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CAJAZEIRAS- PB
2021
VICENTE FÉLIX DE MOURA NETO
CAJAZEIRAS – PB
2021
VICENTE FÉLIX DE MOURA NETO
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Geraldo Dias Pereira (FAFIC)
ORIENTADOR
_______________________________________
Prof. Esp. Severino Elias Neto (FAFIC)
EXAMINADOR
_______________________________________
Prof. Dr. Damião Fernandes dos Santos (FAFIC)
EXAMINADOR
Dedico este Trabalho de Conclusão de
Curso a minha mãe, Francisca Pereira da
Silva (Neidinha), mulher de fibra, guerreira
forte e destemida, mãe carinhosa e
companheira e ainda, educadora exemplar.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 9
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 37
REFERÊNCIAS................................................................................................... 39
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1 INTRODUÇÃO
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Cf. HESSEN, 2000, p. 39-42.
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Filósofo francês, que desenvolveu o método estrutural. GOLDSCHMIDT, Victor. “Tempo
histórico e tempo lógico na interpretação dos sistemas filosóficos”. In: A religião de Platão.
2ª edição. São Paulo: DIFEL, 1970, 139-144.
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Conforme a pesquisa explica: “No caso de estudos pontuais, julgamos necessário
contextualizar os problemas a serem examinados, recorrendo a visão de conjunto da obra
de Nietzsche. Esse modo de proceder, assim nos parece, permite perceber nos seus textos
bem mais do que a associação livre de ideias ou justaposição de meras opiniões. [...] No
nosso entender, é de modo progressivo que ele explicita a maneira pela qual concebe seu
empreendimento filosófico” (MARTON, 2018, p. 13)
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MARTON, Scarlett. “A Filosofia de Nietzsche: Um Pragmatismo Avant La Lettre”. In: Cognitio. São
Paulo, v. 7, n. 1, p. 115-120, jan./jun. 2006.
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A ideia de que uma concepção responderia tudo não agradava mais alguns
intelectuais ingleses e norte-americanos, por isso veem a necessidade de fundar uma
nova que possibilitasse um uso prático-social.
Essa valiosa contribuição mostra qual o intuito do surgimento do pragmatismo:
buscar amenizar as divergências existentes, a partir da coerência da realidade com o
argumento defendido.
Iniciado nos Estados Unidos em meados do século XIX, o pragmatismo
vincula a corrente utilitarista com a corrente cética numa perspectiva de descartar toda
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a verdade absoluta, no entanto, admitindo aquela que seja útil socialmente, ou seja,
que admite o uso coletivo, prático e útil à sociedade, sendo rompida a dogmática-
individualista.
A corrente filosófica pragmática, fundada por Charles Peirce5, tenta chegar ao
conhecimento verídico dos argumentos verificando, assim, sua relevância e os
consequentes efeitos na sociedade. Outro grande contribuinte dessa mesma
concepção é William James, o qual agrega ao pragmatismo o “ar filosófico”. James
(apud LOPES, PIRES, PIRES, 2004), ressalta que, “uma ideia torna-se verdadeira, é
tornada verdadeira pelos acontecimentos.” É assim que a filosofia, até então,
dogmatizada deixa de ser a fonte das verdades absolutas. Segundo James (apud
LOPES, PIRES, PIRES, 2004), “As definições de Peirce, tanto de verdade quanto de
significado dependiam dos processos públicos. As definições de James para as
mesmas categorias eram bem mais subjetivas e pessoais.”
Ainda trazemos a figura de Dewey, que foi aquele apaixonado pela filosofia
surgente e que a todo custo buscou o reconhecimento da mesma como ciência. Por
isso, diz ele:
A ciência, no sentido especializado, é a elaboração de operações
cotidianas, ainda que essa elaboração assuma freqüentemente [sic]
caráter muito técnico. [...] A ciência tem seu ponto necessário de
partida nos objetos qualitativos, nos processos e nos instrumentos do
senso comum, que é o mundo do uso, da fruição e dos sofrimentos
concretos. (DEWEY apud REALE; ANTISERI, 1991, p.510)
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Filósofo estadunidense, pai da filosofia pragmática.
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outro. Do mesmo modo, Ferdinand Schiller6, que trata de uma espécie de relativismo
radical e a “filosofia do como-se” de Hans Vaihinger7. Schiller, 1905 (apud FCS
SCHILLER) “[...]é difícil... para ver por que mesmo o intelectualismo mais extremista
deve negar que a diferença entre a verdade e a falsidade de uma afirmação deve se
mostrar de alguma maneira visível.
