teorema 1.15 Seja (u n ) uma sucessão de números reais. Se lim(un 1  un )  a , então


u
lim n  a .
n

ln n
Exemplo 16 Calcular lim . Ora sendo un  ln n tem-se
n
lim(un 1  un )  lim(ln(n  1)  ln n)

 n 1
 lim ln  
 n 
 1
 lim ln  1  
 n

0
ln n
Então, de acordo com o teorema anterior, lim  0.
n

a1  a2  ...  an
Corolário 1.4 Se lim an  a então lim  a . Isto é, o limite de uma
n
sucessão e o da média aritmética dos seus n primeiros termos são iguais.

Teorema 1.16 Seja (u n ) uma sucessão de termos positivos:


un 1
a) se lim  b , então lim n un  b ;
un
un 1
b) se lim  1 , então (u n ) é convergente e lim un  0 ;
un
un 1
c) se lim  1 , então (u n ) é não limitada e lim un   .
un
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 18

1 1
Exemplo 17 Calcule-se lim n . Sendo un  tem-se
n! n!
un 1 1
lim  lim n!
un (n  1)!
1
 lim
n 1
0
1
Então, por a) do teorema 1.16, lim n  0.
n!

n n
Exemplo 18 Calcule-se lim n
. Sendo un  n tem-se
2 2
un 1 n  1 2n
lim  lim n 1
un 2 n
n 1
 lim
2n
1
 1
2
n
Então, por b) do teorema 1.16, lim  0.
2n

nn nn
Exemplo 19 Calcule-se lim . Sendo un  tem-se
n! n!
un 1 (n  1) n 1 n !
lim  lim
un (n  1)! n n
(n  1) n
 lim
nn
n
 1
 lim 1  
 n

 e 1
nn
Então, por c) do teorema 1.16, lim   .
n!

Corolário 1.5 Se lim bn  b e bn  0 , então lim n b1  b2  ...  bn  b . Isto é, o limite de


uma sucessão e o da média geométrica dos seus n primeiros termos são
iguais.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 19

1.3 Sublimites. Limite inferior e limite superior

Definição 1.14 O número a   chama-se sublimite ou valor de aderência da sucessão


de números reais (un ) , quando é limite de uma subsucessão de (un ) .

Se uma sucessão (un ) é limitada, então o conjunto dos sublimites de (un ) é não vazio.
Basta ter em conta o facto de que toda a sucessão limitada possui subsucessões
convergentes (teorema 1.6).

Teorema 1.17 Se (un ) é uma sucessão limitada, então o conjunto dos sublimites de (un )
tem um mínimo e um máximo.

Definição 1.15 Seja (u n ) uma sucessão de números reais limitada. Chama-se limite
máximo ou limite superior de (un ) ao maior dos sublimites de (u n ) e
denota-se por lim un ou lim sup un ; chama-se o limite mínimo ou limite
inferior de (un ) ao menor dos sublimites de (u n ) e denota-se por lim un
ou lim inf un .

Se (un ) não é limitada superiormente, define-se lim un   ;


identicamente, se (u n ) não é limitada inferiormente, define-se
lim un   . Se lim un   , define-se lim un  lim un   ; se
lim un   , define-se lim un  lim un   .

Exemplo 1 Os sublimites da sucessão definida por un  2  (1) n são 1 e 3, uma vez que
lim u2 n 1  1 e lim u2 n  3 . Então, lim un  1 e lim un  3 .

Assim, mesmo que não exista lim un , existe sempre lim un e lim un , desde que (un ) seja
limitada.

É evidente que lim un  lim un e que, no caso de (un ) ser uma sucessão convergente, se
tem lim un  lim un  lim un . O recíproco desta última afirmação também se verifica, o que
permite enunciar o teorema que se segue.

Teorema 1.18 Uma sucessão limitada (u n ) é convergente se, e só se, lim un  lim un .
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 20

1.4 Sucessão de Cauchy

Definição 1.14 Diz-se que (u n ) é uma sucessão de Cauchy (ou sucessão fundamental)
quando dado     , arbitrário, existe um n0   tal que n  n0 e m  n0
implicam | un  um |  .

Note-se que na definição de limite tem-se que, a partir de uma certa ordem, os termos da
sucessão “estão próximos” do valor do limite. Na definição de sucessão de Cauchy tem-se
que, a partir de uma certa ordem, os termos da sucessão “estão próximos” uns dos outros.
O teorema que se segue permite mostrar que uma sucessão é convergente sem recorrer ao
cálculo do respectivo limite.

Teorema 1.19 Uma sucessão de números reais é convergente se, e só se, for de Cauchy.
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2. Séries numéricas

2.1. Definições e exemplos

Sabe-se que a operação adição é definida para um número finito de parcelas. Coloca-se
então a questão de saber que significado atribuir a uma generalização desta operação no
caso de se ter um número infinito de parcelas. Surge, neste contexto, o conceito de série.

Definição 2.1 Sejam (u n ) uma sucessão de números reais e ( S n ) a sucessão construída,


a partir de (u n ) , do seguinte modo:
S1  u1
S 2  u1  u2
S3  u1  u2  u3


n
S n  u1  u2  u3  ...  un   uk
k 1


À associação das sucessões (u n ) e ( S n ) chama-se série e denota-se por
 
u1  u2  u3  ...  un  ... ,  un , u , u
n n ou, ainda, u n .
n 1 1 n 1

A sucessão ( S n ) é chamada sucessão das somas parciais associada à


série e S n é a soma parcial de ordem n da série. Os números
u1 , u 2 , u 3 , ..., u n , ... dizem-se termos da série e un o termo geral da série,
que também é o termo geral da sucessão (u n ) .

Por uma questão de uniformização, os índices das séries que intervêm nas definições e
teoremas que se seguem assumirão valores em IN . Em exemplos concretos, o subconjunto
dos números naturais, em que se fará variar o índice inferior, depende do significado de un .
Por exemplo, para a série

1

n2 ln n
o índice toma valores para n  2 porque só a partir dessa ordem, inclusive, n pode
percorrer ininterruptamente o conjunto dos números naturais. Outros exemplos podem ser
 
1 1
considerados como sejam as séries  e .
n4 n  3 n 0 n!
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 22


Definição 2.2 Dada uma série u n , se a sucessão S n  , das somas parciais associada à
n 1

série, tem por limite um número real, isto é, lim S n  S , S  IR , a série




u
n 1
n diz-se convergente. Nesse caso, S diz-se a soma da série e escreve-
 
se u n  S . Se o limite de S n  for infinito, ou não existir, a série u n
n 1 n 1

diz-se divergente.


