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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEA

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE PARINTINS – CESP


ENGENHARIA CIVIL

CARLOS VINICIUS BARROZO FREIRE

RELATÓRIO: VISITA TÉCNICA À OBRA DA MINI VILA OLÍMPICA DE


PARINTINS - AM

PARINTINS-AM
2023
CARLOS VINICIUS BARROZO FREIRE

RELATÓRIO: VISITA TÉCNICA À OBRA DA MINI VILA OLÍMPICA DE


PARINTINS - AM

Relatório de visita técnica apresentado no Curso


de Engenharia Civil, do Centro de Estudos
Superiores de Parintins - CESP, da
Universidade do Estado do Amazonas – UEA,
como requisito da Disciplina Estruturas de
Concreto I, sob a orientação da Profa. Msc.
Luana Demosthenes.

PARINTINS-AM
2023
RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA
(10/08/2023)

A visita técnica ao ginásio poliesportivo da Mini Vila Olímpica de Parintins – AM, foi
realizada na manhã do dia 10 de Agosto, com início aproximado às 8horas e 20 minutos e teve
como objetivo, acompanhar os procedimentos da concretagem e entender as aplicações práticas
das estruturas de concreto, que possuem papel fundamental na engenharia civil, sendo também
o início da disciplina Estruturas de Concreto I. Durante a visita, foi possível observar diferentes
formas da aplicação das estruturas de concreto no ginásio, assistir o processo de concretagem e
aprender sobre suas características e sobre os processos de construção envolvidos.
A construção do ginásio é circundada pelas ruas Fausto Bulcão e Barreirinha,
pertencentes, na área anteriormente conhecida como Campo da Gávea entre os bairros Palmares
e São Vicente.

Foto 1: Vista aérea da Mini Vila Olímpica e Estrutura do Ginásio, Google Earth.

Segundo informações obtidas no portal da Prefeitura de Parintins, “o projeto é fruto de


um convênio firmado pela Prefeitura de Parintins e o governo federal no programa Calha Norte,
oriundo de emenda parlamentar do senador Eduardo Braga (R$ 1,5 milhão) e contrapartida do
município de Parintins (R$ 700 mil), totalizando aproximadamente R$ 2,5 milhões” e “conta
com ginásio poliesportivo, pista de atletismo, piscina olímpica, campo de futebol, salas para
administração, lanchonetes e áreas de convivência.
O responsável pela obra, engenheiro civil Philippe Rolim, esteve junto a engenheira e
professora da disciplina de Estruturas de Concreto I, Msc Luana Demosthenes, orientando a
visita, relatando e esclarecendo sobre as etapas do projeto e sobre o processo de concretagem.
Foto 2: Área Interna do Ginásio, Letícia Gonçalves.

Estruturas de concreto armado, utilizam armações produzidas com barras de aço, que
possuem a função de suprir a baixa resistência do concreto aos esforços de tração. O concreto
armado pode ser utilizado como material estrutural em toda a construção civil, como
edificações, obras de saneamento, estações de tratamento de água, sistemas de esgotos,
barragens, usinas hidrelétricas, prédios, pontes, viadutos em qualquer dos casos, devendo suas
dimensões ser calculadas por um engenheiro especializado em cálculo estrutural baseando-se
nas normas vigentes do órgão regulador.
Em relação à construção do ginásio, a norma ABNT 6118, responsável por estabelecer
os parâmetros para estruturas de concreto, não cita especificamente as arquibancadas ou
ginásios, porém a resistência mínima recomendada para estruturas em geral é 20 MPa. De forma
geral, é comum o uso de resistência mínima de 25 MPa para concretos de classe de exposição
moderada e uma resistência mínima de 30 MPa para concretos de classe de exposição agressiva
mais elevada. No entanto, esses valores podem variar dependendo das especificações do projeto
e das condições locais. Para a obra visitada a resistência padrão determinada é de 25 MPa para
todas as estruturas. A Classe de Agressividade Ambiental (CAA) para o ginásio pode ser
considerada como classe II, referente a área Urbana, considerada de agressividade moderada e
de baixo risco de deterioração da estrutura, a classificação em relação a agressividade ambiental
afetará além da resistência mínima, a espessura do cobrimento.

