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RESUMO
Este trabalho teve como objetivo, pesquisar sobre as produções científicas em relação
ao tema, a Comunidade de Investigação Filosófica de Mathew Lipman, no ensino
fundamental no período de 2005-2020. Partiu da necessidade de conhecer o que vem
sendo abordado sobre o tema pelos pesquisadores e quais as contribuições do ensino da
filosofia para a educação fundamental. Para realização do trabalho, adotou-se a
metodologia qualitativa exploratória e o método bibliográfico com utilização de
consultas aos bancos de dados científicos como SCIELLO, BDTD, AMPED, CAPES,
fichamentos e outros. Para a fundamentação teoria recorreu-se aos teóricos Lipman
(1995; 2001); Santos (2002); Daniel (2000); Kohan (1998); Gil (2008); Boccato (2006).
Com o resultado da pesquisa concluiu-se que dos oito trabalhos publicados no período
2005-2020, três, defendem a inserção do ensino da filosofia no currículo do ensino
fundamental. As demais obras atem-se a uma abordagem sobre o programa de Filosofia
para Crianças apresentando os fundamentos teóricos de Lipman, críticas e limitações em
relação a este e análise investigativa sobre como o programa contribui para a formação
de crianças críticas e autônomas e favorece para uma educação mais significativa.
ABSTRAT
His work aimed at researching the scientific productions related to the subject, Mathew
Lipman's Philosophical Research Community, in elementary school in 2005-2020. It
started from the need to know what has been approached on the subject by the
researchers and what are the contributions of the teaching of philosophy to elementary
education. To carry out the work, the qualitative exploratory methodology bibliographic
was adopted with the use of consultations to scientific databases such as SCIELLO,
BDTD, AMPED, CAPES, fichamentos and others. For the theoretical basis, Lipman
(1995; 2001); Santos (2002); Daniel (2000); Kohan (1998); Gil (2008); Boccato (2006)
[...] a infância é uma condição que nos acompanhada por toda a vida; um estado de espírito que
nos faz confiar em novas possibilidades, apesar de tudo parecer já fundamentado.
Fagundes (2013, p.68)
1 IINTRODUÇÃO
2
Artigo publicado em Anais do II Seminário de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB,
Grupo de Pesquisa em Formação de Professores, Educação e Contemporaneidade – FORPEC em 2016.
rendimento escolar dos alunos na interpretação de textos, na visão crítica e capacidade
de investigação (BRITO 2016).
A partir deste trabalho realizado em 2005, surgiu a necessidade de conhecer
o que vem sendo abordado sobre o tema pelos pesquisadores e principalmente, quais as
contribuições realizadas a partir dessas produções no campo da educação do ensino
fundamental nas abordagens do ensino de filosofia para as crianças e os jovens do
ensino fundamental. Para isso, traçou se os objetivos específicos como realização de
levantamento de produções textuais nos bancos de dados científicos sobre o tema da
pesquisa no período 2005-2020 e análise das informações obtidas tendo em vista se tais
estudos contribuíram para o ensino de filosofia na educação fundamental.
O ensino da filosofia no Brasil ocorreu de forma instável, dependendo do
contexto político vivido com sua exclusão no currículo escolar tornando um
aprendizado facultativo. 3No entanto, autores que abordam sobre a filosofia na
educação, defendem o impacto do ensino da filosofia como disciplina, seja ela
obrigatória ou transversal no currículo escolar para a formação do pensamento crítico
das crianças e dos adolescentes, tendo em vista, a formação de pessoas mais autônomas
em um mundo cujas exigências requer competências crítica, criativa e decisórias
(BNCC,2020).
Desse modo, colocamos nossa problemática de estudo: de que modo as
produções científicas nos cursos de pós-graduação, sobre o tema Educação para o
Pensar estão contribuindo para fomentar discussões sobre o ensino da filosofia na
educação fundamental e ampliando estudos sobre o tema?
Assim, o trabalho busca conhecer e analisar as obras publicadas sobre o
tema, com o intuito de apesentar as discussões realizadas no meio acadêmico, de modo
que estes conhecimentos possam ampliar o debate sobre o ensino de filosofia para
3
O ensino da filosofia foi implantado pelos Jesuítas no Brasil e manteve com caráter doutrinal e
confessional com algumas modificações até o final do século XIX. Em 1901 foi introduzida no currículo,
em 1911 foi excluída ficando como facultativa. Em 1925 é incluída no currículo como obrigatória no
ensino secundário. No Estado Novo ela é excluída e em 1961 com a promulgação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação a Filosofia foi colocada como disciplina complementar perdendo seu
caráter obrigatório. Em 1964 ela foi eliminada do currículo e em 1971 passa a ser substituída por
Educação Moral e Cívica – EMC e Organização Social e Política-OSPB. Em 1996 com a nova Lei de
Diretrizes de Bases apesar desta relacionar a filosofia à cidadania e ao pensamento crítico no seu artigo 35
inciso III, esta não foi colocada como obrigatória sob a alegação de não ter a mão de obra qualificada. Em
2006, as Diretrizes Curriculares Nacionais consideram a sua importância para a formação crítica dos
alunos, porém ela não será obrigatória, mas transversal aos projetos escolares. A inclusão na lei de
obrigatoriedade da filosofia só veio ser consolidada em 2008 que juntamente com a sociologia passaram a
ser incorporadas nas três séries do ensino médio. (KUBASKI; MARTINIASKI, 2018) Disponível em:
https://www.iessa.edu.br/revista/index.php/fsr/article/view/613 Acessado em: 10/06/2021
crianças e jovens em uma sociedade cuja complexidade necessita da formação de
pessoas críticas, criativas e que possam desenvolver sua capacidade de autonomia.