Note-se que, no caso de uma série u
n 1
n ser convergente, dizer que tem por soma S

significa que, dado   0 , arbitrário, existe n0   tal que, para todo n  n0 , a soma
S n  u1  u2    un difere de S a menos de  .

A questão fundamental no estudo de séries é determinar a sua natureza, isto é, determinar


se uma série é convergente ou divergente. Uma outra questão, mais complicada, é, no caso
de ser convergente, calcular o valor da soma, o que nem sempre é possível.

Exemplo 1 Considere-se a série:



1 1 1 1 1
     n     n
2 4 8 2 n 1 2

A sucessão das somas parciais associada à série é:


1
S1 
2
1 1 3
S2   
2 4 4

1
1 n
1 1 1 1 2  1 1
Sn        n 
2 4 2 2 1 1 2n
2

Calculando o limite, vem


 1 
lim S n  lim  1  n   1.
 2 

Então, a série é convergente e o valor da sua soma é 1. Este valor pode ser interpretado
1
como a “soma” de todos os termos da sucessão definida por un  n .
2
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 23


Exemplo 2 Considere-se a série  n . Para esta série tem-se
n 1

n  n  1
S n  1  2    n 
2
Calculando o limite, vem
n (n  1)
lim S n  lim  
2
Neste caso, a série diz-se divergente.


Exemplo 3 Considere-se a série de termos alternados   1
n 1
n 1
. A respectiva sucessão

das somas parciais é


S1  1

S2  0
S3  1

S4  0

0 se n par
Sn  
1 se n ímpar

Esta sucessão possui duas subsucessões com limites diferentes, logo não existe lim Sn , pelo
que a série é divergente.


Definição 2.3 Dada uma série u
n 1
n , chama-se série resto de ordem p , à série que se

obtém suprimindo os p primeiros termos da série dada:




u
n 1
pn  u p 1  u p  2  ...  u p  n  ...


No caso da série u
n 1
n ser convergente e designando a soma da série resto de ordem p

por R p , facilmente se verifica que a soma da série é dada por

S  Sp  Rp
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 24

2.2 Série geométrica. Séries redutíveis ou de Mengoli

Definição 2.3 Chama-se-se série geométrica a uma série da forma




 ar n
 a  ar  ar 2  ...  ar n  ... , a  0 
n 0

onde r é um número real e que se designa por razão da série.

O limite de Sn , termo geral da sucessão das somas parciais, depende do valor de r . O


teorema que se segue estabelece as condições de convergência e divergência de uma série
geométrica.


Teorema 2.1 A série geométrica  ar
n 0
n
, com a  0 , é convergente se | r | 1 e divergente

se | r | 1 . No caso de convergência, a soma da série é dada pela expressão


a
S .
1 r


3 1
Exemplo 1 A série 2
n 0
n
é uma série geométrica com a  3 e r 
2
. Uma vez que

1
| r |  1 , a série é convergente e tem por soma
2
3
S
1
1
2
6

 n
 4
Exemplo 2 A série     é divergente. Basta verificar que se trata de uma série
n 1  3
4
geométrica em que | r |  1 .
3

Exemplo 3 Determine-se sob a forma de fracção racional o número representado pela


dízima 0,372372372...

Note-se que 0,372372372 ...  0,372  0, 000372  0, 000000372


 0,372  0,372  103  0,372  106  
 
2
 0,372  0,372  103  0,372  103  
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Está-se assim na presença de uma série geométrica em que a  0.372 e r  103 . A série é
convergente, uma vez que | r |  103  1 e a sua soma é

0,372
S
1  103
372

999

Então, 0,372372372...  372 .


999


Definição 2.4 Uma série u
n 1
n diz-se redutível ou de Mengoli quando existe uma

sucessão ( n ) tal que

un   n   n  p ou un   n  p   n

para cada n  IN e algum p  IN .


1
Exemplo 4 A série  nn  1 é uma série redutível ou de Mengoli, uma vez que
n 1

1 1 1
  .
nn  1 n n  1

De facto, decompondo a fracção, que representa o termo geral, em elementos simples, tem-
se
1 A B
 
nn  1 n n  1


 n  1 A  nB
n  n  1


 A  B n  A
n  n  1

donde A  1 e B  1 .

1 1 1
Pode então escrever-se  
nn  1 n n  1

Atendendo à igualdade anterior tem-se


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 26

n
1 1 
Sn     
k 1  k k 1
 1 1 1  1 1 1 1 
 1                
 2  2 3  n 1 n   n n 1
 1 1  1 1  1 1 1
 1              
 2 2  3 3  n n  n 1
1
 1
n 1

Consequentemente,
 1 
lim S n  lim1  
 n 1
1

1
Então, a série  nn  1 é convergente e a sua soma é 1.
n 1


 n 
Exemplo 5 Determine-se a natureza da série  ln  n  1  .
n 1

n
Note-se, em primeiro lugar, que ln  ln n  ln  n  1 . Calculando a soma parcial de
n 1
ordem n tem-se

S n   ln1  ln 2    ln 2  ln 3     ln  n  1  ln n   ln n  ln  n  1 

 ln1  ln  n  1

Passando ao limite, tem-se lim S n   , pelo que a série é divergente.


3
Exemplo 6 Mostre-se que a série  é convergente e determine-se a respectiva
n 1 n  n  3 

soma.

3
Decompondo em elementos simples, tem-se
n  n  3

3 A B
 
n  n  3 n n  3


 n  3 A  nB
n  n  3
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 27


 A  B  n  3A
n  n  3

donde A  1 e B  1 .

3 1 1
Pode, então, escrever-se   .
n  n  3 n n  3

Atendendo à igualdade anterior, tem-se


n
1 1 
Sn     
k 1  k k 3
 1 1 1 1 1 1 1
 1                . . .
 4  2 5 3 6 4 7
 1 1  1 1   1 1  1 1 
        
 n  3 n   n  2 n 1   n 1 n  2   n n  3 

1 1 1 1 1
 1    
2 3 n 1 n  2 n  3

Consequentemente,

 1 1 1 1 1 
lim Sn  lim  1      
 2 3 n 1 n  2 n  3 
11

6


3 11
Então, a série  n(n  3)
n 1
é convergente e a sua soma é
6
.