Marcado pelo extremismo típico da cultura alemão, Schiller traz em seus
escritos uma ótima expressividade para que o realismo se sobressaia, a verdade e a
mentira não deve estar explicita, mas ser conveniente a opinião do indivíduo.
Por fim, são elencados dois nomes que acrescentam aos grandes
pragmáticos um alcance maior na geografia mundial. Trata-se de Calderoni com a
distinção entre juízos de valor e de fator na apreciação da verdade. Além de Vailat,
que propõe um novo uso do método pragmático; ele diz:
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Filósofo alemão, um dos principais nomes do pragmatismo naquele país.
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Também alemão, era um filósofo muito influente e um dos principais expoentes da filosofia
pragmática.
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que possuem um perfil de utilidade coletiva, além de uma coerência com o mundo
físico e não totalmente voltada ao mundo metafísico.
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Observemos que essa afirmação de Nunes aplica-se muito bem ao texto que é
o nosso objeto de estudo central, isto é, o escrito do jovem Nietzsche intitulado Sobre
Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral . Embora seja esse o nosso objeto principal
de estudo, cumpre adiantar alguns elementos que são do Nietzsche da maturidade,
que também já está de alguma maneira, ligado com esses aspectos do ainda jovem
pensador. Assim, segundo Nunes, passando então a transmutação dos valores, o
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em títulos das mesmas. Temos então, dentre elas Sobre Verdade e Mentira no Sentido
Extra-Moral, a qual estamos fazendo uso neste trabalho monográfico, a partir de duas
traduções, a dos Pensadores e a de Fernando de Morais Barros, ainda é possível
encontrar tais características em Genealogia da Moral, Entre o Bem e o Mal, dentre
outras.
As características mais pertinentes e que possibilitam a nossa análise
consistem naquelas próprias da filosofia pragmática ou dos pensadores/fundadores
da mesma, que, de certa forma, foram sendo despertadas nos novos integrantes e
por conseguinte naqueles que mesmo não aderindo em totalidade vieram a utilizar em
algum momento. Dessa forma, as características que perpassam as obras filosóficas
de Nietzsche e, que são típicas do pragmatismo, são: o uso de um critério de verdade
amplo, prático, voltado a realidade em que se está inserido e que sobretudo busca o
desapego do princípio metafísico.
Em sua obra Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral (2007, p. 38),
Nietzsche afirma: “[...] a partir da contraposição ao mentiroso, aquele em quem
ninguém confia e que todos excluem, o homem demonstra para si o que há de
venerável, confiável e útil na verdade.” O filósofo tenta nos mostrar que o mentiroso
não possui algo de confiável, por isso é necessário que a ele se contraponha, e o
próprio homem da verdade a traga para fora, como forma de apresentação daquilo
que lhe é útil, sublime e sobretudo digno de confiança, a verdade.
Além disso, o nosso estimado filósofo nos traz uma segura e útil afirmação
sobre a questão da metáfora intuitiva, que de certa forma está sempre presente nos
argumentos e que é tida por Nietzsche (2007, p. 38) como “individual e desprovida de
seu correlato.” Isso vem a nos mostrar que as metáforas geradas na nossa intuição
nem sempre são providas de verdade, ou melhor, de uma verdade útil para a
coletividade e correspondente ao significado daquilo que contem.
Assim, se passamos a definir algo e a conceituar a partir do nosso próprio
argumento pessoal sem antes, porém, investigar e encontrar a verdade, nos diz
Nietzsche (2007, p. 40): “uma verdade decerto é trazida à plena luz, mas ela possui
um valor limitado”, pois para ele o verdadeiro em si, é efetivo e válido universalmente.
(NIETZSCHE, 2007, p. 40) Tal afirmação nos mostra ainda, que é possível algo ser
verdadeiro, mesmo não contendo aquele aspecto característico da mesma que é a
abrangência, o ilimitado.
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Complementação sobre o impulso: “O impulso ao conhecimento tem uma origem moral.”
(NIETZSCHE, 2007, p. 72)
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niilismo. Por fim, a incorporação desses critérios na vida de Nietzsche, se dão de modo
gradativo e permanecem por toda sua vida.
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A vida humana é tida pelo filósofo alemão como uma permanente ilusão, em
que insistentemente se busca conhecer e até se consegue a inteireza nas leis da
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Imagens nos olhos humanos! Eis o que domina todo ser humano: a
partir do olho! Sujeito! O ouvido escuta o som! Uma concepção
maravilhosa e inteiramente diferente do mesmo mundo.