Tabela 6.1: Classes de Agressividade Ambiental (NBR 6118:2014)


O cobrimento é um dos principais elementos que visa a durabilidade das estruturas de
concreto armado. Esse elemento consiste na menor distância entre a armadura e a face externa
de uma peça estrutural. Devendo ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado. O
cobrimento é o principal mecanismo para impedir a ocorrência do fenômeno da corrosão de
armadura, que pode causar graves danos à estrutura de concreto armado.
Para atender aos requisitos estabelecidos na NBR 6118, o cobrimento mínimo da
armadura será o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado.
Para garantir o cobrimento mínimo, o projeto e a execução devem considerar o cobrimento
nominal, que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução. Assim, as dimensões
das armaduras e os espaçadores devem respeitar os cobrimentos nominais, estabelecidos na
Tabela 7.2 da norma.
Ainda de acordo com a norma o cobrimento nominal de uma determinada barra deve
sempre ser:
a) cnom ≥ φ barra;

b) cnom ≥ φ feixe = φn = φ√ n;

c) cnom ≥ 0,5 φ bainha.

Tabela 7.2: Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e


o cobrimento nominal para c = 10 mm. (NBR 6118:2014)

No local da visita a resistência mínima do concreto nas vigas e pilares, relatada pelo
engenheiro responsável, foi de 25 MPa, porém foi constatado que não havia controle do traço
durante a mistura dos elementos. O cobrimento utilizado na construção é de 25mm, e foi
possível notar pontos expostos nas armaduras dos pilares e vigas das arquibancadas.
Armadura é o termo utilizado para designar o conjunto de elementos, normalmente de
aço, utilizados na construção de estruturas de concreto armado. Esses elementos são
responsáveis por resistir e distribuir as cargas aplicadas na estrutura, garantindo a estabilidade
e segurança de elementos estruturais. Considerando que o concreto é responsável por resistir
aos esforços de compressão, enquanto a armadura possui alta resistência à tração e capacidade
de distribuição dos esforços de cisalhamento, a união de ambos faz com que a estrutura de
concreto armado seja extremamente resistente.
A espessura das armaduras varia de acordo com a necessidade das vigas e pilares e as
bitolas precisam ser dimensionadas por meio de cálculos, atendendo os parâmetros
estabelecidos para que sejam dispostas sem prejudicar a estrutura. As bitolas utilizadas na
construção do ginásio são de 6,3mm e 16mm. As armaduras utilizadas nas arquibancadas e
demais estruturas do ginásio são compostas por barras lisas e nervuradas (cada uma em sua
função específica), que são compradas e preparadas em Manaus, para que sejam montadas e
incorporadas as vigas e pilares no local da obra. Durante a visita foi possível observar as
armaduras montadas e as barras dispostas e classificadas de acordo com suas características.

Foto 3: Armaduras e Bitolas, Letícia Foto 4: Barras Lisas, Letícia Gonçalves.


Gonçalves

Como mostram as imagens as barras lisas são suaves e sem relevo e as barras nervuradas
possuem ranhuras ou nervuras ao longo de sua extensão. As nervuras são responsáveis por
aumentar a aderência, tornando as barras nervuradas mais adequadas para reforçar estruturas
de concreto armado, como lajes e vigas, devido a sua melhor ancoragem. Já as barras lisas são
utilizadas em aplicações onde a aderência não possui grande relevância, como em determinados
tipos de cercas ou elementos pré-fabricados.
Foto 5: Barras Nervuradas em “U”, Letícia Gonçalves.

Para garantir o posicionamento adequado, a manutenção do espaçamento, a prevenção


do contato direto entre as barras e formas, facilitação da concretagem e controle de qualidade
das armaduras, se utilizam espaçadores, que foram apresentados aos acadêmicos durante a
explanação sobre seu uso na construção. Os espaçadores utilizados no ginásio possuem 25mm.

Foto 6: Separadores, Carlos Freire.


