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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA

APLICAÇÃO DA CARTOGRAFIA NA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS


URBANOS: ESTUDO DE CASO DA CIDADE DE NAMPULA

Estudante: Helena Nacao

Código: 708224489

Trabalho de carácter avaliativo a ser


submetido a Universidade Católica de
Moçambique, Instituto de Educação à
Distância – IED

O Tutor: Mafoio Bacar Júnior

CUAMBA, MAIO DE 2023


Folha de Feedback
Classificação
Categoria Indicadores Padrões Pontuação Nota de Subtotal
máxima tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
 Introdução 0.5
Estrutura Aspectos  Discussão 0.5
Organizacionais  Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
Objectivos 1.0
 Metodologia adequada ao
objecto do trabalho 2.0
 Articulação e domínio do
discurso académico 2.0
Conteúdo Analise (expressão escrita
Discussão coerência/coesão textual)
 Revisão discussão
bibliográfica nacional e 2.
internacional na área
 Exposição dos dados 2.0
 Contributo teórico e
Conclusão Prático 2.0
 Paginação tipo e tamanho
Aspectos Formatação de letra, paragrafo, 1.0
gerais espaçamento entre linhas
Normas APA 6 a  Rigor e coerência das
Referência edição em citação Citações/referências 4.0
bibliográfica e bibliografia bibliográficas
Índice
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 4
1.4. Objectivos................................................................................................................ 5
1.4.1. Objectivo Geral ................................................................................................ 5
1.4.2. Objectivos Específicos ...................................................................................... 5
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 6
2. Aplicação da cartografia na solução dos problemas urbanos: Estudo de caso da cidade de
Nampula ................................................................................................................................ 6
2.1. Perfil da cidade municipal de Nampula .................................................................... 6
2.3. Breve historial da cartografia ................................................................................... 7
2.4. Aplicação da cartografia .......................................................................................... 7
2.5. Generalização Cartográfica ...................................................................................... 8
2.6. Urbanização ............................................................................................................. 9
2.6.1. Processo de urbanização ................................................................................. 10
2.6.2. Causas da urbanização .................................................................................... 10
2.7. Urbanização no contexto da cidade de Nampula..................................................... 11
2.8. Problemas urbanos na cidade de Nampula .............................................................. 11
3. METODOLOGIA USADA........................................................................................... 13
3.1. Procedimentos Metodológicos ............................................................................... 13
4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................ 15
4.1. Apresentação dos Resultados ................................................................................. 15
4.2. Discussão dos Resultados ...................................................................................... 16
5. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 17
6. BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 18
1. INTRODUÇÃO
O crescimento rápido da população, sobretudo nos países em desenvolvimento, traz
consigo problemas de vária ordem que precisam ser estudados, analisados e representados
espacialmente através de mapas. Moçambique é um país em vias de desenvolvimento
caracterizado pelo crescimento elevado da população. Os problemas do País são identificados
através de vários estudos, como
Censos, inquéritos, questionários, dentre outros.
Assim como ocorre em qualquer país, o Censo é a maior operação estatística realizada em
Moçambique, caracterizada pela recolha de dados de casa em casa e por pessoa a nível de
todo território nacional. Antes da realização de um Censo, a primeira tarefa que se executa é a
Cartografia censitária que actualmente está ligada a Sistema de informação Geográfica.

1.1.Justificativa

Nos últimos 10 anos, a cidade de Nampula assistiu a diversas mudanças. Os espaços


vazios e edifícios abandonados "acordaram" transformados em centros comerciais e/ou em
novos conceitos de habitação. Porem, questões relacionados com a não remoam de lixo, a
falta de mercados, o acesso limitado a água potável e a electricidade, vias de acesso
deficitárias, entre outras, revelam que ainda há muito a fazer no terceiro maior centro urbano
do país.
Mergulhado num emaranhado de problemas, Nampula tem vindo a crescer de forma
impetuosa mantendo o seu estatuto de terceiro maior centro urbano de Mozambique e
impondo-se como um dos principais motores da economia do país nos últimos tempos.
Diga-se em abono da verdade que a urbe ainda se debate com diversas dificuldades, com
destaque para a questão do lixo, da precariedade do saneamento do meio, dos edifícios e das
vias de acesso. Nas ruas e principais pontos de encontro dos moradores, as eleições
autárquicas tornaram-se os assuntos de conversa do dia, pese embora haja muito cepticismo
que respeita a mudança da situação. No entender dos munícipes, não há vontade por parte das
autoridades municipais de melhorar as condições de vida dos habitantes de Nampula.

