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LOGÍSTICA – NOÇÕES GERAIS

ÍNDICE

CAPITULO I - INTRODUÇÃO Pag

1. GENERALIDADES 1a4
2. A LOGÍSTICA COMO RAMO INDIVIDUALIZADO
DOS CONHECIMENTOS MILITARES 4e5
3. A DIVISÃO DOS CONHECIMENTOS MILITARES 5e6
4. A INSERÇÃO DA LOGÍSTICA NA ADMINISTRAÇÃO 6e7
5. MISSÃO DA LOGÍSTICA 7

CAPITULO II - PRINCÍPIOS DA LOGÍSTICA - FUNÇÕES LOGÍSTICAS

1. IMPORTÂNCIA/DIFICULDADES DA LOGÍSTICA 1e2


2. PRINCÍPIOS DA LOGÍSTICA 2a5
a. Subordinação à Manobra Operacional 2
b. Unidade de Comando 2e3
c. Simplicidade 3
d. Previsão 3
e. Economia 3e4
f. Flexibilidade 4e5

3. FUNÇÕES LOGÍSTICAS 5e6


a. Reabastecimento 5
b. Transporte 5
c. Manutenção 5e6
d. Evacuação e Hospitalização 6
e. Serviços 6

Ind - l

1
CAPITULO III - ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE CAMPANHA

1. NECESSIDADE DA SUA EXISTÊNCIA 1


2. DIVISÃO TERRITORIAL DE CAMPANHA 2a8
a Teatro de Guerra 2
b. Zona do Interior 2
c. Teatro de Operações 2a8
3. LIMITES 8 a 10
a. Generalidades 8e9
b. Responsabilidades da sua fixação 10
c. Factores a considerar na definição dos limites 10

CAPITULO IV - ORGANIZAÇÃO DO APOIO DE SERVIÇOS NO TO

1. INTRODUÇÃO 1
2. ORGANIZAÇÃO DO COMANDO 1a3
a. Ao Nível do Teatro de Operações 1
b. Ao Nível das Forças Terrestres do Teatro de Operações 1a3
c. Ao Nível do Corpo de Exército 3
d. Ao Nível da Divisão 3
3. RESPONSABILIDADES TERRITORIAIS E DE APOIO DE 3 a 16
SERVIÇOS NOS VÁRIOS ESCALÕES
a. Generalidades 3a7
b. Forças Terrestres do Teatro de Operações 8 a 11
c. Corpo de Exército 11 e 12
d. Divisão 12 a 14
e. Brigada 14 a16
f. Pequenas Unidades 16

4. CADEIA DE APOIO DE SERVIÇOS NO TO 16 e 17


a. Organizacional 16
b. Espacial 16 e 17

Ind - 2

2
CAPITULO V - PROTECÇÃO DA ÁREA DA RETAGUARDA

1. GENERALIDADES 1

2. CONCEITO DE PROTECÇÃO DA ÁREA DA RETAGUARDA 1a3


a. Segurança da Área da Retaguarda (SAR) 2e3
b. Controlo de Danos (CD) 3

3. TERMINOLOGIA 3a5
a. Área da Retaguarda 3e4
b. Zona de Segurança 4
c. Área de Segurança 4
d. Operações de Combate da Área da Retaguarda 4
e. Forcas de Intervalo 4
f. Forca de Intervenção 4
g. Centro de Operações de Área da Retaguarda: (COAR) 5
h. Centros de Operações de Defesa de Área: (CODA) 5
i. Centros de Controlo da Área da Retaguarda: (CCAR) 5
J. Centro de Operações de Defesa de Zona: (CODZ) 5
l. Análise de Vulnerabilidades 5

4. RESPONSABILIDADES DE PAR 5a9


a. Generalidades 5e6
b. Zona de Comunicações 6
e. Área da Retaguarda do CE 6a8
d. Área da Divisão 8
e. Área da Brigada 8e9

5. FASES DE EXECUÇÃO DA PROTECÇÃO DA ÁREA


DA RETAGUARDA 9 a 12
a. Segurança da Área da Retaguarda 9 e 10
b. Controlo de Danos 11 e 12

Ind - 3

3
CAPÍTULO VI - REABASTECIMENTO

1. INTRODUÇÃO 1a 4
a. Generalidades 1e2
b. Âmbito da Função Logística Reabastecimento 2
c. Preceitos Básicos do Reabastecimento 2a4

2. CLASSIFICAÇÃO DOS ABASTECIMENTOS 4a8


a. Critério de Classificação 4
b. Classes de Abastecimentos 5e6
c. Grupos de Abastecimentos 7e8

3. GESTÃO DO REABASTECIMENTO 8 a 12
a. Definição 8
b. Funções 8e9
c. Controlo 9
d. Estrutura para a Gestão do Reabastecimento no TO 9 a 12

4. RESPONSABILIDADES DE REABASTECIMENTO
NOS VÁRIOS ESCALÕES 12 a 15
a. Comandante do Teatro de Operações 12
b. Comandante das Forças Terrestres do
Teatro de Operações 12
c. Principais Comandos Subordinados na Zona Comunicações 13 e 14
d. Principais Comandos Subordinados na Zona de Combate 14 e 15

5. TERMINOLOGIA 15 a 19
a. Nível 15
b. Dia de Abastecimentos 16
c. Volante de Abastecimentos 16
d. Nível de Segurança 16
e. Nível Máximo 16
f. Tempo Entre Pedido e Satisfação 16
g. Objectivo de Requisição 16
h. Ponto de Requisição 16 a 19
i. Lista de Níveis Orgânicos (LNO) 19
j. Lista de Níveis de Apoio (LNA) 19

Ind - 4

4
6. OPERAÇÕES DO REABASTECIMENTO 20

7. DETERMINAÇÕES DAS NECESSIDADES 20 e 21


a. Necessidades para o Apoio Inicial 20
b. Necessidades para Substituição e Consumo 20
e. Necessidades para Constituição de Reservas 20
d. Necessidades para Fins Especiais 20 e 21

8. PROCURA E OBTENÇÃO DOS ABASTECIMENTOS 21 a 24


a. Obtenção a partir de origens exteriores ao TO 22
b. Obtenção dentro do Teatro de Operações 22 a 24

9. DISTRIBUIÇÃO 24 a 33
a. Definição 24
b. Sistema de Distribuição 24
e. Preceitos Básicos da Distribuição 24 e 25
d. Requisições 25 a 27
e. Armazenagem 28 a 30
f. Níveis 30 a 32
g. Fornecimento 32 e 33

10. IDEIA GERAL SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DENTRO DO TO,


RELATIVAMENTE ÀS VÁRIAS CLASSES 33 a 66
a. Classe I 33 e 34
b. Classe I W (Agua) 34 & 38
e. Classe III G 38 e 41
d. Classe V 41 a 49
e. Classe VI 49 a 54
f. Classe VIII 55
g. Classe IX 55 a 61
h. Outras Classes entregues por Meios Aéreos 62
i. Outras Classes entregues por Meios de Superfície 63
j. Artigos Regulados e Controlados 64
l. Unidades de Reabastecimento e Serviços do CASCE 65 e 66

Ind - 5

5
CAPITULO VII - TRANSPORTE

1. INTRODUÇÃO 1a3
a. Generalidades 1a3

2. PRINCÍPIOS A RESPEITAR NOS MOVIMENTOS DE TRANSPORTE 3a5


a. Centralização 4
b. Regulação 4
c. Fluidez e Flexibilidade 4
d. Utilização Máxima dos Meios 4e5

3. TIPOS DE TRANSPORTE 5a9


a. Definição 5
b. Enumeração 5
c. Terminologia 6e7
d. Caracterização Geral 7a9

4. ÂMBITO E ÁREAS DE INTERESSE DA FUNÇÃO


LOGÍSTICA TRANSPORTE 10 a 53
a. Âmbito 10
b. Áreas de Interesse 10 a 53

5. ESQUEMA GERAL DE PEDIDO DE TRANSPORTE TERRESTRE 54

6. ESQUEMA GERAL DE PEDIDOS PRÉ-PLANEADOS DE


TRANSPORTE AÉREO 55

7. ESQUEMA GERAL DE PEDIDOS IMEDIATOS DE


TRANSPORTE AÉREO
56
8. OPERAÇÕES DOS TIPOS DE TRANSPORTE 57 a 63
a. Generalidades 57 e 58
b. Transporte Ferroviário 58 e 59
c. Transporte Auto 59 a 61
d. Transporte Aquático 62 e 63
e. Transporte Aéreo 63

Ind - 6

6
9. SERVIÇOS DE TERMINAL 63 a 67
a. Generalidades 63 e 64
b. Terminais Aquáticos 64 a 66
c. Terminais Aéreos 66
d. Terminais de Transporte Auto 66 e 67
e. Terminais de Transporte Ferroviário 67
f. Meios de Execução 67

10.OPERAÇÕES DE CONTENTOR 67 a 71
a. Generalidades 67 e 68
b. Utilização de Contentores 68 e 69
c. Controlo 69
d. Planeamento de Movimento de Retorno 70 e 71

CAPITULO VIII - MANUTENÇÃO

1. INTRODUÇÃO 1e2
a. Generalidades 1
b. Âmbito da Função Logística Manutenção 2

2. CRITÉRIOS DE OPERACIONALIDADE DO MATERIAL 2a 4


a. Generalidades 2
b. Condições de Operacionalidade 2e 3
c. Aplicação do Critério de Operacionalidade 3e 4

3 . OBJECTIVOS DA MANUTENÇÃO 4

4. O NOVO SISTEMA DE MANUTENÇÃO DO EXÉRCITO 5


a. Conceito 5

5. PRINCÍPIOS DA MANUTENÇÃO 5a9


a. Execução Sistemática de Manutenção Preventiva 5
b. Adequação de Nível 5e6
c. Versatilidade 7
d. Especialização 7e 8

Ind - 7
7
e. Controlo e Disciplina 8
f. Economia 8
g. Rapidez de Evacuação 8e9
h. Avanço da Manutenção 9

6. A INTER-RELAÇÃO DA MANUTENÇÃO COM OUTRAS


FUNÇÕES LOGÍSTICAS COM OUTRAS LOGÍSTICAS 9 a 11
a. Com o Reabastecimento 9 e 10
b. Com o Transporte 10 e 11

7. MODALIDADES DE EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO 11 a 13


a. Enumeração 11
b. Manutenção Programada 11 e 12
c. Reparação Pós-Avaria 12 e 13

8. ANÁLISE DOS VÁRIOS NÍVEIS DE MANUTENÇÃO 13 a 23


a. Terminologia 13 a 17
b. Manutenção de Unidade 17 a 19
c. Manutenção de Apoio Intermédio 19 a 23
d. Manutenção de Depósito 23

9. MANUTENÇÃO DE AERONAVES 23 e 24
a. Generalidades 23 e 24

10. APOIO DE MANUTENÇÃO À FRENTE 24 a 26


a. Generalidades 24 a 26

11. ORGANIZAÇÕES DE MANUTENÇÃO 26


a. Generalidades 26

12. DESENVOLVIMENTO DA FORÇA 26 a 29


a. Generalidades 26 a 29

13. LIMITES DOS TEMPOS DE REPARAÇÃO 29 e 30


a. Generalidades 29
b. Guias 29 e 30

Ind - 8

8
CAPITULO IX - EVACUAÇÃO E HOSPITALIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO 1e2
a. Generalidades 1
b. Terminologia 1e2

2. PRINCÍPIOS DO APOIO SANITÁRIO EM CAMPANHA 2e3


a. Continuidade 2
b. Controlo 2
c. Proximidade 2
d. Flexibilidade 3
e. Mobilidade 3
f. Conformidade 3

3. ESCALÕES DE APOIO SANITÁRIO EM CAMPANHA 3e4


a. Apoio Sanitário de Escalão Unidade 3 e 4
b. Apoio Sanitário de Escalão Divisão 4
c. Apoio Sanitário de Escalão Corpo de Exército 4
d. Apoio Sanitário de Escalão Zona de Comunicações 4

4. APOIO SANITÁRIO MODULAR 5 a 7


a. Generalidades 5 a 7

5. CONTROLO DE INDISPONÍVEIS 7
a. Triagem 7
b. Regulação Sanitária 7

6. EVACUAÇÃO 8e9
a. Generalidades 8
b. Novo Sistema de Evacuação 8e9
c. Responsabilidade pela Evacuação 9

Ind - 9

9
7. REGIME DE EVACUAÇÃO 9 e 10
a. Regime de Evacuação no TO 9 e 10
b. Repercussão do Regime de Evacuação 10
c. Determinação do Regime de Evacuação 10

8. HOSPITALIZAÇÃO 11 a 16
a. Generalidades 11
b. Planeamento 11 a 13
c. Hospitais da Zona de Comunicações 13 a 15
d. Hospitais da Zona de Combate (ZComb) 15 e 16

9. REABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO DE MATERIAL


SANITÁRIO 16 e 17
a. Generalidades 16 e 17

10.CONTROLO DE DOENÇAS E LESÕES NÃO DEVIDAS


AO COMBATE 17 a 21
a. Introdução 17 e 18
b. Equipa de Saneamento de Campanha 18
c. Serviços de Medicina Preventiva 18 a 20
d. Controlo de "stress" do Combate 20
e. Serviços Dentários 20 e 21
f. Serviços de Veterinária 21
g. Serviços de Laboratórios 21

11.BAIXAS NO CAMPO DE BATALHA MODERNO 21 e 22


a. Operações NBQ 21 e 22

CAPITULO X - SERVIÇOS

1. GENERALIDADES

2. ÂMBITO DA FUNÇÃO LOGÍSTICA SERVIÇOS

Ind - 10

10
3. ACTIVIDADES INCLUÍDAS NA FUNÇÃO SERVIÇOS 2 a 36
a. Alimentação 2a4
b. Banhos e Troca de Fardamento 4e5
c. Camuflagem 5
d. Cantinas 5
e. Descontaminação 6e7
f. Fabrico de Pão 7
g. Inactivação Engenhos Explosivos 8
h. Instalações.(Infra-estruturas) 8 a 21
i. Lançamento Aéreo 21 e 22
j Lavandaria e Renovação 22
l. Luta Contra Incêndios 22
m. Recolha de Material 23 a 34
n. Utilização de Mão de Obra 34 a 36

Ind - 11

11
CAPITULO I - INTRODUÇÃO

1. GENERALIDADES
a. Logística – evolução do conceito
O apoio às operações foi, durante séculos, garantido de uma forma expedita, normalmente através
do saque. Mas, à medida que os efectivos aumentavam e a complexidade e sofisticação dos
materiais exigiam um apoio mais qualificado, mais volumoso e oportuno, tornou-se necessária a
criação de estruturas e procedimentos que garantissem, de uma forma contínua, o apoio às tropas,
para além do que era possível conseguir no campo de batalha.
No entanto, é só em 1837 que, pela primeira vez, essa necessidade aparece estruturada, bem
explicitada e sob um conceito específico - LOGÍSTICA.
Questionava Jomini na sua obra "PRECIS DE L'ART DE LA GUERRE":
"É a logística unicamente uma ciência de detalhe? Ou será uma ciência geral, formando uma das
partes mais essenciais da arte da guerra?"
Jomini optou pelo 2º enunciado e daí que, para este autor, à Logística competia tudo o que se
relacionava com a preparação e manutenção das campanhas.
Pelos critérios actuais temos consciência de que Jomini tinha um conceito demasiadamente
abrangente da Logística. Nela incluía certas tarefas que são nitidamente da responsabilidade de
outras áreas, nomeadamente das áreas das Informações, do Pessoal e das Operações.
Para Jomini a responsabilidade da logística (preparação e manutenção das campanhas) confundia-
se com a responsabilidade de estado-maior.
Apesar deste autor extravasar a responsabilidade da Logística, tal como hoje é geralmente
entendida, teve o grande mérito de reconhecer a importância dos apoios ao combate como
condicionantes do sucesso das operações e deixar esses conceitos expressos em obras de crédito
universal.
"Qu'on ne me parle pas de vivres" de Napoleão que, em tradução livre e um pouco atrevida
poderíamos alargar para "Não me aborreçam com os abastecimentos" e o conceito que aquele
"Senhor da Guerra" tinha de que "A Guerra alimenta a Guerra", estavam completamente
ultrapassados.
Na Rússia, Napoleão reconheceu o seu erro. A falta de preocupação com os abastecimentos foi
substituída pela fórmula "Os soldados marcham com o estômago" que traduz, efectivamente, o
reconhecimento da importância do apoio logístico na concretização das operações.
Era a verificação de que por muito bem arquitectada que estivesse uma manobra, se nas suas fases
cruciais faltassem os meios para a concretizar, o resultado seria o insucesso, seria a derrota
A 1ª Grande Guerra pelas características que revelou, pelos enormes efectivos empenhados, pelos
meios materiais envolvidos, pelo esforço de produção que exigiu e pelos consumos verificados,
veio dar um impulso decisivo ao conceito de Logística e consolidar o reconhecimento da
fundamental importância dos apoios às operações.
Concretizemos esta ideia em números que falam por si:
A França mobilizou durante a Guerra cerca de 8,4 milhões de homens, tinha em 1918 mais de dez
mil canhões na frente, produziu mais de 300 milhões de granadas de Artilharia e em 1918 de 21 de
Março a 11 de Novembro, na grande ofensiva final, foram consumidas cerca de 70 milhões de
granadas de Artilharia.
A Logística começava a ter assento à mesa das Ciências do conhecimento militar.
12
É dentro desta realidade que em 1917, quando aos EUA se colocava a necessidade de apoiarem o
seu Corpo Expedicionário na Europa, o Tenente-coronel de Infantaria de Marinha dos EUA,
George C. Thorpe afirmava: "A Estratégia e a Táctica proporcionam o esquema para a condução
das operações militares enquanto que a Logística proporciona os meios para concretizar. esse
esquema". É um pouco, o retomar, de uma forma mais adaptada e consequente, da tese de Jomini.
É, mais uma vez, um conceito alargado de Logística: é a identificação da Logística com o conceito
actualmente aceite para a Administração. ou seja, garantir oportunamente todos os meios humanos,
materiais e financeiros necessários à concretização da manobra idealizada pela Estratégia e pela
Táctica.
Se outra virtude o tenente-coronel Thorpe não teve com a sua definição de Logística, é-lhe
reconhecido o mérito de elevar a Logística (ou melhor a Administração), como hoje a entendemos,
ao nível da Estratégia e da Táctica, até então os únicos ramos do conhecimento militar.
Se a 1ª Grande Guerra trouxe o reconhecimento da importância da Administração, no seu conceito
alargado, para o resultado final do combate, a 2ª Guerra Mundial, veio consagrar a importância
desse ramo dos conhecimentos militares.
Os enormes efectivos envolvidos, a enorme capacidade destruidora dos meios aéreos e a sua
capacidade de agirem a grande profundidade nas retaguardas inimigas, bem como o número e
dispersão dos Teatros de Operações obrigaram a um apoio colossal, quase sempre em condições
adversas.
Qualquer estudioso deste conflito, por mais diletante ou distraído, se apercebe rapidamente que a
sorte de inúmeras batalhas foi decidida a favor do exército com superioridade do ponto de vista
logístico; e não será exagero dizer que essa superioridade foi determinante no resultado final da
Guerra.
Se foi decisiva a contribuição da Logística para o desfecho da II G.M., mais reforçado será o seu
papel na medida em que:
− os sistemas de armas, pela sua sofisticação, forem sendo cada vez. mais exigentes quanto à
quantidade e qualidade do apoio;
− a capacidade de destruição dos armamentos for maior;
− os meios de detecção dificultarem, crescentemente, as operações de apoio;
− a flexibilidade e alcance dos vectores aéreos perturbarem mais profundamente as retaguardas.
Como resultante de toda esta evolução, será necessário, um maior volume de apoio, não só para dar
resposta aos desafios que se levantam no Campo de Batalha moderno, como também, e
fundamentalmente, para que haja a garantia que esse apoio chegará, em quantidade e qualidade, ao
local próprio, no momento oportuno.
Os números que se referem de seguida são elucidativos da realidade relativa ao apoio logístico:
No século I AC, o soldado romano combatia e sobrevivia com cerca de l Kg de abastecimentos por
dia. O aumento de consumos foi muito lento até 1870 porque também foi lento o desenvolvimento
tecnológico e, nessa data, para um Exército, o consumo rondava os 8 Kg/ homem/ dia. A partir de
1918, quando o consumo era de 18 Kg/homem/dia no escalão Teatro, o aumento foi galopante.
Assim, em 1943, apenas 25 anos depois, o consumo já rondava os 30 Kg/homem/dia no escalão
Teatro e chegou a atingir os 100 Kg/homem/dia numa Divisão Blindada, no esforço. Na década de
70, nos conflitos regionais que se verificaram, o consumo foi de 70 Kg/homem/dia no escalão
Teatro. e estudos prospectivos elaborados pelo Exército Francês, confirmados pelos EUA, prevêem
que num conflito convencional, no Teatro Europeu, os consumos ultrapassem os 100
Kg/homem/dia.
São números que, conjugados com a previsível mobilização de milhões de homens, se traduzirão
em quantidades fabulosas de abastecimentos que diariamente será necessário produzir, adquirir e
distribuir.
13
"Qu'on ne me parle pas de vivres" morreu com o século XVIII. Agora, e cada vez mais, vivemos
sob o conceito de "Manobra Possível", não em termos de Estratégia ou Táctica, mas sim quanto aos
meios necessários para a concretizar.
b. A Logística como ramo individualizado dos conhecimentos militares
Na alínea anterior, não apenas apresentámos a evolução do conceito da Logística e a sua crescente
importância no resultado das batalhas, mas também salientámos a necessidade de individualização
desta ciência face às suas características muito específicas.
A complexidade das operações militares, por um lado, e a dificuldade na obtenção e distribuição
dos diferentes recursos, por outro, obrigam à criação de órgãos próprios, destinados a assegurar o
eficiente apoio material às forças armadas e, por esse facto, parece difícil contestar a existência de
um ramo diferenciado da ciência militar destinado aquele fim. A confirmar o que se acaba de dizer,
basta recordar que houve necessidade de criar uma técnica própria e diferente das então existentes
para, numa operação da envergadura do desembarque aliado na NORMANDIA (2ª Guerra
Mundial) ser possível colocar, em espaço e em tempo reduzidos, cifras quase astronómicas de
homens e abastecimentos no continente europeu.
Esta técnica não tem similar nem na Estratégia, nem na Táctica e, não há qualquer dúvida, terá de
ser um ramo da ciência militar a englobar os respectivos conhecimentos.
Como vimos, Thorpe, na sua definição de Logística, atribui-lhe a missão de garantir todos os meios
necessários a concretizar as operações definidas pela Estratégia e pela Táctica.
Vimos, também, que esse conceito se identificava com o que é actualmente aceite para a
Administração em sentido lato, ou seja, garantir oportunamente todos os meios humanos, materiais
e financeiros necessários à concretização da manobra idealizada pela Estratégia e pela Táctica.
Assim, num conceito actual, não a identificamos com a Administração, mas consideramo-la como
abrangendo todos os problemas ligados à finalidade de fazer viver as tropas e alimentar o combate.
Conjuntamente com as actividades da área do Pessoal e da área dos Assuntos Civis, constituem
então a Administração.
c. A divisão dos conhecimentos militares
Como resultado do expresso nas alíneas anteriores, pode considerar-se que os conhecimentos
militares se dividem, quanto à sua aplicação, em três ramos, os quais seguidamente se caracterizam
de uma forma muito genérica:
− Estratégia: Compreende todos os problemas relativos à preparação e conduta da guerra,
dependente por isso directamente da política. Compete-lhe a utilização do potencial humano
e material, em larga escala, para obter e manter, na guerra, vantagem sobre o inimigo.
− Táctica: Trata de todos os problemas ligados ao emprego das tropas em combate.
− Administração: Compreende o conjunto de actividades militares de planeamento,
organização, direcção e controlo, com incidência nos campos do pessoal, do material e
financeiro, mas fora dos âmbitos da Táctica e da Estratégia.
De outra forma podemos afirmar que:
− A Estratégia: Orienta o potencial de uma Nação para a consecução dos objectivos que a sua
Política definiu, tendo como referência a Guerra.
− A Táctica: Faz o emprego operacional das forças militares para atingir os objectivos
Estratégicos.
− A Administração: Obtém, fornece e mantém os meios humanos, materiais e financeiros
necessários à condução das operações militares.

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d. A inserção da Logística na Administração
Como vimos anteriormente, o ramo dos conhecimentos militares designado por Administração, em
sentido lato, compreende:
− A Logística, que abrange todos os problemas ligados à finalidade de fazer viver as tropas e
alimentar o combate;
− A Administração (em sentido restrito), a qual se ocupa dos problemas ligados ao militar
como indivíduo e de outras actividades administrativas não incluídas na Logística.
É normal atribuir ao conjunto das actividades da Administração (considerada em sentido lato) a
designação de "Apoio de Serviços", em especial quando se alude a situações de campanha.
Por outro lado a Logística, consoante o seu campo de acção, pode classificar-se em:
− Logística Pura ou Teórica;
− Logística Aplicada.
A primeira - Logística Pura ou Teórica - estuda as teorias, princípios e leis que regem a actividade
logística. A segunda - Logística Aplicada - faz a aplicação das teorias, princípios e leis da
Logística Pura à resolução prática dos problemas logísticos.
Por seu turno, a Logística Aplicada pode dividir-se em:
− Logística de Alto Nível, Económica ou de Produção;
− Logística Operacional ou de Consumo.
A Logística de Alto Nível, Económica ou de Produção está interessada no estudo dos problemas
logísticos que se apresentam à escala nacional ou governamental e corresponde à faceta industrial
da Logística. A Logística Operacional ou de Consumo estuda os problemas que se apresentam ao
nível das forças operacionais.
No presente Manual, só serão fornecidos os elementos da Logística Pura ou Teórica necessários ao
entendimento da Logística Operacional ou de Consumo que será a base deste trabalho. A figura n.º
1 representa esquematicamente os conceitos a que anteriormente se aludiu.

ADMINISTRAÇÃO
(Sentido lato)

APOIO
DE
SERVIÇOS

LOGÍSTICA + PESSOAL + AssCivis


* PURA
* APLICADA
ADMINISTRAÇÃO
- Produção
- Consumo (Sentido restrito)

Figura 1 – A Administração como ramo do conhecimento militar

15
e. Missão da Logística
Na medida em que a Logística abrange todos os problemas ligados à finalidade de fazer viver as
tropas e alimentar o combate, podemos descrever a sua missão como:
DESENVOLVER E MANTER O MÁXIMO POTENCIAL DE COMBATE ATRAVÉS DO
APOIO AOS SISTEMAS DE ARMAS.
Esta Missão será cumprida, colocando o pessoal e material adequados, no local próprio, em tempo
oportuno e nas melhores condições de eficiência; ou seja: ALIMENTAR ATESTAR,
MUNICIAR E REPARAR SISTEMAS DE ARMAS.

16
CAPITULO II - PRINCÍPIOS DA LOGÍSTICA - FUNÇÕES LOGÍSTICAS

1. IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA
Face à sua Missão e tendo em consideração as características do campo de batalha moderno:
− grandes efectivos
− alta mecanização
− grande dispersão
− grande mobilidade
− meios diversificados e sofisticados
− grande letalidade
a Logística, para cumprir a sua missão, tem de desenvolver, em grande escala, os seguintes aspectos:
− concepção, fabrico, obtenção, armazenagem, transporte, distribuição, manutenção, evacuação
e destino a dar ao material;
− transporte, evacuação e hospitalização do pessoal e animais;
− obtenção ou construção, manutenção, administração e destino a dar às instalações;
− obtenção e prestação de serviços essenciais ao bem-estar das tropas e à concretizarão dos
aspectos já focados.
É deste conjunto de actividades, conjugadas com os enormes volumes de apoio referidos na
introdução, que vai depender o valor da Unidade, a sua vida, a sua eficiência em combate e, em
última análise, o sucesso das operações militares.
É também devido ao enorme volume de apoio necessário ao campo de batalha moderno, que advêm
as dificuldades da Logística e simultaneamente a sua grande importância.

2. PRINCIPIOS DA LOGÍSTICA
No sentido de minimizar as dificuldades referidas e facilitar o cumprimento da missão da Logística -
DESENVOLVER E MANTER O MÁXIMO POTENCIAL DE COMBATE, ATRAVÉS DO
APOIO AOS SISTEMAS DE ARMAS) - o Exército Português considera os seguintes princípios:
a.Subordinação à Manobra Operacional
A razão de ser da logística é o apoio à manobra operacional.
No acto de força que constitui a guerra, os sucessos do campo de batalha são efectivamente
garantidos pelas forças combatentes, mercê, principalmente, do seu valor intrínseco, da qualidade
do seu comando e da eficiência do apoio que recebem. Nesta última faceta se insere a acção
logística, a qual só poderá ser plenamente útil se a sua concepção e execução estiver em perfeita
"sintonia" com a acção operacional, táctica ou estratégica. Daqui resulta que a Logística deve
adaptar-se permanentemente à manobra operacional, seja qual for o escalão considerado. Isto
pressupõe, como é óbvio, que na concepção do esquema táctico ou estratégico, para obter um
sucesso, seja primeiramente ponderada a possibilidade ou impossibilidade de a Logística o apoiar
convenientemente.

17
b. Unidade de Comando
A manobra logística é uma responsabilidade do comandante.
A manobra, no seu aspecto mais lato, é a fusão de duas manobras elementares: a manobra táctica
(ou operacional) e a manobra logística. Compete ao comandante assegurar que a sua união se
realize. Esta obriga a um importante esforço de coordenação, dadas as características distintas
daquelas manobras elementares: a primeira requer potência e mobilidade; a segunda tem que vencer
uma grande inércia, para garantir o desenvolvimento adequado do apoio em que, afinal, se traduz.
A eficiência do apoio logístico exige, assim, uma completa subordinação, ao comandante, de todas
as unidades responsáveis pela prestação desse apoio e também uma estreita cooperação entre o
Estado-Maior, as Armas e os Serviços.

c. Simplicidade
A manobra logística tem de ser execução simples.
O apoio logístico implica, sempre, um conjunto de operações técnicas complexas e diferenciadas,
que não podem considerar-se como um problema simples. Por outro lado, o êxito das operações só
deve procurar-se através de acções simples, próprias do ambiente de guerra.
Consequentemente, há que contrariar a complexidade do problema, através de um planeamento,
detalhado e com tempo, que conduza à simplicidade da execução.

d. Previsão
O planeador logístico tem de jogar sempre em antecipação.
A obtenção e reunião dos recursos necessários, bem como, muitas vezes, o indispensável
ajustamento do dispositivo logístico, são sempre operações demoradas e que necessitam de mais
tempo do que o necessário à preparação da manobra táctica que se pretende apoiar.
Este facto implica uma antecipação nos preparativos logísticos, a qual terá de ser tanto maior
quanto mais elevado for o escalão em que se trabalha.
Desta realidade resulta ser imperativo planear o apoio logístico com grande esforço de previsão,
única forma de o tornar oportuno.

e. Economia
Os recursos são sempre escassos.
Os meios postos à disposição de um comandante são normalmente escassos, face às necessidades
operacionais, daí que a economia é essencial para o êxito das operações, em todos os sectores do
esforço logístico.
O emprego dos recursos humanos e materiais deve ser adequado à missão a cumprir, evitando-se a
dissipação dos efectivos e a má utilização do potencial económico.
A consideração deste princípio não deve ser tomada como traduzindo a exigência de urna avara
atribuição dos recursos, mas sim como a necessidade de uma dosagem perfeita das satisfações, com
base numa ponderação judiciosa das necessidades.
Numa palavra, deve ser fornecido o necessário para o cumprimento de uma dada missão, mas não
mais do que isso.
A economia, no campo da logística, pode obter-se, entre outros, pelos seguintes processos:

18
− Organizando as unidades de combate de forma a disporem apenas do pessoal e material que
são necessários para as missões que competem a cada escalão;
− Atribuindo a cada unidade apenas os elementos de apoio de serviços que são necessários a
um adequado apoio;
− Procurando manter uma rigorosa disciplina dos consumos;
− Utilizando ao máximo, dentro das normas estabelecidos, os recursos existentes na área
ocupada (exploração dos recursos locais).
− Promovendo uma conveniente recuperação do material avariado, abandonado ou capturado
ao inimigo.
− Recorrendo à utilização da mão-de-obra civil e dos prisioneiros de guerra.

f. Flexibilidade
A Logística tem de aderir, em permanência, à Táctica.
Já foi dito que o êxito das operações implica uma aderência constante da manobra logística à
manobra táctica (ou operacional). Portanto, aquela tem de ser concebida e executada de forma a
permitir uma adaptação rápida à evolução da situação operacional, porque a continuidade do apoio
logístico tem de ser mantida, em todas as circunstâncias do combate.
Como consequência, a manobra logística tem de ser flexível e esta flexibilidade deve estar presente
não só no sistema logístico implantado, mas também no espírito daqueles que dirigem a sua
dinâmica.
Para obter a flexibilidade do sistema logístico, podem adaptar-se, entre outras, as seguintes
medidas:
− Escalonar adequadamente os recursos através da área em causa;
− Promover um conveniente doseamento dos recursos aos vários escalões;
− Criar órgãos que possam ampliar-se, reduzir-se ou subdividir-se, consoante as necessidades
(constituição modular);
− Atribuir aos órgãos o mais elevado índice de mobilidade possível.

3. FUNCÕES LOGÍSTICAS
Tendo em consideração a enorme diversidade de tarefas que é necessário executar, para permitir o
cumprimento da missão da logística, e sabendo da necessidade de especializar homens e estruturas na
execução dessas tarefas, tornou-se necessário agrupá-las de forma a tornar possível uma
especialização, facilitando a sua execução.
Surgem assim, aquilo que se convencionou chamar, as FUNCÕES LOGÍSTICAS que, tendo em
consideração o conceito de função e os pressupostos atrás referidos, podemos definir como um
CONJUNTO DE ACTIVIDADES AFINS QUE CONCORREM PARA A MESMA
FINALIDADE LOGÍSTICA.
O Exército Português considera, presentemente, cinco Funções Logísticas:
a. Reabastecimento
Abrange todas as actividades cujo objectivo é fornecer todos os artigos necessários para equipar,
manter e fazer actuar as tropas.

19
b. Transporte
Abrange o deslocamento do pessoal, dos animais e do material, bem como a sua direcção e a
gestão do equipamento e instalações a ele associados.

c. Manutenção
Abrange todas as actividades cujo objectivo é conservar o material em condições de
operacionalidade e assegurar tal condição ao material que a não possui. Inclui a introdução de
aperfeiçoamentos e modernizações na sua utilidade funcional através de modificações.

d. Evacuação e Hospitalização
Abrange todas as actividades de carácter sanitário que visam a preservação dos efectivos (homens
e animais) e a recuperação dos feridos e doentes (indisponíveis), por forma a manter tais
efectivos no mais alto nível.

e. Serviços
Abrange todas as actividades, não integradas nas funções logísticas anteriores, que visam a vida e
o bem-estar das tropas em campanha e o apoio de outras funções logísticas.

20
CAPITULO III - ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE CAMPANHA

1. NECESSIDADE DA EXISTÊNCIA DUMA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE


CAMPANHA
Como já tivemos oportunidade de mostrar, a condução das operações implica, hoje em dia, tendo em
consideração as características do campo de batalha moderno, um apoio de serviços complexo,
pesado e contínuo às forças combatentes. Isto obriga a montar um extenso e complicado sistema de
apoio entre os órgãos produtores e os elementos consumidores. O problema, porém, não se resolve
apenas com uma produção em larga escala e um conveniente encaminhamento dos recursos, ou seja,
à custa unicamente da técnica do apoio de serviços.
É que esses problemas, de natureza técnica, não podem ser dissociados do ambiente de insegurança a
que hoje estão sujeitas as retaguardas. As possibilidades da aviação, as acções de sabotagem, de
guerrilheiros ou de elementos infiltrados, quer por terra, quer por envolvimento vertical, e a
existência de armas de destruição em massa, são, entre outras, ameaças sérias ao bom funcionamento
do apoio de serviços.
Tais ameaças exigem portanto a execução de medidas eficazes de protecção, ou, por outras palavras,
é imperiosa a conjugação das actividades técnicas com acções operacionais, garantindo estas a
segurança que é necessária para a execução daquelas.
A necessidade de tal conjugação obriga a que ambos os tipos de acções, que têm características
nitidamente diferenciadas, se integrem num sistema que permita a sua estreita coordenação, com vista
à consecução da finalidade comum: EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DO APOIO DE SERVIÇOS.
Esse sistema materializa-se numa ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL DE CAMPANHA, a qual,
nada mais é afinal do que a INSCRIÇÃO, SOBRE A MASSA TERRESTRE E/OU AQUÁTICA,
DAS RESPONSABILIDADES QUE A CADA ESCALÃO COMPETEM NO CAMPO DA
JURISDIÇÃO TERRITORIAL.

2. DIVISÃO TERRITORIAL DE CAMPANHA


Para entender convenientemente a forma como é implantada a organização territorial de campanha,
torna-se indispensável conhecer a definição de cada uma das várias partes a que tal implantação dá
lugar. É o que seguidamente se tratará em conjugação com a representação gráfica da figura nº 2.
TEATRO DE OPERAÇÕES
ZInterior ZCom ZComb
ARet
Div
ZComb
ARet

ÁREA ÁREA
DA DA
RETAGUARDA RETAGUARDA
DO DO
TEATRO TEATRO
DE DE
ARetCE

OPERAÇÕES
GUERRA

TEATRO DE GUERRA
Figura 2 – Organização territorial de campanha

21
a. Teatro de Guerra
Entende-se por Teatro de Guerra (TG) o espaço terrestre, marítimo e aéreo que está, ou pode vir a
estar, envolvido directamente em operações de guerra.
É subdividido, de acordo com a natureza das operações terrestres, aéreas e navais, planeadas ou
em curso. As suas principais subdivisões são:
(1) Zona do Interior
(2) Teatro ou Zona de Operações

b. Zona do Interior
A Zona do Interior (ZI) compreende, normalmente, o território nacional não abrangido pelos
Teatros de Operações, mas pode também incluir território estrangeiro (aliado, neutral ou inimigo
conquistado). A Zona do Interior fica sob a jurisdição directa do Governo e é nela que tem lugar
a Logística de Alto Nível, Económica ou de Produção.

c. Teatro de Operações
O Teatro de Operações (TO) é a parte do Teatro de Guerra necessária às operações militares, quer
ofensivas, quer defensivas, relativas a uma dada missão, e às operações de apoio de serviços com
elas relacionadas.
A sua organização territorial varia com o tipo de TO, o tipo de forças nele envolvidas e a
natureza das operações planeadas. A figura 3 representa vários exemplos esquemáticos de
diferentes tipos de TO.
É no TO que tem pleno cabimento a Logística Operacional ou de Consumo. O Teatro de
Operações é normalmente subdividido em Zona de Combate e Zona de Comunicações.

TEATRO DE OPERAÇÕES
ZInterior ZCom ZComb
ARet
Div
ZComb
ARet

ÁREA ÁREA
DA DA
RETAGUARDA RETAGUARDA
DO DO
TEATRO TEATRO
DE DE
ARetCE

OPERAÇÕES
GUERRA

TEATRO DE GUERRA

Figura 3 – Representação esquemática de vários tipos de TO

22
(1) Zona de Combate
A Zona de Combate (ZComb) é a parte do Teatro de Operações (TO) necessária à condução
das operações, por parte das forças terrestres, e ao apoio imediato, logístico e administrativo,
dessas mesmas forças.
Obviamente, a ZComb deve dispor de espaço de manobra suficiente para permitir o
desenvolvimento de todos os elementos dos principais núcleos de forças e a instalação, sem
congestionamentos, dos órgãos essenciais de apoio de serviços. A figura nº 4 mostra a
representação esquemática da ZComb e as dimensões que normalmente lhe estão associadas.
Os limites avançados da ZComb devem prolongar-se, no território sob controlo do inimigo,
tão à frente quanto necessário para que o comandante possa explorar completamente todos os
meios que se encontram sob o seu controlo.
A ZComb é normalmente dividida em Áreas de Corpo de Exército e Áreas da Divisão.
Pode, eventualmente, incluir Áreas de Exército mas, neste caso, é normal que o limite à
retaguarda dos Corpos de Exército seja também o limite à retaguarda dos Exércitos.
No âmbito desta subdivisão é útil fazer referência às seguintes áreas:
− Área da Retaguarda do Corpo de Exército: É a área compreendida entre o limite à
retaguarda das Divisões e o limite à retaguarda do Corpo de Exército.
− Área da Retaguarda da Divisão: É a área compreendida entre o limite à retaguarda das
Brigadas e o limite à retaguarda da Divisão.

A profundidade da ZComb depende, fundamentalmente, dos seguintes factores:


− Missão global atribuída ao Comandante do TO;
− Natureza das operações planeadas e/ou em curso;
− Natureza e volume das forças envolvidas (meios);
− Terreno (características da Zona de Operações, com especial relevo para as linhas de
comunicações);
− Inimigo (muito em especial as suas possibilidades, incluindo a eventual actuação de
forças de assalto aéreo (aeromóveis), aerotransportadas e, ainda, de forças irregulares).

Como o limite à retaguarda do Corpo de Exército é também, normalmente, o limite à


retaguarda da Zona de Combate, a profundidade da Zona de Combate coincide com a
profundidade do CE.

Nota:
O RC 110-10 Operações considera a Área da Retaguarda do CE e a Área da Retaguarda da
Divisão como a Zona das Reservas. Considera a Área de Combate Principal como Zona de
Resistência.

(2) Zona de Comunicações


A Zona de Comunicações (ZCom) é a parte recuada do Teatro de Operações (à retaguarda da
Zona de Combate, mas contígua a ela) e compreende o território necessário para o Apoio de
Serviços das Forças da Zona de Combate e para a ligação com a Zona do lnterior.

23
A ZCom contém muitas instalações de Apoio de Serviços e principalmente as linhas de
comunicações que servem o TO.
Há actividades desenvolvidas por certos órgãos de apoio que se revestem, frequentemente, de
aspectos de apoio de combate. Por outro lado, alguns elementos cuja função principal é o
combate (caso de unidades de artilharia antiaérea) podem estar localizadas na ZCom.
A Zona de Comunicações deve dispor de espaço suficiente para a localização, sem
congestionamento, das instalações e unidades necessárias, podendo situar-se na mesma massa
terrestre que a ZComb ou, no todo ou em parte, fora dessa massa terrestre. O seu limite
anterior é sempre o limite à retaguarda da Zona de Combate. O seu limite à retaguarda pode,
ou não, ser o limite à retaguarda do TO.
Pode dizer-se que a Zona de Comunicações tem uma dupla finalidade:
− Aliviar os Comandantes da ZComb das responsabilidades territoriais e de apoio de
serviços (incluindo actividades de natureza político-diplomática de contacto com as
autoridades do país onde o TO se implanta) que não se ligam imediatamente à condução
das operações de combate;
− Permitir efectuar a transposição organizada, para a Zona de Combate, do apoio
proveniente da Zona do Interior.

ÁREA DE COMBATE
ÁREA PRINCIPAL
X DA X
X RETAGUARDA
DA X
DIVISÃO
ÁREA
XX XX
DA
80
X
RETAGUARDA X
a X DO X
100 X X
Km CORPO X
DE
EXÉRCITO XX XX

X
X
X
X

15 a 20 Km
180 a 200 Km 50 a 65 Km

Figura 4 – Dimensões da Zona de Combate

3. ESTABELECIMENTO DE LIMITES À RETAGUARDA


a. Generalidades
Os limites circunscrevem as várias partes a que a implantação da organização territorial dá lugar,
definindo, portanto, a responsabilidade territorial dos vários escalões. Além disso, facilitam a
coordenação das operações de apoio de serviços.
Uma vez que o Apoio de Serviços é geralmente um tipo de apoio prestado da retaguarda para a
frente - isto é completamente verdadeiro quando se pensa em termos de guerra convencional -
sucede que os limites à retaguarda assumem, para tal efeito, uma particular relevância.
Os limites à retaguarda facilitam, mais do que quaisquer outros, a coordenação das operações de
apoio de serviços e são especialmente importantes no aspecto da responsabilidade territorial, pois
indicam até onde um determinado escalão tem que preocupar-se com a protecção operacional da
sua área da retaguarda.

24
Salienta-se, porém, que eles não constituem barreiras destinadas a quebrar a sucessão das
operações de apoio de serviços e isto é ilustrado com o facto de poderem localizar-se, na área de
responsabilidade de um dado escalão, elementos e órgãos de apoio de serviços de escalões
superiores e inferiores.

b. Responsabilidades pela fixação de limites à retaguarda


Como regra geral, o limite à retaguarda de um dado escalão é fixado pelo Comandante
imediatamente superior, mediante proposta apresentada pelo comando do escalão subordinado.
São excepções à regra os casos dos limites à retaguarda do Teatro de Operações (TO) e da Zona
de Combate (ZComb).
Com efeito, no caso do TO, o limite é fixado pelo Governo, sem que haja qualquer proposta do
respectivo Comandante, e, no caso da ZComb, ele é fixado pelo Comandante do TO, mediante
proposta apresentada pelos Comandantes dos Corpos de Exército.
A razão de ser desta última excepção reside na faculdade que assim é dada ao Comandante do TO
de fazer intervir, na fixação do limite, as implicações que porventura as operações das Forças
Aéreas e Navais do TO possam provocar e porque é o Comandante do TO - Forças Terrestres,
Forças Aéreas e Forças Navais - que tem comando operacional sobre os Corpos de Exército (CE)
e não o Comandante das Forças Terrestres do Teatro de Operações.
Também deve ser salientado que o Exército de Campanha, quando criado, não tem
responsabilidade territorial, pelo que os limites à retaguarda dos Corpos de Exército coincidem
com o limite à retaguarda da ZComb.
Em resumo, as responsabilidades de fixação dos limites à retaguarda são as seguintes:
ƒ Do Teatro de Operações (TO) - Conselho Superior de Defesa Nacional mediante proposta
do CEMGFA.
ƒ Da Zona de Combate (ZComb) - Comandante do TO
ƒ Das Divisões (Div) ou Brigadas Independentes (Brig Indep) - Comandante do Corpo de
Exército (CE)
ƒ Das Brigadas Endivisionadas (Brig Endiv) - Comandante da Divisão

TEATRO DE OPERAÇÕES
ZInterior ZCom ZComb

ESTABELECIMENTO DE LIMITES À RETAGUARDA


REGRA GERAL
Comandante superior sob proposta do Comandante subordinado
EXCEPÇÕES
TO - Governo
ZComb - Cmdt TO

TEATRO DE GUERRA

Figura 5 – Regras para o estabelecimento de limites à retaguarda

25
c. Factores a considerar na definição dos limites
São aspectos a considerar na localização dos limites à retaguarda, os seguintes:
(1) Deve ser suficientemente recuado para proporcionar o espaço necessário à manobra e a área
adequada para as instalações de apoio de serviços.
(2) O seu deslocamento para a frente deve ter lugar o mais cedo possível, para aliviar as unidades
combatentes da administração do território não indispensável às suas operações.
(3) Na sua localização devem ser tidas em conta a rede de estradas e outras vias de comunicação.
(Os CE necessitam de bons itinerários transversais atrás dos limites à retaguarda das suas
Divisões, para facilitarem o movimento de tropas e materiais).
(4) O seu traçado deve ser bem referenciado, com base em acidentes de terreno facilmente
identificáveis, tais como estradas, caminhos-de-ferro, rios e canais.
(5) O planeamento para a alteração da sua localização deve ser feito com bastante antecedência
para permitir a execução de reconhecimentos antes da transferência das responsabilidades
territoriais.
(6) Se possível, devem utilizar-se os limites políticos como forma de reduzir as necessidades de
coordenação por parte dos Comandantes que detêm responsabilidade territorial.

26
CAPITULO IV – ORGANIZAÇÃO DO APOIO DE SERVIÇOS NO
TEATRO DE OPERAÇÕES

1. INTRODUÇÃO
Para garantir que o apoio chegue oportunamente onde é necessário, existem no TO um conjunto de
organizações devidamente escalonadas, espacialmente e dimensionalmente, que permitem cumprir
este objectivo.
Tendo em consideração que a concretização do apoio logístico se verifica, normalmente, da
retaguarda para a frente e tendo em consideração as finalidades da Organização Territorial de
Campanha referida no capítulo anterior, olhemos para a estrutura existente no TO, sua organização,
constituição e missões, com a certeza de que, quanto mais recuarmos maior será o número e volume
dessas Organizações.

2. ORGANIZAÇÃO DO COMANDO
a. Ao nível do Teatro de Operações
O Comandante do TO exerce o comando operacional sobre todas as forças que lhe são atribuídas.
Esta função de comando pode ser exercida através dos Comandantes dos Ramos das Forças
Armadas – Forças Terrestres do Teatro de Operações (FTTO), Forças Navais do Teatro de
Operações (FNTO) e Forças Aéreas do Teatro de Operações (FATO) – ou dos Comandantes das
Forças Conjuntas (que englobam portanto elementos de dois ou mais ramos) ou dos
Comandantes de outras forças directamente subordinados.

b. Ao nível das Forças Terrestres do Teatro de Operações


O Comandante das Forças Terrestres do Teatro de Operações é o Comandante das Forças
componentes do Ramo Exército e é responsável pela formulação e apresentação de
recomendações ao Comandante do TO no que se refere ao emprego das Forças Terrestres.
Para cumprir a sua missão o Comandante das FTTO dispõe da organização constante da Fig. 6.