Com base nos exemplos anteriores, facilmente se estabelece um processo geral alternativo

para o estudo de séries de Mengoli. Assim, considerando a série u
n 1
n , com

un   n   n  p , com n  IN e algum p  IN , tem-se

S1  u1
 1  1 p

S 2  u1  u2
 1  1 p    2   2  p 
 1   2  1 p   2 p 
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S n  u1  u2  ....  un
 1  1 p    2   2  p   .....   n   n  p 
 1   2     p    n 1   n  2     n  p 
     
p termos p termos

No caso da sucessão ( n ) ser convergente, tem-se

lim  n  lim  n 1  ...  lim  n  p

e, sendo lim  n  l , obtém-se

lim S n  1   2  ....   p   lim n 1   n  2  .....   n  p 

 1   2  ....   p   pl

Então, nesse caso, a série é convergente e a sua soma é S  1   2       p   pl , com


l  lim  n .

Exemplo 7 Utilize-se o resultado anterior para estabelecer a convergência da série



3

n 1 n( n  3)
, apresentada no exemplo 6.

Atendendo a que, como se viu anteriormente,


3 1 1
 
n  n  3 n n  3

1 1
a série dada é uma série de Mengoli com  n  e p  3 . Como lim  n  lim  0 , a
n n
série é convergente e a sua soma
S  (1   2   3 )  3lim  n
1 1 1
 1+   3lim
2 3 n
11

6
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 29

2.3 Propriedades gerais das séries

 
Teorema 2.2 Se a série u
n 1
n converge e tem por soma S , a série  au
n 1
n , com a  IR ,

também converge e tem por soma aS .


Seja Sn a soma dos n primeiros termos da série u
n 1
n e Sn' a soma dos n primeiros

termos da série  au
n 1
n . Note-se que se a  0 e lim Sn for infinito ou não existir, o mesmo

acontecerá com lim Sn' , o que permite enunciar o corolário que se segue.

 
Corolário 2.1 Se a  0 , as séries  un e
n 1
 au
n 1
n são da mesma natureza.


1 1
Exemplo 1 Considere a série 3
n 0
n
. Trata-se de uma série geométrica de r 
3
, logo

convergente. A sua soma é

S  1  3.
1 1 2
3

1 3
Então, a série 2 3
n 1
n
é convergente e a sua soma é S '  2 
2
 3.

 
Teorema 2.3 Se as séries u
n 1
n e v
n 1
n são convergentes tendo por soma S e T ,
 
respectivamente, então as séries   un  vn 
n 1
e  u
n 1
n  vn  convergem e

têm por soma S  T e S  T , respectivamente.

Teorema 2.4 A natureza de uma série é a mesma que a do seu resto de ordem n (com n
finito), isto é, não depende dos seus primeiros termos em número finito.

Teorema 2.5 O resto de ordem n de uma série convergente, Rn , converge para zero
quando n tende para infinito, isto é, lim Rn  0 .

Teorema 2.6 Se uma série é convergente, a série que se obtém, agrupando termos
consecutivos por forma a constituir novos termos, é também convergente e
tem a mesma soma.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 30

Nota: Note-se que o recíproco não é verdadeiro. Com efeito, considere-se a série
+

 (  1)
n=1
n 1
a  a  a  a  a  ...

que é uma série divergente. A série


(a  a)  (a  a )  ...

ou seja, 0+0+...

é convergente e tem por soma S  0 .


Teorema 2.7 É condição necessária de convergência de uma série u n , que un  seja
n 1

um infinitésimo.

Note-se que o teorema anterior estabelece apenas uma condição necessária, pelo que a
hipótese de (un ) ser um infinitésimo não é garantia da convergência da respectiva série.

De facto, pode ter-se lim un  0 e a série u
n 1
n ser divergente, como se ilustra no exemplo

que se segue.


1
Exemplo 2: Considere-se a série  n , normalmente designada série harmónica. Para esta
n 1

1
série tem-se que lim un  lim  0 e a série é divergente como se mostra de seguida.
n

De facto, agrupando os termos sucessivos da série, de forma a constituir grupos de 1, 2, 4,


8, … termos, a partir do segundo, inclusive, tem-se

1 1 1 1 1 1 1
S n  1               ....
 2 3 4 5 6 7 8

em que o grupo m é formado por 2m 1 termos. Substituindo, em cada grupo, todas as


parcelas pela de menor valor, tem-se

1 1 1 1 1
   
3 4 4 4 2
1 1 1 1 1 1 1 1 1
       
5 6 7 8 8 8 8 8 2


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 31

Obtém-se, assim, a série


1 1
1    ...
2 2

que é divergente, uma vez que a soma dos n primeiros termos desta série é dada
1
S n'  1   n  1
2

e, consequentemente, lim Sn'   .


1
Representando por Sn a soma dos n primeiros termos da série n
n 1
tem-se

S n'  Sn , n  IN

E, como lim Sn'   , tem-se que lim Sn   . Então, a sucessão  S n  é divergente, o



1
mesmo sucendo à série n.
n 1

Na sequência do teorema 2.7, tem-se que, se uma série é convergente, então o seu termo
geral tende para zero.


1
Exemplo 3 A série  nn  1
n 1
é, como se viu no exemplo 4 da secção 2.2, uma série

1
convergente e, por conseguinte, lim  0.
nn  1

Do teorema 2.7 obtém-se, imediatamente, um critério para a divergência de uma série,


expresso no corolário que se segue.


Corolário 2.2 Se lim un  0 , então a série u
n 1
n é divergente.


n n
Exemplo 4 A série  n  1 é divergente, pois lim n  1  1 e, consequentemente, o termo
n 1

geral não é um infinitésimo.


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 32

Teorema 2.8 (Condição necessária e suficiente de convergência)



É condição necessária e suficiente de convergência de uma série u
n 1
n que

  IR  n0  IN : p  IN n  n0  Sn  p  S n  


1
Exemplo 5 Mostre-se, utilizando o teorema anterior, que a série n
n 1
é divergente.

Para o efeito, considere-se que p  n . Então,

Sn p  Sn  S2 n  Sn

1 1 1
   ... 
n 1 n  2 2n
1 1
  ... 
2n 2n
1
n
2n
1

2

Conclui-se, assim, que a série dada não satisfaz a condição necessária e suficiente de
convergência, pelo que é uma série divergente, como já se tinha verificado, de outro modo,
no exemplo 2.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 33

2.4 Séries de termos não negativos


Definição 2.5 Uma série u
n 1
n diz-se de termos não negativos se un  0 , n  IN .