A vibração do concreto, que pode também ser denominada adensamento, é um processo
fundamental na obtenção de um concreto denso e compacto. Por meio dela, diminui-se o
número de vazios e de bolhas de ar e também se obtém a melhor acomodação dos agregados
graúdos. O adensamento deve ser feito com equipamentos específicos, pois diferentes
consistências demandam diferentes vibradores. Não foi verificado o uso de dispositivos para
realização da vibração do concreto durante a visita ao ginásio, no entanto o engenheiro
responsável indicou que o procedimento é realizado de forma manual pelos colaboradores.

Foto 7: Concretagem, Letícia Gonçalves.

Para estabelecer uma relação entre outras construções em concreto armado do ginásio
poliesportivo de Parintins, podemos compará-lo ao Ginásio Nilson Nelson que é uma das
principais instalações esportivas e de entretenimento da cidade de Brasília. Inaugurado no ano
de 1973, o ginásio foi projetado para acomodar diversos eventos esportivos, culturais e de
entretenimento. Ele recebeu este nome em homenagem ao ex-governador do Distrito Federal,
Nilson Nelson.
A estrutura do ginásio é notável por sua capacidade e versatilidade, comportando cerca
de 16.000 espectadores, o Ginásio Nilson Nelson recebe desde competições esportivas até
shows musicais e eventos culturais. Ele já recebeu partidas de basquete, vôlei, shows
internacionais, apresentações de artistas locais e nacionais, feiras, congressos e outros eventos
de grande porte. Sua arquitetura é caracterizada por suas formas geométricas distintas, com
destaque para a sua cobertura esférica.
Como parte do complexo esportivo da cidade, o Ginásio Nilson Nelson contribui
significativamente para a vida cultural e esportiva de Brasília. Ele proporciona um espaço
central para a realização de atividades diversificadas, ajudando a consolidar a capital brasileira
como um importante destino para eventos de grande porte.
Considerando todos os tópicos abordados, percebemos que a visita técnica foi
proveitosa e permitiu melhor compreensão a parte prática da confecção das estruturas de
concreto armado e aprofundado o conhecimento dos alunos em relação as mesmas por conta
das explicações da professora. Por outro lado foi possível perceber alguns dos problemas
enfrentados nas obras, como descaso com o uso de EPIs colocando e risco a integridade física
dos colaboradores, falta de equipamentos para adensamento e do concreto e falta de controle
do traço do concreto, sendo ambos, fatores que aprimorariam o desempenho do concreto.
Essas situações, mostram parte da realidade do canteiro de obras, e podem despertar o
senso crítico do futuro profissional, para que intervenha em seus projetos e dedique a devida
tensão a estes aspectos que possuem elevada importância. Sendo assim, a oportunidade de
acompanhar os processos da obra, o contato com as estruturas e com a prática da concretagem
foi uma excelente maneira de iniciar os estudos da disciplina de Estruturas de Concreto I e
estimular a aprendizagem dos acadêmicos.
Referências
VIBRAÇÃO do Concreto: Tipos de vibradores e como devem ser utilizados. TecnoMor
Aditivos e Desmoldantes, c2023. Disponível em: https://tecnomor.com.br/blog/vibracao-do-
concreto-tipos-de-
vibradores/#:~:text=A%20vibra%C3%A7%C3%A3o%20do%20concreto%2C%20chamada,
melhor%20acomoda%C3%A7%C3%A3o%20dos%20agregados%20gra%C3%BAdos.
Acesso em: 16 de Agosto de 2023.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento, 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS.
MINI Vila Olímpica: Prefeitura de Parintins assina Ordem de Serviço para construção de
ginásio. 1/11/2020. Disponível em: https://parintins.am.gov.br/?q=277-conteudo-103280-mini-
vila-olimpica-prefeitura-de-parintins-assina-ordem-de-servico-para-construcao-de-ginasio.
Acesso em: 17 de Agosto de 2023.
GOMES, Murielle. COMO DIMENSIONAR O COBRIMENTO DO CONCRETO
ARMADO, Canteiro de Engenharia, 2020. Disponível em:
https://canteirodeengenharia.com.br/2020/04/15/como-dimensionar-o-
cobrimento/#:~:text=O%20cobrimento%20%C3%A9%20um%20dos,de%20todo%20o%20el
emento%20considerado. Acesso em: 17 de Agosto de 2023.
Explicações sobre Estruturas de Concreto durante a visita e as aulas.

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