O documento resume um artigo que descreve como um pesquisador teve suas visões sobre poder e cuidado em sala de aula transformadas após observar a professora Pam. Pam usava autoridade moral e ritualização para garantir aprendizado e disciplina de forma inclusiva. Isso desafiou as noções iniciais do pesquisador de que poder significa opressão e mostrou como o cuidado pode estar ligado ao uso ético do poder.
O documento resume um artigo que descreve como um pesquisador teve suas visões sobre poder e cuidado em sala de aula transformadas após observar a professora Pam. Pam usava autoridade moral e ritualização para garantir aprendizado e disciplina de forma inclusiva. Isso desafiou as noções iniciais do pesquisador de que poder significa opressão e mostrou como o cuidado pode estar ligado ao uso ético do poder.
O documento resume um artigo que descreve como um pesquisador teve suas visões sobre poder e cuidado em sala de aula transformadas após observar a professora Pam. Pam usava autoridade moral e ritualização para garantir aprendizado e disciplina de forma inclusiva. Isso desafiou as noções iniciais do pesquisador de que poder significa opressão e mostrou como o cuidado pode estar ligado ao uso ético do poder.
O autor comea o texto explicando a noo aqui utilizada de Desvelo
(traduo da autora para o termo Caring): O desvelo com respeito a professores e alunos geralmente definido como uma relao de reciprocidade. (p. 121) O Estudo de NOBLIT trata-se de estudar a relao entre poder e desvelo em uma escola com maioria de estudantes negros em uma sala de aula sob responsabilidade de Pam (pseudnimo da professores responsvel pela sala) que trabalha com o mtodo do ensino centrado no professor. A partir do que presenciou na sala de Pam, o autor reconhece ter transformado sua viso quanto relao entre Poder e Desvelo em sala de aula. Percebeu que o desvelo tem, no contexto escolar, mais a ver com uso tico do poder do que com democracia.
A lio est no aprendiz
Noblit veio a campo com certos pressupostos, p. ex., de que existe
uma invarivel relao entre poder e opresso. O autor cita Foucault como uma das principais fontes neste sentido e sua noo de mecanismos de represso presente em seu livro Power and Knowledge. O estudo sobre o desvelo mais recente para Noblit e comea a partir da leitura de autoras como Carol Gilligan e Nel Noddings. a partir desses pressupostos tericos que o autor veio a campo quanto s noes de poder e desvelos, deparando-se com Pam, que o fez perceber, na verdade, a ntima relao entre essas duas noes.
O que os Professores poderosos podem ensinar a tericos da
educao
H uma tradio nos estudos acadmicos em educao que conecta
escolas e democracia, em que o foco, partindo da linha de pensamento educacional de John Dewey, que a escola transmita valores democrticos. Essa perspectiva tambm implica que os professores utilizem sua autoridade com cuidado, de modo a no promoverem uma simples represso da juventude. Noblit admite que, para ele, partindo dessa perspectiva de Dewey, uma boa sala de aula seria aquela que minimiza as diferenas de poder entre professores e alunos. (p. 124) A primeira grande quebra de paradigma do autor foi ter que aceitar que poder e desvelo podem estar conectados. Como para o autor, em funo de sua perspectiva Foulcaultiana, poder e opresso so duas noes intimamente conectadas, foi difcil entender inicialmente a relao entre poder e desvelo. Como bem explica o autor, embora bem preparado teoricamente, no estava preparado para uma mulher poderosa, que viria a destruir suas pressuposies iniciais. A definio de Pam de desvelo como autoridade moral surpreendeu Noblit. No contexto da escola estudada, Pam representa a professora ideal, com sua rigidez e severidade em sala de aula, mas tambm como a professora que resolve os casos difceis, visto que os piores alunos eram sempre encaminhados a ela. Isso tambm est associado forma como professores negros nos EUA veem as crianas, simplesmente como crianas, sendo os professores assim fundamentais em seu processo de socializao nesta perspectiva.
Ao toque do sinal de entrada
A sala de aula de Pam altamente ritualizada, com prticas ao sinal
de entrada, cantos rotineiros, comentrios e elogios. A proposta de Pam era realizada de modo que todos conseguissem aprender o que era ensinado, sendo este aprendizado constantemente verificado e relembrado. As regras da sala de aula eram extremamente rgidas e respeitadas, pois Pam atua em funo de sua autoridade moral, que conquista ao demonstrar o profundo compromisso com o aprendizado e desenvolvimento dos alunos, o que claramente reconhecido pelos mesmos. A principal estratgia de Pam no controle da disciplina em sala de aula era a demonstrao de reconhecimento dos esforos das crianas, de elogiar seus avanar, de motiv-las o tempo todo. Por fim, na sala de Pam, todos tinham responsabilidades: ela por coordenar a sala, os alunos por suas tarefas e responsabilidade de no interferir na realizao das tarefas os outros, e mesmo Noblit ganhou uma funo de rotina, como observador da sala.
