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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Factores que Influenciam a Localização Industrial na Redução das Assimetrias do


Desenvolvimento Industrial e Sócio Económico em Moçambique

Nome: Filaminda César Amade Código: 708212724

Curso: Licenciatiura em Ensino de Geográfia


Disciplina: Geografia Agrária e Industrial
Ano de Frequência: 3º Ano

Universidade Católica de Moçambique

Nampula

2023
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Filaminda César Amade

Factores que Influenciam a Localização Industrial na Redução das Assimetrias do


Desenvolvimento Industrial e Sócio Económico em Moçambique

Curso de Licenciatura de Ensino em Geográfia 3ºAno

Trabalho individual de Geografia Agrária e Industrial

Curso de Licenciatura de Ensino em Geográfia 3º ano

Leccionado por:

Universidade Católica de Moçambique

Nampula

2023
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gerais
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A cotação pode ser distribuída de acordo com o peso da actividade
2. O número das actividades pode variar em função ao docente
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Índice
Introdução.................................................................................................................................6

Factor que influenciam a localização industrial na redução das assimetrias do


desenvolvimento industrial e sócio económico em
Moçambique.............................................................................................................................7

Papel do Estado na Expansão das Indústrias...........................................................................9

Desenvolvimento Industrial e Económico em Moçambique..................................................10

As Limitações do Mercado Doméstico..................................................................................13

Financiamento à Industria Manufactureira ...........................................................................15

Conclusão...............................................................................................................................16

Referências bibliográficas......................................................................................................17
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Introdução

Este trabalho foi-nos proposto pelo professor de Geografia Agrária e Industrial, com o
objectivo de ficar a conhecer melhor os Factores que Influenciam a Localização
Industrial na Redução das Assimetrias do Desenvolvimento Industrial e Sócio
Económico em Moçambique.

A largada ocorreu no primeiro capítulo, com objectivo de conhecer os Factores que


Influenciam a Localização Industrial na Redução das Assimetrias do Desenvolvimento
Industrial e Sócio Económico em Moçambique. Para tanto, foi feito um breve resgate
sobre a Geografia Agrária e Industrial, buscando não simplesmente apontar a actividade
industrial, mas também trazer elementos que podem contribuir na localização industrial.

Contudo aqui destacar o Papel do Estado na Expansão das Indústrias, Desenvolvimento


Industrial e Económico em Moçambique, as Limitações do Mercado Doméstico e
Financiamento à Industria Manufactureira respectivamente.

Aprendizagem é uma reestruturação de percepções e pensamentos que ocorrem no


organismo. Para esta reestruturação acontecer um indivíduo deverá confrontar as suas
percepções com novos pontos de vista, par a assim, descobrir novas relações e
reorganizar as suas percepções integrando na mesma novas informações.

Esse estudo é uma pesquisa descritiva, qualitativa, de cunho teórico, elaborado por meio
de análise de dados disponíveis na literatura, caracterizando uma revisão bibliográfica.
Para tanto, foram utilizados artigos científicos, manual da cadeira de Geografia Agrária
e Industrial, e de trabalhos científicos sobre o tema abordado.
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Factores que influenciam a localização industrial na redução das assimetrias do


desenvolvimento industrial e sócio económico em Moçambique

Um estudo econométrico para verificar os possíveis factores determinantes da


localização industrial em Moçambique. De maneira geral, o interesse é verificar o sinal
e a significância dos parâmetros do seguinte modelo:

Ind = β1 + β2.Dist + β3.PopUrb + β4.PIBpc + β5.NumBan + β6.Num.Post

Na qual: Ind é o número de estabelecimentos indústrias no ano anterior;

Distância do local a cidade capital da Província (medida em km);

PopUrb é a população urbana; PIBpc é o Produto Interno Bruto per capita, e; NumBan e
NumPost é respectivamente, o número de agências e postos bancários.

