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Diário da República, 1.ª série — N.

º 150 — 4 de agosto de 2015 5361

3 — O procedimento de conversão é obrigatoriamente 2 — O disposto no número anterior aplica-se ao despa-


sujeito a parecer do Conselho Nacional de Cultura, através cho de extinção de anterior forma de proteção.
da secção especializada competente.
4 — A deliberação do Conselho Nacional de Cultura Artigo 71.º
refere, de forma especificada e fundamentada, a conversão
Prazo para a conversão
da anterior forma de proteção ou a respetiva extinção.
O prazo para a conversão de anteriores formas de prote-
Artigo 68.º ção de bens móveis prevista no n.º 3 do artigo 112.º da Lei
n.º 107/2001, de 8 de setembro, é de quatro anos a contar da
Audiência prévia
entrada em vigor do presente decreto-lei, podendo ser pror-
1 — Uma vez emitido o parecer referido nos n.os 3 e 4 do rogado por igual período por despacho fundamentado do
artigo anterior, a administração patrimonial competente elabora membro do Governo responsável pela área da cultura.
projeto de decisão final, o qual é sujeito a audiência prévia do
proprietário, possuidor ou titular de outro direito real de gozo Artigo 72.º
sobre o bem móvel objeto do procedimento de conversão. Procedimentos de classificação e de inventariação pendentes
2 — A audiência prévia obedece ao disposto no Código
do Procedimento Administrativo, revestindo a forma de O presente decreto-lei aplica-se, com as necessárias
consulta pública quando o número de interessados for adaptações, aos procedimentos de classificação e de in-
superior a 10. ventariação requeridos ou já abertos.
3 — A notificação para a audiência prévia indica:
Artigo 73.º
a) O sentido do projeto de decisão;
b) O local onde os interessados podem consultar o pro- Entrada em vigor
cesso administrativo; O presente decreto-lei entra em vigor no primeiro dia
c) O prazo para os interessados se pronunciarem, o qual útil do mês seguinte ao da sua publicação.
não pode ser inferior a 30 dias.
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 14 de
4 — À audiência prévia aplica-se, com as necessárias maio de 2015. — Pedro Passos Coelho — Maria Luís
adaptações, o disposto nos artigos 20.º e 21.º Casanova Morgado Dias de Albuquerque.
Promulgado em 23 de julho de 2015.
Artigo 69.º
Publique-se.
Decisão final
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
1 — Finda a audiência dos interessados, a administração
patrimonial competente elabora um relatório final do pro- Referendado em 23 de julho de 2015.
cedimento onde se apreciam as observações apresentadas
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
no âmbito da audiência prévia e o resultado de eventuais
diligências complementares.
2 — Com base no relatório referido no número anterior, Decreto-Lei n.º 149/2015
o dirigente máximo da administração patrimonial compe- de 4 de agosto
tente, consoante o caso, profere despacho de conversão da
anterior forma de proteção para inventariação, ou submete Em desenvolvimento da Lei n.º 107/2001, de 8 de se-
ao membro do Governo responsável pela área da cultura tembro, o Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, veio
proposta de conversão para classificação de interesse na- estabelecer o regime jurídico de salvaguarda do património
cional ou de interesse público ou proposta de extinção da cultural imaterial, criando um sistema de proteção legal, o
anterior forma de proteção. «Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial»,
3 — À conversão para classificação de interesse nacio- concebido, por um lado, em correspondência com o registo
nal ou classificação de interesse público aplica-se, com as patrimonial de inventário instituído pela alínea b) do n.º 2
necessárias adaptações, o disposto no artigo 23.º do artigo 16.º daquela lei, e, por outro lado, para cumpri-
4 — A extinção da anterior forma de proteção faz-se mento pelo Estado Português do disposto em matéria de
por despacho do membro do Governo responsável pela elaboração de inventários do património cultural imaterial
área da cultura, o qual, de forma resumida, fundamenta no n.º 1 do artigo 12.º da Convenção para a Salvaguarda do
aquela extinção. Património Cultural Imaterial, adotada na 32.ª Conferência
5 — A decisão final é notificada ao proprietário, pos- Geral da UNESCO, em Paris em 17 de outubro de 2003,
suidor ou titular de outro real de gozo sobre o bem móvel, aprovada pela Resolução da Assembleia da República
devendo a notificação indicar expressamente os efeitos n.º 12/2008, de 24 de janeiro, e ratificada pelo Decreto do
decorrentes do ato de conversão. Presidente da República n.º 28/2008, de 26 de março.
O Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, preconizou
Artigo 70.º a implementação deste sistema de proteção legal do pa-
trimónio cultural imaterial consubstanciada na criação de
Publicação da decisão final
uma base dados em linha de acesso público, que suporta a
1 — Os decretos e portarias de conversão para classifi- realização do procedimento de inventariação do património
cação, bem como os despachos de conversão para inven- cultural imaterial de forma integralmente desmaterializada,
tariação, obedecem ao disposto no n.º 9 do artigo 3.º, são com recurso às tecnologias da informação, tendo a gestão
publicados no Diário da República e disponibilizados nos deste sistema, operacionalizado desde 2011 através da base
termos estabelecidos, respetivamente, nos artigos 25.º e 46.º de dados do «Inventário Nacional do Património Cultural
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Imaterial», sido cometida ao Instituto dos Museus e da Por outro lado, realça-se o caráter eminentemente par-
Conservação, I. P., entidade então responsável pela coor- ticipativo do «Inventário Nacional do Património Cultural
denação das diversas iniciativas no âmbito da salvaguarda Imaterial», do que decorre que a iniciativa da proteção
do património imaterial. legal de uma manifestação de património cultural imaterial
Para além da instituição daquele mecanismo de proteção deve resultar do envolvimento ativo das comunidades,
legal do património imaterial, o Decreto-Lei n.º 139/2009, dos grupos e dos indivíduos que se constituem como os
de 15 de junho, criou a Comissão para o Património Cul- respetivos detentores.
tural Imaterial, enquanto órgão independente dotado de Finalmente, destaca-se a obrigatoriedade de inscrição
competências consultivas e deliberativas, designadamente de uma manifestação de património cultural imaterial no
quanto à decisão sobre os diversos tipos de registo em que «Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial»
se concretiza a proteção legal do património cultural ima- previamente à sua eventual candidatura à «Lista Represen-
terial, o registo de inventariação e o registo de salvaguarda tativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade»
urgente, assim como sobre os respetivos procedimentos de ou à «Lista do Património Cultural Imaterial que necessita
revisão e atualização. de Salvaguarda Urgente».
Entretanto, de acordo com o Plano de Redução e Melho- Neste processo de revisão reiteram-se os princípios
ria da Administração Central (PREMAC), o Decreto-Lei fundamentais do regime jurídico de salvaguarda do pa-
n.º 126-A/2011, de 29 de dezembro, alterado pelos Decretos- trimónio cultural imaterial, entre os quais o reconheci-
