Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE OBRAS GEOTÉCNICAS
UNIDADE II
METODOLOGIAS
Elaboração
Ramon Matos Arouca Júnior
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE II
METODOLOGIAS.........................................................................................................................5
CAPÍTULO 1
MÉTODOS DE EQUILÍBRIO LIMITE, MÉTODO DAS FATIAS E MÉTODO DAS CUNHAS.............. 5
CAPÍTULO 2
MÉTODO DE FELLENIUS, BISHOP E JANBU ........................................................................ 11
CAPÍTULO 3
MÉTODO DE MORGENSTERN E PRICE, SPENCER E SARMA.................................................. 19
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................23
4
METODOLOGIAS UNIDADE II
Capítulo 1
MÉTODOS DE EQUILÍBRIO LIMITE, MÉTODO DAS
FATIAS E MÉTODO DAS CUNHAS
5
UNIDADE II | Metodologias
Linha de
ruptura
Enroca- Enroca-
mento mento
Núcleo
de argila
Linha de
ruptura
Aterro
Aterro
“seco”
“úmido”
6
Metodologias | UNIDADE II
Método do círculo de
atrito
Método de Fellenius
Métodos de equilíbrio Método de Bishop
limite Método sueco simplificado
Método de Morgenstern-
Price
Método das cunhas
Fonte: Massad, 2010.
Para esses dois métodos, admite-se que a linha de ruptura seja um arco de
circunferência; além disso, a massa de solo é subdividida em lamelas ou fatias, como
mostra a figura a seguir:
A figura a seguir ilustra uma lamela genérica, com a indicação das forças e dos
parâmetros desconhecidos. O equilíbrio das forças ainda envolve o peso (P) da
lamela; as forças resultantes das pressões neutras, tanto na base (U) quanto nas faces
da lamela (não mostradas nos desenhos); e as forças dos tipos E e X, atuantes na face
direita da lamela.
7
UNIDADE II | Metodologias
F 1
3n-1 Equilíbrio de forças 2n
E n-1
X n-1
a n Equilíbrio de
2n-1 n
b n-1 momentos
n. total de incógnitas 5n-2 n. total de equações 3n
8
Metodologias | UNIDADE II
Vê-se que, tal como foi colocado, o problema é estaticamente indeterminado, pois
existem (5n-2) incógnitas e apenas 3n equações disponíveis. Para levantar essa
indeterminação, são adotadas algumas hipóteses que simplificam o esquema das forças
associadas às lamelas.
9
Figura 12. Convenção de sinais do ângulo θ.
Note-se, ademais, que as forças entre lamelas (tipos E e X na figura 11) não geram
momento, o que ocorre pelo princípio da ação e reação (como em duas lamelas
adjacentes). Assim, igualando-se os momentos atuante e resistente, tem-se:
∑ ( P.R.senθ ) =
∑ ( T .R )
10
Capítulo 2
MÉTODO DE FELLENIUS, BISHOP E JANBU
De acordo com Massad (2010), a aplicação das equações requer o conhecimento das
forças normais às bases das lamelas (N). Atinge-se esse objetivo, no que concerne
ao Método de Fellenius, fazendo-se o equilíbrio das forças na direção da normal à
base da lamela (direção do raio do círculo de ruptura).
Disso resulta:
P.cosθ
N +U =
Ou:
N P.cosθ − u.∆x.secθ
=
11
UNIDADE II | Metodologias
O Método de Fellenius pode acarretar graves erros pelo tratamento que dá às pressões
neutras. A rigor, as forças resultantes das pressões neutras atuam também nas faces entre
lamelas. Como são forças horizontais, elas têm componentes na direção da normal à
base das lamelas, que é a direção de equilíbrio das forças, como se viu anteriormente.
A figura a seguir, (a) e (b), extraídas de Whitman e Bayley (1967), ilustra esse efeito:
Figura 14. Método de Fellenius: influência das pressões neutras no coeficiente de segurança.
Vê-se que, quanto maior a pressão neutra, maior é a diferença em relação ao Método
de Morgenstern-Price, o qual veremos mais adiante. Esse método é mais rigoroso do
que os métodos de Fellenius e Bishop e foi tomado como referência.
Outro método que discutiremos aqui neste capítulo refere-se ao método proposto
por Bishop (1955). Este considera a análise da estabilidade de um talude mediante a
12
Metodologias | UNIDADE II
Considere-se a fatia de ordem (n) e levemos em conta as reações Rn−1 e Rn+1 das
fatias vizinhas. Suas componentes horizontais são designadas por Hn−1 e Hn+1, e as
verticais, por Vn−1 e Vn+1 (figura 15).
Figura 15. Distribuição de forças em fatia de solo (n) em uma vertente com deslizamento
rotacional.