O teorema que se segue estabelece o critério geral de convergência para séries de termos
não negativos.


Teorema 2.9 Uma série u
n 1
n , de termos não negativos, é convergente se, e só se, a

sucessão das somas parciais for limitada superiormente, isto é, majorada.

2.4.1 Critérios de comparação

Os teoremas que se seguem estabelecem condições suficientes de convergência ou


divergência de séries e são, usualmente, designados por critérios de comparação, pois
estabelecem uma relação entre uma série de natureza conhecida e uma série cuja natureza
se pretende determinar.

 
Teorema 2.10 Dadas duas séries  un e
n 1
v
n 1
n de termos não negativos tais que un  vn

para n  n0 (n0 , n  IN ) , então:


 
a) a convergência de v
n 1
n implica a convergência de u
n 1
n .
 
b) a divergência de  un implica a divergência de
n 1
v
n 1
n .


1
Exemplo 1 Considere-se a série n
n 1
n
. Trata-se de uma série de termos positivos. Tendo

1 1 1
em conta que
n n

2 n
, para n  2 , e sendo 
n 1 2
n
uma série convergente, por se tratar de

1
uma série geométrica de razão , conclui-se, pelo teorema anterior, que a série dada é
2
convergente.


1
Exemplo 2 Estude-se a natureza da série  n! .
n 1
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 34

Atendendo a que n !  n  (n  1)  (n  2)  ...  2 1  2n 1 , n   ,


1 1
tem-se  n 1 , n   .
n! 2

1 1
Como 2
n 1
n 1
é uma série convergente por se tratar de uma série geométrica de razão
2
,

conclui-se, pelo teorema anterior, que a série dada é convergente.


ln n ln n 1
Exemplo 3 A série 
n 1 n
é de termos não negativos. Considerando que
n
 , para
n

1
n  2 , e sendo n
n 1
uma série divergente então, pelo teorema anterior, a série dada é

divergente.


1
Exemplo 4 Mostre-se que a série  n
n 1
, com 0    1 , é divergente. É uma série de

termos positivos e tem-se


1 1
0    1  n  n  
n n
 
1 1
Como 
n 1 n
é uma série divergente então, pelo teorema anterior, a série  n ,
n 1
com

0    1 , é divergente.


1
Nota: A série  n
n 1
é designada série de Dirichlet que, como se verificou, é divergente

se 0    1 . É também possível demonstar que esta série é convergente se   1 , como se


verá mais à frente.

 
Teorema 2.11 Sejam  un e
n 1
v
n 1
n duas séries tais que un  0 e vn  0 , para qualquer

un
n  IN ; se existe n0  IN e k  IR  tal que  k , para n  n0 , então:
vn
 
a) a convergência de  vn implica a convergência de
n 1
u
n 1
n .
 
b) a divergência de u
n 1
n implica a divergência de v
n 1
n .
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 35

 
Teorema 2.12 Sejam  un e
n 1
v
n 1
n séries tais que un  0 e vn  0 , para qualquer n  IN .

un
a) se lim  k , com k  IR  , as duas séries têm a mesma natureza, isto
vn
é, são ambas convergentes ou ambas divergentes;

un
b) se lim
vn
 0 , a convergência de v
n 1
n implica a convergência de


u
n 1
n ;


un
c) se lim
vn
  , a divergência de v
n 1
n implica a divergência de



u n 1
n .

A relação entre a natureza de duas séries pode ser também estabelecida pela comparação
u v
das razões homólogas, isto é, n 1 e n 1 , como se refere no teorema 2.13.
un vn

 
Teorema 2.13 Sendo  un e
n 1
v
n 1
n duas séries de termos positivos, se existe n0  IN tal

u n  1 vn  1
que  , (n  n0 , n  IN ) , então:
un vn
 
a) a convergência de  vn implica a convergência de
n 1
u
n 1
n ;

 
b) a divergência de u
n 1
n implica a divergência de v
n 1
n .


n 1
Exemplo 5: Considere-se a série n
n 1
3
n
, que é de termos positivos. Comparando-a com

1
a série de Dirichlet  n , tem-se
n 1

n 1
n 1  n
lim n  n  lim 3
3
 1 , se   1  3 , ou seja   2 .
1 n n
n
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 36


1
Como 1   , as séries são da mesma natureza e como, para   1 , a série  n
n 1
é

convergente, então a série dada é convergente.


n
Exemplo 6: Mostre-se que a série  n 1
n 1
é divergente. Comparando-a com a série de

1
Dirichlet  n , tem-se
n 1

n
1
n  1 n 2
lim  lim  1 , se   12  1 , ou seja   12 .
1 n 1
n

1
Como 1    , as séries são da mesma natureza e como, para   1 , a série  n
n 1
é

divergente, então a série dada é divergente.

Teorema 2.14 (Critério do integral)


Sendo a   e f uma função real de variável real monótona em [a, [ ,
 
então a série  f (n) e o integral 
na
a
f ( x)dx são da mesma natureza, isto

é, são ambos convergentes ou ambos divergentes.


1
Exemplo 3 Considere-se a série  n , com
n 1
  IR  , denominada série de Dirichlet,

como já se referiu anteriormente.

1
Fazendo f ( x)  tem-se que f é uma função contínua, positiva e decrescente em
x
1
1,  e f (n)   . Para   1 tem-se
n
 1
se   1
n
 1 n 1  x  1  1  1  
1 x
dx  lim   dx  lim 
n  1 x n    1

  nlim
1    1  n 1

 1    1
 
 se 0<  1

1
Então a série  n
n 1
é convergente se   1 e é divergente se 0    1 .
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 37

 1 n1
 dx  lim  dx  lim  ln x 1   , pelo que a série é
n
No caso de   1 , tem-se
1 x n  1 x n 

divergente.


1
Note-se que a série  n ,
n 1
com   0 , é divergente uma vez que o termo geral não

cumpre a condição necessária de convergência, isto é, não tende para zero.

2.4.2 Critérios de Cauchy e de D’Alembert

Teorema 2.15: (Critério da raíz)



Seja u
n 1
n uma série de termos não negativos:

a) se existe um número r e uma ordem n0  IN tal que


n  n0  n un  r  1 ,

a série é convergente;

b) se existir uma ordem n0  IN tal que


n  n0  n un  1 ,

a série é divergente.

Teorema 2.16: (Critério de Cauchy)



Dada a série de termos não negativos u
n 1
n e sendo lim n un   , então:

a) se   1 , a série é convergente;

b) se   1 , a série é divergente.