-Leis n.os 167-A/2013, de 31 de dezembro, 31/2014, de 27 mento: da importância e diversidade do património cultural
de fevereiro, e 24/2015, de 6 de fevereiro, procedeu à ex- imaterial enquanto fator essencial para a preservação da
tinção da Comissão para o Património Cultural Imaterial, identidade e memória coletivas das comunidades, grupos
determinando a integração das suas atribuições, no domínio e indivíduos; do papel de especial importância que de-
consultivo, no Conselho Nacional de Cultura e, nos do- sempenham as autarquias locais na promoção e apoio ao
mínios instrutório e decisório, na nova Direção-Geral do conhecimento, defesa e valorização das manifestações do
Património Cultural, resultante da fusão do Instituto dos património cultural imaterial das respetivas comunidades,
Museus e da Conservação, I. P., com o Instituto de Gestão incluindo as minorias étnicas que as integram; do papel
do Património Arquitetónico e Arqueológico, I. P., e a Di- determinante que desempenham as direções regionais da
reção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo. cultura, enquanto administração cultural de proximidade,
Em conformidade com o Decreto-Lei n.º 126-A/2011, no apoio às comunidades, grupos ou indivíduos para a
de 29 de dezembro, alterado pelos Decretos-Leis proteção legal do respetivo património cultural imaterial;
n.os 167-A/2013, de 31 de dezembro, 31/2014, de 27 de da importância de que se reveste o «Inventário Nacional
do Património Cultural Imaterial» como enquadramento
fevereiro, e 24/2015, de 6 de fevereiro, o Decreto-Lei
técnico e metodológico de referência a nível nacional para
n.º 115/2012, de 25 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
a identificação, estudo e documentação de uma manifes-
n.º 205/2012, de 31 de agosto, veio estabelecer a sucessão
tação de património cultural imaterial, assim como para
da Direção-Geral do Património Cultural nas atribuições da
a implementação das respetivas medidas de salvaguarda;
Comissão para o Património Cultural Imaterial nos domí- e, por fim, da importância do «Inventário Nacional do
nios das competências instrutórias e decisórias, conferindo- Património Cultural Imaterial» para a promoção da sal-
-lhe expressamente atribuições no que respeita a assegurar vaguarda integrada do património cultural imaterial e do
os procedimentos de inventariação. património cultural móvel e ou imóvel que eventualmente
Por seu turno, o Decreto-Lei n.º 132/2013, de 13 de se lhe encontra associado.
setembro, reestruturou o Conselho Nacional de Cultura, Além disso, reitera-se que, para efeitos de aplicação
atribuindo à Secção dos Museus, da Conservação e Res- do Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, apenas se
tauro e do Património Imaterial as competências no domí- considera como património cultural imaterial o património
nio consultivo anteriormente detidas pela Comissão para que se mostre compatível com as disposições nacionais e
o Património Cultural Imaterial. internacionais que vinculem o Estado Português em maté-
Neste contexto, torna-se necessário proceder à revisão e ria de direitos humanos, bem como com as exigências de
atualização do Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, respeito mútuo entre comunidades, grupos e indivíduos.
conformando o regime jurídico do património cultural Por fim, reconhece-se a importância do património
imaterial com as alterações entretanto verificadas, nomea- cultural imaterial na articulação com outras políticas sec-
damente no que se refere à integração na Direção-Geral toriais, e na própria internacionalização da cultura por-
do Património Cultural das competências instrutórias e tuguesa, e estabelece-se, de forma pioneira, um sistema
decisórias da extinta Comissão para o Património Cultural de inventariação através de uma base de dados de acesso
Imaterial. público que permite a participação das comunidades, dos
Por um lado, considerando o tempo entretanto decorrido grupos ou dos indivíduos na defesa e valorização do pa-
e a experiência de aplicação do regime jurídico instituído trimónio cultural imaterial, designadamente do património
pelo Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, importa que criam, mantêm e transmitem.
melhor explicitar ou desenvolver conceitos, princípios e Valoriza-se, assim, o papel que a vivência e o reconhe-
mecanismos fundamentais constantes do diploma. cimento do património cultural imaterial desempenham
De entre estes deve ser destacada a vinculação exclusiva na sedimentação das identidades coletivas, a nível local
do regime jurídico de salvaguarda do património cultural e nacional, ao mesmo tempo que se propicia um espaço
imaterial ao conceito de património cultural imaterial de- privilegiado de diálogo, conhecimento e compreensão
finido pelo artigo 2.º da Convenção da UNESCO de 2003, mútuos entre diferentes tradições.
com correspondência direta no universo dos testemunhos É precisamente o reconhecimento da importância e
etnográficos ou antropológicos a que se refere o n.º 1 do diversidade do património cultural imaterial enquanto fa-
artigo 91.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro. tor essencial para a preservação da identidade e memória
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coletivas das comunidades e grupos, bem como da rele- 2 — À Direção-Geral do Património Cultural cabe a
vância do papel desempenhado por estes nos processos de responsabilidade da coordenação das diversas iniciativas
representação e transmissão do conhecimento, que norteia a desenvolver no âmbito da salvaguarda do património
o regime jurídico de salvaguarda desenvolvido pelo pre- cultural imaterial.
sente decreto-lei. 3 — À Direção-Geral do Património Cultural com-
Foram ouvidos o Conselho Nacional de Cultura, a As- pete decidir sobre os pedidos de registo de inventariação
sociação Nacional de Municípios Portugueses, a Comissão e de registo de salvaguarda urgente no «Inventário Na-
Nacional de Proteção de Dados, a Comissão Nacional cional do Património Cultural Imaterial», assim como
da UNESCO e o Centro em Rede de Investigação em decidir sobre os respetivos procedimentos de revisão
Antropologia. e atualização.
Assim: 4 — As direções regionais de cultura prestam apoio
No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido às comunidades, grupos ou indivíduos na inventaria-
pela Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, e nos termos da ção de manifestações do património cultural imaterial,
alínea c) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Go- respeitando as normas, metodologias e procedimentos
verno decreta o seguinte: de salvaguarda estabelecidos pela Direção-Geral do
Património Cultural.
Artigo 1.º 5 — As direções regionais de cultura desenvolvem,
Objeto
em articulação com a Direção-Geral do Património
Cultural, estratégias e ações para a salvaguarda de ma-
O presente decreto-lei procede à primeira alteração ao nifestações do património cultural imaterial envolvendo
Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, que estabelece as comunidades, grupos e indivíduos.
o regime jurídico de salvaguarda do património cultural 6 — A Direção-Geral das Artes presta, em articula-
imaterial. ção com a Direção-Geral do Património Cultural e as
direções regionais de cultura, o apoio à divulgação e à
Artigo 2.º valorização de manifestações do património cultural
Alteração ao Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho
imaterial, sempre que adequado.