13
Do polígono de forças indicado na figura, obtém-se, projetando as forças segundo
a direção do peso P, para um solo sem coesão:
( N − µ ) tgα c∆l
Pn + Vn −1 − Vn +=
1 Ncosα + senα + senα
F F
Ou:
tgα .senα c∆l
Pe cosα + =Pn + Vn −1 − Vn +1 − U .cosα − senα
F F
E logo:
c∆l
Pn + Vn −1 − Vn +1 − U .cosα − F senα
Pe =
tgα .senα
cosα +
F
Em que:
Fr
S=
Fs
14
Metodologias | UNIDADE II
R
∑ Pn x =∑ SR = ∑[c∆l + ( N − U ) tgφ ]
F
Finalmente, verifica-se:
1 ( P + Vn −1 − Vn +1 − U .cosα )tgφ + c∆lcosα
=Fs ∑ n
∑ Pn .senα senα
cosα + tgφ
F
Nessa última equação, a diferença (Vn−1 − Vn+1) pode ser igualada a zero, isto é,
Σ(Vn−1 − Vn+1) tg ϕ = 0, pois, segundo Bishop, o erro resultante dessa simplificação
é da ordem de apenas 1%.
15
UNIDADE II | Metodologias
Tem-se, pois:
( N + U ) .cos θ + T.senθ =
P
Ou:
c′.∆x.tgθ
P − u.∆x −
N= F
cosθ + tgφ ′.senθ / F
16
Metodologias | UNIDADE II
1
∑[bc + ( P − µ b)tgφ . ]
N( a )
Fs = f o
∑ Ptgα
tgφ
N ( a ) cos 2α 1 + tgα .
=
F
17
UNIDADE II | Metodologias
Ou:
N(a) = M(a).casa
18
Capítulo 3
MÉTODO DE MORGENSTERN E PRICE, SPENCER E
SARMA
Figura 17. Forças atuantes em uma fatia pelo Método de Morgenstern e Price (1965).
Em que Pw = pressões neutras nas laterais da fatia; dPb= resultante das pressões neutras
na base da fatia; dW = força peso da fatia; T = força tangencial entre as fatias; E =
força normal entre as fatias; dN = força normal na base da fatia; e dS = força cisalhante
mobilizada na base da fatia.
T = λ.f(x).E
Em que:
19
UNIDADE II | Metodologias
Geralmente, arbitra-se para f(x) a função arco de seno, pois é a função que menos
influencia o valor final do fator de segurança, segundo Morgenstern e Price (1965).
No entanto, outras funções são empregadas para f(x), como: constante, arco de seno
incompleto, trapezoidal ou outra forma qualquer. O método é considerado um dos
mais rigorosos.
Spencer considerou que as forças Xi, Yi, Xi+1 e Yi+1 poderiam ser substituídas por uma
resultante Qi inclinada de um ângulo δi com a horizontal. Supondo a componente
sísmica nula, e satisfazendo o equilíbrio de momentos, a força Qi deve passar pelo
ponto de intercessão das forças Wi, Ti e Ni (pelo ponto médio da base da fatia). A
figura a seguir ilustra as hipóteses de Spencer:
Figura 18. Forças atuantes na base da fatia pelo Método de Spencer (1967).
+ − Wsenα
Q= F F
tg ∅′tg (α − δ )
cos (α − δ ) 1 +
F
20
Metodologias | UNIDADE II
Como a soma dos momentos das forças externas em relação ao centro de rotação é
zero, a soma dos momentos das forças entre as fatias em relação ao centro também
é nula. Assim:
∑ QR cos (α − δ ) =
0
Logo:
∑ Q cos (α − δ ) =
0
21
UNIDADE II | Metodologias
22
REFERÊNCIAS
ACHARYA, G; SMED, F. DE; LONG, N. T. Assessing landslides hazard in GIS: a case study from Rasuwa,
Nepal. Bull. Eng. Geol. Env., n. 65, pp. 99-107, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 11682: Estabilidade de taludes. Rio
de Janeiro, 2008.
BERARDI, M.; VURO, M. The numerical solution of richards’ equation by means of method of lines
and ensemble kalman filter. Mathematics and computers in simulation, v. 125, pp. 38-47, 2016.
BORGES, L. P. de F. Método discreto iota-delta: uma nova abordagem numérica para o problema
de fluxo não saturado em meios porosos e fraturados. 2016. Faculdade de Tecnologia, Departamento
de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, 132 p., 2016.
BOUWER. H. Groundwater hydrology. New York: McGraw-Hill Book Company, 479 p., 1978.
CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Exercícios e problemas resolvidos. 4. ed. Rio
de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. v. 3, 312 p., 1987.
CHORLEY, R. J. The hillslope hydrological cycle. In: KIRKBY, M. J. (Ed.). Hillslope hydrology. J. Wiley,
pp. 1-42, 1978.
DENG, B.; WANG, J. Saturated-unsaturated groundwater modeling using 3d richards equation with a
cordinate transform of nonorthogonal grids. Aplied Mathematical Modeling, v. 50, pp. 39-52, 2017.
DUNNE, T.; BLACK, R. D. An experimental investigation of runoff production in permeable soils. Water
Resources Research, Washington, n. 6, pp. 1296-1311, 1970.
FERNANDES, N. et al. Geomorphological controls of land-slides in Rio de Janeiro: field evidences and
modeling. Trans-actions-Japanese Geomorphological Union, v. 22, n. 4, C-67, 2001.