1.2.Relevância

A relevância do tema em causa é da medida que a urbanização provocou diversas


consequências nas cidades, relacionadas, em especial, ao rápido e desordenado crescimento
dos centros urbanos, em razão do grande volume de movimentação da população do campo
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para a cidade, assim como dos problemas de desigualdade e renda comuns nos países
subdesenvolvidos do globo. No geral, são consequências da urbanização: Os impactos
ambientais intensificados pelo uso e ocupação irregular do solo, como as inundações e os
desabamentos; A perda da qualidade do ar devido ao alto volume de poluição emitido pelas
indústrias e veículos automotores; A falta de acesso à água potável e ao esgoto tratado,
cenário que se repercute nas condições de saúde da população; A criação e expansão de
ocupações irregulares, como as favelas, que não dispõem da infraestrutura básica de serviços
públicos; A precarização da mobilidade urbana em razão do baixo investimento em transporte
público e do alto volume de veículos individuais; O aumento do número de famílias em
situação de pobreza assim como a precarização do emprego e o consequente aumento da
violência; A necessidade de políticas públicas de planejamento urbano e territorial para traçar-
se estratégias de ocupação das cidades.
Esta ordem de ideias disperta uma visão multifacetica relevante para o estudo deste tema
vivenciado no nosso dia-a-dia.

1.3.Problematização
A urbanização provocou um crescimento exacerbado das cidades. Esse crescimento esteve
associado ao aumento da produção das indústrias de automóveis e da compra de carros pela
população, sendo o transporte rodoviário privilegiado pelas políticas públicas. Desse modo,
esse cenário contribuiu para a precarização da mobilidade urbana, por meio do baixo
investimento em outros modais, como o ferroviário, e ainda, pelo sucateamento do transporte
público. Também no processo de urbanização encontramos os conflitos e ou problemas
urbanos, o que nos leva o surgimento da seguinte questão:
 Qual é a aplicação da Cartografia na Solução dos Problemas Urbanos na
cidade de Nampula?

1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo Geral
 Analisar a aplicação da Cartografia na Solução dos Problemas Urbanos na cidade
de Nampula
1.4.2. Objectivos Específicos
 Definir os conceitos da Cartografia;
 Identificar os Problemas Urbanos na cidade de Nampula
 Destacar o processo de urbanização na cidade de Nampula.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2. Aplicação da cartografia na solução dos problemas urbanos: Estudo
de caso da cidade de Nampula
2.1.Perfil da cidade municipal de Nampula

O município, implantado num planalto e com uma população estimada em 447.900


pessoas, ocupa uma área de cerca de 404 quilómetros quadrados. E constituído por seis postos
administrativos urbanos, nomeadamente Urbano Central, Muatala, Muhala, Namicopo,
Napipine e Natikire.
O número total de agregados familiares e de 101.484, distribuídos por 18 bairros.
Há mais homens (51 porcento do total da população) que mulheres (49 porcento) nesta
cidade.
2.2.Cartografia
A cartografia é a ciência que se dedica à representação do espaço geográfico por meio do
estudo, análise e confecção de cartas ou mapas. Os seus produtos, entretanto, não se limitam
aos mapas: plantas, croquis e o globo terrestre são outros resultados diretos da aplicação dos
conhecimentos cartográficos.
Essa ciência utiliza-se de uma série de técnicas para que seja possível a reprodução do
espaço, de parcelas do espaço ou, ainda, de alguns de seus aspectos em uma escala reduzida e
da forma mais acurada possível. A cartografia é associada ainda à arte, emprestando dela
algumas técnicas.
A definição de cartografia que se tem hoje foi estabelecida, no ano de 1996, pela
Associação Cartográfica Internacional (AIC), sendo a mais aceita e amplamente utilizada.
A cartografia pode ser definida como a ciência e a arte dedicadas à confecção e ao estudo
de mapas e outros produtos cartográficos, como plantas, croquis e cartas. Os primeiros mapas
produzidos pela humanidade possuem milhares de anos, tendo suas técnicas de produção se
aperfeiçoado com o tempo. No período actual, as imagens de satélites, os softwares e
equipamentos de geoprocessamento e os instrumentos como o GPS são importantes aliados da
cartografia. (Guitarrara, 2020)
A compreensão dessa ciência perpassa pelo entendimento dos seus principais conceitos,
sendo eles:
 A própria definição de mapas
 Coordenadas geográficas
 Projecções
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 Escalas