Os artigos 1.º, 4.º, 6.º a 20.º e 28.º do Decreto-Lei Artigo 6.º


n.º 139/2009, de 15 de junho, passam a ter a seguinte re-
Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
dação:
1 — A proteção legal do património cultural ima-
«Artigo 1.º terial, através de registo no «Inventário Nacional do
[...]
Património Cultural Imaterial», constitui componente
indispensável da salvaguarda do património cultural
1 — O presente decreto-lei estabelece o regime ju- imaterial à escala nacional.
rídico de salvaguarda do património cultural imaterial, 2 — Para efeitos do presente decreto-lei, o registo de
compreendendo as medidas de salvaguarda e o proce- uma manifestação do património cultural imaterial no
dimento de proteção legal. «Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial»
2 — Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se consiste num procedimento participativo, que resulta do
por «património cultural imaterial» as manifestações consentimento e, preferencialmente, do envolvimento
culturais expressas em práticas, representações, co- ativo das comunidades, dos grupos e dos indivíduos que
nhecimentos e aptidões, de caráter tradicional, inde- se constituem como detentores da respetiva manifesta-
pendentemente da sua origem popular ou erudita, que ção do património cultural imaterial.
as comunidades, os grupos e os indivíduos reconheçam 3 — O procedimento de proteção legal do património
como fazendo parte integrante do seu património cultu- cultural imaterial realiza-se, de forma desmaterializada,
ral, e que, sendo transmitidas de geração em geração, são através da base de dados do «Inventário Nacional do
constantemente recriadas pelas comunidades e grupos Património Cultural Imaterial», em linha e de acesso
em função do seu meio, da sua interação com a natu- público.
reza e da sua história, incutindo-lhes um sentimento de 4 — Atendendo à sua dinâmica específica, uma ma-
identidade coletiva. nifestação do património cultural imaterial é proposta
3 — O património cultural imaterial, tal como de- para inscrição:
finido no número anterior, manifesta-se nos seguintes
domínios: a) No registo de inventariação, sempre que a sua
viabilidade futura não se encontre comprometida;
a) [Anterior alínea a) do n.º 2]; b) No registo de salvaguarda urgente, sempre que a
b) [Anterior alínea b) do n.º 2]; sua viabilidade futura se encontre comprometida, de-
c) [Anterior alínea c) do n.º 2]; signadamente devido a ameaças e riscos significativos.
d) [Anterior alínea d) do n.º 2];
e) [Anterior alínea e) do n.º 2]. Artigo 7.º
[...]
4 — (Anterior n.º 3.)
1 — A base de dados referida no n.º 3 do artigo an-
Artigo 4.º terior compreende os domínios identificados no n.º 3
do artigo 1.º, que integram categorias predefinidas de
[...]
manifestações de património cultural imaterial, e deve
1 — [...]. permitir, designadamente, o acesso aos respetivos ele-
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mentos de documentação bibliográfica, fotográfica, d) Os modos em que se processa a transmissão da