2n
 n2  
Exemplo 1 Considere-se a série    .
n 1  2n  1 

2n
 n2 
Sendo un    , tem-se
 2n  1 
2n
 n2 
lim un  lim n 
n

 2n  1 
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 38

 n2 
2

 lim  
 2n  1 
1

4

1
Como  1 , conclui-se, pelo critério de Cauchy, que a série é convergente.
4

n2
 n 1  
Exemplo 2 Considere-se agora a série    .
n 1  n 

n2
 n 1 
Sendo un    , tem-se
 n 
n2
 n 1 
lim un  lim n 
n

 n 
n
 n 1 
 lim  
 n 

e

Atendendo a que e  1 , conclui-se, pelo critério de Cauchy, que a série é divergente.

Nota: O critério de Cauchy é inconclusivo para   1 . Basta, para o efeito, aplicá-lo às


 
1 1
séries  e  2 . Em ambos os casos, obtém-se   1 e tem-se que, no primeiro caso,
n 1 n n 1 n

a série é divergente enquanto que, no segundo, é convergente.

Teorema 2.17 (Critério da razão)



Seja u
n 1
n uma série de termos positivos:

a) a série é convergente, se existir uma ordem n0  IN tal que


u
n  n0  n 1  r  1 ;
un

b) a série é divergente, se existir uma ordem n0  IN tal que


u
n  n0  n 1  1 .
un
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 39

Teorema 2.18 (Critério de D’Alembert)



un 1
Dada a série de termos positivos u
n 1
n e sendo lim
un
  , então:

a) se   1 , a série é convergente;

b) se   1 , a série é divergente.


n! n!
Exemplo 3 Considere-se a série n
n 1
n
. Sendo un 
nn
, tem-se

un 1 (n  1)! n n
lim  lim
un (n  1) n 1 n !

(n  1)n !n n
 lim
(n  1) n (n  1)n !
n
 n 
 lim  
 n 1 
1
 lim n
 1
1  
 n
1

e
1
Como  1 , conlui-se, pelo critério de D’Alembert, que a série é convergente.
e


(2n)!
Exemplo 4 Considere-se agora a série  1.3.5...(2n  1) .
n 1

(2n)!
Sendo un  tem-se
1.3.5...(2n  1)
un 1 (2n  2)! 1.3.5....(2n  1)
lim  lim
un 1.3.5....(2n  1)(2n  1) (2n)!
(2n  2)(2n  1)(2n)!
 lim
(2n  1)(2n)!

 lim(2n  2)

 

Conclui-se, pelo critério de D’Alembert, que a série é divergente.


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 40

Nota: À semelhança do que acontece com o critério de Cauchy, também o critério de



1
D’Alembert é inconclusivo para   1 . De facto, aplicando este critério às séries  e
n 1 n

1

n 1 n
2
obtém-se   1 , e tem-se que, no primeiro caso, a série é divergente enquanto que,

no segundo, é convergente.

Nota: Relativamente aos critérios de Cauchy e de D’Alembert, de referir que:

a) Atendendo a que
un 1
lim A  lim n un  A
un
o critério de Cauchy é aplicável sempre que o critério de D’Alembert o for e é mais
u
geral do que este, uma vez que pode existir lim n un e não existir lim n 1 .
un
b) Para os casos inconclusivos pode afirmar-se que, se o limite tende para 1, por valores
superiores a 1, a série é divergente.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 41

2.5 Séries alternadas

Definição 2.6 Diz-se que uma série é alternada quando dois termos consecutivos
quaisquer têm sinais contrários, isto é, quando é uma série da forma


 (1)
n 1
n 1
un  u1  u2  u3  u4  . . .  (1) n 1 un  . . . , com un  0

Para estudar séries alternadas recorre-se ao seguinte teorema, usualmente denominado


critério de Leibniz.

Teorema 2.19 (Critério de Leibniz)



Dada uma série alternada  (1)
n 1
n 1
un , se os valores absolutos dos seus

termos, un , constituem uma sucessão não crescente de limite zero, a série


dada é convergente.


1
Exemplo 1 A série
n 1 n
 (1) n 1
, denominada série harmónica alternada, é convergente,

1 1
uma vez que lim  0 e a sucessão de termo geral un  é uma sucessão decrescente,
n n
cumprindo assim as condições do teorema anterior.


Nota: O critério de Leibniz é igualmente aplicável a séries alternadas do tipo  (1) u
n 1
n
n

com un  0 . Basta notar que tais séries resultam das anteriores por multiplicação dos seus
termos por  1 , que, como se viu anteriormente, não altera a natureza da série.
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 42

2.6 Convergência absoluta e convergência simples


Definição 2.7 Considere-se uma série u
n 1
n de termos quaisquer, positivos, negativos ou

nulos. Se a série dos valores absolutos dos seus termos, isto é | u
n 1
n |,

converge, diz-se que a série u
n 1
n é absolutamente convergente. Se a
  
série u
n 1
n converge, mas a série | u
n 1
n | diverge, diz-se que a série un 1
n

é simplesmente convergente, semi-convergente ou condicionalmente


convergente.


Teorema 2.20 Toda a série u
n 1
n absolutamente convergente é convergente. Isto é, se a
 
série | un | é convergente, também o é a série
n 1
u
n 1
n .


cos(n)
Exemplo 1 Verifique-se que a série 
n 1 2n
é absolutamente convergente.


cos(n)
Comece-se por estudar a série dos módulos, isto é, a série 
n 1 2n
.

cos(n) cos(n) 1
Ora, n
 n
 n
2 2 2

1 1
A série 2
n 1
n
é uma série geométrica em que r 
2
 1 e, por isso, convergente.

Convergindo a série de termos maiores, também converge a de termos menores, pelo que a
série dos módulos é convergente. Então, a série dada é absolutamente convergente.


(1) n
Exemplo 2 Verifique-se que a série 
n 1 n
é simplesmente convergente.

A série

(1) n 
1 
1

n 1 n
 
n 1 n
 n
n 1
1
2
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 43

é uma série divergente por se tratar de uma série de Dirichlet com   0,1 . No entanto, a

(1) n
série 
n 1 n
é uma série alternada em que:

1
i) lim 0
n
1
ii) A sucessão de termo geral un  é uma sucessão monótona decrescente, uma vez
n
que
1 1
n  n 1  n  n 1   , n  IN , logo un  un 1 , n  IN .
n n 1

(1) n
Pelo critério de Leibniz, a série 
n 1 n
é uma série convergente. Como a série dos

módulos é divergente, tem-se que a série dada é simplesmente convergente.


