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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................2

I. A DOUTRINA DA SALVAÇÃO..................................3
II. CONCEPÇÃO DE SALVAÇÃO................................18
III. A SALVAÇÃO..........................................................31
IV. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO.........................38
V. A ORDEM DA SALVAÇÃO.......................................40
VI. ARGUMENTOS TEOLÓGICOS DA SALVAÇÃO…62
VII. EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO................................64
VIII. ELEIÇÃO E REPROVAÇÃO.................................66
IX. CONSIDERAÇÕES FINAIS
SOBRE A SALVAÇÃO..................................................75
CONCLUSÃO: ............................................................77
BIBLIOGRAFIA: ..........................................................78

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INTRODUÇÃO

A salvação é o ato da reconciliação entre Deus e o


Homem, como plano executado na morte de Jesus
Cristo na cruz do calvário. Sua morte trouxe ao homem
a redenção de alcance universal. Ele reconciliou o
homem com Deus através do seu sangue derramado na
cruz. Essa reconciliação fez com que Ele assumisse, em
nosso lugar, nossa sentença e culpa diante de Deus.

" Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o


madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver
para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. "

(1 Pe 2.24; 3.18)

Algo que sempre devemos pensar é acerca do


imensurável amor de Deus, em dar o Seu Filho para nos
salvar. É o amor revelado em palavras e ações,
definindo que a situação espiritual do homem era

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lamentável, destituído da glória de Deus, sem
perspectiva de salvação, agora reconciliado com Deus
através de Jesus Cristo.

O Antigo Testamento apresenta várias


citações de que viria um Salvador, que seria Cristo, o
Senhor

" E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a


sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."

(Gn 3.15;)

" Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem
se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará
justiça aos gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará
ouvir a sua voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem
apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça. Não
faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça;
e as ilhas aguardarão a sua lei. "
(Is 42.1-4;)

" Tu multiplicaste a nação, a alegria lhe aumentaste; todos se


alegrarão perante ti, como se alegram na ceifa, e como exultam
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quando se repartem os despojos. Porque tu quebraste o jugo da
sua carga, e o bordão do seu ombro, e a vara do seu opressor,
como no dia dos midianitas. Porque todo calçado que levava o
guerreiro no tumulto da batalha, e todo o manto revolvido em
sangue, serão queimados, servindo de combustível ao fogo.
Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o
principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome:
Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não
haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar
e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para
sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto. "
(Is 9. 1-7;)

" Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou


o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante
ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem
formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência
nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais
rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado
nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o
rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e
as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das
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nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades;
o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados
como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o
Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi
oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um
cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda
perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da
sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela
transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua
sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que
nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca.
Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar;
quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua
posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor
prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua
alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o
justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará
sobre si. "

" Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos


repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na

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morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre
si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores. "

(Is 53. 1-12;)

O propósito da Sua vinda era remir, que significa “pagar


o preço da redenção”, dando a salvação a todo o que
nele crer. O preço dessa redenção foi o seu sangue – o
mais alto que se podia pagar

" Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a


Deus com o corpo de vocês. "
(1 Co 6.20; 7.23;)

" Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se


ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas
consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? "

(Hb 9.14)

E agora, dando ao homem o direito de obter a bendita


salvação, livrando-o da eterna condenação. A
"Soteriologia", do grego: "Soterios", referindo-se àquele
que traz a salvação
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" Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos
os homens"

(Tito 2.11;)

" Pois já os meus olhos viram a tua salvação"

(Lc 2.30;)

" Seja-vos, pois, notório que esta salvação de Deus é enviada


aos gentios, e eles a ouvirão. "

(At 28.28);

Do latim: "salvatio", salvar e “logia”: estudo, ciência ou


discurso racional, é a Ciência ou a Doutrina da
Salvação, também conhecida pela Doutrina ou Ciência
da Graça. Na Teologia Sistemática, é a abordagem da
salvação através da graça e da misericórdia de Deus,
por intermédio do nosso Senhor Jesus Cristo e atuação
do Espirito Santo.

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I - A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

“Soteriologia” deriva de duas palavras gregas, soteria e


Logos. A primeira significa “salvação” e a última,
“palavra, discurso ou doutrina”. Depois de ter tratado da
doutrina da teologia, onde enfatizamos a santidade de
Deus, e tendo visto o fracasso e o pecado da
humanidade no estudo da antropologia e hamartologia,
somos obrigada a compreendera absoluta necessidade
de plano de salvação suficiente para cobrir o imenso
abismo entre estes dois extremos infinitos, a
pecaminosidade do homem e a Santidade de Deus.

Felizmente, para todos os interessados, Deus


previu tudo o que teria lugar na queda do homem e
planejou exatamente a salvação necessária antes da
fundação da terra. Antes do primeiro pecado cometido
no universo, antes da terrível crise provocada pelo
homem rebelde, que fora feito à imagem de Deus, o
Senhor planejou e proveu um meio de fuga das
armadilhas e condenação do pecado. Nosso Deus não
foi apanhado de surpresa. Ele previu a queda e pré-
ordenou o plano de resgate.

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O plano da salvação de Deus é tão simples que o
Menor dentro o filho dos homens pode entende-lo o
Bastante para experimentar o seu poder transformador.
Ao mesmo tempo, é tão profundo que nenhuma
imperfeição jamais foi descoberta nele. De fato, os que
o conhecem melhor ficam continuamente espantados
com idéia de que um e apenas um plano de salvação
seja necessário para satisfazer as inúmeras carências
espirituais em meio às variações quase limitadas das
necessidades dos homens em cada raça, cultura e
situação entre as nações deste mundo.

O ponto nevrálgico do plano da salvação de Deus


se concreta no cargo e função de um mediador –
alguém que Pudesse colocar-se entre um Deus
ofendido e uma criatura pecadora e sem esperança, o
homem.

Jô sentiu a necessidade de alguém assim quando se


encontrou (pelo menos é o que pensava) afastado de
Deus.

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“Ele não é homem como eu, Para que eu lhe responda E nos
enfrentemos em juízo. Se tão somente houvesse alguém Para
servir de árbitro entre nós, para impor as mãos sobre nós dois”
(Jó. 9.32,33).

Esta é a posição que Cristo veio preencher em seu


sacrifício subjetivo.

“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os


homens, Jesus Cristo homem. ”
(1Tm. 2.5).

Esta é a razão para a encarnação da


segunda pessoa da divindade; a fim de ser o mediador
para Deus, Ele deve ser Deus; a fim de representar a
humanidade, Ele deve ser homem. A penalidade pelos
pecados humanos, que precisa ser cancelada caso o
homem deva ter comunhão com Deus, era a morte. Mas
em vista de Deus não poder morrer – o espírito não
pode morrer – Ele precisa ter um corpo nós”

" E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua


glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade. "
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(Jo. 1.14)

Note igualmente as seguintes explicação Ampliadas:

“E, visto como os filhos participam da carne e do sangue,


também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte
aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; Por
isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para
ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus,
para expiar os pecados do povo. ”
(Hb. 2.14-17).

Tudo isto se tornou possível mediante a morte,


Sepultamento e ressurreição de Cristo Jesus.

No estudo da doutrina da salvação teremos dois Títulos:


(1) as provisões feitas: incluindo morte, Sepultamento,
ressureição, ascensão e exaltação de Jesus Cristo;

(2) a aplicação dessas provisões: incluindo


arrependimento, fé, justificação, regeneração, adoção,
santificação, confiança e segurança.

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Ao estudar a vida de Cristo, ficamos surpresos com
as inúmeras obras maravilhosas realizadas por Ele. O
Alimento dado ao povo, a transformação da água em
vinho, a cura dos doentes, fazer os coxos andarem, os
surdos ouvirem e os cegos verem, foram todas elas
evidências que apontam para o fato de que Ele era o
Filho de Deus. Mediante estas obras prodigiosas, Ele
deu ampla evidência de ser em verdade tudo o que
afirmava ser., todavia, sua obra não terminou com os
milagres realizados durante a sua vida, as verdades que
pregou e por ser uma bênção para o povo de sua
época. Seu propósito principal ao vir a este mundo foi
trazer salvação para as almas dos homens. Quando o
anjo de Deus falou a José sobre o filho que nasceria de
Maria, disse:

" E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque


ele salvará o seu povo dos seus pecados. "

(Mt. 1.21)

Nosso enfoque presente será então o, método pelo qual


Jesus salvaria seu povo dos seus pecados. Isto Leva ao
estudo de sua morte.

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Myer Pearlman declara: “O evento destacado e a
Doutrina principal do Novo Testamento podem ser
Resumidos nas palavras: ‘Cristo morreu (o evento)
pelos Nossos pecados (a doutrina)

" Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras"
(1 Co. 15.3)

O cristianismo Difere de todas as outras religiões no que


diz respeito à Posição dada à morte de seu fundador.
Todas as demais religiões baseiam suas afirmativas de
grandeza na sua vida e ensinamentos de seus
fundadores, enquanto o Evangelho de Jesus Cristo se
concentra na pessoa de Jesus Cristo, incluindo
especialmente sua morte no Calvário. É dito
freqüentemente que toda região contém algo de bom.
Pode ser verdade que existe algum valor ético em
muitos ensinos, mas só no cristianismo temos a
redenção do pecado, sendo isto realizado mediante a
morte substitutiva do próprio Filho de Deus.

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1. A Importância Dada a Ela nas Escrituras

(1) No Antigo Testamento – morte de Cristo é


prevista no Antigo Testamento inteiro em
inúmeros tipos e profecias. Só alguns dos mais
importantes podem ser mencionados aqui.

(a) Tipos:
As vestimentas de peles – “Fez o Senhor Deus
vestimenta de peles para Adrão e sua mulher, e os
vestiu”

" E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e


os vestiu. "

(Gn. 3.21)

A oferta de Abel – “Abel, por sua vez, trouxe das


primícias do seu rebanho, e da gordura deste. Agradou-
se o Senhor de sua oferta”

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" E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da
sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. "
(Gn 4.4)

A oferta de Isaque

" E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e


disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a
quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em
holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. "

(Gn. 22 1.2)

O cordeiro da páscoa

" Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste


mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos
pais, um cordeiro para cada família. "

(Êx. 12)

O sistema sacrificial levítico

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" Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós
oferecer oferta ao Senhor, oferecerá a sua oferta de gado, isto é,
de gado vacum e de ovelha.
Se a sua oferta for holocausto de gado, oferecerá macho sem
defeito; à porta da tenda da congregação a oferecerá, de sua
própria vontade, perante o Senhor. "

(Lv. 1-7)

A serpente de bronze

" E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste;
e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse
olhava para a serpente de metal, vivia. "

(Nm. 21.9)

O cordeiro imolado – “Todos nós andávamos


Desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
Caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade
de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não
abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e,
como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele
não abriu a sua boca”
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" Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e
como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele
não abriu a sua boca. "

(Is 53:6,7)

(b) Profecia:

A semente da mulher – “E porei inimizade entre ti e a


Mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te
Ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”

" E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a


sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."

(Gn 3.15,)

Isto foi chamado de protoevangelho, “o primeiro


Evangelho”.

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O Pastor ferido - “Se alguém lhe disser: Que feridas
são essas nos teus braços? Responderá ele: São as
feridas com que fui ferido na casa dos meus amigos.
Desperta, ó espada, contra o meu pastor e contra o
homem que é meu companheiro, diz o Senhor dos
Exércitos; fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas;
mas volverei a minha mão para os pequeninos”

" E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira


plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando;
E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto
nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a
terra inutilmente? "
(Zc 13.6,7).

Em sua conversa com os dois discípulos no


caminho de Emaús, na tarde da sua ressurreição, Jesus
declarou que Moisés, e, na verdade, todos os profetas e
todas as Escrituras falaram de sua morte.

“Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e


Entra Se na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos
os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as
Escrituras. ”
20
(Lc 24.26,27).

Fica claro, em:

" Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os


profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando
que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que
estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos
que a Cristo havia de vir, e a glória que se lhes havia de seguir."
(1 Pe 1.10,11)

Que os sofrimentos de Cristo foram o grande tema


diligentemente.

Investigado e sondado pelos profetas do Antigo


Testamento: “Foi a respeito desta salvação que os
profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram
acerca da graça a vós outros destinada, investigando
atentamente qual a ocasião ou quais as circunstâncias
oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles
estava, ao dar de antemão testemunho sobre os
sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que
os seguiram. “Quando Moisés e Elias apareceram com

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Cristo no monte da Transfiguração, o assunto de que
falaram foi a morte do Salvador.

“E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram
Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da
sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém”

(Lc 9.30,31).

No Novo Testamento – Torrey diz que a morte de


Jesus Cristo é mencionada diretamente mais de 175
vezes no Novo Testamento. Desde que existem 7.957
versículos do Novo Testamento, isto significa que um
entre cada 45 versículos se refere a este assunto.
Thiessen afirma: “Os três últimos dias da vida terrena do
Senhor ocupam um quinto das narrativas nos quatro
evangelhos. ”

Sua relação com a encarnação. Este assunto foi


tratado na seção de teologia que fala de Jesus Cristo.
Mas algumas Escrituras pertinente serão repetidas aqui
para enfatizar a importância da sua morte. Jesus
participou de carne e sangue a fim de poder morrer.

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“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e
sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por
sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber,
o diabo”
(Hb 2.14).

“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados”

(1 Jo 3.5).

" Cristo veio a este mundo com o propósito expresso de


entregar-se como resgate pelos nossos pecados. “Bem como o
Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e
para dar a sua vida em resgate de muitos”

(Mt 20.28).

“Agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se


manifestou uma vez por todas, para aniquilar pelo
sacrifício de si mesmo o pecado”

" De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes


desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos
séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo
sacrifício de si mesmo. "
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(Hb 9.26)

Thiesesn diz muito bem: “Sua morte não foi uma


reflexão tardia ou um acidente, mas o cumprimento de
um propósito divino ligado à encarnação. A encarnação
não é um fim em si mesmo, mas um meio para obter um
fim, e esse fim é a redenção dos perdidos mediante a
morte do Senhor na cruz. ”

Uma das verdades fundamentais do evangelho.


Note como Paulo enfatiza a morte, o sepultamente e a
ressurreição de Cristo como constituindo o evangelho.

“Irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual


também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual
também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho
anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente
vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por
nossos pecados, segundo as Escrituras”

(1 Co 15.1-4).

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O evangelho é as “boas novas” da salvação, o perdão
de pecados através da morte, sepultamento e
ressurreição de Jesus Cristo. Sua necessidade para a
salvação do homem. Muitas escrituras indicam a
absoluta necessidade da morte de Cristo para que Deus
pudesse perdoar o pecado e garantir ao homem a sua
salvação. Note quantas vezes a palavra importa (ou
termos sinônimos) ocorrem nas seguintes passagens:

" Junto aos reis e conselheiros da terra, que construíram para si


Lugares que agora jazem em ruínas"
(Jo 3.14)

" Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que
convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e
dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e
ressuscitar ao terceiro dia. "

(Mt 16.21)

“Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado


por esta geração”
(Lc 17.25).

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Ouça o testemunho dos anjos no túmulo vazio:
“...Lembrai-vos de como vos preveniu, estando ainda na
Galiléia, quando disse: Importa que o Filho do homem
seja entregue nas mãos de pecadores e seja crucificado
e ressuscite no terceiro dia”

" Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como de vos


falou, estando ainda na Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho
do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja
crucificado, e ao terceiro dia ressuscite. "

(Lc 24.6,7)

Estas expressões expõem e demonstram “ter sido


necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre
os mortos”

" Expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse


e ressuscitasse dentre os mortos. E este Jesus, que vos anuncio,
dizia ele, é o Cristo. "

(At 17.3)

A única base sobre a qual um Deus santo


poderia perdoar o pecado era fazendo seu Filho
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suportar o castigo da culpa do pecador. Ele não poderia
simplesmente perdoar mediante o arrependimento do
pecador, mas só quando a penalidade tivesse sido
inteiramente paga. Deus não perdoa os pecadores,
como alguns pregam, porque os amos. Seu amor o
levou a dar seu Filho unigênito como resgate pelo
pecado, a fim de que o pecador possa ser perdoado.
George Herbert Morrison escreveu belissimamente:

“Permitam que diga que a cruz não é necessária e


incluíra por causa da má vontade de Deus em perdoar”.

Em nenhum ponto do Novo Testamento a cruz é


mostrada como transformando um Deus recalcitrante
em voluntário, como uma compulsão sobre um Deus
relutante. Ela não é a causa do amor, mas a sua
conseqüência; é a fonte do amor, é o seu transbordar, e
isso é freqüentemente esquecido. Lemos no Novo
Testamento sobre Cristo sendo oferecido como
propiciação pelos nossos pecados, e nossos
pensamentos se reportam às religiões pagãs, onde os
homens tentavam apaziguar seus deuses zangados;
mas a tremenda diferença é que em todas elas o
homem tinha de prover a propiciação; na fé cristã é

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Deus quem a provê. Ele não pede um sacrifício
expiatório por parte dos homens; Ele oferece o
sacrifício, e o dá porque ama o mundo e não quer
ninguém pereça. Por estar tão ansioso para perdoar é
que Deus enviou seu Filho para morrer.