fonográfica ou audiovisual do património inventariado. manifestação do património cultural imaterial;
2 — [...]. e) As ameaças e os riscos suscetíveis de comprome-
3 — Compete à Direção-Geral do Património Cul- ter a viabilidade futura da manifestação do património
tural gerir a base de dados referida no presente artigo. cultural imaterial;
4 — [Revogado.] f) As medidas de salvaguarda propostas para assegu-
rar a valorização e a viabilidade futura da manifestação
Artigo 8.º do património cultural imaterial;
[...] g) [...]
h) [...].
1 — O pedido de proteção legal de uma manifestação
do património cultural imaterial é dirigido à Direção- Artigo 11.º
-Geral do Património Cultural através de formulário
eletrónico próprio disponibilizado na página eletró- [...]
nica do «Inventário Nacional do Património Cultural Na aplicação dos critérios referidos no artigo anterior,
Imaterial». a Direção-Geral do Património Cultural pondera os
2 — [...]. contextos que, pelo seu valor de testemunho, possuam
3 — Os elementos constantes das alíneas a), b) e c) com aqueles uma relação interpretativa e informativa,
do número anterior são, desde logo, disponibilizados na designadamente os bens móveis ou imóveis que consti-
base de dados do «Inventário Nacional do Património tuem o suporte material da manifestação do património
Cultural Imaterial», mediante autorização expressa do cultural imaterial.
proponente.
4 — [...]. Artigo 12.º
5 — As observações quando manifestamente desade-
quadas aos fins da proteção legal podem ser removidas [...]
por iniciativa da Direção-Geral do Património Cultural A Direção-Geral do Património Cultural convida ao
ou mediante pedido fundamentado de qualquer inte- aperfeiçoamento do pedido de inventariação quando não
ressado. estiverem satisfeitos os elementos referidos no n.º 2 do
6 — O formulário eletrónico referido no n.º 1, as artigo 8.º, e, se o julgar necessário, quando se tratem de
respetivas normas de preenchimento e os elementos informações necessárias ao desenvolvimento normal do
relevantes a constar da fundamentação do pedido de procedimento ou que impeçam a tomada de decisão.
proteção legal de uma manifestação do património cul-
tural imaterial são aprovados por portaria do membro
Artigo 13.º
do Governo responsável pela área da cultura.
[...]
Artigo 9.º 1 — Sempre que estejam em causa decisões sobre o
[...] registo no «Inventário Nacional do Património Cultural
O pedido de proteção legal de uma manifestação do Imaterial», a Direção-Geral do Património Cultural pede
património cultural imaterial é arquivado, dispensando a parecer às direções regionais de cultura e às câmaras
consulta pública prevista no presente decreto-lei, quando municipais relevantes em função da abrangência territo-
o objeto do pedido: rial da manifestação do património cultural imaterial, a
emitir no prazo de 40 dias, caso as mesmas entidades não
a) Não integre, manifestamente, o conceito de pa- sejam o proponente do procedimento de proteção legal.
trimónio cultural imaterial, a que se refere o n.º 2 do 2 — Quando estejam em causa manifestações do pa-
artigo 1; trimónio cultural imaterial no âmbito de práticas, rituais
b) Não tenha enquadramento direto e exclusivo num e eventos religiosos, a Direção-Geral do Património
dos domínios identificados no n.º 3 do artigo 1.º, Cultural pede parecer à respetiva igreja ou comunidade
c) Não demonstre, manifestamente, ter resultado do religiosa, a emitir no prazo previsto no número anterior,
consentimento das comunidades, grupos e ou indivíduos caso as mesmas entidades não sejam o proponente do
que se constituem como respetivos detentores; procedimento de proteção legal.
d) [Anterior alínea b)]. 3 — [...].
4 — A Direção-Geral do Património Cultural pode,
Artigo 10.º ainda, solicitar a emissão de parecer ao Conselho Na-
[...] cional de Cultura, através da secção especializada com-
petente, bem como consultar entidades de reconhecido
Na apreciação dos pedidos de proteção legal são tidos mérito no âmbito da investigação e salvaguarda de uma
em conta, individual ou conjuntamente, os seguintes manifestação do património cultural imaterial, desig-
critérios: nadamente instituições produtoras de conhecimento
a) [...] sobre o universo dos testemunhos etnográficos ou an-
b) Os processos sociais e culturais nos quais teve tropológicos, a que se refere o n.º 1 do artigo 91.º da
origem e se desenvolveu a manifestação do património Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro.
cultural imaterial até ao presente; 5 — Nos pedidos de parecer e nas comunicações
c) As dinâmicas de que são objeto a manifestação do previstos no presente artigo devem ser utilizados meios
património cultural imaterial na contemporaneidade; eletrónicos, salvo quando, fundamentadamente, tal uti-
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lização seja impossível, ineficiente ou outras razões de Imaterial da Humanidade» face aos domínios a que se
fundado interesse público o justifiquem. refere o n.º 3 do artigo 1.º, é assegurada a inscrição
6 — São aplicáveis subsidiariamente aos pareceres prévia de, pelo menos, uma manifestação do património
previsto no presente artigo as regras constantes do Có- cultural imaterial relativa àquele elemento no registo de
digo do Procedimento Administrativo, independente- inventariação do «Inventário Nacional do Património
mente da natureza da entidade consultada. Cultural Imaterial».
4 — Sempre que verificada a maior amplitude ou
Artigo 14.º transversalidade de um elemento considerado para can-
[...]
didatura à «Lista do Património Cultural Imaterial que
necessita de Salvaguarda Urgente» face aos domínios
1 — A Direção-Geral do Património Cultural pro- a que se refere o n.º 3 do artigo 1.º, é assegurada a ins-
move consulta pública do projeto de decisão de prote- crição prévia de, pelo menos, uma manifestação do
ção legal de uma manifestação do património cultural património cultural imaterial relativa àquele elemento no
imaterial através de aviso a publicar no Diário da Repú- registo de salvaguarda urgente do «Inventário Nacional
blica, o qual deve prever o recurso a meios eletrónicos do Património Cultural Imaterial».
para a participação, nomeadamente o recurso a meios
eletrónicos específicos para a Administração Pública e Artigo 17.º
a plataformas de participação cívica de âmbito geral.
[...]
2 — [...].
3 — [...]: 1 — É admissível o registo no «Inventário Nacional
a) [...] do Património Cultural Imaterial» de uma manifestação
b) Os elementos que permitam a identificação clara do património cultural imaterial dispensando a consulta
e inequívoca da manifestação do património cultural pública prevista no artigo 14.º, desde que comprovada
imaterial objeto de proteção legal; a necessidade de salvaguarda urgente.
c) [...] 2 — O pedido de registo de salvaguarda urgente no
d) [...]. «Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial»
de uma manifestação do património cultural imaterial
4 — As direções regionais de cultura, em articulação obedece ao disposto no artigo 8.º
com a Direção-Geral do Património Cultural, promovem
a mais ampla divulgação da consulta pública junto das Artigo 18.º
câmaras municipais relevantes, em função da abrangên- Revisão
cia da manifestação do património cultural imaterial,
bem como das comunidades, grupos ou indivíduos a 1 — O registo de inventariação ou de salvaguarda
que a mesma manifestação respeite. urgente de uma manifestação do património cultural
imaterial é objeto de revisão ordinária em período de
Artigo 15.º 10 anos, sem prejuízo de revisão em período inferior
sempre que sejam conhecidas alterações relevantes.
[...] 2 — O pedido de revisão ordinária é apresentado até
1 — Concluído o período de consulta pública, a 180 dias antes do termo do período referido no número
Direção-Geral do Património Cultural, decide sobre o anterior.
pedido de proteção legal no prazo de 120 dias. 3 — O pedido de revisão a que se refere o presente
2 — A decisão é publicada no Diário da República artigo obedece, com as necessárias adaptações, à apre-
e divulgada nas páginas eletrónicas da Direção-Geral sentação dos elementos referidos nos n.os 1 e 2 do ar-
do Património Cultural e das direções regionais de cul- tigo 8.º, à aplicação dos critérios referidos no artigo 10.º
tura. e dos contextos referidos no artigo 11.º, bem como à
aplicação dos procedimentos administrativos referidos
Artigo 16.º nos artigos 12.º a 15.º
4 — Qualquer interessado pode suscitar, a todo o
Salvaguarda do património cultural tempo e nos termos do disposto no número anterior, a
imaterial à escala internacional
revisão extraordinária do registo de inventariação ou de
1 — A inscrição de uma manifestação do património salvaguarda urgente de uma manifestação do património
cultural imaterial no registo de inventariação do «In- cultural imaterial.
ventário Nacional do Património Cultural Imaterial»
constitui condição prévia e indispensável para a sua Artigo 19.º
eventual candidatura à «Lista Representativa do Patri- [...]
mónio Cultural Imaterial da Humanidade».
2 — A inscrição de uma manifestação do património 1 — Os bens móveis suporte de manifestações do
cultural imaterial no registo de salvaguarda urgente do património cultural imaterial registadas no «Inventário
«Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial» Nacional do Património Cultural Imaterial», bem como
constitui condição prévia e indispensável para a sua os elementos gráficos, sonoros, audiovisuais usados
eventual candidatura à «Lista do Património Cultural na respetiva documentação, devem ser, sempre que
Imaterial que necessita de Salvaguarda Urgente». adequado, objeto de incorporação ou de depósito em
3 — Sempre que verificada a maior amplitude ou museu com vista à sua salvaguarda.
transversalidade de um elemento considerado para can- 2 — [...].
didatura à «Lista Representativa do Património Cultural 3 — [...].
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Artigo 20.º ANEXO