ORGANIZAÇÃO DO APOIO DE SERVIÇOS NO TO


Zona de Comunicações Zona de Combate

CASD

CFATO
CASD
CASCE

CFNTO

CFTTO CASD

Cmdt TO CGM CCM

CASA

Pess Fin Comb CASCE

DefAer Mísseis

MunEsp

Figura 6 – A organização do Apoio de Serviços no Teatro de Operações

27
c. Ao nível do Corpo de Exército
O Comandante do Corpo de Exército é responsável pela condução das operações de combate e de
apoio de combate e pelo imediato apoio de serviços às suas Unidades.
Apesar da organização do Corpo de Exército não ser fixa, dependendo fundamentalmente da
missão, consideramos esquematicamente a organização representada pela figura nº 7.

d. Ao nível da Divisão
A Divisão é a maior unidade das Forças Terrestres em que todas as Armas e Serviços se
encontram representadas, com volume suficiente, de forma a permitir operações de combate em
grande escala.
Para cumprir a sua missão o Comandante da Divisão dispõe de um conjunto de Unidades,
variando, algumas delas, de acordo com o tipo de Divisão. Esquematicamente podemos
considerar como organização da Divisão a que consta na figura nº 8.

3. RESPONSABILIDADES TERRITORIAIS E DE APOIO DE SERVIÇOS NOS


VÁRIOS ESCALÕES
a. Generalidades
Uma análise, mesmo superficial, das estruturas resumidas de comando que se apresentam no
parágrafo anterior, permite constatar que, ao nível do TO, não existe qualquer organização
destinada a promover o fornecimento de Apoio de Serviços.
Daqui resulta que esse escalão não constitui elo na cadeia de Apoio de Serviços que desde a Zona
do Interior se estende até à frente de combate.
Por tal razão desprezar-se-á, seguidamente, o escalão TO.

b. Forças Terrestres do Teatro de Operações


O Comandante das Forças Terrestres do Teatro de Operações é o Comandante da Componente
Exército.
Detém responsabilidade territorial sobre a Zona de Comunicações e é responsável pelas
recomendações a fazer ao Comandante do TO sobre o emprego das Forças Terrestres e pela
execução das missões operacionais que lhe foram atribuídas por aquele Comandante.
É ainda responsável pelo treino, administração, apoio de serviços, bem-estar e prontidão
operacional das forças terrestres e pelo apoio a outras forças, conforme determinado.
As responsabilidades de apoio de serviços em áreas geográficas específicas, normalmente são
atribuídas aos Comandantes dos Comandos de Apoio de Serviços do Corpo de Exército
(CASCE) e aos Comandos de Apoio de Serviços de Área (CASA) de acordo com as disposições
operacionais do Comandante do TO.
O Comandante das Forças Terrestres do TO detém controlo total das operações de apoio de
serviços para garantir uniformidade de apoio na ZComb e na ZCom.
Normalmente atribui responsabilidade e delega autoridade nos principais Comandantes
Subordinados.
A Zona de Comunicações é, portanto, um elo na cadeia do apoio de serviços. Nela são
armazenados e por ela transmitam enormes quantidades de abastecimentos de toda a espécie, quer
oriundos da Zona do Interior, quer de outros TO, quer ainda obtidos através da exploração dos
recursos locais e, também, através dela circulam grandes volumes de pessoal, quer por
evacuação, quer para recompletar os efectivos das FTTO.
28
(1) Concretização do Apoio
O Comandante das FTTO é, como vimos, o responsável pelo Apoio de Serviços às Forças
Terrestres de todo o TO podendo até, se assim for decidido pelo Comandante do TO, alargar
essa responsabilidade aos outros Ramos.
Como vimos, também concretiza esse apoio através dos vários Comandos e Unidades das
FTTO e dos CASCE.
(a) Responsabilidades de Apoio na Zona de Comunicações.
Esquematicamente podemos apresentar a ZCom, quanto ao Apoio de Serviços, com a
divisão que se mostra na figura nº 9.
Assim, tendo em consideração as dimensões e o volume das forças a apoiar, a ZCom é
dividida em vários Comandos de Apoio de Serviços de Área (CASA), responsáveis pelo
apoio em Reabastecimento, Manutenção e alguns Serviços às forças localizadas na sua
área de responsabilidade, garantindo o A/G através das suas Unidades e Órgãos e o A/D
através dos seus Agrupamentos de Apoio de Serviços de Área (AASA).
Estes Agrupamentos, à semelhança dos CASA, garantem apoio directo em
Reabastecimento, Manutenção e alguns Serviços às forças localizadas ou em trânsito na
sua área de responsabilidade.
Os CASA são ainda responsáveis pelo A/G de Reabastecimento de algumas classes de
abastecimentos, Manutenção Intermédia de A/G e A/G de alguns Serviços à Zona de
Combate.

Zona de Comunicações

CASA

AASA
A/D

AASA
A/D

CASA

AASA
A/D
AASA A/D

Figura 9 – Os Comandos de Apoio de Serviços de Área

Para garantir o apoio nas funções e artigos não abrangidos pelos CASA, o Comando das
FTTO dispõe de um conjunto de Comandos Funcionais e algumas Unidades que lhe
permitem concretizar a totalidade do apoio às Forças Terrestres do Teatro.

29
(b) Comandos Funcionais
1. Comando da Engenharia
Responsável pelo apoio ao TO pelo reabastecimento de Cartas Topográficas não
classificadas, Serviço de Construções (Infra-estruturas), melhorar as condições de
captação de água e montar rede de distribuição em instalações fixas.
2. Comando de Transportes
Responsável pelo apoio na Função Transporte a todo o TO.
3. Comando Sanitário
Responsável pelo apoio no âmbito de Função Evacuação e Hospitalização a todo o
TO, incluindo o reabastecimento e manutenção dos artigos da classe VIII.
4. Comando de Pessoal
Responsável pelo apoio em pessoal a todo o TO.
5. Comando Financeiro
Responsável pelo apoio financeiro ao TO.
6. Comando de Transmissões
Responsável pelo reabastecimento do material de segurança das Transmissões para o
TO.
7. Agrupamento de Combustíveis
Responsável pelo apoio em combustíveis ao TO.
8. Brigada de Munições Especiais
Responsável pelo apoio em munições especiais ao TO.

c. Corpo de Exército
O Corpo de Exército (CE) é a maior Grande Unidade com responsabilidades de combate, apoio
de combate e apoio de serviços. Conduz operações de combate e prevê os necessários apoios de
combate e apoio de serviços. Constitui pois, um elo na cadeia do apoio de serviços.
O Comandante do Corpo de Exército é responsável pela organização e funcionamento dos
serviços necessários ao apoio imediato às unidades do CE. Isto exige planeamento a longo prazo,
preparação de estimativas detalhadas de necessidades de apoio de serviços e uma estreita ligação
com outros comandos principais.
Esquematicamente, podemos dizer que é o CE quem recebe os abastecimentos e pessoal
proveniente da ZCom ou mesmo directamente da ZInt e os destina às suas Divisões e demais
elementos, bem como é através dele que as evacuações de material e pessoal se processam para a
ZCom.
O CASCE implanta-se por toda a Área da Retaguarda do CE, colocando, no entanto, alguns
órgãos nas Áreas da Retaguarda das Divisões.

(1) Concretização do Apoio


O apoio ao CE é garantido através do Comando de Apoio de Serviços do Corpo de Exército
(CASCE) o qual garante o A/G às suas Divisões e o A/D às unidades não endivisionadas, isto
é, aquelas que não possuem órgãos próprios de apoio de serviços.
Para concretizar este apoio o CASCE dispõe da organização constante nas figuras 10 a 15.

30
(a) Constituição do CASCE
1. O CASCE é constituído pelo Comando, dois centros funcionais de controlo que são o
Centro de Gestão de Material (CGM) e o Centro de Controlo de Movimentos
(CCM), um Agrupamento de Apoio de Serviços Recuado (AgrApSvcRec) por cada
CE e vários Agrupamentos de Apoio de Serviços Avançados (AgrApSvcAv), sendo
um por cada unidade de escalão Divisão ou Brigada Independente que exista no CE
em causa. Dispõe ainda de uma Brigada Sanitária (Brig San) e um Agrupamento de
Transportes.

Comando de Apoio de Serviços do Corpo de Exército

CASCE

CGM CCM

San Transp
1 2

NOTAS:
1 - Um AgrApSvcRec por CE (com BApSvc/CASCE multifuncionais e Bat funcionais) e
vários AgrApSvcAv, um por cada Divisão ou BrigIndep (com BApSvc/CASCE
multifuncionais)
2 - Será Agr Transp se forem atribuídos 3 ou mais Bat Transp ao CASCE
FM 63-3, 30Set93

Figura 10 – Organização típica do Comando de Apoio de Serviços do Corpo de Exército

Comando de Apoio de Serviços do Corpo de Exército

CASCE

CGM CCM

San Transp
(Rec) (Av)
1 2
NOTAS:
1 - Apoio do CE e reforço dos AgrApSvcAv; tem 1 ou mais BApSvc/CASCE
multifuncional e vários Batalhões funcionais); presta A/G e A/D
2 - Apoio de forças não Divisionárias e reforço da capacidade do CASD;
tem vários BApSvc/CASCE multifuncionais; presta A/G e A/D
FM 63-3, 30Set93

Figura 11 – Os Agrupamentos de Apoio de Serviços do CASCE

2. O Agrupamento de Apoio de Serviços Recuado


a. É constituído por Batalhões de Apoio de Serviços multifuncionais que prestam
A/D às Tropas de Corpo de Exército e a outras unidades estacionadas ou em
trânsito na sua zona de actuação;

31
b. Dispõe de Batalhões de Apoio de Serviços funcionais os quais prestam A/G às
Divisões e Brigadas Independentes estacionadas ou em trânsito na sua zona de
actuação.

Agrupamento de Apoio de Serviços Recuado do CASCE


AgrApSvcRec

Rec

Svc
1 2 2 2

ApBase
3 4
NOTAS:
1 - Nº de AgrApSvc depende da estrutura da Força; BatApSvc/CASCE multifuncionais
prestam A/D; Batalhões funcionais prestam A/G e A/D
2 - Poderá ser obtido através de Apoio de Nação Hospedeira (HNS)
3 - Atribuído ao CASCE em ambiente árido
FM 63-3, 30Set93
4 - Dependente do TO e da situação

Figura 12 – O Agrupamento de Apoio de Serviços Recuado do CASCE

3. Os Agrupamentos de Apoio de Serviços Avançados


a. Actuam à retaguarda de cada Divisão ou Brigada Independente; prestam A/D às
TCE e outras unidades sem órgãos próprios, localizados ou em trânsito nesta
região e prestam A/G em reabastecimento e reforço de manutenção e serviços de
campanha às Divisões ou Brigadas Independentes;
b. São constituídos por Batalhões de Apoio de Serviços multifuncionais que prestam
A/D e A/G.

Agrupamentos de Apoio de Serviços Avançados do CASCE


AgrApSvcAv

Av

Rec Av
1 2
Atrás da ARetDiv Na ARetDiv

NOTAS:
1 - À retaguarda dos limites da Divisão que apoia; apoia TCE e Un sem órgãos ApSvc nessa
área, apoio de área a unidades em trânsito, A/G em Reab ás Div e reforço em Man e Svc
Camp; multifuncional e modular; presta A/G e A/D
2 - Dentro dos limites da Divisão para apoiar TCE nessa área; multifuncional modular;
presta apenas A/D FM 63-3, 30Set93

Figura 13 – Os Agrupamentos de Apoio de Serviços Avançados do CASCE

32
c. Se os BApSvc dos AgrApSvcAv actuam à retaguarda, mas fora dos limites, da
Divisão ou da Brigada Independente, prestam A/D às TCE e A/G àquelas
unidades;
d. Se os BApSvc dos AgrApSvcAv actuam dentro dos limites da Divisão, prestam,
apenas, A/D a unidades não divisionárias nessa área, podendo reforçar a
capacidade das unidades de apoio de serviços orgânicas da Divisão ou da Brigada
Independente.

Batalhões de Apoio de Serviços Recuados do AgrApSvcAv/CASCE

Atrás ARetDiv Rec

A/G A/D A/G


Med EqpPes
A/D

Atrás ARetDiv Rec

SvcCamp
A/D A/G Med
A/D

Figura 14 – Os Batalhões de Apoio de Serviços Recuados dos Agrupamentos de Apoio de


Serviços Avançados do CASCE

Batalhão de Apoio de Serviços Avançado do AgrApSvcAv/CASCE

na ARetDiv
Av

Svc SvcCamp

Lig/Med
NOTAS:
1 - Todas as unidades prestam APENAS A/D

Figura 15 – O Batalhão de Apoio de Serviços Avançado dos Agrupamentos de Apoio de


Serviços Avançados do CASCE

33
d. Divisão
A Divisão é a menor unidade terrestre em que todas as Armas e Serviços se encontram
representados com o volume suficiente por forma a permitir operações de combate em grande
escala.
É neste escalão que se faz a entrega, às tropas combatentes, de todos os abastecimentos
necessários para seu consumo ou utilização e é para ele que aquelas encaminham, em primeira
instância, o pessoal e o material que carecem de evacuação.
A Divisão é portanto um elo na cadeia do apoio de serviços.
O Comando de Apoio de Serviços Divisionário (CASD), que constitui o instrumento
fundamental que a Divisão dispõe para a execução de toda a actividade de apoio, localiza os seus
elementos e órgãos através de grande parte da área divisionária por forma a que tal apoio seja
imediato. No entanto, convém desde já referir que o “centro de gravidade” de todo esse conjunto
de elementos e órgãos é nitidamente recuado, pois o grosso do CASD é implantado na Área da
Retaguarda da Divisão, constituindo, no interior desta, aquilo que se designa por Área de Apoio
de Serviços da Divisão (AApSvcDiv).
A fim de não ser seriamente prejudicada a sua mobilidade, a Divisão apenas possui reduzidas
reservas de abastecimentos, as quais são transportadas nos seus meios orgânicos. Daqui resulta
que a Divisão tem que requisitar ao Corpo de Exército tudo quanto lhe é necessário para viver e
combater.
O Comando de Apoio de Serviços Divisionário (CASD) corresponde-se directamente com os
Agrupamentos de Apoio de Serviços do CASCE em matéria de apoio de serviços. O CASD
mantém, também, uma estreita relação com os Centros Funcionais de Controlo (CGM e CCM) do
CASCE.
O Comandante da Divisão detém responsabilidade territorial sobre a área da sua GU.

(1) Concretização do Apoio


Como vimos, é o CE, através do CASCE, o grande responsável pelo Apoio Geral (A/G) às
suas Divisões. Por seu lado a Divisão através do seu Comando de Apoio de Serviços
Divisionário (CASD), garante o A/D às suas Unidades.
Para concretização desse apoio o CASD dispõe da organização constante das figuras 16 e 17.
(a) Constituição do CASD
1. O Comando do CASD engloba o Comando, Companhia de Comando, CGM e Centro
Divisionário de Operações Sanitárias;
2. O CASD compreende ainda um Batalhão de Apoio de Serviços Principal e um
Batalhão de Apoio de Serviços de Aeronaves que actuam na Área de Apoio de
Serviços da Divisão e três Batalhões de Apoio de Serviços Avançados que actuam na
Área de Apoio de Serviços das Brigadas Endivisionadas;
3. O CASD recebe A/G do CASCE, geralmente através dum AgrApSvcAv e apenas
presta A/D;
4. O BApSvcPrinc assegura o A/D às Tropas Divisionárias e reforça a capacidade de
apoio dos BApSvcAv; concentra, ainda, toda a capacidade de transporte da Divisão e
a capacidade de manutenção pesada;
5. O BApSvcAv assegura o A/D às unidades que compõem a Brigada Endivisionada, a
que presta apoio, mantendo a dependência do comando do CASD.

34
Comando de Apoio de Serviços Divisionário (Div Pes)
CASD

CCCmd
CGM
Princ
Av
DestCmd
Cmd
CASD DestCmd Cmd
Svc
CGM
Lig

Cmd
Electr Lig

Centro Div
Op San Pes
G1/G4 Battle Book, JUL00, p.4-3

Figura 16 – Organização do Comando de Apoio de Serviços Divisionário (Divisão Pesada)

Comando de Apoio de Serviços Divisionário (Div Lig)


CASD

CCmd
CGM
Princ
Av
Cmd
CASD Cmd Cmd

CGM
Lig

Cmd Lig

Centro Div
Op San G1/G4 Battle Book, JUL00, p.4-33

Figura 17 – Organização do Comando de Apoio de Serviços Divisionário (Divisão Ligeira)

e. Brigada
A Brigada é uma unidade essencialmente táctica, não constituindo por isso um elo na cadeia do
apoio de serviços. Ela, no entanto, influencia esse apoio em determinados aspectos, mas apenas
para garantir o melhor êxito das suas operações tácticas.
No caso de conduzir operações independentes (todavia sempre por períodos de curta duração), a
Brigada tem que ser reforçada com elementos de apoio de serviços que, no seu conjunto, não são
mais do que uma parcela de um Comando de Apoio de Serviços Divisionário.
Se se trata de uma Brigada Independente, ela contém em si os elementos de apoio de serviços
indispensáveis (normalmente sob a forma de um Batalhão de Apoio de Serviços).
Quer neste caso, quer no antecedente, a Brigada é um elo na cadeia do apoio de serviços.
O Comandante da Brigada detém responsabilidade territorial sobre a área da sua GU.

35
f. Pequenas Unidades
Nas Pequenas Unidades (PU) (Batalhões e Grupos), os elementos de apoio de serviços existentes
destinam-se a garantir a satisfação das necessidades próprias.
Elas entendem-se directamente com a Divisão (ou com a Brigada Independente) para a resolução
de praticamente todos os assuntos ligados ao apoio de serviços.
É, portanto, na PU, em especial a que combate na frente, que convergem todos os esforços do
apoio de serviços que permanentemente se desenvolvem desde a Zona do Interior. Pode pois
dizer-se que, constituindo esta o primeiro elo da cadeia do apoio de serviços, a PU constitui o
último.

4. CADEIA DE APOIO DE SERVIÇOS NO TO


Pelo exposto nos números anteriores podemos definir a cadeia de Apoio de Serviços no TO, nas suas
duas vertentes:

a. Organizacional
(1) As FTTO com os seus CASA, Comandos Funcionais e Unidades
(2) O CE através do seu CASCE orgânico
(3) A Divisão através do seu CASD orgânico
(4) A Brigada Independente com o seu BApSvc orgânico
(5) O Batalhão ou Grupo através dos seus Pelotões de Apoio

b. Espacial
(1) A Zona de Comunicações por onde passa todo o apoio proveniente da Zona do Interior
(2) A Área de Retaguarda do CE onde o CASCE instalará os seus órgãos
(3) A Área de Retaguarda da Divisão onde o CASD instalará os seus órgãos
(4) A Área de Retaguarda da Brigada Independente onde o BApSvc instalará os seus órgãos
(5) A Área dos Trens de Campanha e dos Trens de Combate do Batalhão ou Grupo

36
CAPITULO V - PROTECÇÃO DA ÁREA DA RETAGUARDA

1. GENERALIDADES
No capítulo III deste Manual, nomeadamente na justificação apresentada para a existência de uma
organização territorial de campanha, salientou-se a necessidade de conjugar acções técnicas de apoio
de serviços com acções operacionais, estas tendentes à salvaguarda da execução daquelas e tudo com
a finalidade de assegurar um apoio contínuo e eficiente às forças combatentes.
Temos consciência que na guerra moderna, as ameaças às áreas da retaguarda, onde se encontram
localizadas a maioria das estruturas de apoio serviços, são maiores que no passado. Instalações que,
outrora, se encontravam naturalmente protegidas, em virtude da distância a que se situavam da frente,
ficam, hoje em dia, dentro do alcance das armas de destruição em massa. Além disso, a extensão das
frentes, a existência de intervalos nos dispositivos e as crescentes possibilidades no campo da
mobilidade aérea e no recurso a forças irregulares contribuem para aumentar a vulnerabilidade das
áreas da retaguarda às acções inimigas.
Face a esta situação, torna-se, cada vez mais, necessário proteger os recursos da área da retaguarda,
de forma a evitar interrupções das operações de apoio de combate e de apoio de serviços.

2. CONCEITO DE PROTECÇÃO DA ÁREA DA RETAGUARDA


A filosofia da Protecção da Área da Retaguarda (PAR) baseia-se no conceito básico de maximizar a
capacidade dos elementos de apoio de combate e de apoio de serviços para se defenderem a si
próprios e se apoiarem mutuamente, diminuindo a necessidade de intervenção de unidades de
combate. No entanto, se a intensidade da ameaça ou da acção inimiga tornar necessária a intervenção
de unidades de combate, tem lugar uma integração progressiva dos meios que pode ir ao ponto de o
controlo das operações de PAR passar do responsável pela área afectada para um comando táctico
específico.
Compreende as medidas tomadas para proteger os recursos de um dado escalão de forças, na sua área
da retaguarda, contra interrupções causadas pela actividade inimiga, sabotagem ou desastre natural.
Como vimos o seu objectivo é evitar interrupções nas operações de apoio de combate e de apoio de
serviços, e para atingir esse objectivo, a PAR divide-se em duas áreas distintas:
- A Segurança da Área da Retaguarda (SAR);
- O Controlo de Danos (CD).

a. Segurança da Área da Retaguarda


As acções de SAR compreendem todas as medidas tomadas antes, durante ou após acções
limitadas inimigas de sabotagem, de infiltração, ou de forças aeromóveis, aerotransportadas ou
irregulares, com a finalidade de impedir essas acções ou reduzir os seus efeitos.
É importante salientar que não se incluem na SAR as acções de defesa aérea activa, por parte de
unidades antiaéreas organizadas, visto que tais acções se enquadram num esquema integrado e
permanente de defesa antiaérea, que não visa específica e exclusivamente a segurança das
retaguardas, mas sim a segurança da unidade ou organização, considerada como um todo.
As acções inimigas de grande envergadura, embora sobre a área da retaguarda, que ponham em
perigo a força como um todo, fazem parte da batalha principal e transcendem o âmbito da
segurança da área da retaguarda.
O planeamento da segurança da área da retaguarda deve considerar os diferentes níveis e
categorias de ameaças e a importância, como objectivo, de cada órgão ou instalação a defender.

37
Os níveis e categorias de ameaças a considerar são as seguintes:
NÍVEL I
- Actividades de agentes controlados pelo inimigo;
- Sabotagens efectuadas por simpatizantes do inimigo;
- Actividades conduzidas por organizações terroristas.
NÍVEL II
- Operações de diversão;
- Missões de reconhecimento e sabotagem conduzidas por unidades de escalão inferior a
Batalhão.
NÍVEL III
- Operações aeromóveis;
- Incursões aerotransportadas;
- Operações anfíbias conduzidas por unidades de escalão Batalhão ou superior.
O planeamento da segurança da área da retaguarda inclui a coordenação das medidas de
segurança entre instalações e unidades, o auxílio àquelas instalações ou unidades que estejam sob
a acção de ataques, o patrulhamento de itinerários e escolta de comboios, a fiscalização de bases
suspeitas de operações de guerrilha e de elementos infiltrados, a neutralização de zonas de
lançamento e aterragem e a procura e destruição de forças inimigas operando nas áreas da
retaguarda.
b. Controlo de Danos
O Controlo de Danos compreende o conjunto de medidas a tomar antes, durante ou depois do
desencadeamento de acções hostis ou de ocorrência de desastres naturais ou provocados pela
acção do homem, com vista a reduzir a possibilidade de danos e a minimizar os seus efeitos.

3. TERMINOLOGIA
a. Área da Retaguarda
Área à retaguarda da zona de combate principal onde se localizam as principais formações de
reabastecimento, manutenção, transporte, centros de transmissões e escalões administrativos.
O STANAG 2079 (OTAN) define Área da Retaguarda como:
(1) A Zona de Comunicações Terrestres.
(2) A parte recuada da Zona de Combate na qual se instalam a maioria dos órgãos logísticos (em
algumas organizações nacionais: Zona de Serviços do Exército).
b. Operações de Combate da Área da Retaguarda
O conjunto de acções tomadas para prevenir, neutralizar ou destruir as ameaças a unidades,
actividades e instalações na área da retaguarda.
c. Zona de Segurança
Posição de uma unidade ou unidades, com um perímetro bem definido, que corresponde a uma
responsabilidade de defesa imediata da unidade ou unidades que a ocupam com meios orgânicos
ou, excepcionalmente, com outros sob seu controlo ou comando operacional.
d. Área de Segurança
É uma área sem perímetro bem definido, contendo várias zonas de segurança organizadas para as
operações de SAR e sob um Comando designado pelo Comandante de um Agrupamento de
38
Apoio de Serviços. O comando e controlo para uma Área de Segurança são fornecidos por um
Centro de Operações de Defesa de Área (CODA).
e. Centro de Operações da Área da Retaguarda
O Centro de Operações da Área da Retaguarda (COAR) é um órgão de planeamento,
coordenação, direcção e controlo das operações de protecção da área da retaguarda do Corpo de
Exército. Constitui parte do Escalão Recuado do CE.
f. Centro de Operações de Defesa de Zona
O Centro de Operações de Defesa de Zona (CODZ) é um órgão de apoio do Comandante da
Zona de Segurança para planeamento e direcção da defesa com os meios orgânicos. Liga-se ao
COAR directamente ou através do CODA.
g. Centro de Operações de Defesa de Área
O CODA é um órgão de apoio ao Comandante da Área de Segurança.
h. Centro de Controlo da Área da Retaguarda
O Centro de Controlo da Área da Retaguarda (CCAR) é um órgão idêntico ao anterior CODA,
com funções semelhantes, que actua junto do CASCE e dos Agrupamentos de Apoio de Serviços.
Presentemente, tendo em consideração o aumento da ameaça às Áreas da Retaguarda, este órgão
foi substituído pelo COAR.
i. Forças de Intervalo
As Forças de Intervalo são forças que se destinam a executar patrulhamentos em áreas sensíveis,
não ocupadas por unidades ou instalações, ou a reforçar a segurança de unidades ou instalações.
Estas forças pertencem, em regra, a unidades de PE.
j. Força de Intervenção
A Força de Intervenção é uma organização de armas combinadas à qual é atribuída a missão de
conduzir a batalha da área da retaguarda. A força de Intervenção pode ser empenhada quando a
ameaça na área da retaguarda excede a capacidade de resposta das Zonas de Segurança e
Unidades de Engenharia e PE. Quando tal acontece, o Comandante da Força de Intervenção
assume o comando de todas as forças na Área de Operações, para efeito de SAR, e conduz o
combate da retaguarda até à destruição da ameaça.
k. Análise de vulnerabilidades
A análise de vulnerabilidades consiste na comparação entre a capacidade de defesa de uma zona
de segurança ou área de segurança e a sua importância como objectivo. Esta análise é utilizada
pelo Comandante para atribuir recursos para as operações da área da retaguarda e operações de
controle de danos na área da retaguarda do CE. É também utilizada para definir o posicionamento
inicial ou o deslocamento de órgãos e instalações do CE a fim de reduzir a sua vulnerabilidade ou
a sua importância como objectivos prováveis e facilitar a rápida recuperação após um ataque.

4. RESPONSABILIDADES DE PAR
a. Generalidades
Na área da retaguarda, todos os comandos são responsáveis pela segurança e controlo de danos
das suas próprias unidades e instalações. A responsabilidade global pela protecção da área da
retaguarda deve ser atribuída a um Comandante, para o efeito designado, o qual será responsável
pela integração dos vários planos de segurança e de controlo de danos locais no planeamento
geral da protecção da área da retaguarda.

39
b. Zona de Comunicações
O Comandante das Forças Terrestres do Teatro de Operações atribui a responsabilidade de PAR,
sobre áreas geográficas específicas aos Comandantes dos Comandos de Apoio de Serviços de
Área (CASA). No CASA é atribuído um COAR a cada Agrupamento de Apoio de Serviços de
Área (AASA) que opera na dependência directa do seu Comandante.
Cada COAR é localizado geograficamente onde melhor possa desempenhar a missão de PAR da
respectiva área de responsabilidade.
c. Área da Retaguarda do CE
(1) Comandante do Corpo de Exército
O Comandante do Corpo de Exército é responsável pela protecção da área da retaguarda em
toda a área do CE, delegando a sua autoridade num subordinado - Oficial de Protecção da
Área da Retaguarda (OPAR) - para dirigir aquela função. O Oficial de PAR é auxiliado por
um COAR que planeia, dirige e coordena a batalha na área da retaguarda, desde o limite à
retaguarda das Div até ao limite à retaguarda do CE; por excepção, e é importante acentuá-lo,
acompanha e supervisa os problemas de segurança à frente do limite à retaguarda da Divisão.
(2) Comandante do CASCE
O Comandante do CASCE acompanha a situação de PAR; integra o planeamento e execução
dos Agrupamentos de Apoio de Serviços; aconselha o Comandante do Corpo (COAR) sobre
as implicações das actividades de PAR no funcionamento de apoio de serviços; em
coordenação com o COAR aprova a execução dos planos de PAR para os Agrupamentos de
Apoio de Serviços. Estabelece a localização geral das unidades de Apoio de Serviços, em
coordenação com o Oficial de Operações e acompanha o trabalho do Agrupamento de Apoio
na análise da vulnerabilidade. É a última autoridade sobre as prioridades das unidades de
apoio de serviços face à análise de vulnerabilidade.
(3) Comandante do Agrupamento de Apoio de Serviços
O Comandante do Agrupamento de Apoio de Serviços supervisa as actividades de protecção
de área da retaguarda nas zonas de segurança localizadas na sua área de responsabilidade a
fim de assegurar um planeamento coordenado. Executa os planos de PAR por forma a garantir
a sobrevivência continua daquelas zonas e áreas de segurança e atribui missões de PAR às Comment:
unidades de apoio de serviços na sua área; coordena pedidos adicionais de auxílio (PE, Eng,
Força de Intervenção, etc.), com o CASCE, COAR do CE e outras organizações. O
Comandante do Agrupamento de Apoio estabelece prioridade das zonas a áreas de segurança
para o estudo da análise de vulnerabilidades, envia a análise ao CASCE para aprovação e
supervisa os dados fornecidos pela área de segurança para a análise de vulnerabilidades.
(4) Comandantes de Zonas de Segurança
Os Comandantes das Zonas de Segurança são responsáveis pela defesa das suas próprias
zonas. Os pedidos de auxílio são transmitidos directamente à PE e ao COAR. As Zonas de
Segurança correspondentes às unidades do CASCE transmitem directamente a análise de
vulnerabilidade ao Agrupamento de Apoio de Serviços (utilizam modelo-tipo implantado pelo
COAR).
(5) Comandantes de Áreas de Segurança
O Comandante duma Área de Segurança coordena as actividades de PAR na área, estabelece
um Centro de Defesa de Área (CODA) com transmissões para as zonas de segurança incluídas
na área e supervisa o planeamento e execução da defesa da área.
(6) Comandante da Brigada de Policia do exército
O Comandante da Brig PE fornecerá auxílio aos Comandantes de zona de segurança, a
pedido, com a capacidade necessária para derrotar forças que constituam uma ameaça até ao

40
nível II. Pode também auxiliar o Comandante da Força de Intervenção para Operações de
Área da Retaguarda na resposta a ameaças de nível III. A Brig PE pode também auxiliar no
planeamento e instrução da defesa das zonas de segurança. Deverá ser estabelecida ligação
com o COAR e mantida coordenação adequada entre o Cmdt da PE, e Comando das zonas e
áreas de segurança grupamentos de apoio de serviços e CASCE a fim de assegurar resposta
rápida às actividades do In através de planos de execução descentralizada para PAR.
(7) Comandante do Agrupamento de Informação e Guerra Electrónica
O Comandante deste Agrupamento fornece apoio de segurança aos Comandantes de zona de
segurança e apoio de informação-guerra electrónica a pedido, ao Comandante da Força de
Intervenção para operações de segurança da área de retaguarda.
d. Área da Divisão
(1) Comandante da Divisão
É o responsável pela protecção da área da retaguarda da Divisão. Delega esta autoridade nos
Comandantes de Brigada, para as respectivas áreas, e no Oficial de PAR da Divisão, um
subordinado, para a área da retaguarda da Divisão.
(2) Oficial de Operações da Divisão (G3)
O G3 da Divisão é o Oficial de Estado Maior primariamente responsável pela PAR. Em
coordenação com o Oficial de Informações (G2), Oficial de Logística (G4) e Oficial de
Assuntos Civis (G5), o Oficial de Operações participa na integração do planeamento e na
execução da PAR. Todas as ordens de Operações contemplam a PAR.
(3) Oficial de PAR da Divisão
O Oficial de PAR da Divisão responde directamente perante o Comandante da Divisão.
Controla a batalha da retaguarda através do Centro de Operações da Área da Retaguarda
(COAR) e recebe apoio do G3. O Oficial de PAR da Divisão encontra-se fisicamente
localizado na área da retaguarda da Divisão.
e. Área da Brigada
O Comandante da Brigada é responsável pela PAR na Brigada. O Oficial de Operações (S3) tem
responsabilidade primária nas Operações de Combate da Área da Retaguarda (OCAR) e o Oficial
de Logística (S4) tem responsabilidade primária no controlo de Danos (CD). Quando necessário
o S4 coordena com as forças de combate para garantir a segurança de Áreas criticas e itinerários
de reabastecimento, escolta de colunas ou enfrentar forças hostis que ameacem impedir ou
entravar o cumprimento da missão de apoio de serviços.
O Estado Maior da Brigada presta a necessária coordenação e assegura que todas as unidades
operando na, ou junto à área de apoio de serviços da Brigada, tomem as necessárias medidas de
PAR.

5. FASES DE EXECUÇÃO DA PROTECÇÃO DA ÁREA DA RETAGUARDA


a. Segurança da Área da Retaguarda
Normalmente consideram-se três fases:
(1) Fase I - Esta fase compreende as medidas tomadas antes que às forças sejam atribuídas áreas
de responsabilidade no TO. Isto pressupõe que, antes da chegada do grosso das
forças ao TO, já existem no território em causa certos elementos, como, por
exemplo, elementos de combate, de informações, de assuntos civis e de transmissões
As medidas desta fase são as seguintes:

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- Análise das informações disponíveis para determinar as condições de ameaça
potencial ou real e classificação do terreno crítico necessário para facilitar a
localização de base ou instalações;
- Planeamento para a dispersão das actividades, se acordo com a ameaça inimiga
com meios NBQ;
- Coordenação das necessidades de transmissões;
- Projecto de definição de limites entre as áreas.
(2) Fase II - Esta fase compreende as medidas tomadas após a chegada do grosso das forças ao
TO.
Tais medidas englobam:
- Reconhecimento, contra-reconhecimento, vigilância, contra-informação e
coordenação com os elementos de SAR naturais do território em causa;
- Identificação e nomeação dos elementos de SAR das forças chegadas ao TO;
- Organização das unidades para as missões operacionais de SAR;
- Montagem das transmissões e testagem dos sistemas de alerta e alarme;
- Elaboração e ensaio de NEP de SAR.
(3) Fase III - Esta fase compreende a utilização das forças de SAR (as chegadas ao TO e, se
possível, também as naturais do território em causa) para:
- Defender unidades, bases e acidentes críticos do terreno ao longo das linhas de
comunicações;
- Escoltar e proteger colunas;
- Localizar e eliminar forças hostis de pequeno volume.
b. Controlo de Danos
Normalmente consideram-se três fases:
(1) Fase I - Esta fase compreende medidas que são muito semelhantes às indicadas quando se
abordou a Fase I da SAR.
Tais medidas são as seguintes:
- Análise, selecção e planeamento das medidas de CD a tomar para minimizar os
efeitos de danificação maciça em instalações críticas necessárias ao apoio das
operações de combate;
- Coordenação das necessidades de transmissões;
- Definição de responsabilidades quanto às actividades de CD.
(2) Fase II - Esta fase compreende medidas preventivas destinadas a evitar ou minimizar os efeitos
de ataque inimigo, acidentes importantes ou desastres naturais, e medidas de
prontidão destinadas à preparação para o inicio das medidas da Fase III.
As medidas desta fase são as seguintes:
- Medidas preventivas
- Dispersão;
- Negação de informações ao inimigo;
- Preparação de abrigos de protecção.
- Medidas de prontidão

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- Nomeação, organização e treino das Equipas de Controlo de Danos;
- Definição de áreas de responsabilidade;
- Montagem de Sistemas de transmissões e alarme;
- Realização de predições preliminares de precipitação radioactiva;
- Determinação do grau de protecção das forças amigas;
- Preparação de planos para restabelecer ou substituir instalações de apoio de
serviços danificadas e destruídas; - Planeamento para prestação de assistência a
baixas em massa e para manuseamento dos mortos.
(3) Fase III - Esta fase inicia-se ao verificar-se a ocorrência de um ataque inimigo, acidente
importante ou desastre natural.
As medidas a tomar durante ou após a ocorrência, são as seguintes:
- Deslocação, para o local da ocorrência, da Secção de Comando da Força de
Controlo de Danos (pertencente ao COAR) ou do Grupo de Comando de
Controlo de Danos, e das Equipas de Controlo de Danos;
- Operações de salvamentos;
- Avaliação dos danos e da situação NBQ;
- Luta contra incêndios;
- Primeiros socorros;
- Evacuação de indisponíveis;
- Fiscalização da circulação;
- Remoção de bombas e explosivos;
- Descontaminação;
- Restabelecimento das transmissões;
- Distribuição de abastecimentos de emergência.

43
CAPÍTULO VI

REABASTECIMENTO

1. INTRODUÇÃO

a. Generalidades

A experiência tem demonstrado que, tendo em conta o volume das actividades, os


efectivos de pessoal envolvido, o número de instalações utilizadas e a influência imediata
no sucesso das operações militares, o reabastecimento assume importância primordial
no conjunto de toda a acção logística das forças terrestres.

Por ser essencial para facilitar a compreensão futura do texto, julga-se conveniente
adiantar desde já que o termo “abastecimento” pretende aludir a todos os artigos
necessários para equipar, manter e fazer actuar as tropas. Assim abastecimentos serão,
por exemplo, um carro de combate, uma arma portátil, um sobressalente para
determinado mecanismo, uma ração alimentar, uma carta topográfica e até,
simplesmente, um lápis.

Daqui resulta entender-se facilmente que o reabastecimento se debruça sobre uma


extensíssima gama de abastecimentos, dos mais complexos e sofisticados até aos mais
simples e rudimentares, prevendo-se que, na década de 90, serão necessários cerca de
100Kg/homem/dia, para garantir o apoio num conflito convencional no TO Europeu.

Quanto à distribuição desses abastecimentos, considerando que a tendência actual se


manterá, aproximar-se-á da seguinte:

- Munições e Armamento 47%

- Combustíveis 25%

- Sobressalentes 15%

- Equipamento e Fardamento 7%

- Víveres 5%

- Medicamentos 1%

44
b. Âmbito da Função Logística Reabastecimento

Conforme já foi referido no Capítulo II deste Manual, a função logística Reabastecimento


abrange todas as actividades cujo objectivo é fornecer todos os artigos necessários para
equipar, manter e fazer actuar as tropas.

Relacionando esta noção com o conceito de “abastecimentos” que acaba de ser


apresentada na alínea anterior, pode então dizer-se, simplificadamente, que a função
logística em estudo abrange todas as actividades cujo objectivo é fornecer
abastecimentos às tropas.

Basicamente corresponde a ALIMENTAR, ATESTAR E MUNICIAR os Sistemas de


Armas.

c. Preceitos Básicos do Reabastecimentos

Tendo em consideração as características do moderno campo de batalha, para


ultrapassar as suas adversidades e cumprir a sua missão, o Reabastecimento tem de Ter
capacidade de resposta, ser rápido e simples na execução.

Para tornar possível esta exigência, a estrutura de reabastecimento deve contemplar:

(1) Um sistema para a constituição de “stocks”, durante o tempo de paz, referentes a


artigos essenciais ao combate, a fim de garantir-se a possibilidade do apoio inicial
até que sejam implementados os procedimentos normais do reabastecimento em
tempo de guerra.

No TO, face aos riscos que correm as grandes concentrações de abastecimentos,


torna-se necessário dar prioridade ao fluxo contínuo de abastecimentos em vez da
constituição de grandes stoks.

Os stoks existentes, de qualquer tipo, não devem estar concentrados, mas sim tão
dispersos quanto a missão, a vulnerabilidade à sabotagem e as actividades de
guerrilha o permitirem.

(2) Pessoal e instalações para receber, armazenar, manter e fornecer os


abastecimentos. (É o sistema de Distribuição de que se tratará adiante).

(3) Uma entidade em cada escalão do sistema de distribuição que reaja às


necessidades mediante ordens para fornecimento ou encaminhamento de pedidos
ao escalão superior, conforme, respectivamente, se trate ou não de abastecimentos
existentes sob o seu controlo.

45
A entidade referida deve ter a sensibilidade para reagir às necessidades da força de
combate, mesmo antes de lhe serem presentes formalmente, já que muitas vezes
não haverá tempo suficiente para esperar que as exigências lhe sejam manifestadas.

(4) Pessoal para planear as actividades do reabastecimento e coordenar e supervisar a


sua execução, para atribuir missões de reabastecimento e para propor e fazer
respeitar critérios e prioridades.

Os planeadores, na execução das suas tarefas, devem fazer uso da iniciativa,


devem informar os seus comandantes dos riscos que os seus planos apresentam e
indicar-lhes a melhor modalidade de apoio e de diminuição desses riscos.

(5) Utilização de equipamento de processamento automático de dados.

Esta utilização, que deve fazer-se conjuntamente com a de um sistema eficiente de


transmissões, visa a compilação e a transmissão de dados de reabastecimento e o
processamento das informações.

Face aos riscos e tendo em consideração a fundamental importância destes centros


na oportunidade do apoio, é necessário designar instalações alternativas com as
quais terá de haver uma troca periférica de dados para que em caso de necessidade
possam assumir as funções de combate.

(6) Sistema de requisições eficaz.

(7) Sistema de controlo de existências (ou gestão de stoks) capaz de fornecer


informações correntes sobre a quantidade, localização e estado dos abastecimentos
existentes; capaz de promover o equilíbrio entre as necessidades correntes e
previstas e os recursos existentes; capaz de dar judioso destino aos abastecimentos
excedentários.

(8) Que o reabastecimento se processe numa base funcional quer na ZComb, quer na
Zona de Comunicações.

(9) Uma estreita coordenação e uma continua troca de informações com os sistemas de
apoio da Zona do Interior.

(10) Uma categorização das missões de reabastecimento, não só para relacionar este
com as outras actividades do apoio de serviços, como também para facilitar a
atribuição de responsabilidades de reabastecimento a determinados níveis de
comando.

De tal categorização, resultam os seguintes tipos de apoio:

46
- Apoio Directo (A/D) de reabastecimento: É o apoio prestado às unidades
consumidoras ou utentes dos abastecimentos.

- Apoio Geral (A/G) de reabastecimento: É o apoio prestado às unidades de


reabastecimento de A/D. (Tentando uma analogia com o que se passa na vida
corrente, digamos que o supermercado pratica o A/D no fornecimento dos artigos
aos seus clientes e que o armazém pratica o A/G ao recompletar as existências
daquele. Mantendo ainda a analogia, acrescente-se que nos TO o A/D fornece os
artigos “a retalho”, enquanto que o A/G os fornece “por grosso”),.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS ABASTECIMENTOS

a. Critérios de Classificação

Tendo em consideração a enorme quantidade de artigos necessários para garantir o


apoio às operações, tornou-se necessário agrupá-los para mais facilmente serem
identificados, processados e fornecidos.

Dos vários critérios que podem presidir à classificação dos abastecimentos - principais e
secundários, caros e baratos, etc - adoptámos um critério que contempla o agrupamento
dos artigos tendo em consideração afinidades de utilização CLASSES DE
ABASTECIMENTOS - e de manuseamento - GRUPOS DE ABASTECIMENTO.

b. Classes de Abastecimentos

De acordo com afinidades de utilização os abastecimentos são distribuídos por dez


classes a saber:

- Classe I - Viveres e artigos de higiene e bem-estar gratuitos.

- Classe II - Vestuário, fardamento, equipamento individual, material de


bivaque, colecções orgânicas de ferramentas, ferramentas manuais e
abastecimentos para administração interna das instalações.

- Classe III - Combustíveis, óleos e lubrificantes: Combustíveis derivados do


petróleo lubrificantes, óleos hidráulicos e isolantes, preservantes,
gases líquidos e comprimidos, produtos químicos a granel,
produtos anticongelantes e de refrigeração e carvão.

- Classe IV - Material de construção, incluindo equipamento instalado e todos os


materiais de organização do terreno e de fortificação.

- Classe V -Munições: Munições de todos os tipos (incluindo armas químicas,


bacteriológicas e especiais), bombas, explosivos, minas,

47
espoletas, detonadores, artifícios pirotécnicos, mísseis, foguetes, compostos
propulsores e outros artigos afins.

- Classe VI - Artigos para uso individual privado, não especificamente militares,


para venda aos militares.

- Classe VII - Artigos completos principais (combinações finais de produtos


acabados que se encontram prontos para utilização), como, por
exemplo, carros de combate, rampas de lançamento, viaturas e
oficinas móveis.

- Classe VIII - Material sanitário, incluindo os respectivos sobressalentes.

- Classe IX - Sobressalentes (excepto os específicos do material sanitário): Todos


os sobressalentes e componentes necessários para o apoio de
manutenção a todo o equipamento, incluindo colecções para reparação,
conjuntos e sub-conjuntos.

- Classe X - Abastecimentos para apoio de programas não essencialmente


militares (como, por exemplo, de desenvolvimento agrícola de uma
dada área) e que não se incluem em qualquer das classes
anteriores.

Para caracterizar melhor os abastecimentos dentro de cada classe utiliza-se a subdivisão


desta em subclasses.

A Subclasse é indicada por uma letra maiúscula colocada imediatamente a seguir à


designação da Classe. A mesma letra pode ser utilizada para definir Subclasses em
diferentes classes de abastecimentos, como é por exemplo, o caso da letra “A” que
indica Aviação do Exército ou aeronave. Assim a classe III A refere-se a combustíveis
para aeronaves e as classes V A e IX A referem-se, respectivamente, a munições e
sobressalentes, também para aeronaves.

Outros exemplos:

- Classe I W - água utilizada na alimentação;

- Classe II B - cartas topográficas não classificadas;

- Classe II E - publicações do Ajudante Geral;

- Classe III E - combustíveis embalados

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- combustíveis embalados e distribuídos (armazenados,
transportados e fornecidos) em recipientes de 5 galões (Jerry
Cans) e bidões de 55 ou depósitos flexíveis de 500 galões.

- Classe III G - combustíveis a granel

- combustíveis embalados e distribuídos em taras superiores às


definidas anteriormente.

c. Grupos de Abastecimentos

Tendo em consideração afinidades de manuseamento, de modo a garantir um fluxo


regular para as unidades operacionais, os abastecimentos são agrupados em 5 grupos
de abastecimentos, a saber:

(1) Abastecimentos Gerais

- Engloba víveres (Classe I), fardamento e equipamento orgânico (Classe II e VII),


material de organização do terreno e fortificação, (Classe IV), combustíveis e
lubrificantes embalados e gases industriais (Classe III E). Também inclui artigos
da classe VI e X excluídos os artigos que são fornecidos por outras fontes, como
sejam o material sanitário e de segurança das transmissões, que são fornecidas
respectivamente pelo canal sanitário e canal da segurança das transmissões.

(Abastecimentos que não necessitam de equipamento especial para serem


manuseados).

(2) Combustíveis a Granel

Combustíveis líquidos normalmente transportados por oleodutos, caminho de ferro,


auto-tanque, veículos cisternas, semi-atrelados, batelões e petroleiros. Estão
também incluídos neste grupo os combustíveis armazenados em tanques ou
contentores com uma capacidade superior a 500 galões.(2000 litros).

(3) Material Pesado

Engloba artigos que requerem processamento especial nos canais de


reabastecimento como, por exemplo, veículos de rodas e lagartas, bocas de fogo
(rebocadas e autopropulsadas) e pontes móveis de assalto.

Também se incluem neste grupo materiais de fortificação e construção (classe IV e


outros artigos da classe VII e X.

(4) Munições

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Pela sua especificidade e criticidade quanto ao seu manuseamento as munições
constituem simultaneamente uma classe - (classe V) - e um grupo.

Inclui: dispositivos com cargas explosivas, propulsantes, pirotécnicas; composições


iniciadoras (detonadores, rastilhos, etc); materiais nucleares, químicos ou biológicos.

(5) Sobressalentes

Abastecimentos da classe IX.

3. GESTÃO DO REABASTECIMENTO

a. Definição

Conjunto de acções tendentes a dar eficácia e eficiência ao reabastecimento, ou seja:

- FORNECER COM A OPORTUNIDADE NECESSÁRIA E COM O MENOR CUSTO


POSSÍVEL, TODOS OS ARTIGOS NECESSÁRIOS PARA EQUIPAR, MANTER E
FAZER ACTUAR AS TROPAS.

b. Funções

Consideram-se funções da Gestão do Reabastecimento, as seguintes:

(1) Determinações das necessidades em abastecimentos;

(2) Requisição ou obtenção dos abastecimentos necessários;

(3) Catalogação, que inclui a identificação do artigo, normalização e


permutabilidade/substituição do artigo;

(4) Armazenagem e distribuição dos abastecimentos para satisfação das necessidades


do utente;

(5) Determinação das necessidades de reparação geral;

- Desenvolvimento de programas de manutenção;

- Direcção dos programas de manutenção.

(6) Fixação do destino a dar aos artigos quando deixam de ser necessários.

A sequência apresentada não terá necessariamente aplicação no caso concreto de um


sistema já em actuação. Pelo contrário, a gestão do reabastecimento abrange a
permanente execução de todas as funções acima indicadas, constituindo estas em ciclo
contínuo portanto sem princípio nem fim.

c. Controlo

É feito através de quatro fases distintas, mas em permanente interacção, a saber:

50
- Estabelecimento de padrões de desempenho;

- Medida do desempenho a ser controlado;

- Comparação do desempenho actual com o padrão;

- Tomada de acções correctivas para ajustamento ao padrão.