Por que então a cruz foi necessária se Deus é


eternamente amor? Para mim a velha resposta é a
única – Deus é mais do que uma pessoa; é o soberano
moral do universo. Um pai perdoa completamente seu
filho se este se mostrar arrependido; mas se o pai for
um juiz, ele não pode perdoar desse mesmo modo um
criminoso, embora este seja seu filho. Seu dever é
manter e administrar a lei de acordo com os maiores
interesses do estado, e, se, perdoasse o criminoso com
base no seu arrependimento, o país cairia na ilegalidade
e no caos. Ou, de novo, se o pai for um professor e o
filho um aluno da escola, poderá ele agir como professor
do mesmo modo age como pai, perdoando porque o
filho expressa tristeza? Isso não iria desintegrar e
destruir a disciplina e baixar constantemente a moral da
escola inteira, levando inevitavelmente à
permissividade?

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Esses são exemplos imperfeitos, mas sugererm
o dilema de Deus: como perdoar, como seu coração se
inclina a fazer, e ao mesmo tempo ser o ‘juiz de toda a
terra’; como perdoar, ao mesmo sinal de
arrependimento, e continuar mantendo aquela lei que
vive nele na confiança segura e esplêndida de que
‘justiça e direito são o fundamento do teu trono...’

" Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e verdade


irão adiante do teu rosto. "

(Sl 89.14)

Havia um problema ‘digno de Deus’, como


Martinho Lutero e Thomas Chalmers costumavam dizer:
de que forma cancelar o pecado e trata-lo como se não
existisse, mantendo e justificando, todavia, a sua justiça.
O Novo Testamento com repetição invariável nos diz
que Deus resolveu este problema dando seu Filho
unigênito para morrer pelo pecado. Qualquer perdão
divino que menosprezasse a lei tornaria este mundo um
lugar intolerável para se morar; mas quando Deus deu
seu Filho para morrer pelo pecado, ‘a justiça e a paz se
beijaram´´

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" A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz
se beijaram. "

(Sl 85.10)

Fim de apreciar melhor o verdadeiro ensino


bíblico concernente à morte de Cristo, seria examinar
brevemente algumas das falsas teorias que foram
apresentadas no correr dos anos.

A Teoria do acidente Este conceito vê Cristo


simplesmente como um homem e, portanto, sujeito à
morte como qualquer outro ser humano. Ele morreu às
mãos de uma multidão que não concordou com seus
ensinos. Sua morte foi completamente imprevista e não
teve qualquer significado para quem quer que fosse.
Este ponto de vista é defendido pelos racionalistas
extremo que desconsideram os ensinamentos claros
das Escrituras.

Esta idéia radical é facilmente refutada pelo


fato que a morte de Cristo foi prevista através de todo o
Antigo Testamento, como vimos

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" Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te
alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? "

(Sl 22 1;)

" Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou


o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante
ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem
formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência
nele, para que o desejássemos. "

(Is 53 1.2;)

" Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo consuma os


teus cedros. "

(Zc 11 1)

Além disso, Jesus falou repetidamente de sua morte


futura e de como ela seria:

" Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que
convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e
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dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e
ressuscitar ao terceiro dia. "
(Mt 16.21)

" E os olhos se lhes abriram. E Jesus ameaçou-os, dizendo: Olhai


que ninguém o saiba. Mas, tendo eles saído, divulgaram a sua
fama por toda aquela terra. E havendo-se eles retirado,
trouxeram-lhe um homem mudo e endemoninhado. "

(Mt 9.30-32)

" E, subindo Jesus a Jerusalém, chamou à parte os seus doze


discípulos, e no caminho disse-lhes: Eis que vamos para
Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos
sacerdotes, e aos escribas, e condená-lo-ão à morte. E o
entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e
crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará. "
(Mt 20.17-19;)

" E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lhe,


Dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em
memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da
ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue,
que é derramado"

32
(Lc 22.19-20)

" Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar
a tomá-la. Ninguém tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou;
tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este
mandamento recebi de meu Pai. "

(João 10.17,18)

Contradiz diretamente esta falsa teoria: “Por isso o Pai


me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir.
Ninguém a tira de mim, pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a
entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi
de meu Pai”.

A teoria do mártir. Esta teoria afirma que a


morte de Cristo não foi mais que a morte de um nobre
mártir, como Huss ou Policarpo. Seu único valor para a
humanidade está no exemplo deixado por Jesus em ser
fiel ao que cria e ensinava, chegando ao ponto de estar
disposto a morrer por suas convicções. Foi algumas
vezes chamada de “teoria do exemplo”. O homem pode
ser salvo pelo arrependimento e reforma, apenas.

33
Esta idéia ignora completamente o ensino
bíblico de que a morte de Cristo foi uma propiciação em
relação à ira de Deus e uma expiação do pecado do
homem.

“Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há


em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu
sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua
justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador
daquele que tem fé em Jesus”
(Rm 3.24-26).

Esta teoria deixa de considerar a atitude de Jesus


ao pedir que o cálice não lhe fosse dado a beber, bem
diferente da de um mártir

" E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não
pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. "

(Mt 26.42)

A teoria da influência moral, ou amor de


Deus. Esta teoria afirma que o sofrimento e a morte de

34
Jesus foram apenas os resultados naturais de ele se
tornar humano e sofrer com as suas criaturas, e não por
elas. Quanto a este conceito, Thiessen diz: “Os
sofrimentos e a morte de Cristo são semelhantes aos do
missionário que passa a viver numa colônia de leprosos
para sempre, a fim de salvá-los”.

Ele ressalta ainda que a teoria ensina que “o amor de


Deus, manifesto na encarnação, nos sofrimentos e na
morte de Cristo, tem como propósito abrandar os
corações humanos e levá-los ao arrependimento”. Não
há aqui então qualquer idéia de fazer propiciação face à
ira de Deus, nem de Cristo morrer como um substituto
pelos nossos pecados.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu


Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna”
(Jo 3.16)

" Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. "

(Rm 5.8)

35
Essas passagens enfatizam o amor de Deus, mas
também tornam claro aquilo que o amor de Deus fez. O
amor de Deus não salvou os pecadores; levou Deus a
dispor-se a dar seu Filho para morrer por nós e
satisfazer assim as justas demandas de sua santidade.
Citando Thiessen novamente: “Nesta teoria, é difícil
explicar como os crentes do Antigo Testamento foram
salvos, desde que eles não tinham esta lição objetiva do
amor de Deus”.

A teoria governamental. O pensamento


principal por trás desta teoria é que Deus deu um
exemplo de Cristo nos seus sofrimentos, para
manifestar ao homem seu desprazer com o pecado. O
governo do mundo por parte de Deus necessitava de
que Ele mostrasse sua ira contra o pecado. Só desse
modo Ele poderia manter o respeito por sua lei. À
medida que a humanidade compreende a atitude de
Deus em relação ao pecado, exposta nos sofrimentos
de Cristo, os homens são movidos ao arrependimento,
que é necessário para a salvação. A principal objeção
que este ensinamento faz fugir é esta: por que foi então
necessária a encarnação? E por que o sofredor deve
ser um inocente? Por que a ira de deus não poderia ser

36
manifestada contra um pecador qualquer, em lugar de
seu Filho unigênito?

A fim de compreender a plena extensão do


que foi realizado através da morte de Jesus Cristo,
várias palavras podem ser usadas e seu sentido
captada plenamente. O pecado do homem era tão
grande, a santidade de Deus tão pura, que o abismo a
ser fechado entre eles exigiu um feito surpreendente por
parte do Senhor. Mediante sua morte, Ele satisfez
completamente cada necessidade do pecador relativa
ao pecado, capacitando-o a gozar de comunhão eterna
com Deus. Ao mesmo tempo, Cristo satisfez
plenamente cada exigência necessária para que um
Deus reto e justo perdoasse livremente o pecado e
recebesse o homem de volta á sua comunhão. Em
época alguma, através de toda a eternidade, qualquer
homem, diabo ou anjo, poderá desafiar e completa
provisão da grande salvação de Deus. Vamos
considerar a morte de Cristo, como ela é revelada em
cinco palavras diferentes.

37
a) Ela é vicária – uma substituição. A palavra vicária
vem de “vigário”, que significa um substituto, alguém
que toma o lugar de outrem e age como se fosse ele.

" Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se


desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de nós todos. "
(Is 53.6)
" Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas
para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. "
(Mt 20.28)

" Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para
que nele fôssemos feitos justiça de Deus. "

(2 Co 5.21)

" Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o


madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver
para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. "

(1 Pe 2;24)

38
" Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo
pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade,
na carne, mas vivificado pelo Espírito"
(1 Pe 3.18)

Como base nessas e em muitas outras Escrituras veja:

" Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que


Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras"
(1 Co 15.3;)

" Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. "

(Rm 5.8;)

" Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas


ovelhas. "

(Jo 10.11;)

" Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a

39
pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si
mesmo por mim. "
(Gl 2.20)

Fica claro que Cristo foi o nosso substituto ao carregar


nossos pecados na cruz. É evidente que Ele não
carregou seus próprios pecados.

" O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou


engano. "

(1 Pe 2.22)

“Quem dentre vós me convence de pecado? ”

" Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a


verdade, por que não credes? "

(Jo 8.46)

Quando morreu, Ele morreu pelo pecado de outros.

Argumentou-se ser imoral Deus punir um


inocente pelo culpado, e, portanto, a idéia de
substituição seria insuportável. Devemos dizer, em
40
primeiro lugar, que Deus não cogita de punir o inocente
pelo culpado. Jesus tomou sobre si nosso pecado, a fim
de assumir nossa culpa. Segundo, não é ilegal que um
juiz pague ele mesmo a pena imposta. Cristo é
verdadeiramente Deus; e teve, portanto, o direito de
pagar pela penalidade do nosso pecado. Terceiro isso
só poderia ser considerado imoral se Jesus fosse
obrigado a sacrificar-se por nós, mas se Ele tomou
voluntariamente essa decisão, não houve qualquer
injustiça. Foi isso que fez.

" Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar
a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a
dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este
mandamento recebi de meu Pai. "

(Jo 10.17,18)

É necessário compreender muito bem que não somos


salvos pelo assassinato de um homem, mas por alguém
que se ofereceu voluntariamente por nós.

41
b) é uma expiação. A palavra “expiação” é usada de um
modo geral e também particular. Popularmente
empregada, ela se refere à provisão completa da
salvação feita por Deus para os pecadores, mediante o
sacrifício do Senhor Jesus Cristo. Este é o sentido
usado de modo geral. Todavia, o termo tem um
significado específico na Escritura, ou seja, “uma
cobertura”. Trata-se de uma palavra do Antigo
Testamento. A única vez que ela ocorre no Novo
Testamento é na tradução inglesa KJV, em

" E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a
reconciliação. "

(Romanos 5.11)

“E não isto apenas, mas também nos gloriamos em


Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de
quem acabamos agora de receber a expiação. ” Esta é
universalmente reconhecida como uma tradução
inadequada.

42
A palavra deveria ser reconciliação, como
todas as demais traduções interpretam. No Antigo
Testamento devia ser feita uma expiação pelas
transgressões individuais. “Quando alguma pessoa
pecar, e cometer ofensa contra o Senhor... E por sua
oferta pela culpa trará ao Senhor... E o sacerdote fará
expiação por ele diante do Senhor, e será perdoado de
qualquer de todas as coisas que fez...”

" Tudo o que tocar a carne da oferta será santo; se o seu sangue
for espargido sobre as vestes de alguém, lavarás em lugar santo
aquilo sobre o que caiu. "

(Lv 6.27)

Era também possível fazer expiação nacional pelos


pecados da nação.

“Mas se toda a congregação de Israel pecar...


e forem culpados... então a coletividade trará um novilho
como oferta pelo pecado, e o apresentará diante da
tenda da congregação. Os anciãos da congregação
porão as mãos sobre a cabeça do novilho perante o
Senhor; e será imolado o novilho perante o Senhor...

43
E o sacerdote por eles fará expiação, e eles serão
perdoados”

" Mas, se toda a congregação de Israel pecar por ignorância, e o


erro for oculto aos olhos do povo, e se fizerem contra alguns dos
mandamentos do Senhor, aquilo que não se deve fazer, e forem
culpados, E quando o pecado que cometeram for conhecido,
então a congregação oferecerá um novilho, por expiação do
pecado, e o trará diante da tenda da congregação, E os anciãos
da congregação porão as suas mãos sobre a cabeça do novilho
perante o Senhor; e degolar-se-á o novilho perante o Senhor.
Então o sacerdote ungido trará do sangue do novilho à tenda da
congregação, E o sacerdote molhará o seu dedo naquele sangue,
e o espargirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu. E
daquele sangue porá sobre as pontas do altar, que está perante a
face do Senhor, na tenda da congregação; e todo o restante do
sangue derramará à base do altar do holocausto, que está diante
da porta da tenda da congregação. E tirará dele toda a sua
gordura, e queimá-la-á sobre o altar; E fará a este novilho, como
fez ao novilho da expiação; assim lhe fará, e o sacerdote por eles
fará propiciação, e lhes será perdoado o pecado. "

(Lv 4.13-20)

44
Quando os anciãos impunham as mãos, os
pecadores de Israel eram transferidos para o animal e
ele era imolado como seu substituto. A expiação
fornecia a cobertura da culpa do verdadeiro criminoso e
a tornava invisível aos olhos de Deus santo. Este
pensamento é sugerido em escrituras como as
seguintes:

" Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as


minhas iniquidades. "

(Sl 51.9)

“... lanças para trás de ti todos os meus pecados”

" Eis que foi para a minha paz que tive grande amargura, mas a
ti agradou livrar a minha alma da cova da corrupção; porque
lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados. "

(Is 38.17)

“... lançará todos os nossos pecados nas profundezas


do mar”
" Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniquidades, e
tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar. "
45
(Ml 7.19)

Como foi dito, a palavra “expiação” pertence ao Antigo


Testamento, pois em Cristo temos mais do que uma
cobertura para os nossos pecados. Eles são perdoados-
são completamente removidos.

O sangue dos animais sacrificados, levados


pelo adorador, só seria suficiente para cobrir os pecados
do homem até que o precioso sangue de Cristo fosse
derramado para remove-los. “Porque é impossível que
sangue de touros e de bode remova pecados. Por isso,
ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste,
antes corpo me formaste...nessa vontade é que temos
sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus
Cristo, uma vez por todas”

" Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire
os pecados. Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta
não quiseste, mas corpo me preparaste; Holocaustos e oblações
pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No
princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e
oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais
46
se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para
fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o
segundo. Na qual vontade temos sido santificados pela oblação
do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. "
(Hb 10.4-10)

c) é uma propiciação. “A quem Deus propôs, no


seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para
manifestar a sua justiça por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometido”

" Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue,


para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes
cometidos, sob a paciência de Deus"

(Rm 3.25)

“E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e


não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do
mundo inteiro”

" E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente


pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. "

47
(1 Jo 2.2)

“Por isso mesmo convinha que, em todas as


coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas
referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos
pecados do povo”

" Por essa razão era necessário que ele se tornasse semelhante a
seus irmãos em todos os aspectos, para se tornar sumo
sacerdote misericordioso e fiel com relação a Deus e fazer
propiciação pelos pecados do povo. "

(Hb 2.17)

A palavra “propiciação” significa


adequadamente afastar a ira mediante um sacrifício. Ela
indica então a idéia de apaziguar. “A idéia da ira de
Deus está obstinadamente arraigada no Antigo
Testamento, onde é mencionada 585 vezes”. Ela é
também citada várias vezes no Novo Testamento: “O
que, todavia, se mantém rebelde contra o filho não verá
a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”

48
" Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não
crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele
permanece. "
(Jo 3.36)

“A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e


perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça”
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a
impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em
injustiça. "
(Rm 1.18)

“Ninguém vos engane com palavras vãs, porque por


estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência”

" Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas
coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. "

(Ef 5.6)

" Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente,


entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo
de Deus"
49
(Rm 2.5; 5.9;)

" E esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os


mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura. "

(1 Ts 1.10;)

" Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso. "

(Hb 3.11;)

Nas passagens citadas acima vemos que


Paulo considera a morte de Cristo como o meio de
remover a ira de Deus

" Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira. "

(Rm 5.9)

O paradoxo surpreendente é que o próprio Deus tenha


provido os meios de remover sua ira. Também
observamos: o amor do Pai “...enviou o seu filho como
propiciação pelos nossos pecados”

50
" Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus,
mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados. "

(1 Jo 4.10)

A razão de Cristo tornar-se um sumo sacerdote


misericordioso e fiel foi para fazer propiciação pelos
pecados do povo

" Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos,
para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de
Deus, para expiar os pecados do povo. "

(Hb 2.17)

E sua propiciação abrange o mundo inteiro:

" E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente


pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. "

(1 Jo 2.2)

51
Segundo Leon Morris: “O ponto de vista bíblica
consistente é que o pecado do homem incorreu na ira
de Deus. Essa ira só é evitada pela oferta expiatória de
Cristo. Deste ponto de vista sua obra salvadora é
adequadamente chamada de propiciação”.
É uma reconciliação. A necessidade de reconciliação é
evidente por causa as inimizades entre Deus e o
homem, provocada pelo pecado deste. Através do
sacrifício de Jesus Cristo, esta condição de inimizade
pode ser mudada para outra de paz e comunhão. Esta é
uma das maiores bênçãos da salvação pessoal. Esta
nova relação engrandece a graça de Deus, pois homem
algum pode reconciliar a si mesmo com Deus. Foi o
próprio Deus quem operou esta reconciliação para nós
através de Cristo. Somos reconciliados com Deus
mediante a morte de seu Filho.

“Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados, seremos


salvos pela sua vida”
(Rm 5.10).