2.3.Breve historial da cartografia

A necessidade de conhecer, em detalhes, o espaço onde se habita, seja para a exploração e


ocupação da superfície, seja para a protecção, unida da curiosidade inerente ao ser humano,
fez com que tenhamos registos de mapas muito antigos, datando de milénios antes da era
actual.
O mapa de Ga-Sur é um dos mais antigos a serem catalogados (entre 4500 a.C. e 2500
a.C.), produzido pelos babilônios e encontrado onde ficava o território da Mesopotâmia.
Outras representações tão antigas quanto foram encontradas em ilhas do Pacífico e na
Ásia. No entanto, pode-se afirmar que esses não são os únicos e que mapas ainda mais antigos
existam em outras regiões do planeta.
Os conhecimentos desenvolvidos na Grécia Antiga possuem papel fundamental na
estruturação da ciência cartográfica, com nomes como Anaximandro de Mileto (611-547 a.C.)
e Eratóstenes de Cirene (276-196 a.C.). Atribui-se a maior contribuição a Cláudio Ptolomeu
(90-186 d.C.), autor da obra Geografia, dividida em oito volumes, nos quais há a explanação
de conceitos empregados actualmente, como projecções cartográficas, e um dos primeiros
atlas de que se tem conhecimento.
O período das grandes navegações representou significativo avanço para a cartografia,
tendo em vista a necessidade de mapas cada vez mais detalhados e precisos para a navegação.
Destaca-se, no período, a obra de Gerhard Mercator (1512-1594).
O mapa-múndi de Mercator, publicado em 1569, retrata os paralelos e meridianos em
linha recta e formando ângulos de 90º entre si, feitos por uma projecção cilíndrica. Não
obstante as distorções em áreas mais afastadas da Linha do Equador, a projecção de Mercator
é hoje uma das mais utilizadas para a confecção de mapas.

2.4.Aplicação da cartografia

Muitas utilidades podem ser atribuídas à cartografia e aos seus produtos.


A primeira delas é a localização de um determinado referencial na superfície terrestre,
desde áreas das mais extensas, como continentes e países, até pontos específicos de um
determinado lugar, como um bairro ou uma residência. Associado a isso, a cartografia serve
ainda para a orientação no espaço e para auxiliar nos deslocamentos, o que é feito com a
utilização de mapas e bússolas ou GPS.
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Entre as funções da cartografia, está o auxílio na orientação espacial.
Entre as funções da cartografia, está o auxílio na orientação espacial.
Por meio das técnicas cartográficas, cria-se uma série de produtos que nos auxiliam no
estudo e compreensão de várias características do espaço físico, como:
 Relevo
 Hidrografia
 Climas
 Distribuição dos tipos de solo
 Localização e limites dos biomas etc.
A cartografia permite também a espacialização de informações geográficas úteis para
tomadas de decisões na esfera polícia, gestão e planejamento e para o desenvolvimento de
estratégias de carácter político, social ou económico. Para tal, são utilizados os mapas:
 Políticos
 Populacionais
 De redes de transporte
 Económicos
 De uso da terra, e de uma variedade de outros temas

2.5.Generalização Cartográfica

No domínio convencional da Cartografia generalização cartográfica é um processo


dependente da escala que inclui selecção, simplificação e síntese dos objectos que devem
compor um certo mapa. É um processo claramente voltado à visualização ou à
comunicação eficiente daquilo que está representado num mapa. Como regra geral, a
complexidade de um mapa deve diminuir com a escala do mapa. Com o advento da
tecnologia de SIG, generalização cartográfica passou a incorporar também a noção de
modelagem, que envolve a derivação de uma base de dados menos complexa para atender a
uma certa finalidade. Esta seção dedica-se à discussão do papel da generalização cartográfica
no domínio digital. (Anjos, 2011)
Generalização pode ser entendida como o processo de universalização do conteúdo de
uma base de dados espaciais com uma certa finalidade. Um de seus objectivos deve ser a
redução da complexidade, quer seja para fins de visualização, quer seja para armazenar na
base de dados apenas aquilo que é necessário. A redução da complexidade deve levar em