O controlo de toda a Gestão do Reabastecimento, tendo em consideração as fases


indicadas, apoia-se num sistema de informação e pretende conseguir o melhor
balanceamento possível entre a totalidade das disponibilidades (a “oferta) e a totalidade
dos pedidos (a “procura”) com vista a:

- garantir a satisfação-oportuna das necessidades;

- evitar a acumulação de abastecimentos excedentários;

- determinar as quantidades dos abastecimentos disponíveis para redistribuição ou


outros destinos.

d. Estrutura para a Gestão do Reabastecimento no TO

Não existe a intenção de desenvolver este assunto no presente Manual, mas tão
somente anotar alguns aspectos que possam contribuir para que, sobre ele, se obtenha
uma visão muito geral.

Abordaremos, assim muito levemente, os órgãos que conferem realidade física à


estrutura em causa.

São os CENTROS DE GESTÃO DE MATERIAL (CGM), Centros Funcionais de Controlo


que garantem a Gestão Integrada das Funções REABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO.

Estes órgãos, sob o controlo operacional do Chefe da Repartição de Material da


organização a que pertencem, realizam a gestão integrada do reabastecimento de todas
as classes (excepto a classe VIII) e de todas as actividades de manutenção.

O CGM funciona como uma extensão do gabinete do Chefe da Repartição de Material.

Para dar uma ideia da sua constituição, tomemos como exemplo o CGM do CE, orgânico
do seu CASCE. Fig. VI-1

Estes Centros Funcionais de Controlo encontram-se distribuídos e são identificados


como seguidamente se indica:

- No escalão FTTO : Centro de Gestão de Material (CGM), no Comando das FTTO


e um outro, pertencente o Comando de Apoio de Serviços de
Área (CASA)

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- No escalão Corpo de

Exército : Um CGM no CASCE

- No escalão Divisão : Um CGM no CASD

- No escalão Brigada

Independente : Um CGM no BApSvc

Todos os Centros Funcionais indicados são apoiados por unidades de processamento


automático de dados, o que está de acordo com um dos preceitos básicos do
reabastecimento, já estudados.

Como vimos, as actividades destes Centros não se circunscreve aos problemas de


gestão do reabastecimento, pois lhes compete também actuar no campo da gestão da
manutenção conforme se verá quando abordarmos a função logística Manutenção.

Mas, dentro do âmbito da função logística que agora se estuda (Reabastecimento),


saliente-se para finalizar, o seguinte:

Os CGM dos BApSvc das Brigadas Independentes e os CGM dos Comandos de Apoio
de Serviços Divisionários encontram-se ligados electronicamente ao CGM do CASCE;
este, por seu turno, encontra-se ligado ao CGM do Comando das FTTO e dos CASA (na
ZCom) e também ao centro competente da Zona do Interior, (Centro de Controlo do
Inventário - CCI). Também, os CGM das FTTO e do CASA se encontram ligados ao
competente CCI da ZInt.

Em cada escalão, o CGM é o “cérebro” que regula as actividades de reabastecimento,


mediante a recepção das requisições, a comparação das necessidades com as
existências, a emissão de ordens de fornecimento às unidades de reabastecimento
consideradas em melhores condições de o executar e à colocação de requisições no
CGM do escalão apoiante, caso as existências, no escalão considerado, não permitam a
satisfação das requisições recebidas.

Ainda de referir que os CGM se encontram também ligados a outros Centros Funcionais
de Controlo que actuam no âmbito da função logística “Transporte” e que serão objecto
de referência na altura própria.

4. RESPONSABILIDADES DE REABASTECIMENTO NOS VÁRIOS ESCALÕES

a. Comandante do Teatro de Operações

Esta entidade deve assegurar que as forças do TO recebam um apoio adequado de


reabastecimento. Como regra geral, cada um dos três ramos das Forças Armadas é

52
responsável pelo apoio de reabastecimento às suas próprias forças, a não ser que seja
superiormente estabelecido um procedimento diferente.

Quando seja necessário, o Comandante do TO poderá fazer reatribuição de


abastecimentos entre as Forças Terrestres, Navais e Aéreas do TO.

b. Comandante das Forças Terrestres do Teatro de Operações

Esta entidade detém a responsabilidade do fornecimento de abastecimentos às Forças


Terrestres nacionais do TO, podendo também detê-la quanto ao apoio de
reabastecimento a prestar às Forças Navais e Aéreas nacionais do TO e a outros
consumidores, se assim lhe for determinado.

Em linhas muito gerais, o Comandante das FTTO promove a elaboração e difusão de


planos genéricos de reabastecimento e de directivas para orientação dos seus principais
comandos subordinados, estabelece critérios relativamente às prioridades de atribuição
dos recursos entre os mesmos comandos, fixa níveis de abastecimentos para estes, de
acordo com os níveis fixados para o TO, atribui unidades de reabastecimento a
comandos subordinados com missão de reabastecimento e opera o CGM das FTTO.

c. Principais Comandos Subordinados na Zona de Comunicações

(1) Generalidades

Excepto para os abastecimentos em relação aos quais as Forças Navais e Forças


Aéreas têm responsabilidade, o Comandante das FTTO fornece abastecimentos às
Forças Terrestres no TO e também às Forças Navais, Aéreas e Aliadas e a
organismos civis, se assim tiver sido determinado.

O comandante das FTTO não se envolve no pormenor das operações de


reabastecimento nem nas operações de rotina. No que respeita ao accionamento do
reabastecimento, a sua responsabilidade é concretizada através de um ou mais
Comandos de Apoio de Serviços de Área (CASA), Brigadas e/ou Agrupamentos e
Comandos de Engenharia (CmdEng), Comando das Transmissões das FTTO
(CmdTmFTTO) (apenas controlo operacional), na forma que seguidamente se
expõe.

(2) Comandante do Comando de Apoio de Serviços de Área (CASA)

O Comandante do CASA é responsável perante o Comandante das FTTO pelo


reabastecimento de A/G e de A/D, este através dos seus Agrupamentos de Apoio de
Serviços de Área (AASA), de todos os artigos excepto, material sanitário, de
segurança das Transmissões e cartas topográficas, às forças em trânsito ou
localizados na ZCom e a outras forças conforme for determinado.
53
O CASA pode também assegurar reabastecimento de A/G aos Corpos de Exército,
relativamente a artigos seleccionados conforme for determinado pelo Comandante
das FTTO.

(3) Comandante do Comando de Engenharia

O Comandante do Comando de Engenharia é responsável pelo fornecimento de


reproduções de informação topográfica e de geografia militar, incluindo cartas
topográficas, mosaicos fotográficos e dicionários geográficos a todas as Forças
Terrestres e a outros organismos conforme for determinado.

(4) Comandante do Comando Sanitário

O Comandante do Comando Sanitário é responsável pelo reabastecimento de A/D e


A/G de material sanitário às unidades na ZCom e pelo reabastecimento de A/G de
material sanitário aos Corpos de Exército.

(5) Comandante do Comando de Transmissões das FTTO

O Comandante do Comando de Transmissões é responsável pelo apoio logístico de


segurança das Transmissões ao Teatro de Operações.

d. Principais Comandos Subordinados na Zona de Combate

(1) Comandante do Corpo de Exército

O Comandante do Corpo de Exército reabastece as unidades do CE e, conforme for


determinado, outras forças. A sua responsabilidade de reabastecimento é
concretizada por intermédio do Comando de Apoio de Serviços de Corpo de Exército
(CASCE).

(a) Comandante do Comando de Apoio de Serviços do Corpo de Exército

O Comandante do CASCE é responsável perante o Comandante do CE pelo


reabastecimento de A/G às unidades endivisionadas do CE e pelo
Reabastecimento de A/D às unidades não endivisionadas do CE. É
primariamente responsável pelo planeamento e execução das missões de apoio
de serviços atribuídas.

(b) Comandante do Agrupamento de Apoio de Serviços

Os Agrupamentos de Apoio de Serviços são os principais comandos


subordinados do CASCE. O Comandante do Agrupamento de Apoio de Serviços
é responsável perante o Comandante do CASCE pelo reabastecimento às
forças conforme for determinado.

54
(2) Comando de Divisão

O Comandante da Divisão reabastece as unidades atribuídas ou de reforço à sua


Divisão. A sua responsabilidade de reabastecimento concretiza-se através do
Comando de Apoio de Serviço Divisionário (CASD).

(a) Comandante do Comando de Apoio de Serviços Divisionário

O Comandante do Comando de Apoio de Serviços Divisionário é o principal


delegado da Divisão para a execução do apoio de reabastecimento. É
responsável perante o Comandante da Divisão pelo planeamento do
reabastecimento bem como pelo acompanhamento da sua execução.

Assegura o A/D de reabastecimento a todos os elementos orgânicos ou de


reforço à Divisão.

(3) Comandante da Brigada Independente

O Comandante da Brigada Independente reabastece as suas unidades através de


um Batalhão de Apoio de Serviços. Ele assegura o A/D de reabastecimento a todos
os elementos orgânicos ou de reforço à Brigada.

(4) Outros Comandantes

Os Comandantes de outras unidades independentes reabastecem os seus próprios


elementos e dão conhecimento das suas necessidades ao respectivo escalão
apoiante.

5. TERMINOLOGIA

Antes de iniciarmos o estudo das Operações do Reabastecimento é indispensável o


conhecimento do significado de alguns termos que se ligam à função logística agora em
estudo e cujo entendimento é fundamental para a concretização de qualquer planeamento.

a. Nível

Quantidade de abastecimentos cuja posse é autorizada ou ordenada com vista à


satisfação de necessidades futuras.

Trata-se de uma designação geral utilizada para fins de planeamento e no controlo das
operações do reabastecimento.

Os níveis podem ser expressos em termos de “dias de abastecimentos ou de


quantidades por artigo.

b. Dia de Abastecimentos

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Quantidade média de abastecimentos calculada como necessária para uma dada força
no período de um dia.

Pode ser expressa como um factor, por exemplo, toneladas ou quilos por homem por dia,
ou tiros por arma por dia.

c. Volante de Abastecimentos

Quantidade de abastecimentos necessária para assegurar o apoio das operações no


intervalo entre dois fornecimentos sucessivos.

d. Nível de Segurança

Quantidade de abastecimentos, para além do Volante, que é necessário ter em mão com
vista a assegurar a continuidade das operações no caso de pequenas interrupções no
ritmo normal dos fornecimentos ou de flutuações imprevisíveis das necessidades.

e. Nível Máximo

Quantidade máxima de abastecimentos cuja posse é autorizada para apoiar as


operações em curso e para satisfazer necessidades imprevisíveis.

Consiste na soma das quantidades representadas pelo Volante e pelo Nível de


Segurança.

f. Tempo Entre Pedido e Satisfação

Quantidade de abastecimentos, à ordem, necessários para satisfazer a Força, durante o


tempo que medeia entre a requisição dos abastecimentos e a recepção destes.

g. Objectivo de Requisição

Quantidade máxima de abastecimentos autorizada para ter em mão e à Ordem, com


vista ao apoio das operações em curso.

Consiste na soma das quantidades representadas pelo Volante, pelo Nível de Segurança
e pelo Tempo Entre Pedido e Satisfação.

h. Ponto de Requisição

Quantidade de abastecimentos, em mão e à ordem, que traduz a altura em que uma,


requisição tem que ser enviada, com vista à reconstituição do objectivo de requisição.

O nível máximo será reposto após o tempo entre pedido e satisfação.

Consiste na soma das quantidades representadas pelo Nível de Segurança e pelo


Tempo Entre Pedido e Satisfação.

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A Figura VI-2 ilustra, lançando mão de um sistema de eixos coordenados, as noções
apresentadas. Expliquemo-la:

Admitamos que o exemplo figurado respeita a um dado órgão de reabastecimento, No


eixo das ordenadas representam-se quantidades de abastecimentos, expressos em dias
de abastecimentos, e no das abcissas representa-se tempo, expresso em dias.

O órgão em causa tem um Nível de Segurança de 15 dias de abastecimentos, o Volante


é de 15 dias e o Tempo Entre Pedido e Satisfação é de 45 dias.

Uma recta paralela ao eixo das abcissas e que corresponde ao Nível de Segurança,
marca a quantidade de abastecimentos de que se fará consumo apenas se se
verificarem pequenas interrupções no ritmo normal dos fornecimentos.

Este ritmo corresponde a um fornecimento feito de 15 em 15 dias, pois é de 15 dias de


abastecimentos o valor do Volante. Portanto, se tudo decorre normalmente, o órgão em
causa recebe um Volante todos os 15 dias, o que nos permite marcar esses intervalos de
tempo ao longo do eixo das abcissas.

Com base nas noções já apresentadas, é fácil constatar que o Nível Máximo é de 30 dias
de abastecimento (Nível de Segurança + Volante de Abastecimentos),o qual contudo
apenas existe com tal valor nos dias de recepção do Volante (aos 15 dias, 30, 45, 60, 75,
etc).

Admitamos que no dia zero (origem de sistema de eixos o órgão em causa ainda tem
intacto o seu Volante e que, à sua ordem no órgão que o apoia, existem 45 dias de
abastecimentos (a quantidade correspondente ao Tempo Entre Pedido e Satisfação), já
requisitados do antecedente.

Feita essa marcação no eixo das ordenadas, verifica-se então que no tempo zero o
órgão de reabastecimento tem a quantidade máxima de abastecimentos, em mão e à
ordem, que na realidade pode Ter (Nível Máximo + Quantidade correspondente ao
Tempo Entre Pedido e Satisfação, ou seja, o Objectivo da Requisição - 75 dias).

Apenas falta agora ilustrar o conceito de Ponto de Requisição. Para tal coloquemo-nos
no tempo 15. Neste ponto acaba de ser consumido o Volante e um novo Volante é
recebido. Como é exactamente nessa altura que a quantidade de abastecimentos em
mão e à ordem equivale à soma do Nível de Segurança (15 dias) com a quantidade
equivalente ao Tempo Entre Pedido e Satisfação (45 dias), ou seja 60 dias de
abastecimentos, há que enviar uma primeira requisição para 15 dias de abastecimentos
(Volante). Portanto, o tempo 15 é o equivalente ao Ponto de Requisição. Essa primeira

57
requisição passará então a representar mais 15 dias de abastecimentos à ordem do
órgão em causa.

Continuando, verifica-se que no tempo 30 se esgota de novo o Volante e de novo se


recebe outro Volante. É outro Ponto de Requisição, pois nessa altura a quantidade de
abastecimentos em mão e à ordem volta a ser igual à soma do Nível de Segurança com
a quantidade equivalente ao Tempo Entre Pedido e Satisfação.

No caso presente, o Ponto de Requisição é sempre de 60 dias de abastecimentos e tem


lugar aos tempos 15, 30, 45, 60, 75, 90, etc

Para finalizar, refira-se apenas que a primeira requisição é satisfeita ao tempo 60, a
Segunda ao tempo 75, a terceira ao tempo 90, e assim sucessivamente.

i. Lista de Níveis Orgânicos (LNO)

Relação de abastecimentos essenciais ao combate (excepto Classe V) cuja posse por


uma unidade é autorizada a fim de garantir a sua contínua operacionalidade.

j. Lista de Níveis de Apoio (LNA)

Relação de todos os artigos cuja posse é autorizada em unidades de apoio de serviços


de um dado escalão para cumprimento da sua missão reabastecimento.

6. OPERAÇÕES DO REABASTECIMENTO

As actividades que o reabastecimento integra são variadas e a elas já se fez referência


quando se tratou, em 3. B., das funções da Gestão do Reabastecimento.

Pondo de lado algumas das funções então ali mencionadas, pode considerar-se, num
esforço de sistematização, que tais actividades correspondem, fundamentalmente, às
seguintes operações:

DETERMINAÇÃO DAS NECESSIDADES.

PROCURA E OBTENÇÃO DOS ABASTECIMENTOS.

DISTRIBUIÇÃO.

7. DETERMINAÇÃO DAS NECESSIDADES

A determinação das necessidades é o cálculo de todos os abastecimentos que são


necessários para o equipamento, manutenção e actuação das tropas durante um dado
período de tempo ou para executar um determinado plano operacional e podem classificar-
se da seguinte forma:

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a. Necessidades para Apoio Inicial

Visam assegurar os fornecimentos iniciais de abastecimentos e inclui as necessidades


para constituição de stocks que garantam a continuidade das operações até à entrada
em funcionamento do sistema normal de reabastecimento.

b. Necessidades para Substituição e Consumo

Visam a manutenção do equipamento inicial nos quantitativos autorizados, mediante o


recompletamento dos abastecimentos consumidos, perdidos, contaminados ou
destruídos.

c. Necessidades para Constituição de Reservas

Estas necessidades referem-se a abastecimentos destinados a garantir a continuidade


das operações até que o reabastecimento possa ser executado.

d. Necessidades para Fins Especiais

Referem-se aos abastecimentos adicionais que permitam aos principais comandantes o


apoio a operações específicas, e a contingências dentro de uma área geográfica
definida. Nas fases iniciais de mobilidade de forças, ou operações de contingência, as
necessidades são na sua grande maioria, necessidades para o apoio inicial, enquanto
que em fases posteriores a maior parte das necessidades é representada pelas
necessidades para substituição e consumo.

(1) A Determinação das Necessidades Face às Classes de Abastecimentos.

Facilmente se compreende que a determinação das necessidades não apresenta


igual simplicidade para os abastecimentos de todas as Classes. Com efeito, para
alguns, os cálculos podem basear-se em dados de tradução matemática
relativamente simples, enquanto que, para outros, eles têm que basear-se em
previsões, com todo o carácter aleatório que estas envolvem.

Assim, por exemplo, é relativamente fácil determinar as necessidades dos


abastecimentos da Classe I, pois que o seu consumo é directamente proporcional
aos efectivos.

Mas a facilidade já é menor quanto aos abastecimentos da Classe III utilizados em


viaturas, cujo consumo, embora esteja na razão directa do número de viaturas e da
distância a percorrer, depende ainda das características do terreno, das condições
meteorológicas, da situação táctica que se vive e até do estado mecânico das
próprias viaturas. A facilidade será ainda menor para o caso dos abastecimentos da

59
Classe V utilizados pelas armas, pois que apesar de o seu consumo variar na razão
directa do número destas, a intensidade das operações e o seu tipo influenciam-no
de uma forma dificilmente quantificável.

Por exclusão, diga-se então que os restantes abastecimentos, das Classes III e V e
bem assim todos os das Classes II, IV, VI, VII, VIII, IX e X, têm um consumo ou
desgaste praticamente imprevisível, o que torna muito difícil a determinação das
correspondentes necessidades. Para estes casos, os cálculos baseiam-se em dados
estatísticos como fruto da experiência colhida em anteriores operações, o que não
deixa de ser falível, dada a insegurança de qualquer tentativa de extrapolação no
progresso evolutivo da guerra.

8. PROCURA E OBTENÇÃO DOS ABASTECIMENTOS

Os abastecimentos necessários a um TO provêm de dois tipos de origens:

ORIGENS EXTERIORES AO TO;

ORIGENS DENTRO DO TO.

De entre as origens exteriores ao TO, contam-se a Zona do Interior, outros TO e países


aliados. Nas origens dentro do TO, incluem-se a exploração dos recursos locais, fabrico,
canibalização controlada, captura de material inimigo e aproveitamento de abastecimentos
através de reparação.

a. Obtenção a partir de exteriores ao TO

(1) Fornecimento proveniente da Zona do Interior

Para a maior parte dos abastecimentos necessários a um TO, o método normal é o


fornecimento a partir da ZInt com base na satisfação de requisições. No entanto os
Centros de Controlo do Inventário (CCI) da ZInt em coordenação com os Centros de
Gestão de Material (CGM) do TO, numa base pré-planeada, pode fornecer
abastecimentos a um TO recentemente estabelecido ou a uma área operacional no
qual não se encontra ainda desenvolvido um sistema de reabastecimento. Tais
fornecimentos não são automáticos mas pedidos da frente pelo destinatário. O
sistema de reabastecimento da ZInt pré-planeia e pré-determina as necessidades de
abastecimentos e normalmente desenvolve-se em conjugação e com base nos
planos operacionais do Comandante das FTTO. Logo que o TO adquire controlo
sobre todas as suas actividades de reabastecimento, envia às entidades
competentes da ZInt elementos de informação que constituem uma base para
alterar, se necessário, o fluxo dos artigos. Com base nas propostas do Comandante

60
do TO, o Departamento do Exército estabelece a data a partir da qual cessa e
reabastecimento pré-planeado.

(2) Fornecimento proveniente de outros Teatros de Operações

Este tipo de fornecimento é superiormente dirigido pelo Departamento do Exército,


tendo em conta os abastecimentos excedentes noutros TO ou alterações a introduzir
na prioridade do esforço operacional entre os vários TO constituídos.

b. Obtenção dentro do Teatro de Operações

A utilização de origens dentro do TO economiza tempo e transportes, reduz o volume de


trabalho do sistema de reabastecimento e conserva os recursos da ZInt.

(1) Exploração dos recursos locais

Na obtenção local dos recursos são considerações a Ter em mente os necessários


acordos a estabelecer com os governos aliados (caso se trate de território amigo) e
as necessidades da população local.

Entre os recursos locais que se consideram úteis contam-se os abastecimentos e a


prestação de determinados serviços, como sejam transportes, construção, serviços
de utilização geral e mão de obra.

Quanto aos abastecimentos, os mais desejáveis são cuja obtenção local economiza
o maior espaço nos meios de transporte da ZInt. São exemplos os víveres, os
combustíveis sólidos e líquidos e materiais de construção.

A obtenção pode conseguir-se através das seguintes modalidades:

- Compra;

- Requisição;

- Contribuição de guerra;

- Confiscação.

Na compra, os abastecimentos e prestação de serviços são pagos na moeda


nacional corrente, com preços fixados pelo vencedor.

Na requisição, a obtenção tem um carácter de certa exigência, pois os preços dos


pagamentos são fixados pelo requisitante sem que o vendedor tenha direito de
opção.

A contribuição de guerra é uma exigência de somas em dinheiro.

61
Finalmente, a confiscação consiste na apreensão, devidamente autorizada, dos
recursos para utilização militar.

O comandante do TO emite directivas gerais quanto aos procedimentos a adoptar na


exploração dos recursos locais, em conformidade com as leis e costumes locais, as
leis da guerra e as instruções recebidas da ZInt.

Por sua vez, o Comandante das FTTO faz publicar instruções e directivas para
execução, sob a forma de planos de obtenção, e coordena com os comandos
laterais e com o governo local.

O Comandante da FTTO é normalmente responsável pela exploração dos recursos


locais para o TO como um todo. Contudo, nos casos em que as condições de
obtenção o aconselham, pode ser dada aos principais comandantes subordinados
uma autoridade limitada nesse campo.

(2) Aproveitamento de abastecimentos através de reparação

Este procedimento leva a que os abastecimentos que não estão em condições de


serviço passem a ser utilizáveis e fá-los regressar ao sistema de reabastecimento
com vista ao seu posterior fornecimento.

O aproveitamento de partes de artigos não economicamente reparáveis através de


um programa de canibalização constitui também uma importante origem de
reabastecimento.

9. DISTRIBUIÇÃO

a. Definição

A distribuição é a operação de reabastecimento que agrupa as actividades de recepção,


identificação, loteamento por artigo, armazenagem e transporte dos abastecimentos e o
fornecimento destes ou a fixação do destino final a dar-lhes.

b. Sistema de Distribuição

Tal como já foi aflorado em passo anterior deste Manual, o Sistema de Distribuição é o
conjunto dos meios (humanos e materiais) e processos, necessários à realização das
actividades referidas em a..

c. Preceitos Básicos da Distribuição

Consideremos os seguintes:

62
(1) O Sistema de Distribuição tem que ser prontamente adaptável às alterações da
situação.

(2) Devem existir em mão abastecimentos suficientes para permitir a substituição do


consumo de cada dia antes do início das operações do dia seguinte, sempre que
possível.

(3) Os abastecimentos devem localizar-se por forma a reduzir demoras na satisfação


das necessidades.

(4) O Sistema de Distribuição tem que utilizar das forma mais eficiente os meios de
transporte disponíveis e eliminar desnecessários transbordos e manuseamentos
múltiplos dos abastecimentos.

(5) Cada comandante deve ter sob o seu controlo apenas os abastecimentos
estritamente necessários ao cumprimento da missão da sua unidade

d. Requisição

(1) Generalidades

O Sistema de Reabastecimento começa pelo estabelecimento de uma necessidade


do utilizador. Esta necessidade pode ser declarada de várias maneiras diferentes
mas na generalidade é um pedido ou uma previsão de qualquer espécie.

A requisição é assim, a colocação desse pedido de abastecimento no órgão de


reabastecimento.

Estes pedidos podem ser formulados por meio de:

- Pedidos verbais ou por mensagem;

- Estimativas;

- Pedidos contra créditos;

- Mapas de situação de abastecimentos;

- Apresentação de artigos inutilizados ou recipientes vazios;

- Documentos formais e completos, de acordo com modelos impressos para o


efeito.

Os tipos de requisições a usar dentro de um TO variam consoante as Classes


dos abastecimentos, em virtude das diferenças existentes nas características
físicas e nos métodos de manuseamento daqueles. O emprego do equipamento

63
de processamento automático de dados, a transmissão rápida e a utilização de
uma só requisição para cada tipo de abastecimentos aceleram, obviamente, o
processamento.

Esquematicamente, pode dizer-se que a actuação do sistema de distribuição se


inicia com a apresentação de pedidos por parte de unidades utentes ou de órgãos
de reabastecimento.

Quanto à frequência da apresentação das requisições, ela é uma prerrogativa do


requisitante, pois que, excepção feita ao que se passa com os viveres, o sistema de
distribuição normalmente não estabelece qualquer programa-horário para o efeito.

Na ZComb as requisições dimanam do Centro de Gestão de Material da Divisão e da


Brigada Independente e das unidades de A/D ou A/G, para onde são dirigidos os
pedidos das unidades não endivisionadas para o CGM do CASCE.

Se estiverem disponíveis, o CGM determinará que uma unidade de A/G forneça os


abastecimentos a uma unidade de A/D. Se não estiverem disponíveis, as requisições
seguem do CGM do CASCE para o CGM do Comando das FTTO, que accionará a
base de apoio da Zona de Comunicações. No caso de impossibilidade de satisfazer
o solicitado com os níveis das FTTO, o pedido será colocado, pelo CGM das FTTO,
ao CCI competente da Zona do Interior.

Para os artigos entregues por meios aéreos os pedidos vão directamente do CGM
do CASCE para o correspondente CCI da Zona do Interior.

As requisições provenientes das unidades de A/D e A/G na ZCom são enviadas para
o CGM do CASA onde está localizada a Unidade requisitante. Na impossibilidade de
satisfazer o pedido, este será colocado ao CGM do Comando das FTTO que ligará
com o competente CCI da Zona do Interior, dando este ordem aos Depósitos para
remeterem os respectivos abastecimentos às unidades no TO. O Centro de Controlo
de Movimentos (CCM) das FTTO, em coordenação com o CGM, também das FTTO,
controla as remessas no trajecto para as unidades de apoio.

Para finalizar este apontamento quanto às requisições, convém referir que nem
sempre o trajecto dos pedidos de abastecimentos se processa exclusivamente ao
longo do Sistema de Distribuição.

Há casos em que tais pedidos devem obrigatoriamente seguir o canal de comando,


pois os correspondentes fornecimentos exigem aprovação do Comando em cada
escalão. Tal procedimento permite que, num escalão, o respectivo Comandante
possa interferir activamente na apreciação dos pedidos apresentados pelos

64
Comandos seus subordinados (daqui resultando que pode alterá-los) e também na
atribuição de prioridades aos consequentes fornecimentos. Assim, os elementos do
Sistema de Distribuição intervém apenas para dar conta das disponibilidades
existentes e para ordenarem os fornecimentos se estes vierem a ser aprovados.

De entre os casos aludidos ressaltam os dos “Artigos críticos” (“artigos regulados” e


“controlados”), expressões já algumas vezes mencionadas anteriormente neste
Manual, mas ainda não esclarecidas.

Julga-se que para tal esclarecimento é suficiente referir o que significam tais
expressões:

- Artigo crítico: Todo o artigo sobre cuja existência recai um apertado


controlo dos Comandos.

As razões da criticidade podem filiar-se em factores de ordem primariamente


logística ou táctica, tomando respectivamente as designações de:

- Artigo Regulado: Todo o artigo sobre cuja distribuição recai apertado controlo,
em virtude de em si concorrerem uma ou mais das
seguintes condições:

- Escassez;

- Elevado custo;

- Alto tecnicismo;

- Alto grau de perigo no seu manuseamento.

Os artigos regulados constam de uma lista elaborada pelo Departamento do Exército


para todo o TO e só esse escalão é que tem competência para autorizar o
fornecimento desses artigos.

Por questões de eficácia no apoio, o Departamento de Exército pode delegar


competência no Comandante das FTTO para, em seu nome, autorizar o
fornecimento.

- Artigo Controlado: Todo o artigo cuja distribuição em Comandante Táctico


considera de extrema importância para a execução das
operações da sua GU, projectadas ou em curso.

Os artigos controlados são anunciados, aos Comandos subordinados, pelo


Comando que decide tal qualificação, e todos eles necessitam da autorização
do Comandante que os quer controlar para poderem ser fornecidos.

65
e. Armazenagem

Os abastecimentos armazenados ou em trânsito têm que ser objecto de cuidados e de


protecção para se garantir que estarão disponíveis nas melhores condições quando se
tornem necessários.

A armazenagem tem que ser planeada por forma a que os abastecimentos estejam
permanentemente acessíveis (mesmo durante uma rápida expansão ou concentração da
área) e o espaço seja eficientemente aproveitado. Além disso, ela deve ser concebida
para garantir eficiência na recepção, na manutenção, no fornecimento e no controlo de
existências dos abastecimentos.

A armazenagem pode ser feita a coberto ou a céu aberto, consoante, respectivamente, a


área considerada disponha ou não de cobertura de protecção. Neste último caso é
indispensável dispor-se de pavimento duro e de um adequado sistema de drenagem. Os
abastecimentos são armazenados em determinados tipos de órgãos, a saber:

- Depósitos;

- Centros de Reabastecimento;

- Locais de Reabastecimentos;

- Terminais de Transportes.

(1) Depósitos

O Depósito é o órgão básico de armazenagem e fornecimento do sistema de


distribuição e existe na Zona do Interior. Poderá também encontrar-se na ZCom do
TO.

A missão atribuída a um Depósito pode incluir qualquer combinação das actividades


de recepção, armazenagem, controlo de existências, manutenção e fornecimento
dos abastecimentos.

(2) Centros de Reabastecimento

O Centro de Reabastecimento /CR) armazena e fornece uma gama de


abastecimentos que se limita aos de mais frequente procura por parte das unidades
utentes.

Sendo um órgão montado e accionado por unidades de reabastecimento de A/G, ele


executa fornecimentos aos órgãos montados pelas unidades de reabastecimento de
A/D (os Locais de Reabastecimento), dentro do conceito de apoio já apresentado
quando se indicaram os preceitos básicos do reabastecimento.

66
Pode dizer-se que é, primariamente, um órgão típico do escalão Corpo de Exército,
encontrando-se portanto a sua maior densidade de posicionamento nas Áreas das
Retaguardas dos CE.

(3) Locais de Reabastecimento

À semelhança do que se passa com o CR, o Local de Reabastecimento (LR)


também armazena e fornece uma gama de abastecimentos que se limita aos de
mais frequente procura por parte das unidades utentes.

Sendo um órgão montado por unidades de reabastecimento de A/D, ele executa


fornecimentos directamente às unidades utentes.

É um órgão típico do escalão Divisão, uma vez que esta assegura o reabastecimento
de A/D aos seus elementos, mas também existe ao nível Corpo de Exército e ao
nível FTTO. Por outras palavras, o LR surge dessiminado através de todo o TO,
montado e accionado:

- Na Zona de Combate, pelos Comandos de Apoio de Serviços Divisionários, pelos


BApSvc das Brigadas Independentes e pelas unidades de reabastecimento de
A/D do CASCE.

- Na Zona de Comunicações, pelas unidades de reabastecimento de A/D dos


AASA do casa.

(4) Outros órgãos não essencialmente de armazenagem

(a) Os Terminais de Transporte, que podem ser ferroviários, rodoviários, de


condutas (“pipelines”), fluviais, marítimos e aéreos, armazenam os
abastecimentos com carácter temporário, visto que, normalmente, se trata de
abastecimentos em trânsito e a aguardar ulterior destino e como tal estão
afectos ao sistema de Transportes.

(b) Locais de Distribuição (LD): Trata-se de um órgão não classificado aqui como
sendo de armazenagem, uma vez que, sendo típico do escalão Batalhão ou
Grupo, se limita a fornecer os abastecimentos às sub-unidades respectivas e
nem o volume daqueles, nem o seu tempo de permanência no órgão justificam
tal classificação.

f. Níveis

Relacionado com a actividade de distribuição em geral, mas especificamente ligado às


operações de armazenagem, surge o problema dos níveis de abastecimentos.

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O Departamento do Exército estabelece os níveis das FTTO em termos de dias de
abastecimentos, os quais normalmente são diferentes para as várias Classes dos
abastecimentos e convém que sejam convertidos em quilos por homem por dia ou em
outras unidades quantitativas. Em conjunto, tais níveis constituem o Nível Máximo do
escalão considerado. O Nível Máximo do TO representa a máxima quantidade de
material que pode ser mantida em mão para apoiar as operações em curso.
O Comandante das FTTO estabelece todos os níveis para os principais comandos
subordinados na ZComb e na ZCom.

Os níveis nos vários escalões das FTTO não são fixos.

A título meramente informativo, poderemos considerar, na ZComb, os seguintes níveis de


armazenagem, para todas as classes de abastecimentos, com excepção dos artigos da
classe VIII e respectivos sobressalentes.

(1) - Área de Brigada: 1 a 3 dias em Unidades de A/D;

(2) - Área de Divisão: 3 a 5 dias em Unidades de A/D;

(3) - Área do Corpo de Exército.

(a) - Em Unidade de A/D: 3 a 5 dias

(b) - Em Unidades de A/G: *

Classe I - 5 a 7 dias

Classe II - 4 a 7 dias

Classe III G - 3 a 4 dias

Classe III E - 7 a 10 dias

Classe IV - 4 a 7 dias

Classe V - 5 a 10 dias

Classe VII - 10% dos artigos completos autorizados

Classe IX ** - 30 dias ***

Classe IX ** - 7 dias

* - Exclui as existências nas Unidades de A/D e no Utente


(LNO e Dotações Orgânicas)

** - A Classe IX não deve exceder os 15.000 a 20.000 tipos


de artigos e considera-se neste nº os artigos que o
combate torna necessários.

68
*** - Artigos em apoio de Unidades reabastecidas por meio
aéreo, através das Linhas Aéreas de Comunicações.

(c) - Material Sanitário

Nas Unidades do CE, os níveis de abastecimentos sanitários não excede


normalmente os 10 dias.

O Batalhão Sanitário (reabastecimento e manutenção sanitária e óptica)


na Zona de Combate, mantém também um nível de 10 dias, afim de dar
resposta a pedidos inopinados.

g. Fornecimento

(1) Generalidades

Pode dizer-se que, em esquema, o fornecimento é a última das actividades


agrupadas na operação de reabastecimento a que se deu designação de
Distribuição. Mas ao dizer-se que é a última não se pretende com isso significar que
após ela se interrompe a distribuição, pois as actividades desta (recepção,
armazenagem, transporte e fornecimento dos abastecimentos) constituem como que
um ciclo fechado em contínuo movimento.

Com efeito, o Sistema de Distribuição, está permanente e simultaneamente a


receber, a armazenar, a transportar e a fornecer os abastecimentos.

(2) Processos de Fornecimento

Consideremos os dois seguintes:

(a) Fornecimento no órgão de reabastecimento: Segundo este processo, a unidade


a reabastecer levanta os abastecimentos de que necessita no órgão de
reabastecimento que a apoia.

(b) Fornecimento na unidade: Segundo este processo, os abastecimentos são


entregues na unidade a reabastecer pelo órgão de reabastecimento que a apoia.

Adianta-se desde já que para as unidades o processo desejável é o segundo e é


exactamente esse o que se preocupa praticar, sempre que possível.

(3) Esquema geral do Fornecimento dentro do TO

O Comando de Apoio de Serviços de Área (CASA) e o Comando de Apoio de


Serviços de Corpo de Exército (CASCE) são responsáveis pelo fornecimento de
quase todos os abastecimentos no TO com excepção do controlo de movimento
das remessas vindas directamente da Zona do Interior (ZInt) para áreas

69
avançadas (Encaminhamento Directo). O Comando Sanitário é responsável pelo
fornecimento dos abastecimentos da classe VIII e respectivos sobressalentes na
Zona de Comunicações (ZCom) e através das Brig Sanitárias a Zona de
Combate.

O Comando de Transmissões, garante o apoio ao TO dos artigos de Segurança


das Transmissões.

O CGM do CASA coordena as necessidades de transporte com o CCM das


FTTO, uma vez que o CCM tem conhecimento das necessidades totais de
transporte (reabastecimento, táctico e administrativo), das capacidades dos
meios e terminais e das capacidades de remessa e recepção de cada órgão de
reabastecimento bem como da sua carga de trabalho de remessa/recepção em
curso e planeados.

É dada ênfase ao fornecimento programado de abastecimentos cujas


necessidades podem ser previstas com razoável margem de exactidão.

O “fornecimento programado” é um sistema por meio do qual a algumas


unidades (utentes ou apoiantes) são fornecidas parte ou todas as suas
necessidades de abastecimentos, de acordo com um programa previamente
planeado relativo a artigos específicos, quantidades, momento e local de
entrega.

O utente pode modificar ou mudar este programa a todo o momento bastando


para o efeito notificar o apoiante.

10. IDEIA GERAL SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DENTRO DO TO, RELATIVAMENTE AS


VÁRIAS CLASSES DE ABASTECIMENTOS

a. Classe I

O reabastecimento da classe I é programado e tem como elemento activador o efectivo


da Divisão ou brigada Independente. A secção da classe I do CGM da Divisão/Brig
Independente utiliza os mapas de efectivos ou a requisição de rações de combate para
elaborar as requisições de artigos da classe I ou para modificar o programa de
reabastecimento.

O CGM, face aos planos de ementas transforma os efectivos em quantidades de artigos


e envia as requisições para o CGM do Comando de Apoio de Serviços do Corpo de
Exército (CASCE) o qual coordena com a Companhia de Reabastecimento de
Abastecimentos Gerais A/G o envio dos artigos para a Divisão/Brig Independente.

70
Para repor os níveis, ou para satisfazer as requisições, a requisição é transmitida ao
CGM do Comando das FTTO de onde será dada ordem de fornecimento para uma
Unidade de Apoio Geral do CASA.

A base de apoio da Zona do Interior recompleta as Unidades de Apoio Geral dos CASA
(Fig. VI-3).

b. Classe I W (Agua)

(1) Generalidades

O reabastecimento de água é critico em combate. A água deve estar sempre


disponível e ser potável pelo que o seu equipamento de purificação deve ser
altamente eficiente e móvel.

(2) Operações de Reabastecimento

Em regiões onde a água seja escassa, a sua gestão deve ser rigorosa para garantir
um apoio ininterrupto deste artigo. A sua gestão é garantida, a nível do CE, pela
Divisão de Combustíveis e Lubrificantes e Água do CGM/CASCE.

O seu fornecimento é feito com base em pedidos das unidades do CE não


endivisionadas ou das próprias Divisões/Brig Independente quando estas não tem
capacidade de satisfazer as suas necessidades. O fornecimento processa-se de
forma semelhante à dos Combustíveis a Granel.

Todos os comandos devem assegurar-se que a água está protegida contra


contaminações acidentais ou voluntárias e que só é consumida quando necessária.

(3) Necessidades

(a) O reabastecimento de água ás unidades não endivisionadas na área do CE, é


feita na base do apoio de área. Quando as circunstâncias o permitirem, as
unidades em instalações fixas serão reabastecidas de água pelas unidades de
Engenharia do CE.

A determinação das necessidades de água visa a satisfação das exigências


de:

- Indivíduos

- Veículos

- Operações de alimentação

- Fabrico de pão, Lavandaria e Banhos

- Descontaminação
71
- Funerais e Registo de Sepulturas

- Operações de manutenção, construção e de instalações sanitárias.

(b) Para operações móveis em ambiente desértico a determinação das


necessidades de água exige cuidados especiais e deve Ter em atenção as
fontes de abastecimento e os meios de distribuição.

Para campos de batalha temperados e convencionais, as unidades orgânicas


têm uma adequada capacidade de tratamento. Contudo para satisfação das
exigências das regiões quentes e áridas, será necessário uma maior
capacidade.

O aumento de unidades de reabastecimento de água origina um significativo


aumento da capacidade de transporte para a distribuição.

Os pedidos de transporte para as operações de reabastecimento de água são


processados através do CGM/CASCE.

(4) Ambiente NBQ

Devem ser previstas operações de reabastecimento de água numa área


contaminada.

Os contaminantes químicos, biológicos e nucleares podem ser detectados por


equipamentos próprios.

O equipamento de transporte e distribuição é construído para evitar uma


contaminante adicional da água potável. Numa área contaminada aumentam as
necessidades de água potável e de água não potável para a descontaminação.

O pessoal que utiliza os uniformes de protecção NBQ, aumenta o seu consumo de


água devido ao acréscimo de transpiração.

(5) Apoio Sanitário

As organizações de medicina preventiva apoiam as fontes de abastecimento de


água e asseguram a vigilância da qualidade da água. Os operadores dos
equipamentos de purificação analisam a água e certificam-se de que o
equipamento está operacional e que a água está a ser adequadamente tratada.

(6) Apoio de Engenharia

As unidades de Engenharia são responsáveis pela identificação de fontes de água


à superfície, pela abertura de poços e melhoramento dos locais de
reabastecimento.

72
No âmbito das construções e da manutenção a efectuar, incluem-se tanques de
armazenagem, condutas e equipamentos de água em instalações fixas.

(7) Locais de Reabastecimento de Agua

(a) Os locais de Reabastecimento de Água são instalações o mais à frente


possível, tendo em consideração a localização das fontes de água disponíveis,
das unidades consumidoras e o plano táctico.

O Local de Reabastecimento mais avançado, localiza-se normalmente na


AApSvcBrig. As unidades apoiadas utilizam os seus meios de transporte
orgânicos para o reabastecimento de água.

Quando necessário, é atribuído às unidades equipamento de armazenagem e


distribuição, para apoio das operações.

(b) Na área da retaguarda do CE, o reabastecimento de água é assegurado por


Companhias de Reabastecimento e Serviços na base de apoio de área.

As secções orgânicas de reabastecimento de água asseguram a sua


purificação e armazenagem nos locais de reabastecimento, utilizando fontes
de água aprovadas. Os especialistas de purificação de água usam
equipamentos orgânicos para bombear, desmineralizar, purificar, armazenar e
testar.

O LR de Água deve ficar, sempre que possível, junto do LRViv.

c. Classe III G

Normalmente, os abastecimentos da Classe III representam cerca de 1/4 da tonelagem


total dos abastecimentos fornecidos ao TO.

As condutas (“pipelines”) são o meio mais eficiente e económico para deslocar grandes
quantidades de combustíveis líquidos a granel.

Esquematicamente, pode dizer-se que o sistema de distribuição inicia a sua dinâmica


com a chegada ao TO, de combustíveis a granel, transportados em grandes navios-
tanques e descarregados em terminais ou através de docas, ou por meio de condutas
submarinas.

Mangueiras flutuantes podem ser utilizadas em operações de praia. Grandes batelões


podem movimentar produtos de navios para as praias quando não é praticável a
utilização de docas ou condutas submarinas. AS áreas de depósitos de combustíveis
recebem o combustível a granel, de preferência através de condutas.

73
O accionamento do sistema de distribuição de combustíveis líquidos a granel compete a
organizações especializadas.

(1) Na Zona de Comunicações

Normalmente operam o sistema de distribuição de combustíveis, Brigadas ou


Agrupamentos de Combustíveis, consoante as necessidades do sistema para apoiar
as necessidades em combustíveis do TO.

Quando existe Brigada de Combustíveis ela é atribuída ao CASA em cuja área estão
localizados terminais marítimos e instalações de armazenagem de combustíveis a
granel e de bombagem (transfega). A Brigada assegura o comando e controlo,
relativamente a todas as operações de dois ou mais Agrupamentos de
Combustíveis.

No caso de um extenso TO, pode ser necessário um Comando de Distribuição de


Combustíveis que é atribuído directamente ao Comando das FTTO para controlo.

(2) Na Zona de Combate

Os Batalhões de Reabastecimento de Combustíveis, atribuídos aos Agrupamentos


de Apoio de Serviços, operam o sistema de reabastecimento de combustíveis a
granel. No caso de o Corpo de Exército se Ter expandido para incluir o número
máximo de Divisões, ou se o terreno ou a situação táctica, impede o controlo
desejável por parte do respectivo comandante do Agrupamento de Apoio de
Serviços, pode ser necessário o, estabelecimento de um Comando de Agrupamento
de Combustíveis.

Nas Divisões, o Batalhão de Apoio de Serviços Principal (BApSvcPrinc) opera o


Sistema.

Os Batalhões de Reabastecimento e Serviços de A/D servem as unidades não


endivisionadas.

Em condições óptimas, os combustíveis líquidos a granel são programados através


do sistema de distribuição do TO para uma taxa constante que apenas pode ser
alterada ou ajustada através de pedidos apresentados aos comandos controladores.

O CASA, por intermédio da Brigada de Combustíveis ou Agrupamento de


Combustíveis estabelece e opera terminais para combustíveis líquidos a granel tão à
frente quanto possível, incluindo mesmo a área do Corpo de Exército. O CASCE
supervisa o apoio de Exército e coordena as operações de distribuição com o CASA,
na ZCom.

74
Na ZCom, os Batalhões de Combustíveis, por intermédio das suas Companhias de
Combustíveis fornecem os combustíveis a granel aos Batalhões de
Reabastecimento e Serviços de A/D que, por sua vez, os fornecem às unidades
consumidoras. As Companhias de Combustíveis, operando terminais do sistema de
condutas na área do Corpo de Exército, fornecem combustíveis a granel e
embalados aos Batalhões de Reabastecimento de Combustíveis do CASCE.

No Corpo de Exército, os Batalhões de Reabastecimento de Combustíveis fornecem


combustíveis a granel não só à Companhia de Reabastecimento e Serviços do
CASD como às Companhias de Reabastecimento e Serviços de A/D na área do
Corpo de Exército que, por sua vez, os fornecem às unidades consumidoras. As
Companhias de Reabastecimento de Combustíveis, dos Batalhões de
Reabastecimento de Combustíveis, recebem armazenam e fornecem combustíveis a
granel em Centros de Reabastecimento de Combustíveis aos principais
consumidores. As Companhias Auto Médias de Transporte de Combustíveis dos
Batalhões de Reabastecimento de Combustíveis levam combustíveis a granel dos
Centros de Reabastecimento de Combustíveis às unidades de reabastecimento de
A/D e às Divisões. Sempre que possível, são ultrapassados os locais intermédios de
armazenagem.

O sistema fornece os combustíveis líquidos a granel através da substituição imediata


das quantidades consumidas e as bases para tal substituição são os mapas da
situação de combustíveis e lubrificantes a um dado período.

O CGM coordena os planos de transporte com o CCM para garantir que o esquema
de distribuição utilizado faz o máximo aproveitamento de todos os meios de
transporte disponível (excepto para o transporte por condutas, dos combustíveis
líquidos a granel).

Na ZComb, a centralização do controlo das existências é feita no CGM do CASCE, o


CGM, a menos que seja determinado outro procedimento, recebe pedidos (ou
previsões de consumo) do CASD, Agrupamentos de Apoio de Serviços e das
Unidades de Reabastecimento de A/D, e recebe também sumários de actividade dos
órgãos de reabastecimento de combustíveis e lubrificantes de A/G (Centros de
Reabastecimento). O CGM do CASCE calcula as necessidades, mantém o
conhecimento centralizado das existências de combustíveis e lubrificantes do Corpo
de Exército e fornece dados e sumários ao comando do CASCE que servem de base
à tomada de decisões. O CGM do CASCE transmite, ao CGM das FTTO, sumários
de actividades, os quais constituem as bases para o recompletamento necessário e
pedidos suplementares.
75
O CGM das FTTO recebe sumários de actividades do Agrupamento de
Combustíveis. Este Centro Funcional de Controlo também fornece relatórios pedidos
pelo Comando das FTTO para verificar a eficiência do sistema, aprovar pedidos
suplementares do CGM do CASCE, consolidar pedidos previstos sob a forma de
estimativas de planeamento do CASCE e de outras forças e enviar, ao órgão
competente, requisições consolidadas. (Fig. VI-4).

d. Classe V

(1) Generalidades

A distribuição das munições assume uma importância especial, principalmente


devido às grandes toneladas nela envolvidas, aos problemas técnicos e de
segurança ligados ao seu manuseamento e à importância que tem no resultado da
batalha.

Já a seu tempo foi dado a entender que as taxas de consumo de munições flutuam
relativamente dentro de cada unidade, principalmente devido à variabilidade da
intensidade das operações.

Dentro do conceito que o termo geral “munições” representa, convém fazer-se a


distinção entre munições convencionais e munições especiais, uma vez que os
pormenores ligados à distribuição de umas e outras são, na sua maioria,
substancialmente diferentes.