A tica do aprendiz
Noblit explica que se tornou Professor Titular no Ensino Superior sem
nunca ter sido professor primrio ou secundrio. Tanto seus pressupostos tericos, como sua experincia profissional nula neste campo o fizeram resistir bastante abordagem de Pam em sala de aula. Foi com o acmulo de experincias junto a Pam que o pesquisador, aos poucos, foi transformando seu modo de entender as relaes poder e desvelo em sala de aula. Pam demonstrou que um contexto democrtico em sala de aula pode ser construdo sob a tutela de um professor com autoridade moral sob o conjunto da sala, assim, com um ensino centrado no professor, desde que o contexto em sala de aula fosse construdo em termos de relacionamento e solidariedade.
O Poder de Pam
A principal estratgia de Pam era manter um carter extremamente
ritualizado em suas prticas, que simbolizava uma viso de mundo e um sistema de crenas compartilhados. (p. 131) Noblit cita um exemplo dessa estratgia de Pam, o que ele denominou de Avaliao Pblica: tratava-se de uma rodada de perguntas e respostas entre todos os alunos, em que havia at certa competio para responder. Pam sabia socializar esse momento integrando dos alunos com mais facilidade at aqueles com maiores dificuldades de aprendizagem. Essa forma pblica de avaliao era um dos meios de Pam fortalecer a coletividade do grupo, integrando alunos com diferentes backgrounds. Esse era um fator central no trabalho de Pam que gerava um sentimento imenso de carinho entre ela e seus alunos e base para a continuidade da instruo de cada um deles.
Que relao existe entre controle e continuidade?
O ritual descrito na seo anterior revela no s o controle de Pam
sobre a classe, estabelecendo a ordem e a disciplina, mas tambm a continuidade do processo de instruo. Outro fator importante que garantia a continuidade de Pam era o fato de ser uma professora bastante assdua. O sentimento de segurana gerado por Pam tambm influi tanto no controle quanto na continuidade do trabalho em sala de aula. Pam, de certa forma, protegia as crianas de pais e direo escolar. A coletividade, o espao de sala de aula era construdo de modo a ser um espao de segurana aos alunos, o que fortalecia e garantia a continuidade da instruo de cada um deles.
Pode e Moralidade
A experincia com Pam demonstrou uma relao que Noblit no havia
previsto, do poder com o desvelo. Para o autor, a ideia de poder est relacionada a conflito de interesses, o que tambm ocorre na sala de aula de Pam. Porm, o que conseguiu entender a partir deste trabalho etnogrfico, que o desvelo ocorre quando ambas as partes envolvidas nos relacionamentos de poder so beneficiadas. Algo muito diferente ocorre em relao de poder entre funcionrio e patro, por exemplo. Noddings, em seu trabalho feminista Women and Evil, discute o papel do intelectual com respeito aos problemas polticos. Aps criticar a pedagogia do oprimido de Paulo Freire, pela falta de base na noo de solidariedade do autor, argumenta que devemos buscar uma pedagogia para os opressores, que foque em estratgias de mediao, moderao e compartilhamento.. Noblit entende que Pam aplicou nele uma pedagogia para o opressor, assim como ela o faz com a direo da escola e at em alguns pais, pessoas no geral com mais privilgios do que ela, mas que foram obrigadas, mesmo que inconscientemente, a respeit-la. O autor termina o artigo concluindo que as relaes entre poder e desvelo que estudou demonstram que no podemos reduzir as questes em sala de aula baseado na dualidade: ensino centrado no aluno x ensino centrado no professor. Essas noes simplificam demasiadamente a questo. Neste sentido, o estudo das prticas e contextos de escola predominantemente negras pode ajudar a entender novas formas de desenvolvimento da coletividade em sala de aula, assim como seus desdobramentos nas relaes entre poder e desvelo.
A Face Invisível da Violência Escolar: um estudo da violência institucional e dos mecanismos de pacificação de conflitos no âmbito da Escola Disciplinadora atual