Para a realização do trabalho recorreu se a metodologia qualitativa
exploratória pois está conforme Gil (2018) “são desenvolvidas com o objetivo de
proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato” (p.27) e ao
método da pesquisa bibliográfica conforme Boccato (2006) quando este nos diz que “a
pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais
teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas ” (p. 2660).
Neste sentido buscou-se inicialmente conhecer de forma exploratória os
trabalhos realizados sobre o tema de estudo proposto durante o período delimitado,
mapeando os mesmos, em quadro demonstrativo (Quadro 1 - Sistematização da
produção científica por Tema e Objetivo da pesquisa) na forma de sondagem
exploratória sobre atualizações dos estudos realizados no período de 2005-2020.
Para isso, recorremos às plataformas digitais Sciello, BDTD, ANPED,
Bancos de Dados de Teses e Dissertações da CAPES.
(Autora, 2020)
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Disponível em: < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#fundamental/a-area-de-
ciencias-humanas> Acessado em: 15/06/2021
Sobre a inclusão da filosofia no ensino infantil e fundamental (FÁVERO;
CEPPAS; GONTIJO; GALLO; KOHAN; 2004, p. 267) nos dizem que:
modelos para as crianças, onde os personagens fictícios abordam temas do conteúdo filosófico,
regido pela lógica, em forma de diálogo e conversações entre os personagens, gerando
discussões na sala de aula.
o conhecimento é construído e partilhado conjuntamente e, portanto, todos se
empenham na empreitada colaborativa em busca da verdade que pode ser provisória,
lançando-se em movimento sempre em busca de novas descobertas. O método pode ser
também aplicado às outras disciplinas, porém a filosofia é a mais indicada devido à sua
natureza investigativa.
O professor é responsável pelo processo de coordenação da discussão na
comunidade e, para isso, deve garantir alguns procedimentos do pensamento das
crianças (que não haja doutrinação ou manipulação); estimular diferentes pontos de
vistas; garantir a segurança e confiança no grupo. Ele é um agente na Comunidade de
Investigação, ele é quem relaciona na aula os temas com as experiências vividas pelas
crianças; ele deve orquestrar a profusão de estilos de pensar e, ao mesmo tempo, insistir
que o pensamento seja claro, coerente e compreensivo, sem que o seu conteúdo seja
comprometido.
Seu papel não consiste em divulgar nomes, conceitos ou apresentar
respostas. O (a) professor (a) é o facilitador, cuja missão é apenas balizar as
intervenções dos estudantes durante o processo das discussões, isto é, corrigir erros de
raciocínio, despertar interesses, suscitar o questionamento filosófico. Além disso, é
preciso estar familiarizado com o processo de treinamento e com os materiais didáticos.
Ao professor cabe ainda aprofundar o diálogo, ajudar para que os estudantes
se tornem sensíveis aos temas filosóficos, saber manter o foco da discussão apesar das
digressões e usar com propriedade os materiais didáticos.
As estratégias pedagógicas consistem em agrupar ideias, sugerindo táticas
de convergências e divergências, incentivar as crianças a serem críticas, criteriosas,
organizadas racionalmente, consistentes e perceberem as consequências lógicas de atos e
pensamentos; ajudá-las a perceberem novas alternativas entre atos e pensamentos,
perceber conexões entre partes do todo, e a se desenvolverem como seres humanos
capazes de avaliar por si mesmos o mundo de modo objetivo e a se expressarem com
fluência e criticidade.
O currículo do Programa Filosofia para Crianças (SANTOS, 2002, p.75-87)
“envolve as habilidades de raciocínio inseridas dentro de seis áreas da filosofia: lógica,
teoria do conhecimento, política, estética, ética e linguagem.”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAS
ANDERY, Rita de Cassia de Campos. Filosofia na escola: uma contribuição necessária
para um espaço reflexivo e democrático. 2015. 82 f. Dissertação (Mestrado em
Educação), UNIVÁS, Pouso Alegre, 2015.
CIRINO, Maria Reilta Dantas. Filosofia com crianças: cenas de experiência em Caicó
(RN), Rio de Janeiro (RJ) e La Plata (Argentina), Universidade do Estado do Rio de
Janeiro Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Educação, Tese de
Dissertação, 2015, 297 p.
DANIEL, Marie-France, A filosofia e as crianças, São Paulo, editora Nova Alexandria,
2000.
FÁVERO, Altair A., CEPPAS, Filipe, GONTIJO, KOHAN, Walter Omar. O ensino da
filosofia no Brasil: um mapa das condições atuais, Cad. Cedes, Campinas, vol. 24, n.
64, p. 257-284, set./dez. 2004.