Nas munições convencionais incluem-se todos os artigos de munições que não


exigem medidas extraordinárias quanto ao seu controlo, manuseamento e
segurança. São exemplos, as munições de armas portáteis, carros de combate e
artilharia, foguetes e mísseis de alta densidade (1) e médio custo, minas, granadas,
artifícios pirotécnicos, agentes fumigenos, incendiários e de controlo de motins, etc.

Nas munições especiais incluem-se, pelo contrário, os artigos de munições que


exigem tais medidas extraordinárias. São exemplos, as ogivas nucleares e não
nucleares, munições para emolição nuclear, projécteis nucleares, cargas de
propulsão, agentes tóxicos a alguns não tóxicos, mísseis de baixa densidade (2) etc.

(2) Terminologia

Para tornar compreensível todo o processo de distribuição dos artigos da classe V,


torna-se necessário esclarecer o conteúdo de determinados termos, sem o qual não
é possível uma perfeita compreensão de todo este processo.

(a) Munições Convencionais

76
1 Dotação Orgânica

É a quantidade de munições fixadas pelo QO de uma unidade e que esta


deverá sempre reconstruir após consumo parcial ou total.

De acordo com este conceito, a dotação orgânica relaciona-se directamente


com as possibilidades de transporte orgânicas da unidade em causa.

Está calculada por forma a habilitar as unidades a cumprirem as missões


compatíveis com as suas possibilidades normais.

(1) Mísseis cuja utilização numerária é considerável.

(2) Mísseis cuja utilização numérica é muito reduzida

Na dotação orgânica compreendem-se as munições transportadas pelo


combatente individual, as acondicionadas nas armas auto-propulsionadas, as
transportadas nas viaturas orgânicas de munições e ainda as armazenadas
nas posições de tiro e em paióis temporários das unidades.

É expressa em termos de tiros completos, unidades (quantidade), ou unidade


de peso, conforme for mais apropriado.

As dotações orgânicas das unidades não são contadas no Nível Máximo do


TO.

2 Taxa de Reabastecimento Necessário (TRN)

É a quantidade de munições calculada como necessária para garantir a


continuidade das operações de uma unidade, sem restrições e durante um
período de tempo especificado.

É expressa em termos de tiros por arma por dia (t/a/d), no que respeita a
munições a disparar por armas, e em outras unidades de medida por dia,
quando se trata de outros tipos de munições ou de quantidades a granel.

A TRN não é fixa, pois depende do tipo de operação. Pode, além disso, variar
entre as unidades de combate de um CE e entre as de uma Divisão.

Os comandantes tácticos usam-na para enunciar as suas necessidades de


munições com vista ao apoio das operações planeadas, em períodos de
tempo específicos.

Em cada escalão, as TRN dos escalões subordinados são consolidadas,


calculando-se então a TRN do escalão considerado, a qual é apresentada ao
escalão imediatamente superior.

77
3 Taxa de Consumo Autorizado (TCA)

É a quantidade de munições que pode ser atribuída a uma unidade, para um


dado período de tempo, tendo em conta as disponibilidades em
abastecimentos, transporte ou instalações.

A TCA exprime-se em termos de tiros por arma por dia (t/a/d) para as
munições a disparar por armas. Para outros artigos, como minas anti-carro,
granadas de mão, explosivos para demolição, etc., a TCA é expressa em
termos de unidade de medida por período de tempo específico, por exemplo,
por dia, por semana.

O Comandante das FTTO anuncia aos Comandantes dos Corpos de Exército


as RCA para cada tipo de munições. Cada comandante táctico anuncia uma
TCA aos comandos tácticos seus subordinados, face à disponibilidade de
munições e ao seu conceito de operação.

4 Crédito

É uma quantidade específica de munições que durante um período de tempo


determinado se encontra à ordem de um comandante táctico.

O sistema de crédito não se utiliza abaixo do escalão Corpo de Exército.


Quando o sistema está a vigorar, os créditos são concedidos a cada Corpo
de Exército em determinados órgãos de reabastecimento de munições.

Na prática, a concessão de um crédito relativo a um dado tipo de munições


permite que no escalão considerado se ajuste a TCA à TRN para esse tipo de
munições.

5 Dotação suplementar

Quantidade de munições que, temporariamente, uma unidade é autorizada a


Ter em mão, para além da sua dotação orgânica, com vista a satisfazer
necessidades específicas duma operação ou fase de uma operação.
Exemplo: Dotação suplementar para a preparação de fogos antes de um
ataque.

(d) Munições Especiais

1 Dotação de Munições Especiais

É uma quantidade específica de munições especiais cuja responsabilidade


de transporte recai sobre uma unidade de lançamento.

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Contrariamente ao que se referiu acerca da dotação orgânica de munições
convencionais, a dotação de munições especiais não é uma quantidade fixa,
mas sim estabelecida por decisão do comando, com base na missão, nas
situações tácticas e logística e nas possibilidades de transporte da unidade
de lançamento.

Assim, ela pode variar de dia para dia e entre unidades de lançamento do
mesmo tipo.

2 Atribuição para planeamento

É a designação específica do número e tipo de munições especiais cujo


emprego um comandante pode planear para um período de tempo
determinado.

Não implica necessariamente a posse ou guarda das munições especiais,


visto que pode envolver munições a lançar por unidades que não estão sob o
comando do Comandante em causa, tais como a Força Aérea em apoio, ou a
artilharia do escalão superior.

O emprego das munições especiais atribuídas para planeamento não pode


ser feito até que seja recebida autorização por parte da entidade superior
apropriada.

3 Atribuição

É a designação específica do número e tipo de munições especiais que um


comandante pode planear e empregar, independentemente de autorização
por parte da entidade superior.

4 Nível de Munições Especiais

É uma quantidade específica de munições especiais a colocar numa unidade


ou órgão de reabastecimento de munições.

Tal como acontece com a dotação, depende das situações tácticas e logística
e das possibilidades das unidades em causa para receber, armazenar,
manter e fornecer as munições.

Não é, logicamente, uma quantidade fixa e o seu estabelecimento e


recompletamento dependem sempre de decisão do Comando.

(3) Distribuição

(a) Munições Convencionais

79
1 Na Zona de Comunicações

Centros e Locais de Reabastecimento de Munições são posicionados ao


longo da ZCom conforme for necessário para apoiar as unidades utentes
localizadas na sua área de responsabilidade na ZCom e para fornecer
apoio adicional de munições à ZComb.

2 Na Zona de Combate

Locais de Reabastecimento de Munições são normalmente posicionados


em zonas avançadas na área do Corpo de Exército, próximo do limite à
retaguarda da Divisão.

Em coordenação com o Oficial de Munições da Divisão apoiada, um local


de Reabastecimento de Munições pode ser estabelecido na área táctica
da Divisão para facilitar o apoio contínuo aos seus elementos de
manobra.

Centros de Reabastecimento de Munições são normalmente


posicionados na Área da retaguarda do Corpo de Exército, conforme a
situação táctica determinar.

Contendo primariamente “stocks” de reserva, os Centros de


Reabastecimento constituem um meio de dispersar as existências dentro
da ZComb. Devido à sua localização recuada, constituem uma origem de
abastecimentos no caso de os Locais de Reabastecimento avançados
serem destruídos, fornecem o recompletamento dos Locais de
Reabastecimento avançados e apoiam unidades utentes localizadas na
Área da Retaguarda do Corpo de Exército.

3 Local de Transferência de Munições (LTransfMun)

Local montado pelo pessoal do Batalhão de Apoio de Serviços Principal


(BApSvcPreinc) para o fornecimento das munições, na AApSvc da
Brigada. Os semiatrelados do CE carregados com conjuntos de
munições paletizadas seleccionadas e controladas pelo comandante de
Divisão/BrigIndep são entregues directamente no LTransfMun na
AApSvc da Brigada. Neste órgão, o pessoal da Secção de Munições
utiliza equipamentos de movimentação de material para transbordo das
paletes para as viaturas da unidade apoiada. O LTransfMun é controlado
pelo Oficial de Munições da Divisão/BrigIndep.

(b) Munições Especiais

80
O encaminhamento directo é a consideração primária para o deslocamento
das munições especiais para a frente, fazendo-se máxima utilização
possível do transporte aéreo.

Visto que as unidades de lançamento são altamente móveis, a maior parte


das munições especiais dirige-se aos CR e LR na ZComb.

As unidades utentes recebem as munições nos CR ou LR implantados na


sua área, mediante o processo de fornecimento no órgão de
reabastecimento.

(c) Controlo de Distribuição

A TCA definida para cada escalão e a atribuição constituem os principais


instrumentos utilizados no controlo da distribuição das munições
convencionais e especiais.

No que se refere especificamente ao controlo dos fornecimentos às


unidades utentes, ele é conseguido de um sistema de “ordens de
transporte” a utilizar por aquelas e pela autenticação obrigatória desses
documentos por parte de um oficial para o efeito designado, antes que as
unidades se dirigam aos órgãos de reabastecimento de munições que as
apoiam. Esta autenticação habilita os comandantes tácticos respectivos a
controlar os pedidos feitos pelas suas unidades e, por outro lado, auxilia os
órgãos de reabastecimento no controlo dos consequentes fornecimentos.

No caso das munições especiais, os órgãos de reabastecimento procedem,


além disso, a um apertadíssimo controlo que envolve a identificação do
representante da unidade, a verificação cuidadosa do seu certificado de
segurança, a confirmação de que foi realmente feita a respectiva atribuição
ao comandante em causa, etc..

Para finalizar, acrescenta-se que no controlo das munições convencionais


existe intervenção dos CGM dos vários escalões de apoio, enquanto que no
das munições especiais a intervenção compete aos órgãos da cadeia de
comando (Comando das FTTO e do CE). (Fig. VI-5, VI-6, VI-7 e VI-8).

e. Classe VI

Os abastecimentos desta Classe podem ser obtidos por exploração dos recursos locais,
através de transferência de existência dentro do TO ou mediante requisições a
apresentar ao Serviço de Cantinas da Zona do Interior.

81
O Serviço de Cantinas estabelecido no TO determina as necessidades, obtém armazena
e fornece os abastecimentos e acciona as cantinas onde os militares e outros indivíduos
devidamente autorizados compram os artigos de que necessitam.

Quando não for estabelecido o Serviço de Cantinas, as respectivas actividades ficam a


cargo de Destacamentos de Vendas dos Batalhões de Reabastecimento e Serviços, no
CASCE, e Companhias de Reabastecimento e Serviços dos AASA, no CASA.

Todo o processo de reabastecimento da classe VI é tratado de uma forma semelhante e


conjuntamente com a classe I. (Fig. VI-9).

f. Classe VIII

O sistema de distribuição dos abastecimentos desta Classe actua em grande parte


dentro do quadro da evacuação sanitária.

Na ZCom, uma Unidade de Reabastecimento e Manutenção de Material Sanitário e


Fabrico Óptico (URMOP), atribuída ao Comando Sanitário das FTTO, assegura o
reabastecimento de artigos da Classe VIII, incluindo sobressalentes, às unidades
sanitárias e não sanitárias nela localizadas ou em trânsito.

Na ZComb, a URMOP é atribuída na base de uma por Corpo de Exército e actua sob o
controlo da Brigada Sanitária. A sua missão pode, no entanto, e no que se refere a
reabastecimento e manutenção de material sanitário, ser atribuída, pela Brigada
Sanitária, a outra das suas unidades sanitárias.

g. Classe IX

Em situação de guerra os artigos da classe IX muito pesados e de grandes dimensões


(lagartas de CC, baterias etc.) serão, normalmente, enviados por meios de superfície,
podendo no entanto sê-lo por via aérea se forem classificados de alta prioridade.

Todos os outros artigos desta classe, em princípio, serão reabastecidos por via aérea se
forem destinados a unidades apoiadas pelas Linhas Aéreas de Comunicações.

Os elementos de manutenção de A/D e de A/G submetem as suas requisições de


sobressalentes aos CGM da Div, CASCE e CASA. Os CGM, utilizam as existências das
Unidades de A/D ou das Companhias de Reabastecimento de Sobressalentes e
coordenam a necessidade de transporte. Se nenhuma dessas Companhias tem os
artigos pedidos ou na quantidade pretendida, coloca a questão ao CGM das FTTO que,
no caso de impossibilidade de resolver o problema através de um dos seus CASA, envia
as requisições para a ZInt.

82
O CGM transfere lateralmente, de unidades de reabastecimento de sobressalentes,
artigos que tenham disponíveis em excesso, para Companhias de Reabastecimento de
Sobressalentes que necessitam de recompletar as suas existências. O CGM também
pode dirigir a distribuição das existências de sobressalentes dentro dos Agrupamentos
de Apoio de Serviços.

As unidades de manutenção de A/D são os fornecedores de sobressalentes às unidades


utentes, isto é, funcionam como se fossem unidades de reabastecimento de A/D. As
unidades de manutenção de A/D e de A/G requisitam todos os sobressalentes,

Os componentes recuperados e reparáveis, módulos e sobressalentes são fornecidos


por troca de artigos inoperativo por artigo operativo através do processo de Troca
Directa, excepto para fornecimentos iniciais e fornecimentos destinados a substituir
perdas verificadas durante operações de combate. (Fig. VI-10, VI-11, VI-12, VI-13 e VI-
14).

CAPITULO VIII

TRANSPORTE

1. INTRODUÇÃO

a. Generalidades

Dificilmente se pode conceber a existência de confrontos armados sem que neles


intervenha o factor movimento. Com efeito, é flagrante o deslocamento de indivíduos
isolados, de forças e de materiais, por mais estática que seja a situação do confronto, e
não há dúvidas de que, ao longo do tempo, cada um dos opositores tem vindo sempre a
procurar obter, para as suas forças, uma vantagem de mobilidade sobre as forças
adversas, em terra, no mar e no ar.

O factor movimento é portanto altamente determinante do sucesso das operações


tácticas e estratégicas. Como exemplo, pode recordar-se, a propósito, que no campo

83
táctico se considera, classicamente, que a manobra é uma combinação do fogo com o
movimento.

No âmbito das forças terrestres de um TO activo, o movimento está presente na


actuação de todas as suas forças de combate e de apoio de combate, pois elas têm que
deslocar-se frequentemente, mas também transparece, e de forma muito vincada, em
todas as acções destinadas a permitir tal actuação, ou seja, nas acções do apoio de
serviços. Com efeito, a necessidade de deslocar pessoal e material, quer para a frente,
quer para a retaguarda, é por demais evidente para ser ignorada.

Pretende-se com as palavras precedentes dar a entender que, em campanha, há


deslocamento com características diferentes. Com efeito, compreende-se, por exemplo,
que uma unidade de manobra que ataca tem que deslocar-se, assim como tem que
deslocar-se uma outra que não está em contacto com o inimigo e se dirige para a frente,
como ainda têm que deslocar-se recompletamentos individuais e abastecimentos para
manter actuante qualquer uma dessas duas unidades. Ora, quer as forças, quer toda a
actividade tendente a apoiá-las, obtêm o deslocamento através da utilização de meios de
transporte (excepção feita, como é óbvio, ao deslocamento que as forças tenham que
executar a pé, quando em acção de combate ou fora dela).

Surge assim, no âmbito das forças terrestres, uma classificação dos deslocamentos em
deslocamentos tácticos e administrativos.

Recorrendo ao que sobre o assunto se encontra expresso no nosso “Regulamento de


Campanha-Operações”, de 1987, recordemos a caracterização geral de cada um desses
dois tipos de deslocamento:

- Deslocamentos Tácticos: são conduzidos com a preocupação fundamental de


manter as tropas em formações adequadas para o combate. Assentam na
possibilidade de um contacto terrestre com o inimigo, quer em marcha quer logo
após a chegada das tropas aos locais de destino. Em tais circunstancias, as
considerações de ordem táctica predominam sobre a utilização económica da
capacidade de carga dos meios de transporte e tornam-se necessárias medidas
especiais de segurança.

- Deslocamentos Administrativos: são conduzidos com a preocupação fundamental


da utilização mais adequada e rendosa da capacidade de carga dos meios de
transporte e das vias de comunicações disponíveis.

Baseiam-se na hipótese de ser impossível o contacto terrestre com o inimigo, quer


em marcha, quer após a chegada aos pontos de destino, não se tornando
necessárias medidas especiais de segurança além das ditadas pelas ameaças da
84
aviação, de armas de fogo de longo alcance e de forças ligeiras infiltradas ou
forças irregulares inimigas. Sempre que possível, nos deslocamentos
administrativos deve manter-se a integridade das unidades.

Desta forma e aproveitando o exemplo atrás apresentado, diremos que a força que não
está em contacto com o inimigo e se dirige para a frente, executa um deslocamento
táctico se os seus elementos se acomodam nos meios de transporte já de acordo com a
sua futura articulação táctica, e executa um deslocamento administrativo se o seu
emprego a leva a não Ter essa preocupação como dominante. No primeiro caso, tem
que admitir-se que alguns meios de transporte (se não todos) não estarão aproveitados
na sua capacidade máxima, e, no segundo, é forçoso considerar que praticamente todos
os meios estarão inteiramente aproveitados.

Continuando com o mesmo exemplo, diremos que os recompletamentos individuais e os


abastecimentos se movem em deslocamento administrativo e que a força de manobra
atacando não realiza, para efeitos de estudo, planeamento e execução, nem um
deslocamento táctico, nem administrativo. Ela simplesmente combate.

No campo da Logística, é natural que os deslocamentos administrativos se apresentem


com uma certa proeminência relativamente aos deslocamentos tácticos, visto serem os
mais frequentes e serem logísticos os agentes a quem cabe fazer a atribuição dos meios
de transporte disponíveis e extrair deles o seu máximo rendimento. É no respeito por
esta realidade que se encara a função logística agora em estudo.

Acrescenta-se ainda um esclarecimento: O “ Regulamento de Campanha-Operações”


preceitua que os deslocamentos de tropas podem revestir-se de duas formas - o
movimento e o transporte - ligando esta classificação ao critério de serem ou não
orgânicos os meios de transporte utilizados por uma dada unidade e de ser ou não esta
quem planeia e dirige o deslocamento. Deve salientar-se que tal classificação se refere
apenas aos deslocamentos de tropas (subentende-se de unidades).

Ora, a função logística agora em estudo encara aquele transporte num sentido muito
mais lato, pois inclui o deslocamento de unidades, de indivíduos isolados, de
abastecimentos, etc.

Para finalizar o esclarecimento, chama-se a atenção de que ao empregar-se a expressão


“movimentos” no âmbito da função logística Transporte, não se pretende com ela
significar a forma que o “Regulamento de Campanha - Operações” consagra para o
deslocamento de unidades, mas sim a dinâmica presente na transferência de homens,
animais e materiais de um local para outro, à custa de meios de transporte pertencentes
a organizações concebidas especialmente para tal fim.

85
2. PRINCÍPIOS A RESPEITAR NOS MOVIMENTOS DE TRANSPORTE

Os princípios seguidamente apresentados são válidos, quer para o tempo de guerra, quer
para o tempo de paz, e ainda independentemente de existir ou não um sistema de
processamento automático de dados que sirva o controlo dos movimentos.

a. Centralizado

O controlo dos movimentos deve ser centralizado no mais elevado escalão que possa
exercê-lo convenientemente.

Isto significa que o comandante que tem a responsabilidade de fornecer apoio logístico
integrado (no âmbito de todas as funções logísticas) é o que deve centralizar o controlo
dos movimentos de transporte. Desta forma ele está em condições de estabelecer
prioridades, atribuir meios de recurso e identificar e corrigir deficiências.

b. Regulação

Os movimentos devem ser regulados.

Isto significa que os movimentos têm que ser devidamente planeados de uma forma
ordenada para que se evitem congestionamentos, aproveitando toda a capacidade da
rede estradal disponível face aos meios de transporte Rodoviário que a vão utilizar.

c. Fluidez e Flexibilidade

Os movimentos devem ser fluidos e flexíveis.

Isto significa que o sistema de transporte deve estar em condições de assegurar um fluxo
ininterrupto dos movimentos e de se adaptar rapidamente às mudanças de situação.

A regulação é uma condição indispensável para tornar o sistema de transportes fluido e


flexível.

d. Utilização Máxima dos Meios

Isto significa mais do que simplesmente carregar os meios de transporte até à sua
máxima capacidade.

É natural que a capacidade de transporte não utilizada num dia normalmente não pode
ser “armazenada” para assegurar um aumento de capacidade nos dias subsequentes.
De forma semelhante, se ocorre uma situação em que um meio de transporte está
completamente carregado mas permanece sem se movimentar, verifica-se um
desperdício de capacidade de carga como se verifica se um meio de transporte se move
parcialmente carregado.

86
É evidente que considerações de ordem táctica podem impedir um completo respeito
pelo princípio em causa (por exemplo, viaturas destinadas e retiradas para o movimento
de armas especiais, ou aeronaves movimentando fracções de unidades, em actividades
de apoio de combate). Em boa verdade, o principio da utilização máxima dos meios tem
a ver com o âmbito total dos movimentos de transporte. O principio é evidenciado através
dos três princípios antes referidos, mas enquanto estes estão primariamente
relacionados com a utilização máxima dos meios tal como ela é obtida através da
formulação e da regulação de um sistema integrado de transportes, o quarto principio
aponta para a utilização máxima dos componentes do sistema.

As necessidades de transporte dentro de um TO ou numa parte dele são variáveis


consoante a situação táctica. Contudo, os meios de transporte nunca são bastantes para
a sua total satisfação, razão por que é forçoso fazer-se uma utilização correcta dos tipos
de transporte com vista à prossecução das finalidades estabelecidas pelo Comando.

3. TIPOS DE TRANSPORTE

a. Definição

Conjunto de meios de transporte com características afins e utilizando o mesmo suporte


de deslocamento.

b. Enumeração

Face a definição referida, consideramos neste Manual os seguintes tipos de transporte:

- Transporte Ferroviário;

- Transporte Rodoviário;

- Transporte Aquático;

- Transporte Aéreo.

Cada um destes tipos de transporte inclui variadissimos meios de transporte que, apesar
da característica comum que os identifica, podem apresentar diferenças significativas
normalmente em capacidade, autonomia, energia necessária, custo por unidade
transportada, vulnerabilidade etc.

c. Terminologia

Antes de procurarmos caracterizar cada um dos tipos de transporte referidos, julgamos


conveniente esclarecer o significado de alguns de alguns conceitos que permitiram uma
melhor apreensão daquelas características e facilitarão a continuação do estudo desta
função logística.

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(1) Deslocamento Interteatro

Deslocamento para dentro e para fora do teatro através de terminais.

(2) Deslocamento Intrateatro

Deslocamento com origem e fim dentro do teatro.

(3) Transporte de Longo Curso

É um transporte rodoviário envolvendo longas viagens sobre a estrada e em que o


tempo de condução é superior ao tempo consumido na carga e descarga.
Normalmente envolve uma viagem ou parte de uma viagem por turno de condução.

(4) Transporte Local

é um transporte rodoviário em que o tempo de condução é pequeno face ao tempo


consumido na carga e descarga. São transportes que normalmente envolvem várias
viagens por dia.

(5) Transbordo

É uma transferência de uma carga viatura ou estrutura de transporte para outra,


utilizando o mesmo ou diferentes meios de transporte.

(6) Destinatário

Entidade, Unidade, Depósito ou Pessoa receptora para a qual foi endereçado o


artigo enviado.

(7) Remetente

Entidade pela qual o artigo foi enviado.

(8) Retorno

Envio de material para ou através de uma área da qual o material tinha previamente
enviado.

(9) Reencaminhamento

É o envio de material ou pessoal para um novo destino, ou para um novo terminal ou


para outro tipo de transporte não programado, antes da chegada ao destino final.

d. Caracterização Geral

(1) Transporte Ferroviário

Este tipo de transporte caracteriza-se pela sua aptidão para movimentar grandes
quantidades de pessoal e carga a longas distâncias, a um preço relativamente baixo
e a velocidade superiores às do transporte rodoviário e do transporte aquático.
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Praticamente pode deslocar-se seja o que for neste tipo de transporte, unicamente
com as restrições da altura-limite em determinados pontos do trajecto (túneis, por
exemplo) e da disponibilidade de equipamento-especializado (vagões-frigorificos ou
vagões-tanques, por exemplo).

Todavia a flexibilidade deste tipo de transporte é reduzido em virtude da fixidez da


superfície de rolagem que utiliza - os carris - e é muito vulnerável às acções de
sabotagem e de ataque por parte do inimigo.

É particularmente indicado para deslocamentos interteatro. Nos deslocamentos


intrateatro, face à sua vulnerabilidade, só é aconselhado nas partes recuadas do TO,
normalmente na ZCom.

(2) Transporte Rodoviário

Este tipo de transporte caracteriza-se pela sua aptidão para movimentar pessoal e
carga a velocidade relativamente elevada e sobre itinerários diversificados.

Trata-se de um tipo de transporte muito flexível e altamente adaptável às sempre


flutuantes necessidades militares. Pode utilizar estradas improvisadas, estradas
secundárias, caminhos ou até trilhos.

É largamente utilizado em combinação com outros tipos de transporte e constitui o


principal elo de ligação dentro do sistema de transportes, sendo mesmo o mais vital
elo de ligação entre os tipos de transporte mais rígidos e as forças que actuam no
campo de batalha.

O transporte auto é de todos os tipos de transporte o melhor para trajectos curtos


sendo por isso o mais aconselhável para transportes locais.

É também vantajoso, em determinadas circunstâncias, para transportes de longo


curso, podendo por isso ser utilizado em deslocamentos Interteatro apesar de estar
vocacionado para deslocamentos Intratreatro.

(3) Transporte Aquático

Este tipo de transporte engloba o transporte oceânico, o transporte costeiro, e o


transporte por vias aquáticas interiores.

Reportando-nos apenas no âmbito de um TO, assume particular relevância o


transporte por vias aquáticas interiores.

Este tipo de transporte caracteriza-se pela sua aptidão para movimentar grandes
volumes de carga a longas distâncias com um baixo custo mas a velocidades
relativamente baixas.

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A sua flexibilidade é limitada pela localização das vias aquáticas interiores (lagos,
rios e canais) e pela disponibilidade de terminais e instalações. Uma outra limitação
deste tipo de transporte é a sua vulnerabilidade aos ataques inimigos e, em especial,
a acções de guerrilha.

A utilização deste tipo de transporte num TO é valiosa para movimentar cargas muito
volumosas, tais como combustíveis, munições e artigos da classe IV.

Necessariamente que, em virtude da grande vulnerabilidade deste tipo de transporte,


a sua utilização num TO fica limitada às zonas recuadas do TO, normalmente à sua
Zona de Comunicações.

(4) Transporte Aéreo

Este tipo de transporte caracteriza-se pela sua alta velocidade, grande flexibilidade,
selecção praticamente ilimitada de rotas e possibilidade de fazer transferência de
esforço para satisfação de necessidades flutuantes.

Tem como limitações a pouca capacidade de carga conjugada com custos elevados
de operação, necessidade, para a maioria dos meios, de infraestruturas de difícil,
morosa e, como consequência, onerosa construção e alguma sujeição às condições
meteorológicas.

As características apontadas aconselham este tipo de transporte para o


deslocamento de homens e materiais em situações de urgência ou quando não é
possível atingir o destinatário com outro tipo de transporte.

(5) Transporte por Condutas

É por vezes referido como um tipo de transporte. Contudo porque a utilização das
condutas não é planeada, gerida ou operada por organizações de transporte, não o
consideramos como um tipo de transporte.

É a forma mais económica para movimentar líquidos a granel. Com efeito as


condutas asseguram um fluxo contínuo de líquidos com um mínimo de emprego de
potencial humano e equipamento. Por outro lado a sua instalação é relativamente
fácil. Se, por exemplo, um monte surge no caminho de lançamento de uma conduta,
esta pode passar sobre ele, contorná-lo ou atravessá-lo. Portanto o terreno não
representa um factor importante na utilização das condutas.

Além disso as condutas podem ser operadas em quaisquer condições


meteorológicas.

90
Todavia a flexibilidade deste tipo de transporte é limitada pela sua fixidez e é grande
a sua vulnerabilidade a acções de sabotagem, o que obriga a um esforço contínuo
de guarda e patrulhamento. Se porventura as condutas forem subterrâneas, o
transporte em causa revela-se como sendo o menos vulnerável aos ataques aéreos
inimigos.

4. ÂMBITO E ÁREAS DE INTERESSE DA FUNÇÃO LOGÍSTICA TRANSPORTE

a. Âmbito

Conforme já foi referido no Capitulo II deste Manual, a função logística transporte


abrange o deslocamento de pessoal, dos animais e do material, bem como a sua
direcção e a gestão do equipamento e instalações a ele associados.

b. Áreas de Interesse

Num TO, as organizações de transporte, integram três áreas funcionais básicas:

- Gestão dos Movimentos

- Operação dos Tipos de Transportes

- Operações de Terminal.

(1) Gestão dos Movimentos

(a) Generalidades

A gestão dos movimentos compreende o planeamento, a coordenação, a


programação e a supervisão do uso dos meios de transporte disponíveis, com
vista à satisfação das necessidades de movimento. Para aproveitar ao máximo
os meios rodoviários disponíveis face à rede estradal existente inclui ainda
funções de regulação da circulação.

Assim, a gestão dos movimentos exerce-se nos seguintes dois grandes campos
de acção:

- Movimentos de Transporte;

- Regulação da Circulação.

(b) Movimentos de Transporte

1 Generalidades

A gestão dos movimentos de transporte envolve o planeamento, a


coordenação, a programação e a supervisão da atribuição e do uso dos

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meios de transporte disponíveis com vista à satisfação das necessidades de
movimento de uma unidade ou organização.

Para o efeito existem Centros de Controlo de Movimentos (CCM) nos


comandos das principais organizações com responsabilidades de apoio de
serviços e Gabinetes de Movimentos de Transporte (GMT) em depósitos,
terminais, e outros pontos críticos do sistema de Transporte, para servirem de
ligação entre consumidores (clientes) do sistema de Transporte, operadores
do tipo de transporte e do sistema de Gestão.

A Gestão dos Movimentos de Transporte, garantida pelos CCM, está


centralizada no mais alto nível organizacional, para garantir a flexibilidade do
apoio e para obter a máxima eficiência e efectividade.

A semelhança do que acontece com os Centros Funcionais de Controlo


referidos aquando do estudo da função logística Reabastecimento (CGM),
também no caso da gestão dos movimentos de transporte é indispensável
uma permanente ligação dos CCM entre si, destes com outros Centros
Funcionais de Controlo, e dos GNT com os CCM de que dependem.

De facto, é evidente a necessidade de ligação entre o CCM das FTTO e as


entidades de direcção de transportes da ZInt, bem como a da sua ligação
com o CGM (Centro de Gestão de Material), com o Centro de Pessoal e
Administração (do Comando de Pessoal) e com as entidades de regulação
sanitária, porque não devemos esquecer que os movimentos de transporte de
abastecimentos nascem após pedidos apresentados pelo CGM e que os
movimentos de transporte de pessoal (evacuações sanitárias, prisioneiros de
guerra e recompletamentos) nascem após pedidos apresentados pelos
Comandos de Pessoal e Sanitário. Por outro lado, o CCM das FTTO tem que
manter estreita ligação com as unidades que operam os vários tipos de
transporte.

Também é evidente a necessidade de ligação entre o CCM do CASCE, na


ZComb, e o CCM das FTTO, na ZCm, uma vez que, conforme já se referiu,
se procura, ao máximo que os fornecimentos de abastecimentos a partir da
ZCom se façam por encaminhamento directo.

Adiante se indicam alguns elementos de ordem geral acerca da articulação e


implantação dos meios de gestão dos movimentos de transporte na ZCom e
na ZCom, mas uma noção que desde já se pretende salientar é a de que tal
gestão visa a melhor forma de utilização dos meios de transporte e é

92
conseguida através da actividade de Centros Funcionais de Controlo (os
CCM), de “antenas” territoriais destes últimos (os GMT) e dos Estados-
Maiores dos Comandos com responsabilidades no Apoio de Serviços.

2 A Gestão dos Movimentos de Transporte na ZCom

Ao nível do Comando das FTTO funciona um CCM, que é aliás o único


existente em toda a ZCom.

No que respeita à gestão dos movimentos de transporte, tal CCM é como que
o cérebro de todo o sistema de transportes das FTTO e actua realizando a
coordenação e cotejo das possibilidades dos remetentes, dos
transportadores e dos destinatários, com as necessidades de movimentos
gerados na ZCom, para garantir uma resposta rápida na satisfação destas
últimas.

Para se obter uma cobertura efectiva de gestão, a parte da ZCom através da


qual o sistema de transportes se desenvolve e actua é dividida normalmente
em regiões de movimentos de transporte. O número e as dimensões destas
regiões variam com o volume e a complexidade dos movimentos, o número
de áreas críticas e a disposição geográfica do sistema de transportes. É
precisamente em tais regiões que se estabelecem os GMT acima referidos,
os quais são responsáveis, perante o CCM, pelo controlo e supervisão de
todos os assuntos de movimentos que decorrem nas suas respectivas
fracções territoriais.

Pode ainda dizer-se que enquanto a missão geral do CCM é assegurar


serviços de gestão de movimentos de transporte ao Cmd das FTTO, a de um
GMT é actuar como coordenador entre os utentes e os operadores do tipo de
transporte, com vista a auxiliar os Comandantes interessados, na realização
dos movimentos programados e não programados.

3 A Gestão dos Movimentos de Transporte na ZCmb.

Cada CE, no seu CASCE, é dotado de um CCM que vais permitir a gestão
dos Movimentos de Transporte ao nível do Corpo de Exército.

As funções desse CCM são de um modo geral semelhantes às do CCM do


Cmd das FTTO, mas limitadas pelo escalão de comando e área geográfica
na qual actua e também recursos disponíveis.

O CCM do CASCE põe em prática as directivas e as normas de gestão dos


movimentos, emanadas do Comando do CASCE, e, quando necessário,

93
estabelece critérios e procedimentos de regulação. Além disso, elabora o
Programa de Movimentos do CASCE, com base nas necessidades de
movimentos apresentadas pelo Corpo de Exército e entidades do próprio
CASCE e em informações provenientes do CCM do Cmd das FTTO, estas
acerca do pessoal e do material que estejam a ser movimentados entre a
ZCom e a área do Corpo de Exército.

Ao preparar o Programa de Movimentos do CASCE, o CCM inclui as partes


do Programa de Movimentos das FTTO que dizem respeito às remessas
originadas em órgãos situados na área do Corpo de Exército ou que utilizam
a capacidade de transporte do CASCE.

A semelhança do que se passa nas FTTO também na área do CE são


estabelecidos GMT com missões, organização, capacidades e transmissões
em tudo semelhantes aos existentes na ZCom. A grande diferença entre
estas duas áreas reside no facto de, na área do CE, não existirem Regiões
de Transportes.

4 Planeamento dos Movimentos de Transporte

a Generalidades

O sistema logístico, para cumprir eficazmente a sua missão de colocar


homens e materiais onde e quando são necessários, tem que ser
planeado e coordenado desde a sua origem, na ZInt, até ao seu
destinatário final, no TO.

Dentro do TO e no que se refere às operações rotineiras do dia a dia,


órgãos de reabastecimento de A/G e terminais da retaguarda fornecem
material de uma forma programada e por encaminhamento directo para a
ZComb, aliás conforme já se viu em passo anterior deste Manual.

O sistema de gestão de movimentos de transporte de um TO está


exactamente concebido para facilitar tais fornecimentos. Para atingir as
finalidades do encaminhamento directo, é desejável um alto grau de
conexão entre as estruturas de reabastecimento, de pessoal e de
transportes. As duas primeiras seleccionam, preparam para envio e
identificam claramente o destino final das remessas antes que estas caiam
na esfera de acção do sistema de transportes. Pode portanto dizer-se que
o sistema de gestão dos movimentos de transporte constitui o mecanismo
que coordena as actividades das três estruturas referidas para garantir a
utilização mais eficaz dos meios de transporte disponíveis.
94
b O processo de planeamento

Este processo, cujo produto final é o Programa de Movimentos, constitui o


método através do qual são satisfeitas as necessidades de um comando
no que se refere ao deslocamento de pessoal e material.

Compreende três passos principais, a saber:

- Desenvolvimento do esquema de distribuição de abastecimentos:

- Previsão das necessidades de movimentos relativos a


abastecimentos e a pessoal;

- Elaboração, publicação e difusão do Programa de Movimentos.

c Desenvolvimento do Esquema de Distribuição de Abastecimentos

No caso das FTTO, que é aquele que fundamentalmente interessa no


âmbito deste Manual, o esquema de distribuição é concebido e
desenvolvido no Cmd das FTTO, conjuntamente pelo CCM (em
representação do Comando de Transportes) e pelo CGM.

Se admitimos que se trata de um TO em inicio de implantação, tal trabalho


principia quando o Comandante das FTTO anuncia o esquema geral da
sua manobra logística, os quantitativos e as localizações das tropas a
apoiar e o faseamento da chegada das tropas ao TO. O Estado-Maior do
Cmd das FTTO estará então em condições de calcular os quantitativos
necessários de abastecimentos.

Entretanto são cuidadosamente estudados elementos de informações


sobre o assunto de transporte a fim de se obter um conhecimento da área
onde se irá operar e para determinar as características e as possibilidades
potenciais das linhas de comunicações disponíveis. É também analisada a
situação do inimigo para determinar as ameaças reais e potenciais em
relação às várias redes de transporte. Concorrentemente com aquele
estudo, os operadores dos vários tipos de transporte (do Comando de
Transportes) avaliam da exequibilidade de movimentar pessoal e
abastecimentos sobre várias linhas de comunicações e calculam também
a quantidade e o tipo de equipamento necessário a tais movimentos,
propondo os locais para a montagem das instalações de transporte e
avaliando as necessidades de tropas para operarem e manterem os
respectivos tipos de transporte.

95
O Comando de Apoio de Serviços de Área (CASA) com base nas
recomendações do Comando de Transportes e no seu próprio
conhecimento acerca das necessidades de abastecimentos e do
dispositivo das forças a apoiar, fixa a forma de realizar as actividades de
reabastecimento. É evidente que estas actividades se orientam
fundamentalmente para o sistema de transportes existentes, em ordem a
tirar partido das capacidades de todos os transportadores.

Concebido o sistema de transportes e reguladas as actividades de


reabastecimento, o CGM determina que abastecimentos há que
movimentar para as unidades e órgãos avançados. Em conjunto, o CGM e
o CCM assentam em esquemas de distribuição por forma a que os meios
das instalações de reabastecimento e do sistema de transportes possam
ser utilizados da melhor forma. Ao fazê-lo, vários factores são
considerados, como, por exemplo, as possibilidades do remetente e do
destinatário no que respeita à remessa e recepção através dos vários tipos
de transporte, as suas localizações, etc. Os esquemas de distribuição
fixados surgem assim como os meios desejáveis e é com base neles que
o CCM elabora o seu Programa de Movimentos. Depois quando uma
necessidade de abastecimentos é recebida pelo CGM, este elege o
depósito ou órgão que melhor pode realizar a acção de reabastecimento e
esta é dada a conhecer ao CCM e ao remetente.

d Previsão das Necessidades de Movimentos de Abastecimentos e Pessoal

O período abrangido por um Programa de Movimentos varia de acordo


com o nível de estabilidade da situação e com a aptidão dos gestores do
reabastecimento e do pessoal para preverem necessidades com um grau
aceitável de precisão.

As previsões têm que ser apresentadas com suficiente antecedência por


forma a permitir que os sistemas de transporte e de reabastecimento
introduzam ajustamentos nos respectivos meios para poderem cumprir o
programa.

Sem recurso a sistemas de processamento automático de dados,


considera-se como desejável um ciclo de planeamento de duas semanas,
com uma previsão firme de necessidades para a primeira e uma previsão
esboçada para a Segunda. Segundo este esquema, inicia-se em cada

96
semana um novo ciclo de planeamento, o qual cobre o período de duas
semanas que se segue.

A existência de sistemas de processamento automático de dados torna


possível a elaboração de um Programa de Movimentos baseados em
necessidades e não em previsões.

As áreas de actividade da Polícia do Exército e dos Assuntos Civis estão


primariamente envolvidas na utilização dos transportes por parte de
pessoal que se desloca para a retaguarda. As previsões de necessidades
extraordinárias devem ser conhecidas tão cedo quanto possível.

e Programa de Movimentos

O Programa de Movimentos atribui a capacidade disponível dos vários


tipos de transporte para satisfação das necessidades de movimentos
estabelecidas pelo comandante e de acordo com as prioridades por ele
definidas.

Este programa, cuja responsabilidade de elaboração recai sobre o oficial


de movimentos ou de transporte do Estado-Maior de uma dada
organização e cuja difusão não tem que ser necessariamente feita de
forma completa, podendo sê-lo em extractos, visa as seguintes finalidades:

- Constitui autorização para que os remetentes possam


desencadear a obtenção de transportes;

- Concede aos GMT a possibilidade de emitirem autorização de


movimento;

- Ordena às organizações de transporte o fornecimento dos meios;

- Alerta os destinatários para se prepararem para a recepção de


remessas programadas e para a rápida descarga dos meios de
transporte.

O programa compreende previsões de necessidades de remessas e de


disponibilidades de meios de transporte.

Os quatro passos básicos do seu desenvolvimento são os seguintes:

- Determinação das necessidades;

- Análise das possibilidades;

- Selecção e atribuição dos tipos de transporte;

97
- Coordenação e solução de conflitos de prioridades.

As necessidades de movimentos nascem no CGM, no Centro de Pessoal


e Administração do Comando de Pessoal das FTTO, nos Comandos
Funcionais (nomeadamente aqueles com responsabilidades logísticas) e
passam directamente ao CCM quando existe um sistema totalmente
automatizado. Então, o CGM alerta o CCM logo que é decidida uma acção
de reabastecimento que envolve uma remessa de abastecimentos a partir
do interior da organização. O CCM selecciona o tipo de transporte a avalia
as possibilidades do remetente e do destinatário para manusearem a
remessa, atribui meios de transporte para a execução do movimento e
alerta os remetentes, os GMT e os operadores do tipo de transporte
interessados. Neste caso, não se publica formalmente o Programa de
Movimentos e tais extractos são válidos naquela forma extremamente
simplificada.

É evidente que o sistema que acaba de ser genericamente delineado


depende da aptidão do CGM para decidir rápida e precisamente quanto às
acções de reabastecimento e da aptidão do CCM para comparar
eficazmente as necessidades com as possibilidades.

Contudo, existe Quanto à análise das possibilidades, os operadores dos


meios têm que dá-las a conhecer ao CCM para fins de planeamento e de
acordo com um periocidade estabelecida. As previsões das possibilidades
são normalmente apresentadas ao CCM através dos canais de comando.

normalmente um envio diário de revisões dessas previsões, às quais


seguem directamente do operador para o CCM, sendo este canal
importante se se pretende que os GMT locais (caso do sistema normal) e
o computador (caso do sistema automatizado) estejam em condições de
cumprir eficazmente o Programa de Movimentos. Com efeito, acidentes,
falhas de equipamento, condições de operatividade e a velocidade com
que o material é carregado nos meios e descarregado deles, tudo são
circunstâncias que afectam as disponibilidades de equipamento e de
capacidade. As variáveis envolvidas em tais alterações podem ser
estimadas, mas não podem ser programadas no computador senão na
altura em que se verificam.

Na selecção e atribuição dos tipos de transporte, a gestão de movimentos


utiliza as seguintes linhas orientadoras:

98
- Fornecer serviço de acordo com a sua necessidade. Deve
salientar-se que esta necessidade é determinada pelas
prioridades fixadas e pela natureza da remessa. Relativamente a
esta última, é avaliado o efeito que têm sobre o fornecimento do
transporte, as características da remessa e outros factores, como
sejam necessidades de segurança e considerações de ordem
política;

- Utilizar o tipo de transporte mais económico para a execução da


totalidade do movimento. Isto pressupôe que se não se consegue
a aplicação para a totalidade do movimento, deve tal
característica ser aplicada na máxima extensão possível;

- Sempre que possível reduzir ou eliminar manuseamento múltiplo


de carga durante o movimento;

- Atribuir todos os meios de transporte disponíveis que a satisfação


de necessidades conhecidas exige. Nenhum equipamento de
transporte deve ser reservado para fazer face a necessidades
imprevistas. Tais necessidades são satisfeitas, à medida que
ocorrem, através da atribuição de meios de transporte, de acordo
com as prioridades fixadas pelo comandante.

As prioridades de movimento são estabelecidas de acordo com as


intenções do comandante. O seu desenvolvimento é uma
responsabilidade de Estado-Maior do oficial de movimentos ou de
transportes do comando da organização em causa. Essas
prioridades são uma combinação de prioridades de
reabastecimento e de transporte e constituem uma base para a
atribuição de meios de transporte e para o fornecimento de apoio
de transporte quando as necessidades transcendem as
possibilidades. Mas uma prioridade de movimento pode também
definir o tipo de apoio de transporte (por exemplo, o tipo de
transporte mais expedido que possa movimentar a carga, sem Ter
em conta factores de economia). A concretização de prioridades
de movimento é uma responsabilidade do CCM.

f Coordenação do Programa de Movimentos

99
As instalações, órgãos e unidades das áreas avançadas recebem
fornecimentos através de transportes inter-regiões das FTTO e de
transportes do CASCE. É portanto indispensável que todos os movimentos
sejam estreitamente coordenados para que as possibilidades de descarga
das entidades de destino não sejam ultrapassadas.

Em face do importante volume que o encaminhamento directo representa


na distribuição dentro do TO, conclui-se que o Programa de Movimentos
das FTTO é o programa principal e que o planeamento do CASCE se
baseia grandemente em conhecimentos extraídos daquele no que respeita
ao volume, tipo e destino dos abastecimentos transportados para a área
do corpo de Exército.

Os transportes do CASCE estão primáriamente interessados no transporte


de combustíveis e lubrificantes, munições e sobressalentes, cujas datas
de entrega precedem o fornecimento por parte das FTTO.

O CCM do CASCE tem conhecimento dos abastecimentos que se


deslocam, provenientes da ZCom. Se se torna necessário fazer uma
transferência de meios de transporte, aquele CCM, em coordenação com
o CCM das FTTO, define qual a carga que se move por encaminhamento
directo em meios de transporte da ZCom e a que tem que ser transferida
para meios do CASCE. Quando a decisão de transferência é tomada, o
CCM do CASCE notifica os tipos de transporte interessados, os elementos
do ponto de transbordo e os GMT em causa acerca das necessidades
assim surgidas.

5 Instrução para os Movimentos

Tal como já se viu, o Programa de Movimento distribui as necessidades de


movimento pelos meios de transporte disponíveis e reflecte prioridade de
movimento fixado pelo comandante.

Num tal programa os dados de pormenor são limitados. Por exemplo, um


programa pode afirmar que 100 toneladas de abastecimentos da classe II
se movimentarão diariamente do ponto A para o ponto o ponto B, em
transporte ferroviário, durante um dado período. Não refere detalhes como
sejam o tipo dos vagões necessários, as horas de abertura o fecho das
actividades nos pontos A e B etc.

Consequentemente, após a recepção do Programa de Movimentos, o


GMT local, em coordenação com o remetente e com o operador do tipo de
100
transporte, difunde instruções para o movimento, com vista a focar
informações específicas não constantes do programa e a fornecer
pormenores inerentes à área ou à remessa em causa. Tais instruções
podem ser escritas ou verbais.

6 Execução dos Movimentos de Pessoal

a Movimentos de Pessoal

Os procedimentos relativos aos movimentos de pessoal dependem das


circunstâncias em que os passageiros vão ser deslocados. Assim, para
indivíduos isolados e pequenos grupos, é suficiente uma autorização
escrita do GMT local. Os deslocamentos de unidades e de grupos de
15 ou mais indivíduos requerem normalmente uma autorização de
carácter mais formal para garantir a existência de meios de transporte
adequados e a realização de preparativos, em pontos ao longo de
percurso, para efeitos da acomodação do pessoal.

Os pedidos para movimento de pessoal são apresentados ao GMT de


forma idêntica à usada para os pedidos para movimento de material e
são programados quando as necessidades podem ser previstas
antecipadamente. Se localmente existe capacidade de transporte
disponível, o GMT emite uma autorização para o movimento; se as
necessidades transcendem as possibilidades, o comandante em causa
estabelece prioridades e os meios de transporte necessários são
pedidos através dos canais de movimentos do GMT para o CCM de que
depende.

Normalmente todos os tipos de transporte são utilizados para o


movimento de pessoal.

b Evacuação Sanitária

Já é sabido que a evacuação de indisponíveis a partir de unidades da


frente para órgãos de hospitalização na Área da Retaguarda do Corpo
de Exército ou na ZCom é uma responsabilidade das organizações
sanitárias.

Quando se tornam necessários meios de evacuação para grandes


distâncias, como é o caso dos movimentos inter-áreas, entre a Área da
Retaguarda do Corpo de Exército e a ZCom) é pedido apoio de
transporte às organizações que podem fornecê-lo. Qualquer movimento

101
inter-área é primariamente coordenado com o Centro de Controlo da
Evacuação Aérea (trata-se de um órgão das Forças do TO que
coordena com os três ramos o transporte de pessoal e material e o
movimento de indisponíveis em aeronaves da Força Aérea). As
necessidades que transcendem as possibilidades da Força Aérea são
então apresentadas ao CCM. Normalmente a evacuação é feita por via
aérea, mas tem que haver meios terrestres disponíveis para emprego
quando os meios aéreos são insuficientes.

Com base nas necessidades de evacuação apresentadas pelo Oficial


de Regulação Sanitária (ORS) do CASCE, ou pelos ORS na ZCom, o
ORS do Comando das FTTO apresenta um pedido de evacuação ao
CCM das FTTO. Com base em prioridades, nas disponíbilidades dos
vários tipos de transporte e nas localizações envolvidas, o CCM elabora
e coordena, com o ORS das FTTO, planos para a evacuação e, quando
concluídos estes, notifica os operadores dos tipos de transporte, os
GMT e os CCM interessados.