" A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos


no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo vos
reconciliou"

52
(Cl 1.21)

" E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por
meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as
que estão na terra, como as que estão nos céus. "

(Colossenses 1.20)

Nos diz que isto foi realizado através do sangue da


cruz: “E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua
cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas
as coisas”.

II - CONCEPÇÃO DE SALVAÇÃO

A salvação é a aplicação obra de Cristo na vida do


indivíduo. Por conseguinte, a doutrina da salvação é de
interesse e importâncias especiais, já que diz respeito à
mais crucial de nossas necessidades. Embora o termo
salvação talvez pareça ter com ele, existem, mesmo em
círculos cristãos, concepções bem distintas do que se
entende por salvação. Antes de examinar as mais
proeminentes dessas concepções, seria útil fazer um
breve estudo dos vários detalhes em que elas diferem.

53
Isso nos fornecerá as categorias em que poderão ser
empregadas na analise das varias idéias.

1. Detalhes em que Diferem as Concepções de


Salvação

A Dimensão do tempo - Há varias opiniões acerca


da relação entre a salvação e o tempo. As idéias variam:
uma ocorrência única no inicio da vida cristã, um
processo continuo ao longo de toda a vida cristã ou um
evento futuro. Alguns cristãos entendem que a salvação
se completa basicamente no início da vida cristã. Esses
costumam dizer: “Fomos salvos”. Outros vêem a
salvação como um processo – “estamos sendo salvos”.
Ainda outros pensam na salvação como algo que ainda
será recebido no futuro – “seremos salvos”. Pode-se, é
claro, combinar duas ou três dessas idéias. Nesse caso,
entende-se que os aspectos distintos da salvação (e.g.,
justificação, santificação, glorificação) ocorrem em
ocasiões diferentes.

Se pensarmos que a salvação ocorre dentro do


tempo, precisamos determinar o tipo de estrutura
cronológica implicado. Pelo fato de certas ações

54
poderem ocorrer rum único momento ou longo de um
período, a salvação e os aspectos que a constituem
podem ser concebidos de várias maneiras:

2. A Natureza e o Lugar da Necessidade

A segunda questão diz respeito à natureza e


ao lugar da necessidade com que é preciso lidar. Na
concepção tradicional, entende-se que a nossa
deficiência básica é de natureza vertical. O problema
básico do homem é a separação de Deus. A
necessidade é de restaurar o relacionamento rompido
entre Deus e a criatura. Essa é a concepção evangélica
de salvação. A segunda concepção afirma que o
problema básico do homem é horizontal. Isso pode
significar que um individuo tem dificuldades para se
ajustar com outras pessoas ou existe uma falta
fundamental de harmonia na sociedade como um todo.
A salvação implica a remoção de rupturas dentro da
raça humana, a cura de relacionamento pessoais e
sociais. A “teologia relacional” ocupa-se desse processo
no nível dos desajustamentos individuais e dos
problemas que surgem em grupos pequenos. As
teologias de libertação interessam-se pelos conflitos

55
entre classes raciais ou econômicas diferentes. A
terceira concepção entende que o problema básico do
homem é interno. O indivíduo está contaminado por
sentimentos que precisam ser erradicados – culpa,
inferioridade, insegurança. Aqui, as palavras chaves
são: “ajustamento”, “auto-compreensão”,
“autoaceitaçao” e “desenvolvimento de auto-estima”.

3. O Meio de Salvação

A questão de como se obtém ou como se transmite a


salvação é também da maior importância. Algumas
concepções entendem a transmissão da salvação que
crêem que a salvação ou graça são obtidas por meio de
um objeto físico. Por exemplo, no catolicismo romano
tradicional, crê-se que a graça é de fato transmitida e
recebida quando o pão da comunhão é ingerido pelo
corpo da pessoa. Embora até certo ponto o valor do
sacramento dependa da atitude ou da condição interior
do comunicante, a graça é recebida principalmente por
meio de um ato físico extremo. Outros pensam que a
salvação é transmitida por um ato moral. Aqui, a
salvação é encontrada no movimento de evangelho

56
social e nas teologias de libertação. As teologias
evangélicas representam uma terceira idéia: a salvação
é medida pela fé. A fé toma posse da obra realizada por
Cristo. O recipiente é, em certo sentido, passivo nesse
processo.

4. A Direção do Movimento na Salvação

Ainda outra consideração é a direção do movimento na


salvação. Será que Deus atua salvando indivíduos, e
efetuando uma transformação pessoal que se volta para
a sociedade e modificado o mundo do qual os remidos
fazem parte? Ou será que Deus atua alterando as
estruturas de nossa sociedade e, depois, usa essas
estruturas alteradas para mudar as pessoas que a
compõem?

O movimento do evangelho social do final do século XX


estava convicto de que problema básico do homem não
está na natureza humana pervertida, mas num ambiente
social doente que nos infecta. Assim, em vez de tentar
curar os indivíduos, precisamos alterar as condições
que o levam à enfermidade. Poderíamos dizer que os

57
defensores do evangelho social propondo um tipo de
ministério espiritual de saúde pública.

A abordagem oposta tem sido defendida pelos


elementos que, dentro do cristianismo, dão ênfase à
conversão. Este sustenta que a natureza humana é
radicalmente corrupta. Os males da sociedade resultam
do fato de ser ela composta por indivíduos maus. Só
quando houver uma transformação desses indivíduos é
que haverá alguma esperança real de mudança na
sociedade.

5. A Extensão da Salvação

A extensão da salvação é uma questão para que


entendem que ela se aplica aos indivíduos e não à
sociedade. A pergunta é: Quem ou quantos membros da
raça humana serão salvos? A posição particularista vê a
salvação como algo que se baseia em respostas
individuais à graça de Deus. Ela sustenta que nem
todos responderão afirmativamente a Deus: por
conseguinte, alguns se perderão e outros serão salvos.
A posição universalista, por sua vez, sustenta que Deus
restaurará todos os homens ao relacionamento com ele,

58
segundo se pretendia desde o início. Ninguém se
perderá. Há duas variedades de posições universalistas.
É possível ser universalista sendo um particularista
otimista. Ou seja, a pessoa pode alegar que é
necessário aceitar Jesus Cristo pessoalmente para ser
salvo e que todos os indivíduos o farão. Infelizmente,
não parece que todos no passado tenham aceitado a
Cristo; aliás, um número incontável nem teve
oportunidade de faze-lo. Portanto, não é viável pensar
que todos serão salvos dessa maneira, a menos que
haja algum meio inconsciente de preencher as
condições para a salvação. A posição universalista mais
comum assume que, no final, Deus de alguma forma
simplesmente aceitará todas as pessoas na comunhão
eterna com ele mesmo.

6. Concepções Correntes de Salvação

Um dos movimentos vitais que hoje propõem uma visão


sem igual da salvação é conjunto de teologias que
podem ser referidas coletivamente como “teologias de
libertação”. Podemos subdividir esse movimento em
várias teologias negra, feminista e do Terceiro Mundo. A
última das três é a que recebe, em especial, o nome de

59
teologia da libertação. Apesar de haver algumas
diferenças significativas que, vez por outra, têm
produzido conflito entre esses grupos, existe entre eles
um núcleo comum que nos dá condições de traçar
alguns aspectos básicos de como vêem a natureza da
salvação.

Uma das ênfases comuns aqui é que o problema básico


da sociedade é opressão e a exploração das classes
fracas pelas poderosas. A salvação consiste em quando
à natureza da situação específica.

A análise que as teologias de libertação fazem do


problema da humanidade capitalista ou
“desenvolvimentista” das questões econômicas e
políticas (todos os problemas serão automaticamente
resolvidos quando as nações não desenvolvidas
avançarem pelos caminhos abertos pelas nações
industrializadas) é inerentemente errada e inepta. Para
os teólogos da libertação, fica cada vez mais evidente
que o desenvolvimento econômico das nações
adiantadas, bem como a prosperidade das classes
sociais de elite, é conseguido à custa dos menos
afortunados, que nunca se identifica com os oprimidos.

60
A acusação de que a teologia da libertação é
tendenciosa em relação à Bíblia é reconhecida como
verdadeira, mas alega-se, como resposta, que os
autores bíblicos compartilhavam dessa tendência. A
história da obra redentora de Deus é uma história de
grupos de pessoas oprimidas. Com certeza, o povo de
Israel foi oprimido no Egito. Aliás, o livro de Êxodo é
uma das porções bíblicas favoritas da teologia da
libertação. Pelo fato de muito das Escrituras ser escrito
de acordo com a perspectiva dos fracos, a teologia da
libertação conclui que a mensagem divina de salvação
se interessa por eles em particular.

Mas qual a natureza específica da salvação conforme a


concepção das teologias de libertação? Elas não
pensam na salvação primeiramente como a vida após a
morte do indivíduo. A Bíblia, afirmam, preocupar-se
muito mais com estabelecimento do reino de Deus na
era presente. Mesmo a vida eterna é em geral colocada
no contexto de uma nova ordem social e se considera
que consiste não tanto em ser arrancado da história,
mas em ser partipante em sua culminação. A salvação
de todas as pessoas, tirando-as das forças opressoras,
é o alvo da obra de Deus na história e deve, portanto,

61
ser a tarefa dos que crêem nele. Esses procurarão
esforço político e até uma revolução, caso necessário.

7. Teologia Existencialista

Uma variedade de teologias do século XX é


existencialista, no sentido de ser baseada na filosofia
existencialista ou construída sobre ela. Talvez o
representante mais destacado da teologia existencialista
nesse sentido seja Rudolf Bultmann. Bultmann tentou
interpretar o Novo Testamento e, na realidade, construir
ma teologia tendo por base o pensamento de
Heidegger, nosso alvo deveria ser a existência
autentica, ou seja, ser o que deveremos ser, vivendo de
tal forma que se cumpra o nosso potencial como
homens. Um exemplo de inautencidade é o fracasso no
exercício da capacidade de fazer escolhas a agir
livremente. Fazer algo só porque todos os outros fazem,
seguir a multidão e conforma-se com ela, é deixar de
ser uma pessoa por si. Outro exemplo de inautencidade
é a falta de disposição para aceitar o fato de que aquele
que agiu livremente é, portanto, responsável. A

62
autenticidade, por outro lado, implica aceitar a
responsabilidade pelos próprios atos.

De Heidegger, Bultmann toma emprestado o


conceito de existência autentica e inautêntica. Ao aplicar
essas idéias, Bultmann menciona duas tendências nos
homens de hoje. Existe, por um lado, a tendência de ser
guiado na vida por uma auto-orientraçao. Nosso alvo
principal é realizar nossos desejos de felicidade e
segurança, utilidade e lucro. Os homens são egoístas e
orgulhosos. Não só não se respeitam os interesses e as
necessidades dos outros, como também desobedecem
a ordens de Deus e aos direitos dele sobre suas vidas.
Ou negam que Deus existia ou, caso creiam, negam
que ele tenha direito legitimo de lhes exigir obediência e
devoção.

Outra tendência mencionada por Bultmann é que


os indivíduos de hoje crêem que podem obter
verdadeira segurança por seus próprios esforços. O
acúmulo de riquezas, a proliferação da tecnologia e o
empenho para obter influencia são tentativas individuais
ou coletivas dos homens para garantir o próprio futuro.
A morte, porém, vem inevitavelmente, não importa o que

63
o homem faça. E os desastres naturais não podem ser
previstos ou evitados. Assim, os esforços humanos para
construir uma segurança estão fadados ao fracasso.
Mas os homens continuam tentando. Quando continuam
agindo de forma egoísta e buscando a segurança por
seus próprios esforços, eles rejeitam ou negam tudo o
que deveriam ser. Para Bultmann, esse é o equivalente
teológico da existência inautêntica.

Aquilo a que os homens são chamados por Deus


e pelo evangelho é o verdadeiro ego deles, seu
verdadeiro destino. Isso seria como que a existência
autenticou a salvação. A palavra de Deus “chama o
homem para longe de seu egoísmo e da segurança
ilusória que ele construiu para si mesmo. Ela o chama
para Deus, ela está acima do mundo e acima do
pensamento cientifico. Ao mesmo tempo, ela chama o
homem ao seu verdadeiro ego”. Interpretada como
obedecer a Deus “dando as costas para o ego e
abandonando toda a segurança”, a salvação não é
portanto, uma alteração na substancia da alma, como
alguns costumam entender a regeneração, nem uma
declaração forense de que somos justos perante Deus,
a compreensão tradicional de justificação. Antes, trata-

64
se de uma alteração fundamental de nossa Existenz,
toda perspectiva de vida e nossa conduta de vida.

Todo o ambiente cultural em que se desenvolve a


teologia vem mudando. O modo de a raça humana
encarar a realidade está sofrendo alterações. Nos
períodos anteriores, a maioria das pessoas cria em
Deus. Pensavase que sua atividade fosse a explicação
da existência do mundo e do que nele acontece, e ele
era a solução dos problemas enfrentados pelos homens.
Hoje, porém, muitos confiam no visível, no aqui e agora,
e em explicações que não reconhecem nenhuma
entidade transcendente ou supra-sensível. Esses
tornaram-se seculares, ou seja, inconscientemente,
passaram a seguir um estilo de vida que, na prática, não
tem espaço para Deus. Parte dessa concepção secular
resulta de um pragmatismo básico. Os progressos
científicos têm conseguido suprir as necessidades
humanas; a religião deixou de ser necessária ou eficaz.
Portanto, vivemos numa era pós-cristã.

Existem duas respostas possíveis da igreja


diante dessa situação. Uma é ver o cristianismo e o
secularismo como adversários mutuamente

65
excludentes. Nos últimos anos, porém, uma resposta
diferente vem sendo cada vez mais adotada por
teológicos cristãos. Trata-se de considerar o
secularismo não como um adversário, mas com
expressão madura da fé cristã. Um dos precursores
dessa abordagem foi Dietrich Bonhoffer. Nos últimos
anos de vida ele desenvolveu uma posição a que se
referia como “cristianismo a-religioso”. Deus educou
suas mais altas criaturas para ser independente dele.
Assim, Deus vem atuando no processo de
secularização. Outros pegaram a idéia de Bonhoffer e a
desenvolveram. John A. T. Robinsos, na Grã-Bretanha,
e os teólogos da morte de Deus, nos Estados Unidos,
são os principais proponentes da teologia secular.

A teologia secular rejeita a idéia tradicional de


que a salvação consiste em ser retirado do mundo e
receber uma graça sobrenatural de Deus. Antes, a
salvação não é obtida tanto por meio da religião, mas
pelo afastamento dela. Ter consciência da própria
capacidade e ultilizá-la, torna-se independente de Deus,
emancipar-se, afirma-se e se envolver com o mundo –
esse é o verdadeiro significado da salvação.

66
8. Teologia Católica Romana Contemporânea

Quando precisamos examinar o pensamento católico


contemporâneo sobre qualquer assunto, temos uma
tarefa difícil. É difícil porque, embora antes houvesse
uma posição uniforme, oficial, sobre a maior parte das
questões no catolicismo romano, agora só parece existir
uma grande diversidade. Os padrões doutrinários
oficiais ainda permanecem, mas são agora
suplementados e, em alguns casos visivelmente
contraditos, por declarações subseqüentes. Entre essas
declarações subseqüentes estão as conclusões do
Concílio Vaticano II e as opiniões individuais publicadas
de estudiosos católicos. É necessário ver alguma
dessas declarações em contraste com as posições
tradicionais da igreja.

A posição católica oficial há muito é de que a


igreja é o único canal da graça de Deus. Essa graça é
transmitida por meio dos sacramentos da igreja oficial
ou organizada não podem recebe-la. A igreja considera-
se detentora exclusiva do privilégio de distribuir a graça
divina.

67
Essa oposição tradicional de que a união com a
igreja é necessária para a salvação não se modificou.
Por exemplo, ves Congar de fato defende graus de
filiação à igreja. Embora a maioria da raça humana não
tenha nenhuma ligação visível e oficial com a igreja,
ainda existe algo como uma filiação invisível. O Concílio
Vaticano adotou uma posição semelhante à de Congar:
o povo de Deus não está limitado à igreja visível,
hierárquica. Isso não significa, no entanto, que alguns
do povo de Deus não tenham ligação com a igreja
visível ou católica ou que não participem dela. Na
prática, o povo de Deus é dividido em três categorias,
de acordo com seu grau de desenvolvimento com a
igreja:

1. Católicos “incorporados” à igreja.

2. Cristãos não-católicos “ligados” à igreja. Embora a


situação deles não seja tão segura quanto a dos
católicos romanos, têm igrejas genuínas e não
estão completamente separados de Deus.

3. Não-cristãos “relacionados” com a igreja.

68
O terceiro grupo inclui as pessoas a quem Karl
Rahner refere-se como “cristãos anônimos”. O fato de
as pessoas estarem fora da igreja católica visível (ou,
quanto a isso, de qualquer igreja cristã) não significa
que todas elas estejam separadas da graça de Deus.
Cristo também morreu por elas, e não deveríamos negar
essa graça.