Conforme destaca PASSOS et. al. (2007), a questão da localização industrial sempre foi
muito complexa, e, portanto, criar uma teoria geral que explique os factores
determinantes de tal decisão é muito difícil de ser desenvolvida.

Acredita-se que a localização e concentração das indústrias em certos pontos do país


estão fortemente associadas à existência de infra-estrutura básica, bem como a outros
factores como população, renda per capita e existência de rede bancária (variáveis que
indicam o tamanho do mercado consumidor e a possibilidade de captação de crédito).

Por factores locacionais entende-se como tudo aquilo que de alguma forma pode
influenciar na escolha do local para o desenvolvimento das actividades produtivas.
Esses factores podem ser de natureza económica ou não. De maneira geral, a indústria
determinará sua localização com vistas à máxima rentabilidade do capital a ser
investido. Anita Kon (1994, pp. 158-159):

Casarotto Filho (2010) apresenta alguns outros factores locacionais. Estes factores
podem ser quantitativos ou qualitativos. Os factores quantitativos mais relevantes
segundo este autor são:

i) Factores que tornam a localização dependente das entradas: pode ocorrer


quando o método de produção exige matérias-primas volumosas ou pesadas;
ii) Factores que tornam a localização dependente das saídas: nesse caso o
mercado consumidor da empresa é o factor mais importante;
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iii) Factores que tornam a localização dependente do processo, e;


iv) Impostos, factores legais e incentivos. Esta é uma forma sintética de
visualizar os factores determinantes da localização industrial já apontados
por Kon (1994).

De acordo com Anita Kon (1994), os processos de industrialização, polarização e


urbanização são fortemente interdependentes, e as transformações económicas e sociais
de uma região estão vinculadas a situação de seu desenvolvimento industrial.

A urbanização trata da passagem de uma sociedade rural para uma sociedade cada vez
mais localizada no espaço das cidades e indica o crescimento das populações urbanas
em relação às populações rurais. (Martins, et all 2006).

As áreas urbanizadas englobam amplas regiões circunvizinhas às cidades, cujo espaço


urbano integrado se estende sobre territórios limítrofes e distantes em um processo
expansivo iniciado no século XIX e acentuado de forma irreversível no século XX
(MONTE-MOR, 2006).

O processo de urbanização aconteceu em todo o mundo, devido ao poder económico do


capitalismo. Porém, a urbanização de grande parte dos países subdesenvolvidos deve-se
à industrialização tardia da periferia, que atraiu a massa de mão-de-obra expulsa do
campo.

No entanto, em países em vias de desenvolvimento, as indústrias tendem a se instalar


no local onde há corrente eléctrica, canal de escoamento isto é: vias de acesso, e uma
mão-de-obra qualificada, e facilidade de matéria-prima. E este fenómeno tem vindo a
aumentar as assimetrias regionais, as zonas rurais continuam mais pobres e as zonas
urbanas vão melhorando cada vez mais.

A industrialização poderia ajudar a criar novas empresas e indústrias as quais poderiam,


por sua vez, absorver parte das 300.000-350.000 pessoas que se estima a entrarem
anualmente no mercado de trabalho e os cerca de 100.000 pobres das zonas rurais que
se deslocam das zonas rurais para as cidades, à procura de emprego (Banco Africano de
Desenvolvimento 2013).
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Papel do Estado na Expansão das Indústrias

A partir dos anos 80, o papel do Estado em relação a indústria passou a ser inteiramente
passivo. Esta mudança no papel do Estado a ver com a perda da capacidade de
poupança e de investimento do Estado, que reduziram o raio de manobra da política
económica. (Bresser, 1987).