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conta uma certa lógica que não comprometa a exactidão de posicionamento e a exactidão de
atributos dos dados (reveja a seção 2.5 em caso de dúvidas). (Anjos, 2011)
No domínio digital a resolução espacial da base de dados parece ser uma dimensão mais
relevante que a escala, de modo que a resolução espacial é, tal e qual a escala o é no domínio
analógico, um dos elementos de controle para a generalização. Pode-se dizer que a
modelagem em níveis de abstracção diferentes depende da resolução espacial. Na verdade, a
escala também se torna um elemento de controle quando há preocupação com
visualização dos dados digitais na tela do computador. Neste caso, exactamente como nos
mapas em papel, o objectivo é fazer a comunicação visual dos dados de forma eficiente.
Uma maneira mais prática de entender generalização no domínio digital é
conceituá-la como a selecção e representação simplificada de objectos através de
transformações espaciais e de atributos. Generalização afecta directamente a construção e a
derivação de bases de dados. Vista como uma sequência de transformações, a
generalização pode propiciar aumento de robustez e optimização computacional. Como já foi
mencionado, generalização tem um compromisso forte com eficiência na comunicação visual.

2.6.Urbanização

A urbanização é o processo de crescimento populacional e territorial das cidades. A


cidade, ou espaço urbano, é caracterizada pela grande oferta de serviços, baseados nos setores
secundário e terciário da economia. Essa é a principal diferença entre a cidade e o campo, já
que, no espaço rural, a economia está baseada nas atividades primárias. (Luis, 2011)
O processo de urbanização ocorre justamente pela movimentação populacional do campo
para a cidade, chamada de êxodo rural. Essa movimentação foi marcada pela modernização
do campo e pela industrialização da cidade. Desse modo, a principal causa da urbanização
está atrelada à saída da população rural em busca de melhores condições de vida na área
urbana.
A urbanização ocorreu de maneira diferente entre as diversas nações do globo. Nos países
desenvolvidos, ela ocorreu de maneira lenta e estruturada; já nos países subdesenvolvidos e
emergentes, de forma rápida e desordenada. No Brasil, predominou o segundo modelo, sendo
que o rápido crescimento das cidades brasileiras foi marcado pela desigualdade espacial e de
renda, que caracteriza o país.
As consequências da urbanização das cidades estão relacionadas à perda da qualidade
ambiental e humana dos centros urbanos. A urbanização provocou:

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 O aumento de ocupações irregulares
 A piora dos índices de poluição
 O aumento da criminalidade

2.6.1. Processo de urbanização

O processo de urbanização corresponde ao crescimento das cidades conforme a sua


expansão territorial e o seu aumento populacional. Portanto, o termo urbanização está ligado
ao desenvolvimento dos centros urbanos, em especial, por meio da concentração
populacional. A urbanização é um processo temporal contínuo, sendo marcado por
importantes variáveis políticas, económicas e sociais. Seu desenvolvimento foi impactado, no
geral, pela saída da população das áreas rurais para as áreas urbanas, em busca de melhores
condições de vida, trabalho e renda. (Luis, 2011)
A urbanização não é um processo uniforme e sofreu interferência de diferentes atores ao
longo do tempo. Conforme a característica socioeconómica de cada país, a expansão urbana
foi marcada por consequências na sociedade e na economia. Na actualidade, grande parte da
população mundial é considerada urbana, porém o processo de urbanização ainda é muito
forte no mundo e marca as diferenças existentes entre as diversas sociedades que compõem a
humanidade.

2.6.2. Causas da urbanização

As causas da urbanização estão atreladas principalmente às motivações que fizeram como


que a população rural, antes majoritária em todo o mundo, migrasse para a zona urbana. Esse
movimento populacional, chamado de êxodo rural, foi o grande responsável pelo aumento da
população urbana e a consequente expansão das cidades. Sendo assim, entre as principais
causas da urbanização, estão:
O processo de industrialização iniciado nas cidades transformou a forma de produção,
estabelecendo o emprego de máquinas e mudando as relações de trabalho;
A mecanização do campo, que substituiu a mão de obra braçal humana pelo emprego de
máquinas e equipamentos;
A elevada concentração fundiária nas zonas rurais, resultante da grande desigualdade
social presente, em especial, nos países subdesenvolvidos e emergentes;
A péssima condição de trabalho e renda no campo assim como os baixos salários pagos
aos trabalhadores rurais.
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2.7.Urbanização no contexto da cidade de Nampula