[...]
(a que se refere o artigo 4.º)
1 — As manifestações do património cultural imaterial
registadas no «Inventário Nacional do Património Cultu- Republicação do Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho
ral Imaterial» devem ser consideradas na elaboração de
programas sectoriais no âmbito do ordenamento do terri-
tório, do ambiente, da educação e formação e do turismo. CAPÍTULO I
2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, Disposições gerais
as direções regionais de cultura, em articulação com a
Direção-Geral do Património Cultural e com as comuni- Artigo 1.º
dades, grupos ou indivíduos interessados, devem planear
e executar as medidas de salvaguarda que promovam Objeto e âmbito de aplicação
o conhecimento, a representação e a transmissão dos 1 — O presente decreto-lei estabelece o regime jurídico
modos de produção ou reprodução associados às ma- de salvaguarda do património cultural imaterial, compreen-
nifestações do património cultural imaterial constantes dendo as medidas de salvaguarda e o procedimento de
do inventário. proteção legal.
3 — A proteção legal de uma manifestação do pa-
2 — Para efeitos do presente decreto-lei, entende-se por
trimónio cultural imaterial pode determinar a inventa-
«património cultural imaterial» as manifestações culturais
riação ou a classificação dos bens móveis ou imóveis
que representem o seu suporte material e que revelem expressas em práticas, representações, conhecimentos e
especial interesse etnográfico ou antropológico. aptidões, de caráter tradicional, independentemente da sua
origem popular ou erudita, que as comunidades, os grupos
Artigo 28.º e os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante
[...]
do seu património cultural, e que, sendo transmitidas de
geração em geração, são constantemente recriadas pelas
1 — A Direção-Geral do Património Cultural divulga comunidades e grupos em função do seu meio, da sua
na página eletrónica do «Inventário Nacional do Patri- interação com a natureza e da sua história, incutindo-lhes
mónio Cultural Imaterial» as decisões referidas no n.º 3 um sentimento de identidade coletiva.
do artigo 4.º, bem como no sistema de pesquisa online de 3 — O património cultural imaterial, tal como defi-
informação pública que indexa todos os conteúdos públi- nido no número anterior, manifesta-se nos seguintes do-
cos dos sítios na Internet das entidades públicas, previsto mínios:
no artigo 49.º do Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de abril,
alterado pelos Decretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de março, a) Tradições e expressões orais, incluindo a língua como
72-A/2010, de 16 de junho, e 73/2014, de 13 de maio. vetor do património cultural imaterial;
2 — A informação e os dados referidos no número b) Expressões artísticas e manifestações de carácter
anterior devem ser disponibilizados em formatos aber- performativo;
tos, que permitam a leitura por máquina, nos termos da c) Práticas sociais, rituais e eventos festivos;
Lei n.º 36/2011, de 21 de junho.» d) Conhecimentos e práticas relacionados com a natu-
reza e o universo;
Artigo 3.º e) Competências no âmbito de processos e técnicas
Norma revogatória
tradicionais.

São revogados o n.º 4 do artigo 7.º, os artigos 21.º a 4 — Para efeitos de aplicação do presente decreto-lei,
27.º e o artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 apenas se considera património cultural imaterial o pa-
de junho. trimónio que se mostre compatível com as disposições
Artigo 4.º nacionais e internacionais que vinculem o Estado Portu-
Republicação guês em matéria de direitos humanos, bem como com as
exigências de respeito mútuo entre comunidades, grupos
É republicado em anexo ao presente decreto-lei, do qual e indivíduos.
faz parte integrante, o Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de
junho, com a redação atual. Artigo 2.º
Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 14 de Princípios gerais
maio de 2015. — Pedro Passos Coelho — Maria Luís
Casanova Morgado Dias de Albuquerque — António de 1 — O regime previsto no presente decreto-lei obedece
Magalhães Pires de Lima — Jorge Manuel Lopes Moreira aos seguintes princípios:
da Silva — Nuno Paulo de Sousa Arrobas Crato — Luís a) Prevenção, através da identificação, documentação
Pedro Russo da Mota Soares. e estudo do património cultural imaterial com vista à res-
Promulgado em 23 de julho de 2015. petiva salvaguarda;
b) Equivalência, ao considerar o valor intrínseco dos
Publique-se. diferentes tipos de manifestações do património cultural
O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA. imaterial num plano de igualdade, independentemente do
tempo, lugar e modos da sua produção ou reprodução,
Referendado em 23 de julho de 2015.
bem como do contexto e dinâmica específicos de cada
O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho. comunidade ou grupo;
Diário da República, 1.ª série — N.º 150 — 4 de agosto de 2015 5367