Em Moçambique, após vários debates, a política de conteúdo local actualmente em


elaboração conseguiu afastar-se de requisitos associados a propriedade do capital,
concentrando-se no grau de incorporação de matéria-prima e mão-de-obra domésticas.
Contudo, políticas semelhantes incorporando requisitos de propriedade de capital
moçambicano e agregação de valor local para qualificação como fornecedor de bens e
serviços podem ser encontradas nas novas leis de minas e de petróleos, bem como no
regulamento de contratação de empreitada de obras públicas. Entretanto, a capacidade
de monitorizar a sua implementação e, principalmente, o seu impacto no estímulo à
produção doméstica e à geração de emprego local continua bastante fraca. Em geral,
estas políticas requerem fortes capacidades institucionais de implementação e
monitorização, pelo facto de serem aplicadas a um amplo conjunto de indústrias e
actividades. Este é também o caso da política de conteúdo local em elaboração, apesar
de o debate sobre a necessidade deste instrumento se ter intensificado com a constatação
da existência de fracas ligações produtivas entre os megaprojectos de IDE e as empresas
nacionais. Pretende-se que esta política seja generalizada para todos os sectores, sendo
que a posteriori serão elaborados regulamentos específicos para cada sector. Ora,
considerando o contexto de fracas capacidades institucionais de implementação e
monitorização em Moçambique, as políticas generalistas requererão bastante esforço, e,
por isso, têm pouca probabilidade de serem efectivadas. É necessário que medidas de
estímulo à produção interna sejam ajustadas às capacidades institucionais existentes, o
que pode ser feito através da selecção estratégica de algumas indústrias (e actividades
dentro destas indústrias) com maior potencial de geração de efeitos multiplicadores
dentro da economia. Em suma, a política de conteúdo local pode ser um instrumento
importante para o desenvolvimento industrial, dependendo dos mecanismos concretos
que existem para garantir a geração de emprego, valor e capacidades localmente.
Ademais, há necessidade de incorporar uma perspectiva regional nestas políticas de
modo a permitir atracção de investimento na indústria manufactureira para alimentar
mercados domésticos e regionais, particularmente na indústria de mineração.
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Os países desenvolvidos, ao longo dos anos 80, vem reestruturando seus sistemas
produtivos no contexto de políticas macroeconómicas conservadoras, articulando
políticas fiscais e monetárias restritivas com medidas conservadoras de política
industrial para sectores seleccionados (Sulzigan, 1988).

A expansão das indústrias para as zonas rurais seria um fenómeno de grande poder
atractivo para população que se encontra concentrada nas cidades, infra-estrutura,
transportes e comunicações e diversos ramos de serviços este facto iria desencadear os
fluxos migratórios campo-cidade.

A Estratégia da Política Industrial de Moçambique (1997), aprovada pelo Conselho de


Ministros através da Resolução número 23/97 de 19 de Agosto de 1997, afirma que “O
papel do Estado é, essencialmente, orientar, regular e monitorizar o desenvolvimento da
indústria e criar as condições que estimulam a actividade industrial. A intervenção do
Estado é concretizada através:

 Do estabelecimento de uma política industrial;


 Da criação de um ambiente conducente e facilitador do investimento e da
produção;
 E da implementação de um sistema de incentivos às actividades económicas,
incluindo a construção de infra-estrutura, o investimento auxiliar especialmente
na área de formação, serviços de infra-estruturas e de apoio à indústria”.

Desenvolvimento Industrial e Económico em Moçambique

O cabaz de exportações de um país é ilustrativo das capacidades produtivas nele


existentes, e quanto mais complexos ou sofisticados os produtos exportados, mais
avançadas são as capacidades dentro da economia (Hidalgo, Hausmann & Dasgupta,
2009; Lall, 1992). No caso da economia de Moçambique, o cabaz de exportações é
dominado por um número bastante reduzido de commodities do complexo mineral-
energético (alumínio, gás, carvão, energia eléctrica e minérios diversos), seguido de
commodities agrícolas (açúcar, algodão, banana, castanha-de-caju e madeira), revelando
o carácter subdesenvolvido do tecido industrial doméstico dado que estes produtos são
exportados sem ou com baixo nível de processamento. De facto, esta estrutura das
exportações reflecte a orientação do IDE para a exploração de recursos naturais,
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particularmente na forma de grandes ou megaprojectos, incluindo o boom de influxos