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 44

3. Séries de potências

No capítulo anterior, foram estudadas séries cujos termos são constantes. Neste capítulo,
será estudado um tipo de séries cujos termos envolvem variáveis, designadas séries de
potências, que constitui um caso particularmente importante de uma classe mais ampla de
séries, designada por séries de funções.

Definição 3.1 Seja (an ) uma sucessão de números reais definida em  0 e x0   .


Denomina-se série de potências de x  x0 a toda a série da forma


 a (x  x )
n 0
n 0
n
 a0  a1 (x  x0 )  a2 (x  x0 ) 2  . . .  an (x  x0 ) n  . . .

onde a0 , a1 , a2 , . . . , an , . . . se designam por coeficientes da série.



Note-se que a expressão  a (x  x )


n 0
n 0
n
não tem significado quando x  x0 e n  0 , pelo


que a forma correcta seria escrever a0   an (x  x0 ) n . No entanto, por uma questão de


n 1

simplificação de notação, assume-se (x  x0 )0  1 quando x  x0 .



A série  a (x  x )
n 0
n 0
n
é também, por vezes, denominada de série de potências centrada em

x0 . Se x0  0 , a série diz-se uma série de potências de x , ou centrada em 0 e, neste caso,


 

reduz-se à forma a x
n 0
n
n
. Refira-se que qualquer série de potências  a (x  x )
n 0
n 0
n
pode

ser reduzida a esta forma, bastando, para o efeito, efectuar a mudança de variável
x  x0  y .

Exemplo 1 Exemplos de séries de potências:




a) x
n 0
n
é uma série de potências centrada em 0;


b)  n!(x  1)
n 0
n
é uma série de potências centrada em 1;

(x  2) n
c)  é uma série de potências centrada em 2.
n 0
n!
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 45

Quando, numa série de potências, se substitui x por um número real obtém-se uma série


numérica que pode ser convergente ou divergente. Por exemplo, no caso da série x
n 0
n
,

fazendo x  1/2 obtém-se uma série convergente, enquanto para x  2 a série numérica
resultante é divergente. Sabe-se ainda que esta série é convergente se | x | 1 e divergente
se | x | 1 . A questão crucial que se coloca, aquando do estudo de séries de potências, é a
de determinar o conjunto de valores de x para os quais a série de potências converge.



É evidente que uma série de potências  a (x  x )


n 0
n 0
n
é sempre absolutamente convergente

para x  x0 . Como se mostrará de seguida, o conjunto de valores de x para os quais a série


de potências converge é um intervalo centrado em x0 , podendo este ser estendido a  ou
reduzido ao ponto x0 . Neste último caso, a soma da série é a0 . A aplicação do critério da


raiz à série  a (x  x )
n 0
n 0
n
constitui um instrumento adequado para dar uma resposta

(quase) completa à questão em causa.



 a (x  x )
1
Teorema 3.1 Sejam n 0
n
uma série de potências e r  . Assumindo
n 0 lim n | an |
as convenções habituais de r  0 se lim n | an |   e r   se
lim n | an |  0 , verifica-se uma e uma só das seguintes condições:

a) Se r    , a série é absolutamente convergente em cada ponto


x  ]x0  r, x0  r[ e divergente para x  ]   , x0  r[]x0  r,  [ ;

b) Se r  0 , a série é absolutamente convergente apenas para x  x0 e


divergente para x   \ {x0 } ;

c) Se r   , a série é absolutamente convergente para qualquer x   .

Note-se que o teorema nada informa quanto à natureza da série para | x  x0 | r , isto é, nos
pontos x  x0  r e x  x0  r . Em cada um desses pontos, há que estudar, caso a caso, a
série numérica resultante, a qual pode ser convergente ou divergente. No caso de
convergência, é evidente que esta pode ser absoluta ou simples.

Definição 3.2 Nas condições do teorema anterior, o número r designa-se por raio de
convergência da série. O conjunto de valores para os quais a série é
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 46

convergente designa-se por intervalo de convergência da série, que pode


ser um intervalo aberto, semi-aberto ou fechado.

O valor de r , referido no teorema anterior, foi determinado com recurso ao critério da raiz.
Este valor pode também ser determinado usando o critério de Cauchy, caso exista
lim n an . Basta notar que se este limite existe, então lim n an  lim n an . Neste caso

obtém-se
1
r
lim n | an |
assumindo-se as convenções habituais de r  0 ou r   consoante lim n | an |   ou
lim n | an |  0 .

A forma, em geral, mais simples de determinar o valor de r é recorrendo ao critério de


a
D’Alembert, desde que exista lim n 1 . Basta notar que se existe este limite também
an
existe lim n an e que lim n an  lim n an . Neste caso, tem-se

1 a
r  lim n
a an 1
lim n 1
an

assumindo as convenções habituais de 1/   0 e 1/ 0   .



Corolário 3.1 A série de potências  a (x  x )


n0
n 0
n
é absolutamente convergente para os

valores de x tais que x  x0  r e divergente para os valores de x tais


que x  x0  r , sendo r calculado por uma das fórmulas
1 an
r ou r  lim
lim n an an 1

caso existam tais limites e assumindo as convenções habituais de


1/   0 e 1/ 0   .



Nota: A série de potências  a (x  x )


n0
n 0
n
pode ser estudada aplicando directamente um


dos critérios, utilizados anteriormente, à série  a (x  x )


n0
n 0
n
ou utilizando uma das

fórmulas obtidas para o cálculo do raio de convergência.


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 47


xn
Exemplo 2 Considere-se a série de potências  n . Aplicando directamente o critério
n 1

xn
de D’Alembert à série dos módulos e sendo un  obtém-se
n
un 1 x n 1 n
lim  lim , x0
un n  1 xn

n
 x lim , x0
n 1

 x, x  0.

Para | x | 1 e x  0 , a série é absolutamente convergente e é divergente para | x | 1 .