(c) Regulação da Circulação

1 Generalidades

Por circulação deve entender-se o movimento de viaturas, peões e animais


sobre as estradas.

Conforme já se disse, a regulação de circulação constitui um dos dois


campos de acções em que a gestão dos movimentos se exerce.

Ela compreende o planeamento e a programação da utilização estradas por


viaturas, pessoal apeado (tropas, refugiados e outros civis) e animais, para
tirar o maior rendimento da rede estradal, com vista a satisfazer
necessidades de ordem militar.

Daqui resulta imediatamente uma diferença entre os âmbitos dos dois


campos de acção: Enquanto que no campo dos movimentos de transporte e
gestão está ligada a um problema de utilização de meios de transporte, no da
regulação da circulação ela está ligada à forma de inscrever o movimento
desses meios de transporte sobre as estradas disponíveis.

Uma outra noção que resulta do conceito de regulação da circulação é que


de entre os tipos de transporte atrás enumerados e caracterizados, o único

102
que com ela se relaciona estreitamente é o transporte auto, pois que ele é
também o único que pode utilizar (e quase sempre utiliza) as estradas.

A regulação da circulação tem lugar nos principais escalões de comando com


responsabilidade territorial e põe-se em prática através da acção, em cada
um deles, de um Comando Regulador da Circulação (CRC), de Equipas de
Pontos de Regulação da Circulação, suas subordinadas, e de Postos e
Patrulhas de Fiscalização da Circulação.

A medida em que a regulação é exercida por um CRC depende da


quantidade de movimento que se prevê e da capacidade da rede estradal. Os
tipos de movimentos normalmente programados por um CRC respeitam a
colunas, a viaturas excepcionalmente volumosas ou pesadas, a viaturas que
se movimentam por infiltração e a movimentos apeados de tropas.

Na ZCom a regulação da circulação limita-se aos Itinerários Principais de


Reabastecimento e a certas estradas tributárias essenciais.

2 Terminologia

Antes de continuarmos, julga-se indispensável e oportuno apresentar o


significado de alguns dos termos que se relacionam, directa ou
indirectamente, com o planeamento e a execução da regulação da circulação.

a. Rede Estradal Militar de Manobra - Rede Estradal

Sistema de estradas de que um comandante necessita para a conduta de


uma operação específica e para o seu apoio logístico.

b Itinerários Penetrantes

Itinerários que atravessam a área da retaguarda e entram na área da


frente, com um sentido sensivelmente perpendicular a seta.

c Itinerários Transversais

Itinerários cuja direcção geral é grosso modo paralelo à da linha da frente


e que encontram ou cruzam itinerários penetrantes.

d Itinerários de Sentido Único

Itinerário sobre o qual as viaturas só podem deslocar-se num só sentido.

e Débito de um Itinerário

Número de viaturas que passam num dado ponto do itinerário por unidade
de tempo.

103
Exprime-se em viaturas/hora.

f Ponto Crítico

O ponto de um itinerário no qual se verifica o débito mínimo deste.

g Capacidade de uma estrada

O volume de circulação que pode utilizar uma estrada é variável. A


capacidade de uma estrada, quer quando no débito, quer quanto às
tonelagens transportadas, é um dado importante para o planeamento dos
movimentos de transporte.

- Capacidade da Estrada em Viaturas

Máximo número de viaturas que podem passar sobre uma estrada,


num só sentido e num dado período de tempo.

A capacidade exprime-se normalmente em viaturas/hora.

Para um dado troço de estrada, a capacidade não pode exceder o


máximo débito apurado no seu ponto mais crítico.

- Capacidade da Estrada em Toneladas

Máximo número de toneladas que podem ser movimentadas sobre


uma estrada, num só sentido e num dado período de tempo.

A capacidade exprime-se em toneladas/hora e é o produto da


Capacidade em Viaturas pelo peso médio das cargas transportadas
pelas viaturas que utilizam a estrada (por exemplo: 200 viat/h x 3 ton
= 600 ton/h).

h. Largura de uma Estrada

Largura do seu pavimento no local onde ele se apresenta mais estreito.

Exprime-se em metros.

O número de faixas de rodagem obtém-se, como é lógico, dividindo a


largura da estrada pela largura considerada necessária para cada faixa.
Tomado em conta a largura de uma Viat normal e a necessidade de
espaço para cada um dos seus lados, a largura da faixa considerada
normalmente como necessária para o movimento de uma coluna de tais
Viat é de 3,5 metros, sendo de 4m, se se trata de viaturas com lagarta.

Uma estrada pode ser classificada de corrente simples ou dupla de acordo


com o seu número de faixas de rodagem.
104
- Estrada de Corrente Simples

Estrada que permite o movimento de uma coluna de viaturas e possibilita


que viaturas isoladas façam ultrapassagens e se cruzem com a coluna em
locais predeterminados.

É desejável que a largura de uma estrada destas seja equivalente a, pelo


menos, 1,5 faixas de rodagem.

- Estrada de Corrente Dupla

Estrada que permite o movimento simultâneo de duas colunas de viaturas,


razão pela qual, evidentemente, a sua largura terá de ser, no mínimo,
correspondente a duas faixas de rodagem.

i. Altura-Limite

Distância mínima, medida na vertical, entre a superfície do pavimento de


uma estrada e qualquer obstrução sobre ela.

(Logicamente a altura-limite constitui um impedimento para a utilização da


estrada por todas as viaturas cuja altura a excede).

j. Classe da Estrada

Indicação, em toneladas, do peso da viatura com maior peso bruto que a


estrada suporta.

- Estradas para Circulação Média-Classe 50

- Estradas para Circulação Pesada-Classe 80

- Estradas para Circulação Muito Pesada-Classe 120

l. Classe da Rede Estradal

É a classe mais baixa entre as classes das estradas que constituem a


rede.

m. Tipo de Estrada

Caracterização das estradas baseada fundamentalmente na qualidade dos


seus pavimentos e a alteração da sua capacidade face às condições
meteorológicas.

- Tipo X - Estrada para todo o tempo

Qualquer estrada que, à custa de uma manutenção razoável, é


utilizável durante todo o ano por um volume de circulação que

105
nunca é substancialmente inferior à sua máxima capacidade com
bom tempo.

O Pavimento da estrada é impermeável e pouco afectado pela


chuva, gelo, degelo, calor e inundações.

Nunca uma estrada destas é encerrada à circulação como


consequência dos efeitos do tempo, excepção feita ao bloqueio
para neve ou inundação.

São exemplos de estradas deste tipo, as de betão, asfalto e pedra


(calçada).

- Tipo Y - Estrada para todo o tempo (Tráfego limitado)

Qualquer estrada que, à custa de uma manutenção razoável,


pode permanecer utilizável com mau tempo mas por um volume
de circulação que é substancialmente inferior à sua capacidade
normal com bom tempo.

O pavimento da estrada não é impermeável e é


considerávelmente afectada pela chuva, o gelo ou o degelo.

São exemplos de estradas deste tipo, as de brita, macadame,


saibro ou empedramento ligeiro.

- Tipo Z - Estrada para Bom Tempo

Qualquer estrada que se torna rapidamente inutilizável com mau


tempo e que com mau tempo e que só consegue manter-se
aberta à circulação, à custa de grandes trabalhos de manutenção
(apropriação).

As estradas deste tipo são gravemente afectadas pela chuva,


neve, gelo e degelo.

São exemplos as estradas de terra natural ou batida e as areia ou


argila.

n. Obstruções numa Estrada

São, como a expressão indica, impedimentos físicos à circulação.

Convencionalmente e para efeitos da Fórmula de classificação, utilizam-se


as seguintes indicações:

- (T) - Estrada bloqueada, regularmente, por neve

106
- (W) - Estrada bloqueada, regularmente, por inundação.

- (OB) - Indica que há obstruções

o. Fórmula de Classificação de uma Estrada

Fórmula que representa, na sequência que se indica, a Largura, o Tipo, a


Classe e as Obstruções (se existem) na estrada.

Esta fórmula é utilizada no Plano de Circulação, juntamente com outra


simbologia que classifica as obras de arte das estradas e outras
características.

Com as indicações antes apresentadas, compreende-se que ao inscrever-


se na representação gráfica duma estrada a fórmula “6 Y 50”, isso significa
que ele tem uma largura de 6 metros, é uma estrada para todo o tempo,
mas com limitações, e o maior peso bruto que suporta, por viatura, é de 50
toneladas.

Se estivesse com qualquer interrupção acrescentaríamos no fim da


fórmula o símbolo indicativo da natureza da obstrução.

Se a estrada em questão estivesse interrompida por uma inundação a sua


fórmula representativa seria então: “6 Y 50 (OB) (W).

p. Carta de Circulação

Representação gráfica, sobre uma carta, dos elementos constantes do


Plano de Circulação.

É permanentemente mantida em dia no Comando Regulador da


Circulação.

(A noção de Plano de Circulação será apresentada oportunamente).

q. Linhas de Comunicações

Conjunto de todos os itinerários terrestres, aquáticos e aéreos que ligam


uma força militar actuando com uma ou mais bases de operações e ao
longo do qual se deslocam reforços e abastecimentos.

(Entende-se por “base de operações uma área a partir da qual uma força
militar inicia as suas operações ofensivas, para a qual reverte no caso de
ser obrigada a recuar e na qual se montam instalações de
reabastecimento).

r. Itinerário Principal de Reabastecimento (IPR)

107
Itinerário rodoviário escolhido dentro de uma área de operações, sobre o
qual se desenvolve a maior parte da circulação para apoio de operações
militares.

Numa dada área pode seleccionar-se um ou mais IPR e o exemplo mais


flagrante do que acaba de dizer-se é o caso da ZCom, a qual normalmente
apresenta uma rede relativamente densa de IPR. Quando num dado
escalão existem mais do que um IPR, eles serão identificados por
numeração seguida (IPR 1, IPR 2, IPR 3, etc.). A utilização dos IPR está
sempre sujeita a restrições de circulação. É, por isso, um itinerário
controlado. Na ZComb há toda a vantagem em que sejam itinerários
penetrantes.

De um modo geral poderá dizer-se que, dentro do TO, a quantidade dos


IPR aumenta com a subida de escalão, sendo a Divisão o mais baixo
escalão que os estabelece e o Cmd das FTTO o mais alto.

O número de IPR que são seleccionados em cada escalão depende de


variados factores (entre os quais não deve esquecer-se a qualidade da
rede estradal na área em causa), mas um deles liga-se às possibilidades
humanas e materiais - trata-se das possibilidades de conservar e manter
tais itinerários em boas condições de utilização, o que é encargo das
tropas de engenharia.

No escalão Divisão, é desejável que cada Brigada em primeiro escalão


seja servida por um IPR, sendo o esquema mais económico (em termos
de manutenção) aquele em que existe um IPR a partir do limite à
retaguarda da Divisão bifurcando-se depois em dois até ás áreas das
Brigadas.

Com base em dados estatísticos obtidos com a experiência de anteriores


conflitos, admite-se serem suficientes, no mínimo dos mínimos, os
seguintes itinerários para o apoio dentro de um TO, considerando-se que
todos eles têm duas faixas de rodagem:

- Na ZComb

- Uma estrada penetrante de terra batida por cada Divisão, a partir


do respectivo limite à retaguarda, com bifurcações para as suas
Brigadas.

108
- Duas estradas penetrantes melhores (por exemplo, estradas de
brita ou empedramento ligeiro) por cada CE, a partir do seu limite à
retaguarda.

- Estradas como as anteriores, mas transversais, a intervalos de 16


Km umas das outras, para a retaguarda de limite à retaguarda das
Divisões.

- Estradas de acesso, na medida das necessidades, para servirem


órgãos de reabastecimento e outras instalações nas áreas da
retaguarda dos CE.

- Na ZCom

- Duas estradas de pavimento betuminoso para a Área da


Retaguarda de cada Corpo de Exército, com estradas de ligação,
na medida das necessidades, a portos e praias.

- Estradas de acesso, na medida das necessidades, para servirem


depósitos e outras instalações na ZCom.

De tudo o que acaba de ser referido quanto à rede estradal de um TO,


poderá concluir-se então que, na hipótese de máxima pobreza dessa
rede, terá que haver:

- 1 IPR por cada Divisão (Estradas do Tipo Z e de corrente dupla),


bifurcando-se para as suas Brigadas.

- 2 IPR por cada Corpo de Exército, (Estradas do Tipo Y e de


corrente dupla);

- 2 IPR na ZCom, por cada Corpo de Exército (Estradas do Tipo X e


de corrente dupla), mais as estradas de ligação a portos e praias
que sejam necessárias (Idem).

A existência de um IPR não obriga a que sobre ele se canalize toda a


circulação logística; antes pelo contrário, deverão para o efeito,
utilizar-se todas as vias de comunicação disponíveis. Tal existência,
repete-se, traduz um encargo de manutenção que é prioritário em toda
a rede estradal, para poder garantir-se, a todo o momento, que o IPR
se encontra utilizável.

Finalmente, refira-se que são aspectos a Ter em conta na selecção de


um IPR, na ZCmb:

109
- O apoio mais conveniente ao plano táctico;

- A localização dos órgãos e instalações logísticas;

- Vantagem de uma localização central (caso específico de poder só


haver um, ou seja, o caso da Divisão);

- Distância mais curta aos órgãos do escalão apoiante;

- Influência menor possível do mau tempo e da circulação intensa;

- Vulnerabilidade menor possível à acção inimiga.

s. “Pool” de Viaturas

Concentração de viaturas de transporte de carga de várias unidades e


sua colocação sob controlo centralizado para visar a satisfação de
necessidades urgentes de capacidade de carga adicional.

É evidente que a constituição de um tal “pool” reduz as possibilidades


das unidades que cedem viaturas. A regra geral é que um “pool” não
se limita a uma determinada Arma ou Serviço ou a um dado tipo de
meios de transporte.

Todas as viaturas de qualquer unidade são susceptíveis de integrar


um “pool” excepto as que beneficiam de protecção pelas Convenções
de Genebra (viaturas destinadas ao transporte de feridos e doentes,
militares e civis), as viaturas especialmente concebidas para
movimentarem armas, as viaturas de manutenção e as viaturas de
comando, transmissões e direcção de tiro.

As unidades de transporte auto constituem o núcleo dos “pools”.


Exceptuando-se as viaturas especiais (por exemplo, viaturas-oficinas,
viaturas de engenharia e de transmissões, automacas ou outras
viaturas sanitárias especiais, viaturas de munições e viaturas que
transportam armas), as cargas das viaturas podem ser descarregadas
e as viaturas ser empregues em “pool” para utilização de emergência.

Fazer “Pool” tem a vantagem de facultar os meios para uma


distribuição mais eficaz do volume de trabalho e para uma maior
flexibilidade na satisfação de pedidos excepcionalmente grandes
como inconvenientes podem considerar-se o possível abaixamento do
moral e reduzido controlo administrativo, como resultado da

110
separação das tropas e do equipamento das unidades a que
pertencem.

3 Comando Regulador da Circulação

a. Generalidades

Este órgão de Regulação da Circulação estabelece-se na ZCom (ao nível


do Cmd das FTTO) e na ZComb (ao nível do CASCE).

Quer no Cmd das FTTO, quer no CASCE, o CRC é montado, guarnecido e


accionado pela mesma unidade que monta, guarnece e acciona o Centro
de Controlo de Movimentos (CCM) nesses dois escalões.

O CRC depende, para um funcionamento eficiente, de informações,


propostas e serviços prestados por outras entidades conforme adiante se
verá.

b. Missão

Pode dizer-se que a missão geral de um CRC é a elaboração e supervisão


da execução do Plano de Regulação da Circulação (noção a fornecer
adiante).

c. Funções específicas

As funções específicas de um CRC podem variar consoante o escalão de


comando considerado. Todavia, podem ser indicadas, a título genérico, as
funções de realização mais comum, que são as seguintes:

- Manutenção em dia de uma carta da situação da rede estradal, da qual


constam dados relativos a obstruções, desvios, passagens apertadas,
capacidades e condições do pavimento. As actividades inimigas que
afectam a circulação, são também anotadas.

- Aplicação das prioridades de movimento, estabelecidas de acordo com


as instruções do Comandante.

- Recepção de pedidos para encaminhamento da Circulação (itinerários


propostos) e correspondente programação horária, provenientes de
unidades localizadas na sua área de jurisdição (esta área é a ZCom se
se trata do CRC do Cmd das FTTO e a Área da Retaguarda do Corpo
de Exército se se trata do CRC do CASCE).

111
- Consolidação dos itinerários seleccionados e dos quadros de
movimento, programação horária dos movimentos e concessão de
créditos de movimento, se necessário.

- Elaboração e difusão de Cartas de Circulação.

- Introdução de alterações nos encaminhamentos da circulação, nos


programas-horários e nas prioridades, se assim for exigido pela
situação, e fornecimento dessas informações aos comandantes de
unidades ou de colunas envolvidos no movimento (através dos canais
de comando, quando possível, ou caso contrário, por intermédio dos
Pontos de Regulação da Circulação ou dos Postos de Fiscalização da
Circulação).

- Recepção, registo e difusão (quando necessário) de informações


recebidas de outros CRC acerca de movimentos para o interior da sua
área de jurisdição.

- Coordenação, com outros CRC, dos movimentos que terminam no


exterior da sua área de jurisdição.

- realização, em coordenação com as tropas de engenharia de


construção, de planeamento, a longo e a curto prazo, para reparações
a realizar na rede estradal.

- Estabelecimento de normas para a elaboração de relatórios, por parte


das tropas de engenharia, no que respeita a trabalhos de construção de
estradas.

d. Coordenação com outras Entidades

Conforme já foi referido, o CRC tem que estabelecer ligação e


coordenação com outras entidades a fim de que possa cumprir
eficazmente a sua missão.

Para este efeito, a solução óptima é que na própria constituição do CRC


se integrem representantes dessas entidades. Todavia admite-se que tal
não seja praticável em todos os escalões, pelo menos com carácter de
permanência.

As entidades que intervêm na regulação da circulação e com as quais é


portanto indispensável a coordenação, pertencem às seguintes áreas de
actividade:

112
- Engenharia;

- Transmissões;

- Transportes;

- Manutenção;

- Policia do Exército;

- Assuntos civis.

Vejamos quais são as acções que em cada uma dessas áreas se ligam
directamente à Regulação da Circulação:

Engenharia

- Reconhecimento das estradas e pontes.

- Obtenção ou elaboração de mapa de estradas. Obtenção ou


construção colocação e manutenção de sinais e marcadores de
itinerários.

- Obtenção, ou construção, e manutenção de outros dispositivos de


controlo e de indicação de direcção.

- Controlo do tráfego, colocação de sinais e instalação de dispositivos


de alerta e outros, nas áreas em que decorrem trabalhos de
construção.

- Sinalização de pontes e túneis.

Transmissões

- Fornecimento e accionamento de ligações telefónicas, de rádio, por


teletipo e telegráficas, ou de outros serviços de transmissões que
sejam necessários.

Transportes

- Recepção, correlação e difusão de informações sobre a rede


estradal.

- Formulação, coordenação e publicação de planos e normas de


regulação da circulação.

- regulação do uso da rede estradal.

- Emissão de autorizações para utilização de estradas, elaboração de


programas para colunas, consolidação de quadros de marcha e
113
fornecimento de instrução aos utentes acerca de movimentos sobre
estradas controladas.

Manutenção

- Fornecimento de apoio nas categorias de manutenção de A/D, A/G e


de Depósito.

Policia do Exército

- Preparação e colocação de sinais temporários (de aviso, de


regulação e de orientação) em situações de emergência e em
operações de combate, quando as condições não permitem que se
construam e coloquem, no âmbito da engenharia, todos os sinais
necessários;

- Elaboração do Plano de Fiscalização da Circulação;

- Realização da fiscalização da circulação;

- Introdução local de alteração nos itinerários programados, em


situações de emergência;

- Fornecimento de informações e de orientação ao longo dos


itinerários;

- Relato de danos verificados nas estradas ou obstruções sobre elas.

Assuntos Civis

- Coordenação das necessidades apresentadas no âmbito da


população civil quanto à utilização da rede estradal;

- Chamada de atenção acerca das estradas sobre as quais o


movimento de refugiados pode afectar a circulação militar.

4 Equipas de Pontos de Regulação da Circulação

Assim como os GMT são como que antenas dos CCM, destes dependendo
operacionalmente para efeitos da Gestão dos Movimentos de Transporte,
também estas Equipas de Pontos de Regulação da Circulação são como que
“antenas” dos CRC, destes dependendo operacionalmente para efeitos da
Regulação da Circulação.

As Equipas em causa são constituídas por um conjunto de elementos que


guarnecem locais considerados críticos na rede estradal, onde actuam para

114
colaborar com o CRC na execução do Plano de Regulação da Circulação por
este elaborado.

Tais locais designam-se por Pontos de Regulação da Circulação (PRC).

As referidas Equipas estão organizadas e equipadas para desempenhar as


seguintes funções:

- Anunciar e assinalar colunas e outros elementos que chegam e partem do


PRC, do que resulta poder a sua progressão ser acompanhada e ser
possível introduzir-se ajustamentos, se necessário.

- Receber, correlacionar e difundir informações sobre a circulação de


carácter operacional e elaborar relatórios acerca das condições correntes
da estrada e das alterações quando elas ocorrem.

- Transmitir ordens do comando às unidades e organizações em


movimento.

- Promover desvios e introduzir alterações nas prioridades, de acordo com o


que superiormente for ordenado.

5 Postos e Patrulhas de Fiscalização da Circulação

a. Generalidades

Quer os Postos de Fiscalização da Circulação (PFC), quer as Patrulhas,


são guarnecidos por pessoal da Policia do Exército dentro da área de
responsabilidade territorial de um dado escalão de comando.

Uns e outros destinam-se a realizar a fiscalização da Circulação e, ao


fazê-lo fornecem um contributo importante para a eficiência da Regulação
da Circulação.

Antes de prosseguir, julga-se todavia oportuno apresentar o signifivado de


alguns dos termos que se relacionam, directa ou indirectamente, com a
fiscalização da circulação.

b. Terminologia

- Fiscalização da Circulação

Verificação e imposição do cumprimento das normas do código da


estrada, dos regulamentos do trânsito e da disciplina rodoviária.

- Fiscalização de Área de Circulação

115
Fiscalização exercida sobre toda a circulação no interior ou através de
uma data área, de acordo com directivas emitidas pelo responsável
territorial dessa área.

- Fiscalização Orgânica da Circulação

Fiscalização exercida pelo Comandante da unidade ou organização que


se move sobre uma estrada, com vista a assegurar a observância das
normas do código da estrada, dos regulamentos e leis do trânsito, das
velocidades, distâncias e horários, da disciplina durante a manobra e
nos altos e das medidas de segurança imediata.

- Plano de Fiscalização da Circulação

Plano que visa fornecer ao Comandante e ao Comando Regulador da


Circulação de um dado escalão as linhas gerais sobre a forma como a
Policia do Exército, pode apoiá-los na fiscalização da circulação dentro
de uma dada área geográfica.

- Itinerário Controlado

Itinerário cuja utilização está sujeita a restrições de circulação.

Os Itinerários controlados podem classificar-se em Itinerários Vigiados,


Guardados e Reservados.

- Vigiado

Itinerário sobre o qual uma autoridade de fiscalização da circulação


exerce controlo através de postos de fiscalização de circulação, de
patrulhas ou de ambos.

Um crédito de Movimento é exigido para a sua utilização por uma


coluna de 20 ou mais viaturas ou por qualquer viatura com peso ou
dimensões excepcionais.

- Guardado

Itinerário sobre o qual é exercido apertado controlo, quer quanto às


prioridades da sua utilização, quer quanto à regulação da circulação
no espaço e no tempo.

Um crédito de Movimento é exigido para a sua utilização por


qualquer viatura isolada ou grupo de viaturas, independentemente
do número e tipo destas.

116
- Reservado

Itinerário cuja utilização é atribuída exclusivamente a uma entidade


ou formação específica (por exemplo, reservado para a 23ª DBI) ou
destinado a satisfazer uma necessidade específica (por exemplo,
reservado para evacuação).

- Itinerário Livre

Itinerário para cuja utilização não é exigido Crédito de Movimento.

- Itinerário Proibido

Itinerário sobre o qual é proibido totalmente a circulação.

- Crédito de Movimento

Autorização concedida a uma ou mais viaturas para se movimentarem


sobre um Itinerário Controlado, segundo um horário fixado de acordo
com as instruções de movimento.

O Crédito de Movimento inclui a indicação das horas a que as primeiras


e últimas viaturas de uma coluna devem passar em:

- Ponto de entrada no Itinerário Controlado.

- Ponto crítico, outros pontos particularmente difíceis e, se


necessário, Postos de Fiscalização da Circulação.

- Ponto de saída do Itinerário Controlado.

c. Postos de Fiscalização da Circulação (PFC)

Conforme a sua própria designação traduz, um PFC é um ponto do terreno


onde a Policia do Exército fiscaliza a circulação.

O PFC é montado apenas onde se torna necessário para fiscalizar e


desembaraçar a circulação e para evitar congestionamentos.

Um PFC típico é constituído por quatro elementos. Além do cumprimento


da sua missão primária (a fiscalização da circulação), o PFC tem que
funcionar como posto informativo, o que envolve não só a faculdade de
fornecer orientação àqueles que dela carecem, mas também de fornecer
indicações sobre o escalão do itinerário e a actividade inimiga na área e
de transmitir instruções emanadas do comando.

Quando se considera conveniente, os PFC podem ser instalados junto dos


PRC (Pontos de Regulação da Circulação), locais onde, como já se
117
referiu, o pessoal controlador dos movimentos executa actividades de
regulação relativamente à circulação programada.

d. Patrulhas de Fiscalização da Circulação

Estas patrulhas são motorizadas e são normalmente o meio predominante


de fiscalização de circulação.

Uma patrulha típica é constituída por três elementos e, em condições


normais, é capaz de actuar continuamente durante 12 horas em cada dia.

(Inclui-se neste período o tempo necessário às refeições e à manutenção


da viatura e do posto de rádio).

Além do cumprimento da sua missão primária (a fiscalização da


circulação), a patrulha cumpre a de manter contacto com os PFC e,
adicionalmente, pode desempenhar outras funções, como sejam actuar
como um PFC em situação de emergência, colher dados sobre o estado
dos itinerários, etc.

6 Planeamento da Regulação da Circulação

a. Generalidades

O Plano de Regulação da Circulação é um plano que diz respeito às


possibilidades da rede estradal existente para suportar a circulação que
sobre ela tem que realizar-se.

Pode apresentar-se oralmente ou por escrito.

As informações que dele resultam são difundidas aos utentes através de


uma ordem ou Plano de Circulação, que normalmente surge na forma de
um transparente.

A elaboração do Plano de Regulação da Circulação deve ser iniciada com


antecedência e ser coerente com o volume da unidade em causa, com a
qualidade da rede estradal, com a situação logística e com a missão,
composição e dispositivo das unidades tácticas.

O plano tem que ser adaptável às alterações da situação. Se a circulação

é reduzida, esta adaptação pode ser fácil. Contudo, quando a circulação é


intensa e está programada com poucas folgas, cada ajustamento pode
exigir a necessidade de vários outros que àquele se sucedem em cadeia.
Por outro lado, se o plano é extensivo, há que fazer numerosos cálculos e

118
ele tende a perder flexibilidade, enquanto que se é expedito pode não
assegurar o controlo que se deseja.

Concluído, a solução óptima é a de um plano que assegure o grau de


controlo que o Comandante pretende e que ao mesmo tempo tenha a
flexibilidade e a capacidade de resposta possíveis para enfrentar
alterações de situação.

b Dados Necessários

O planeamento da regulação da circulação exige o conhecimento de


dados de variada natureza que a seguir se apresentam.

- Dados colhidos dos planos operacionais da unidade, bem como


critérios, prioridades e restrições impostas pelo escalão superior e
ainda dados colhidos dos planos de apoio logístico a receber do
escalão apoiante;

- Dados sobre os itinerários: Tipo da superfície ou do pavimento,


consistência e largura das bermas, localização e características de
desvios em redor de acidentes de terreno limitativos, distâncias,
durações de trajecto e possibilidades. Também se consideram os
itinerários de alternativa, assim como pontos críticos ao longo de todos
os itinerários, onde seja provável admitir emboscadas e outras acções
hostis;

- Dados sobre a circulação: Densidade de circulação e volume previsto


por cada tipo de viaturas, variações no débito em troços de itinerários
durante períodos específicos, necessidades de patrulhamento e
localização de áreas sensíveis, como sejam estrangulamentos,
cruzamentos que exigem controlo ou passagens de nível que exigem
guarda;

- Dados sobre terminais e outras instalações: Localizações e


características de LR, CR, Depósitos, estações de serviço, áreas para
parque fora dos itinerários, áreas de bivaque e instalações de
evacuação e hospitalização, considerando os acessos a partir dos
itinerários principais e as respectivas possibilidades de recepção, carga,
descarga e apoio de manutenção às viaturas;

- Dados sobre as disponibilidades dos equipamentos de transmissões.

c Origem dos Dados

119
Normalmente, os dados a que se fez referência provêem das seguintes
origens:

- A missão atribuída à unidade, a qual pode ser exclusivamente uma


missão logística ou uma extensão da missão táctica;

- Estudos da Situação em curso e planos ou Ordens Administrativo-


Logisticas em vigor;

- Reconhecimentos tão completos quanto a situação e o tempo


disponível permitam.

Os dados preliminares sobre a rede estradal são geralmente obtidos a


partir de mapas, cartas, fotografias aéreas, autoridades de tráfego
locais, relatórios de informações e estudos de informações relativos a
transportes. Contudo, tais dados devem ser verificados e
complementados por acções de reconhecimento terrestre e, quando
possível, de reconhecimento aéreo.

As Equipas de reconhecimento podem ser constituídas por pessoal de


engenharia e/ou de transportes, mas é de salientar que cabe à
engenharia a responsabilidade de elaborar o transparente do
reconhecimento dos itinerários, do qual constam pormenorizadamente
todas as características da rede estradal.

Por outro lado, elementos da Polícia do Exército procedem também a


reconhecimentos, mas estes têm apenas em vista a colheita dos dados
sobre a rede estradal que são julgados indispensáveis para efeitos da
fiscalização da circulação.

d Plano de Circulação

Tal, como já foi referido, o Plano de Circulação é uma forma de dar a


conhecer aos utentes informações constantes do Plano de Regulação
da Circulação.

O Plano da Circulação reflecte a rede estradal que se planeou utilizar e


manter e também mostra como tal utilização deve ser feita. O plano
pode ser tão genérico ou tão pormenorizado quanto se pretende.

Normalmente inclui os seguintes elementos:

- As características mais restritivas dos itinerários e as designações


destes últimos;

120
- Os sentidos dos movimentos;

- A localização de limites, Unidades, Pontos de Regulação da


Circulação (PRC), Postos de Fiscalização da Circulação (PFC) e
principais órgãos de reabastecimento;

- Acidentes geográficos importantes e Linha de Ocultação de Luzes


(LOLuz), se for aplicável;

- Linha de Ocultação de Luzes é a linha a partir da qual a circulação


nocturna deve fazer-se apenas à custa da luz dos farolins de
combate das viaturas.

7 Execução do Plano de Regulação da Circulação

Para que o Plano de Regulação da Circulação seja correctamente posto em


prática, é imperativo que a transmissão de instruções claras e concisas aos
Comandantes envolvidos em todos os movimentos por estrada e que a
distribuição de informações pertinentes a todo o pessoal controlador sejam
completas e oportunas.

Estes mecanismo pode ser simplificado se os procedimentos ligados à


regulação da circulação forem incluídas em NEP da unidade e até em NEP
internas do próprio CRC.

Apontam-se seguidamente alguns exemplos de assuntos que podem constar de


NEP:

- Velocidade média e velocidade máxima autorizada;

- Frequência e duração dos altos;

- Disciplina de marcha;

- Regras especiais do código da estrada;

- Métodos para manuseamento de transviados e de viaturas inoperativas;

- Procedimentos para a obtenção de autorizações de movimento de crédito de


movimento;

- Relatórios a enviar e normas para a sua elaboração;

- Distâncias entre viaturas e entre agrupamentos de marcha;

- Orientações necessárias: por exemplo, uso de guias, bandeirolas e


marcações;

121
- Identificação do pessoal da Regulação e Fiscalização da Circulação, através
de braçadeiras.

8 Encaminhamento da Circulação

O encaminhamento da circulação consiste no planeamento de movimento sobre


determinados itinerários.

Há três preceitos fundamentais que devem ser respeitados nesse planeamento.


São eles o balanceamento, a separação e a distribuição:

- O balanceamento consiste em fazer aderir as características das viaturas às


características e limitações dos itinerários disponíveis;

Por exemplo, deve encaminhar-se equipamento pesado ou de grandes


dimensões sobre um itinerário com declivas e curvas consentâneas com as
possibilidades do equipamento e com pontos que tenham as adequadas
larguras e capacidades.

- A separação consiste na atribuição, a movimentos com igual destino, de


itinerários que não se cruzam;

- A distribuição consiste na atribuição de tantos itinerários quanto seja possível


para o movimento, com vista a reduzir conflitos de circulação, a evitar a
deterioração dos pavimentos de apenas alguns itinerários, a obter dispersão
e a reduzir o tempo necessários à execução do movimento.

9 Programa Horário da Circulação

Tal como a própria expressão indica, a programação horária da circulação


consiste na coordenação do factor tempo nos movimentos ao longo dos
itinerários.

Esta programação é necessária porque visa:

- Dar prioridade a unidades em obediência às directivas do Comandante e a


unidades que se destinam a áreas mais distantes;

- Minimizar atrasos, conflitos e congestionamentos, fazendo com que o débito


nunca exceda a capacidade do itinerário no seu ponto mais critico, e
dispersando a circulação;

- Assegurar regulação pormenorizada a movimentos especiais ou de alta


prioridade;

122
- Garantir a segurança e a defesa passiva através da programação de
movimentos nocturnos, quando não se dispõe de superioridade aérea;

- Restringir a circulação para permitir a necessária manutenção dos itinerários;

- Manter conhecimento actualizado sobre a posição de todas as colunas, por


forma a que em qualquer altura elas possam ser reencaminhadas,
desviadas, utilizadas para fazer face a emergências ou retidas para dar
passagem a movimentos de mais alta prioridade.

Apontam-se seguidamente os preceitos fundamentais a observar na


programação – horária dos movimentos:

- Os movimentos no interior da área são programados e, a cada unidade que


os executa, o CRC pretencente ao comando que tem responsabilidade
territorial na área atribui um número de movimento;

- Os movimentos inter-áreas são coordenados entre as áreas em causa. O


CRC da área de origem atribui o número de movimento;

Quando há conflitos nestes movimentos e não podem ser resolvidos pelos CRC
em causa, o comandante que tem autoridade geral sobre as áreas é notificado
através da Repartição do Estado-Maior adequada (3ª ou 4ª, conforme se trate
de movimentos tácticos ou administrativos) e é-lhe pedido que determine
prioridades.

- Um movimento de ida e volta programado para terminar dentro de 24 horas


é considerado como um só movimento;

Quando sõs necessárias mais do que 24 horas para concluir um movimento


desse tipo, o movimento de retorno pode ser considerado como um movimento
separado e assim receber um novo número.

- Um movimento que mantém uma mesma direcção é considerado como um


só e mantém o seu número, mesmo que a sua conclusão tenha a duração
de vários dias;

- Uma unidade de marcha numa coluna pode ser identificada, utilizando-se


uma letra a anteceder o número do movimento;

- Os programas-horários aprovados e os números de movimento atribuídos


são transmitidos à Policia do Exército (Preboste), a fim de habilitá-la a
assegurar fiscalização da circulação dentro das suas possibilidades.

10. A execução da regulação da Regulação da Circulação-Alguns Procedimentos

123
a. Pedido de Autorização para o movimento

Antes de iniciar um movimento sobre um Itinerário cuja utilização exige


crédito de movimento (itinerário controlado, como já é sabido), a unidade
tem que apresentar um pedido de autorização ao CRC dentro de cuja área
o movimento se inicia.

Usa-se para o efeito um impresso padronizado que serve para apresentar o


pedido e também para anunciar a autorização. Consoante a urgência, os
elementos constantes desses impressão podem ser transmitidos oralmente
ou por escrito.

b. Concessão do Crédito de Movimento

Após a recepção do pedido. O CRC procura, se possível, programar o


movimento de acordo com o horário e sobre o itinerário proposto pela
unidade. Quando uma ou outra proposta não possa ser aceite, a unidade é
disso imediatamente notificada e o CRC providencia no sentido de
conseguir um horário e/ou itinerário(s) de alternativa.

Após a coordenação final, o CRC concede à unidade o necessário crédito


de Movimento e o número, além de outras informações que sejam
necessárias.

c. Estabelecimento de Prioridades

As prioridades são estabelecidas segundo um critério de urgências ou de


necessidades imperiosas.

Geralmente, quando surgem conflitos entre movimentos que têm a mesma


prioridades, a circulação no sentido da frente prevalece sobre a inversa e as
viaturas carregadas que se dirigem para a frente têm prioridade sobre as
viaturas vazias que se deslocam em qualquer direcção.

d. Acções de Emergência

É evidente que alterações da situação, danos nos itinerários ou


congestionamentos, podem obrigar a introduzir ajustamentos no
encaminhamento da circulação e na programação-horária.

Se pode ser prevista uma rotura ou uma interrupção grave do Plano de


Circulação, devem elaborar-se planos de alternativas para enfrentar a
emergência. Estes planos podem envolver reencaminhamento,

124
reprogramação-horária e redistribuição do pessoal de fiscalização e
regulação.

As emergências que não podem ser previstas exigem uma rápida solução
na estrada. À policia do Exército, em colaboração com o pessoal de
regulação, ajuda os comandantes das colunas a decidir imediatamente.
Estes órgãos da estrada (Pontos de Regulação da Circulação, Postos e
Patrulhas da Fiscalização da Circulação) praticam localmente
encaminhamento de emergência, tendo no entanto sempre em mente os
encaminhamentos e horários estabelecidos.

O reencaminhamento extensivo é feito apenas à ordem do CRC.

Um sistema adequado de transmissões tem que ligar o CRC com os PRC e


os PFC.

e. Controlo

O controlo é obtido à custa da acção permanente dos PRC e dos PFC que
tenham recebido ordens para desempenharem funções de regulação.

Tais pontos são localizados intervaladamente ao longo do(s) itinerário(s),


por forma a que a progressão das viaturas possa ser comunicada e
acompanhada e os programas ajustados, quando necessário.

Cada PRC deve localizar-se onde se preveja uma real necessidade de


controlo. Localizações vantajosas podem ser terminais de viaturas, pontos
de transbordo, cruzamentos de estradas ou itinerários-chaves de acesso a
portos ou conjuntos de depósitos.

(As funções especificas das Equipas de Ponto de Regulação da Circulação


foram já oportunamente apresentadas).

GRÁFICOS

8. OPERACÃO DOS TIPOS DE TRANSPORTE

a. Generalidades

Esta segunda área de interesse da função logística que se estuda, diz respeito a todas
as actividades dos comandos e subunidades das organizações cuja missão principal é a
de assegurarem a execução dos movimentos de transporte através da atribuição e do

125
accionamento dos meios de transporte. Normalmente, estes meios são associados por
afinidades para constituírem unidades individualizaras. Outra forma de transmitir a
mesma ideia é dizer que normalmente cada unidade de transporte constitui a
representação de um só tipo de transporte (unidades de transporte auto, de transporte
aéreo, de transporte ferroviário).

Não é intenção apresentar neste Manual uma descrição dos vários tipos de unidades de
transporte que podem encontrar-se num TO, e muito menos uma análise da forma de
actuar de cada um desses tipos. Em verdade, as operações dos tipos de transporte são
da responsabilidade dos elementos pertencestes às unidades que servem os vários tipos
e não se julga que isso tenha interesse no âmbito deste Manual.

Há contudo ideias gerais que convém conhecer, como sejam as seguintes:

(1) Tal como acontece com a generalidade das organizações de apoio de servidos,
também no caso das organizações de transportes a sua quantidade, complexidade e
variedade aumentam à medida que se caminha da frente para a retaguarda.

É compreensível que a organização de transporte que serve uma Divisão não tenha
o desenvolvimento nem a variedade qualitativa daquela que serve as FTTO (na
Divisão trata-se de uma Companhia que representa apenas o transporte auto,
enquanto que ao nível das FTTO se trata de um Comando de Transportes com
vários Agrupamentos, cada um deles com vários Batalhões, representando aqueles
praticamente todos os tipos de transporte existentes).

(2) Se existe função logística em que de forma mais flagrante se concretize o que se
disse na 1ª Parte deste Manual -“... eles (os limites à retaguarda) não constituem
barreiras destinadas a quebrar a sucessão das operações de apoio de serviços...”-
ela é a função logística agora em estudo, pois que o encaminhamento directo, para
só referir um exemplo, parece desconhecer propositadamente a existência daqueles
limites.

Portanto, as operações dos tipos de transporte estende-se até onde se torne


necessário dentro de um TO, sendo no entanto evidente que, dados as
características proprias de cada um desses tipos, apenas o transporte auto figura
desde o limite à retaguarda do TO até à linha da frente. Dos restantes, uns têm a
servidão da rigidez, outros a da vulnerabilidade e ainda outros tem ambas.

Os parágrafos seguintes abordarão os vários tipos de transporte, procurando-se,


relativamente a cada um deles, apresentar elementos porventura não incluindos na
caracterização geral a que ja se procedeu.

126
b. Transporte Ferroviário

Num TO, o transporte ferroviário é normalmente inter-aéreas, o que significa que embora
as correspondentes unidades pertençam ao Comando de Transportes, na ZCom, elas
podem também actuar, por extensão, na ZComb.

As unidades de transportes ferroviários operam os sistemas ferroviários principais do TO,


incluindo-se em cada sistema a via principal, os entroncamentos e os ramais destinados
a ligar todas as instalações àquela via.

As operações do transporte ferroviário militar podem ser conduzidos em três fases:

- A 1ª Fase conta com a intervenção exclusiva do pessoal militar e tem normalmente


lugar durante os passos iniciais do desenvolvimento do TO, quando a utilização de
pessoal civil não é possível na ZComb ou perto dela, dentro de um TO onde existem
restrições ao emprego de civis e é crucial a necessidade de segurança militar.

- A 2ª Fase conta com a intervenção de pessoal militar e civil, actuando este último
debaixo de supervisão militar.

(Trata-se afinal de um reformo das unidades militares com pessoal civil).

- A 3ª Fase conta com a intervenção exclusiva do pessoal civil quanto à operação e


manutenção e com a do pessoal militar quanto à direcção e supervisão.

Esta Fase é instituída tão cedo quanto possível nas áreas mais recuadas de uma
ZCom estável e segura, a fim de libertar o pessoal militar, também tão cedo quanto
possível.

Embora as três fases indicadas surjam normalmente na sequência apresentada, não


é indispensável a realização da fase ou fases precedentes para que se inicie uma
fase ou fases posteriores. O inverso também è verdadeiro e tem aplicação quando
uma mudança na situação militar o impõe (passagem da 3ª Fase para a 1ª fase, por
exemplo).

c. Transporte Auto

(1) Tipos de meios

As viaturas que integram as unidades de transporte auto de um TO variam quanto


ao tipo, concepção e possibilidades, de acordo com a previsão de emprego das
unidades e do ambiente operacional em que operarão. Embora as viaturas de
lagarta possam ser utilizadas em certas circunstâncias, o normal é que as unidades
sejam constituídas por viaturas de rodas.

Por este ser o tipo de transporte mais comumente utilizado, adianta-se


127
seguidamente uma caracterização muito geral de alguns tipos de viaturas que as
unidades de transportes auto de um TO possuem:

(a) Viatura 2/2,5 Ton

Está concebida para transportar pessoal e carga normalmente utilizada em


movimentos locais para apoio o actividades que se relacionam entre si e para o
fornecimento de abastecimentos às unidades utentes. Também é adequada para
movimentos longos quando as estradas são fracas ou quando se torne necessário
operar fora delas.

(b) Viatura de 5 Ton

É semelhante em dimensões, concepção e finalidade, à viatura anterior, mas è


ligeiramente maior e construída com componentes mais robustos para transportar
cargas mais pesadas.

Normalmente é orgânica das unidades de artilharia, de reconhecimento e de carros


de combate para o transporte de munições e atribuída às unidades de transporte
auto para o mesmo transporte e ainda o de outra carga de alta densidade.

A sua capacidade em estrada é de 10 toneladas, mas fora dela é limitada a 5


toneladas.

(c) Semi Atrelado Plataforma de 12 Ton

Está concebido para ser rebocado por um tractor de 5 toneladas ou outra viatura
semelhante. A sua velocidade em estrada e as suas possibilidades fora dela são
portanto quase completamente dependentes da potência do tractor. Em estradas de
pavimento duro pode circular com velocidade até 80 Km/h, transportando cargas até
18 toneladas. Esses valores reduzem-se a 45 Km/h e 12 toneladas,
respectivamente, no caso da circulação sobre estradas fracas, trilhos ou terreno
aberto.

(d) Semi Atrelado Transporte de CO de 50 Ton

Está concebido fundamentalmente para transportar, sobre estrada, um carro de


combate ou outra viatura pesada, excepcionalmente volumosa ou de lagarta. Pode
também transportar equipamento pesado de engenharia e outra carga que tenha
dimensões ou peso acima do normal.

É rebocado por um tractor sobre boas estradas, não sendo conveniente a sua
utilização fora delas.

(e) Semi - Atrelado Tanque de Combustível de 5.000 galões

128
Está concebido para o transporte de combustível a granel rebocado por um tractor
de 5 toneladas e, sobre boas estradas, pode atingir a velocidade de 80 km/h com a
sua carga máxima. Sobre estradas fracas e trilhos de boa traficabilidade, pode
circular com velocidade até 40 km/h, com a carga reduzida a 3.000 galões.

O combustível que transporta pode ser fornecido por troca de semi-atrelados e por
transferência directa para os depósitos das viaturas atente ou para depósitos de
órgãos de reabastecimento.

Pode ser utilizado como um órgão móvel de armazenagem com vista a aumentar as
existências de órgãos de reabastecimento em situações de emergência.

(f) Semi - Atrelado Frigorifico de 7, 5 Ton

Está concebido para transportar carga perecível ou que exige controlo de


temperatura rebocado por um tractor de 5 toneladas e pode atingir a velocidade de
80 km/h em boas estradas e com carga máxima, e a de 35 km/h em estradas fracas
e com carga inferior ou igual a 4, 5 toneladas.

(2) Transporte Auto Inter-Áreas

O transporte auto inter-áreas é organizado para servir o TO como um todo e


assegura a flexibilidade e a diversidade na atribuição de meios, necessárias a uma
rápida resposta perante alterações das situações tácticas e estratégica.
Normalmente, uma operação do transporte auto inter-áreas é um movimento de
longa distância, efectuada sobre Itinerários Principais de Reabastecimento (IPR).
Tem origem na ZCom, estendendo-se até ao interior da Área da Retaguarda do
Corpo de Exército e, quando possível, até as Áreas das Divisões. As normas
reguladoras do transporte auto inter-áreas para movimentos de longo curso são
fixadas pelo Comando de Transportes, das FTTO.

(3) Tipos de Unidades

Num TO a diversidade das unidades de transportes auto é considerável. Com


efeito, desde uma Brigada de Transportes Auto que pode existir no Comando de
Transportes, até uma Companhia de Transportes Auto, que, a titulo de exemplo,
existe numa Divisão, estende-se uma larga gama de unidades e portanto de
possibilidades.

Os meios indicados podem combinar-se de várias formas e agrupar-se em


conjuntos cujo volume é extremamente variável.

d. Transporte Aquático

129
(1) Generalidades

A característica proeminente deste tipo de transporte é a sua possibilidade de


executar o movimento económico de grandes quantidades de carga, a grandes
distâncias e a velocidades relativamente baixas.

A sua utilidade está estreitamento relacionada com a qualidade das instalações de


carga e descarga e com o grau de vulnerabilidade que pode apresentar.

(2) Transporte Oceânico

Normalmente e quando se trata de um TO distanciado da Zlnt, o transporte


oceânico utiliza-se para movimentar carga e pessoal entre um e outra, sendo a sua
direcção exercida pelo órgão competente desta última.

(3) Transporte Costeiro

Este transporte é normalmente operado pelas Forcas Navais do TO e, em alguns


casos, pelas Forcas Terrestres.

Funciona num TO à custa de embarcações de variadas dimensões mas que


normalmente têm um calado reduzido que lhes permite navegar em águas pouco
profundas.

(4) Transporte por Vias Interiores

Este transporte é controlado e operado pelo Comando de Transportes, das FTTO.

As vias estendem-se normalmente para o interior ou ao longo de uma zona costeira,


a partir de um terminal de águas profundas que serve como base de operações
para o sistema.

Os factores a ter em conta no planeamento, desenvolvimento e utilização de vias


aquáticas interiores são principalmente os seguintes:

- Cheias periódicas, secas e congelação das vias.

- Disponibilidade de civis especialistas, como sejam motoristas e pilotos, para


reforço do pessoal militar.

- Quantidade e estado do equipamento instalações militares e locais.

- Tipos de embarcações adequados às vias.

- Necessidades de trabalhos de engenharia.

e. Transporte Aéreo

Dentro do TO, o apoio de transporte aéreo às operações tácticas e logísticas é

130
assegurado por unidades de transporte aéreo das Forcas Aéreas do TO, outras unidades
das mesmas forças e unidades de aviação do Exército.

Quanto a estas últimas, e porque se julga ter interesse, apontam-se as funções que
desempenham nos campos do apoio de serviços.

