Você está na página 1de 3

Disciplina: Cuidados Paliativos: Aspectos Éticos, Sociais e Psicológicos.

Identificação da tarefa: Tarefa 4. Unidade 3. Envio de arquivo.


Pontuação: 15 pontos.

TAREFA 4
Sobre a dificuldade de viver...

O corpo padecendo de uma enfermidade que a alma se recusa a aceitar e a


entender, criando realidades paralelas lúdicas com o sentido de amenizar a crueza
do momento de se saber que a vida está deixando a sua vida, deixando os seus
sonhos. Camino estava começando a sonhar, a viver e a descobrir que o mundo
estava muito além das suas fantasias de criança no momento em que viu no vestido
vermelho da vitrine as flores da primavera dentro do seu coração.

Esse cenário é dicotômico, pois a infância é considerada o melhor tempo da


vida, onde se estão os sonhos e fantasias, despreocupações, onde a criança
encontra condições de crescer e desenvolver-se. (FROTA, 2007).

De repente, o adoecer, o câncer, as limitações, as crises familiares e todo o


peso da vida adulta e de nuances de “velhice” se aproximam de um corpo frágil. A
resignação pareceu mais um comportamento aprendido pelo fanatismo religioso da
mãe do que afeito as suas próprias vontades. O pai, o ser doce, o “São José”
ausente das histórias contadas pela mãe Gloria foi um grande motivo de força, de
alegria e das meninices esquecidas pelas dores geradas pelo câncer, pela
quimioterapia e pelo ambiente hospitalar.

Realmente, falar de câncer infantil e não mencionar a família da criança


adoecida é tarefa quase impossível, pois os danos causados pela doença são
intensos e as figuras parentais são de fundamental importância durante o tratamento
e recuperação da criança. (CARDOSO, 2007).

A mãe trouxe consigo a carga de espiritualidade como suporte para o


momento de dor, transferindo a Deus a responsabilidade da vida ou da morte da
filha, embora isso não a fizesse sentir menos, mas foi imprescindível para sua
elaboração no processo de luto antecipatório.
O pai trouxe o afeto humano, carnal, desprovido de planos, era o calor, a
meninice escondida, mostrando que a família tinha um modo muito particular de
apoiar Camino, sem deixá-la sozinha ou desprotegida, condição fundamental no
processo do adoecer gravemente.

Nesse tripé de emoções e condutas a equipe médica, profissionais envolvidos


mostraram-se variavelmente humanos, não necessariamente com a conduta
paliativa esperada em sua íntegra, mas, foi mais positiva, com alguns deslizes que
pode ser considerado “humano” diante da fragilidade do ser, ainda mais esperando
que o tratamento seja longo e que há a possibilidade de envolvimento emocional da
equipe com o paciente e família (SILVA, 2009).

O caminho de luz era o sentido para o morrer da dor e não dos sonhos, do
sofrimento e não da vida. Todo ser é limitado e vítima e algoz dos seus próprios
medos, sentir que há uma luz que vem, que acompanha, que eleva, traz sentido e
paz ao coração, ao menos, para os que acreditam nas espiações.

Referências

FROTA, Ana Maria Monte Coelho. Diferentes concepções da infância e adolescência: a


importância da historicidade para sua construção. Estud. pesqui. psicol.,  Rio de Janeiro , 
v. 7, n. 1, jun.  2007 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1808-42812007000100013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  fev. 
2019.

CARDOSO, Flávia Tanes. Câncer infantil: aspectos emocionais e atuação do psicólogo.Rev.


SBPH,  Rio de Janeiro ,  v. 10, n. 1, p. 25-52, jun.  2007 .   Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
08582007000100004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  fev.  2019.
SILVA, Lucia Cecilia da. O sofrimento psicológico dos profissionais de saúde na atenção ao
paciente de câncer. Psicol. Am. Lat.,  México ,  n. 16, jun.  2009 .   Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-
350X2009000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  19  fev.  2019

Você também pode gostar