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Como Conhecer as Pessoas?

Por Gérson Alves da Silva Jr. 29/09/2012 às 09:23

Um princípio fundamental que às vezes esqueço diz respeito ao que as pessoas


são. Mas, todas as vezes que o ignorei fiquei muito machucado. As pessoas não
são o que dizem nem o que pensam sobre si mesmas, muito menos o que
aparentam.

Quer saber o que os outros são e o que você mesmo é? Primeiro considere que
enquanto seres somos cheios de possibilidades. Todavia, estas possibilidades
não nos permitem esquecer a dimensão animalesca primitiva. Ou seja, não
esqueçamos tudo aquilo que o bicho gente pode fazer. Tanto o bicho gente
macho, como o bicho gente fêmea.

Depois considere a realidade cultural e social em que esse bicho gente está
inserido. Veja classe social, grau de importância que essa pessoa dá ao fato de
ser destaque sem necessariamente possuir méritos. Veja se tem muitos amigos
que vivem de festas ou se a maioria deles vivem de planejamento e trabalho;
veja se estes amigos encaram a vida somente como diversão ou como esforço
ou ainda como luta.

Veja os pais, os filhos parecem mais com os pais do que eles mesmos percebem.
Veja se essa pessoa ver coisas absurdas (roubos, traições, explorações) que
aconteceram na sua família ou em sua vida como coisas naturais simplesmente
por terem crescido com aquilo.

Nos homens veja se são filhos de homens irresponsáveis, que não assumiram
compromissos ou que eram passivos demais. Pois, embora este ponto não seja
definidor ele pesa na formação quando o pai é visto como modelo masculino.
Pesa também mesmo quando este pai não é percebido como modelo e não
existem ou não houve outros referenciais para servir de espelho.

Nas mulheres veja se são filhas de mulheres que não são cuidadosas com a vida
profissional ou com relacionamentos. Se o objetivo da mulher é ser profissional
observe os modelos que ela adota e admira. Se o objetivo é ser mãe observe
sua mãe e outros modelos que ela possa adotar. Embora o olhar sobre homens
e mulheres neste quesito devesse ser o mesmo, a parte bicho só permite este
olhar indiferenciado quando é fruto de arranjos específicos e planejados para a
promoção dos filhos.

Relacionamentos não são mercadorias para trocarmos no menor dos


desconfortos. Relacionamentos não são busca única de prazer pessoal ou
apenas de eroticidade. Por isso cuidado com pessoas filhas de pessoas com
muitos relacionamentos e que mesmo em idade avançada não se resolveram
nesta questão.

Depois disto veja a própria pessoa, veja o que ela faz para se divertir: estuda,
pratica esportes, escreve, vive em festas, anda em bares, etc. Veja gostos
musicais, preste atenção nas letras das músicas que ela gosta e no perfil dos
cantores que a atrai (as letras e o perfil dos cantores possui íntima relação com
as características comportamentais de quem os curtem).

Veja se essa pessoa cultiva amigos de longas datas. Veja se é uma pessoa fria
com quem já foi significativo em sua vida (esse é um ponto muito importante,
mostra como o sujeito lida com sua afetividade). Analise como essa pessoa trata
os superiores, os iguais e os menores.

E depois de tudo isso escute a pessoa, veja o que ela fala sobre si mesma e se
é compatível com sua história e com suas ações. Às vezes a história e as ações
são ruins, mas o sujeito sabe disso e declara isso. Esse que tem compatibilidade
entre sua história e sua fala não precisa ser temido. Já aquele que omite certos
acontecimentos, aquele que se envergonha de algumas coisas que fez mesmo
tendo tido tempo antes para pensar, aquele ou aquela que diz que fez muita
coisa errada porque era jovem demais, este será sempre muito bobinho para se
tornar adulto e assumir responsabilidades. Este mudará de rumo toda hora e o
que lhe importa é estar bem, o resto do mundo pode explodir. Cuidado então
você, porque você pode fazer parte do resto do mundo para essa pessoa.

Por mais possibilidades que tenhamos somos escravos de nossa história, das
coisas que vivemos e fazemos. Caso não direcionemos um alvo e vivamos
perseguindo esse ponto, seremos sempre como uma flecha lançada no escuro.

Isso tudo é mais válido do que o que a pessoa fala e pensa sobre si. Afinal temos
necessidade de estar bem conosco e por mais perverso que sejamos diremos e
pensaremos sempre coisas boas a nosso próprio respeito.

Assim eu avalio, assim eu conto para vocês.

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