Transporte aéreo de abastecimentos e recompletamentos quando não existem ou são


fracas as linhas de comunicantes terrestres ou quando a situação exige velocidade e
mobilidade não susceptíveis de obtenção por meios terrestres.

O reabastecimento aéreo é conseguido usando o sistema de aterragem ou lançamento.

Nestes métodos de entrega são empenhados efectivos da Forca Aérea e do Exército,


mas a maioria das missces de lançamento são concretizadas pelos efectivos da Forca
Aérea.

O método de fornecimento por aterragem é preferível porque não exige um equipamento


de lançamento especial, no entanto está dependente da existência de infraestruturas de
aterragem.

9. OPERAÇÕES DE TERMINAL

a. Generalidades

Esta terceira área de interesse da função logística que se estuda, compreende as


actividades de carga, descarga e manuseamento, em trânsito, do pessoal e da carga,
quer na origem, quer no destino, quer entre dois pontos, quando se torna necessária a
transferência de um tipo de transporte para outro ou de uma unidade de transportes
para outra.

A eficiência global de um sistema de transportes, depende substancialmente da eficácia


das instalações de terminal que o apoiam. Uma vez que estas são elos de ligação na
rede de transportes, também por isso constituem, naturalmente, pontos de
estrangulamento na dinâmica geral. Com efeito, atrasos ou interrupções nas
actividades de transferência dos terminais provocam congestionamentos que, a
manterem-se, podem conduzir à paralisação de todo o esquema de transportes e
mesmo levar todo o sistema logístico de um TO à beira do colapso.

De acordo com o que se disse acima, um terminal é essencialmente qualquer


instalação ou órgão, simples ou complexo, pequeno ou volumoso, no qual pessoal ou
carga são carregados, descarregados e manuseados em trânsito entre elementos de
quaisquer dos vários tipos de transporte. Os terminais estabelecem-se nos pontos de
origem e de destino e nos pontos de transbordo entre tipos de transporte.

131
Os terminais das forças terrestres são, basicamente de dois tipos: Os que se situam
junto de massa aquáticas e os que se situam em vários locais interiores da massa
terrestre.

As operações de terminais aquáticos que envolvem transferencias de pessoal e carga


entre meios aquáticos flutuantes e a margem terrestre, são conduzidas quer em
instalações portuárias, quer em praias.

As operações de terminais do interior são normalmente realizados em apoio de redes


de transporte auto, aéreas e ferroviários.

b. Terminais Aquáticas

Conforme se deixou atrás entender, esta classificação compreende os Terminais


Portuários e os Terminais de Praia.

Passemo-los em revista:

(1) Terminais Portuários

Estes terminais são instalações montadas junto do mar ou de vias aquáticas


interiores, as quais variam em volume desde grandes complexos de águas
profundas contendo vários cais, locais de fundamento, guindastes, docas secas,
áreas de triagem e armazenagem, ramais ferroviários, etc., até instalações de
reduzidas dimensões para embarcações de pequeno calado, com um ou dois cais
dotados de um mínimo de condições para manuseamento, armazenagem e
escoamento.

As operações destes terminais são normalmente realizadas em portos marítimos


de entrada no TO e já existentes, mas também podem sê-lo em apoio de um
sistema de vias aquáticas interiores, operado pelas forças terrestres.

Um terminal de via aquática interior contém normalmente instalações para


atracação, carga e descarga, encaminhamento e controlo, e reparação de todos os
tipos de embarcação capazes de navegar na via respectiva. Os terminais deste tipo
já existem ou então são montados na origem e no termo da via aquática interior,
sendo também montados em locais intermediários desta última, onde quer que seja
necessária uma mudança de tipo de transporte.

(2) Terminais de Praia

A grande probabilidade que se regista de as capacidades dos portos existentes, em


muitas áreas, serem insuficientes para satisfazer as necessidades de escoamento
de carga do TO e a possibilidade da utilização, pelo inimigo, de armas de

132
destruição em massa, obrigam a que frequentemente o esforço de planeamento se
oriente para a utilização de terminais de praia irregularmente dispersos.

Considera-se que o planeamento deve basear-se na estimativa de que mais de


40% de toda a carga que se destina a um TO terá que ser distribuída por terminais
de praia, pelo menos durante a fase inicial do estabelecimento daquele.

As operações dos terminais de praia são realizadas em apoio ou em substituição


das operações dos terminais portuários e também como uma parte das operações
anfíbias e em apoio delas.

A operação tipica consiste na transferência, sobre a praia, de tropas e


abastecimentos para outros tipos de transporte, quando instalações de terminais
portuários não estão disponíveis ou são insuficientes para apoio do
reabastecimento do TO. As operações deste tipo podem ser conduzidas dos navios
para a praia ou de praia para praia e são normalmente concebidas por uma ou
mais das seguintes razões:

− Montar apoio de serviços de terminal onde existem instalações portuárias;

− Substituir a capacidade de um terminal que as acções do inimigo tornaram


insustentáveis;

− Aumentar as possibilidades de carga de um terminal existente;

− Aliviar linhas de comunicações congestionadas;

− Reduzir os meios de transporte terrestres, necessários para apoio de forças de


combate;

− Apoiar uma força de desembarque de uma operação anfíbia.

c. Terminais Aéreos

As operações de transbordo de um TO têm lugar quer em terminais das Forças Aéreas,


quer das Forças Terrestres. O Comandante das Forças Aéreas do TO é responsável
por assegurar serviços de terminal em todos os pontos servidos pelo transporte aéreo
originado na ZInt e dentro do próprio TO.

O CASCE monta e opera terminais aéreos das Forças Terrestres nas áreas da
retaguarda dos CE, para apoio das linhas de comunicações aéreas.

Nestes terminais devem existir os necessários serviços e instalações para se obterem


movimentos aéreos eficientes e oportunos de tropas e abastecimentos e para facilitar a
utilização mais eficaz das aeronaves disponíveis.

133
Na Divisão, o respectivo Comando de Apoio de Serviços Divisionário é responsável
pelas operações de terminal, montando um ou mais 3 terminais, consoante o volume da
carga recebida e fornecida por via aérea,

d. Terminais de Transporte Auto

Estes terminais localizam-se normalmente em ambas as extremidades de um trajecto


de transporte auto de longo curso, onde constituem os elos de ligação entre
movimentos desse tipo e movimentos locais. Também podem localizar-se em pontos
intermédios do itinerário utilizado no transporte auto de longo curso, desde que nesses
pontos as características físicas do terreno obriguem a mudança dos meios de
transporte.

e. Terminais de Transporte Ferroviário

Nestes terminais podem existir entroncamentos, instalações e reparação, alojamentos


para as tripulações cais e gares.

À semelhança do que se passa com os terminais de transportes auto, também estes se


localizam nos pontos extremos dos trajectos ferroviários e nos pontos que representam
os limites dos movimentos ferroviários

f. Meios de execução

Para finalizar esta referência aos serviços de terminal, pretende-se agora apenas
salientar que existem unidades de terminal como existem unidades de transporte auto,
ferrovidrio etc.

Num TO, o número e o tipo dessas unidades são variáveis de acordo com as
necessidades, mas somente para adiantar uma ideia geral, diga-se que o volume dos
meios pode justificar e existência de uma Brigada de Terminal, com 5 Agrupamentos,
cada um dos quais com 6 Batalhôes que, por sua vez, podem ser constituídos por 7
Companhias e outras subunidades de variados tipos, destinadas a operarem os
terminais antes mencionados numa base de apreciável especialização técnica.

10. OPERAÇÕES DE CONTENTOR

a. Generalidades

Na indústria de Transportes verificou-se um crescente no uso de Contentores para o


transporte de carga, especialmente desde os anos sessenta.

Este fenômeno verificou-se, básicamente, porque o transporte em contentores é mais


barato, mais rápido e mais eficiente do que o método da carga a granel. Cada vez mais
se acentua a importância do contentor nos transportes ferroviàrio e rodoviário. A

134
finalidade última da indústria de transportes é incorporar o uso de contentores num
sistema de transportes que inclua todos os tipos de transporte.

A revolução do contentor teve grande impacto nos serviços militares uma vez que a
vantagem que lhe oferece é a mesma que oferece às empreses civis de transportes.
Uma vez que os serviços militares dependem grandemente daquelas empresas, devem
desenvolver as técnicas e o equipamento que lhes permita maximizar essa vantagem.

Um conflito exigirá uma grande capacidade militar de transporte em contentores, até


porque as instalações portuárias existentes podem ser destruídas ou tornadas
inoperativas, e haver que efectuar descargas em praias.

A mobilidade táctica necessária às unidades de combate não pode ser fornecida por
aparadores comerciais, pelo que, para garantir uma adequada capacidade de
manuseamento de contentores, os serviços militares tem de adaptar o equipamento
comercial tal como existe, assim como modificar esse equipamento para uso militar,
como ainda fabricar equipamento que satisfaca os problemas especificos das Forças
Armadas, tanto para operações em praias, como em terreno difícil.

Uma solução importante para se atingir a mobilidade necessária no moderno campo de


batalha é possuir equipamento para manuseamento e transporte de contentores. As
Forças Terrestres necessitam, no TO, para manusear contentores, de gruas, veículos
elevadores de carga e viaturas de transporte de longo curso.

b. Utilização de Contentores

Embora numerosas vantagens resultem do transporte por contentores, o principal


benefício é o que deriva da economia de movimentos. A experiência tem demonstrado
que o movimento de carga em contentores tem originado uma substancial economia em
potencial humano, custos, material e tempo. Um factor importante no aproveitamento do
benefício do máximo potencial situa-se na gestão e controlo dos contentores para evitar
periodos de não utilização. Esta é uma responsabilidade de todo o pessoal envolvido na
utilizacão do contentores.

As organizações utentes devem encher e vazar os contentores sem demoras


injustificadas; as instalações de transportes e os aparadores dos tipos de Transporte
devem levantar, movimentar e devolver os contentores com desembaraço, e o sistema
de gestão dos movimentos de transporte deve assegurar controlo e gestão
centralizados a nível TO para garantir a todo o momento, o conhecimento da
localização e estado de todos os contentores no sistema do TO e que se mantém a
indispensável conexão com o orgão respectivo na ZInt.

135
Acordos de serviço contratual estabelecem, normalmente, limitações de tempo
relativamente a enchimento e esvaziamento de contentores pertencente e operados por
transportadores civis. Desde que a demora na carga exceda esse tempo, os utentes
devem fazer o máximo esforço para completar essa operação dentro dessas limitações
e controlar os procedimentos de carga e descarga para satisfazer as restrições
estabelecidas. No caso de contentores alugados ou pertencentes à instituição militar, o
comandante do TO normalmente estabelece limitações de tempo para garantir um
rápido retorno e eficiente uso do equipamento. Quando as limitações de tempo,
instalações e equipamento de manuseamento o permitem, os contentores devem ser
retirados dos seus veículos de transporte para o solo para se proceder à sua carga ou
descarga por forma a permitir a utilização permanente desses veículos noutras
operações. Os utentes, o comando de transportes apropriado e a unidade supervisora
são prontamente chamados à atenção para as violações das limitações de tempo
estabelecidas.

Os contentores para fins especiais (os autorizados para serem utilizados como local de
armazenagem, oficina de manutenção, gabinete de comando e controlo, etc.) são
remetidos como órgãos, com entrega ao destinatário, e são removidos dos chassis de
transporte e desligados das responsabilidades de transporte e controlo em transito.

Os contentores para armazenagem temporária (os utilizados normalmente em sistema


de troca, mas que foram designados para armazenagem temporária não excedendo um
número determinado de dias são mantidos à responsabilidade dos transportes e de
controlo e remetidos como equipamento especifico.

c. Controlo

O controlo dos contentores movimentados no sistema do TO é uma necessidade


absoluta. Elementar para satisfação desta necessidade é a gestão centralizada no mais
alto escalão da gestão dos movimentos, e um pronto e correcto sistema de relatórios
que permita ao elemento de controlo conhecer, a todo o momento, a localização e o
estado de todos os contentores no sistema do TO. O controlo centralizado é exercido
pelo CCM do Comando das FITO. Cada terminal, remetente e destinatário notifica o seu
GMT apoiante de cada recepção e descarga, e de cada carga e entrega de contentores
e o GMT relata esta informação ao CCM do Cmd das FITO.

d. Planeamento de Movimento de Retorno

Não é económico o retorno de contentores vazios à ZInt, se existe carga


contentorizável para retorno e as condições permitem a utilização de contentores. Por
acaso, o planeamento de movimentos de retorno é uma função importante do CCM do

136
Cmd das FTTO, assim como de todos os CCM. No planeamento de movimentos de
retorno são consideradas as seguintes prioridades:

(1) Se alguma carga de retorno apropriada destinada ZInt, incluindo correio, estiver
disponível no, ou perto do local do TO onde se encontra o contentor vazio.

(2) Se houver um movimento de retorno para a ZInt em outra instalação do TO, que
não envolva um excessivo movimento vazio, lateral ou para a frente, em ordem a
utilizar o veículo do transporte de contentores vazio ou o espaço do contentor.

(3) Se houver uma necessidade de um movimento de retorno dentro do TO que não


deve provocar demora excessiva no retorno do equipamento controlado, se ele for
utilizado no movimento.

(4) Se o contentor dever efectuar o rotorno vazio para um terminal apropriado para vir
carregado com carca do retorno para a ZInt.

(5) Se o contentor dever efectuar o retorno vazio para a ZInt (Deve tomar-se em
consideração o retorno de contentores carregados ou vazios dentro de contentores
de maiores dimensões, para obter economia do esPaco, aanuseamonto o custo).

Após determinado como o contentor será utilizado ulteriormente, o CCM do Cmd


das FITO informa, conforme apropriado, o:

a. GMT do destino da carga do contentor.

b. Destinatário da carga contentorizada.

c. Operador do tipo de transporte que transportará o contentor.

d. Remetente da carga de retorno para ser carragado.

e. GMT que serve o remetente da carga de retorno.

f. GMT que serve o terminal de embarque.

137
CAPÍTULO VIII

MANUTENÇÃO

1. INTRODUÇÃO

a. Generalidades

Pode dizer-se que a Manutenção afecta todas as actividades logísticas. O volume do


esforço que nela se encontra envolvido pode talvez avaliar-se quando se verifica, por
exemplo, que 80 a 90% (em número) dos abastecimentos contemplados pela função
logística Reabastecimento são artigos da classe IX, sobressalentes, os quais excedem,
em número, os equipamentos completos que apoiam, numa proporção de 20 para 1.

As Forças Terrestres modernas utilizam e mantém uma extensa gama de diversos


equipamentos, sendo portanto evidente que a complexidade variável e crescente de
muitos deles, juntamente com grandes diferenças nas suas dimensões, aplicação e
importância para a missão Láctica ou estratégica, exigem muitas vezes que as
instalações, as ferramentas e instrumentos, as aptidões de pessoal e as acções de
gestão em todos os níveis, das operações de manutenção, tenham um vincado caracter
de especialização e exclusividade.

O capítulo que agora iniciamos concentra-se na doutrina e organização da Manutenção


na Zona de Combate, com a certeza de que a Gestão da Manutenção assume cada vez
maior importância dada a sua influência crítica na restauração e acréscimo do potencial
de combate das Forças, pela sua acção sobre os sistemas de armas.

Para tornar possível manter os sistemas de armas o mais à frente no campo de batalha
tem que haver um planeamento rigoroso e é necessário executar com vigor um
conjunto muito diversificado de arcções.

O esforço da manutenção faz-se de trás para a frente. Contudo, este esforço tem que
ser realizado por mecânicos treinados, especializados no uso de técnicas de
diagnóstico próprias, equipados com ferramentas adequadas e dispondo com
oportunidade dos sobressalentes necessários.

Se falhar qualquer destas condições os sistemas de armas não poderão retomar a sua
condição de operacionalidade e o potencial de combate das unidades reduzir-se-á

b. Âmbito da Função Logística Manutenção

138
Conforme já foi referido no capítulo Il deste Manual, a função logística Manutenção
abrange todas as actividades cujo objectivo é conservar o material em condições de
operacionalidade, assegurar tal condição ao material que a não possui, aumentar a sua
duração e o seu grau de utilidade funcional, através de modificação.

2. CRITÉRIOS DE OPERACIONALIDADE DO MATERIAL

a. Generalidades

Se as actividades de manutenção se ligam intimamente a condição de operacionalidade


do material, é lógico que se definam critérios para a avalisção desta última.

O fim visado com a definição desses critérios é facultar ao utente, individual ou


colectivo, um sistema uniforme para avaliar a condição de artigos seleccionados como
altamente significativos em termos de manutenção.

Assim, a avaliação da operacionalidade do material fornece aos comandantes uma


estimativa sobre as possibilidades do seu material para desempenhar, durante um
Período determinado e com apoio normal de manutencão, as funções para que foi
concebido.

Para continuar, consideremos que tal período e de 90 dias.

A condição de operacionalidade é avaliada através de testagens e medições e pode


traduzir-se, segundo um critério, por uma indicação de codigo que pode ser, por
exemplo, uma das trés que seguidamente se apresentam.

b. Condições de operacionalidade

Consideremos as seguintes:

− VERDE: Material sem condições que limitem uma realização segura da sua
função primária durante um período de 90 dias de funcionamento.

− AMARELA: Material que ao considera pronto para operar mas que possui
uma ou mais condições que podem limitar uma realização segura da
sua função primária durante um período de 90 dias de
funcionamento.

− VERMELHA: Material incapaz de realizar imediatamente a sua função primária


ou que não oferece confiança aceitável para realizá-la durante um
período de 90 dias de funcionamento.

139
c. Aplicação do critério de operacionalidade

(1) Fácilmente se depreende que se numa dada unidade for avaliada a condição de
operacionalidade dos seus artigos essenciais, segundo o critério acima
apresentado, a prontidão dessa unidade (no que respeita ao material) pode ser
quantificada e dada a conhecer às entidades interessadas sob várias formas
normalizadas.

(2) Uma destas formas define o "perfil" de um só tipo de material e resulta num número
de oito algarismos que traduz a operacionalidade e a disponibilidade dos materiais
desse tipo (viaturas de 2, 5 Ton por exemplo).

O referido número indica as percentagens das três condições de operacionalidade


em relação ao total de artigos que o QO da unidade comporta.

Admitamos, por exemplo, que numa dada unidade:

− O QO comporta 100 viaturas de 2,5 ton;

− 75 viaturas estão na unidade;

− 60 estão na condição VERDE;

− 10 estão na condição AMARELA;

− 5 estão na condição VERMELHA;

− Portanto, 25 nso estão em mão.

Neste caso, o número que traduz a operacionalidade e a disponibilidade é


60102505 significando sucessivamente as percentagens, em relação ao total do
QO condição VERDE, da condição AMARELA, da quantidade em falta e da
condiçãoo VERMELHA.

(3) Uma outra forma é aplicar o mesmo tipo de cálculo referidas, do que apenas se
exceptua um tipo de material os sistemas de mísseis que é sujeito a uma forma
separada e ligeiramente diferente de expressão esta modalidade, a combinação
das percentagens da condição VERMELHA, relativas a todos os tipos de material,
determina a condição de prontidão da unidade quanto ao estado do seu material.

A condição de prontidão da unidade pode variar entre C1 (Completamente Pronta)


e C4 (Não Pronta), de acordo com o critério seguinte:

− Condição de operacionalidade VERMELHA em percentagem entre 0 e 10%:


Condição de prontidão C – 1;

− Idem, entre 11 e 20%: Idem, C – 2;

140
− Idem, entre 21 e 30%: Idem, C – 3;

− Idem, acima de 30%: Idem, C – 4.

3. OBJECTIVOS DA MANUTENÇÃO

Fundamentalmente, todas as actividades (de gestão e de execução de manutenção visam


os seguintes quatro objectivos:

− Auxiliar as Unidades a cumpriram as missões que lhe são cometidas;

− Prever, evitar, detectar e corrigir falhas incipientes do material através de serviços


preventivos de manutenção e inspeccões;

− Conservar o material pronto para o combate;

− Reduzir as necessidades quanto à substituição de artigos.

4. O NOVO SISTEMA DE MANUTENÇÃO DO EXÉRCITO

a. Conceito

O sistema de manutenção de quatro categorias foi substituido pelo NOVO SISTEMA


DE MANUTENÇÃO DO EXÉRCITO, que considera três níveis de Manutenção:

− Unidade

− Intermédio

− Depósito

Estes níveis conjugados com uma abordagem inovadora da manutenção pensada


desde a fase de projecto do equipamento, representam um espaço para reduzir o
pessoal e simplificar as operações de manutenção na frente.

Esta reorganização dará à manutenção uma maior capacidade de resposta, melhorará


a prontidão operacional e aumentará a mobilidade e flexibilidade no campo de batalha.

O quadro da Página 6 que se segue resume a reorganização da manutenção que no


desenvolvimento deste manual será explicado detalhadamente.

5. PRINCIPIOS DA MANUTENÇÃO

A despeito do risco que se corre na tentativa de seleccionar e relacionar princípios (riscos


que se ligam subjectividade que isso envolve), consideramos os seguintos princípios da
manutenção:

a. Execução Sistemática de Manutenção Preventiva

O sistema de manutenção atinge a sua máxima eficácia quando se fundamenta na

141
rigorosa prática de manutenção preventiva ao nível das unidades e organizações
atentes.

b. Adequação de Nivel

Os trabalhos de manutenção devam ser concedidos ao mais baixo nível que também
seja o mais qualificado, o mais reactivo e o mais eficaz para os executar.

QUADRO

c. Versatilidade

Cada nível de manutenção pode (deve) realizar trabalhos de níveis inferiores quando
assim o requeiram considerações de ordem prática.

d. Especialização

A essência do conceito de manutenção reside na especialização de cada nível com


base nas aptidões e instalações existentes.

Este conceito deve ter aplicação generalizada para permitir o planeamento e a


programação globais da manutenção.

Expliquemos este princípio com um exemplo.

Um condutor auto poderia aprender manutenção orgânica e um mecânico desta


manutenção poderia aprender o trabalho de um mecânico da manutenção de apoio
(A/D ou A/G). O certo é que cada um destes homens foi com certeza instruído para
desempenhar as suas funções especificas e, além disso, as suas responsabilidades
primárias incídem sobre os niveis a que foram destinados. Se o condutor gasta o seu
tempo e esforço a realizar o trabalho do mecânico da unidade, então as suas energias
são desencaminhadas e o tempo, o dinheiro e o trabalho que se gastaram ao instruí-lo
como condutor auto foram uma pura perda. O mesmo se aplica ao mecânico da
unidade, evidentemente: Se gasta o seu tempo tentando fazer reparações que
transcendem as suas aptidões ou os meios com que tem que trabalhar, então está de
igual modo a desperdiçar os esforços feito para fazer dele um mecânico de unidade.

Além disso, pode danificar o material, o que tornará mais dificil e oneroso o trabalho
da manutenção de apoio, ou, não dispondo das ferramentas apropriadas, pode
consumir no trabalho um período de tempo excessivo.

Quanto mais elevado for o degrau de manutenção a que se sobe, mais importante se
torna que ela se baseie nas aptidões e nos meios disponíveis.

142
Outro exemplo: Numa oficina de manutenção de apoio há um grande investimento em
ferramentas especiais e maquinaria pesada e há também mecânicos especializados.
Aquele equipamento e este pessoal estão atribuídos à manutenção de apoio para
realizarem trabalhos que excedem as possibilidades da manutenção da unidade. Se
os meios da manutenção do apoio são constantemente utilizados para executar
trabalhos da manutenção de unidade, então o que se investiu na manutenção de
apoio está sendo parcialmente desperdiçado e a disponibilidade do material em favor
do utente está perdida.

e. Controlo e Disciplina

O controlo e a disciplina são indispensáveis nas actividades de manutenção.

A melhoria do controlo pode ser obtida através da publicação e distribuição, às


unidades, de manuais de instruções relativas aos tipos de material existente e ao nivel
de manutenção que ás unidades sobre eles estão autorizadas a realizar.

A melhoria da disciplina depende da accão dos comandos, especialmente no que toca


ao impulsionamento da manutenção preventiva e à criação da mentalidade de que a
manutenção não è algo em que se pensa depois da falha de qualquer coisa, mas sim
como que um autêntico modo de vida para os utentes do material, do qual resultam
dividendos na forma de uma maior duração e perfeição deste último.

f. Economia

É um principio da logística, portanto aplicável a todas as funções. No entanto pela


especificidade da Manutenção justifica-se repetir este principio neste momento.

O material só deve ser reparado quando seja absolutamente necessário, o que se


aplica a todos os níveis de manutenção. Assim, as actividades de manutencão de
depósito e de manutenção intermédia de A/G apenas incidem sobre a reparação geral
indispensável para fazer regressar o material aos canais do reabastecimento de
acordo com os padrões de manutenção superiormente fixados para cada tipo de
material. Também a reparação geral de artigos completos deve ser executada apenas
em depósitos para o efeito dosinados o mesmo assim sómento depois de haver
aprovacão e atribuição do fundos específicos.

g. Rapidez de Evacuação

É essencial que os comandos, em todos os níveis atribuam relevância à necessidade


da rápida evacuação de componentes e artigos completos, que não estão em boas
condições de serviço mas são reparáveis, Para as intalações do nível de manutenção
adequado do que resulta um contributo oportuno da manutenção para a prontidão do

143
material.

h. Avanço da Manutenção

Sempre que possivel, os trabalhos de manutenção devem ser executados no próprio


local onde se encontra o material que deles carece.

Com efeito, é muitas vezes mais prático deslocar pessoal de manutenção para junto
do material do que o contrário.

A concretização deste princípio é realizada por Equipas de Contacto (que podem


fazaer-se transportar por terra, água e ar) que, através da sua actuação, podem
conseguir evitar perdas de tempo excessivas que de outro modo poderiam registar-se
na evacuação do material.

6. A INTER-RELAÇÃO DA MUNUTENÇÃO COM OUTRAS FUNCÕES LOGISTICAS

a. Com o Reabastecimento

É indubitável que as actividades da manutenção e do reabastecimento estão


estreitamento relacionadas entre si, devendo por isso ser plantadas segundo uma
óptica do conjunto.

O material seja ele um artigo completo, seja uma parte desse artigo) está sujeito a
avarias e até à destruição total quando se vive uma situação de combate. Sucede
então que o seu utente tem que actuar sem ele até que se dê a sua substituição, por
acção do reabastecimento, ou a sua reparação, por acção da manutenção.

Dependendo do grau de inoperacionalidade e do nível em que a manutenção tem que


ser realizada, é muitas vezes mais prático o econômico reparar os artigos que não
estão em condições de sorviço para fazê-los entrar nos canais do reabastecimento, ou
regressar ao utente, do que simplesmente substituir imediatamente esses artigos por
outros.

Com efeito, as reparações reduzem os pedidos feitos nos canais de reabastecimento


com vista à substituição, poupam movimentos de transporte (incluindo os que têm
lugar entre a ZInt e o TO), conservam a capacidade de produção e as matérias primas
da ZInt, são normalmente menos dispendiosas do que os fornecimento de artigos para
substituição, e, na maior parte dos casos, resultam numa reacção mais pronta face às
necessidades dos utentes. Mas a manutenção também depende do reabastecimento
no que respeita necessidade de sobressalentes e demais artigos indispensáveis à
execução das reparações.

Todavia, em alguns casos, é mais ecónomico deitar fora um artigo que não está em

144
condições de serviço e obter um novo através do reabastecimento. Há mesmo artigos
que são especialmente concebidos para serem deitados fora quando se tornam
inúteis. Normalmente, quando um artigo exige reparação cujo custo ultrapassa limites
económicos de reparação (diz-se, nesse caso, que o artigo não é economicamente
reparável), ele é aproveitado como sucata e um novo artigo é recebido pelos canais
do reabastecimento.

A interligação das actividades de manutenção e de reabastecimento também se revela


no facto de os resultados de uma reduzida capacidade ou eficiência de manutenção
se fazerem sentir, quer no reabastecimento, sob a forma de um aumento de pedidos
de artigos completos e componentes, quer no sistema de transportes, sob a forma de
um aumento das necessidades de meios de transporte. Quando os pedidos de artigos
completos excedem os recursos do reabastecimento, a manutenção pode responder
através de operações mais extensivas desde que estejam disponíveis os necessários
meios de manutenção. Semelhantemente, quando o reabastecimento não fornece
todos os sobressalentes de que a manutenção carece, um esforço maior tem que ser
aplicado, não só no aproveitamento de partes de artigos completos (considerados não
economicamente reparáveis) ou no seu fabrico dentro dos canais da manutenção,
como também na exploração dos recursos locais dentro dos canais do
reabastecimento.

A ineficácia quer da manutenção, quer do reabastecimento, tem que ser


contrabalançada por um aumento de enforço quer do reabastecimento, quer da
manutencão, respectivamente. A não fazer-se isso, aquela ineficácia atentará
negativamente a prontidão da unidade quanto a material e, conseqüentemente, o seu
potencial de combate.

b. Com o Transporte

As unidades de transportes situam-se entre os mais importantes "clientes" da


manutenção dentro de um TO. Daqui resulta que a localização dos terminais de
transportes tem que ser tido em conta ao planear-se a localização das unidades de
apoio de manutenção. Isto é especialmente verdadeiro no caso das unidades de
manutenção de aeronaves e do equipamento do transporte ferroviário.

No que se refere à manutenção, o sistema de transportes tem quo remeter


sobressalentes e artigos do volante de prontidão operacional (VPO) (*) às unidades de
manutenção, tem que evacuar material que não está em condições de serviço e tem
que colaborar no movimento e desenvolvimento daquelas unidades.

Embora cada unidade de apoio de manutenção tenha meios de transporte orgânicos,

145
muitas unidades carecem, de tempos a tempos, de apoio adicional de transporte para
o seu deslocamento ou para a realização de funções essenciais à sua missão. Estas
necessidades têm que ser consideradas na definição das prioridades e na atribuição
dos meios de transporte.

Conceito a esclarecer adiante.

7. MODALIDADES DE EXECUÇÃO DA MANUTENÇÃO

a. Enumeração

As práticas e técnicas de manutenção devem fundamentar-se em dois conceitos


básicos que dão lugar a outras modalidades, a saber:

− A Manutenção Programada;

− A Reparação Pós-Avaria

b. Manutenção Programada:

A manutenção programada consiste, essencialmente, na substituição planeada de


componentes de um dado equipamento antes que eles falham, numa tentativa de
minimizar as falhas de funcionamento e, consequentemente, de aumentar a prontidão
do material.

Exemplo desta modalidade são os programas de reparacão geral e os programas


usados com a reparação das aeronaves após determinado número de horas de voo.

Tentemos a explicação através de um exemplo esquemático.

Imagine-se que um artigo do Exército tem 15 componentes. Durante o fabrico desse


artigo, o grau de confiança que cada um desses componentes merece é previsto,
testado, específicado e depois expresso através do um "tempo que medeia entre
falhas. Portanto haverá diferentes valores deste tempo para diferentes componentes.
Também durante o fabrico e considerando a natureza dos componentes, a utilização
prevista para o artigo completo e outros factores, seleccionam-se as oportunidades
em que deve ser realizada a manutenção do artigo completo através da manutenção
de apoio (A/D e A/G) no nível intermédio e da manutenção de depósito (a definição
daquelas oportunidades pode exprimirse em número de horas, número de
quilómetros, etc.).

Então, todos os componentes cujo tempo que medeia entre “falhas” se enquadra entre
duas oportunidades sucessivas da manutenção programada, são substituidos na
primeira dessas duas oportunidades. Logicamente, depois de uma realização da
manutenção programada, o grau de confiança que o artigo completo oferece é

146
máximo até nova oportunidade dessa realização. O inconveniente deste modo de
proceder está em que não é explorada totalmente a vida máxima de funcionamento de
cada um dos 15 componentes considerados. Esta pode ser ou não a via em que é
melhor a solução custo/eficácia, o que depende dos padrões utilizados na medição da
eficácia. No caso das viaturas ou aeronaves de combate, por exemplo, as falhas
podem ser desastrosas e um sistema de substituição programado de componentes
específicas seria desejável e aceitável do ponto de vista de custo/eficácia. Mas, com
outros tipos de equipamento, é melhor a relação custo/eficácia adaptando a outra
modalidade a repaavaria. Todavia, mesmo neste último caso, o uso e o desgaste de
artigo reclamam reparações gerais periódicas. Um outro caso em que um critério de
reparação pós-avaria é melhor, mesmo tratando-se de equipamento de combate, é o
que se verifica quando os componentes de um artigo se concretizam por
comportamentos erráticos ou garantem, intrinsecamente, uma confiança quase total.

c. Reparação Pós-Avaria

A adopcão desta modalidade visa minimizar os custos de manutenção e ainda assim


atingir os padrões de manutenção estabelecidos.

O conceito aplica-se a todos os níveis de manutencão excepto a de depósito.

A modalidade em causa compreende uma inspeccão extensiva dos artigos e


componentes principais para diagnosticar avarias antes que se inicie a reparação ou a
acção de substituição. A causa da inoperacionalidade é determinada ou prevista com
base nessa inspecção e apenas se reparam as avarias localizadas.

8. ANÁLISE DOS VÁRIOS NÍVEIS DE MANUTENÇÃO

a. Terminologia

Julga-se absolutamente indispensável que, antes de prosseguir, se escelareça o


significado de alguns termos e expressões de utilização mais generalizada no âmbito
da função logística em estudo, alguns dos quais já foram aliás mencionados no texto
precedente.

(1) Reparação

Atribuição de condições de serviço a um artigo, através da correcção de uma


avaria ou de uma condição de inoperacionalidade específica. Esta função pode
ser atribuida aos três níveis de manutenção.

(a) Raparação Geral

Trabalho necessário para restituir um artigo a uma condição de completa

147
operacionalidade, tal como ela é estabelecida por padrões de manutenção
fixados, mas que normalmente não o leva à condição que iguala a de um
artigo novo. Esta função é atribuída apenas aos níveis intermédio de Apoio
Geral e de Depósito

(b) Reconstituição

Trabalho através do qual artigos que não estão em condições de serviço são
restituidos a um estado que se aproxima tanto quanto possível da sua
condição de novos, de acordo com padrões originais de fabrico.

O trabalho implica a desmontagem completa dos artigos, a inspecção de


todas as suas partes ou componentes, a reparação ou substituição de
elementos gastos ou avariados e, finalmente, a montagem dos artigos.

Esta função é atribuida apenas ao nível de manutenção de Depósito.

(c) Raparação no local

Ocorre quando as unidades de manutenção intermédia de apoio direito


enviam equipas de contacto para reparar os artigos o mais à frente possível.

(d) Reparação em Oficina

São reparações mais complexas e requerendo equipamento de diagnóstico


mais sofisticado e por isso só realizáveis em oficina. Este é um método mais
eficiente e de produtividade máxima mas do qual resulta perca de tempo e
um espaço acrescido da unidade na entrega e levantamento do equipamento.

(2) Assistência Técnica

Conselho, auxílio e instrução no que respeita à instalação, operação e


manutenção do equipamento. As unidades de manutenção intermédia de apoio
directo dão assistência técnica as unidades utilizadoras na instrução dos
mecânicos e no melhoramento das suas LNO e nas operações do sistema de
gestão da manutenção.

(3) Volante de Manutenção

Conjunto de artigos completos de equipamento cuja armazenagem em instalações


de manutenção é autorizada com a finalidade de substituirem iguais artigos que
não estão em condições de serviço, quando as instalações da manutenção de
apoio não podem realizar a reparação daqueles últimos dentro dos normais limites
de tempo.

O volante de Manutenção compreende:


148
− Volante de Prontidão Operacional;

− Volante de Reparacão Geral.

(a) Volante de Prontidão Operacional (VPO)

É uma quantidade de artigos completos principais estabelecida nas unidades


de manutenção intermédia de apoio directo. Estes artigos são usados como
substitutos de artigos idênticos quando a sua manutenção não pode ser
realizada atempadamente. O volante de prontidão operacional (VPO) é uma
parte constituinte das reservas de guerra. O seu montante global, definido
normalmente em termos percentuais em relação aos QO, pretende manter
um nível de combate aceitável em tempo de guerra. Esse montante global
inclui o nível autorizado a ser armazenado nas unidades de manutenção
intermédia de apoio directo em tempo de paz. Os artigos reparáveis, trocados
por artigos do VPO, serão programados para reparação imediata e retorno ao
VPO. Os artigos do VPO cuja reparação ultrapasse as possibilidades ou
capacidade das unidades de manutenção intermédia de apoio directo serão
evacuados para a unidade apelante, de nível imediatamente superior, para
reparação e retorno ao VPO.

(b) Volante de Reparação Geral

Conjunto de artigos completos de equipamento considerado essencial para o


cumprimento da missão e significativo em termos de manutencão, cuja
armazenagem ao nível da manutenção de depósito é autorizada pelo
Departamento do Exército, com a finalidade de permitir a recolha do
equipamento, para efeitos de reparação geral programada, sem que seja
diminuído o estado de prontidão das unidades utentes.

São fornecidos artigos deste Volante nos casos de artigos que se encontram
em trânsito para as instalações de manutenção de depósito com vista a
reparação geral, de artigos que aguardam esta reparação e de artigos que já
se encontram sujeitos a ela.

(4) Canibalização Controlada

É a remoção a um equipamento inoperacional económicamente não reparável de


peças e conjuntos operacionais necessários para restaurar as condicões de
servido a outros artigos inoperacionais.

Os componentes retirados são substituidos pelos componentes inoperacionais


para garantir que o artigo final se mantenha completo e possível de

149
recondicionamento quando mais tarde for evacuado.

(5) Troca Controlada

É a remoção de sobressalentes, componentes, conjuntos e sobressalentes


operacionais a um equipamento inoperacional, economicamente reparável, e o
seu uso imediato na restauração da condição de serviço ou de pronto para o
combate de um equipamento idêntico.

A troca controlada acelera as operações de reparação-retorno ao utilizador


realizadas em apoio da prontidão do material ou efectividade operacional. A troca
controlada é realizada por unidades de manutenção intermédia de apoio directo e
pelas unidades utilizadores.

(6) Troca Directa

As unidades de manutenção intermédia de apoio directo fornecem artigos


operacionais seleccionados em troca de componentes inoperacionais. É um apoio
que se traduz numa redução significativa no tempo de paragem do equipamento,
independentemente do artigo a ser trocado.

(7) Classificação

É o serviço realizado para identificar a gravidade dos problemas de um artigo. É


determinado se o artigo é economicamente reparável e, se sim, a que nível. Se se
determinou que o artigo não é economicamente reparável ou é reparável acima do
nível A/G, a classificação serve de base para a unidade possuidora do artigo o
devolver (evacuar) e requisitar um outro.

(8) Evacuação

Deslocamento de material que não se encontra em condições de serviço (e


também abandonado) para um local onde ele é reparado, feito regressar aos
canais de reabastecimento (ou aos canais da informação técnica, no caso de ser
estrangeiro), ou encaminhado para outro destino.

A evacuação é da responsabilidade da unidade que tem o material na sua posse


ou o encontra.

(9) Auxilio na Recolha

A responsabilidade da recolha do equipamento pertence à unidade utilizadora


mas, quando a sua capacidade é excedida, a unidade de manutenção intercedia
de apoio directo pode prestar-lhe auxílio na recolha.

(10) LNA da classe IX


150
As Unidades de Manutenção Intermédia de Apoio Directo possuem Listas de
Níveis de Apoio (LNA) e fornecem sobressalentes para recompletar as Listas de
Níveis Orgânicas (LNO) das unidades utilifiadoras para satisfação de outras
necessidades das unidades utilizadores e para apoiar as suas necessidades
próprias de manutenção.

(11) Reabastecimento Expedito

É operado por unidades de manutenção intermédia de apoio directo e abrange um


conjunto de artigos consumíveis, de baixo custo e alto consumo tais como, por
exemplo, borrachas de limpa pára brisas, anilhas, parafusos etc.

Os artigos são fornecidos às unidades utilizadoras sem custo e com um minimo de


burocracia.

(12) Local de Reunião de Material

Órgão montado para proceder à reunião, classificação sumária, processamento e


encaminhamento (para uma instalação de manutenção, de reabastecimento ou de
fixação de outro destino) de material cuja responsabilidade de manutenção é
própria das Unidades de Manutenção e que:

− pertence ás nossas tropas ou ao inimigo e encontrado abandonado,


operacional ou não;

− pertence às nossas tropas e se encontra inoperacional.

Dentro da Divisão, estes órgãos são montados pela unidade de manutenção que a
ela pertence, enquanto que nas áreas para a retaguarda da Divisão estes são
normalmente montados e accionados directamente por unidades específicas,
designadas de "reunião e classificação", que no entanto são normalmente
integradas em unidades de manutenção,

b. Manutenção de Unidade

(1) Generalidades

A Manutenção de Unidade é realizada pela tripulação, pelo operador do


equipamento ou pessoal de manutenção da unidade de acordo com a tabela de
atribuição de manutenção dos manuais técnicos adequados ou manuais
comerciais, caracterizada por um ciclo rápido (curtas, paragens do equipamento)
com base em reparações por substituição modular e pequenas reparações.

(2) Âmbito

As operações de manutenção normalmente atribuídas ao nível unidade incluem:


151
(a) Inspecções visuais e tacteis de componentes externos ou outros facilmente
acessíveis.

(b) Lubrificação, limpeza, preservação (incluíndo pintura) reapertos e pequenos


ajustamentos de sistemas mecânicos, eléctricos, hidráulicos e pneumáticos
facilmente acessíveis.

(c) Diagnóstico e identificação de avarias do material que podem ser


rapidamente detectadas e módulos defeituosos (componentes ou conjuntos).

Estas acções são executadas pela utilizacão de:

1. Equipamento de ensaio fácil prestação

2. Indicadores “passa-não passa simples”.

3. Instrumentos instalados no próprio equipamento

4. Equipamento de diagnóstico externo e dispositivos de identificação de


avarias de uso e interpretação fáceis tais como equipamentos de ensaio
automáticos.

(d) Substituição periódica de módulos autorizada pela tabela de atribuições de


manutenção ou daqueles considerados gastos, danificados ou defeituosos e
que:

1. Possam ser fácilmemte removidos e instalados com ferramentas comuns


de uso simples;

2. Não requeiram ajustamentos críticos, calibração ou alinhamento antes de


ou depois da instalação.

(e) Substitução de peças facilmente acessíveis· que usualmente não requeiram


ferramentas especiais ou equipamento de ensaio (por exemplo manípulos,
lâmpadas, correias de ventoinha, rodas, pneus, elementos de filtro,
percutores, indicadores e antenas consumiveis).

(f) Evacuação de artigos reparáveis avariados (devidamente preservados,


protelados e etiquetados cuja reparação ou substituição ultrapasse a sua
possibilidade ou capacidade.

Estes artigos são entregues a estruturas de apoio de manutenção


seleccionadas para separação ou troca por artigos idênticos operacionais
quando as actividades de apoio de manutenção não podem prestar o apoio
requerido no local.

152
c. Macutenção de Apoio lntermédio

(1) O nível de manutenção de apoio intermédio está organizado em Apoio Directo e


Apoio Geral. O Apoio Directo é caracterizado pela alta mobilidade e a reparação
à frente de artigos por substituição dos módulas avariados. As unidades de
manutenção divisionárias apoiarão os elementos de manobra da Divisao
enquanto que as unidades de manutenção não divisionárias prestarão apoio de
área e reforço de Apoio Directo à Divisão. As unidades de manutenção
intermédia de apoio directo serão capazes de organizar equipas para apoio de
sistemas especificos e seus equipamentos auxiliares; por exemplo equipas de
carros de combate, equipas de equipamento de Engenharia ou equipas de
material de Artilharia serão atribuídas a estas unidades de manutenção não
divisionárias. A manutenção intermédia de Apoio Geral será caracterizada por
estruturas semi-fixas. O seu objectivo fundamemtal é apoiar o sistema de
reabastecimento do TO através da reparação de equipamentos e componentes.
A manutenção a este nível será do tipo tarefa ou linha de produção, conforme o
que for mais apropriado, e será executada por unidades modulares compostas
por pelotões especializados em família de artigos. Estas unidades serão
capazes de organizar equipas de tarefa para satisfazer requisitos de missões
especiais.

(2) Manutenção Intermédia de Apoio Directo

(a) Generalidades

As unidades de manutenção intermédia de apoio directo divisionárias e


não divisionárias estão autorizadas a fornecer serviços de manutenção
intermédia de apoio directo ao Exército em campanha. O objectivo destas
unidades é prestar um serviço de uma única paragem. Sirvam também
como ponto primário de reentrada no sistema de reabastecimento do
Comando respectivo, para o material inoperacional reparável (Classe IX).

(b) Âmbito da Actividade

1. Diagnóstico e identificação de avarias do material ou módulos,


ajustamento e alinhamento de módulos que possam ser rapidamente
realizados com as ferramentas e equipamento de medida, diagnóstico
e ensaio atribuidos.

2. Manutencão de Unidade para os equipamentos de medida, diagnóstico


e ensaio organicos.

153
3. Reparação de material inoperacional economicamente reparável que
ultrapassa as possibilidades das unidades utilizadores. Esta reparação
será feita numa base reparação retorno ao utilizador.

4. Reparação de módulos e componentes inoperacionais em apoio das


actividades de reabastecimento autorizadas a operar trocas direitas.

5. Realização de avalisção da poluição dos gases de escape emitidos por


material equipado com motores de combustão interna e os necessários
ajustamentos, substituição ou reparação para manter essa poluição
dentro dos padrões estabelecidos.

6. Realização de reparações ligeiras em estruturas metálicas incluíndo


batechapas, soldaduras limpeza por jacto de areia e pintura de saias,
guarda lamas, carroçarias e secção de cascos.

7. Prestação de apoio imediato à prontidão do material e assistência


técnica aos elementos de manutenção de unidade incluindo:

• Inspecção das operações de manutenção e material das unidades


apoiadas para determinação da eficiência e efectividade dessas
operações e detectar avarias no material.

• Aconselhar e instruir o pessoal daqueles elementos sobre os


métodos adequados de realização da manutenção de unidade e
conduzir palestras sobre o apoio logístico relacionado.

• Equipas de apoio de manutenção altamente móveis para executar


ou ajudar na execução de diagnóstico de avarias (incluindo
avaliação de danos em combate), ajustamentos, alinhamentos,
reparação e substituição autorizados de módulos e artigos finais no
local se necessário.

• Armazenagem e fornecimento de artigos do Volante de Prontidão


Operacional autorizado, do reabastecimento expedito e de artigos
da classe IX às unidades utilizadores.

8. Evacuação de artigos finais e modelos inoperacionais para estruturas


designadas de nível de manutenção igual ou superior quando a sua
reparação ultrapassa a sua possibilidade ou capacidade autorizadas.

(3) Manutenção Intermédia de.Apoio Geral.

(a) A manutenção intermédia de apoio geral inclui aquelas acções de

154
manutenção autorizadas e executadas por actividades de manutenção
seleccionadas para apoio de um Comando Superior, Subcomando ou outra
força como um todo e não como elementos específicos. Os programas de
manutenção intermédia de apoio geral são calendarizados por gestores de
material, no nível do comando apropriado, para dar resposta às
necessidades do sistema de reabastecimento do teatro de acordo com a
disponibilidade de sobressalentes e de outros recursos de manutenção. A
manutenção intermédia de apoio geral do sistema de reabastecimento do
TO será executada, geralmente, exteriormente a um CE desenvolvido.

(b) As operações normalmente atribuidas a este nível incluem:

1. Apoio às operações de manutenção e reabastecimento de níveis


inferiores pela reparação de artigos finais e módulos para retorno ao
canal de reabastecimento do Comando local.

2. Diagnóstico e identificação de avarias do material e módulos até ao


nível das peças internas; ajustamento, alinhamento e reparações de
material e módulos se necessário e autorizado pela tabela de atribuição
de manutenção .

3. Substituição de móduls defeituosos que ultrapasse a capacidade


autorizada aos niveis de manutenção inferiores.

4. Reparação de módulos ou componentes por rectificação, ajuste ou


alinhamento de artigos tais como válvulas, sedes e touches .

5. Reparação de módulos por substituição de peças internas e externas


quando não são requeridas condições ambientais especiais. Esta
reparação inclui placas ou quadros de circuitos impressos e circuitos
integrados blindados seleccionados conforme a tabela de atribuição de
manutenção adequada.

6. Execucão de reparações pesadas em carrocarias, cascos, torres e


quadros dentro dos limites autorizados pela tabela de atribuição de
manutenção.

7. Prestar apoio de manutenção de Área incluíndo assistência técnica,


manutenção no local e equipas de contacto se necessário ou se pedido.
Tal apoio é prestado excepcionalmente quando as actividades de
manutenção intermédia de apoio geral têm também como missão de
prestar apoio directo por a densidade das unidades apoiadas não

155
justificar a atribuição duma unidade de manutenção intermédia de apoio
directo.

8. A reunião e classificação de material da classe VII (excepto aeronaves,


munições, mísseis, material cripto e sanitário) inoperacional ou
abandonado para lhes fixar destino final.

9. Operação de um local de canibalização quando autorizado por um


Comando Superior.

10. Evacuação de material inoperacional não reparável através de canais


próprios. Os artigos finais e módulos inoperacionais reparáveis serão
embalados, preservados e enviados para as actividades de
manutenção de depósito apropriadas quando a sua reparação
ultrapassa a capacidade e possibilidade autorizada às unidades de
manutenção intermédia de apoio geral.

11. Manutenção de unidade aos equipamentos de medida, diagnóstico e


ensaio oceânicos.

12. Fabrico ou manufactura de sobressalentes, conjuntos, componentes e


dispositivos de montagem.

d. Manutenção de Depósito.

As operações de manutenção de Depósito apoiam quer as forças de combate quer o


programa de gestão do Reabastecimento do Departamento do Exército.

(1) Em apoio das forças de combate, a manutenção de depósito apoia


adicionalmente as unidades de manutenção intermédia e da assistência à
instrução técnica às forças durante a mobilização e tempo de paz.