De uma cidade pacata, rapidamente Nampula tornou-se um município agitado e pouco


espaçoso. Nos últimos anos, a população cresceu. Contudo, a urbe não seguiu o mesmo ritmo,
embora uma parte tenha rejuvenescido. A considerada capital do norte passou a dispor de
novas infra-estruturas (algumas modestas e outras, digamos, imponentes) e viu alguns dos
edifícios ganhar novo fôlego.
Presentemente, um pouco por todo o lado da cidade e possível ver obras de construam de
hotéis, centros comerciais e habitações, além da reabilitação de alguns espaços de lazer, a um
ritmo deveras acelerado. O centro do município mostra-se saturado, havendo necessidade de
introdução de novas estratégias ou conceitos de habitação. A cidade cresce de forma
horizontal, nas zonas de Muhala e Muhavire Expansao onde, apesar de as autoridades
municipais não disporem de um piano concreto de urbanização, despontam vivendas e
algumas mansões de uma elite emergente para gaudio do sector imobiliário que parece não
existir. Enquanto isso, a periferia continua a minguar, ou seja, não se pode falar de
urbanização.
Regra geral, a maior parte dos bairros suburbanos da cidade de Nampula enfrenta os
mesmos problemas de ordem urbanística. E frequente observar-se o surgimento de zonas em
expansão com problemas de ordenamento territorial, falta de água potável, vias de acesso,
transporte semicolectivo de passageiros, cuidados hospitalares, estabelecimentos de educação,
iluminação eléctrica das ruas, entre outros serviços públicos, uma vez que as autoridades
municipais estão desprovidas de um piano com vista a ultrapassar uma parte destas carências.
Não há parcelamento dos terrenos e, consequentemente, as casas surgem como cogumelos
depois da chuva. Além disso, a titulo de exemplo, a população dos bairros de Namiepe,
Muthita, Murrapaniua 2, Nampaco e Muchinada tomou de assalto pouco mais de 2.800
terrenos parcelados, de um total de 4.053, para praticar a agricultura e construir residências.

2.8.Problemas urbanos na cidade de Nampula

Nos últimos 10 anos, a cidade de Nampula assistiu a diversas mudanças. Os espaços


vazios e edifícios abandonados "acordaram" transformados em centros comerciais e/ou em
novos conceitos de habitação. Porem, questões relacionados com a não remoam de lixo, a
falta de mercados, o acesso limitado a água potável e a electricidade, vias de acesso
deficitárias, entre outras, revelam que ainda há muito a fazer no terceiro maior centro urbano
do país.
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Mergulhado num emaranhado de problemas, Nampula tem vindo a crescer de forma
impetuosa mantendo o seu estatuto de terceiro maior centro urbano de Mozambique e
impondo-se como um dos principais motores da economia do país nos últimos tempos.
Diga-se em abono da verdade que a urbe ainda se debate com diversas dificuldades, com
destaque para a questão do lixo, da precariedade do saneamento do meio, dos edifícios e das
vias de acesso. Nas ruas e principais pontos de encontro dos moradores, as eleições
autárquicas tornaram-se os assuntos de conversa do dia, pese embora haja muito cepticismo
que respeita a mudança da situação. No entender dos munícipes, não há vontade por parte das
autoridades municipais de melhorar as condições de vida dos habitantes de Nampula.

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3. METODOLOGIA USADA
Quanto ao Método e à forma de abordar o problema Richardson (2007) classifica as
pesquisas em qualitativa e quantitativa.
A pesquisa proposta é de natureza Qualitativa. A mesma visa estudar e analisar o objecto
de estudo em seu contexto social, buscando ir além da descrição da aparência do fenómeno,
estudando também a sua essência. Objectiva identificar a origem e as relações de
persistência/mudança da condição do objecto.
A pesquisa qualitativa empreende um esforço intenso de trabalho em campo para
conhecimento do objecto estudado (seja local, pessoas ou situações). Colectam-se dados,
descrevem e analisam os mesmos em seu contexto sócio histórico, centrando-se muito mais
no processo, na busca pelo conhecimento do objecto, do que no resultado final.
Para Vieira (1996), a pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se fundamenta
principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não utilização
de instrumental estatístico na análise dos dados. Esse tipo de análise tem por base
conhecimentos teórico-empíricos que permitem atribuir-lhe cientificidade.
3.1.Procedimentos Metodológicos
Segundo Gil (1994), a colecta de dados é a busca feita por informações para a elucidação
do fenómeno ou fato que o pesquisador quer desvendar. O instrumental técnico elaborado
pelo pesquisador para o registo e a medição dos dados deverá preencher os seguintes
requisitos: Validez, Confiabilidade e Precisão, onde apresenta os quatro tipos de técnicas de
colecta de dados ou instrumentos de colecta de dados: Pesquisa bibliográfica, Pesquisa
documental, Pesquisa electrónica e Questionário.