A igreja também vem abrigando discussões


sobre a natureza da salvação. Tem havido uma abertura
maior ao conceito clássico protestante da justificação.
Nesse aspecto, a obra de Hans Kung sobre a teologia
de Karl Rahner tem sido particularmente significativa.
No passado, o catolicismo juntava o que os protestantes
entendem por justificação e santificação e santificação,
formando um só conceito: a graça santificadora. Kung,
entretanto, fala sobre os aspectos objetivos e subjetivos
da justificação. O primeiro correspondente o que os
protestantes entendem por justificação. Nesse primeiro
aspecto da salvação, o homem é passivo e Deus é
ativo. O segundo corresponde vagamente ao que os
protestantes costumam chamar santificação; aqui o

69
homem é ativo. Kung observa que Barth dá a ênfase ao
primeiro, enquanto o Concílio de Trento dá ênfase ao
último. Mesmo assim, não há verdadeiro conflito entre
Barth e Trento. Para resumir, nos últimos anos, a igreja
católica tem sido mais aberta à possibilidade de alguém
fora da igreja visível e, talvez, de alguém que de modo
nenhum se declare cristão ser recipiente da graça. Por
conseguinte, o entendimento católico da salvação
tornou-se um tanto mais abrangente que a concepção
tradicional. Em particular, o entendimento corrente inclui
dimensões que costumavam ser associadas ao
protestantismo.

9. Teologia Evangélica

A posição ortodoxa ou evangélica tradicional a respeito


da salvação está intimamente ligada ao entendimento
ortodoxo da situação humana. Nesse entendimento, o
relacionamento entre o ser humano e Deus é o principal.
Quando esse relacionamento não é correto, as outras
dimensões da vida também são adversamente afetadas.

Os evangélicos entendem que as Escrituras


indicam que há dois aspectos principais no problema do

70
pecado humano. Em primeiro lugar, o pecado é um
relacionamento quebrado com Deus. Os homens têm
falhando no cumprimento das expectativas divinas, seja
por transgredir limitações impostas pela lei de Deus,
seja deixando de fazer o que é nela ordenado de forma
positiva. O afastamento da lei resulta num estado de
culpa ou na possibilidade de castigo. Em segundo lugar,
a própria natureza da pessoa é maculada em razão do
afastamento da lei. Agora, existe uma inclinação para o
mal, uma propensão para o pecado. Em geral
denominada corrupção, muitas vezes ela também se
apresenta em forma de desorientação e conflitos
internos. Alem disso, por vivermos numa rede de
relacionamentos interpessoais, a ruptura em nosso
relacionamento com Deus também resulta num distúrbio
em nosso relacionamento com outras pessoas. O
pecado também assume dimensões coletivas: toda a
estrutura da sociedade inflige dificuldades e injustiças
aos indivíduos e aos grupos minoritários.

Certos aspectos da doutrina da salvação dizem


respeito à questão da posição do individuo perante
Deus. (Veja um diagrama dos relacionamentos
temporais entre os vários aspectos da salvação) a

71
situação legal do indivíduo deve ser mudada de
culpado. É uma questão de a pessoa ser declarada
justa ou reta diante de Deus, deve ser vista como
alguém que preenche totalmente as exigências divinas.
O termo teológico aqui é justificação. A pessoa é
justificada quando é unida legalmente a Cristo. Mas é
necessário mais que uma mera remissão da culpa.
Lembre-se de que a intimidade terna que devia
caracterizar o relacionamento da pessoa com Deus se
perdeu. Esse problema é retificado pela adoção. Na
adoção, a pessoa é restaurada ao favor de Deus e
recebe uma oportunidade de reivindicar todos os
benefícios providos pelo Pai Amoroso.

Além da necessidade de restabelecer o


relacionamento da pessoa com Deus, existe a
necessidade de mudar as condições de seu coração. A
mudança básica na direção da vida da pessoa, de uma
inclinação para o pecado para um desejo positivo de
viver em retidão, é denominada regeneração ou,
literalmente, novo nascimento. Implica uma verdadeira
mudança no caráter da pessoa, uma infusão de uma
energia espiritual positiva. Isso, porém, é apenas o
começo da vida espiritual. Também existe uma

72
mudança progressiva da condição espiritual do crente
será aperfeiçoada. Isso é denominado glorificação. A
preservação pessoal da fé e do compromisso, até o fim,
pela graça de Deus, é a preservação.

Quais são, de acordo com a construção


evangélica da teologia, os meios de salvação ou,
colocando de modo mais amplo, os meios da graça? Na
concepção evangélica, a Palavra de Deus desempenha
um papel indispensável em toda questão da salvação.
Pedro fala dessa função instrumental da Palavra de
Deus: “Pois fostes regenerados não semente
corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de
Deus [...] esta é a palavra que vos foi evangelizada”

" Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da


incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para
sempre. Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do
homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor;
Mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a
palavra que entre vós foi evangelizada. "

(I Pe 1.23, 25)

73
Assim, a Palavra de Deus, quer lida quer pregada, é o
meio pelo qual Deus nos apresenta a salvação
encontrada em Cristo; a fé é nosso meio de aceitar essa
salvação. Paulo afirma isso com muita clareza em

" Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem
de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie"
(Efésios 2.8,9)

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto


não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para
que ninguém se glorie”. As obras, portanto, não são
meios para receber a salvação. Antes, são a
conseqüência natural e a prova de uma fé genuína. A fé
que não produz obras não é fé real. Inversamente, as
obras que não brotam da fé e de um relacionamento
adequado com Cristo não terão validade na hora do
julgamento.

Qual é, na teologia evangélica, a amplitude


da salvação? Ou seja, quem será salvo? E,
especificamente, será que todos serão salvos? De
tempos em tempos, a posição de que todos serão

74
salvos é exposta na igreja. Essa posição, como já
mencionamos neste capitulo, é conhecida como
universalismo. A concepção usual da igreja ao longo da
história, porém, e a concepção adotada pela maioria dos
evangélicos, é a de que embora alguns ou muitos
venham a ser salvos, alguns não serão. A igreja
assumiu essa posição não porque não quisesse ver
todos salvos, mas porque cria que as Escrituras contêm
afirmações claras de que alguns se perderão.

Como fizemos com respeito a outras questões,


vamos adotar a posição evangélica quanto à salvação.
Apesar de Deus se importa com todas as necessidades
humanas, tanto individuais como coletivas, Jesus deixou
claro que a eterna guerra espiritual dos indivíduos é
infinitamente mais importante que o atendimento das
necessidades temporais. A preocupação de Deus com
nossa guerra espiritual e a idéia bíblica do pecado – tão
arraigado que se exige uma transformação radical da
natureza humana para que se experimente a
restauração do favor de Deus – são provas incisivas em
favor da concepção evangélica da salvação que vamos
desenvolver nos próximos capítulos.

75
III - A SALVAÇÃO

A "Salvação" é um termo inclusivo, que abrange dentro


do seu escopo muitos aspectos. Por exemplo, há
salvação no passado, no presente e no futuro, ou seja,
salvação da penalidade, do poder e da presença do
pecado. Há a salvação do espírito na regeneração, da
alma na santificação, e do corpo na glorificação.
Incluídas nesses diversos aspectos encontram-se as
doutrinas que, em conjunto, se chama "Soteriologia", ou
seja, a "Doutrina da Salvação".

A salvação abrange o passado, o presente e o


futuro. Quanto ao seu passado, o homem pode ser
salvo das penalidades do seu pecado

" Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira. "

(Rm 5.9)

Quanto ao seu presente, salvo do poder do pecado:

76
" Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus
pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida. "

(Rm 5.10)

" Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas


para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. "

(l Co 1.18)

No futuro, liberto da própria presença do pecado:

" E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de


despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais
perto de nós do que quando aceitamos a fé. "

(Rm 13.11)

" Assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única


vez, para tirar os pecados de muitos; e aparecerá segunda vez,
não para tirar o pecado, mas para trazer salvação aos que o
aguardam. "

(Hb 9.28)
77
"Logo, muito mais agora, sendo justificados
pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira"

" Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu
sangue, seremos por ele salvos da ira. "

(Rm 5.9)

"Porque se nós, quando inimigos fomos reconciliados com Deus


mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida"
(Rm 5.10).

“... assim também Cristo, tendo-se oferecido


uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos,
aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o
aguardam para a salvação"

Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os


pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que
o esperam para salvação.

78
(Hb 9.28)

Se o homem pecador se arrependeu dos seus


pecados, reconheceu a sua situação de miserável e se
converteu; ou seja, aceitou a Jesus Cristo como Seu
Único e Suficiente salvador pessoal, a partir desse
momento este pecador foi regenerado (nasceu de
novo). Neste mesmo instante, o seu nome foi escrito no
Livro da Vida, e o crente foi justificado pelo sangue do
Cordeiro. Sendo então justificado, pela expiação de
Jesus, torna-se eleito e predestinado à salvação (vida
eterna). Sendo eleito, reconciliou-se com Deus Pai,
sendo também purificado dos seus pecados, pois o
perdão de Deus e a Sua Adoção o envolveu para nunca
mais deixá-lo.

A salvação dos homens depende inteiramente da


graça divina. Pois todos os que se arrependem do
pecado, obtêm perdão por meio de Jesus Cristo. Todos
os que crêem em Cristo são justificados por Sua graça,
Sua justiça que lhes é imputada. Deus adota como filho
a todo o que crê em Seu Filho Jesus Cristo.

79
O Espírito Santo opera uma grande transformação
em todos os que finalmente são salvos, pela qual
tornam-se inclinados à santidade. Continua a santificar a
todos quantos têm regenerado, e, por fim, há de
prepará-los totalmente para o serviço de Deus e o gozo
infinito dos céus.

" Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em


espírito e em verdade.
(Jo 4.24)

"Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu


coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se
confessa a respeito da salvação"
(Rm 10.9,10).

Desde o momento da conversão até o fim da


vida terrena, a justificação é sempre a mesma. O crente
poderá necessitar do perdão como filho do Pai, mas
nunca será considerado criminoso perante o juiz. A
justificação é o ato de juiz; o perdão é o ato de Pai. A
justificação abrange o passado, o presente e o futuro. A
questão do pecado, entre a alma e Deus, foi resolvida
para sempre. "É possível o crente ser um filho
80
desobediente, e assim necessitar da vara de castigo do
Pai, mas nunca pode ser considerado um pecador
perdido e sujeito à condenação do juiz".

Para acrescentar, o crente está sendo


salvo, quando o Apóstolo dos Gentios, Paulo, afirma
que o "pecado não terá domínio sobre vós", e que
"quando ele vier nas nuvens do céu, estaremos para
sempre com o Senhor”. A graça de Deus nos fortalecerá
todos os dias para vencermos a nossa própria carne, o
mundo e o diabo, e resistirmos às tentações; porém,
estaremos salvos definitivamente quando nossa vida
aqui se findar, ou formos arrebatados para junto de
Jesus, no Dia do Arrebatamento da Igreja de Cristo.

"Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais
debaixo da lei, mas debaixo da graça"
(Rm 6.14).

"Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas


por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria
criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda
a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora. E
não somente ela, mas também nós que temos as primícias do
81
espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a
adoção de filhos, a redenção do nosso corpo"

(Rm 8.20-23).

Portanto, para definirmos de forma sintética, quanto à


nossa salvação, onde existe sinceridade para com
Deus, através do Senhor Jesus Cristo, cremos que
existe a salvação, existe a remissão dos pecados. O
crente que verdadeiramente teve um encontro com
Deus, e tem comunhão com Espírito Santo, ele

“Está guardado pelo poder de Deus, mediante a fé, para a


salvação preparada para revelar-se no último tempo”

(1 Pe 1.5).

1. A Totalidade da Salvação

A salvação abrange corpo, alma e espírito. Quando


o homem recebe a Cristo como seu Salvador e nasce
de novo pela obra do Espírito Santo, isto define que ele
é salvo no seu todo. A Bíblia é clara quando aborda a
tricotomia do Homem (corpo, alma e espírito), ela

82
aborda a salvação para o homem no seu sentido
completo

" E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso


espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. "

(1Ts 5.23;)

" Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do


que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da
alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração. "

(Hb 4.12;)

" Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o


corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. "

(1 Co 15.42-55).

2. A Salvação e as Obras

A fé é a raiz e a árvore da qual as obras de fé são o


fruto. Não somos salvos pela combinação de fé e obras,
83
mas sim, por uma fé que produz obras. Somos salvos
exclusivamente pela fé, mas por uma fé que não
permanece isolada. Fé e obras são ambas de
determinação divinas, ambas são necessárias para o
verdadeiro crente.
Sem fé ninguém é crente e à parte das obras, não pode
haver evidência dessa fé patenteada para os outros.
Pois ambos os elementos são encontrados na vida do
verdadeiro crente. A fé é o meio e a condição de sua
salvação, ao passo que as obras são seu fruto e suas
evidências.

Para acrescentar, realmente não somos salvos


pelas obras, mas quanto à afirmação: "mas não somos
salvos sem obras", é que o crente já salvo pela fé em
Cristo, é salvo com uma vida cheia de obras, por causa
de uma fé produtiva; ou seja, cheia de frutos de justiça
que certamente colaborarão para o seu galardão.

Escrituras Sagradas: a salvação é um dom de


Deus, baseado nas seguintes passagens:

84
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras,
para que ninguém se glorie"

" Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem
de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém
se glorie"
(Ef 2.8,9)

"Ninguém tem mais amor do que este, de dar


alguém a própria vida pelos seus amigos"

" Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida
pelos seus amigos. "

(Jo 15.13)

"Mas não é assim o dom gratuito como a oferta.


Pois pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a
graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só
homem, Jesus Cristo, abundou para com muitos"

85
" Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se
pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de
Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo,
abundou sobre muitos. "

(Rm 5.15)

Resistir ao Espírito Santo é um pecado


imperdoável, ou seja, é pura "rebeldia". O termo
"resistir" ao Espírito Santo tem a ver com a obra
regeneradora do Espírito. Resistir ao Espírito de Deus é
um estado permanente e contumaz de rebeldia contra
Deus. Para acrescentar, é quando um pecador
reconhece o seu estado lastimável e tem convicção que
já está condenado se continuar a resistir, mas mesmo
assim, prefere permanecer no pecado, rejeitando sua
salvação, e conseqüentemente rejeitando a Cristo e ao
Espírito Santo de Deus.

86
A palavra "blasfêmia" significa propriamente
"detração ou calúnia". No Novo Testamento, é aplicada
a vituperação dirigida tanto contra Deus como contra os
homens; nesse sentido, devemos compreender que se
refere a uma forma agravada de pecado.

"Mas aquele que blasfemar contra o Espírito


Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de
pecado eterno"

" Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo,


nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo"

(Mc 3.29)

"Portanto, eu vos digo: Todo pecado e


blasfêmia se perdoarão aos homens, mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se
qualquer disser alguma palavra contra o Filho do
homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem
neste século nem no futuro"

87
" Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará
aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será
perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra
contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém
falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste
século nem no futuro. "

(Mt 12. 31,32)

Em nós habita o Espírito de Deus, e podemos


entristecê-lo com os nossos pecados; ou seja, ao
pecarmos, quebramos a comunhão com ele, que é tão
santo e não pode contemplar o pecado, até que
sejamos restaurados depois da confissão e perdão.

Ele afirma que os pecados dos cristãos


contra o Espírito Santo são: entristecê-lo, dando abrigo
ao mal na vida ou no coração, e apagá-lo pela
desobediência.

“... tu és tão puro de olhos, que não podes


ver o mal, e a opressão não podes contemplar...”

88
" E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra,
até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? "

(Hb 1.13a)

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é


fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça"

" Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos


perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça"

(1 Jo 1.9)

As benévolas operações do Espírito trazem


grandes bênçãos, mas essas inferem responsabilidades
correspondentes. Falando de modo geral, os crentes
podem entristecer, mentir à Pessoa do Espírito Santo, e
extinguir o Seu poder. Os incrédulos podem blasfemar
contra a Pessoa do Espírito e resistir ao seu poder. Em
cada caso o contexto explicará a natureza do pecado. O
Dr. Willian Evans assinala que: "resistir tem a ver com a
obra regeneradora do Espírito; o entristecer tem a ver
com a habitação do Espírito Santo, enquanto o extinguir
tem a ver com o derramamento para servir".
89
"Mas aquele que blasfemar contra o Espírito
Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de
pecado eterno"

" Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo,


nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo"

(Mc 3.29)

"Portanto, eu vos digo: Todo pecado e


blasfêmia se perdoarão aos homens, mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se
qualquer disser alguma palavra contra o Filho do
homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem
neste século nem no futuro"

" Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará


aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será
perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra
contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém
falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste
século nem no futuro. "

90
(Mt 12.31,32)

3. O Cristão e a Salvação

A salvação, a ser realizada no futuro, é para nos libertar


de uma vez para sempre da presença do pecado, do
mundo corrompido e do diabo e seus anjos.

" Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade,
mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também
a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para
a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que
toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até
agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias
do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a
adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. "

(Rm 8.20-23).

" Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os


pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que
o esperam para salvação. "

(Hb 9.28)

91
Todos os homens são por natureza
totalmente depravados ou corrompidos. Visto que cada
indivíduo de nossa raça nasce de pais depravados,
trazendo ao mundo a sua depravação (natureza
adâmíca), somos levados a pensar que a depravação se
transmite de pai para filho, ou seja, hereditário.

O homem possui em si mesmo uma


natureza para o pecado, uma tendência ao erro, isso
herdado de Adão; porém, o homem é apto a cooperar
com o Espírito Santo, pois se não fosse assim, nenhum
homem se salvaria.