Como para x  0 , a série é absolutamente convergente, então a série é absolutamente
convergente para x  1,1 e divergente para x  , 1  1,  . Para x  1 , obtém-se
 
(  1) n
 
1
a série numérica que é divergente. Para x  1 , obtém-se a série alternada
n 1
n n 1
n
que é convergente, de acordo com o critério de Leibniz. Como a correspondente série dos
módulos é divergente, a série é, neste caso, simplesmente convergente. O intervalo de
convergência da série é o intervalo  1,1 .


xn
Exemplo 3 Considere-se a série de potências  n
.
n0  4  (  1) n 
an
Note–se que, neste caso, não existe lim nem lim n an , por serem diferentes os
an 1
limites das subsucessões de ordem par e de ordem ímpar. Assim, o valor de r é calculado
recorrendo à fórmula expressa no teorema 3.1, pelo que
1 1
r   3.
lim n an 1
lim
 4  (1) n 

Então, a série é absolutamente convergente para x  3,3 e é divergente para


x  , 3  3,  . Para x  3 , a série é divergente uma vez que o termo geral não

cumpre a condição necessária de convergência, (a subsucessão dos termos de ordem ímpar


tende para 1) isto é, não tende para zero. Para x  3 , a série é igualmente divergente pela
mesma razão (a subsucessão dos termos de ordem ímpar tende para 1 ).
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 48



Exemplo 4 Considere-se a série de potências  n!(x  1)


n0
n
. O raio de convergência desta

série é
an
r  lim
an 1
n!
 lim
(n  1)!
1
 lim
n 1
0

Então, a série é absolutamente convergente apenas para x  1 e é divergente em  \{1} .


(x  2) n
Exemplo 5 Considere-se a série de potências 
n0
n!
. Neste caso, tem-se

an
r  lim
an 1

(n  1)!
 lim
n!

 lim(n  1)

 

e a série é absolutamente convergente para todo x   .



Teorema 3.2 Seja  a (x  x )


n0
n 0
n
uma série de potências com raio de convergência r  0 .

Então, a série que se obtém, primitivando termo a termo a série dada, tem o
mesmo raio de convergência e tem-se
 
an
  an (x  x0 ) dx   (x  x0 ) n 1 , x  x0  r .
n

n 0 n 0 n  1



Teorema 3.3 Seja  a (x  x )


n0
n 0
n
uma série de potências com raio de convergência r  0 .

A série que se obtém por derivação termo a termo da série dada tem o
mesmo raio de convergência e tem-se

d   


dx      nan (x  x0 )
n 1
an (x  x0 ) n
, x  x0  r .
n 0  n 1
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 49

Nota: Como se referiu, o raio de convergência da série que se obtém derivando ou


primitivando uma série de potências é o mesmo que o da série original. No entanto, o
intervalo de convergência pode ser diferente, devido à natureza da série nos extremos.
Contudo, se a série das derivadas é convergente para x  x0  r , o mesmo sucede com a
série original.


xn
Exemplo 6 Considere-se a série de potências  n . Como se viu no exemplo 2, o raio
n 1

de convergência desta série é 1 e o intervalo de convergência é  1,1 . A série das



x n 1
primitivas é a série  n(n  1) ,
n 1
que tem raio de convergência 1 e cujo intervalo de

convergência é  1,1 .


xn
Considerando ainda a mesma série  n , a correspondente série das derivadas é a série
n 1


x n 1
, que tem o mesmo raio de convergência e cujo intervalo de convergência é 1,1 .
n 1
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4. Série de Taylor

Seja I um intervalo aberto de  e seja f : I   uma função n  1 vezes diferenciável


em I . Sendo x0  I , sabe-se que a fórmula de Taylor no ponto x0 é dada por

f ( x0 ) f ( n ) ( x0 )
f ( x)  f ( x0 )  f ( x0 )( x  x0 )  ( x  x0 ) 2  ...  ( x  x0 ) n  Rn ( x)
2! n!
onde Rn ( x) é o resto de ordem n da fórmula de Taylor, cuja forma de Lagrange é

( x  x0 ) n 1 ( n 1)
Rn ( x)  f [ x0   ( x  x0 )] , com 0    1 .
(n  1)!

No caso de f admitir derivadas finitas de qualquer ordem em x0  I , a fórmula de Taylor


dá origem à série de Taylor.

Definição 4.1 Seja I  um intervalo aberto e seja f :I  uma função


indefinidamente diferenciável em x0  I . A série

f ( n ) ( x0 ) f ( x0 ) f ( n ) ( x0 )

n0 n!
( x  x0 ) n  f ( x0 )  f ( x0 )( x  x0 ) 
2!
( x  x0 ) 2  ... 
n!
( x  x0 ) n  ...

denomina-se série de Taylor da função f em x0 . No caso particular de x0  0 obtém-se a


série

f (0) 2

f ( n ) (0) n f ( n ) (0) n
x  f (0)  f (0) x  x  ...  x  ...
n0
n! 2! n!

denominada série de MacLaurin.

Toda a função f , indefinidamente diferenciável em x0 , possui uma série de Taylor nesse


ponto. Porém, tal série pode não convergir ou, no caso de convergir, a sua soma pode ser
diferente de f (x) , numa vizinhança de x0 . Uma questão fundamental que se coloca é a de
saber se existe uma vizinhança de x0 , V ( x0 ) , onde a série de Taylor converge e tem por
soma f ( x) , isto é, onde se verifica a igualdade

f ( n ) ( x0 )
f ( x)   ( x  x0 ) n , x  V ( x0 )
n0 n!

A fórmula de Taylor permite, de um modo simples, dar resposta a esta questão. De facto,
tem-se
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 51

f ( x)  Pn ( x)  Rn ( x)

ou seja, Rn ( x)  f ( x)  Pn ( x)

onde o polinómio Pn ( x) , denominado polinómio de Taylor, é exactamente a soma parcial



f ( n ) ( x0 )
de ordem n da série 
n0 n!
( x  x0 ) n .

Teorema 4.1 Seja f uma função indefinidamente diferenciável em x0 . É condição


necessária e suficiente para que f ( x) seja a soma da sua série de Taylor
numa vizinhança de x0 , isto é,

f ( n ) ( x0 )
f ( x)   ( x  x0 ) n
n0 n!

que lim Rn ( x)  0 , quando n   , x  V ( x0 ) .


f ( n ) ( x0 )
Nas condições do teorema anterior, diz-se que 
n0 n!
( x  x0 ) n é o desenvolvimento

em série de Taylor de f ( x) em torno do ponto x0 .

Exemplo 1 Desenvolva-se em série de MacLaurin a função definida por f (x)  e x .

Escrevendo a fórmula de MacLaurin da função, com resto de Lagrange, tem-se


x 2 x3 xn x n 1 θx
ex  1  x    ... +  e , 0<θ <1
2! 3! n ! (n  1)!