Pesquisa bibliográfica: na pesquisa bibliográfica foi encarregada a consulta de livros e


artigos disponibilizados/publicados em versão electrónicos e físicos. A pesquisa bibliográfica
ou pesquisa teórica, é todo universo de leituras e embasamento teórico que dão sustentação à
construção da pesquisa e aplicação do método. Uso exclusivo de fontes bibliográficas. A
principal vantagem é permitir ao pesquisador a cobertura mais ampla do que se fosse
pesquisar directamente; é relevante quando o problema de pesquisa requer dados muito
dispersos.

Pesquisa documental: a pesquisa documental consistiu em buscar informações em


fontes de documentos (leis/decretos…). Essas fontes podem ser primárias e secundárias.

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Observação: utilizou-se os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.
Consiste de ver, ouvir e examinar fatos ou fenómenos. Lakatos & Marconi (2007)
Visto que a pesquisa será de campo, a observação directa permitirá a obtenção de
informações exigindo a participação, assim exigindo a participação directa do pesquisador,
facilitando assim interpretação do fenómeno vivenciado na área em estudo.
A observação consiste, como diz a própria palavra em observar os cenários, paisagens,
situações ou as pessoas pesquisadas. A observação pode ser indirecta ou participante. Os
dados da observação são registados em um caderno de campo, com uma série de rigor
metodológico que torna esse procedimento e os dados colectados válidos.
Entrevista: foi usada pelo pesquisador com a finalidade de facilitar a colecta de
informações por meio de perguntas directas.
Estudo de caso: estudo exaustivo de um ou poucos objectos de pesquisa, de maneira a
permitir o aprofundamento do seu conhecimento. Os estudos de caso têm grande
profundidade e pequena amplitude, pois procuram conhecer a realidade de um indivíduo, de
um grupo de pessoas, de uma ou mais organizações em profundidade.

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4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Perfil dos entrevistados


ENTREVISTA NOME IDADE SEXO
Entrevista 1 Estevão Ramiro 41 Masculino
Entrevista 2 Domingos Mahere 42 Masculino
Entrevista 3 Vigal Momade 39 Masculino

4.1.Apresentação dos Resultados

Alguns munícipes da cidade de Nampula consideram que o desempenho do Conselho


Municipal baixou no que diz respeito a melhoria das vias de acesso, do saneamento do meio
ambiente, da recolha do lixo, dentre outros serviços.
Estevão Ramiro, residente da zona do Piloto, periferia desta urbe, disse que o edil Castro
Naniuaca estava, no primeiro mandato, comprometido com o desenvolvimento da autarquia,
mas, actualmente, as pessoas queixam-se, frequentemente, de vários problemas relacionados
com a gestão municipal. "As estradas encontram-se em péssimas condições de transitabilidade
e a edilidade justifica-se afirmando que no mercado nacional não existe asfalto a venda,,,
lamentou o nosso entrevistado.
Aquele munícipe mostrou-se igualmente indignado com as acções dos técnicos da
vereação, que trabalham em coordenação com as autoridades comunitárias na sensibilização
da população com vista a participação no processo de governação através das boas praticas,
alegadamente porque não surte os efeitos desejados. Vigal Momade, de 39 anos de idade, tem
dúvidas de que o edil a ser eleito no próximo dia 1 de Dezembro venha a mudar a "deplorável
situação, na qual a cidade se encontra.
Quando se caminha pelas ruas de Nampula, percebe-se que não se esta a fazer nada para
desenvolver o município", lamenta. Quem também olha para a eleição do novo presidente do
Conselho Municipal com algum cepticismo e Domingos Mahere, de 42 anos de idade. "Há
um desleixo total por parte da edilidade, e tenho duvidas de que estas eleições venham mudar
o estado das coisas nesta urbe", diz o munícipe.