de IDE no País entre 2010 e 2013 associado às descobertas de vastas reservas de carvão
e gás no Centro e Norte de Moçambique. De facto, a queda dos preços das commodities
entre 2014 e 2016 e o congelamento da ajuda externa motivada pelo escândalo da dívida
ilícita desencadearam uma profunda crise macroeconómica, demonstrada pelo
significativo declínio nos influxos de IDE e das exportações e, consequentemente, no
PIB. Portanto, esta dependência excessiva de fluxos externos de capital e exportações de
commodities primárias implica que a economia é altamente vulnerável a choques nos
preços internacionais e, consequentemente, a crises cíclicas de acumulação (Castel-
Branco & Ossemane, 2010).

Excluindo os megaprojectos de IDE, a indústria manufactureira nacional mostra sinais


de desindustrialização prematura, que é caracterizada pela redução da contribuição da
indústria manufactureira no PIB e a perda gradual de capacidades produtivas em
actividades industriais com alta complexidade a favor de uma crescente concentração
em actividades mais primárias (Langa, 2017; Palma, 2005; Rodrik, 2007). É
argumentado que não só não estão a emergir novos produtos na indústria manufactureira
nacional como também há uma obsolescência tecnológica contínua que resulta na
simplificação progressiva dos processos de produção nos sectores industriais,
enfraquecendo as capacidades produtivas e tecnológicas das empresas (Castel-Branco,
2010; Warren-Rodríguez, 2008, 2010).

Um inquérito feito à indústria manufactureira em 2010 constatou que, para mais de 60%
das empresas inquiridas, as últimas grandes aquisições de novas tecnologias tinham sido
feitas na década de 1990, ou seja, a maquinaria tinha mais de 20 anos e, por
conseguinte, a manutenção ou a reparação de peças sobressalentes era um processo
difícil e bastante oneroso (Cruz et al., 2014).

Assim, um dos principais desafios de transformação económica induzidos pelo


desenvolvimento industrial em Moçambique é o desenvolvimento de pequenas e médias
empresas (PME) nacionais com capacidades produtivas, financeiras e tecnológicas para
estabelecer ligações com os principais pólos de demanda da economia, particularmente
os megaprojectos de IDE, através do fornecimento de bens e serviços (Castel-Branco &
Goldin, 2003; Langa & Mandlate, 2015; Langa, 2015; Mandlate, 2015).
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Tendo em conta os conceitos de industrialização e de desenvolvimento económico,


podemos afirmar que o desenvolvimento económico é simplesmente o processo pelo
qual uma nação melhora seu padrão de vida durante determinado período. Mas para que
se alcance o desenvolvimento económico é necessário que o país adopte uma certa
política capaz de colocar o mesmo a desenvolver. No entanto, sendo que a
industrialização e o desenvolvimento estão relacionados, pode-se afirmar que a política
industrial seria capaz de induzir um país ao desenvolvimento.

Castel-Branco et all (2009) avançam que a industrialização e desenvolvimento são


relacionados, na literatura económica, por intermédio de três ligações fundamentais: a
indústria como engenho do desenvolvimento estrutural da economia; as vantagens
criadas pelas capacidades industriais para os processos de internacionalização; e o papel
da indústria na libertação e absorção de recursos excedentários de outros sectores, em
especial dos sectores de inferior produtividade.

Na visão de Castel-Branco e outros, a industrialização pode gerar o desenvolvimento de


um país, a partir do momento em que for adoptada uma política que permita um rápido
e acessível processo de industrialização. Esta política deveria estar virada para a
construção de infraestruturas, nas zonas onde há maior produtividade agrícola.