Todo pecador, que é tocado pela graça de


Deus, reconhece a sua condição de miséria, e se quiser
este se voltará a Deus ou continuará no pecado. Deus
fez o homem com o seu livre-arbítrio, podendo escolher
entre o bem e o mal. Se este escolher o mal, é porque
não deseja, por livre e espontânea vontade, a sua
redenção. Se este escolher o bem, ou seja, arrepender-
se dos seus erros e voltar-se para Deus, é porque
deseja ser restaurado e transformado pelo Espírito de
Deus. Para concluir, o homem possui uma natureza

92
depravada ou corrompida, mas este, se quiser, pode ser
mudado por Deus.

" Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero
esse faço. "
(Rm 7.19)

"Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado


me concebeu a minha mãe"

" Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu


minha mãe. "

(Sl 51.5)

IV - A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO

A Bíblia apresenta em vários textos, a


necessidade da salvação do homem. Estava destituído
da glória de Deus, dominado pelo poder do pecado,
numa lamentável situação espiritual e sem esperança
de vida eterna com Deus. E o propósito de Deus então
foi enviar Seu Filho Jesus Cristo, para comprar a
93
salvação para os homens, através da sua morte
expiatória. E todos que crêem em Jesus Cristo como
Salvador tem a vida eterna

" Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna. "
(Jo 3.16)

A necessidade ainda continua, o Apóstolo João,


em sua Carta, expressa da seguinte maneira: “O mundo
jaz no maligno”

" Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no


maligno. "
(1 Jo 5.19)

Muitos continuam vivendo como prisioneiros de seus


delitos e pecados, esperando a oportunidade de ouvir
falar acerca da salvação

" Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como
crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não
há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?
94
Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o
evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. "

(Rm 10. 13,15)

Notamos que a necessidade da salvação se deve pelos


fatores de que o homem vive e o que pode alcançar
através do propósito da obra de Cristo. Um dos pontos
fundamentais da sua morte é dar a liberdade ao homem,
escravo do pecado

" E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. "

(Jo 8.32)

A Necessidade da Libertação do Poder do Pecado

O Pecado fez separação entre Deus e o homem.


Quando o homem pecou, tornou-se escravo do pecado.
O sentido etimológico do termo pecado, “errar o alvo”,

" Assim como não é bom ficar a alma sem conhecimento, peca
aquele que se apressa com seus pés. "

95
(Pv 19.2)

Significa que o homem deixou de acertar a vontade de


Deus e passou a transgredir os princípios divinos

" Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a


sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido
de Deus. "

(1 Jo 3.4;)

Surge então o propósito de redimi-lo do poder do


pecado, pela obra expiatória de Cristo no Calvário.

2. A Necessidade do Perdão De Deus

A conseqüência do pecado foi distanciar o homem


dos propósitos divinos. Esse terrível mal lançou a
humanidade na desgraça, no ódio, na miséria, e em
tudo que tem prejudicado o homem na sua totalidade.
Mas o fato principal dessa consequência, foi à
transgressão contra Deus. Mas, Cristo reconciliou o
homem com Deus. Ele pagou a dívida para sempre!

96
Deus em Cristo perdoa o homem, que O recebe como
seu Salvador.

3. A Necessidade de Vida Espiritual

A salvação é uma riqueza incalculável: “Que daria o


homem pelo resgate da sua alma”. O valor atribuído à
salvação não tem comparação pelas riquezas que
existem no mundo. Seu valor subestima qualquer
riqueza! Quando o homem recebe Cristo em seu
coração, torna-se coherdeiro dessa riqueza, surge então
uma mudança radical nele, pelo poder da salvação. Este
poder é manifesto pelo ato da regeneração (nascer de
novo), tornando-se filho de Deus

" Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem


feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome"

(Jo 1.12)

O homem passa então a ter a vida vinda de Deus, ou


seja, o nascimento espiritual “do alto”.

97
Jesus disse a Nicodemos: “Não te admires de eu
te dizer: importa-vos nascer de novo”

" Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de


novo. "
(Jo 3.7)

Jesus queria que Nicodemos entendesse, que ele


necessitava de “vida espiritual”, não apenas vida como
fôlego, sopro, espírito, mas a vida do Filho (Jesus) Nele!

V - A ORDEM DA SALVAÇÃO

1. Arrependimento

O arrependimento é considerado como uma das mais


importantes doutrinas da Bíblia. É o começo da
conversão, da nova vida em Cristo. Não existe salvação
sem arrependimento de pecados! João Batista pregou o
arrependimento, dizendo: “Arrependei-vos, porque é
chegado o reino dos céus”

" E dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos

98
Céus. "
(Mt 3.2)

Jesus pregou o arrependimento, dizendo: “Arrependei-


vos, porque é chegado o reino dos céus”

" Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos,


porque é chegado o reino dos céus. "

(Mt 4.17)

Arrepender-se é mudar de maneira de pensar, é mudar


de mente, converterse (no grego “Epistrefu”) é inverter a
direção.

Em Romanos 6.11, o Apóstolo Paulo


apresenta como o começo da vida cristã, consiste em
morrer para o pecado: “Assim também vós vos
considerai como mortos para o pecado, mas vivos para
Deus em Cristo Jesus nosso Senhor”. E em Efésios
5.14, consiste em deixar o homem velho. Conforme o
Evangelho de João 3.3, o começo da vida cristã
consiste em um novo nascimento. A palavra, porém,
que substitui todas estas expressões é arrependimento.

99
Uma vez que o arrependimento e a fé são
inseparáveis, seus resultados dificilmente podem ser
identificados. Certos resultados, no entanto, são
atribuídos nas escrituras ao arrependimento.

a) Alegria no céu:

Há alegria na presença dos anjos de Deus,


tanto quanto em Seu próprio coração, pelo
arrependimento dos pecadores.

" Eu digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por
um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos
que não precisam arrepender-se. "Ou, qual é a mulher que,
possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma
candeia, varre a casa e procura atentamente, até encontrá-la?
E quando a encontra, reúne suas amigas e vizinhas e diz:
'Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida'.
Eu digo que, da mesma forma, há alegria na presença dos anjos
de Deus por um pecador que se arrepende"

(Lc 15.7-10)

a) Perdão:
100
O arrependimento habilita-se para a recepção do
perdão, ainda que não nos dê esse direito. Somente o
sangue de Cristo é que pode fazer isso.

“E que em seu nome se pregasse arrependimento para


remissão de pecados, a todas às nações começando de
Jerusalém”

" E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos


pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. "

(Lc 24.47)

a) Percepção do Espírito Santo:

No ato do arrependimento do pecador, há alegria diante


dos anjos de Deus, recebe o perdão e o Selo do Espírito
Santo

" E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja


batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e
recebereis o dom do Espírito Santo"

101
(Atos 2.38)

"Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de


vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para
remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do
Espírito Santo".

2. O Arrependimento Torna-se Manifesto na


Confissão de Pecado

a) A Deus

"Enquanto me calei, envelheceram os meus ossos pelo


meu bramido o dia todo. Pois de dia e noite a tua mão
pesava sobre mim; e o meu humor se tornou em
sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e minha
iniqüidade não mais ocultei...”

" Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo


meu bramido em todo o dia.
Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu
humor se tornou em sequidão de estio. (Selá.)

102
Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri.
Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu
perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.) "

(Sl 32.3-5)

" E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a


Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o
arrependimento para a vida. "

(At 11.18)

" Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem, na


esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-
os ao conhecimento da verdade"

(2 Tm 2.25)

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiei e justo, para nos


perdoar os pecados, e nos purificar de toda injustiça"

(1 Jo 1.9)

b) Ao homem

103
"Portanto, confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai
uns pelos outros para serdes curados. A oração de um justo é
poderosa e eficaz"

(Tg 5.16)

"Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de


que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa diante do altar
a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; depois
vem, e apresenta a tua oferta"

(Mt 5.23,24)

3. O Arrependimento Torna-se Manifesto no


Abandono do Pecado:

"O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o


que as confessa e deixa, alcançará misericórdia"

(Pv 28.13)

"Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus


pensamentos. Converta-se ao Senhor, que se compadecerá dele,
e torne para o nosso Deus, pois grandioso é em perdoar"
104
(Is 55.7)

Definição do Apóstolo Paulo sobre arrependimento em 2


Coríntios 7.10

“A tristeza segundo Deus opera arrependimento


para a salvação, o qual não traz pesar, mas a tristeza do
mundo opera a morte”

a) a verdadeira tristeza sobre o pecado inclui um


esforço sincero para abandoná-lo;

b) convicção da culpa produzida pelo Espírito


Santo ao aplicar a lei divina ao coração;

c) tristeza, a ponto de deixar o pecado.

4. Máscara e Véu

"Destruirá neste monte a coberta (máscara) que envolve todos


os povos, e o véu que está sobre todas as nações"

105
(Is 25.7)

Este texto fala sobre o cântico de louvor pela


misericórdia divina, a ser revelada na Dispensação do
Reino (Milênio), ou seja, no final dos tempos. A máscara
(coberta) do hebraico "Iôt", o véu de luto que cobria o
rosto, nos fala de ignorância espiritual. O Apóstolo
Paulo, na epístola aos Efésios 1. 18, escreve:
"iluminado os olhos do vosso coração nos fala que o
homem longe de Deus, e não regenerado, possui uma
coberta, escama, mascará ou um véu de cegueira
espiritual, para com a mensagem de salvação revelada
pelas Escrituras. Portanto, a "mascará ou coberta" e o
"véu", são exemplos de cegueira que impedem os
homens de conhecerem a verdade.

Segundo o "Comentário Bíblico de Moddy"


(Volume 3 - Isaías a Malaquias), a "coberta" é o véu da
cegueira espiritual que encobre as almas dos
incrédulos.

5. Fé

106
Os resultados da fé são muitos e de grande
alcance. A fé é o princípio da nova vida, possuída pela
alma justificada, e, portanto, forçosamente todo
resultado desejável está vitalmente relacionado com a
fé, e dela depende:

1ª) Salvação (inicial):


a) Perdão;
b) Justificação;
c) Filiação a Deus;
d) Vida eterna;
e) Participação da natureza divina;
f) A presença de Cristo no íntimo.

2ª) uma experiência Cristã Normal (Fé, o princípio da


nova vida):

a) Santificação;
b) O poder conservador de Deus;
c) A vida vitoriosa;
d) Descanso e paz;
e) Alegria e satisfação;
f) feito canal de benção.

107
3) Santas Realizações:

a) Cura física;
b) Resposta às orações, segundo a vontade de Deus;
c) Poder de operar maravilhas;
d) Todas as cousas tornadas possíveis.

Para acrescentar, pela fé nos apegamos à


Onipotência de Deus. A fé pode fazer qualquer cousa
que Deus pode fazer.

"Ora, a fé é a certeza das cousas que se esperam, e a prova das


coisas que não vêem”

(Hb 11.1)

O método é divino e não humano pelos seguintes


motivos:

a) O homem só pode justificar o inocente; Deus


justifica o culpado;

108
b) O homem justifica a base do mérito; Deus justifica a
base da misericórdia.

Para acrescentar, o homem não é justificado pelo


caráter moral porque não há homem perfeito, e nem
justificado pelas obras da lei, porque a lei não foi dada
para salvar e justificar, e sim para mostrar que todos são
culpados.

Nenhum homem consegue seguir a Lei de Moisés, e por


isso não pode ser justificado pela lei. O homem pode ser
justificado por Deus, através da regeneração, através da
graça e através da fé em Cristo Jesus.

O homem é justificado, não por seu caráter ou


sua conduta, mas pela graça de Deus como ato judicial
na base da redenção de Cristo, conforme demonstrado
por Sua ressurreição; e é apropriada a justificação pela
fé manifesta pela graça.

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto pão vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie"

(Ef 2.8,9)

109
Afirma que o Espírito Santo continua a
santificar a todos quanto regenera. Em consequência
disso, todos quanto são regenerados perseveram até o
fim da vida em santa obediência. Não importa quantas
lutas possam enfrentar, e mesmo que temporariamente
se desviem do reto caminho do dever, todos serão por
fim graciosamente preservados de uma apostasia total e
final. Mas a "Doutrina da Perseverança Final" não
ensina que o povo de Deus esteja, em qualquer sentido,
livre do perigo da apostasia final, também não dá
encorajamento à preguiça e negligência no cumprimento
do dever cristão.

Para concluir o salvo tem que perseverar até o


fim, demonstrando que na verdade houve uma
regeneração e transformação sincera e genuína no seu
interior.

"Serei odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém,


que perseverar até o fim, esse será salvo"

(Mt 10.22)

110
É possível decair da graça; mas, a questão é saber se a
pessoa que era salva e teve esse lapso, pode
finalmente perder-se. Aqueles que seguem o sistema da
"Doutrina Calvinista" respondem negativamente;
aqueles que seguem o sistema da "Doutrina
Arminianista”, respondem afirmativamente.

1º - Calvinismo:

A salvação é inteiramente de Deus; o homem


absolutamente nada tem a ver com sua salvação. Isso
se deve a "Doutrina da Predestinação", que segundo
João Calvino é: Deus, antes da fundação do mundo,
predestinou uns para gozar a vida eterna, e outros para
a condenação e morte eterna. Dessa doutrina ensina-
se: "uma vez salvo, sempre salvo". Devido ao fato de
que os que foram escolhidos para a salvação, nunca se
desviaram por serem já predestinados a serem salvos.

2º - Arminianismo:

Elaborada pelo teólogo reformado holandês


Jacobus Armenius, esta doutrina contraria o princípio

111
calvinista da predestinação. Ensina também que, até
mesmo as pessoas genuinamente regeneradas, podem
vir a perder a salvação, por estar esta condicionada a
perseverança do crente. Essa doutrina é semelhante à
dos pais pré-agostinianos e bastante próxima de John
Wesley, fundador da Igreja Metodista.

Para responder esta questão, antes tenho que


concordar com João Calvino (Calvinismo) que: "uma vez
salvo, salvo para sempre", mas discordo da sua
Doutrina da Predestinação, quanto ao fato de Deus ter
escolhido antes da fundação do mundo os que iriam ser
salvos e os que iriam ser condenados. Em relação a
Jacobus Armenius (Arminianismo), tenho que concordar
com a sua posição contrária a predestinação de Calvino;
porém, discordo quanto ao fato de um pecador
regenerado genuinamente chegar a perder a sua
salvação. Creio eu, particularmente, que o crente salvo,
jamais perderá sua salvação. Caso isto tenha
acontecido, na verdade esta pessoa nunca foi um crente
verdadeiro e sincero. O Dr. John L. Dagg, afirma que:

112
a) A vontade de Deus, revelada nas Escrituras, deixa
claro que o que acontece na regeneração dura para
sempre, é imortal;

b) A união dos crentes com Cristo é indissolúvel;

c) As promessas de Deus garantem a nossa segurança


em Cristo.

"Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós,


ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não
são todos de nós. "
(1 Jo 2.19)

6. Conversão

Conversão do heb. Sub, “voltar atrás”; do gr.


Metanoeo, “voltar”; e, do lat. Conversionem,
transformação. Conversão é a palavra usada para
exprimir o ato do pecador abandonando o pecado para
seguir a Jesus. A conversão inclui arrependimento e fé;
isto é, inclui o ato de abandonar o pecado e o de seguir
a Jesus, aceitando-o como Salvador pessoal e
radicalmente a mudança na maneira de agir. Pode ser

113
considerado o lado objetivo e externo do novo
nascimento. Por intermédio dela, mostramos ao mundo
a obra que Cristo operou em nosso interior: a
regeneração.

Em suma: o novo nascimento tem dois lados: um


subjetivo e outro objetivo. O subjetivo é conhecido como
a regeneração; somente Deus pode auferi-lo. E o
objetivo, conforme já dissemos, é a conversão: pode ser
constatado por todos.

7. Regeneração

A Obra da regeneração vem de cima, dos céus

" Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele


que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino
de Deus. "

(Jo 3.5)

É denominada como “o novo nascimento”. É


considerada a porta de entrada para a vida cristã. Sua

114
obra é oriunda da ação do Espírito Santo no homem
quando entrega verdadeiramente sua vida a Cristo

" Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas


promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza
divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência
há no mundo. "

(2 Pe 1.4)

Os resultados da regeneração são os frutos de uma vida


renovada e expressam a vida de Cristo operando nos
homens:

a) Mudança radical na vida e experiência.

"Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as


coisas velhas já passaram, tudo se fez novo"

(2 Co 5.17)

b) Filiação a Deus.

"Mas a todos os que receberam, àqueles que crêem no seu nome,


deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”
115
(Jo 1.12)

c) Habilitação do Espírito Santo.

"Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de


Deus habita em vós? ”

(1 Cor 3.16)

d) Libertação da esfera e escravidão da carne.

"Pois os que dantes conheceu, também os predestinou para


serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos"

(Rm 8.29)

e) Uma fé viva em Cristo.

"Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio
de nosso Senhor Jesus Cristo"
(1Jo 5.1)
f) Vitória sobre o mundo.

116
"Pois tudo o que é nascido de Deus vence o mundo. Esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé"

(1 Jo 5.4)

g) Cessação do pecado como prática de vida.

"Todo aquele que comete pecado transgride a lei, pois o pecado é


a transgressão da lei. Aquele que é nascido de Deus não vive na
prática do pecado, porque semente de Deus permanece nele; não
pode continuar pecando, porque é nascido de Deus"

(1Jo 3.4,9)

h) Estabelecimento na justiça como prática da vida.

"Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a
justiça é nascido dele"

(1Jo 2.29)
i) Amor Cristão.

"Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque


amamos os irmãos. Quem não ama, permanece na morte"

117
(1Jo 3.14)

8. Três Efeitos da Regeneração

a) posicional:

Quando a pessoa passa pela transformação espiritual,


conhecida como regeneração, torna-se filho de Deus e
beneficiário de todos os privilégios dessa filiação.

b) espiritual:

Devido a sua natureza, a regeneração envolve união


espiritual com Deus e com Cristo, mediante o Espírito
Santo; e essa união espiritual envolve habitação divina.

c) prático:

A pessoa nascida de Deus demonstrará esse fato pelo


ódio que tem ao pecado, por obras de justiça, pelo amor
fraternal e pela vitória que alcança sobre o mundo.

118
A regeneração é: "o Espírito Santo opera uma grande
transformação em todos os que finalmente são salvos,
pela qual tornam-se inclinados à santidade".

A história de intervalo entre o Antigo e Novo


Testamento é considerada trivial, já que durante esse
período nenhum profeta falou inspirado por Deus. Esse
período de 400 anos é também conhecido como "Os
séculos de Silêncio". Sem dúvida, o conhecimento tanto
dos eventos importantes como da literatura da época é
de grande valor, porque constituem um pano de fundo
para a vinda de Cristo. Durante um período de 200 anos
após o cativeiro, a província da Judéia permaneceu sob
o domínio persa. A conquista de Alexandre Magno no
ano 330 a.C., não somente colocou os judeus sob a
dominação grega, mas também introduziu a língua
grega e idéias novas por todo o mundo antigo. Após a
morte de Alexandre, o Grande, seu reino foi dividido, e
começou uma luta entre os Ptolomeus do Egito, na
sujeição da Judéia, primeiramente ao Egito e depois à
Síria. Este último domínio foi um período sombrio na
história judaica, especialmente durante o reinado de
Antioco Epifânio. Este rei sírio, entre os muitos crimes

119
cometidos contra os judeus, tentou estabelecer a
idolatria em Jerusalém, profanando o templo.

A perversidade de Antioco provocou a


"Revolta dos Macabeus" em 166 a.C., na qual o
sacerdote Matatias e seus filhos derrotaram os sírios
numa série de batalhas, que asseguraram a
independência da Judéia. Foi este fundamento da
"Dinastia Asmoneana" que reinou de 156 a 63 a.C.

O Antigo Testamento é a história de como Deus tratou a


nação judaica com o fim de, por meio dela, trazer ao
mundo um Messias vindouro. Começando piano, com
notas esparsas e indistintas à medida que o tempo
avança, expande-se num crescendo até atingir a
tonalidade clara, vibrante, robusta e exultante do Rei
que se aproxima.

Entrementes, Deus em Sua providência


preparava as nações. A Grécia uniu as civilizações da
Ásia, Europa e África, e estabeleceu uma língua
universal. Roma fez do mundo inteiro um império só; as
estradas romanas tornaram acessíveis todos os pontos
dele. A "Dispersão dos Judeus" entre as nações, com

120
suas sinagogas, suas Escrituras, sua religião, seu
monoteísmo, fizera conhecida em toda à parte a
expectação deles por um Messias. Foi assim que Deus
preparou o caminho para a pregação do Evangelho de
Cristo entre as nações. Para acrescentar, neste período
intertestamentário surgiu também a "Septuaginta", os
apócrifos e seitas conhecidas como os Fariseus,
Saduceus, Zelotes e os Essênios. Toda essa
transformação que o mundo conhecido da época sofreu,
com suas Diferentes crenças, filosofias, pensamentos,
literatura, folclore, lendas, etc., contribuíram de maneira
abundante para que houvesse uma divergência de
valores, que Deus em Sua soberania usou para
preparar o mundo para o nascimento de nosso
Salvador, o Senhor Jesus Cristo.

9. Adoção

Pelo nascimento físico o homem é membro da família


de Adão e, como tal, excluído, pelo pecado, da "família"
de Deus. Nascido de novo, passa a fazer parte da
família de Deus, recebendo pela adoção direitos que
Cristo tinha por direito eterno. Apenas excepcionalmente
a Bíblia fala de Deus como Pai de todos os homens, e

121
isso no sentido de ser Seu Criador e Preservador. De
modo geral, a Bíblia reserva o nome de "Pai" para
designar a nova revelação que ele assumiu para com
aqueles que "adotou" como filhos. São aqueles que,
nascidos do Espírito de Deus, são por Ele guiados.
O termo "adoção" (do grego: "huiothesia": estar em
lugar de um filho), o vocábulo no Novo Testamento
descreve o fato de Deus receber como filho alguém que,
legal e espiritualmente, não goza do direito de tê-lo
como Pai. A partir deste momento, passa esse alguém a
desfrutar de todos os privilégios que Deus, desde a mais
remota eternidade, preparou àqueles que aceitam a
Cristo como seu Único e Suficiente Salvador. Por ser
uma doutrina exclusivamente paulina, o vocábulo
"adoção" encontra-se apenas nas cartas do Apóstolo
Paulo.

"Nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo,


para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade"

(Ef 1.5)

"Mas, a todos os que receberam, àqueles que crêem no seu


nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus"

122
(Jo 1.12)

10. Eleição e Predestinação

a) Eleição

O termo "eleição", (do latim: "electionem"), é o ato de


eleger, escolha. Diploma divino com que é agraciado
todo o que recebe a Cristo Jesus como seu Único e
Suficiente Salvador". A eleição subentende que a
pessoa, mediante o sacrifício de Cristo, já atendeu a
todos os requisitos exigidos pela justiça de Deus, quanto
ao perdão dos seus pecados. Ora, quanto à eleição é
necessário dizer que ela é procedida pela
predestinação. Noutras palavras: toda a humanidade,
sem quaisquer exceções, foi predestinada à vida eterna.
Mas a eleição está reservada aqueles que acreditam na
eficácia do sangue de Jesus".

"Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai"

123
(1 Pe 1.2)

“ Vós, porém, sois raça eleita..."

(1 Pe 2.9)

Predestinação

Do latim: "predestinatio", é destinar com antecipação o


destino humano, é a Doutrina da Predestinação.

A predestinação resulta da soberania de Deus que,


desde a mais remota eternidade já havia predestinado
os que usufruirão a vida eterna. Infere-se, deste
princípio, que o mesmo Deus também predestinou os
que serão lançados no lago do fogo.

Todos os que finalmente serão salvos foram escolhidos


por Deus Pai para a salvação antes da fundação do
mundo, e foram dados a Jesus Cristo, no pacto da
graça.

A "Predestinação" nos fala dos homens salvos e


dos homens já pré-condenados por Deus, antes da

124
fundação do mundo. A "Eleição" nos fala que todo
aquele que se achegar a Cristo é eleito filho de Deus
Pai. Para acrescentar (Porque Deus amou o mundo de
tal maneira, para que, todo aquele que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna), podemos entender a
"Doutrina da Predestinação"

" Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna. "

(Jo 3.16)

a) A predestinação é universal, ou seja, Deus em seu


infinito amor, predestinou toda a humanidade à vida
eterna. Ninguém foi predestinado ao inferno, pois esse
foi preparado para o diabo e os seus anjos caídos;

b) Mas o fato do homem ser predestinado à vida eterna


não lhe garante a bem-aventurança ao lado de Deus. E
necessário, pois, que ele creia no Evangelho das Boas
Novas. E, assim, será havido por eleito. Por
conseguinte, a predestinação é universal; e a eleição é
particular, devido ao livre-arbítrio de cada ser humano.

125
"Assim como nos escolheu nele antes da fundação do
mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de
sua vontade"
(Ef 1.4-5)

"Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum


pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento"

(2 Pe 3.9)

A eleição está condicionada na fé com as obras de


arrependimento (na fé em Jesus Cristo, e não em obras)
e ao pré-conhecimento de Deus em relação ao homem.
Pois, segundo as Escrituras Sagradas, o homem é eleito
quando aceita o Cristo como Seu Único e Suficiente
Salvador Pessoal.

O termo "eleição" (do latim: "electionem"), é o ato de


eleger, escolha. Diploma divino com que é agraciado
todo o que recebe a Cristo Jesus como seu Único e

126
Suficiente Salvador. "A eleição subentende que a
pessoa, mediante o sacrifício de Cristo, já atendeu a
todos os requisitos exigidos pela justiça de Deus, quanto
ao perdão dos seus pecados. Ora, quanto à eleição, é
necessário dizer que ela é precedida pela
predestinação. Noutras palavras: toda a humanidade,
sem quaisquer exceções, foi predestinada à vida eterna.
Mas a eleição está reservada àqueles que acreditam na
eficácia do sangue de Jesus".

Em relação ao pré-conhecimento de Deus, é que


o Senhor Deus, através do Seu Atributo de Onisciência,
sabe e conhece, desde antes da fundação do mundo,
aqueles que por seu "livre-arbítrio", iriam crer em Seu
Filho Jesus Cristo, ou rejeitá-lo, negando-o.

A "Eleição" não está baseada na livre-vontade de Deus


em favorecer aquele que escolheu em Cristo, antes da
fundação do mundo, porque eu particularmente não
creio que a "Doutrina da Predestinação" do Teólogo
João Calvino seja coerente com a Palavra de Deus.
Pois, segundo as Escrituras Sagradas, Deus deseja que
toda a humanidade seja salva (eleita); porém, Deus não
pode interferir na livre escolha do homem.

127
Para acrescentar, a "Eleição" não está baseada na
"Doutrina da Predestinação", mas somente na Palavra
de Deus, quando afirma que todos os homens foram
predestinados antes da fundação do mundo a serem
salvos, mas somente são eleitos e justificados quando
optam através do seu livre-arbítrio por aceitarem a
Cristo ou não.

"Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai"

(1Pe 1.2)

“Vós, porém, sois raça eleita..."


(1 Pe 2.9)

Justificação e Expiação
As palavras traduzidas por "justificar" e "justificação"
significam não "tornar justo", mas antes "declarar justo",
"declarar reto" ou "declarar livre de culpa e de
merecimento de castigo". Pois a justificação é o ato
judicial de Deus, mediante o qual, aquele que deposita
sua confiança em Cristo, é declarado justo a seus olhos,
e livre de toda culpa e punição.

128
A justificação é um ato da livre graça de
Deus, pelo qual ele perdoa todos os nossos pecados e
nos aceita como justos aos seus olhos, somente por nos
ser imputada a justiça de Cristo, que se recebe pela fé.

"Sendo justificados gratuitamente, por sua graça mediante a


redenção que há em Cristo Jesus”
(Rm 3.24)

A fonte da justificação é a graça de Deus. A graça


significa, primeiramente, favor ou a disposição bondosa
da parte de Deus, ou ainda "favor imerecido".

A Justificação é uma benção da graça de Deus que é


maior do que a benção do perdão. Tal é a grandeza da
divina graça para com o pecador que retorna a Deus
através de Jesus Cristo, que ele é tratado como se
nunca tivesse pecado; é isso que a justificação significa.
A justificação é mediante a fé e fundamentada na justiça
de Cristo.

"E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser


justificados, por ele é justificado todo aquele que crê"

129
(At 13.39)

"Mas agora é manifestada, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o


testemunho da lei dos profetas. Isto é, a justiça de Deus pela fé
em Jesus Cristo para todos [e sobre todos] os que crêem. Não há
distinção, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela
redenção que há em Cristo Jesus. Deus o propôs para
propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar sua justiça
pela remissão dos pecados dantes cometidos sob a tolerância de
Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente,
para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em
Jesus”
(Rm 3.21-26)

O homem é justificado por Deus mediante um


ato judicial; mas um ato que é também um ato de graça
livre, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.
"Gratuitamente" significa sem causa, isto é, sem que
haja causa ou motivo para tanto, de nossa parte. O
instrumento da Justificação é pelo autor assim descrito.

a) Pela morte de Cristo:

130
"Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira"

(Rm 5.9)

b) por sua ressurreição:

"O qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e


ressuscitou por causa da nossa justificação"
(Rm 4.25)

c) Pela fé em Cristo:

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio
de nosso Senhor Jesus Cristo"
(Rm 5.1)

Não devemos desprezar as boas obras, que


têm seu próprio lugar; e seu lugar não procede à
justificação, mas antes segue-a. A fé que justifica é uma
fé real que conduz à ação que é de conformidade com a
verdade crida. Somos justificados "pela fé, sem as
obras". O homem que trabalha para conseguir a
salvação não é o homem justificado, é o homem que
não trabalha. A árvore demonstra sua vida por meio dos
131
seus frutos, mas já estava viva antes que os frutos ou
mesmo as folhas tivessem aparecido.

“Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé,


mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salva-lo?
Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não fé
somente”

(Tg 2.14,24)

Diz que justificar, na acepção paulina, significa


"declarar justo" ou "atribuir justiça a alguém".

A justificação é o ato judicial de Deus, mediante o qual


aquele que deposita sua confiança em Cristo é
declarado justo a Seus olhos, e livre de toda culpa e
purificação.

A palavra "justificar" é o termo judicial que


significa "absolver", declarar justo ou pronunciar
sentença de aceitação. O réu está perante Deus, o justo
Juiz; mas, ao invés de receber sentença condenatória,
ele recebe a sentença de absolvição.

132
A justificação (do hebraico: "tsadik", do grego:
"dikaios", do latim: "justificationem") é o ato de declarar
justo. Através deste processo judicial, que se dá junto
ao tribunal de Deus, o pecador que aceita a Cristo como
Seu Único e Suficiente Salvador, é declarado justo; ou
seja, passa a ser visto por Deus como se jamais tivera
pecado em toda a sua vida. A justificação é mais que
um mero perdão. O criminoso perdoado ou anistiado
continua criminoso. Mas se Deus o justificar, torna-se
ele justo. A justificação é obtida única ou
exclusivamente pela fé no Filho de Deus.

"Tais fostes alguns de vós; mas vos lavastes, mas fostes


santificados, mas fostes justificados, em o nome do Senhor Jesus
Cisto e no Espírito de nosso Deus"

(1 Co 6.11)

"E aos que predestinou, a este também chamou; aos que


chamou, a este também justificou; aos que justificou, a este
também glorificou"

(Rm 8.30)

133
A palavra expiação no hebraico significa
literalmente "cobrir", e é traduzido pelas seguintes
palavras: fazer expiação, purificar, quitar, reconciliar,
fazer reconciliação, pacificar, ser misericordioso e adiar.
A expiação, no original, inclui a idéia de cobrir tanto os
pecados como também o pecador.

O termo "expiação" (do latim: "expiationem",


reparação de culpas) é o cancelamento pleno do
pecado com base na justiça de Cristo, propiciando ao
pecador arrependido a restauração de sua comunhão
com Deus. A expiação tem um efeito maior que a
propiciação. Esta implica no abrandamento da ira divina,
ao passo que aquela implica no cancelamento de toda
nossa dívida para com Deus. A morte de Cristo é à base
da expiação.

Para acrescentar, a idéia expressa pelo


original hebraico da palavra traduzida "expiar" era
"cobrir" e "cobertura", não no sentido de torná-lo
invisível e oculto a Jeová, mas no sentido de ocupar
Sua vista com outra coisa, de neutralizar o pecado, por
assim dizer, de desarmá-lo, de torná-lo inerte para
provocar a justa ira de Deus. A expiação (do hebraico:

134
"kippêr") cobrir o pecado, com a sua culpa e o seu
castigo, é apagado por um ato específico: a morte. Mas
Deus permitiu a morte substitutiva de um animal, o qual
tipificava o sacrifício de Cristo, o único que apaga as
conseqüências eternas do pecado.

"E fará a este novilho da oferta pelo pecado assim lhe fará, e o
sacerdote por eles fará expiação, e eles serão perdoados"

(Lv 4.20)

"Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, a si


mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa
consciência das obras mortas para servirmos ao Deus vivo"

(Hb 9.14)

A) Lei pela mesma razão que a salvação não é pelas


obras, também não o é pela lei. A lei é a regra da
justiça e toma conhecimento das obras humanas.
Se a lei pudesse dar vida ao homem, isso seria
com base na obediência aos seus requisitos, pois
a sua linguagem é:

135
"o homem que praticar a justiça decorrente da lei, viverá
por ela”

(Rm 10.5)

Mas a salvação pela lei é declarada


impossível:

"Porque se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a


justiça, na verdade, seria procedente de lei"

(Gl 3.21)

As Escrituras apresentam a lei e a graça como sendo


dois opostos.

"Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a


verdade vieram por meio de Jesus Cristo"

(Jo 1.17)

"Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê"

(Rm 10.4)

136
Para acrescentar, os homens, que viveram durante a
Dispensação da Lei Mosaica do Velho Testamento,
eram levados à "obediência", e com certeza uma falta
em uma determinada lei, já era o motivo de quebrar toda
a lei. Segundo o autor do livro aos Hebreus Capítulo 11,
os "Heróis da Fé", ou seja, os santos da Velha Aliança,
exerceram uma fé nas promessas de Deus. Essa fé que
os sustentou numa perseverança exemplar.

O homem não é justificado pelo caráter moral


porque não há homem perfeito e nem justificado pelas
obras da lei, porque a lei não foi dada para salvar e
justificar, e sim para mostrar que todos são culpados.
Nenhum homem consegue seguir a Lei de Moisés, e por
isso não pode ser justificado pela lei. O homem pode ser
justificado por Deus, através da regeneração, através da
graça e através da fé em Cristo Jesus.

O homem é justificado não por seu caráter ou


sua conduta, mas pela graça de Deus como ato judicial
na base da redenção de Cristo, conforme demonstrado
por Sua ressurreição; e é apropriada a justificação pela
fé manifestada pela graça.