c) Participação, através do estímulo e garantia do envol- Artigo 4.º


vimento das comunidades, dos grupos e dos indivíduos no Especiais deveres das entidades públicas
processo de salvaguarda e gestão do património cultural
imaterial, designadamente do património que criam, man- 1 — Constituem especiais deveres das entidades pú-
têm e transmitem; blicas:
d) Transmissão, através de medidas que promovam as a) Cooperar institucionalmente na salvaguarda das ma-
condições de reprodução das manifestações do património nifestações do património cultural imaterial;
cultural imaterial; b) Promover o uso de meios gráficos, sonoros, audiovi-
e) Acessibilidade, através da informação e divulgação suais, ou outros mais adequados, na identificação, docu-
públicas de forma sistematizada do património cultural mentação, estudo e divulgação de manifestações do patri-
imaterial, de modo a garantir o seu conhecimento e valo- mónio cultural imaterial para efeitos da sua salvaguarda;
rização, bem como a sensibilização para a sua existência, c) Fomentar o acesso à informação relativa às manifes-
através da sua adequada identificação, documentação, tações do património cultural imaterial;
estudo e fruição. d) Assegurar a compatibilização e progressiva intero-
peratividade de bases de dados referentes a manifestações
2 — A aplicação dos princípios referidos no número do património cultural imaterial.
anterior subordina-se e articula-se com os princípios ge-
rais da política e do regime de proteção e valorização do 2 — À Direção-Geral do Património Cultural cabe a
património cultural previstos na Lei n.º 107/2001, de 8 responsabilidade da coordenação das diversas iniciativas
de setembro. a desenvolver no âmbito da salvaguarda do património
cultural imaterial.
Artigo 3.º 3 — À Direção-Geral do Património Cultural compete
decidir sobre os pedidos de registo de inventariação e de
Componentes da política de salvaguarda registo de salvaguarda urgente no «Inventário Nacional do
A política de salvaguarda do património cultural ima- Património Cultural Imaterial», assim como decidir sobre
terial integra especificamente as seguintes componentes: os respetivos procedimentos de revisão e atualização.
4 — As direções regionais de cultura prestam apoio
a) Promoção da salvaguarda do património cultural às comunidades, grupos ou indivíduos na inventariação
imaterial enquanto testemunho da identidade e memória de manifestações do património cultural imaterial, res-
coletivas; peitando as normas, metodologias e procedimentos de
b) Previsão de medidas para a salvaguarda do patri- salvaguarda estabelecidos pela Direção-Geral do Patri-
mónio cultural imaterial na atividade de planeamento da mónio Cultural.
Administração Pública; 5 — As direções regionais de cultura desenvolvem, em
c) Definição e difusão de normas, metodologias e pro- articulação com a Direção-Geral do Património Cultural,
cedimentos para a salvaguarda do património cultural estratégias e ações para a salvaguarda de manifestações do
imaterial; património cultural imaterial envolvendo as comunidades,
d) Garantia de apoio técnico por entidades públicas na grupos e indivíduos.
salvaguarda do património cultural imaterial das comunida- 6 — A Direção-Geral das Artes presta, em articulação
des, grupos ou indivíduos, incluindo as minorias étnicas; com a Direção-Geral do Património Cultural e as direções
e) Apoio a programas e projetos de salvaguarda de tra- regionais de cultura, o apoio à divulgação e à valorização
dições e expressões orais, das expressões artísticas e ma- de manifestações do património cultural imaterial, sempre
nifestações de carácter performativo, das práticas sociais, que adequado.
rituais e eventos festivos, dos conhecimentos e práticas
relacionados com a natureza e o universo e das compe- CAPÍTULO II
tências no âmbito dos processos, das técnicas e saberes
tradicionais; Inventariação do património cultural imaterial
f) Apoio aos museus da Rede Portuguesa de Museus na
realização de estudos sobre o património cultural imaterial Artigo 5.º
relacionado com os respetivos acervos; Iniciativa
g) Fomento de estudos científicos, técnicos e artísticos,
A iniciativa para a inventariação pertence ao Estado,
bem como de metodologias de pesquisa, com vista a uma
às Regiões Autónomas, às autarquias locais ou a qual-
salvaguarda efetiva do património cultural imaterial; quer comunidade, grupo ou indivíduo ou organização não-
h) Desenvolvimento de programas educativos, desig- -governamental de interessados.
nadamente a partir de museus;
i) Elaboração de programas sustentados de aprendi- Artigo 6.º
zagem e de desenvolvimento de tecnologias e saberes
tradicionais; Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial
j) Promoção de campanhas de sensibilização, educação 1 — A proteção legal do património cultural imaterial,
e informação a nível nacional, regional e local sobre a im- através de registo no «Inventário Nacional do Património
portância da salvaguarda do património cultural imaterial; Cultural Imaterial», constitui componente indispensável
l) Cooperação com autarquias locais, estabelecimentos da salvaguarda do património cultural imaterial à escala
de ensino superior, centros de investigação e associações nacional.
de defesa do património cultural com vista à salvaguarda 2 — Para efeitos do presente decreto-lei, o registo de
do património cultural imaterial. uma manifestação do património cultural imaterial no
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«Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial» n) As práticas costumeiras de divulgação e acesso;


consiste num procedimento participativo, que resulta do o) A documentação relevante.
consentimento e, preferencialmente, do envolvimento
ativo das comunidades, dos grupos e dos indivíduos que 3 — Os elementos constantes das alíneas a), b) e c)
se constituem como detentores da respetiva manifestação do número anterior são, desde logo, disponibilizados na
do património cultural imaterial. base de dados do «Inventário Nacional do Património
3 — O procedimento de proteção legal do património Cultural Imaterial», mediante autorização expressa do
cultural imaterial realiza-se, de forma desmaterializada, proponente.
através da base de dados do «Inventário Nacional do Patri- 4 — Os elementos referidos no número anterior podem
mónio Cultural Imaterial», em linha e de acesso público. ser objeto de observações por qualquer interessado devida-
4 — Atendendo à sua dinâmica específica, uma mani- mente identificado para o efeito na base de dados.
festação do património cultural imaterial é proposta para 5 — As observações quando manifestamente desade-
inscrição: quadas aos fins da proteção legal podem ser removidas
a) No registo de inventariação, sempre que a sua viabi- por iniciativa da Direção-Geral do Património Cultural ou
lidade futura não se encontre comprometida; mediante pedido fundamentado de qualquer interessado.
b) No registo de salvaguarda urgente, sempre que a sua 6 — O formulário eletrónico referido no n.º 1, as respe-
viabilidade futura se encontre comprometida, designada- tivas normas de preenchimento e os elementos relevantes
mente devido a ameaças e riscos significativos. a constar da fundamentação do pedido de proteção legal
de uma manifestação do património cultural imaterial são
Artigo 7.º aprovados por portaria do membro do Governo responsável
pela área da cultura.
Base de dados
1 — A base de dados referida no n.º 3 do artigo ante- Artigo 9.º
rior compreende os domínios identificados no n.º 3 do Arquivamento
artigo 1.º, que integram categorias predefinidas de mani-
festações de património cultural imaterial, e deve permitir, O pedido de proteção legal de uma manifestação do
designadamente, o acesso aos respetivos elementos de património cultural imaterial é arquivado, dispensando a
documentação bibliográfica, fotográfica, fonográfica ou consulta pública prevista no presente decreto-lei, quando
audiovisual do património inventariado. o objeto do pedido:
2 — As categorias predefinidas referidas no número a) Não integre, manifestamente, o conceito de patrimó-
anterior são aprovadas por portaria do membro do Governo
nio cultural imaterial, a que se refere o n.º 2 do artigo 1;
responsável pela área da cultura.
b) Não tenha enquadramento direto e exclusivo num dos
3 — Compete à Direção-Geral do Património Cultural
domínios identificados no n.º 3 do artigo 1.º,
gerir a base de dados referida no presente artigo.
4 — [Revogado.] c) Não demonstre, manifestamente, ter resultado do
consentimento das comunidades, grupos e ou indivíduos
Artigo 8.º que se constituem como respetivos detentores;
d) Viole as disposições nacionais em matéria de proteção
Elementos de direitos, liberdades e garantias, ou se revele incompa-
1 — O pedido de proteção legal de uma manifestação tível com o direito internacional relativo à proteção dos
do património cultural imaterial é dirigido à Direção-Geral direitos humanos.
do Património Cultural através de formulário eletrónico
próprio disponibilizado na página eletrónica do «Inventário Artigo 10.º
Nacional do Património Cultural Imaterial». Critérios
2 — O formulário eletrónico referido no número ante-
rior é preenchido com os seguintes elementos: Na apreciação dos pedidos de proteção legal são tidos
em conta, individual ou conjuntamente, os seguintes cri-
a) A identificação do proponente; térios:
b) A indicação do domínio e respetiva categoria da ma-
nifestação do património cultural imaterial; a) A importância da manifestação do património cul-
c) A localização, denominação e descrição sucinta da tural imaterial enquanto reflexo da respetiva comunidade
manifestação do património cultural imaterial; ou grupo;
d) A caracterização detalhada da manifestação do pa- b) Os processos sociais e culturais nos quais teve origem
trimónio cultural imaterial; e se desenvolveu a manifestação do património cultural
e) O contexto social, territorial e temporal de produção; imaterial até ao presente;
f) O fundamento para a respetiva salvaguarda; c) As dinâmicas de que são objeto a manifestação do
g) O património, material e imaterial, associado; património cultural imaterial na contemporaneidade;
h) As comunidades, grupos ou indivíduos abrangidos; d) Os modos em que se processa a transmissão da ma-
i) As pessoas ou instituições envolvidas na prática ou nifestação do património cultural imaterial;
transmissão da manifestação; e) As ameaças e os riscos suscetíveis de comprometer a
j) As ameaças à continuidade da prática, representação viabilidade futura da manifestação do património cultural
e transmissão; imaterial;
l) As medidas de salvaguarda programadas; f) As medidas de salvaguarda propostas para assegurar
m) A indicação do consentimento prévio informado das a valorização e a viabilidade futura da manifestação do
respetivas comunidades, grupos ou indivíduos; património cultural imaterial;
Diário da República, 1.ª série — N.º 150 — 4 de agosto de 2015 5369