Castel-Branco (2010) argumenta que a industrialização funciona como engenho de


desenvolvimento na medida em que: Gera tecnologia, conhecimento tecnológico e
métodos mais avançados de organização e gestão, os quais tornam irreversíveis os
avanços na produtividade e possível a concretização dos avanços na inovação e pesquisa
científica; Articula a economia através das redes de fornecedores e consumidores, redes
de cooperação inter-empresarial e inter-industrial, e ligações dinâmicas de crescimento
desenvolvidas em torno de cadeias sócio económicas de produção e valor, através das
quais as dinâmicas de produtividade, qualidade, organização e inovação são
transmitidas para a economia como um todo; Por efeito combinado dos factores
anteriores, potencia a criação de novas dinâmicas, capacidades e padrões de
desenvolvimento, novos sectores, produtos e processos, e novos standards e pontos de
referência em torno e ao longo dos quais a economia se pode desenvolver,
independentemente dos limites impostos pelas suas vantagens comparativas estáticas
iniciais.
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Entretanto, é importante realçar que o alcance do desenvolvimento económico e social


integrado passa pela transformação estrutural da economia para um estágio competitivo
e diversificado. Moçambique aposta na industrialização como principal via para
alcançar a visão de prosperidade e competitividade, assentes num modelo de
crescimento inclusivo e sustentável. (END 2015- 2035).

As Limitações do Mercado Doméstico

Como discutido, as empresas moçambicanas prestadoras de serviços nesta indústria são


totalmente dependentes do mercado interno, pelo que a dimensão do mercado doméstico
é um factor crítico, dado que são necessários investimentos elevados em maquinaria e
modernização das competências da mão-de-obra. Entretanto, demonstrou-se que o
sector industrial doméstico, que deve gerar a demanda por serviços de manutenção
industrial de máquinas e equipamentos, enfrenta um processo de desindustrialização
prematura que significa que há uma contracção do número e variedade de indústrias. As
principais oportunidades estão concentradas nas indústrias ligadas ao complexo
mineral-energético (alumínio, gás, carvão e outros minerais), de açúcar e de bebidas.
Em termos das características da procura, grande parte da demanda associada a
máquinas, equipamentos e serviços associados em Moçambique mostra estar limitada
ao recondicionamento de peças e componentes.

Portanto, do ponto de vista de investimento individual, a redução de oportunidades para


diversificar mercados e riscos dificulta a obtenção de economias de escala, o que é um
constrangimento crucial à criação de capacidades manufactureiras especializadas
domesticamente. Assim, enquanto investimentos em capacidades industriais para
manufactura não são economicamente viáveis para as empresas moçambicanas, para a
maioria das empresas sul-africanas é rentável que as actividades de manufactura
permaneçam localizadas na África do Sul. Neste contexto, a viabilização de
investimentos de empresas moçambicanas e estrangeiras na indústria manufactureira,
particularmente nos sectores metalúrgicos e mecânicos, deve necessariamente
considerar os mercados de exportação regionais e globais.

As assimetrias de informação em relação às oportunidades de mercado existentes,


principalmente nos megaprojectos, agravam ainda mais a situação, particularmente
porque existem plataformas através das quais as empresas moçambicanas podem ter
acesso a planos de compra detalhados a longo prazo dos megaprojectos de IDE que
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ainda não foram estabelecidos. As empresas moçambicanas entrevistadas salientam que


as empresas sul-africanas são muitas vezes mais bem informadas sobre as oportunidades
domésticas, dadas as suas relações históricas com alguns dos grandes e megaprojectos
de IDE a operar no País. De facto, enquanto no caso da Mozal foram desenvolvidos
programas de desenvolvimento de fornecedores com pequenas e médias empresas
moçambicanas (ainda que com limitado impacto a longo prazo), os grandes
investimentos na indústria extractiva realizados a posteriori não seguiram o mesmo
caminho. Entretanto, muito recentemente, surgiram várias iniciativas com o objectivo
de estimular o desenvolvimento de fornecedores, mas com impacto bastante limitado
em termos de escopo e escala.