137
O Valor da Justificação o Senhor Jesus
Cristo ganhou o título a favor do pecador, o qual é
declarado justo "mediante a redenção que há em Cristo
Jesus". Redenção significa completa libertação por
preço pago.

A justificação é atribuída ao sangue e à


obediência de Cristo.

"Sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da


ira"
(Rm 5.9)

"Por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos"

(Rm 5.19)

O sangue de Cristo é o preço da nossa justificação, e o


pagamento da pena, e, a Sua obediência, o
cumprimento dos preceitos da lei. Nosso livramento da
ira está baseado no fato de ter Jesus levado sobre si a
penalidade imposta pela lei, e nossa completa
justificação perante Deus se fundamenta no pleno
conhecimento dos preceitos da lei por Jesus. A

138
justificação, no entanto, não poderia ser completa sem a
liberação da penalidade. Para isso, foram requeridos
tanto o sangue como a obediência de Cristo, ou na
linguagem das Escrituras, a Sua "obediência até a
morte".

"O qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e


ressuscitou por causa da nossa justificação"

(Rm 4.25)

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio
de nosso Senhor Jesus Cristo"
(Rm 5.1)
Santificação

Santificação é a obra da graça pela qual o crente é


separado do ego e da pecaminosidade interior; e, pela
concessão do Espírito Santo, separado para a santidade
e o serviço de Deus. Marca uma crise subsequente à
conversão, quando o pecador é levado a ver
necessidade e se apropria da provisão que Deus fez por
ele.

139
O Propósito da Santificação

A santificação tem como finalidade primordial


acudir a necessidade mais profunda da criatura
humana, identificando-a com Cristo. Essa necessidade
está retratada com matizes mui vivos no capítulo 7 da
carta de Paulo aos Romanos, de acordo com este
escrito de Paulo, existe um inimigo interior chamado “a
lei do pecado”; e que há necessidade da obra
regeneradora do Espírito Santo de que o pecador “tenha
prazer na lei de Deus”. Também é preciso que o Espírito
revele ao pecador que “em mim... não habita bem
algum”.

A santificação é a provisão feita por Deus. Mas,


como podemos experimentar a apropriação disso? Pela
identificação com Cristo em sua morte. Devemos
consentir em morrer com Cristo em sua morte.
Precisamos subir à cruz com Ele, e de toda a nossa
vontade renunciar ao ego, que há causado todos os
nossos distúrbios. A crucificação é o único meio de
libertação.

140
“Estou crucificado com Cristo”
(Gl 2.19)

Que tem tudo isso a ver com a santificação?


Simplesmente isto: O Espírito Santo não santificará a
vida egoísta ou a natureza pecaminosa. Essa precisa
identificar-se com Cristo na cruz antes que o Espírito
Santo possa realizar sua obra de santificação e enchê-
la. Pode acontecer que nossa compreensão de tudo
isso seja um tanto vago no tempo em que nós
entregamos ao enchimento do Espírito, mas Ele nos
conduzirá fielmente para frente, e, seja qual for a luz
que Ele nos fornece no futuro, é contrabalançada pelo
fato de que toda controvérsia foi resolvida quando nós
entregamos a Ele”.

Meios da Santificação

Na obra da santificação há o lado humano e o lado


divino. Do lado divino a obra é completa e resultante
duma série de fatores, dignos da consideração do
crente.

141
a) Somos Santificados Pela Palavra

“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim


como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Por eles me santifico a mim mesmo, para que eles também
sejam santificados na verdade”

(Jo 17.17-19)

e) Somos Santificados Pelo Sangue de Jesus

“E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu


próprio sangue, padeceu fora da porta”

(Hb 13.12)

c) Somos Santificados Pela Trindade

“E o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo”

(1 Ts 4.23)

“Pois, tanto o que santifica, como os que são santificados, todos


vêm de um só”
142
(Hb 2.11)

“Deus vos escolheu desde o princípio, para salvação pela


santificação do Espírito e fé na verdade”

(2 Ts 2.13)

Purificação

“Purificação” é que Deus nos salvou pela "lavagem"


(literalmente, lavatório ou banho) da regeneração.

A alma foi lavada complemente das


imundícies da vida de outrora, recebendo novidade de
vida, experiência simbolicamente expressa no ato do
batismo. Embora o sentimento primordial de "santo" seja
separação para serviço, inclui também a idéia de
purificação.

A purificação (do latim: "purificativo") é a ação de


tornar alguma coisa pura.

143
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça"

(1 Jo 1.7)

Reconciliação e Libertação

A reconciliação (do latim "reconciliato") é o reatamento


de relações entre partes litigantes. O Senhor Jesus, com
a sua morte vicária, reconciliou-nos com Deus de
maneira definitiva, clara e eficiente.

Pela sua rebelião, o homem vive de relações


cortadas com Deus. Quando, porém, acolhe o
testemunho de Deus a respeito do pecado
(Arrependimento) e da Obra Redentora efetuada por
Cristo (Fé), está desse modo atendendo à solicitação
feita em nome de Cristo para que se reconcilie com
Deus. Passa a existir plena harmonia entre ambos: deu-
se a Reconciliação do pecador com Deus.

"E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;

144
Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo,
não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da
reconciliação."

(2 Co 5.18,19)

A Libertação (do latim: "libertare") é a


operação da graça de Deus, liberando o ser humano de
todos os liames, cadeias e tendências que o ligaram à
velha natureza. E, em suma, o desvencilha mento do
pecado. No período do Antigo Testamento, a libertação
incluía não somente o indivíduo, como também toda a
nação de Israel. Eis aí dois exemplos clássicos. Nos
capítulos finais de Gênesis, temos a história de José
que, confiado na graça divina, viu-se livre de toda as
suas angústias. E, no livro de Êxodo, deparamo-nos
com a libertação de Israel. No Novo Testamento, a
libertação é mostrada principalmente como a obra que o
Senhor Jesus opera na vida de todo o que ora:

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertara"


(Jo 8.32)

145
O termo "eleição" (do latim: "electionem") é o
ato de eleger, escolha. Diploma divino com que é
agraciado todo o que recebe a Cristo Jesus como seu
Único e Suficiente Salvador. A eleição subentende que
a pessoa, mediante o sacrifício de Cristo, já atendeu a
todos os requisitos exigidos pela justiça de Deus quanto
ao perdão dos seus pecados. Ora, quanto à eleição, é
necessário dizer que ela é procedida pela
predestinação. Noutras palavras: “toda a humanidade,
sem qualquer exceção, foi predestinada à vida eterna,
mas a eleição está reservada àqueles que acreditam na
eficácia do sangue de Jesus”.

Para acrescentar, a "Eleição" não está


baseada na “Doutrina da Predestinação", mas somente
na Palavra de Deus, quando afirma que todos os
homens foram predestinados antes da fundação do
mundo a serem salvos, mas são eleitos e justificados
quando optam, através do seu livre arbítrio, para aceitar
a Cristo ou não.

"Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai"

(1Pe 1.2)

146
"Vós, porém, sois raça eleita..."

(1Pe 2.9)

A santificação pelo lado humano é assim realizada: a)


Mediante a fé na obra redentora de Cristo.

"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da


parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção"

(1Co 1.30)

b) Mediante a Palavra de Deus.

"Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade"

(Jo 17.17)

c) mediante a completa dedicação da própria vida


(consagração):

"Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que


apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus, que é o vosso culto racional"
147
(Rm 12.01)

d) mediante a submissão à disciplina divina.

“Mas, quando somos julgados, somos disciplinados pelo


Senhor, para não sermos condenados com o mundo”

(1 Cor 11.32)

e) mediante a renúncia ao pecado e o seguir a


santidade.

"Pois assim como oferecestes os vossos membros à escravidão


de impureza e da iniqüidade, para iniqüidade, assim apresentai
agora os vossos membros para servirem a justiça para a
santificação"

(Rm 6.19)

VI - ARGUMENTOS TEOLÓGICOS DA SALVAÇÃO

A Salvação Universal

148
A “Salvação Universal” como: doutrina apregoada por
alguns utópicos segundo a qual, na consumação de
todas as coisas, Deus acabará por salvar a
humanidade, sem quaisquer exceções, inclusive a
satanás.
O Evangelista e Discípulo Amado João, em
seu Evangelho 1.9, diz: "... a saber: a verdadeira luz
que, vinda ao mundo, ilumina a todo o homem", esta
passagem não aprova a Salvação que este versículo
está associado, devendo também, basear-nos em
outras passagens das Escrituras, pois os versículos
seguintes afirmam:

"Estava no mundo, o mundo feito por intermédio dele, mas o


mundo não o conheceu”

(Jo 1.10)

"Veio para o que seu, e os seus não o receberam”


(Jo 1.11)

"Mas, a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem


feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no seu nome"

(Jo 1.12)
149
Para concluir esta resposta, baseado nestes versículos,
a "luz" (v. 5), identificada com a vida que Deus
compartilha é o contrário das trevas. Essa verdadeira
luz (vi) é Cristo e só Ele, vindo ao mundo, ilumina a todo
homem. Não a salvação das trevas, à parte dele.

Para acrescentar, a salvação é somente para


aqueles que confessam a Cristo como seu único e
suficiente salvador, e que vivem uma vida submissa,
santificada e fazendo a vontade de Deus.

“E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu


não existe nenhum outro nome, dado entre os homens pelo qual
importa que sejamos salvos”
(At 4.12)

“Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os


homens, Cristo Jesus, homem”
(1Tm 2.5)
2. Salvação Pelas Obras

Doutrina, segundo a qual o homem somente é salvo


mediante as boas obras que praticar. A Bíblia, porém, a

150
este respeito é mais do que clara. A salvação vem pela
fé. Ou seja: o crente não é salvo pelas obras, mas para
as boas obras.

3. Determinismo

O cristão determinista crê que Deus predeterminou


de antemão os salvos e os perdidos,
independentemente da escolha humana. A salvação,
portanto, é uma consequência inteiramente da graça de
Deus. Neste caso, a fé é expressa, não como uma
decisão da parte do crente, mas sim como uma resposta
à irresistível atuação de Deus sobre o espírito do
homem.

Quanto aos predestinados à perdição eterna,


segundo o determinismo, embora querendo ser salvos,
lhes é negado este direito. Vieram ao mundo, podem
ouvir a pregação do evangelho, porém jamais se
salvarão, uma vez que Deus decretou de antemão a
perdição deles.

4. O livre Arbítrio

151
Segundo esta corrente de interpretação, todos os
tratos de Deus com o homem, inclusive a eleição e a
predestinação, estão baseadas nas decisões que o
homem toma, uma vez que é um agente livre para
aceitar ou rejeitar o dom de Deus. Mais que isto, todo o
homem tem igual oportunidade de buscar a Deus, ouvir
o evangelho, se arrependerem de seus pecados e
serem salvos.

VII - EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO

O testemunho direto do Espírito Santo constitui para


o crente a Evidência Interna de sua salvação. Uma vida
de justiça e santidade constitui para todos a Evidência
Externa da salvação do crente.

A evidência da salvação é interna ou subjetiva e


externa ou objetiva. O recém-0convertido ao evangelho
é fundamental que tenha a tendência de recalcar o fato
de que a salvação o livrou da carga do pecado

" Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo


meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão

152
pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de
estio. (Selá.) Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não
encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas
transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. (Selá.)
Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder
achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe
chegarão. "
(Sl 32.3-6)

Pôr ênfase no novo gozo que tem inundado sua alma


ao ter consciência do perdão e da limpeza.

“Faze-me ouvir júbilo e alegria; para que exultem os ossos que


esmagaste”
(Sl 51.8, 12)

O Novo crente se refere à história de sua salvação


baseando-se em seus sentimentos ou emoções, mas as
emoções devem ter por base uma fé sólida, que por sua
vez descanse em algo firme e constante: as promessas
de Deus nas Santas Escrituras. Quando o pecador se
arrepende, crê e aceita ao Senhor Jesus como seu
Salvador pessoal, seu próprio espírito se constitui em
testemunho da salvação obtida por intermédio de Cristo.

153
Logo o Espírito Santo corrobora o testemunho do
espírito do homem, no sentido de que é filho de Deus.
Pode então o crente dizer com toda a sinceridade: “Pai
Nosso”.
“Mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual
chamamos: aba, Pai”
(Rm 8.15, 16)

João, o apóstolo do amor, cita outra evidência


interior.

“Todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a


Deus”

(1Jo 4.7)

“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque


amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte”

(1Jo 3.14)

Deus nos dá além disso outra prova interior: o


revestimento do Espírito Santo.

154
“Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em
que nos deu do seu Espírito”

(1Jo 4.13)

A evidência exterior, que se resume numa conduta


de obediência a Deus em seus preceitos, é aparente
tanto para o recém-convertido como para os que já o
conhecem. O Senhor Jesus reproduz no crente sua
própria vida, revestindo-o de poder para trabalhar por
sua causa, capacitando-o para viver uma vida de
santidade, e preparando-o para o futuro céu.

1. Evidências Interiores

O Apóstolo Paulo adverte os cristãos da Igreja de


Coríntios a fazer um auto-exame de suas vidas
espirituais:

“Examine-se cada um a si mesmo”


(1Co 11.28-32)

155
A fim que cada um tivesse convicto de sua salvação. O
Pastor Samuel Vila define algumas evidências interiores
e exteriores da pessoa salva:

1) Tem ódio ao pecado –

" Vós, que amais ao Senhor, odiai o mal. Ele guarda as


almas dos seus santos; ele os livra das mãos dos
Ímpios. "
(Sl 97.10)

2) Reverencia a Deus –

" Deus é muito formidável na assembléia dos santos, e


para ser reverenciado por todos os que o cercam. "

(Sl 89.7)
3) Ama a Palavra de Deus –

" Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o


dia. "
(Sl 119.97)
3) Ama o povo de Deus –

156
" Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque
amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na
morte. "
(1 Jo 3.14)

5) Zela pela Obra de Deus –

" O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a
iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de
boas obras. "
(Tito 2.14)

6) Separa-se do mundo e de seu pecado –

" Não são do mundo, como eu do mundo não sou. "

(Jo 17.16; 2)

" Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará


a nós pelo seu poder. "

(Co 6.14)
7). É humilde –

157
A serem moderadas, castas, boas donas de casa,
sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus
não seja blasfemada. Exorta semelhantemente os
jovens a que sejam moderados. Em tudo te dá por
exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção,
gravidade, sinceridade, Linguagem sã e irrepreensível,
para que o adversário se envergonhe, não tendo
nenhum mal que dizer de nós.

2. Evidências Exteriores

É luz do mundo pelas boas obras que faz –

" Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca
debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão
na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens,
para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai,
que está nos céus. "
(Mt 5.14-16)

Tem uma vida digna do Evangelho de Cristo –

158
" Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus
inculpáveis, no meio de uma geração corrompida e perversa,
entre a qual resplandeceis como astros no mundo"

(Filipenses 1.27; 2.15)

Faz o bem a todos –

" Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas


principalmente aos domésticos da fé. "

(Gl 6.10)

Persevera na doutrina dos apóstolos –

" E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e


no partir do pão, e nas orações. "

(Atos 2.42)

Anda no Espírito para que se manifeste o fruto do


Espírito –
" Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a
concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o
Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao
159
outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados
pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da
carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação,
impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias,
emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas,
homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas,
acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os
que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o
fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas
coisas não há lei. "

(Gl 5.16-23)

VIII - ELEIÇÃO E REPROVAÇÃO

Falamos sobre o fato de que todos pecamos e


merecemos a punição eterna de Deus e que Cristo
morreu e obteve a salvação para nós. Mas agora
consideraremos a maneira como Deus põe em prática
essa salvação na nossa vida. Damos início a este
capítulo considerando a obra de Deus conhecida como
eleição, isto é, sua decisão de nos escolher para sermos
salvos desde a fundação do mundo. Evidentemente,
esse ato de eleição não é (a rigor) parte da aplicação da
160
salvação a nós, visto que se tornou disponível desde
antes que Cristo obtivesse a nossa salvação, quando
morreu na cruz. Mas consideraremos a eleição nesse
ponto porque ela está cronologicamente no início dos
tratos de Deus conosco pelos meios da graça. Portanto,
ela foi concebida perfeitamente como o primeiro passo
no processo através do qual Deus nos traz salvação
individualmente.

Outros passos na obra de Deus de pôr em


prática a salvação em nossa vida abrangem ouvirmos o
chamado do evangelho, sermos regenerados pelo
Espírito Santo, respondermos com fé e arrependimento,
Deus nos perdoa e nos concede filiação como membros
de sua família bem como conferir-nos crescimento na
vida cristã e manter-nos fiéis a ele por toda a vida. No
fim de nossa vida morremos e vamos à sua presença;
então, quando Cristo retorna, recebemos a ressurreição
do corpo. Assim, o processo de obtenção da salvação
se completa.

Explicação e base bíblica

161
Podemos definir eleição como segue: eleição é um ato
de Deus, antes da criação, no qual ele escolhe algumas
pessoas para serem salvas, não por causa de algum
mérito antevisto delas, mas somente por causa de sua
suprema boa vontade.

Tem havido muita controvérsia na igreja e


muito mal sobre essa doutrina. Muitas questões
polemicas referentes às escolhas humanas têm sido
discutidas extensamente em relação com a providência
de Deus.

Enfocaremos aqui somente aquelas outras


questões que se aplicam especificamente à eleição.