FIORI, A. P. Fundamentos de mecânica dos solos e das rochas: aplicações na estabilidade de taludes.
São Paulo: Oficina de Textos, 2015.
FREEZE, R. A.; CHERRY, J. A. Groundwater. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 640 p., 1979.
GABET, E. J. et al. Rainfall threshold for landsliding in the Himalayas of Nepal. Geomorphology, v.
63, pp. 131-143, 2004.
23
Referências
GERSCOVICH, D. M. S.; DANZIGER. B. R.; SARAMAGO, R. Contenções: teoria e aplicações em obras. São
Paulo: Oficina de Textos, 2016.
HAYEK, M. An exact explicit solution for one-dimensional, transient, nonlinear richards’ equation for
modeling infiltration with special hydraulic functions. Journal of Hydrology, v. 535, pp. 62-670, 2016.
HEWLETT, J. D.; HIBBERT, A. R. Factors affecting the response of small watersheds to precipitation in humid
areas. International Symposium of Forest Hydrology. Pergamon Press, pp. 275-290, 1967.
HEWLETT, J. D.; HIBBERT, A. R. Moisture and energy conditions within aloping mass during drainage. J.
Geophys. Res., n. 4, pp. 1081-1087, 1963.
HILLEL, D. Soil and water: physical principles and processes. New York: Academic Press, 1971.
HORNBERGER, G M. et al. Elements of physical hydrology. [S.I.]: J. Hopkins, 302 p., 1998.
KIRKBY, M. J.; CHORLEY, R. J. Throughflow, overland flow and erosion. Bull. Intern. Assoc. Sci.
Hydrology, v. 12, pp. 5-21, 1967.
LAI, W.; OGDEN, F. L. A Mas-conservative finite volume predictor – corector solution of the 1D Richards
equation. Journal of Hydrology, v. 523, pp. 19-127, 2015.
LIPNIKOV, K.; MOULTON, D.; SVYATSKIY, D. New preconditioning strategy for jacobian-fre solvers for
variably saturated flows with richards equation. Advances in Water Resources, v. 94, pp. 1-2, 2016.
MASSAD, F. Obras de terra: curso básico de geotecnia. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2010.
MONTGOMERY, D. R. et al. Forest clearing and regional landsliding. Geology, v. 28, pp. 311-314, 2000.
ROGÉRIO, P. R. Cálculo da estabilidade de taludes de terra pelo método de Bishop simplificado. São
Paulo: Edgard Blücher, 153 p., 1977.
SELBY, M. J. Hillslope materials and processes. Oxford: Oxford University Press, 1982.
SVYATSKIY, D.; LIPNIKOV, K. Second-order acurate finite volume schemes with the discrete maximum
principle for solving Richards equation on unstructured meshes. Advances in Water Resources, v.
104, pp. 14-126, 2017.
TROEH, F. R. Landform equations fitted to contour maps. American Journal of Sciences, v. 263, pp.
6126-627, 1965.
24
Referências
UNITED NATIONS (ONU). Population division. Department of economic and social affairs, World
Urbanization Prospects: The 2014 Revision, Highlights (ST/ESA/SER.A/352), 2014.
ZHANG, Z. et al. Finite analytic method based on mixed-form Richards’ equation for simulating water
flow in vadose zone. Journal of Hydrology, v. 537, pp. 146-156, 2016.
Imagens
Figura 1. Condição tridimensional.
Figura 5. Exemplificação dos empuxos de terra em repouso, ativo e passivo. Parede AB sem atrito.
Figura 14. Método de Fellenius: influência das pressões neutras no coeficiente de segurança.
Figura 15. Distribuição de forças em fatia de solo (n) em uma vertente com deslizamento rotacional.
Figura 17. Forças atuantes em uma fatia pelo método de Morgenstern e Price (1965).
Figura 18. Forças atuantes na base da fatia pelo Método de Spencer (1967).
25
Referências
Figura 26. Cargas piezométricas, altimétricas e total para o fluxo de água através do solo.
Figura 27. Cargas piezométricas, altimétricas e total para o fluxo de água através do solo.
Figura 28. Evolução da área variável de afluência durante o processo de escoamento superficial em
precipitação.
Figura 29. Os quatro tipos básicos de vertentes, combinando concavidade e convexidade das linhas
de fluxo e das curvas de nível.
Figura 31. Elementos geométricos de uma vertente ilimitada empregados na análise da estabilidade
– A linha tracejada representa o nível freático.
Figura 32. Área de contribuição da bacia de drenagem (a) (em sombreado) e comprimento (b) da
curva de nível, por onde passa o fluxo de água da chuva na vertente. Z representa a profundidade
do perfil de solo, e h2 é a altura da zona saturada. As linhas em traço fino representam as curvas de
nível, e aquelas em tracejado são as linhas de fluxo.
Figura 45. Análise de estabilidade por métodos comum s de fatias: (a) tentativa de superfície de
ruptura; (b) forças atuando na (n - ésima fatia).
26
Referências
Tabelas
Tabela 1. Fatores de segurança mínimos para escorregamentos.
27