A arte baseia-se na inexatidão do olhar. E também na inexatidão do
ouvido para o ritmo, o temperamento etc.; nisso se fia, uma vez mais
a arte. (NIETZSCHE, 2007, p. 60- 61, grifos do autor)
7º fragmento – “Lutar por uma verdade é algo totalmente distinto de lutar pela
verdade.” (NIETZSCHE, 2007, p. 64, grifos do autor)
Afirmando que a luta por uma verdade se distingue de lutar pela verdade,
tenta explicar que a luta pela verdade útil, social e real tem mais sentido do que lutar
pela verdade íntima, particular, subjetiva e até mesmo ilusória.
Extra-Moral
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“Metáfora significa tratar como igual algo que, num dado ponto, foi reconhecido como
semelhante.” (NIETZSCHE, 2007, p. 91, grifos do autor)
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Instrumento utilizado para cunhagem de medalhas e moedas. No sentido utilizado, remonta-
nos a perda do valor verdadeiro, daquilo que à dá sentido.
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rubricar, sendo inflexível e frio, modelo próprio da lógica matemática. Por isso, cabe
ao homem o atributo de formidável gênio da construção, pois sabe construir com
delicadeza suas verdades, as quais resistirão as intempéries da vida e dos
argumentos opostos.
Também, além dessa primeira comparação, Nietzsche ainda compara o
homem com as abelhas, mais propriamente com a sabedoria das mesmas. Diz ele,
Aqui, cumpre admirá-lo muito, mas não somente por causa de seu
impulso à verdade, ao conhecimento puro das coisas. [...] é assim que
se dá com o procurar e encontrar da “verdade” no interior do domínio
da razão [...] “verdadeiro em si”, efetivo e universalmente válido.
(NIETZSCHE, 2007, p. 40)
Desse modo, ele tenta explicar que para o homem o encontro da verdade será
seu objetivo de vida, e tal processo acontece a partir da compreensão do mundo
assimilada pelas hipóteses humanas.
A partir daí, o esquecimento do mundo metafórico primitivo passaria a ser uma
verdade em si, decorrente do processo de enrijecimento e petrificação da massa
imagética e da capacidade primitiva da fantasia humana. Em suma, é pelo
esquecimento do homem enquanto sujeito, e mais propriamente, enquanto sujeito
artisticamente criador, que ele vive com certa tranquilidade, e com alguma segurança
consequentemente, o instante dessa crença. (NIETZSCHE, 2007, p. 41)
Mais adiante, em sua obra Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral
(2007), Nietzsche parece notar uma contradição no que até então se afirmava como
percepção correta, pois existiam duas percepções sobre o mundo. Diz ele,
Extra-Moral
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Distinção feita por Nietzsche na obra Sobre Verdade e Mentira no sentido Extra-Moral
(2007), como forma de chamar a atenção para aqueles que fazem uso das verdades
puramente empírica, daqueles que são usuários ou acreditam nas verdades cientificas.
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aos pilares da ciência, para que possa prestar assistência e encontra o amparo para
aquilo que se propõe executar. (NIETZSCHE, 2007, p. 46)
Desse modo, o homem de ação seria o cientista empírico, que com sua pratica
diária de observação e associação dos fatos formula argumentos verdadeiros e muitas
vezes pré-científicos. Além disso, o pesquisador/cientista partirá sempre de alguns
fatos já anteriormente observado por este homem de ação e deverá também lutar
contra as forças que irromperam se opondo às verdades científicas, que são diversas
e emblemáticas.
Entretanto, é apresentado ao negativo em relação ao ser humano, visto que
é um ser facilmente enganado e que é arrastado pela busca de qualquer felicidade.
Ele ainda culpa o intelecto de ser esse dissimulado ilusionista das escravidões
humanas.
Segundo Nietzsche (2007, p. 48, grifo do autor), afirma:
Por fim, é necessário que o homem seja conduzido pelo equilíbrio entre o
homem de ação e o pesquisador. Dessa forma, estará prestando serviço à verdade
e não será apenas escravo do intelecto.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
LOPES, Hálisson Rodrigues; PIRES, Gustavo Alves de Castro; PIRES, Carolina Lins
de Castro. A verdade pragmática. S.l.: Revista Âmbito Jurídico, 2004.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia. Vol. III. São Paulo:
Paulus, 1991.
SOUZA, Renato Ferreira de. George Herbert Mead: contribuições para a história
da psicologia social. Lavras, MG. Ago. 2021. Disponível em:
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