Nossa proposta neste capítulo será primeiro


simplesmente citar diversas passagens do Novo
Testamento que tratam de eleição. Após isso nos
esforçamos para entender o propósito de Deus, que os
autores do Novo Testamento vêem na doutrina da
eleição. Por último, tentaremos esclarecer nosso
entendimento dessa doutrina e responder a algumas
objeções, além de considerar a doutrina da reprovação.

162
Será que O Novo Testamento Ensina A Predestinação?

Várias passagens no Novo Testamento parecem


afirmar com muita clareza que Deus determinou
antemão quem seria salvo. Por exemplo, quando Paulo
e Barnabé começaram a pregar aos gentios em
Antioquia da Pisídia, Lucas escreve que “os gentios,
ouvindo isto, regozijavam a palavra do Senhor, e creram
todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”

" E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a


palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados
para a vida eterna. "

(At 13.48)

É significativo o fato de Lucas mencionar a


eleição quase de passagem. É como se isso fosse
acontecimento normal quando o evangelho era pregado.
Quantos creram? “Creram todos os que haviam sido
destinados para a vida eterna”.

Em Romanos 8.28-30, nós lemos:

163
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito. Portanto aos que
de antemão conheceu, também os predestinou para
serem conformes a imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que
predestinou, a esses também chamou, e aos que
chamou, a esses também justificou; e aos que
justificam, a esses também glorificou.

No próximo capítulo, ao analisar o fato de Deus


escolher Jacó e não Esaú, Paulo diz que isso se deu
não por causa de alguma coisa que Jacó ou Esaú
tivessem feito, mas simplesmente para que o propósito
de Deus, quanto à eleição, prevalecesse.

E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem


tinham praticamente o bem ou o mal (para que o
propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não
por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela:
o mais velho será servo do mais moço.

" Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú"

164
(Rm 9.11-13)

Com respeito de fato de que algumas pessoas de


Israel foram salvas, mas outras não, Paulo diz:

“O que Israel busca, isso não conseguiu, mas a eleição alcançou;


e os mais foram endurecidos”

(Rm 11.7)

Aqui, Paulo indica novamente dois grupos distintos


dentro do povo de Israel. Aqueles que, porque a eleição
os salvou, obtiveram a salvação que buscavam,
enquanto os demais, porque a eleição não os alcançou,
simplesmente “foram endurecidos”.
No início de sua carta aos Efésios, Paulo fala
explicitamente a respeito do fato de Deus escolher os
crentes antes da fundação do mundo.

“Assim como nos escolheu, nele, antes da


fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou
para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus

165
Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para
louvor da glória de sua graça”

" Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo,


para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;
E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para
si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da
glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no
Amado"

(Ef 1.4-6)

Aqui Paulo está escrevendo a crentes e diz


especificamente que Deus “nos escolheu” em Cristo,
referindo-se a crentes em geral. Alguns versículos à
frente, ele diz, de modo semelhante:

“A fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de


antemão esperamos em Cristo”

(Ef 1.12)

Quando Paulo fala sobre a razão pela qual Deus


nos salvou e nos chamou a si, ele explicitamente nega
que foi por causa de nossas obras, mas indica, em vez
166
disso, que é por causa do propósito do próprio Deus e
de sua graça imerecida desde a eternidade passada.
Ele diz que Deus é aquele:

" Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não
segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e
graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos
séculos"
(II Tm 1.9)

" Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no


Ponto, Galáxia, Capadócia, Ásia e Bitínia”
(I Pe 1.1)

Mais tarde ele os chama “raça eleita”

" Mas vòs sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa,
o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que
vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz"

(I Pe 2.9)

Na visão de João em Apocalipse, aqueles que não


cedem diante da perseguição e não passam a adorar a
167
besta são pessoas cujos nomes foram escritos no livro
da vida desde a fundação do mundo.

Como O Novo Testamento Apresenta O Ensino Da


Eleição? Como um consolo

Os autores do Novo Testamento muitas vezes


apresentam a doutrina da eleição como um consolo aos
crentes. Quando Paulo garante aos Romanos que
“todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito”, ele apresenta a obra divina da
predestinação como razão pela qual podemos estar
seguros dessa verdade. Ele explica no próximo
versículo: “porquanto aos que de antemão conheceu,
também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu filho [...] E aos que predestinou, a esses
também chamou [...] justificou [...] glorificou”. Paulo quer
dizer que Deus sempre age para o bem daqueles a
quem chamou a si. Quando Paulo examina o passado
distante desde a criação do mundo, vê que Deus
conheceu de antemão e predestinou seu povo a ser
conforme a imagem de Cristo. Se ele considera o
passado recente, constata que Deus chamou e justificou

168
seu povo, o qual predestinara. E se então olha em
direção ao futuro quando Cristo retorna, vê que Deus
determinou proporcionar corpos glorificados, perfeitos,
àqueles que crêem em Cristo. De eternidade a
eternidade Deus tem agido com o bem de seu povo em
mente. Mas se Deus sempre tem agido para o nosso
bem e agirá no futuro para o nosso bem, raciocina
Paulo, não operará ele igualmente em nossas condições
atuais para o nosso bem? Desse modo, a predestinação
é vista como consolo para os crentes nos
acontecimentos cotidianos da vida.

Como uma razão para louvar a Deus

Paulo diz que Deus “nos predestinou para ele, para a


adoração de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o
beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua
graça”. Semelhantemente, ele diz: “A fim de sermos
para louvor da sua glória, nós, os que de antemão
esperamos em Cristo”.

Entendida dessem modo, a doutrina da eleição


amplia o louvor dado a Deus por nossa salvação e
diminui seriamente qualquer orgulho que possamos

169
sentir baseados no pensamento de que nossa salvação
se deveu a alguma coisa bem em nós ou alguma coisa
pela qual devemos receber crédito.

Como um incentivo à evangelização

Paulo diz:

“Tudo suporto por causa dos eleitos, para quem também eles
obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna
glória”
(II Tm 2.10)

Ele sabe que Deus escolheu algumas pessoas para


serem salvas e enxerga isso como um estímulo para
pregar o evangelho, mesmo que signifique suportar
grande sofrimento. A eleição é a garantia de Paulo de
que haverá algum sucesso na evangelização, porque
ele sabe que algumas pessoas com quem fala são
eleitas, crerão no evangelho e serão salvas. É como se
alguém nos convidasse para uma pescaria e dissesse:
“Eu garanto que vocês pegarão alguns peixes – eles
estão famintos e aguardando”.

170
A Doutrina Da Reprovação

Quando entendemos a eleição como ação da


parte de Deus de escolher algumas pessoas para serem
salvas, há então necessariamente outro aspecto dessa
escolha, a saber, a decisão soberana de Deus de não
levar em conta outras e não as salvar. Essa decisão de
Deus na eternidade passada é chama reprovação.
Reprovação é a decisão soberana de Deus, antes da
criação, de não levar em conta algumas pessoas,
decidindo em tristeza não as salvar e puni-las por seus
pecados, manifestando por meio disso sua justiça.

De muitas maneiras, a doutrina da reprovação é o mais


difícil de todos os ensinos das Escrituras; difícil de
entender e difícil de aceitar, porque trata de
conseqüências horríveis e eternas para seres humanos
feitos à imagem de Deus. O amor que Deus nos dá
pelos outros seres humanos e também o amor que ele
ordena que tenhamos pelo próximo nos fazem recuar
diante dessa doutrina, e é compreensível que sintamos
tão grande terror ao contemplá-la. É algo em que não
iríamos acreditar, e não acreditaríamos, se as Escrituras
o ensinassem claramente. Mas há passagens nas

171
Escrituras que falam de tal decisão da parte de Deus?
Certamente há algumas. Judas fala alguns indivíduos,

“Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos


para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em
dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e
Senhor nosso, Jesus Cristo’’
(Jd 4)

Além disso, Paulo, na passagem referida acima, fala da


mesma maneira do faraó e de outros:

Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo


te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que
meu nome seja anunciado por toda a terra. Logo, tem
ele misericórdia de quem quer e também endurece a
quem lhe apraz. [...] Que diremos, pois, se Deus,
querendo mostrar sua ira e dar a conhecer o seu poder,
suportou com muita longanimidade os vasos de ira,
preparados para a perdição

172
Pois a Escritura diz ao faraó: "Eu o levantei exatamente
com este propósito: mostrar em você o meu poder e
para que o meu nome seja proclamado em toda a terra".

" Portanto, Deus tem misericórdia de quem ele quer e endurece a


quem ele quer. Mas algum de vocês me dirá: "Então, por que
Deus ainda nos culpa? Pois quem resiste à sua vontade?" Mas
quem é você, ó homem, para questionar a Deus? "Acaso aquilo
que é formado pode dizer ao que o formou: 'Por que me fizeste
assim? O oleiro não tem direito de fazer do mesmo barro um
vaso para fins nobres e outro para uso desonroso? E se Deus,
querendo mostrar a sua ira e tornar conhecido o seu poder,
suportou com grande paciência os vasos de sua ira, preparados
para a destruição? "
(Rm 9.17-22)

Apesar do fato de recuarmos diante dessa


doutrina, devemos ter uma atitude cuidadosa diante de
Deus e dessas passagens das Escrituras. Nunca
devemos começar a desejar que a Bíblia estivesse
escrita de outra maneira, ou que ela não contivesse
determinados versículos. Além disso, se estivermos
convencidos de que esses versículos ensinam a
173
reprovação, então somos obrigados tanto a acreditar
nela quanto a acreditá-la como algo legítimo e justo da
parte de Deus, mesmo que ela nos faça tremer de pavor
quando pensamos sobre ela. Nesse contexto podemos
nos surpreender ao ver que Jesus pode agradecer a
Deus tanto por ocultar de alguns o conhecimento sobre
a salvação quanto por revelá-lo a outros: “Exclamou
Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, ó
Pai, porque assim foi do teu agrado”

" Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai,


Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e
entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque
assim te aprouve. "
(Mt 11.25-26)

Além disso, devemos reconhecer que de


qualquer maneira, na sabedoria de Deus, a reprovação
e a condenação eterna de alguns manifestarão a justiça
de Deus e também resultarão em sua glória.

Devemos lembrar, também, que há


importantes diferenças entre eleição e a reprovação
apresentadas na Bíblia. A eleição é vista como uma

174
causa para regozijo e louvor a Deus, que é digno de
louvor e recebe todo o crédito pela nossa salvação.
Deus é visto como quem nos escolhe ativamente para a
salvação, o que ele faz com amor e prazer. Mas a
reprovação é vista como algo que traz tristeza a Deus,
não deleite, e a responsabilidade pela condenação dos
pecadores é sempre lançada sobre as pessoas ou anjos
que se rebelam, nunca sobre o próprio Deus. Assim,
pelo que as Escrituras apresentam, a causa da eleição
está em Deus, e a causa da reprovação jaz no pecador.
Outra diferença importante é que o fundamento da
eleição é a graça de Deus, ao passo que o fundamento
de reprovação é a justiça de Deus. Portanto
“predestinação dupla” não é uma frase exata nem útil,
porque negligencia essas diferenças entre a eleição e a
reprovação.

A tristeza de Deus com a morte dos perversos


“não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o
perverso se converta do seu caminho e viva”, ajuda-nos
a entender como era adequado que o próprio Paulo
sentisse grande tristeza quando pensava sobre os
judeus incrédulos que tinham rejeitado Cristo. Ele diz:

175
Digo a verdade em Cristo, não minto,
testemunhando comigo, no Espírito Santo, a minha
própria consciência: tenho grande tristeza e incessante
dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser
anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos,
meus compatriotas, segundo a carne. São israelitas [...]

" Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a


minha consciência no Espírito Santo): Que tenho grande tristeza
e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia
desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que
são meus parentes segundo a carne; Que são israelitas, dos
quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o
culto, e as promessas"
(Rm 9.1-4)

Nós igualmente devemos sentir essa grande


tristeza, ainda mais quando pensamos a respeito do
destino dos incrédulos.

Mas pode-se argumentar nesse ponto: se


Deus genuinamente sente tristeza na punição dos
perversos, então por que a permite ou até mesmo
decreta que isso suceda? A resposta deve ser: Deus

176
sabe que isso no final das contas resultará em maior
glória para si mesmo. Assim mostrará seu poder, ira,
justiça e misericórdia de um modo que de nenhuma
outra forma poderia ser demonstrado. Certamente em
nossa própria experiência humana, é possível fazer algo
que nos cause grande tristeza, mas que sabemos
resultará, a longo prazo, num bem maior. E assim,
depois dessa fraca analogia humana, podemos
entender até certo grau que Deus pode decretar algo
que lhe cause tristeza, mas afinal promoverá sua glória.

Aplicação Prática da Doutrina da Eleição

Em termos de nossa própria relação com Deus, a


doutrina da eleição, tem uma aplicação prática
importante. Quando refletimos a respeito do ensino
bíblico, tanto sobre a eleição como sobre a reprovação,
é certo que o apliquemos em nossa própria vida
individualmente. É razoável que todo cristão pergunto a
si mesmo: “Por que sou cristão? Por qual razão decisiva
deus decidiu me salvar? ”.

A doutrina da eleição responde que sou


cristão só porque deus na eternidade passada decidiu

177
aplicar seu amor sobre mim? Não por qualquer coisa
boa em mim, mas simplesmente porque ele decidiu me
amar. Não há razão mais profunda que essa.

A doutrina da eleição confere-nos humildade de Deus


para pensar dessa forma. Faz-nos perceber que não
temos direito algum à graça de Deus. Nossa salvação
deve-se tão-somente à graça. Nossa única resposta
apropriada é dar eterno louvor a Deus.

IX - CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A SALVAÇÃO

Podemos Perder a Salvação?

Este ponto é de fundamental importância na


disciplina soteriologia. Quando recebemos a Cristo
como Salvador, os nossos pecados são perdoados, e a
partir de então, temos o direito da salvação.

No século V da nossa era, Agostinho pontificou que o


crente, em circunstância alguma, poderá perder a
salvação. Segundo ele, o crente uma vez salvo,
permaneceria salvo por toda a eternidade,
independentemente das suas ações ou atitudes. Esta

178
declaração deu início a um debate doutrinário e
teológico que permanece até os nossos dias. A Bíblia
é enfática em afirmar que o crente pode perder a
salvação. Vejamos através de alguns argumentos
bíblicos, onde faz menção do condicional “se”, com
respeito à salvação. As porções bíblicas dadas a seguir
demonstram que a salvação, como uma experiência
humana, depende da situação do crente, e é manifesta
em expressões bíblicas tais como:

“Permanecer em Cristo”, “Continuar na fé”,


“andar na luz”, “não retroceder” etc. Segue-se uma lista
de trechos das Escrituras onde estas frases aparecem.

“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora”

(Jo 15.6)

Desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se


afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que
tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é
o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.’’
(Cl 1.23)

“Se retiverdes a palavra tal como irei lá preguei”


179
(1 Co 15.2);

“Se negligenciardes tão grande salvação”

(Hb 2.3);

“Se de fato guardarmos firmes até ao fim a confiança”

(Hb 3.14)

“Se retroceder”

(Hb 10.38)

“Se, porém, andarmos na luz”

(1 Jo 1.7)

A Bíblia contém muitas advertências acerca do perigo


de cair da graça divina. Paulo advertiu os santos, que
achavam que fazendo o que quisessem, mesmo assim
estariam salvos:

180
“Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia”

(1Co 10.12)

Há uma exortação severa de João, que não deixa


dúvida alguma quanto à possibilidade de alguém perder
a sua salvação:

“O vencedor, de nenhum modo sofrerá o dano da Segunda


morte”

(Ap 2.11)

“Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”

(Ap 3.11)

CONCLUSÃO

Existe uma coisa que é comum a todos os povos


da terra: o anseio por saber o que a eternidade
esconde. De fato, a Bíblia diz que Deus “...Pôs vestígios
da eternidade no coração do homem...”

181
" Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração
do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não
consegue compreender inteiramente o que Deus fez. "
(Ec 3.11)

E quando se trata da salvação da nossa alma, este fato


está incluso na eternidade, ou seja, essa “tão grande
salvação” é eterna. A resposta de saber o que a
eternidade esconde está em conhecer a Cristo como
Salvador. Isto nos assegura a possibilidade de vivermos
eternamente no lugar que Ele tem já nos preparados.
Cada aluno desta disciplina deve estar convicto desta
maravilhosa salvação, que é objeto definido da graça de
Deus, a qual Ele nos outorgou, como grande dádiva e
justiça através de Seu Filho Jesus Cristo. A palavra final
sobre a salvação é: nada é mais precioso do que a
certeza da vida eterna com Cristo. Portanto, esforcemo-
nos para manter esta dádiva de Deus! A Grande
Salvação.

“Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão


grande salvação? ”.

182
" Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão
grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo
Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram"

(Hebreus 2.3)

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Claudionor Corrêa. “Dicionário Teológico”.

Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 1996.

BANCROFT, Emery H. “Teologia Elementar".

São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1971.


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FILHO, Tácito da Gama Leite. “O Homem em 3
Tempos”.

Rio de Janeiro: CPAD, 1983.

HALLEY, Henry H. “Manual Bíblico de Halley”.

São Paulo: Vida Nova, 1989.

LANGSTON, A.B. “Esboço de Teologia Sistemática”.

Rio de Janeiro: JUERP, 1991.

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Bíblia”.

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OLIVEIRA, Raimundo de. “As Grandes Doutrinas da


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São Paulo: Editora Quadrangular, 1991.

ERICKSON, J. Millard. “Introdução à Teologia


Sistemática”. São Paulo: Edições Vida Nova, 1997.

185
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