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br/atos/detalhar/4013
Apelido ---
Temas
Ementa
Dispõe sobre as audiências concentradas protetivas nas Varas com competência na área da Infância e Juventude e revoga o
Provimento nº 32, de 24 de junho de 2013, da Corregedoria Nacional de Justiça.
Situação Vigente
Origem Corregedoria
Alteração
Observação /
UMPRDEC / CONSULTA
CONSIDERANDO a experiência exitosa das audiências concentradas e a necessidade de atualização do Provimento nº 32/2013,
diante das mudanças legislativas e da criação do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA;
RESOLVE:
Art. 1º O juiz da Infância e Juventude, sem prejuízo do andamento regular, permanente e prioritário dos processos sob sua
condução, bem como da necessária reavaliação trimestral prevista no art. 19, § 1º, do ECA, deverá realizar, em cada semestre,
preferencialmente nos meses de “abril e outubro” ou “maio e novembro”, os eventos denominados Audiências Concentradas.
§ 1º As deliberações realizadas nas Audiências Concentradas em cada processo servem à finalidade de reavaliação trimestral de
que trata o art. 19, § 1º, do ECA.
§ 2º As Audiências Concentradas ocorrerão, sempre que possível, nas dependências das entidades e serviços de acolhimento,
com a presença dos atores do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, para reavaliação de cada uma das
medidas protetivas de acolhimento, diante de seu caráter excepcional e provisório, com a subsequente confecção de atas
individualizadas para juntada em cada um dos processos.
§ 3º Nos trimestres em que não ocorrerem as Audiências Concentradas, a reavaliação deverá ser realizada normalmente pelo
magistrado, mediante laudos ou pareceres atualizados das equipes multidisciplinares, sem prejuízo de outras reavaliações que
se façam necessárias.
§ 4º Nos mesmos períodos em que realizadas as Audiências Concentradas, recomenda-se a fiscalização presencial, pelo
magistrado, das entidades e serviços de acolhimento sob sua jurisdição, como prevê o art. 95 do ECA.
§ 5º O juízo que determinar o acolhimento institucional realizará a Audiência Concentrada, ainda que a medida esteja em
execução em entidade localizada fora de sua jurisdição territorial, podendo, para tanto, valer-se de videoconferência ou outros
meios de comunicação a distância.
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§ 6º Em casos de impossibilidade material de união, num só local, de todos os participantes das Audiências Concentradas,
inclusive nas situações de pandemia, é possível a realização do ato, excepcionalmente, por videoconferência ou outros meios de
comunicação a distância, por um ou mais participantes do ato.
Art. 2º Os juízes poderão utilizar o seguinte roteiro para a realização das Audiências Concentradas:
I – conferência pela Vara, no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA, dos dados cadastrais da(s) entidade(s) de
acolhimento a ela submetida(s), com a atualização completa de seus dados;
II – levantamento prévio, a ser feito diretamente perante a(s) entidade(s) de acolhimento ou por ela encaminhado, da lista dos
nomes das crianças e dos adolescentes ali acolhidos;
III – conclusão ao gabinete de todos os processos dos(as) acolhidos(as) identificados no levantamento a que se refere o inciso II
deste artigo, autuando-se, desde já, novos processos em favor dos que, eventualmente, se encontrarem na instituição ou no
serviço de acolhimento de forma irregular, ou seja, sem guia de acolhimento ou qualquer decisão judicial respaldando a
institucionalização;
IV – preparo prévio dos processos, se possível com a colaboração da equipe multidisciplinar, com a tomada de eventuais
medidas úteis para a realização do ato;
V – designação das audiências e intimação do Ministério Público e representantes dos seguintes órgãos, onde houver, para fins
de envolvimento único e tomada de medidas efetivas que visem abreviar o período de institucionalização:
a) equipe interdisciplinar atuante perante as Varas com competência na área da Infância e Juventude;
b) Conselho Tutelar;
VI – intimação prévia:
a) dos pais ou parentes do(a) acolhido(a) que com ele(a) mantenham vínculos de afinidade e afetividade, ou sua condução no dia
do ato; e
b) do advogado constituído ou da Defensoria Pública, nos processos em que tenham procuração ou, a critério do magistrado,
devam ser nomeados.