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4.2.Discussão dos Resultados

Apesar de ser a terceira principal cidade do país, o município de Nampula não dispõe de
uma lixeira municipal, com condições de aterro, tão-pouco meios circulantes suficientes para
a recolha de resíduos sólidos na cidade, razão pela qual a problemática de lixo na via publica
esta longe de ser ultrapassada. Os detritos, principalmente os resultantes do comércio
informal, tem vindo a tomar de assalto a autarquia, pondo a descoberto a ineficiência das
autoridades municipais.
Além disso, a falta de financiamento dos projectos de tratamento de águas residuais esta a
deixar as autoridades municipais da cidade de Nampula preocupadas pelo facto de aquela urbe
mostrar grandes problemas nesta área. Dos dois projectos desenhados pela edilidade, com
destaque para o sistema de águas residuais e o sistema de drenagem, este último e que
beneficiou de um financiamento do Millennium Challenge Account (MCA) cujas obras já
terminaram. O projecto, que consistiu na construção de uma drenagem, com cerca de 10
quilómetros de tubagem nova, com sarjetas, 4500 metros de canais de betão, 4000 metros de
canais de gabioes, estava orçado em mais de 13 milhões de meticais para a execução das
obras na zona urbana e perurbana.
Em relação a electricidade, assiste-se, de uma forma gradual, a expansão da rede
eléctrica, sobretudo em novas zonas residenciais. Porem, sublinha-se que a maioria dos
munícipes não dispõe de energia de qualidade nas suas respectivas casas. A iluminação
publica também ainda e precária, mas a situação tem vindo a melhor a medida que a cidade
cresce.
A falta de transporte público de passageiros e também uma realidade que tira o sono dos
munícipes de Nampula. Os autocarros pertencentes a edilidade não satisfazem a procura,
contudo, um número reduzido de operadores privados garante o transporte de pessoas e bens
até as 19h00. Grande parte dos residentes, que não possuem meios circulantes próprios, e
obrigada a caminhar pelo menos sete quilómetros ou apanhar as mototaxis para chegar a casa.
Na verdade, com a escassez de transportes semicolectivos, vulgo chapas, em algumas
rotas da urbe, as motorizadas ganham terreno, tornando-se o principal meio de locomo^ao da
população. Neste negócio que a edilidade pretende fiscalizar, centenas de mototaxistas olham
para actividade como uma alternativa ao desemprego, e uma forma honesta de garantir o
sustento diário das suas respectivas famílias, ainda que informalmente.

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5. CONCLUSÃO

Desta feita findando no referente a análise dos pontos em destaque, a cidade de Nampula
debate-se com diversos problemas sociais, próprios de uma autarquia em crescimento. A
criminalidade e a falta de saneamento básico são algumas questões que preocupam os
residentes. Os bairros de Karrupeia e Namutequeliwa são os mais problemáticos. Muitas
famílias vivem sem as mínimas condições de higiene. Existem 12 unidades sanitárias (um
hospital central e geral, sete centros e cinco postos de saúde).
Aliado a essa situação esta o elevado índice de criminalidade. Se durante o dia tudo parece
normal, quando a noite chega a coisa muda. A partir das 20h:00, passar pelos labirintos do
subúrbio ou por ruelas pouco iluminadas e chegar a casa com a carteira, telemóvel ou outro
bem e um golpe de sorte. Há relatos de roubos de panelas ao lume e até bidões de água.

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6. BIBLIOGRAFIA
Anjos, A. (2011). Aplicação dos sistemas de informação geográgica e detecção remota no
monitoramento do mangal: estudo de caso da Cidade da Beira. Dissertação de Mestre
em Sistemas de Informação Geográfica. Universidade Católica de Moçambique.

Artur, S. D. (2010). Metodologia de Investigação Científica I. Beira.

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas.

Guitarrara, P. (2020). Cartografia.

Lakatos, E. M., & Marconi, M. d. (2007). Metodologia científica. São Paulo: Atlas.

Luis, A. A. (2011). Aplicação dos sistemas de informação geográfica e detecção remota no


monitoramento do mangal. Tese de Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica.
Universidade Católica de Moçambique.

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