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FÁBULA

Você sabe o que é uma fábula? Já ouviu ou leu alguma? Que tal então contar para os colegas
alguma fábula que você se recorda.
• Observe este título, há algo de inovador nele?
• Podemos identificar neste título alguma característica que compõe a fábula?
• Partindo do título o que podemos imaginar que encontraremos no texto?
• De que ele vai tratar?
• O título nos fornece pistas que indiquem tratar-se mesmo de uma fábula?Quais?
• Você considera o título interessante?
• Observe a ilustração, o que ela lhe sugere?
• O que lhe sugere a fisionomia da mulher? E a do gato?
• Que recurso utilizado nas histórias em quadrinhos aparece na ilustração?
• Com que finalidade este recurso foi utilizado?
• Por que o cartunista utiliza na ilustração algumas letras?
• A palavra “power” que aparece no desenho significa poder, autoridade, por que aparece na
ilustração?

Vamos então conferir a fábula. Faça uma leitura silenciosa e veja se as hipóteses
levantadas até agora se comprovam ou não.
NO DIA EM QUE O GATO FALOU (Millôr Fernandes)
Era uma vez uma dama gentil e senil que tinha um gato siamês. Gato de raça,
de bom-tom, de filiação, de ânimo cristão. Lindo gato, gato terno, amigo, pertencente a
uma classe quase extinta de antigos deuses egípcios. Este gato só faltava falar. Manso e
inteligente, seu olhar era humano. Mas falar não falava. E sua dona, triste, todo dia passava
uma ou duas horas, repetindo sílabas e palavras para ele na esperança de que um dia
aquela inteligência que via em seu olhar explodisse em sons compreensivos e claros. Mas
nada!
A dama gentil e senil era, naturalmente, incapaz de compreender o fenômeno. Tanto
mais que ali mesmo à sua frente, preso a um poleiro de ferro, estava um outro ser, também
animal, inferior até ao gato, pois era somente uma pobre ave, mas que falava! Falava
mesmo, muito mais do que devia. Um papagaio, que falava pelas tripas do Judas.
Curiosa natureza, pensava a mulher, que fazia um gato quase humano, sem fala, e um
papagaio cretino mas parlapatão. E quanto mais meditava mais tempo gastava com o gato
no colo, tentando métodos, repetindo silabas, redobrando cuidados para ver se conseguia
que seu miado virasse fala.
Exatamente no dia 16 de maio de 1958 foi que teve a ideia genial. Quando a ideia
iluminou seu cérebro, veio acompanhada da critica, auto-crítica: “Mas, como não me
ocorreu isso antes?” O papagaio viu no brilho do olhar da dona o seu (dele) terrível destino
e tentou escapar, mas estava preso. Foi morto, depenado e cozinhado em menos de uma
hora. Pois o raciocínio da mulher era lógico e científico: se desse ao gato o papagaio como
alimentação, não era evidente que o gato começaria a falar? Era? Não era? Veria. O gato, a
princípio, não quis comer o companheiro. Temendo ver fracassado o seu experimento
científico, a dama gentil e senil procurou forçá-lo. Não conseguindo que o gato comesse o
papagaio, bateu-lhe mesmo – horror! – pela primeira vez. Mas o gato se recusou. Duas
horas depois, porém, vencido pela fome, aproximou-se do prato e engoliu o papagaio
todo. Imediatamente subiu-lhe uma ânsia do estômago, ele olhou para a dona e, enquanto
esta chorava de alegria, começou a gritar (num tom meio currupaco, meio miau-miau-
miau, mas perfeitamente compreensível):
– Madame, foge pelo amor de Deus! Foge, madame, que o prédio vai cair!
A mulher, tremendo de emoção e alegria, chorando e rindo, pôs-se a gritar por sua
vez.
– Vejam, vejam, meu gatinho fala! Milagre! Fala o meu gatinho!
Mas o gato, fugindo ao seu abraço, saltou para a janela e gritou de novo: – Foge,
madame, que o prédio vai cair! Madame, foge! – e pulou para a rua.
Nesse momento, com um estrondo monstruoso, o prédio inteiro veio
abaixo, sepultando a dama gentil e senil em meio aos seus escombros.
O gato, escondido melancolicamente num terreno baldio, ficou vendo o tumulto
diante do desastre e comentou apenas, com um gato mais pobre que passava: – Veja só
que cretina. Passou a vida inteira para fazer eu falar e no momento em que falei, não me
prestou a mínima atenção.
MORAL: O mal do artista é não acreditar na própria criação.
DANDO OPINIÃO
1. Após a leitura do texto, você considera que se confirmaram às idéias sugeridas pelo título e
pela ilustração?
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2. O texto tem quantos parágrafos? -
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3. O título nos fornece pistas sobre o assunto tratado no texto? Quais?
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4. O experimento científico da senhora deu certo? Por quê?
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Assinale a alternativa correta, de acordo com o texto.
Marque com um X o sinônimo das palavras ou expressões em destaque:
1. Em: ”… gato de raça, de bom-tom…”, a expressão em destaque refere-se à pessoa que é:
a.( ) rica b.( ) bondosa c.( ) fina d.( ) natural
2. A frase: “Este gato só faltava falar” tem o mesmo significado que:
a.( ) Este gato, quando fica só, tenta falar. b.( ) Falar é só o que falta a este gato.
c.( ) Só este gato é que falta falar. d.( ) Só este gato é que tenta falar.
3. Em: “Manso e inteligente, seu olhar era humano”, a palavra em destaque significa:
a.( ) próprio do homem b.( ) bondoso c.( ) submisso d.( ) que ama os seus
semelhantes
4. Em: “Curiosa natureza, pensava a mulher…” a palavra em destaque tem o mesmo significado
que em:
a.( ) Vive arranjando confusões de toda a natureza.
b.( ) Ele contemplava a natureza com olhos de artista.
c.( ) Aquele rapaz tem péssima natureza.
d.( ) Conservava, aos quarenta anos, todas as boas qualidades de sua natureza.
5. Em: “…e um papagaio cretino mas parlapatão…” a expressão em destaque indica que o
papagaio era:
a.( ) pouco inteligente mas muito falante b.( ) meio amalucado mas bonachão
c.( ) pouco instruído mas muito observador
6. Em: “E quanto mais meditava mais tempo gastava…” a palavra em destaque significa:
a.( ) planejava b.( ) pensava c.( ) examinava d.( ) estudava
7. Relacione as colunas de modo a fazer a correspondência entre as palavras que se seguem,
formadas por auto e sua significação.
1. ( ) autocrítica a. vida de um indivíduo escrita por ele mesmo
2. ( ) autopunição b. crítica feita por alguém a si mesmo
3. ( ) autobiografia c. avaliação feita por um indivíduo para provar a ele próprio que sabe
determinados conhecimentos
4. ( ) automóvel d. Veículo que se locomove por seus próprios meios
5. ( ) auto-retrato e. castigo imposto por um indivíduo a si mesmo
6. ( ) autoa-valiação f. retrato de um indivíduo feito por ele mesmo