g) O respeito pelos direitos, liberdades e garantias e a 6 — São aplicáveis subsidiariamente aos pareceres pre-
compatibilidade com o direito internacional em matéria visto no presente artigo as regras constantes do Código
de defesa dos direitos humanos; do Procedimento Administrativo, independentemente da
h) A articulação com as exigências de desenvolvimento natureza da entidade consultada.
sustentável e de respeito mútuo entre comunidades, grupos
e indivíduos. Artigo 14.º
Consulta pública
Artigo 11.º
1 — A Direção-Geral do Património Cultural promove
Contextos
consulta pública do projeto de decisão de proteção legal de
Na aplicação dos critérios referidos no artigo anterior, a uma manifestação do património cultural imaterial através
Direção-Geral do Património Cultural pondera os contextos de aviso a publicar no Diário da República, o qual deve
que, pelo seu valor de testemunho, possuam com aqueles prever o recurso a meios eletrónicos para a participação,
uma relação interpretativa e informativa, designadamente nomeadamente o recurso a meios eletrónicos específicos
os bens móveis ou imóveis que constituem o suporte ma- para a Administração Pública e a plataformas de partici-
terial da manifestação do património cultural imaterial. pação cívica de âmbito geral.
2 — O prazo de consulta pública não pode ser inferior
Artigo 12.º a 30 dias.
3 — Da publicitação da consulta pública consta, ne-
Aperfeiçoamento
cessariamente:
A Direção-Geral do Património Cultural convida ao a) O período da consulta pública;
aperfeiçoamento do pedido de inventariação quando não b) Os elementos que permitam a identificação clara e
estiverem satisfeitos os elementos referidos no n.º 2 do inequívoca da manifestação do património cultural ima-
artigo 8.º, e, se o julgar necessário, quando se tratem terial objeto de proteção legal;
de informações necessárias ao desenvolvimento normal c) Os locais onde é possível consultar a informação
do procedimento ou que impeçam a tomada de decisão. relevante sobre a manifestação do património cultural
imaterial;
Artigo 13.º d) A forma de os interessados apresentarem as respetivas
Parecer prévio observações.
1 — Sempre que estejam em causa decisões sobre o 4 — As direções regionais de cultura, em articulação
registo no «Inventário Nacional do Património Cultural com a Direção-Geral do Património Cultural, promovem
Imaterial», a Direção-Geral do Património Cultural pede a mais ampla divulgação da consulta pública junto das câ-
parecer às direções regionais de cultura e às câmaras mu- maras municipais relevantes, em função da abrangência da
nicipais relevantes em função da abrangência territorial da manifestação do património cultural imaterial, bem como
manifestação do património cultural imaterial, a emitir no das comunidades, grupos ou indivíduos a que a mesma
prazo de 40 dias, caso as mesmas entidades não sejam o manifestação respeite..
proponente do procedimento de proteção legal.
2 — Quando estejam em causa manifestações do patri- Artigo 15.º
mónio cultural imaterial no âmbito de práticas, rituais e
eventos religiosos, a Direção-Geral do Património Cultural Decisão
pede parecer à respetiva igreja ou comunidade religiosa, a 1 — Concluído o período de consulta pública, a Direção-
emitir no prazo previsto no número anterior, caso as mes- -Geral do Património Cultural, decide sobre o pedido de
mas entidades não sejam o proponente do procedimento proteção legal no prazo de 120 dias.
de proteção legal. 2 — A decisão é publicada no Diário da República e
3 — O prazo para a emissão de parecer pode ser pror- divulgada nas páginas eletrónicas da Direção-Geral do
rogado, por uma só vez e por igual período, mediante Património Cultural e das direções regionais de cultura.
pedido fundamentado das entidades referidas nos números
anteriores. Artigo 16.º
4 — A Direção-Geral do Património Cultural pode,
ainda, solicitar a emissão de parecer ao Conselho Nacional Salvaguarda do património cultural
imaterial à escala internacional
de Cultura, através da secção especializada competente,
bem como consultar entidades de reconhecido mérito no 1 — A inscrição de uma manifestação do património
âmbito da investigação e salvaguarda de uma manifes- cultural imaterial no registo de inventariação do «Inven-
tação do património cultural imaterial, designadamente tário Nacional do Património Cultural Imaterial» constitui
instituições produtoras de conhecimento sobre o universo condição prévia e indispensável para a sua eventual can-
dos testemunhos etnográficos ou antropológicos, a que se didatura à «Lista Representativa do Património Cultural
refere o n.º 1 do artigo 91.º da Lei n.º 107/2001, de 8 de Imaterial da Humanidade».
setembro. 2 — A inscrição de uma manifestação do património
5 — Nos pedidos de parecer e nas comunicações pre- cultural imaterial no registo de salvaguarda urgente do
vistos no presente artigo devem ser utilizados meios ele- «Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial»
trónicos, salvo quando, fundamentadamente, tal utilização constitui condição prévia e indispensável para a sua even-
seja impossível, ineficiente ou outras razões de fundado tual candidatura à «Lista do Património Cultural Imaterial
interesse público o justifiquem. que necessita de Salvaguarda Urgente».
5370 Diário da República, 1.ª série — N.º 150 — 4 de agosto de 2015