Uma das iniciativas é a plataforma de subcontratação SPX (subcontracting partnership


exchange), desenvolvida desde 2014 pela extinta Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (UNIDO, sigla em inglês), com o objectivo de ligar grandes
compradores com fornecedores locais de vários sectores. No entanto, apesar de a
plataforma possuir cerca de 20 grandes compradores e 500 fornecedores registados, o
interesse efectivo em realizar subcontratações através da plataforma ainda é bastante
reduzido (perto de uma dezena de pedidos foram efectuados até meados de 2017). De
modo similar, o Instituto para a Promoção das Pequenas e Médias Empresas (IPEME)
também possui uma base de dados de fornecedores que compartilha com vários grandes
compradores mediante solicitação, mas de forma irregular. A Confederação das
Associações Económicas (CTA), que representa a “voz” do sector privado em
Moçambique, está a desenvolver um gabinete para compartilhar informações sobre
oportunidades de mercado com empresas moçambicanas. Por sua vez, as iniciativas
para desenvolver fornecedores locais por parte dos megaprojectos, como, por exemplo,
a Vale e a Rio Tinto, são muitas vezes localizadas em áreas não-nucleares (periféricas)
das suas actividades e associadas a actividades de responsabilidade social corporativa
(Langa, 2015).

Todos os actores aqui mencionados têm, em geral, organizado eventos de divulgação


das suas actividades e/ou informações sobre oportunidades de negócios. Todavia, para a
maioria das empresas moçambicanas, estes eventos, para além de irregulares, não
fornecem informações detalhadas e de longo prazo que permitam um planeamento do
investimento.
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É muito provável que o impacto destas iniciativas seja mais visível com uma maior
coordenação estratégica entre sector privado, instituições governamentais e doadores, de
modo a evitar a duplicação de iniciativas pequenas e similares. Crucialmente, não está
claro como as várias iniciativas existentes estão alinhadas e incorporadas na
implementação da política industrial nacional. Consequentemente, questões críticas para
o desenvolvimento industrial, nomeadamente o desenvolvimento de capacidades
tecnológicas, a modernização das competências da mão-de-obra bem como o seu
respectivo financiamento, são muitas vezes deixadas de fora destas iniciativas.

Financiamento à Indústria Manufactureira

Por último, as empresas moçambicanas enfrentam um ambiente doméstico


caracterizado pela ausência de fontes de financiamento barato e de longo prazo para
investimentos produtivos, particularmente na indústria manufactureira. Os bancos
comerciais que dominam o sistema financeiro moçambicano impõem elevadas taxas de
juros associadas a exigências de garantias para a obtenção de financiamentos. Por isso, a
maioria das empresas entrevistadas recorre aos bancos comerciais somente para opções
de gestão de fluxos de caixa. Ademais, as restrições de capacidade financeira implicam
que as pequenas e médias empresas moçambicanas não podem participar em grandes
empreitadas, o que lhes permitiria crescer e desenvolver capacidades, por causa dos
longos períodos de pagamento existentes. Assim, uma instituição de financiamento de
desenvolvimento especializada em sectores produtivos é vista como uma prioridade
para a maioria das empresas moçambicanas.
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Conclusão

Na conclusão deste trabalho o estudante apresenta uma atitude mais activa e


participativa no conhecimentos sobre os conceitos relacionados a Geografia Agrária e
Industrial, buscando não simplesmente apontar a actividade industrial, mas também
trazer os factores que podem contribuir na Localização Industrial, Redução das
Assimetrias do Desenvolvimento Industrial e Sócio Económico em Moçambique.

Para finalizar, é importante ressaltar que o trabalho tambem teve abordagens


relacionados com o Papel do Estado na Expansão das Indústrias, Desenvolvimento
Industrial e Económico em Moçambique, as Limitações do Mercado Doméstico e
Financiamento à Industria Manufactureira respectivamente .

Recomendamos a todos os leitores deste trabalho, por se considerar um assunto


importante para cada um de nós, que dêem mais do que a costumeira atenção às
informações existente nele, visto que aborda um importante tema no estudo da
Geografia Agrária e Industrial.
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