(2) Em apoio do programa de gestão do Reabastecimento do Departamento do


Exército, as operações de manutenção de depósito são uma fonte de material
pronto para o combate.

9. MANUTENÇÃO DE AÉRONAVES

a. Generalidades.

A organização da manutenção de aeronaves no Exército em campanha consiste em


duas categorias.

(1) Manutenção da Unidade de Aviação (MUV).

A unidade operacional é responsável da execução da manutenção de unidade

156
de aviação às aeronaves que lhe estão atribuídas. As unidades tipo companhia
executam Aquelas tarefas que consistem primariamente em manutenção
preventiva e reparação e substituições associadas com a conservação de um
alto nível de prontidão operacional das aeronaves.

(2) Manutenção Intermédia de Aviação (MIAV).

As unidades de manutenção intermédia de aviação prestam apoio às unidades


de apoio de manutenção de unidade de aviação. Este apoio inclui todas as
funções autorizadas a ser realizada ao nível de manutenção de unidade de
aviação mais a reparação de artigos seleccionados que não pode ser executada
naquele nivel. A Fig. VIII – 1 - Representa o Fluxo de Manutenção de Aviação.

10. APOIO DE MANUTENÇÃO A FRENTE

a. Generalidades

O apoio de manutenção está baseado no conceito de que o apoio às unidades de


combate e aos sistemas de armas deve ser feito o mais à frente possível. Quando um
equipamento precisa de reparação os elementos de manutenção orgânicos das
unidades de combate e do CASD são os primeiros a chegar. As Companhias de
Manutenção dos Agrupamentos de Apoio de Serviços do CASCE enviam equipas de
contacto para trabalharem com eles. Estas equipas do CASCE pertencem
normalmente a Companhias de Manutenção intermédia de Apoio Directo com uma
missão de reforço de manutenção mas também podem pertencer a uma Companhia
de Apoio Directo com capacidade de apoio disponível. As equipas de contacto prestam
assistência técnica, apoio de manutenção de nível superior, sobressalentes e
ferramentas e são retiradas quando já não forem precisas.

Outros aspectos do apoio de manutenção à frente são a recolha do campo de batalha,


a canibalização e a troca controlada. A recolha ê o primeiro passo no reingresso e
refornecimento de equipamento militar.

É à unidade utilizadora que está cometida a responsabilidade primária da recolha do


equipamento danificado. A recolha feita pelas unidades tácticas tem por destino locais
de reunião ao longo dos itinerários principais de reabastecimento (IPR). Por vezes as
unidades tácticas podem ser forçadas a deixar no local o equipamento danificado e
neste caso as unidades de apoio de manutenção podem ter que policiar o campo de
batalha.

A canibalização supervisada e/ou a troca controlada no campo de batalha podem ser


usadas quando não há disponibilidade de sobressalentes vindos do canal de

157
reabastecimento e quando um artigo de equipamento pode ser reparado pelo uso de
sobressalentes retirados do outro equipamento inoperacional. As decisões de
canibalizar ou trocar devem ser tomadas o mais próximo possível do local do
equipamento danificado, de preferência pelo pessoal da unidade utilizadora em
coordenação com o pessoal da equipa de contacto.

A evacuação do equipamento danificado começa onde es operações de recolha


acabam; no local de reunião de material da manutenção de apoio directo (pode ser um
local no IPR). A evacuação é um esforço coordenado entre os elementos da
manutenção, do reabastecimento e do transporte. A recolha do campo de batalha
serve para trazer o equipamento para um local onde possa ser carregado num
transportador de equipamento pesado (TEP) enquanto que a evacunção movimenta o
equipamento para um local onde possa ser reparado.

O CGM realiza a gestão centralizada da manutenção dentro do CE. O CGM determina


onde, quando, como, por quem e que equipamento será reparado. As unidades de
manutenção intermédia de apoio directo evacuam o equipamento para as unidades de
apoio geral ou pedem équipas de contacto de apoio geral com base em directivas pré-
planeadas fornecidas pelo CGM (instruções de evacuação automática) ou,
excepcionalmente, por comunicação directa com o CGM. O CGM altera prioridades de
reparação dentro do CE das unidades e ou sistemas de armas por forma a assegurar
o máximo potencial de combate.

11. ORGANIZAÇÕES DE MANUTENÇÃO

a. Generalidades

As organizações de manutenção normalmente encontradas no CASCE são as da fig.


VIII – 2.

12. DESENVOLVIMENTO DA FORÇA

a. Generalidades

O número de unidades de manutenção necessárias para apoiar uma força de combate


depende da densidade de equipamento de combate dessa mesma força. Os
planeadores de Estado Maior usam a densidade e aplicam o seu conhecimento da
doutrina logística para estruturar a força da forma mais austera. A estas informações,
os plantadores juntam as suas análises sobre a área de operações (dimensão, clima
terreno) estrutura de transportes e apoio da nação hospedeira, reservas de guerra
préposicionadas e previsões da duração e intensidade do combate. Estes factores

158
variam com a situação política e área geográfica onde as forças estão a ser
desenvolvidas. Por exemplo os planeadores estruturariam uma força de apoio para
sustentar as forças de combate terrestre dum Corpo de Exército na Europa de uma
forma diferente da que estruturariam para um Corpo de contingência desenvolvido no
Médio Oriente.

QUADRO

13. LIMITES DOS TEMPOS DE REPARAÇÃO

a. Generalidades

A finalidade dos limites dos tempos de reparação é concentrar todo o esforço de


manutenção na execução de reparações rápidas à frente e assim manter o máximo
número de sistemas de armas disponíveis aos comandantes. A fig. VIII-3 é um guia
para o estabelecimento de limites do tempo de reparação no CE.

b. Guias.

Se se determinou que a reparação irá exceder 95 horas o equipamento será evacuado


para a Zona de Comunicações, será reparado e ingressará no sistema de
reabastecimento.

Lembre-se que quer os limites dos tempos de reparação quer o critério da tabela de
atribuído de manutenção devem ser considerados na determinação dos canais de
evacuação e unidades de reparação apropriadas. Embora as reparações possam
estar dentro dos limites de tempo, a necessidade de realização de uma tarefa
especifica de manutenção pode ditar a evacuação do equipamento para uma unidade
de manutenção de nível superior ou que essa tarefa seja realizada por uma equipa de
contacto proveniente de uma unidade de manutenção de nivel superior.

GRÁFICO

159
CAPÍTULO IX

EVACUAÇÃO E HOSPITALIZAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

a. GENERALIDADES

O âmbito da função logística Evacuação e Hospitalização abrange todas as


actividades do Serviço de Saúde que têm por objectivo conservar, ao mais alto nível
possível, a componente humana do sistema de armas do Comandante táctico. Para
atingir aquele objectivo é necessário que os militares sejam examinados, tratados e
devolvidos ao serviço o mais à frente possível minimizando, assim, a inefectividade
por motivos sanitários. Para isso é necessário dispor de um sistema de serviços de
saúde totalmente integrados e articulados que executam o Apoio Sanitário em
Campanha (ApSanCamp) no âmbito da função “Evacuação e Hospitalização”.

b. TERMINOLOGIA

Para melhor compreensão dos conceitos utilizados ao longo deste capitulo torna-se
indispensável começar por definir algumas expressões que iremos utilizar com
frequência:

(1) Indisponível.
Este termo aplica qualquer indivíduo cujo estado físico exija cuidados sanitários,
abrangendo os feridos e doentes em resultado da acção de combate assim
como os feridos e doentes cujo estado não resulta da acção directa do combate.

(2) Evacuação Sanitária.


O processo de deslocar o indisponível do campo de batalha ou de outro local
para instalações de apoio sanitário ou só para uma delas. O tratamento do
indisponível é mantido durante o deslocamento o que distingue esta função da
função transporte.

(3) Sistema de Evacuação e Hospitalização.

Refere-se ao sistema de Instalações de Apoio Sanitário empenhadas nas


actividades de reunido, tratamento, transporte e hospitalização dos
indisponíveis. A Instalação de Apoio Sanitário mais avançada dentro do TO é o
Posto de Socorros (PS) do Batalhão de manobra e os mais recuados serão os
Hospitais da ZCom.

160
2. PRINCÍPIOS DO APOIO SANITÁRIO EM CAMPANHA (AuSanCamp)

O sucesso das operações de ApSanCamp exige uma gestão correcta dos esforços e
recursos disponíveis o que só e possível se forem respeitados alguns principias:
a. Continuidade

O tratamento de um indisponível, uma vez iniciado não pode ser interrompido sob
risco de aumentar a mobilidade e mortalidade. O tratamento só termina quando o
militar regressa ao serviço, é dispensado ou morre. O Sistema de Evacuação e
Hospitalização pressupõe uma uniformização de critérios e procedimentos e baseia-se
no conceito de que cada escalão de apoio sanitário e apoiado pelo escalão
imediatamente acima. Cada escalão só é responsável pela evacuação de
indisponíveis até à instalação de apoio sanitário mais recuada da sua Área de
responsabilidade.

b. Controlo

Os meios de apoio sanitário são limitados e torna-se indispensável para a sua


rentabilização que sejam controlados ao mais alto nível compatível com a situação
táctica. Este controlo pode ser exercido pelo Comandante da unidade sanitária de
mais alto escalão ou pelo Oficial Médico pertencente ao EM de uma GU. Por esta
razão as unidades sanitárias não são dadas. normalmente, em reformo das unidades
apoiadas.

c. Proximidade

Os meios de apoio sanitário devem estar tão à frente quanto seja possível face à
situação táctica de maneira a que o tratamento se inicie o mais cedo possível. Esta
proximidade exige também meios rápidos de evacuação, helicópteros, que devam ser
utilizados sempre que o estado do indisponível o aconselhar e a situação táctica, as
condições de clima e a disponibilidade de meios o permitirem.

d. Flexibilidade

O responsável polo ApSanCamp tom que dispor de uma organização com flexibilidade
suficiente que lhe permita, em tempo oportuno, adaptar o sistema que planeou as
alterações das operações tácticas. A existência de planos de alternativa e a
constituição de uma reserva de meios de apoio sanitário são essenciais.

e. Mobilidade.

As unidades de apoio sanitário devem ter uma mobilidade idêntica à das unidades
apoiadas. Esta mobilidade avalia-se pela percentagem de pessoal e equipamento que
pode deslocar com os seus meios orgânicos. Uma unidade 50% móvel é aquela que

161
consegue deslocar, de uma sé vez, cerca de metade do seu pessoal e equipamento
com os seus meios orgânicos de transporte. Uma unidade sanitário quando
empenhada sé poderá deslocar-se depois de evacuar os seus indisponíveis. Para tal
pode tornar-se necessário deixar no local um destacamento de retenção com
indisponíveis enquanto a parte principal da unidade se desloca.

f. Conformidade

O plano de emprego dos meios de apoio sanitário têm que estar adequados ao plano
táctico de modo a que seja aplicado no local próprio e em tempo oportuno.

3. ESCALÕES DE ApSanCamp

As organizações de apoio sanitário em campanha estão estruturadas para apoiarem as


unidades de combate, de apoio de combate e de apoio de servidos do TO.

Tais organizações constituem quatro escalões de apoio sanitário, integrados num sistema
permanente que se estende desde as áreas do combate, na frente, até à Zona do Interior.

Descrevem-se seguidamente tais escalões:

a. Apoio Sanitário de Escalão Unidade

Este escalão compreende as actividades de medicina preventiva, a recolha dos


feridos e doentes, o tratamento médico de emergência e a evacuação, a partir do local
onde se verifica a doença ou ferimento, até ao ponto inicial do tratamento, no Posto de
Socorros.

Este escalão de apoio é assegurado por elementos do Servido de Saúde orgânicos,


atribuídos ou em reforço dos Batalhões ou unidades equivalentes das Armas e dos
Serviços.

As unidades que não dispõem organicamente de tais elementos, recebem apoio deste
escalão a partir da instalação sanitário mais próxima, segundo um sistema de apoio
de área.

b. Apoio sanitário de Escalão Divisão

Este escalão tem como funções primárias a evacuação de indisponíveis a partir dos
PS do escalão Unidade, a ministração de tratamento posterior em PS divisionários e o
fornecimento de apoio sanitário de área.

Na Divisão, este escalão de apoio é assegurado pelo Batalhão de Apoio de Serviços


Principal, enquanto que na Brigada Independente e no Regimento de Reconhecimento
o é por Companhias Sanitárias, atribuídas ou em reforce.

162
c. Apoio Sanitário de Escalão Corpo de Exército

Este escalão tem como funções primárias a evacuação de indisponíveis das Divisões
e das unidades não endivisionadas, a ministração de tratamento de reanimação e de
tratamento definitivo e ainda o fornecimento de apoio sanitário de área.

No Corpo de Exército, este escalão de apoio é assegurado pela Brigada Sanitária ou


Agrupamento Sanitário, do CASCE.

d. Apoio Sanitário de Escalão Zona de Comunicações

Este escalão tem como funções a evacuação, por meios de superfície, de


indisponíveis do Corpo de Exército, o fornecimento de apoio sanitário de área na
ZComn e a ministração de tratamento definitivo em hospitais da ZComn.

À evacuação aérea a partir do Corpo de Exército é uma responsabilidade da Forca


Aérea.

Na ZComn, este escalão de apoio é assegurado pelo Comando Sanitário, do Cmd dos
FITO.

4. APOIO SANITÁRIO MODULAR

a. Generalidades

Para a criação de um sistema de apoio modular partiu-se de uma descrição de todas


as funções do ApSanCamp que são executadas na ZComb de forma a tornar possível
conceber subunidades (módulos de pessoal e equipamento) para cumprir essas
tarefas. Este sistema permite ao gestor dos recursos sanitários, rapidamente,
construir, aumentar, regenerar ou reconstituir o apoio sanitário a um campo de batalha
nas áreas mais criticas. Este sistema está concebido para recolher e classificar
indisponíveis; assegurar tratamento de emergência e reanimação avançada de
traumatizados; assegura uma eficaz regularão sanitária e evacuação de indisponíveis
para as instalações de apoio sanitário capazes de assegurar o tratamento adequado
no mais curto espaço de tempo. O sistema de apoio sanitário modular é construído
com base em seis módulos. Os módulos são orientados para primeiros socorros,
recolha do indisponível, tratamento e reanimação de traumatizados ou evacuação:

(1) Socorristas de Combate.

O módulo socorrista de combate consiste num socorrista mais a sua dotação de


medicamentos e equipamento. O socorrista de combate é orgânico do
pelotão/secção sanitário do batalhão e é atribuído às suas companhias.

(2) Esquadra de Ambulâncias.

163
Uma esquadra de ambulâncias é normalmente composta por quatro socorristas e
duas ambulâncias. A esquadra assegura evacuação de indisponíveis em toda a
divisão e garante a continuidade do tratamento durante o movimento. A esquadra
de ambulâncias é orgânica do pelotão/secção sanitário dos batalhões de manobra
e das companhias sanitárias do CASD. As esquadras de ambulâncias das
companhias sanitárias ficarão localizadas quer na área de apoio de serviços
(AApSvc) da Brigada quer na AApSvc da Divisão. As esquadras de ambulâncias
dos pelotões sanitários ficarão localizados com as esquadras de tratamento Junto
dos PS de batalhão e posteriormente atribuídas às companhias do batalhão de
manobra.

(3) Esquadra de Tratamento.

Esta esquadra consiste num médico de cuidados primários, um enfermeiro e seis


socorristas. A esquadra é treinada e equipada para assegurar reanimação de
traumatizados aos indisponíveis no campo de batalha. À reanimação de
traumatizados é dirigida pelo médico/enfermeiro com o objectivo de reanimação e
estabilização do indisponível de forma a permitir a sua evacuação para a
instalação de apoio sanitário do escalão apoiante ou o seu regresso ao serviço.
Para manter o contacto com os elementos empenhados no combate cada
esquadra tem duas equipas. Estas esquadras são orgânicas dos pelotões /secção
sanitários dos batalhões de manobra e unidades de apoio de combate, se
determinado, assim como são as peças básicas na construção da companhia
sanitária. Podem ser empregadas em qualquer local do campo de batalha.

(4) Esquadra de Apoio de Área.

Esta esquadra dispõe de um dentista treinado em reanimação de traumatizados,


um técnico dentário, um técnico de raio x e um técnico de laboratório sanitário.
Esta esquadra é orgânica das companhias sanitárias dentro da AApSvc de
Brigada ou Divisão.

(5) Esquadra de Enfermaria.


Esta esquadra é composta por dois enfermeiros e dois socorristas. Tem
capacidade para acolher e assegurar cuidados mínimos a um máximo de 40
indisponíveis que se prevê regressarem ao serviço. Esta esquadra é orgânica das
companhias sanitárias na AApSvc de Brigada ou Divisão.

Quando uma esquadra de tratamento, uma esquadra de apoio de área e uma


esquadra de enfermaria são agrupadas, formam uma secção de apoio de área.
Esta secção assegura apoio sanitário numa base de área a todas as forças dentro

164
de uma área geográfica de responsabilidade (posto de socorros). A secção de
apoio de área normalmente opera na AApSvc de Brigada ou Divisão. As esquadra
de apoio de Área e de enfermaria não tem capacidade de operar isoladas.

(6) Esquadra/Destacamento Cirúrgico.


Este módulo é composto por dois cirurgiões, dois enfermeiros anestesistas, dois
técnicos de sala de operações, um enfermeiro de cirurgia e dois enfermeiros. Está
organizada para assegurar cirurgia de reanimação imediata a politraumatizados
graves, accionar medidas salva-vidas e de preservação de função física. Cirurgia
imediata será executada sempre que um atraso previsível na evacuação do
indisponível ameace a vida ou a qualidade da recuperação. No pós-operatório os
indisponíveis aguardam evacuação na esquadra de enfermaria adstrita ao módulo
cirúrgico com cuidados intensivos de enfermagem assegurado pelos Enfermeiros
do módulo cirúrgico. Às esquadras cirúrgicas são orgânicas dos Batalhões de
Apoio de Serviço Principal das Divisões.

5. CONTROLO DE INDISPONÍVEIS

O controlo de indisponíveis inclui duas funções:

− Triagem

− Regulação Sanitária (RegSan)

a. Triagem

É a avaliação e classificação dos indisponíveis para tratamento e evacuação com


o objectivo de utilizar os meios disponíveis com um máximo de eficiência. Inclui o
estabelecimento de prioridades de tratamento de modo a assegurar os melhores
cuidados médicos ao maior número de indisponíveis. A triagem é efectuada o
mais frente possível pelo médico mais qualificado no local. efectuada sempre que
o indisponível é deslocado na cadeia de evacuação.

Consiste na coordenação e controlo do movimento de indisponíveis para as


instalações sanitárias mais adequadas ao seu tratamento. Este procedimento
determina para onde, quando o como o indisponível deve ser evacuado. O
controlo cuidadoso da evacuação para os Hospitais é indispensável para manter
uma carga de trabalho cirúrgico equilibrada e para assegurar o número de camas
suficientes para as necessidades previstas e para um correcto encaminhamento
dos indisponíveis que necessitam de cuidados especializados para as instalações
onde tal seja possível. A (ReSan) está sob o controlo técnico e supervisão de
Oficiais de regularão sanitário existentes nos Comandos sanitários das FTTO.

165
6. EVACUAÇÃO

a. Generalidades
Tem sido doutrina, no que respeita à Evacuação, juntar na mesma cadeia de
evacuação indisponíveis que se prevê regressarem ao serviço com os que não vão
regressar ao serviço. Uma limitação significativa deste sistema tem sido a de que as
camas dos Hospitais avançados são preenchidas por indisponíveis cuja recuperação
não se prevê. Isto provoca uma maior necessidade em camas e faz com que
indisponíveis recuperáveis sejam evacuados mais para a retaguarda para dar lugar a
novas admissões. Este sistema de evacuações de fluxo único e dupla função interferia
de facto com o regresso de soldados ao servido porque os indisponíveis em situação
mais grave são tratados em primeiro lugar. Frequentemente o atraso resultante no
tratamento de indisponíveis com lesões menos graves pode converte-los em não
recuperáveis.

b. Novo Sistema de Evacuação

Para resolver esta limitação, foi concebido um sistema de evacuação de duplo fluxo
para optimizar o regresso ao serviço do maior número de soldados treinados e com
experiência de combate. A categorização dos indisponíveis em recuperáveis ou não
recuperáveis deve ser feita o mais cedo possível na cadeia de evacuação logo que
medicamente possível. A categorização é feita pelo oficial médico que trata o
indisponível e é um processo contínuo em constante reavaliação. Indisponíveis
evacuados para fora da Divisão e que se espera o regresso ao serviço dentro dos
limites do regime de evacuação do TO serão evacuados para o Hospital de Apoio de
Combate especializado neste tipo de tratamento. Aqueles soldados que não se espera
o regresso ao serviço são evacuados para o Hospital Cirurgião Móvel e Hospital de
Evacuação especializados em traumatizados e estabilização. O indisponível que se
prevê não regressar ao serviço é evacuado rapidamente através do sistema, limitando
a cirurgia a reanimação, salvar membros, prevenir infecções e estabilizar o indisponível
antes da evacuação. Este sistema está concebido não só para minimizar a mortalidade
e maximizar o regresso ao serviço mas também para:

(1) Limpar o campo de batalha para permitir ao comandante operacional a


continuação da sua missão.

(2) Melhorar a moral dos soldados demonstrando que os feridos são rapidamente
tratados.

(3) Diminuição da necessidade de recompletamento e melhoria do processo de


reconstituição.

166
c. A responsabilidade pela evacuação

A responsabilidade pela evacuação cabe ao escalão apoiante do seguinte modo:

(1) Os elementos de evacuação dos pelotões/secções sanitário evacuam indisponíveis


desde o local da lesão ou do início da doença para locais de reunião ou PS de
Batalhão.

(2) As ambulâncias do escalão Divisão evacuam indisponíveis dos PS de Batalhão


para os PS Divisionários.

(3) Ambulâncias aéreas ou terrestres do escalão CE evacuam indisponíveis das


Divisões, Brigadas independentes e de instalações de apoio sanitário não
endivisionadas para os Hospitais do CE.

(4) O CmdSan regula a evacuação de indisponíveis dos Hospitais do CE para os


Hospitais da ZCom utilizando meios da FA ou ambulâncias do CmdSan.

7. REGIME DE VACUAÇÃO

a. Regime de evacuação no TO

O regime de evacuação no TO estabelece a duração máxima (expressa em dias) de


hospitalização autorizada nas instalações de apoio sanitário do TO. O período de
hospitalização prevista para um indisponível é calculado a partir da data de admissão
no primeiro hospital da cadeia de evacuação. O regime estabelecido não implica que
todos os indisponíveis sejam retidos o tempo máximo. Indisponíveis que se preveja
não ser possível o seu regresso ao serviço dentro do período previsto são evacuados
para fora do TO logo que a autoridade sanitário competente determine que a
evacuação não vai agravar a situação clínica do indisponível.

Os factores que influenciam o regime de evacuação:

(1) Natureza da missão.

(2) Capacidade de hospitalização.

(3) Capacidade em transportes.

(4) Disponibilidade em recompletamento.

(5) Distância das instalação da ZCom.


b. Repercussão do Redime de Evacuação

O regime de evacuação do CE tem impacto directo sobre:

(1) Número e tipo de unidades sanitárias requeridas na ZComb

167
(2) A quantidade de artigos da classe VIlI necessários

(3) A manutenção de equipamento sanitário necessária

(4) O volume de apoio de engenharia (necessidade de construção de hospitais)

(5) O volume e o tipo de transportes (movimento de indisponíveis e


recompletamentos)

(6) Necessidade em recompletamentos de pessoal no CE

(7) A taxa de indisponíveis que regressam ao serviço. (Num regime de evacuação


de 20 dias haverá um regresso ao servido de cerca de 21% de todos os feridos
em combate admitidos em hospitais, enquanto num regime de 90 dias essa taxa
será de 66%).

(8) O número de camas hospitalares necessárias na ZInt para apoiar o TO. (Um
regime de evacuação do TO mais curto exige menos hospitais e outros recursos
de apoio no TO mas aumenta o número dos mesmos recursos necessários na
ZInt).

c. Determinação do Regime de Evacuação

Pelo impacto que tem em todos os aspectos de apoio sanitário, quer no CE quer no
TO, o regime de evacuação do CE é estabelecido pelo Departamento de Defesa
ouvido o Cmdt do TO. Os Comandos subordinados podem estabelecer regiões de
evacuação para as áreas da sua responsabilidade, dentro dos limites do regime de
evacuação do TO, que submetem à aprovação do Cmdt do TO.

8. HOSPITALIZAÇÃO

a. Generalidades

O sistema de Apoio Sanitário em Campanha prevê Hospitais sob controlo da Unidade


Sanitária do CASCE a colocar na AApSvc das Divisões e na Área da retaguarda do
CE e Hospitais na dependência do CmdSan instalados na ZCom.

b. Planeamento
(1) Factores de Planeamento

No planeamento da hospitalização existem determinados factores básicos a ter


em conta na definição das necessidades de hospitalização para um TO.

Para calcular o número de camas necessárias para uma operação específica, é


preciso:

− Estabelecer um Regime de Evacuação para o TO;

168
− Prever as médias de Admissão Diárias nos hospitais ;

− Conhecer os efectivos do TO;

− Fazer a estimativa dos factores de acumulação e de dispersão.

Não é intenção descrever no presente Manual o método utilizado no cálculo, mas


tão somente identificar algumas das expressões que acabam de ser utilizadas o
que se fará seguidamente.

(2) Média de Admissão Diária

A média de admissão diária é uma expressão estatística que reflecte o número de


indivíduos admitidos em hospitais ou dispensados do serviço por motivos de
saúde, por cada milhar dos efectivos e pelo período de um dia.

Tal como se deixou entender, tais médias são normalmente baseadas em dados
estatísticos acumulados ao longo de um determinado período de tempo.

(3) Factor de Acumulação

Os indisponíveis acumulam-se nos hospitais de acordo com uma taxa que é


calculável e que depende da média de admissão, do tipo de doença ou ferimento
e do período médio de hospitalização em face de um dado regime de evacuação.

Há tabelas que contêm os vários valores do factor de acumulação.

(4) Factor de Dispersão

Uma porção das camas fixas de um TO não estará imediatamente disponível


pelas razões que adiante se indicam.

Este facto tem que ser considerado ao calcularem-se as necessidades de camas


hospitalares e nesse cálculo tem que ser introduzidos ajustamentos mediante a
aplicação de um Factor de Dispersão.

A experiência tem demonstrado que uma percentagem de 20%, aplicada às


necessidades calculadas, é geralmente suficiente para fazer intervir no problema
aquelas indisponibilidades temporárias de camas.

Contribuem para a dispersão, as seguintes circunstâncias:

(a) A existência de compartimentos para indisponíveis de sexos diferentes, para


casos de doenças contagiosas e para casos que requerem diferentes tipos de
tratamento, faz surgir a necessidade de uma margem de segurança de camas
em cada compartimento.

(b) As médias diárias de admissão e de saída variam de dia para dia e têm que
169
ser consideradas para a manutenção de uma margem extra de camas
disponíveis.

(c) Um certo número de camas pode estar acondicionado para fornecimentos a


fazer dentro do TO em qualquer altura.

(d) As tropas podem estar largamente dispersas, do que resulta a necessidade de


instalações hospitalares adicionais com vista a assegurar uma quantidade
suficiente de camas.

Portanto, pode acontecer que estas instalações não sejam utilizadas em


pleno.

(e) Quanto maior a dispersão das tropas, maior é o factor de dispersão.

(f) Os hospitais podem não estar localizados nas condições mais favoráveis
relativamente aos esquemas mais eficientes de evacuação, do que resulta um
aumento no factor de dispersão.

(g) Um atraso na entrada em funcionamento de um hospital fixo provoca um


aumento no factor de dispersão.

(5) Órgãos de Hospitalização

(a) Hospitais

1. Classificação quanto à sua mobilidade

Segundo este critério, os hospitais classificam-se em:

Fixos: Quando dispõem de instalações de caracter permanente e de


serviços de utilização geral, tais como, electricidade, água, gás e
esgotos.

Móveis: Quando se podem deslocar como um todo, de uma só vez, à


custa dos seus meios de transporte orgânicos.

c. Hospitais da Zona de Comunicações (ZCom)

(1) Hospital Geral

(a) Mobilidade - Fixo

(b) Missão - Assegurar tratamento de caracter definitivo e especializado a todas


as categorias de indisponíveis.

(c) Capacidade 1000 camas

(d) Atribuição - Atribuído ao CmdSan na base de 1 por cada 1500 camas fixas

170
necessárias no TO normalmente integrado num Centro Hospitalar. Este
Centro pode incluir 2 a 8 H Gerais ou uma combinação de H Gerais e outras
unidades de Serviço de Saúde e depende de um Cmd de Centro Hospitalar.

(2) Hospitais de Campanha

a. Mobilidade – Semi - móvel

b. Missão - Assegurar hospitalização de carácter temporário na ZComn. Pode


ser-lhe atribuída a missão de ministrar tratamento e assistência à população
local, deslocados e a prisioneiros de guerra. Localizam se normalmente na
área avançada da ZComn e asseguram apoio sanitário de área embora
possam garantir hospitalização de emergência a indisponíveis evacuados da
ZComb.

c. Capacidade - 400 camas quando actua como um todo. 300 camas quando
actua dividido em 3 unidades distintas de 100 camas cada uma. Cada uma
destas unidades é capaz de montar um hospital de reduzidas dimensões,
actuando de forma autónoma.

d. Atribuição – Atribuído ao CmdSan

(3) Hospital de Apoio de Área

(a) Mobilidade - Fixo

(b) Missão - Assegurar hospitalização do tipo "guarnição", serviço de consultas


externas e apoio a uma guarnição militar ou às tropas de uma área
geográfico específica.

(c) Capacidade - Variável (200, 300 ou 500 camas).

(d) Atribuição - Atribuído ao CmdSan de acordo com a necessidade em camas


fixas. São montados em locais da ZComn onde se verifique uma grande
concentração de pessoal militar. No caso de grande afluência de
indisponíveis estes hospitais podem ser utilizados segundo o esquema
previsto para os Hospitais Gerais.

d. Hospitais da Zona de Combate (ZComb)

(1) Generalidades

O Hospital de Evacuação (HEV) de 400 camas, o Hospital de Apoio de Combate


(HAC) de 200 camas e o Hospital Cirúrgico Móvel (HCM) de 60 camas são os
órgãos principais que asseguram a hospitalização no CE. Colectivamente estes
Hospitais asseguram tratamento a todas as classes de indisponíveis. Asseguram
171
tratamento completo daqueles indisponíveis que podem regressar ao serviço sem
exceder o regime de evacuação da ZComb. Aos outros indisponíveis asseguram
o tratamento necessário para permitir a sua evacuação para os Hospitais da
ZComn ou ZInt. HAC, HEV e HCM estão em apoio da Brigada ou Agrupamento
sanitário de acordo com as necessidades em camas. Enquanto os Hospitais da
ZComb são relativamente móveis e requerem consideravelmente menos apoio de
engenharia que os Hospitais da ZComn, se libertar dos seus indisponíveis antes
localmente. Não é tarefa fácil; depende não só da disponibilidade em meios de
evacuação mas também na possibilidade de os indisponíveis suportarem o
traumatismo do deslocamento.

(2) Hospital Cirúrgico Móvel

(a) Mobilidade - 100% móvel em meios de transporte orgânico.


(b) Missão - Este Hospital regressou ao sistema de apoio sanitário para garantir
um apoio sanitário flexível numa situação táctica fluido. Normalmente o HCM
será colocado numa posição avançada, provavelmente perto do limite à
retaguarda da Divisão especializado em tratamento de traumatizados e
normalmente estabiliza aqueles indisponíveis que necessitam de cirurgia
imediata antes de evacuação para a ZComn ou ZInt.

(c) Capacidade - 60 camas

(d) Atribuição - Normalmente atribuído um por Divisão apoiada.

(3) Hospital de Apoio de Combate

(a) Mobilidade - 25% móvel em meios orgânicos sem indisponíveis internados.


Está em estudo a melhoria da sua mobilidade para se adequar de uma forma
mais eficaz à doutrina da Batalha Aéreo Terrestre.

(b) Missão - A missão principal do HAC é tratar os indisponíveis que podem


regressar ao serviço.

(c) Capacidade - É um Hospital de 200 camas configurado como uma


Unidade Médica Contentorizada Móvel (UMCM)

(d) Atribuição - É atribuído apoiada um por Divisão

(4) Hospital de Evacuação

(a) Mobilidade - 25% móvel com os seus meios

(b) Missão – É especializado em tratamento de traumatizado e estabilização


de indisponíveis para evacuação para Hospitais Gerais na
172
ZComn.

(c) Capacidade - 400 camas. Também é configurado como UMCM. Está


normalmente situado na área da retaguarda do CE.

(d) Atribuição – É atribuído na base de um por Divisão apoiada.

9. REABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO DE MATERIAL SANITÁRIO


(a) Generalidades.

A CSan Principal da Divisão assegura reabastecimento de artigos da classe VIII e


manutenção de material sanitário a toda a Divisão e unidades não endivisionadas
que operam na área da Divisão. A unidade do CE de reabastecimento e manutenção
de material sanitário e fabrico Óptico (URMOP) assegura apoio às CSan da Divisão
e apoio de reabastecimento e manutenção de material sanitário às unidades não
endivisionadas localizadas na Área da retaguarda do CE. A URMOP é atribuída na
base de uma por CE de quatro Divisões. A gestão do material sanitário mantém-se
sob controlo do canal sanitário dada a especificidade dos requisitos na gestão dos
artigos da classe VIII. Esses requisitas são:

(1) Proximidade.

Artigos da Classe VIII devem estar onde está o indisponível, na quantidade e


variedade requeridas, ou o tratamento não pode ser efectuado.

(2) Continuidade.

Porque o apoio sanitário tem que ser contínuo, o fluxo de material sanitário não
pode ser interrompido.

(3) Controlo.

Alguns artigos, como narcóticos, sangue total, preparações extemporâneas,


devem ser guardados em cofres, a temperatura e humidade controlada,
protegidos da luz solar para evitar que ultrapassem os prazos de validade.

(4) Regulamentos da Convenção de Genebra.

O reabastecimento de artigos da Classe VIII (uso e distribuição de artigos


controlados) está protegido pelos regulamentos da Convenção de Genebra.
Embora o material sanitário possa ser identificado com a cruz vermelha
recebendo, por isso, protecção tal não é obrigatório

10. CONTROLO DE DOENÇAS E LESÕES NÃO DEVIDAS AO COMBATE

173
a. Introdução

A História mostra que em conflitos do passado foram em maior número os


indisponíveis por doenças e lesões não devidas ao combate do que os resultados
directamente de acções de combate. Doenças evitáveis transmitidas por artrópodes
(malária, tifo, dengue) e doenças associadas com condições de saneamento
deficientes e falta de higiene pessoal (hepatite, cólera, febre tifóide, disenteria)
tiveram grande impacto nas operações de combate. Lesões evitáveis, não devidas
ao combate (frio, calor, stress do combate) tiveram também um impacto negativo em
operações de combate do passado.

A prevenção de doenças e ferimentos é a maneira mais económica e mais eficaz de


assegurar ao comandante operacional um máximo de recursos para executar a sua
missão. A concretização a tempo de medidas de medicina preventiva pode reduzir
muito significativamente o impacto negativo deste tipo de baixas nas forças
combatentes. Os resultados destas acções funcionam como um importante factor
multiplicador para o comandante. Descrevem-se em seguida os serviços integrados
neste âmbito.

b. Equipa de Saneamento de Campanha.

Uma Equipa de Saneamento de Campanha assegura ao comandante da unidade


uma capacidade limitada de controlar instalações de animais, vectores de doença e
outros perigos relacionados com o saneamento dentro da área da unidade. O
conceito de iniciar as acções de Saneamento de Campanha ao nível de companhia
teve origem na II G.M. Historicamente o pessoal do apoio sanitário não participa
nestas equipas. Geralmente os elementos das equipas de saneamento de combate
recebem treino do pessoal de Medicina Preventiva apoiante.

c. Serviços de Medicina Preventiva.

(1) Generalidades.

Os serviços de Medicina Preventiva aumentam a eficiência de uma unidade


reduzindo a vulnerabilidade de cada soldado à doença e perigos ambientais no
campo de batalha integrado. O sucesso destes servidos, que normalmente são
assegurados a todos os níveis do ApSanCamp, depende do interesse e apoio
do comando.

(2) Missão.

Os servidos de Medicina Preventiva incluem:

(a) Assistência na prevenção e controlo de vectores de doenças e pragas (por


174
exemplo, consultas técnicas, identificação e vigilância de pragas e reforço
da capacidade orgânica das unidades tácticas em controlo de pragas).

(b) Assistência no controlo de doenças transmitidas pela água, incluindo


vigilância das instalações de purificação da água e consultoria técnica no
tratamento de água em todas as condições de campanha.

(c) Assistência no controlo de doenças transmitidas pelos alimentos, incluindo


vigilância dos reabastecimentos de gelo e refeitórios.

(d) Assistência no controlo de exposição ocupacional excessiva a perigos


como, radiações ionizantes e não ionizantes, gases tóxicos, ruído e
extremos climáticos.

(e) Educação dos soldados em práticas de higiene apropriada e treino de


sanitarismo.

(f) Consultoria técnica na selecção e desenvolvimento de locais de bivaque,


locais de reunião, campos de refugiados e instalações para prisioneiros de
guerra inimigos.

(g) Consultoria técnica na renovação e reparação de edifícios públicos de


cidades e aldeias localizadas na área de operações.

(h) Aconselhamento técnico e profissional aos comandantes a todos os níveis


nas formas de reduzir as baixas por doenças e lesões não devidas ao
combate.

(i) Vigilância do ambiente militar para detectar e identificar factores de risco


para a saúde, existentes e potenciais, e formular os meios adequados para
minimizar os seus efeitos.

(j) Assistência no estudo de vulnerabilidade de alimentos e água, verificação


de contaminação e supervisão do programa de gestão de abrigos.

(k) Assumir a iniciativa no reconhecimento, diagnóstico e combate da guerra


biológica

(3) Escalões de Medicina Preventiva.

(a) Unidade.

Os serviços de medicina preventiva de unidade são assegurados por


pessoal orgânico (equipa de saneamento de campanha da unidade)

(b) Divisão.

175
Os serviços divisionários são assegurados pela secção de medicina
preventiva da Divisão.

(c) Apoio de Área

Os serviços são assegurados pelos destacamentos de medicina preventiva


atribuídos ao agrupamento sanitário no CE. HÁ dois tipos de destacamentos
de Medicina Preventiva.

1. Destacamento de saneamento

2. Destacamentos de entomologia

Os dois tipos de unidade são semelhantes em pessoal e equipamento e asseguram


apoio para minimizar os efeitos do calor, frio, mordeduras de insectos e
gastrenterites nas forças em acção. Um destacamento de entomologia tem
capacidade para assegurar apoio no controlo de vectores aéreos; são normalmente
atribuídos na base de um por Divisão apoiada.

d. Controlo de "stress" do combate

Operações prolongadas, armas de destruição massiva e a possibilidade de as


forças se empenharam num conflito de alta intensidade tornam inevitáveis as baixas
temporárias por fadiga de combate. Em conflito de baixa intensidade, a ameaça da
guerrilha conta com o stress pai ecológico para enfraquecer o defensor. As secções
de saúde mental orgânicas das unidades sanitárias da Divisão são reformadas, se
necessário, por esquadras e secções (módulos) de uma Companhia de Controlo de
"stress do Combate e são atribuídas a um agrupamento ou brigada sanitária no CE
para assegurar tratamento e dar apoio, tão à frente quanto a situação operacional
permita, a estes indisponíveis.

e. Serviços Dentários.

Assegurar serviços dentários o mais à frente possível minimiza o tempo em que o


soldado está afastado da sua missão principal. O serviço dentário está dividido em
três categorias de cuidados:

(1) Urgência.

O tratamento de urgência dirige-se ao alivio da dor. Como exemplo podemos


citar o uso de medicamentos e restos simples como obturações temporárias.

(2) Suporte.

Tratamento de suporte destina-se a assegurar o nível de tratamento


necessário para manter o soldado activo na área da Divisão. Consiste em
176
procedimentos tão simples como restauração e reparação de próteses
dentárias

(3) Manutenção

Cuidados de manutenção são mais exigentes em recursos e empenhamento e


assim serão normalmente prestados no escalão CE ou ZCom. São atribuídos
quatro oficiais dentistas por cada Divisão e um técnico dentário para cada
Regimento de Reconhecimento, Brigada Independente e Agrupamento de
Forças Especiais,

f. Serviços de Veterinária.
Estes serviços incluem a inspecção de alimentos quanto à integração e qualidade,
inspecção sanitária de todas as instalações de reabastecimento de alimentos,
tratamento veterinário de animais do Exército e prevenção e controlo de doenças de
animais transmissíveis ao homem. Estes serviços estão em apoio directo de
unidades de apoio logístico, unidades de policia militar ou programas de acção
cívica. Unidades modulares veterinárias permitem a necessária flexibilidade para
cumprir tarefas tão diversificadas. Outro pessoal do serviço de veterinária em apoio
das operações de combate podem ser atribuídos a unidades de assuntos civis,
laboratórios sanitários de área, unidades que utilizem cães ou como Oficiais
Veterinários do EM.

g. Serviços de Laboratórios.

O apoio laboratorial de escalão Divisão é da responsabilidade do pelotão de


Tratamento da CSan. Um especialista de laboratório da esquadra de apoio de área
trabalha em apoio directo das actividades de reanimação. Os Hospitais do CE
executam trabalhos limitados em bioquímica, hematologia e análises de urina.
Análises mais elaboradas, e especializadas são executadas em escalões acima do
CE no Laboratório Sanitário da ZComn.

11. BAIXAS NO CAMPO DE BATALHA MODERNO

(a) Operações NBQ

Enquanto os cálculos convencionais permitem uma base relativamente segura


para determinar as necessidades em camas, as operações NBQ introduzem
outros factores. Os factores tomados em conta para o cálculo; convencional
derivam dos padrões de lesões e médias de internamento observados em
períodos prolongados de tempo. Os padrões de ferimentos provocados pelas
munições NBQ vão provavelmente alterar os factores de acumulação. Da maior

177
importância será, concerteza, a característica flutuação nas taxas de admissão
diárias resultantes destas munições. Esta característica pode impedir qualquer
tentativa de emprego das taxas médias de admissão. O problema pode ser
resolvido com a utilização de um uso mais intensivo dos meios hospitalares,
instituindo procedimentos normalizados para tratamento de baixas massivas ou
por evacuação rápida e extensiva para a ZInt. Por estas razões o planeador pode
achar mais correcto calcular o número de camas necessárias como uma
percentagem razoável da forca militar apoiada para possibilitar um máximo de
flexibilidade no serviço de apoio sanitário.

178
CAPÍTULO X

SERVIÇOS

1. GENERALIDADES

A logística "não se esgota" com as actividades integradas nas quatro Funções Logísticas
já estudadas.

Para além do fornecimento de artigos às Tropas, dos deslocamentos de pessoal e material


e dos cuidados a ter para conservar o pessoal e material em boas condições de actuação,
existe todo um conjunto de outras actividades, muito diversificadas, sem o qual será
deficiente a "Vida Logística" do uma forca.

Esse conjunto de actividades é também vasto, ou seja, abrange uma quantidade


considerável de actividades. Porém, e tal como se considera no âmbito do presente
Manual, nenhuma dessas actividades é qualificada de suficientemente importante para
constituir, por si só, uma função logística individualizado. De resto, repete-se o que já
anteriormente foi referido: Que o agrupamento das actividades logísticas, em funções
logísticas, e bem assim o número destas, são produto de esforço subjectivo, o que
significa que não deve constituir surpresa encontrar-se outra qualquer forma de
agrupamento e classificar.

2. ÂMBITO DA FUNÇÃO LOGÍSTICA SERVIÇOS

Conforme já foi referido no capitulo II deste Manual, a função logística Serviços abrange
todas as actividades logísticas não integradas nas Funções Reabastecimento, Transporte,
Manutenção e Evacuação e Hospitalização e cuja importância relativamente à destas não
justifica que cada uma seja considerada, em separado, como função logística.

Não iremos abordar exaustivamente todas as actividades que cabem ao âmbito da função
logística agora em estudo, Mas tão somente abordaremos algumas, consideradas mais
importantes, e faremos uma breve referência dos outras.

3. ACTIVIDADES INCLUÍDAS NA FUNÇÃO SERVIÇOS

Consideramos integradas na Função Serviços as seguintes actividades:

− Alimentação

− Banhos e Troca de Fardamento

− Camuflagem

− Cantinas

179
− descontaminação

− Fabrico de Pão

− Inactivação de Engenhos Explosivos

− Instalações (Infraestruturas)

− Lançamento Aéreo

− Lavandaria e Renovação

− Luta Contra Incêndios

− Recolha de Material

− Utilização de Mão de Obra.

a. Alimentação

(1) Generalidades

As actividades do programa do Serviço de Alimentação do Exército, abrangem


as pessoas, os processos e os recursos envolvidos no alimentar das Tropas.
Tudo é envolvido desde a pesquisa e a obtenção do produto alimentar, até ao
cozinhar e servir do mesmo. A finalidade do programa é assegurar refeições o
mais saborosas e nutritivas possíveis

(2) Subsistência

(a) No Exército, Ração é uma quantidade de alimentação estabelecida, que


fornece a cada Soldado, todos os dias, Refeições nutritivas.

No campo de batalha, as operações de combate podem impedir o


fornecimento de rações quentes, pelo que nestas situações, serão
fornecidas rações de combate, sob a forma de refeições individuais
empacotadas.

As rações de combate são facilmente transportadas e rapidamente


preparadas e consumidas pelo soldado, sustentando-o sem reduzir a sua
eficácia para o combate.

(b) Quando as condições do combate o permitirem e houver disponibilidades


de géneros e do equipamento de cozinha, aos soldados é servida,
diariamente, pelo menos, uma refeição quente. A preparação da
alimentação deve ser concentrada, sempre que possível, a nível Batalhão
e a alimentação confeccionada transportada para as unidades tipo
companhia.
180
(c) O reabastecimento dos artigos da classe I necessários à preparação das
refeições (Géneros e Água) são requisitados de acordo com os
procedimentos referidos no Capítulo VI

− Reabastecimento.

(d) Rações não deterioráveis, são aquelas que não necessitam de


refrigeração e que podem ser preparadas pelo próprio indivíduo ou numa
instalação de alimentação apropriada.

(e) As rações deterioráveis necessitam de armazenamento refrigerado e são


preparadas em instalações apropriadas. Este tipo de rações só devem ser
utilizadas num TO, após o seu comandante concluir que o sistema
logístico responde com eficácia às necessidades que este tipo de
alimentação coloca e o Exército aprovar o seu uso.

(3) Condições Higiénicas

(a) As condições higiénicas que são exigidas pelo serviço de alimentação,


abrangem aspectos de higiene pessoal, limpeza e manutenção do
equipamento, lavagem de louça, higiene de cozinhas de campanha,
controlo de doenças e de restos de comida.

A inspecção, a armazenagem e o manusear de alimentação devem


obedecer a certos padrões, pelos quais são responsáveis os
comandantes, em todos os escalões.

(b) As condições higiénicas das instalações de campanha são limitadas, pelo


que todos os esforços devem ser feitos para seguir e respeitar as
respectivas normas, competindo a todo o pessoal dessas mesmas
instalações zelar para que sejam obtidos os mais altos padrões de
sanidade.

Num ambiente contaminado NBQ, devem ser tomadas e implementadas


especiais precauções e procedimento na preparação, no servir e no
consumo de rações.

Eficazes condições higiénicas de campanha, são uma excelente medida


para salvaguardar contra a contaminação biológica.

b. Banhos e Troca de Fardamento

A Companhia de Reabastecimento e Serviços do Batalhão de Apoio de Serviços


Principal/Companhia de Reabastecimento e Transporte do Batalhão de Apoio de

181
Serviços fornece um serviço de banhos à Divisão/Brigada Independente quando
aumentada com uma Secção de Banhos e Troca de Fardamento, geralmente durante
um período de conflito.

Quando necessário, a referida secção, pode montar um serviço de troca de


fardamento nos locais de banhos. Este serviço é prestado segundo a modalidade de
apoio de área.

Podem deslocar-se equipas para as Áreas de Apoio de Serviços das Brigadas,


quando for necessário. Quando a troca de fardamento for prestada simultâneamente
com o serviço de banhos, têm de se obter, nos Batalhões de Reabastecimento e
Serviços do CASCE, uma grande quantidade de fardamento para constituir reserva.
Igualmente, a unidade apoiada tem de fornecer pessoal para ajudar à instalação da
unidade de banhos, proteger equipamento valioso e receber e distribuir o fardamento,
porque as equipas de banhos e troca de fardamento não têm pessoal suficiente para o
fazer.

As Equipas de Banhos e de Troca de Fardamento são também utilizadas para ajudar


à descontaminação do pessoal que tenha ficado contaminado com poeiras
radioactivas ou com agentes biológicos. Na descontaminação de pessoal contaminado
com agentes químicos não se considera necessário o banho embora possa ser usado,
se houver, como complemento à troca de vestuário de protecção.

Normalmente as Equipas de Banhos e de Troca de Fardamento serão localizadas


perto de um local reabastecedor de égua.

O padrão, é fornecer, por semana, um banho e uma troca de vestuário a cada


soldado. Cada Equipa de Banho e Troca do Fardamento coordenará com as unidades
apoiadas sobre os referidos serviços, trocará o vestuário sujo por vestuário limpo e
assegurará o serviço de banho (chuveiro) através de unidades portáteis.

c. Camuflagem

(1) Generalidades

(a) Os princípios básicos de camuflagem são utilizados tanto numa acção


ofensiva, como numa situação estática ou na defensiva. A
responsabilidade da camuflagem recai sobre o comandante e todas as
tropas devem estar treinadas sobre os princípios e técnicas de
camuflagem.