8. Em: “Temendo ver fracassado o seu experimento científico…” a palavra em destaque significa:
a.( ) quebrado b.( ) reduzido a pedaços c.( ) mal-acabado d.( ) malsucedido
9. Em: “…sepultando a dama gentil…” a palavra em destaque significa:
a.( ) escondendo b.( ) isolando c.( ) soterrando d.( ) abrigando
10. Em: “…em meio aos escombros…” a palavra em destaque significa:
a.( ) restos de construção desmoronados b.( ) cinzas resultantes de um incêndio
c.( ) ruídos provocados por um desmoronamento d.( ) substâncias venenosas
11. Em: “O gato, escondido melancolicamente num terreno baldio…” a palavra em destaque
significa:
a.( ) assustadoramente b.( ) tristemente c.( ) nervosamente d.( ) timidamente
Assinale a alternativa correta, de acordo com o texto.
12. São características da dama:
a.( ) bondade, simpatia e inteligência b.( ) coragem, simpatia e desenvoltura
c.( ) persistência, teimosia e velhice
13. O gato da dama é apresentado como sendo um animal:
a.( ) bonito, terno, amigo, de boa raça e inteligente b.( ) bonito, inteligente, pacífico e
preguiçoso
c.( ) terno, amigo, raro e preguiçoso d.( ) bonito, terno, corajoso e inteligente
14. O fenômeno que a dama não conseguia compreender era:
a.( ) a burrice do gato b.( ) a mudez do papagaio
c.( ) a inteligência do papagaio d.( ) a mudez do gato
15. O papagaio percebeu o que estava para acontecer-lhe quando:
a.( ) olhou para a sua dona b.( ) escutou o que sua dona dizia
c.( ) aproximou-se do gato d.( ) já estava para ser morto
16. Ao ter a ideia genial, a dama sentiu-se:
a.( ) arrependida por ter que sacrificar a ave b.( ) satisfeita e recompensada
c.( ) pesarosa pelo fato de a ideia não lhe ter ocorrido antes d.( ) temerosa de não estar certa
17. A operação que envolve a morte do papagaio até a ingestão do alimento por parte do gato durou
aproximadamente:
a.( ) 1 hora b.( ) 2 horas c.( ) 3 horas d.( ) 24 horas
Responda com sua palavras:
18. Quanto tempo era gasto diariamente pela dama com os métodos de ensino ao gato?
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19. Quando foi que ocorreu à dama a fórmula que lhe pareceu adequada para fazer com que o gato
falasse?
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GaBARITO
1. c 2. B 3. A 4. B 5. A 6. B 7. A seqüência é: b, e, a, d, f, c 8. D 9. C
10. a 11. B 12. C 13. A 14. D 15. A 16. C 17. C
18. Todo dia a dama gastava uma a duas horas tentando ensinar o gato a falar.
19. Exatamente no dia 16 de maio de 1958.

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