A função f (x)  e x apenas pode apresentar-se como a soma de uma série de Taylor se, e
só se, lim Rn ( x)  0 .

eθx n 1
eθx n 1
ex
Ora, 0  Rn ( x)  x  | x|  | x |n 1
(n  1)! (n  1)! (n  1)!


ex ex
Como 
n0
( n  1)!
| x |n 1
é uma série convergente x   , tem-se que lim
( n  1)!
| x |n 1  0 ,

x   . Então lim Rn ( x)  0 e pode escrever-se

x 2 x3 xn
ex  1  x    ... +  ...
2! 3! n!

xn
 , x  
n 0
n!
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 52

Na prática, verificar que lim Rn ( x)  0 nem sempre é uma tarefa fácil, pelo que se torna
útil o seguinte teorema que estabelece uma condição suficiente para que a soma de uma
série de Taylor seja igual à própria função.

Teorema 4.2 Se f é uma função indefinidamente diferenciável e se existe M    tal


que f n ( x)  M , para cada x  V ( x0 ) e para cada n   , então o valor de
f ( x) é igual ao valor da correspondente série de Taylor, para cada
x  V ( x0 ) .

Aplicando este teorema ao exemplo anterior, basta mostrar que f ( n ) ( x)  e x  e x0  r , com


x   x0  r , x0  r  , para concluir que e x é a soma da sua série de MacLaurin.

Exemplo 2 Desenvolver em série de Maclaurin a função definida por f (x)  sen x .

Sabendo que a série de Maclaurin, para a função f ( x)  sen x é dada por



f ( n ) (0) n x3 x5 x 2 n 1

n 0
n!
x  x    ...  (1) n
3! 5! (2n  1)!
 ...


(1) n 2 n 1
 x
n  0  2n  1 !

 ( n )π 
e atendendo a que f ( n ) ( x)  sen  x   1 , o teorema 4.2, permite escrever
 2 

x3 x5 x 2 n 1
sen x  x    ...  (1) n  ...
3! 5! (2n  1)!


(1) n 2 n 1
 x , x  
n  0  2n  1 !

Exemplo 3 O desenvolvimento em série de Maclaurin da função f (x)  cos x é obtido de


modo análogo. Assim, partindo da série de MacLaurin para esta função, dada por

f ( n ) (0) n x2 x4 x6 x2n

n 0
n!
x  1     ... + (  1) n
2! 4! 6! (2n)!
 ...


(1) n 2 n
 x
n  0  2n  !

e usando os argumentos do exemplo anterior, obtém-se


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 53

x2 x4 x6 x2n
cos x  1     ...  (1) n  ...
2! 4! 6!  2n  !

(1) n 2 n
 x , x  
n  0  2n  !

Note-se que sendo (sen x)  cos x e conhecido o desenvolvimento em série de Maclaurin
de sen x , o desenvolvimento de f ( x)  cos x pode ser obtido derivando a série de
Maclaurin que representa a função f ( x)  sen x .

Nos exemplos anteriores, os desenvolvimentos em série de Taylor foram obtidos


recorrendo directamente à fórmula de Taylor, um processo em geral trabalhoso. Por isso,
na prática, o desenvolvimento de funções em série de Taylor (ou de potências) é obtido a
partir de desenvolvimentos conhecidos e tendo em conta o resultado expresso no teorema
que se segue.

 

Teorema 4.3 Toda série de potências  a (x  x )


n 0
n 0
n
tal que f (x)   an (x  x0 ) n , numa
n 0

vizinhança de x0 , é a série de Taylor, em torno de x0 , da função por ela


definida. Em particular, o desenvolvimento de uma função em série de
potências é único.

Exemplo 4 Desenvolver em série de Maclaurin a função definida por f (x)  e  x .



xn
Partindo de ex   , x  
n 0
n!

e substituindo x por  x , obtém-se


 
( x) n xn
e x     (1) n , x  
n 0
n! n 0
n!

Exemplo 5 Desenvolver em série de Maclaurin a função definida por f (x)  sen  x 2  .

Sabendo que o desenvolvimento em série de Maclaurin, para a função f ( x)  sen x é



(1) n 2 n 1
sen x   x , x  
n  0  2n  1 !

e substituindo x por x 2 , obtém-se


JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 54



    2(n1) 1!x
n
sen  x 2 4n2
, x  
n 0

1
Exemplo 6 Desenvolva-se em série de Maclaurin a função definida por f (x)  .
2 x


1 x 
1
Tendo em conta que  x n , para | x | 1 , tem-se
n 0

1 1 1

2 x 2
1    
x
 2
 n
     ,
1 x x
 1
2 n 0  2  2

(1) n n
 n 1
x , x  2, 2
n 0 2

Exemplo 7 Desenvolva-se em série de Maclaurin a função definida por


1
f (x)  2 .
x  3x  2
1 1
Ora, 
x  3x  2
2
( x  1)( x  2)
1 1
 
x 1 x  2
1 1
 
1 x x  2


  x n , para | x | 1 e que
1
Tendo em conta que
1  x n 0
1 1

x2 2 x
1 1

2 x
1
2
 n
     ,
1 x x
1
2 n 0  2  2

1 n
 n 1
x , x  2, 2
n 0 2
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 55

 
1
  x n   n 1 x n ,
1
tem-se, | x | 1
x  3 x  2 n 0
2
n 0 2


  1  n 1 x n , x  1,1


1
n 0  2 

Exemplo 8 Desenvolva-se em série de potências de x  1 a função definida por


1
f (x)  e indique o intervalo onde é válido esse desenvolvimento.
2 x


1 x 
1
Considerando que  x n , para | x | 1 , tem-se
n 0

1 1

2  x 3  x 1
1 1

x 1 
1   
3
 3 
 n
x 1  x 1
   
1
 1
3 
,
3 n 0  3

(1) n
 n 1
( x  1) n , x  2, 4
n 0 3
JM Oliveira Pires Sucessões e Séries | 56

Bibliografia

[1] Anton, H., Calculus with Analytic Geometry, 5th ed., John Wiley & Sons, 1995.

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Gulbenkian, Lisboa, 1991.
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[5] Larson R., Hostetler R. P. e Edwards, B. H., Cálculo, Vols. 1 e 2, 8ª ed., MacGraw-
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[6] Lima, E. L., Curso de Análise, Vol. 1, 7ª edição, IMPA, Rio de Janeiro, 1992.
[7] Santos Guerreiro, J., Curso de Análise Matemática, Escolar Editora, Lisboa, 1989.
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