Os elementos da Engenharia asseguram conselho e assistência técnica


sobre os assuntos da camuflagem.

182
(b) Em situações de ofensiva rápida, está fora de dúvida que o tempo não
permite grandes medidas de camuflagem artificial, contudo, os elementos
da Engenharia aconselham e auxiliam as tropas, na utilização dos
aspectos naturais do terreno, os quais ajudarão a camuflagem e a
cobertura.

(c) Perante a preparação de acções ofensivas, deve ser dada atenção


especial às medidas de camuflagem, cobertura e mascaramento das
unidades e actividades, que possam revelar os nossos planos.

d. Cantinas

Os serviços de venda de vestuário e artigos de secção comercial são assegurados em


campanha por destacamentos de vendas, que podem ser dados como retorno,
quando necessário, aos Batalhões de Reabastecimento e Serviços nas Áreas do
CASCE.

Os destacamentos de vendas são projectados para assegurar conforto, em


instalações fixas ou móveis.

e. Descontaminação

(1) Generalidades

Esta actividade logística liga-se à possível contaminação de pessoas,


abastecimentos, terreno e instalações por parte de agentes NBQ e destina-se a
contrapor acções conducentes a anular os efeitos desses agentes.

(2) Descontaminação num TO

(a) A descontaminação é uma responsabilidade de cada militar e de cada


unidade.

No Corpo de Exército, existem unidades que procedem à descontaminação


de abastecimentos e equipamento essenciais e de instalações e áreas vitais
que excedem as possibilidades de descontaminação das unidades atentes.

Na ZCom, a descontaminação é realizada por equipas pertencestes a


unidades dos CASA (Comando de Apoio de Serviços de Área). Entretanto
as unidades de engenharia e outras que estão equipadas com “bull-dozers”
e outros tipos de equipamento de remoção de terras também realizam a
descontaminação de áreas vitais.

A descontaminação em grande escala é, contudo, dispendiosa em termos


de potencial humano e de esforço logístico.

183
Por essa razão ela não é normalmente realizada, a menos que a área em
causa tenha importância crítica ou a instalação envolvida não possa ser
dela deslocada.

Para a descontaminação de vestuário, existem unidades móveis de


lavandaria que a ela procedem, embora com possibilidades limitadas.
Determinados elementos móveis de lavandaria também executam
impregnação e reimprenação de vestuário.

(b) Ao nível das FTTO, existe um Laboratório Químico Geral que actua em
proveito de todo o TO.

As suas áreas de acção fundamentais são a identificação de agentes


químicos e de isótopos radiológicos e a análise laboratorial de material
NBQ, em apoio da missão de informações.

A identificação de agentes biológicos é uma função do Laboratório


Sanitário.

Em obediência às prioridades fixadas pelo comandante do TO, o


Laboratório Químico Geral assegura a concepção e o desenvolvimento de
dispositivos expeditos de defesa NBQ, em apoio da missão operacional.

Finalmente, o laboratório também analisa os agentes químicos e outros


artigos obtidas e armazenados no TO, em apoio da missão de
reabastecimento.

f. Fabrico de Pão

O Fabrico de Pão para es tropas não endivisionadas é assegurado pelas Companhias


de Reabastecimento e Serviço A/D do CASCE. O apoio de fabrico de pão para as
Divisões e Brigadas Independentes é assegurado pela Companhia de Serviços de
Campanha A/G Avançada, através da sua secção de padaria que fabrica e fornece o
pão fresco às tropas divisionárias. Esta secção é capaz de operar independentemente
e está localizada para facilitar fornecimento do pão aos Centros de Reabastecimento
de Abastecimentos Gerais, montados pelas Companhia de Reabastecimento de
Abastecimentos Gerais para entrega à Divisão/BrigIndep apoiada.

O pão fresco é um artigo que faz parte da ração normal de víveres e da ração de
combate e é distribuído, com esta última na base de aproximadamente,
0,250Kg/homem/dia quando são distribuídas três refeições da Ração de Combate. O
pão é o único artigo da Ração de Combate que é susceptível de se deteriorar e tem
de ser preparado antes de ser distribuído, daí que tenha que haver muito cuidado com

184
a programação da distribuição deste componente essencial haver uma coordenação
minuciosa com o LRViv que distribui o pão, para garantir o seu fornecimento às tropas
logo que possível após o seu fabrico. Dadas as características específicas deste
artigo, não deve ser distribuído antes de passarem cinco horas do seu fabrico (evitar
amarsenamentos) ou depois de 36 horas (evitar endurecimento).

As tropas devem consumi-lo no prazo de até 48 horas após distribuição pela Secção
de Padaria.

g. Inactivação de Engenhos Explosivos

(1) Generalidades

(a) O apoio de Inactivacão de Engenhos Explosivos é fornecido por equipas


organizadas, guarnecidas em pessoal e equipadas, para missões específicas.
O serviço de Inactivação de Engenhos Explosivos visa detectar, identificar,
desactivar, recolher, evacuar e destruir engenhos explosivos nacionais ou
estrangeiros. Nestes engenhos, incluem-se as munições convencionais,
improvisadas, químicas e nucleares, que tenham sido disparadas, largadas
ou colocadas e, que de qualquer forma possam constituir perigo para
pessoal, instalações, material ou operações.

(b) A missão do Centro de Controlo de Inactivação de Engenhos Explosivos é


assegurar o comando e o controlo das Equipas de Inactivação de Engenhos
Explosivos e a gestão dos numerosos pedidos (necessidades) neste campo.

(c) Este serviço será consistente com as normas e procedimentos do Chefe da


Repartição de Segurança, operações, Instrução e Informações do CASCE, do
Vice-Chefe EM para Operações e Planos do Comando das FTTO.

(d) O Serviço de Inactivação de Engenhos Explosivos é pedido através dos


COAR's.

As necessidades são apresentadas às Equipas de Inactivaçao de Engenhos


Explosivos, os quais por sua vez as atribuem à Equipa/destacamento
apropriado. Se necessário, serão estabelecidas prioridades de acordo com as
normas do Chefe da Repartição SOII (Segurança, Operações, Instrução e
Informações)

h. Instalações (Infra-estruturas)

(1) Introdução

(a) Generalidades

185
As instalações são significativas pela sua vasta distribuição, pelo seu valor
monetário e pela sua fundamental importância para o Exército. São ainda
muito importantes, ao sistema logístico como um todo, pelo seu impacto em
todas as outras componentes do sistema. Por exemplo, o planeamento para
o desenvolvimento de bases afecta, e é por sua vez afectado, por todas as
outras considerações da ordem logística, incluindo o reabastecimento, a
manutenção do material, o transporte e os serviços.

O estabelecimento de padrões de vida justos e razoáveis é uma preocupação


dos comandantes em todos os escalões. A orientação geral deve ser
estabelecida no mais alto escalão e feita cumprir energicamente através dos
canais de comando. Os militares tendem naturalmente a melhorar as suas
condições de vida em todas as oportunidades, e desviarão, para esse fim,
materiais críticos e mão de obra potencialmente produtiva. O resultado pode
ter um efeito significativo no moral das tropas e no esforço de guerra total.
Aquela orientação deve fixar o padrão de vida de acordo com níveis de
austeridade determinados.

Este serviço de campanha, cujas actividades constituem encargo das tropas


de Engenharia, compreende, fundamentalmente, duas áreas de interesse:

− CONSTRUÇÃO

− ADMINISTRAÇÃO

(2) Construção

(a) Generalidades

A Construção consiste na edificação e reparação de instalações e estruturas


em proveito das forças militares nos Teatros de Operações. Nela se incluem
o fabrico, a reparação e a restauração de estruturas, serviços de utilização
geral, estradas, vias ferroviárias, pontes, terminais aéreos e aquáticos e
obras de fortificação.

A construção contribui poderosamente para a mobilidade dos Exércitos em


campanha. A aptidão para concentrar rapidamente meios de construção com
vista a vencer obstáculos criados quer por acção da natureza, quer pelo
inimigo, faculta às forças um deslocamento mais veloz no campo de batalha.

Apontam-se seguidamente algumas de entre as várias exiências de ordem


táctica e logística que pesam sobre o enforço de construção:

− Construção de abrigos de protecção para instalações criticas, pessoal e


186
abastecimentos.

− Construção de instalações de defesa anti-aérea em áreas essenciais.

− Construção de Itinerários Principais de Reabastecimento.

− Construção de estradas secundários e de acesso para servir instalações


dispersas

− Construção de órgãos de terminais aéreos e aquáticos.

(b) Preceitos Básicos da construção

Consideremos os seguintes

1. A construção deve ser realizada dentro do tempo atribuído, utilizar um


mínimo de material, equipamento e mão de obra qualificada e ter como
objectivo a economia de recursos naturais e de abastecimentos.

2. Deve ser feita a máxima utilização de projectos normalizados de


instalações e dardos.

3. Se se torna necessário um novo projecto, este deve ser simples flexível


para garantir uma utilização polivalente e também uma futura expansão,
se necessário.

4. Todos os planos e projectos têm que reflectir a real disponibilidade de


materiais e o real nível de preparação do pessoal interveniente na sua
execução.

5. Os níveis de construção relativos à edificação de qualquer estrutura não


podem exceder os estabelecidos pelo Comandante do TO.

6. Devem ser utilizadas ao máximo as instalações existentes antes que se


inicie a construção de novas.

7. Apenas devam ser construídas as instalacaes mínimas compatíveis com


as necessidades militares.

Em face dos encargos extremamente pesados para o esforço das tropas


de engenharia e das tonelagens envolvidas, é fundamental que se
respeite a economia da construção. Assim, a utilização de estruturas pré
fabricadas pode tornar-se prática de um ponto de vista de economia de
tempo.

8. Geralmente, um projecto de grandes proporções compreende várias


unidades para permitir a utilização das partes acabadas enquanto a

187
restante construção continua.

Todavia, quando o tempo o factor mais importante e a economia ou a


mão de obra é um factor secundário, o projecto é acabado da forma
prática e rápida.

9. Localizações subterrâneas ou protegidas devem ser consideradas na


construção de instalações ligadas a serviços essenciais. A improvisação
pode ser aplicada, sempre que possível, para reduzir as necessidades
em material.

10. O planeamento de obras deve evitar a criação de objectivos


remuneradores para as possibilidades atribuídas aos sistemas de armas
inimigos. A dispersão deve ser considerada a todo o momento, segundo
as ópticas da vulnerabilidade possível, da economia e do risco calculado.

11. A delineação vaga de um projecto conduz inevitavelmente à confusão e


ao atrito. O elemento de engenharia responsável precisa de se esforçar
por conseguir junto da entidade utente uma cabal compreensão da obra
e, em especial, deve salientar aspectos marginais que não são cobertos
pelos planos do projecto.

12. A camuflagem deve ser planeada durante a selecção do local e durante a


construção. Com efeito, a consideração, a tempo, das necessidades de
camuflagem, se elas existissem evita despesas excessivas, limita a
destruição do terreno existente e assegura uma melhor dissimulação.

(c) A Construção num Teatro de Operações

1. Construção Geral

A alusão à conveniência da máxima utilização de projectos normalizados


de instalações e órgãos, deixa entender a enorme conveniência de
haver, na ZInt, um sistema que efectivamente produza e mantenha
disponíveis, não só tais projectos, como ainda todos os dados a ele
associados (orçamentos, níveis de construção, necessidades de
equipamentos etc.).

A existir tal sistema na ZInt, as unidades de construção dos TO tem a


sua tarefa grandemente facilitada, pois quase se limitam simplesmente a
construir, sem terem preocupações de elaborar desenhos,
especificações, orçamentos, etc.

Num dado TO, o máximo nível de construção a que se deve chegar é


188
estabelecido pelo respectivo comandante, não deixando essa decisão de
ser influenciada por tudo quanto o sistema atrás referido prescreve.
Durante as fases iniciais do desenvolvimento de uma Base de Teatro,
altura em que o reabastecimento do material de construção se reveste
das maiores dificuldades, e também em locais destinados a ocupação
durante poucas semanas ou poucos meses, o comandante encarregado
das operações é responsável por manter os níveis da construção
compatíveis com os recursos disponíveis e com o provável período de
tempo durante o qual as instalações serão usadas. Normalmente estas
só atingem o grau máximo de desenvolvimento (e portanto o nível
máximo de construção) quando se prevê o uso da Base de Teatro por
mais do que dois anos.

2. Tarefas Específicas de Construção

a. Estradas

A construção e a manutenção das estradas requer o empenhamento


de uma grande porção de unidades de engenharia num TO. A
menos que o elemento de engenharia responsável recorra a todos
os meios para reduzir o volume de trabalho e só encare construções
novas quando são absolutamente indispensáveis, uma parte
demasiadamente grande do esforço da sua engenharia pode ser
consumida em trabalhos de construção e manutenção de estradas.

A construção normalmente pode ser limitada aos protestos que são


nitidamente compensadores, como sejam os relativos a estradas de
saída dos portos, a desvios para eliminar congestionamentos da
circulação e a estradas no interior das áreas dos depósitos

Quanto à manutenção, ela pode ser limitada a uma rede estradal


cuidadosamente seleccionada.

A construção e a manutenção das estradas militares diferem das


estradas civis na medida em que o factor tempo, os problemas de
reabastecimento e a acção inimiga provocam uma gama mais
extensa de dificuldades e impõem alterações nos métodos habituais
de trabalho.

Num TO existe pouca necessidade de construção de carácter


permanente, tal como ela é encarada em grande parte dos projectos
de tempo de paz.
189
Nas áreas avançadas, as urgências que a situação táctica cria
exigem trabalho expedito e rápido, primariamente destinado à
satisfação de necessidade imediatas.

Nas áreas recuadas, existe necessidade de construção mais


demorada e mais cuidada, embora essa necessidade seja limitada.

Pode adiantar-se que os tipos de construção que acabam de ser


referidos constituem os extremos, sendo verdade que a maior parte
dos trabalhos de construção e de manutenção de estradas num TO
se situa entre eles.

Para finalizar, salienta-se a necessidade que existe, em todos os


escalões de comando, de manter acesa uma campanha permanente
de manutenção preventiva das estradas nas Áreas das suas
responsabilidades. A manutenção preventiva reduz a danificação
resultante de práticas descuidadas de condução das viaturas.

b. Pontes

As tropas de engenharia de um TO são responsáveis pela


construção e reparação de todas as Pontes rodoviárias e ferroviários
nele existentes e por toda a sua manutenção, excepto no que
respeita à manutenção de rotina das últimas, a qual compete às
unidades de transportes que operam o tipo de transporte ferroviário.

Na construção das pontes, o tempo durante o qual se pretende


utilizá-las é um factor importante a ter em conta. Assim, as pontes a
construir podem ser temporárias, semipermanentes e permanentes.

As pontes temporárias são normalmente construídas em áreas


avançadas para abrir itinerários de reabastecimentos tropas de
assalto ou para garantir o acesso a determinadas áreas por um
período de tempo limitado. São construídas rapidamente e
substituídas, tão cedo quanto possível, ou completamente
abandonadas. Trata-se de estruturas concebidas para curta duração,
normalmente não superior a 6 meses.

As pontes semipermanentes são normalmente utilizadas para


substituição das estruturas temporárias e concebidas para durarem,
se necessário, todo o tempo das hostilidades. Na sua construção, o
tempo não é um factor tão critico como o é na das pontes

190
temporárias, mas, em contrapartida, o esforço em materiais e na
própria construção tem uma influência maior. Estas pontes são
localizadas por forma a se integrarem, onde for possível, nas redes
estradais existentes, e estão preparadas para suportarem cargas
mais pesadas, podendo, além disso, ser construídas por mão-de-
obra civil. Com duas únicas excepções o seu caracter menos
permanente e a não consideração do seu aspecto estética estas
pontes são construídas segundo os padrões que se utilizam na
construção das pontes civis.

As pontes permanentes são por vezes construídas nas áreas


recuadas e em itinerários principais. Só circunstâncias muito
especiais podem justificar a decisão de utilizar este tipo de
construção, mas, quando a decisão é tomada, a disponibilidade de
equipamento e materiais e a qualificação do pessoal são factores
mais importantes do que o tempo.

Na construção de pontes que servem uma finalidade primariamente


táctica, são largamente utilizados componentes pré fabricados para
pontes fixas e para pontes flutuantes, bem como toda a enorme
colecção de vigas normalizadas.

Quanto ao local de construção das pontes, acontece que em muitos


casos existe pouca margem para a sua escolha. As pontes novas
são frequentemente construídas nos locais de pontes que foram
destruídas, com vista a aproveitar as estradas existentes e os
encontros e pilares que se encontram ainda em boas condições
evidente que, em regra um local já existente do antecedente foi por
certo escolhido por proporcionar a solução melhor e mais
económica. Contudo, se o inimigo tiver destruído a antiga ponte,
pode suceder que se gaste mais tempo a remover os destroços do
que a encarar a construção num novo local. Estes aspectos têm que
ser tidos em conta em cada situação.

c. Vias Ferroviárias

Os planos estratégicos tácticos e logístico são grandemente


influenciadas pelo transporte ferroviário, mesmo em regiões
consideradas medianamente desenvolvidas em termos de
industrialização. A construção de vias novas pode confinar-se a

191
obras - chave, como sejam entroncamentos nas áreas dos
depósitos, pontes de transbordo que ligam vias de diferentes bitolas,
pequenos ramais para eliminar estrangulamentos, linhas de saída
dos portos, linhas para expansão de instalações de terminais e
pequenos ramais para artilharia que actua sobre a via ferroviária e
para rampas de lançamento de mísseis que são transportadas sobre
a mesma via.

A reconstrução limita-se apenas à parte da rede ferroviária que é


essencial para as operações militares.

Em principio, a construção e a reconstrução são da responsabilidade


das tropas de engenharia e a manutenção de rotina é da
responsabilidade das tropas de transportes.

d. Condutas

A construção de um sistema militar de condutas para combustíveis a


granel dentro de um TO, é um empreendimento inter-áreas e envolve
fundamentalmente os Comandos de Engenharia e de Apoio de
Serviços de Área (CASA). É evidente que cabe ao primeiro desses
Comandos a responsabilidade de projectar e construir as condutas e
bem assim as instalações de armazenagem e de fornecimento dos
combustíveis.

No que diz respeito à manutenção das condutas e das instalações


com elas relacionadas, ela é da responsabilidade dos CASA e de
Engenharia. Mais especificamente, a manutenção orgânica e de A/D
cabe às unidades de CombLub que operam as condutas, cabendo
às unidades de engenharia intervir quando se tornam necessários
equipamentos pesados e grandes trabalhos de reparação, ou
quando a manutenção exige a remoção das próprias condutas.

Para a constroção a executar na área do Corpo de Exército, o


Comando de Engenharia (na ZCom) normalmente destaca as
unidades de engenharia necessárias, as quais actuam por tarefa (o
que quer dizer que regressam à ZComn, uma vez terminada a
missão de construção que lhes é atribuída). Contudo, admite-se Que
as condutas de carácter temporário sejam montadas e recolhidas por
unidades de engenharia de combate do Corpo de Exército.

e. Portos
192
A obtenção, o mais cedo possível, de portos adequados, é de tal
modo importante que a sua conquista é uma das finalidades iniciais
de uma campanha.

A construção de novos portos é indesejável, visto que envolve


grandes quantidades de mão-de-obra, de materiais e de tempo. Por
isso, utilizam-se geralmente portos e instalações de carácter
temporário na fase inicial de uma invasão improvável que um porto já
existente tenha as instalações exactamente necessárias e, se ele
esteve anteriormente sob controlo do inimigo, é de esperar que se
encontre consideravelmente danificado.

Consequentemente a construção de portos num TO consiste em


trabalhos de reparação, reconstrução e expansão, ou de construção
de instalações adicionais novas.

f. Aeródromos

A construção de aeródromos é semelhante à de estradas. Na


verdade, o equipamento utilizado, a sequência dos trabalhos, os
métodos usados e os tipos de construção empregados, são na sua
maioria os mesmos. Ambas as construções requerem a utilização de
equipamento para remoção de terras e para pavimentação, mas a de
aeródromos exige uma concentração maior desse equipamento.

A principal diferença, no caso de um TO, relaciona-se porém com as


necessidades de resistência, de sujeição às inclinações
especificadas e de regularidade que as características altamente
sofisticadas das modernas aeronaves impõem.

De um modo geral, o actual conjunto de aeronaves do Exército (na


acepção de ramo das Forças Armadas) é relativamente ligeiro e foi
concebido para actuação em condições de austeridade. Pelo
contrário, o conjunto de aeronaves da Força Aérea, de carga e
tácticas, necessárias para apoio das operações terrestres, foi, regra
geral, concebido para actuar sobre superfícies pavimentadas
regulares e suaves.

Daqui resulta que, no que concerne a todos os aeródromos recuados


que tem que apoiar aeronaves da Força Aérea, desde a área da
retaguarda das Divisões até à ZComn, passando pelas Áreas da
retaguarda dos CE, as necessidades de planeamento, de escolha de
193
localização de controlo da construção e de tempo, constituem uma
das tarefas mais delicadas que podem ser cometidas a unidades de
engenharia dentro de um TO.

(3) Administração de Bens Imóveis

(a) Conceito

1. Dentro do âmbito destas actividades, agora em estudo, entende-se por


bem imóvel qualquer terreno, edificação, estrutura e sistema de utilização
geral e também qualquer melhoria nele introduzido e qualquer acréscimo
a ele fisicamente anexado.

Segundo este conceito, também é considerado como bem imóvel o


equipamento agregado a edificações e estruturas (caso dos sistemas
centrais de aquecimento, por exemplo), mas não é como tal considerado
o equipamento amovível.

2. As actividades de Administração de Bens Imóveis (ABI) em apoio de um


dado TO, compreendem uma larga gama de tarefas diversificadas que
variam Brandamente com o tipo da unidade(s) apoiada(s), a intensidade
do conflito e as condições do local.

Em linhas gerais, pode contudo dizer-se que abrangem os seguintes


tipos de tarefas

− Conservação e reparação de instalações;

− Accionamento de sistemas de utilização geral (luz, água, esgotos,


gás, aquecimento, etc.

− Fornecimento de serviço de luta contra incêndios;

− Aquisição e fixação do destino a dar a bens imóveis;

− Outras tarefas afins, de acordo com as necessidades surgidas em


cada situação.

3. Dentro de um TO, a execução das actividades de ABI compete às tropas


de engenharia a ele pertencestes.

(b) Responsabilidades de Direção e de Execução da ABI

As actividades de ABI dentro de um TO são objecto de direcção e controlo


centralizados por parte do Comando de Engenharia (do Cmd das FTTO). O
comando desta organização constitui o elo formal de ligação entre os meios

194
da construção e os meios da ABI, a fim de garantir uma total coordenação do
esforço da engenharia em todo o TO.

O Comando da Engenharia garante o fornecimento de A/D e de A/G a todos


os elementos das FTTO que se encontram autorizados a receber apoio e o
que se diz é aplicável quer à ZCom quer à ZComb.

O apoio é normalmente fornecido a uma área, a uma instalação importante


ou a uma unidade do apreciável volume, sendo o número e o tipo das
unidades de engenharia necessárias determinados com base na distribuição
e densidade dos elementos apoiados.

A utilização eficaz e económica dos meios de ABI exige grande flexibilidade


nos procedimentos de comando e controlo, uma direcção centralizada e um
escalonamento vertical das unidades de ABI, desde o nível das FTTO até ao
do comando com capacidade de apoio em cada escalão.

Sempre que possível, as actividades de ABI realizam-se em A/G OU A/D.

O A/G utiliza-se normalmente quando é exequível o controlo centralizado das


unidades de ABI; pelo contrário, quando tal controlo impraticável, o A/D tem
que ser adoptado.

Contudo, quando se torna necessário, em especial dentro da ZComb, as


unidades de ABI reforçam a organização que tem a responsabilidade de
prestar, às unidades em causa, o apoio normal de engenharia.

(c) O Caso especial da aquisição e fixação do destino a dar a bens imóveis

1. Objectivos

− Facultar a cada unidade de uma dada organização os bens imóveis


que são essenciais para o cumprimento da sua missão.

− Assegurar que sejam respeitadas as Leis e Costumes da Guerra


Terrestre.

− Minimizar as necessidades de construção.

− Proteger a população local contra acções das NT caracterizadas por


utilização descuidada, desgaste, danificação e delapidação de bens
imóveis.

− Conceder aos proprietárias uma compensação razoável pela


utilização dos seus bens imóveis e, simultineamente, evitar que
sobre as NT recaiam encargos exorbitantos dela resultantes.
195
2. Aquisição

− Em Países Aliados

Nestes países a aquisição toma sempre a forma de arrendamento


feito em nome das autoridades nacionais e é tratada nos canais dos
órgãos diplomáticos dos dois países em causa.

− Em Territórios Inimigos

Nestes territórios a aquisição é feita de acordo com as regras da


guerra baseadas na Convencão de Haia nº 4, vulgarmente
designadas por Regras de Haia.

Geralmente, neste tipo de território, os métodos utilizados são a


requisição e o arrendamento, sendo o primeiro o mais normalmente
aplicado quando se trata de bens imóveis que se tornam necessários
às unidades de combate. Nestes casos, as unidades de assuntos
civis encarreguem-se de promover todos os trâmites indispensáveis
Junto das autoridades locais.

3. Fixação do Destino

Como norma, os bens móveis são devolvidos aos seus proprietárias


quando deixam de ser necessários para fins militares. Essa devolução é
acompanhada de medidas que visam reparar quaisquer danos causados
durante a sua ocupação.

i. Lançamento Aéreo

(1) Generalidades

As características do transporte aéreo tornam-no o meio mais adequado para


satisfazer os requisitos da mobilidade em termos de tempo, distância e
acessibilidade. O lançamento de cargas por meio de paraquedas é um método de
fornecimento de abastecimentos, a partir de aviões, às forças terrestres.

O lançamento de cargas por meio de parequedas pode ser a primeira ou a única


modalidade do apoio em determinadas áreas críticas.

Em regra, o lançamento de cargas por meio de parequedas é uma tarefa conjunta


do Exército e da Força Aérea. As forças dos transportes aéreos tácticos da Força
Aérea aumentam a mobilidade de combate do Exército nas operações de
combate terrestre através do lançamento de forças de combate e pela
sustentação destas forças com apoio logístico. O objectivo final das operações

196
tácticas conjuntas é movimentar tropas e material a partir das origens no Teatro
de Operações para os locais avançados da zona de combate com o menor
número de transferências entre meios de transporte.

No CE, mais baixo escalão com capacidade de accionar este importantíssimo


serviço, a responsabilidade pelo lançamento aéreo é do Chefe da Repartição de
Serviços do Estado Maior do CASCE e é executado pela Companhia de
Reabastecimento por Lançamento Aéreo (CReabLancAéreo).

Esta companhia apoia as Unidades Endivisionadas e as Tropas do Corpo e


fornece apoio adicional às unidades aerotransportadas e aromáveis.

Tem capacidade para garantir o apoio até 200 Ton diárias de artigos
seleccionados de todas as classes de abastecimentos e equipamentos, para
lançamento aéreo.

j. Lavandaria e Renovação

Este serviço, actua muito ligado ao serviço de Banhos e Troca de Fardamento e como
o nome faz transparecer, destina-se a lavar e reparar o vestuário.

k. Luta Conta incêndios

Este serviço é garantido por equipas de Luta Contra Incêndios que tem por missão a
protecção e a prevenção contra incêndios. Normalmente os quatro tipos de equipas de
luta contra-incêndios são agrupados para constituírem um Pelotão de Luta Contra
Incêndios.

O Pelotão forma-se com uma Equipa de Comando de Luta Contra Incêndios, uma
Equipa de Viatura Contra Incêndios, uma Equipa de Viatura de Água e três Equipas
de Viaturas de Limpeza de Restolho.

l. Recolha de Material

(1) Generalidades

No decurso das operações de combate, artigos de material, pertencentes às NT e


ao inimigo, operacionais e inoperacionais, serão muitas vezes abandonadas ou
entregues pelas unidades combatentes. Este material constitui uma fonte
importante, quer no que respeita ao reabastecimento, quer no que respeita às
informações (caso específico de material do inimigo).

Um esforço adequado e permanente de reunião processamento e redistribuição


do material, alivia o peso que impende sobre o Sistema de Distribuição e é muitas
vezes uma origem primária dos abastecimentos de menos frequente procura.

197
Das poucas palavras que acabam de ser expressas pode desde já inferir-se que a
actividade de recolha se relaciona fundamentalmente com duas das quatro
fundões logísticas já estudadas: O Reabastecimento e a Manutenção.

Determinados autores consideram-na exclusivamente integrada nesta última, o


que não deixa de ter uma certa lógica, já que as unidades de manutenção e
outras a elas afins são agentes importantes da recolha de material.

Contudo, a ligação que também existe entre tal actividade e a função logística
Reabastecimento determinou o critério escolhido no presente Manual para a sua
integração numa função logística diferenciada daquelas duas - a função Servidos.

(2) Definição

Com a expressão "recolha de material" alude-se à remacão de material


abandonado das NT ou do inimigo, do local onde é encontrado no campo de
batalha, e ao seu deslocamento para um Local de Reunião, para um Itinerário de
Reabastecimento, ou para uma Unidade de Manutenção.

A expressão recuperação de material utilizada, no campo da Logística, significa a


recolha ou desimpedimento de material a partir de locais ou debaixo de
circunstâncias em que esse material (por exemplo, um carro de combate) se
encontra incapacitado de se mover à custa dos seus próprios meios (porque está
danificado, enterrado, entalado, etc). Desta acepção deriva a expressão "viatura
de recuperação".

Para efeitos da função logística que agora se estuda, adoptou-se a designação


“recolha de material” para que se não confundisse com o segundo conceito.

(3) Preceitos Orientadores da Recolha

(a) Generalidades

O que se indica nas alíneas seguintes constitui orientação específica, sobre a


recolha de material das NT e do inimigo. Também, em certos casos, são
indicadas orientações e medidas de precaução relativamente a artigos que se
inserem em determinados grupos que requerem manuseamento especial.

Se bem que a meteria em causa se aplique particularmente às unidades que


têm a responsabilidade de recolha (ou sejam, as unidades tácticas e as
unidades de A/D), ela é também aplicável às unidades de A/G, especialmente
em situações em que as unidades se deslocam rapidamente.

(b) Material do Inimigo

198
1. Este material pode ter valor do ponto de vista da informação técnica ou
pode ser reparado e utilizado pelas NT.

É importante recolher tais artigos do campo de batalha para evitar a sua


recaptura por parte do inimigo ou por forças de guerrilha.

Os elementos de informação técnica de todos os escalões estão


interessados em material do inimigo, capturado ou encontrado
abandonado, e difundem directivas acerca do modo de proceder no
respeitante à sua recolha.

2. As responsabilidades desta recolha são semelhantes às que envolvem a


do material das NT.

Com base nas determinações do seu comando, a unidade que encontra


um artigo recolhe-o ou deixa-o no seu lugar para ai ser examinado por
pessoal da informação técnica, previamente notificado.

A correspondente evacuação podo ser eleita para um Local de Reunião,


para a unidade apoiante de manutenção ou de abastecimento, ou ainda
para o elemento informação técnica.

(c) Material das Nossas Tropas

1. Material Geral

Tem que haver um cuidado especial e preocupações de segurança com


instrumentos, pequenos geradores e artigos electrónicos que são
facilmente danificáveis por acção do tempo ou do manuseamento, artigos
sensíveis com propensão para serem roubados ou que podem ter valor
para o inimigo, e artigos cujas existências são criticamente baixas.

As unidades que recolham artigos como os indicados enviamos


directamente para a unidade de manutenção ou Local de Keuniso mais
Próximo.

2. Aeronaves e Artigos a Elas Associados

As aeronaves são, básicamente, artigos frágeis. Com efeito, danificam


facilmente durante o seu transporte sobre viaturas ou por via ferroviária.
Além disso, o desmantelamento e a amarração necessários para
deslocar uma aeronave em qualquer um daqueles dois tipos de
transporte podem exigir tanto tempo e trabalho quanto os exige a sua
própria reparação.

199
Consequentemonte, as aeronaves são reparadas no próprio local sempre
que tal seja possível e a reparação pode ser apenas a suficiente para
fazê-las voar até às instalações de manutenção adequadas.

Uma forma de transportar aeronaves suspendê-las de helicópteros. Para


o efeito não é necessária uma grande preparação e trata-se de um
método exequivel se as distâncias envolvidas são demasiadamente
grandes e se há disponibilidade dos helicópteros apropriados.

A extensão das reparações necessárias as condições do local, o tempo


disponível e a situação táctica, são factores que influenciam a decisão
quanto a reparar ou evacuar uma aeronave.

A unidade utente (ou a unidade em cuja área é encontrada uma


aeronave ou artigos a ela associados) é responsável por notificar a
unidade apoiante acerca da necessidade de recuperação e é tambèm
responsável por garantir a segurança até que aquela se realize.

As unidades de Manutenção Intermédia de aeronaves são responsáveis


pela recuperação das aeronaves e pela sua evacuação até às áreas
oficinais.

As aeronaves que não podem voar são inspeccionadas por uma equipa
de contacto de manutenção intermédia que decide sobre o que deve ser
feito. Se decide a recuperação, o comandante da unidade apoiante de
manutenção de aeronaves selecciona o método a utilizar e apresenta um
pedido de transporte (para helicóptero médio ou posado, viatura auto ou
vasto ferroviário), através dos canais de comando, caso a sua unidade
não tenha possibilidade de assegura-lo.

3. Artigos Explosivos

A recolha é muitas vezes complicada pela presença de munições ou


explosivos e, sendo assim, a possibilidade de que haja artigos
abandonados que possam estar armadilhados é sempre tida em conta. O
pessoal que pratica a recolha deve estar permanentemente vigilante
quanto à existência de explosivos e tem que usar de extrema precaução
para evitar explosivos, incêndios ou o disparo acidental de armas.

Quando se encontram (ou se suspeita da existência de) munições que


não explodiram, tais como bombas, projécteis explosivos ou armadilhas,
tem que ser pedido o apoio de uma Equipa de Neutralização de

200
Munições e Explosivos. Todavia isto não significa que as unidades
percam a responsabilidade de executar as operações normais de
limpeza de campos do minas.

Concluindo, se se encontra munições durante as actividades de recolha,


elas são deixadas no local, sendo notificada a unidade de Neutralização
de Munições e Explosivos mais próxima.

4. Material Contaminado

A exequiblidade de fazer a recolha de material que esteve sujeito a


contaminação química, biológica ou radiológica, tem que ser considerada
cuidadosamente, caso por caso.

Quer as unidades utentes, quer as unidades apoiantes de manutenção,


dispõem de meios para detecção das contaminações quimica e
radiológica e para colheita de amostras para despiste de eventual
contaminacão biológica (exame a fazer por laboratórios sanitários).

Se os artigos contaminados não podem ser descontaminados, ou a


contaminação é suficientemente intensa para impedir a recolha, a
localização dos artigos é sinalizada e dada a conhecer ao escalão de
comando superior.

(4) Processamento da Recolha e Responsabilidades envolvidas

(a) Ao Nível da Unidade Utente e do Apoio Directo

1. Excepto no que respeita a aeronaves, a responsabilidade primária da


recolha cabe às unidades em cujas áreas o material é encontrado e,
salienta-se, tal responsabilidade respeita ao material das NT e do
inimigo.

2. Normalmente, o material das NT encontrado na área de uma dada


unidade e que foi porventura ali abandonado por outra unidade, é
evacuado para a unidade de manutenção de A/D que faz o apoio da área
ou da unidade em causa.

Antes de prosseguir, salienta-se desde que se trata de uma unidade de


manutenção pertencente a uma Divisão, a uma Brigada Independente ou
ao CASCE, a recepção é normalmente feita em Locais de Reunião de
Material por ela montados. Em todos os demais casos (ou seja, na
ZCom) as unidades da manutenção de A/D normalmente não montam
tais órgãos, sendo portanto o material recebido directamente nas suas
201
áreas oficiais.

A unidade de manutenção de A/D identifica os artigos, classifica-os do


ponto de vista da sua operacionalidade, faz regressar os operacionais
aos canais de reabastecimento e processa os inoperacionais com vista à
sua reparação ou evacuação. O material inimigo que não tem de
permanecer no local onde é encontrado, para ser avaliado do ponto de
vista da informação técnica, pode ser também evacuado para a unidade
de manutenção de A/D.

3. Os artigos recolhidos são classificados de acordo com o seu estado e


são evacuados ou é-lhes dado um fim não militar. A classificação é feita
de acordo com as instruções técnicas em vigor e com as directivas
emanadas do Centro de Gestão de Material (COM) em causa.

4. Em situações caracterizadas por movimentos rápidos, o volume de


artigos recolhidos pode ser considerável. Em tais situações são
adaptadas soluções de compromisso quando as missões tácticas se
tornam mais exigentes e a evacuação pode ser feita para locais de
reunido temporários ou para locais ao longo dos IPR, devendo as
unidades apoiantes ser notificadas acerca de uns e de outros.

Noutras situações, as unidades tácticas podem ver-se forçadas a deixar


o material no local onde foi encontrado e as unidades de manutenção de
A/D podem ser encarregadas de revistar o campo de batalha e de
proceder, só elas, à recolha.

A recolha durante uma retirada pode ser extremamente critica, pois o


material, que pode ser urgentemente necessário, tem que ser recolhido
sempre que possível, por vezes destruído e outras vezes pura e
simplesmente abandonado ao inimigo. À unidade táctica pode sentir-se
absolutamente incapaz de fazer mais do que aguardar a área até que o
material seja recolhido. evidente que, nestas clrcunstãncias, a unidade
de manutenção apoiante tem que fazer tudo para recolher pelo menos os
artigos de mais elevada importância para as NT.

5. Aos artigos evacuados para unidades de manutenção de A/D é dado o


seguinte destino:

a. Artigos abandonados de equipamento das NT, em condições de


serviço e do tipo dos que são normalmente apoiados pela unidade
de manutenção de A/D, são feitos regressar às existências do
202
reabastecimento:

Os artigos pertencentes à Classe IX (sobressalentes), ficam na


unidade de manutenção de A/D para serem por ela distribuídos às
unidades utentes e os artigos completos são entregues às unidades
encarregadas do respectivo reabastecimento. De entre estes últimos
admite-se que alguns possam reverter para o recompletamento do
Volante de Prontidão Operacional, mas apenas após aprovação pelo
CGM em causa.

b. Artigos abandonados de equipamento das NT que não se encontram


em condições de serviço, mas são do tipo dos normalmente
apoiados pela unidade de manutenção de A/D, tendo esta
possibilidade e capacidade de realizar a sua reparação, são
reparados e feitos regressar às existências do reabastecimento, tal
como se indicou em 1.

c. Artigos das NT que não se encontram em condições de serviço e


que não são normalmente apoiados pela unidade de manutenção de
A/D, como sejam, por exemplo, os de material sanitário e
criptográfico, são enviados às unidades responsáveis pela respectiva
manutenção.

d. Artigos das NT que não se encontram em condições de serviço e


que são do tipo dos normalmente apoiados pela unidade de
manutenção de A/D, mas cuja reparação excede as possibilidades
ou a capacidade desta última, são evacuados para uma unidade de
manutenção de A/G.

e. Artigos de material do inimigo são dados a conhecer superiormente,


através dos canais de comando, e são retidos até que sejam
recebidas ordens acerca do seu destino ou que seja sobre eles
assumida responsabilidade por parte de elementos de informação
técnica.

f. Artigos que nitidamente não têm qualquer aproveitamento a não ser


como sucata e artigos que também nitidamente não são
economicamente reparáveis, são evacuados para o Local de
Reunião de Salvados mais próximo.

Destes últimos são aproveitadas peças e componentes que façam


falta e se encontram em condições de serviço, antes que se proceda
203
àquela evacuação.

(b) Ao Nível do Apoio Geral

1. Ao nível do A/G, existem unidades especificas para operarem Locais de


Reunião de Material. São as Unidades de Reunião e Classificação
(normalmente de escalão Companhia), aliás já referidas anteriormente,
aquando da apresentação de terminologia, no Capitulo VIII
(Manutenção). Estas unidades são normalmente integradas em
Batalhões de Manutenção de A/G, quer ao nível do Corpo Exército, quer
ao das FITO.

2. As funções gerais dos Locais de Reunião de Material LRnMat) foram já


dadas a conhecer oportunamente.

Salienta-se apenas que neste nível (A/G), podem ser dados os seguintes
destinos aos artigos recebidos nos RnMat:

a. Enviados para unidades de manutenção de A/G, para efeitos de


reparação, com regresso posterior aos canais de reabastecimento.

b. Evacuados para Zint, para efeitos de reparação.

c. Enviados para instalações onde lhes fixado um fim não militar. (De
acordo com o estado dos artigos, as necessidades do
reabastecimento e as instruções do CGM em causa).

(5) Locais de Reunião e suas Operações

(a) Generalidades

A reunido de material abandonado, inoperacional o excedentário é facilitada


através da montagem e accionamento de Locais de Reunião. Estes são
guarnecidos por pessoal das unidades apoiantes de manutenção e do
reabastecimento e serviços, conforme se trate de Locais de Reunião de
Material ou de Reunião de Salvados, respectivamente.

Os dois tipos de órgãos referidos devem estar localizados juntos um do outro


para aumentar a eficiência das suas actividades e facilitar a sua defesa. Isso,
de resto é o que acontece como regra geral e até pode dizer-se que, nos
mais baixos escalões de forças, chega a existir apenas um único órgão,
embora guarnecido por pessoal pertencente a unidades de tipo diferente
(caso das PU e das fracções logísticas das Divisões que apoiam as
respectivas Brigadas).

204
Sobre o Local de Reunião de Material, algumas palavras foram já ditas
aquando do estudo da função logística Manutenção (Capitulo VIII), e que se
afigura lógico por serem eles montados por unidades de manutenção e por se
destinarem, não só à recepção do material abandonado (o que os liga à
actividade de recolha agora em estudo) mas também de material evacuado
de unidades utentes ou de unidades de manutenção de categoria inferior,
para efeitos de reparação (o que os liga à função logística Manutenção).

No que respeita ao Local do Reunião de Salvados, esta é a primeira vez que


se lhe faz referência no presente Manual.

Seguidamente passar-se-á em revista a actividade de cada um dos dois


órgãos indicados.

(b) Local de Reunião do Material (LRnMat)

Desenvolvendo a definição de LRnMat já apresentada do antecedente,


adianta-se agora que este órgão tem a responsabilidade de reunir,
classificar, processar e encaminhar todos os tipos de artigos das NT e do
inimigo, com as seguintes excepeções:

− Munições;

− Aeronaves;

− Material reunido e processado pelos Locais de Reunião de Salvados


(noção a apresentar adiante).

Recorda-se que o facto de as munições e as aeronaves terem acabado de


ser referidas como excepções, tem a explicação que consta da alínea
(Preceitos Orientadores da Recolha).

Os LRnMat disseminam-se através de todo o TO e os materiais que recebem


podem ter, de um modo geral, os seguintes encaminhamentos:

− Artigos das NT, em condições de serviço: Canais de reabastecimento.

− Artigos completos e componentes (uns e outros das NT e reparáveis):


Unidades de manutenção para reparação, de acordo com as instruções
do CGM em causa.

− Material do inimigo que tenha valor do ponto de vista da informação


técnica: Evacuação para onde for superiormente determinado.

− Material do inimigo que não tenha valor de ponto de vista da informação


técnica: Aproveitado conforme for superiormente determinado.
205
− Partes em condições de serviço e partes reparáveis, pertencentes a
artigos completos das NT, não economicamente reparáveis: Retirados
consoante as necessidades pelo CGM em causa.

− Sobressalentes das NT, em condições de sorviço: Canais do


reabastecimento.

Os LRnMat podem estar ou não guarnecidos. Os últimos são normalmente


encontrados na parte avançada das áreas das Divisões e, em regra, apenas
em situações caracterizadas por rápido movimento. Nestes casos, as
unidades Ide manutenção têm que enviar periódicamente Equipas de
Contacto para neles executarem o trabalho necessário.

(c) Local de Reunião de Salvados (LRnSalv)

Considera-se "salvado" todo o artigo que apresenta algum valor para além do
da matéria prima nele incorporada, mas cujo estado leva a considerá-lo
insusceptível de ser utilizado, como um todo, para qualquer fim, e a
considerar a sua reparação, para o mesmo efeito, como nitidamente
impraticável.

Os LRnSalv disseminam-se através de todo o TO, são montados e


accionados normalmente por unidades de reabastecimento e serviços e a sua
função é reunir e manusear salvados, artigos excendentários, artigos
devolvidos por se encontrarem fora de época, artigos cuja manutenção não
compete às Unidades de Manutenção e que são encontrados abandonados e
sucata.

De uma forma algo grosseira pode dizer-se que os artigos manuseados pelos
LRnSalv são de natureza não mecânica, não eléctrica e não electrónica, e
deles são exemplo o vestuário, o calçado, os agasalhos, as tendas, os
equipamentos individuais, o mobiliário de campanha, os bidões, as lanternas,
os fogões de reduzidas dimensões, etc.

Podem ser fontes de material encaminhado para um dado LRnSalv, as


seguintes:

− A devolução normal, por parte das tropas, de artigos usados, gastos ou


que se encontram fora de época;

− A devolução de vestuário e equipamento de desnecessários e que eram


pertença de indisponíveis;

− A devolução de abastecimentos excedentários;


206
− A recolha do material abandonado no campo de batalha, nos
aquartelamentos e nas áreas de bivaque e cuja manutenção não cabe às
Unldades de Manutenção;

− As actividades de manutenção (que produzem salvados e sucata).

(d) Correcção de Encamlnhamentos Indevidos

Acontece, com certa frequência, que, como resultados das actividades de


recolha os LRnSalv recebem artigos do tipo dos que normalmente são
evacuados pelos canais de manutenção. Quando isso se passa, tais artigos
(espingardas, motores, geradores, rádios, etc) são feitos reverter para o
LRnMat ou para a unidade de manutenção mais próxima.

De igual modo, os LRnMat podem receber artigos que não cabem na sua
esfera de acção. Nesses casos, tais artigos (de material sanitário e
criptográfico, salvados, etc) são enviados para a unidade responsável pela
sua manutenção ou entregues no LRnSalv mais próximo.

m. Utilização de Mão de Obra

(1) Âmbito

Esta actividade logística compreende a utilização de recursos humanos nos


Teatros de Operações para prolongamento do esforço militar.

Abrange a obtenção, a gestão e a utilização de mão-de-obra disponível,


proveniente das seguintes origens:

− Unidades Nacionais e aliadas de mão-de-obra

− Prisioneiros de Guerra e civis internados.

− Civis nacionais, aliados, neutros e inimigos, incluíndo refugiados, evacuados


e pessoas deslocadas.

− Militares nacionais sob prisão.

(2) Planeamento

A fim do libertar o máximo de pessoal militar para o serviço de combato ou com


ele directamonte relacionado, o planeamento visa a utilização de todas as fontes
do pessoal não combatente (as mencionadas em a.), todavia respeitando
necessidades operacionais e de segurança, necessidades essenciais da
população civil e leis internacionais e acordos em que as autoridades nacionais
tenham sido parte.

207
O planeamento para operações numa dada área geográfico tem que incluir uma
estimativa sobre a mão-de-obra disponível e sobre as suas possibilidades em
relação às necessidades e também tem que contemplar a obtenção, a utilização
e a administracão dessa mão-de-obra no apoio às forças de combate.

(3) Programa de Informação

Uma vez que a populacão civil pode representar uma porção muito considerável
da mão-de-obra, o controlo dessas pessoas pode tornar-se difcil em
determinadas circunstâncias. Essa é a razão por que, logo após a constituição
da força de mão-de-obra, indispensável iniciar-se um programa de informação
que pode limitar o pânico e a desorganização, resultante de qualquer condição
catastrófica que possa porventura vir a ocorrer.

(4) Fontes de mão de obra

(a) Empregados Civis

Uma política a encarar ao nivel governamental (na Zona do Interior) pode


ser a de utilizar pessoal civil em todos os postos de trabalho que não
exigem aptidões essencialmente militares.

Nos TO procura fazer-se a utilização máxima dos civis residentes nos


paises em causa.

(b) Serviços Contratuais

O facto de empregar-se um contratador para fornecer os serviços


necessários pode reduzIr em parte, as necessidades de administração
directa e supervisão da mão-de-obra. Os acordos feitos com o contratador
podem incluir o compromisso de as NT fornecerem apoio logistico ao
pessoal contratado.

(c) Unidades Especiais

Uma outra forma de aproveitar a mão-de-obra civil é organizar unidades


especiais cujas QO contentem a integração de pessoal nacional e
estrangeiro numa mesma força de mão-de-obra.

É evidente que tais unidades dispõem do equipamento necessário e do


minimo pessoal militar necessário ao cumprimento da missão da unidade.

(d) Prisioneiros de Guerra (PG) - Civis Internados Detidos

A utilização de PG em trabalho rege-se pelas Convencões de Genebra,


em vigor.
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É evidente que para se retirar do trabalho dos PG o máximo rendimento
possível, é de toda a conveniência que as funções atribuídas aos PG
estejam de acordo com as respectivas habilitações e aptidões.

(5) “Pool” de mão-de-obra

A análise das necessidades de mão-de-obra de cada instalação determina o


quantitativo de mão de obra de que ela precisa e o quantitativo de trabalho que
um “pool” de mão-de-obra pode produzir para satisfação de necessidades
imprevistas.

As tropas de combate são utilizadas como mão-de-obra apenas como último


recurso.

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