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Por êsse meio o médico aprenderá que o doente não deve ser
considerado como um número (falo dos doentes recebidos nos hos-
pitais para os quais deve-se dirigir principalmente a nossa atenção)
mas como um homem. A tomada em consideração da personalidade
do doente entre em jôgo no diagnóstico de tôda doença e mesmo no
desenvolvimento das doenças orgânicas. Desgraçadamente, neste pro-
grama, nós não temos os médicos sempre como aliados. A maior parte
dentre êles é formada segundo uma concepção morfológica na qual o
psicólogo - e isto não se compreende muito bem - não tem lugar.
No entanto, em alguns países, êste problema chamava a atenção dos
médicos e esta revelação do interêsse é devida ao fato de que a intro-
dução da idéia de segurança social teve como resultado a criação de
uma burocracia complicada da qual o médico é escravo, mas também
o doente com a conseqüência de que a ação do médico não se pode
exercer livremente no diagnóstico e na assistência aos diversos cui-
dados dos doentes em virtude sobretudo da fórmula "do bêrço ao
túmulo" dos inglêses, provocou uma situação cuja primeira vítima é
o médico.
Deve-se em seguida observar que o estudo da organização dos
Hospitais, no que conceme sobretudo ao doente e suas relações com
o médico e o pessoal ligado aos seus cuidados, tornou-se objeto de
discussão nos congressos realizados em diversos países nestes últimos
anos. O fato de que os 2 congressos internacionais de Hospitais de
Londres e Lucerna colocaram no centro de cada debate o problema
do doente, é muito interessante. Nesses congressos tornou-se claro
que o doente não pode ser considerado como um número e sim que
êle tem direito ao interêsse do médico e do pessoal assistente, e que
o doente deve estabelecer com êles um contacto que é uma das con-
dições de sua cura. Ora, para se obter isto, a formação psicológica
do médico é indispensável a fim de que êle possa tomar conheci-
mento da personalidade do doente e de suas diferentes formas de
rações durante o pr.ocesso da adaptação ao meio hospitalar.
Uma formação psicológica do médico se supõe de modo parti-
cular se se consideram outros aspectos de sua atividade. A psiquia-
tria sofre neste momento uma profunda e radical transformação. O
jovem médico, que tem a cabeça cheia de noções de anatomia e fisio-
logia, não está à altura de compreender o valor da nova orientação
do psiquiatra, porque, precisamente, os fundamentos de uma pre-
paração psicológica lhe fazem falta. Os tratamentos aos quais é ne-
cessário recorrer-se hoje em dia para cuidar dos doentes mentais exi-
gem dos médicos que conheçam as concepções de psicoterapia e se
isto não pode ser aplicado senão por especialistas, mesmo o doutor
em medicina geral deve estar capacitado para julgar da sua oportu-
nidade e é por esta razão que êle deve ter recebido uma formação
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