3 — Sempre que verificada a maior amplitude ou trans- 2 — A incorporação ou depósito dos bens e elementos
versalidade de um elemento considerado para candidatura à referidos no número anterior efetua-se, preferencialmente,
«Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da em museu integrante da Rede Portuguesa de Museus, e
Humanidade» face aos domínios a que se refere o n.º 3 do destinam-se a permitir a constituição de fontes que ga-
artigo 1.º, é assegurada a inscrição prévia de, pelo menos, rantam a investigação, a acessibilidade e fruição públicas.
uma manifestação do património cultural imaterial relativa 3 — Os serviços e instituições que detenham elementos
àquele elemento no registo de inventariação do «Inventário de documentação relativos a manifestações do património
Nacional do Património Cultural Imaterial». cultural imaterial cooperam entre si para promover a res-
4 — Sempre que verificada a maior amplitude ou trans- petiva investigação, acessibilidade e fruição públicas.
versalidade de um elemento considerado para candidatura
à «Lista do Património Cultural Imaterial que necessita de Artigo 20.º
Salvaguarda Urgente» face aos domínios a que se refere o Medidas de salvaguarda
n.º 3 do artigo 1.º, é assegurada a inscrição prévia de, pelo
menos, uma manifestação do património cultural imate- 1 — As manifestações do património cultural imaterial
rial relativa àquele elemento no registo de salvaguarda registadas no «Inventário Nacional do Património Cultu-
urgente do «Inventário Nacional do Património Cultural ral Imaterial» devem ser consideradas na elaboração de
Imaterial». programas setoriais no âmbito do ordenamento do terri-
tório, do ambiente, da educação e formação e do turismo.
Artigo 17.º 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, as
direções regionais de cultura, em articulação com a Direção-
Salvaguarda urgente
-Geral do Património Cultural e com as comunidades, gru-
1 — É admissível o registo no «Inventário Nacional pos ou indivíduos interessados, devem planear e executar
do Património Cultural Imaterial» de uma manifestação as medidas de salvaguarda que promovam o conhecimento,
do património cultural imaterial dispensando a consulta a representação e a transmissão dos modos de produção
pública prevista no artigo 14.º, desde que comprovada a ou reprodução associados às manifestações do património
necessidade de salvaguarda urgente. cultural imaterial constantes do inventário.
2 — O pedido de registo de salvaguarda urgente no 3 — A proteção legal de uma manifestação do patrimó-
«Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial» de nio cultural imaterial pode determinar a inventariação ou a
uma manifestação do património cultural imaterial obedece classificação dos bens móveis ou imóveis que representem
ao disposto no artigo 8.º o seu suporte material e que revelem especial interesse
etnográfico ou antropológico.
Artigo 18.º
Revisão CAPÍTULO III
1 — O registo de inventariação ou de salvaguarda ur- Comissão para o património cultural imaterial
gente de uma manifestação do património cultural imaterial
é objeto de revisão ordinária em período de 10 anos, sem Artigo 21.º
prejuízo de revisão em período inferior sempre que sejam
Natureza e competências
conhecidas alterações relevantes.
2 — O pedido de revisão ordinária é apresentado até [Revogado]
180 dias antes do termo do período referido no número
anterior. Artigo 22.º
3 — O pedido de revisão a que se refere o presente
Composição
artigo obedece, com as necessárias adaptações, à apresen-
tação dos elementos referidos nos n.os 1 e 2 do artigo 8.º, [Revogado]
à aplicação dos critérios referidos no artigo 10.º e dos
contextos referidos no artigo 11.º, bem como à aplicação Artigo 23.º
dos procedimentos administrativos referidos nos artigos
Deveres e garantias dos membros da Comissão
12.º a 15.º
4 — Qualquer interessado pode suscitar, a todo o tempo [Revogado]
e nos termos do disposto no número anterior, a revisão
extraordinária do registo de inventariação ou de salva- Artigo 24.º
guarda urgente de uma manifestação do património cultural
Duração do mandato
imaterial.
[Revogado]
Artigo 19.º
Elementos de documentação
Artigo 25.º
Cessação do mandato
1 — Os bens móveis suporte de manifestações do patri-
mónio cultural imaterial registadas no «Inventário Nacional [Revogado]
do Património Cultural Imaterial», bem como os elemen-
tos gráficos, sonoros, audiovisuais usados na respetiva Artigo 26.º
documentação, devem ser, sempre que adequado, objeto
Deliberações
de incorporação ou de depósito em museu com vista à sua
salvaguarda. [Revogado]
Diário da República, 1.ª série — N.º 150 — 4 de agosto de 2015 5371

Artigo 27.º 2 — A informação e os dados referidos no número an-


Funcionamento
terior devem ser disponibilizados em formatos abertos,
que permitam a leitura por máquina, nos termos da Lei
[Revogado] n.º 36/2011, de 21 de junho.

Artigo 29.º
CAPÍTULO IV
Dados pessoais
Disposições transitórias e finais
Os dados pessoais recolhidos nos termos dos artigos 6.º,
8.º e 17.º estão sujeitos ao regime previsto na Lei n.º 67/98,
Artigo 28.º
de 26 de outubro.
Divulgação
Artigo 30.º
1 — A Direção-Geral do Património Cultural divulga
na página eletrónica do «Inventário Nacional do Patri- Procedimento transitório
mónio Cultural Imaterial» as decisões referidas no n.º 3 [Revogado]
do artigo 4.º, bem como no sistema de pesquisa online de
informação pública que indexa todos os conteúdos públi- Artigo 31.º
cos dos sítios na Internet das entidades públicas, previsto
Entrada em vigor
no artigo 49.º do Decreto-Lei n.º 135/99, de 22 de abril,
alterado pelos Decretos-Leis n.os 29/2000, de 13 de março, O presente decreto-lei entra em vigor 30 dias após a
72-A/2010, de 16 de junho, e 73/2014, de 13 de maio. data da sua publicação.

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