VII – confecção, ao final, de ata individualizada da audiência em cada processo de execução da medida protetiva de acolhimento,
para cada acolhido(a) ou grupo de irmãos, com assinatura dos presentes e as medidas tomadas, com a sua juntada aos
respectivos autos.
Art. 3º Na audiência, e sem prejuízo de que isto também seja feito durante a condução rotineira do processo, recomenda-se ao
juiz a verificação e regularização dos seguintes quesitos, sem prejuízo de outros critérios que se façam necessários:
a) Há nos autos alguma tarja específica ou alerta do sistema eletrônico identificando tratar-se de processo com medida protetiva
de acolhimento?
b) Há nos autos foto(s) atualizada(s) da criança ou do adolescente, preferencialmente, na primeira página após a capa ou em
destaque no processo eletrônico?
c) O acolhimento foi realizado por decisão judicial ou ao menos por ela ratificado?
d) Foi expedida a competente Guia de Acolhimento no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA com juntada de cópia
nos autos?
e) O(a) acolhido(a) possui certidão de nascimento, RG e CPF com cópia juntada aos autos?
g) O(a) acolhido(a), se for o caso, recebeu atendimento médico necessário aos eventuais problemas de saúde que possua?
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j) O(a) acolhido(a), respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de compreensão, bem como seus pais, já foram
ouvidos em juízo e informados dos seus direitos e dos motivos que determinaram a intervenção nos termos do que dispõe os
incisos XI e XII do parágrafo único do art. 100 do ECA?
k) O(a) acolhido(a) e/ou seus pais ou responsáveis foram encaminhados a programas oficiais ou comunitários de orientação,
apoio e promoção social com vistas a futura reintegração familiar?
m) Em caso negativo, foram esgotadas, nos limites do que avaliado como vantajoso para a criança ou o adolescente, as buscas
de membros da família extensa que reúnam condições de tê-lo sob sua guarda?
n) Se for o caso, já foi ajuizada a ação de destituição do poder familiar? Em que data? Em caso positivo, está recebendo o
andamento adequado?
o) Se já transitou em julgado a ação de destituição, o nome da criança ou do adolescente já foi inserido no Sistema Nacional de
Adoção e Acolhimento – SNA? e
p) Foi promovida, pelo Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento – SNA, a busca de eventuais pretendentes? Qual a última vez
que foi realizada a busca?
Art. 4º Concluídas as avaliações trimestrais ou as Audiências Concentradas, deverá ser alimentado o Sistema Nacional de
Acolhimento e Adoção – SNA, sem prejuízo de sua constante atualização, com os dados de movimentações processuais e todos
os demais campos correlatos ao histórico de acompanhamento da criança ou do adolescente acolhido(a) ali disponíveis.
Parágrafo único. A alimentação dar-se-á, sob a criteriosa supervisão do juiz responsável, por servidores técnicos ou da secretaria
por ele designados.
Art. 5º O processo de "medida de proteção" ou similar, referente a criança ou adolescente em situação de vulnerabilidade,
acolhido ou não, deve preferencialmente ser autônomo em relação à eventual ação de destituição do poder familiar de seus
genitores, à ação de adoção ou a quaisquer outros procedimentos em que se deva observar o contraditório.
Parágrafo único. Sempre que possível, o magistrado tentará recuperar o histórico da criança ou do adolescente quanto a
eventuais informações úteis que possam existir em procedimentos anteriores, ainda que arquivados, para auxiliar na tomada de
decisões.
Art. 6º Nos casos de criança ou adolescente acolhido(a) há mais de 6 (seis) meses, constatado pelo juiz que, diante das
peculiaridades, haja possível excesso de prazo no acolhimento sem o ajuizamento de ação de destituição do poder familiar dos
pais biológicos, recomenda-se a concessão de vista imediata dos autos ao Ministério Público para manifestação expressa sobre
tal situação.
Parágrafo único. Caso o entendimento do Ministério Público seja pela não propositura da ação de destituição do poder familiar
dos pais biológicos e a manutenção do acolhimento, ante o risco da perpetuação da indefinição da situação, recomenda-se ao
juiz, diante da excepcionalidade e provisoriedade da medida protetiva de acolhimento, que encaminhe cópia dos autos ao
Procurador-Geral de Justiça para eventual reexame, podendo, para tanto, se utilizar da analogia com o disposto no art. 28 do
CPP.
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