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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Engenharia Civil
Projeto e Dimensionamento de Elementos Estruturais de Fundações
Prof. Eng° Civil Armando Belato Pereira

Aula 02 - Dimensionamento
de sapatas isoladas rígidas
pela teoria da flexão
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- No dimensionamento de sapatas pela teoria da flexão, a referência utilizada por


diversos autores é o Boletim 73 – Fascículo 4-“Recommandations particulières au
calcul et à l’execution des semelles de fondation” – do CEB – Comité Euro-
Internacional du Béton.
- O método proposto pelo CEB-70 para o cálculo de sapatas e blocos sobre estacas
foi traduzido pelo Professor Lauro Modesto dos Santos. Para o método poder ser
aplicado, as sapatas devem apresentar as seguintes características geométricas:
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- Se c > 2h, a sapata pode ser considerada como viga ou como placa, e
calculada de acordo com a teoria correspondente. Se o balanço (aba) for
pequeno (c < h/2) em qualquer direção, é admitido que se trata de bloco de
fundação, e o método apresentado não é aplicável.

Balanço c na sapata isolada .


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- “Admite-se que o comportamento do solo seja elástico e que a estabilidade seja


assegurada unicamente pelas forças elásticas que ele transmite à sapata através da
superfície de apoio.”
- Portanto, a distribuição das tensões devidas às reações do solo sobre a superfície
de apoio da sapata é plana. Forças horizontais que atuem na sapata são equilibradas
unicamente por forças de atrito desenvolvidas entre a superfície de apoio da sapata e
o solo, e as forças de atrito não podem ser consideradas para reduzir a armadura
principal.

Distribuição da
reação do solo na
base da sapata.
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Seção de referência S1A ,
relativa à dimensão A da
sapata.

- As metodologias para projeto de sapatas diferem quanto à seção para consideração


dos momentos fletores.
- No caso do CEB-70, os momentos fletores são calculados, para cada direção, em
relação a uma seção de referência (S1A ou S1B) plana, perpendicular à superfície de
apoio, ao longo da sapata e situada internamente ao pilar, distante da face do pilar de
0,15ap , onde ap é a dimensão do pilar normal à seção de referência .
- Alguns autores consideram as faces do pilar como as seções para determinação dos
momentos fletores na sapata.
Seção de referência S1A ,
relativa à dimensão A da
sapata.

- O momento fletor relativo a uma seção de referência S1 é calculado considerando a


reação do solo que age na área da base da sapata, limitada pela seção S1 e a
extremidade da sapata mais próxima de S1. As duas direções devem ser consideradas, e
o menor momento fletor deve ser pelo menos 1/5 do maior momento fletor, isto é, a
relação entre a armadura de flexão menor e a maior na direção ortogonal deve ser ≥ 1/5.
- O cálculo da armadura de flexão que atravessa perpendicularmente a seção S1 é feito
como nas vigas à flexão simples, considerando as características geométricas da seção
de referência S1 .
Seção de referência S1A ,
relativa à dimensão A da
sapata.

Diagrama para cálculo do


momento fletor na seção de
referência S1 .
Notações e seções de referência
S1A e S1B .
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As áreas da base da sapata, a serem


consideradas no cálculo dos momentos
fletores são:

Áreas de referência no cálculo


dos momentos fletores
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Considerando a pressão no solo, atuante em


cada área de influência, pode-se determinar
a força resultante :

Os momentos fletores relativos às seções


de referência S1A e S1B são:

Resultante da pressão no solo.


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Então:

Resultante da pressão no solo.


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Nas sapatas com superfícies superiores


inclinadas, a seção comprimida de concreto
(A’c) tem a forma de um trapézio, e o
cálculo exato das armaduras de flexão deve
ter essa consideração. Como uma alternativa
simplificada, Machado considera o cálculo
admitindo uma seção retangular com braço
de alavanca z = 0,85d, e que neste caso o
Área comprimida pela
erro cometido não ultrapassa 10 %, e a área
flexão (A’c).
de armadura é:
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Bastos (2017), sugere que:


- A fim de evitar possíveis problemas no preenchimento do concreto na fôrma e
entre as barras, e diminuir a possibilidade de fissuras, recomenda-se que o
espaçamento entre as barras da armadura de flexão esteja compreendido no
intervalo de: 10 cm ≤ e ≤ 20 cm.
- A armadura deve se estender, sem redução de seção, sobre toda a extensão da
sapata, ou seja, de face à face, e deve terminar com gancho nas extremidades. A
NBR 6118 (22.6.4.1.1) diz: “A armadura de flexão deve ser uniformemente
distribuída ao longo da largura da sapata, estendendo-se integralmente de face a
face da sapata e terminando em gancho nas duas extremidades.”
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Problema prático - Sapata isolada rígida sob carga centrada dimensionada via
teoria da flexão
Dimensionar uma sapata de fundação superficial para um pilar com seção
transversal 20 x 80 cm, que transfere à sapata uma carga vertical centrada total de
1.250 kN (Nk), com armadura vertical no pilar composta por barras de 16 mm
(ϕl,pil), tensão admissível do solo (σadm) de 0,26 MPa (2,6 kgf/cm²) e: momentos
fletores solicitantes externos inexistentes (Mx = My = 0); coeficientes de ponderação
da segurança: γc = γf = 1,4 ; γs = 1,15; materiais: concreto C25, aço CA-50 (fyd =
43,48 kN/cm²); cobrimento de concreto: c = 4 cm.
Para a armadura de flexão, na prática recomenda-se que o espaçamento entre as
barras esteja compreendido entre os valores: 10 cm ≤ espaçamento ≤ 20 cm.
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- A NBR 6118 não especifica uma armadura mínima de flexão para as sapatas.
- Alguns autores aplicam a armadura mínima especificada pela norma para as vigas,
o que geralmente resulta armadura mínima maior que a calculada no caso das
sapatas rígidas, devido à sua grande altura.
- Outros autores adotam a armadura mínima de lajes, de 0,0010bw d. O ACI 318
recomenda a armadura mínima especificada para os elementos fletidos, sendo que a
armadura mínima especificada para as lajes com altura uniforme pode ser muito
pequena e insuficiente, e que não é uma boa situação na combinação de altas
tensões de cisalhamento e baixas taxas de armadura de flexão (ρ). Desse modo,
recomendam armaduras mínimas de 0,0018bw d ou 0,0020bw d, dependendo do
tipo de aço.
- No caso por exemplo de se utilizar a armadura mínima do ACI, de 0,0018bw d =
0,0018 . 205 . 65 = 23,99 cm² (relativa ao lado A da sapata – momento fletor
M1A,d), tem-se uma armadura mínima muito superior à armadura calculada, de
15,76 cm², pois é um valor muito conservador. Desse modo, não será aplicada a
armadura mínima até que a NBR 6118 defina o seu valor.
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Grupo Educacional UNIS
Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas
Fundações - Geotecnia
Prof. Eng° Civil M.Sc. Armando Belato Pereira
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CA-60
ϕ (mm) massa (kg/m) Área (cm2)
4,2 0,109 0,139
5,0 0,154 0,196
6,0 0,222 0,283
7,0 0,302 0,385
8,0 0,395 0,503
9,5 0,558 0,709
CA-50
ϕ (mm) massa (kg/m) Área (cm2)
6,3 0,245 0,312
8,0 0,395 0,503
10,0 0,617 0,785
12,5 0,963 1,227
16,0 1,578 2,011
20,0 2,466 3,142
25,0 3,853 4,909
32,0 6,313 8,042
Referências principais
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Obrigado pela atenção.


Bons estudos!

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