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RESUMO
1
Especialista em Educação Física. Programa de Pós-Graduação em Educação física da Universidade Federal de
Pelotas.
2
Mestre em Educação Física. Programa de pós-graduação em Educação física da Universidade Federal de Pelotas.
3
Doutor em Educação Física. . Programa de Pós-Graduação em Educação física da Universidade Federal de
Pelotas.
BIOMOTRIZ ISSN: 2317-3467 V.9, N. 01, 2015
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ATIVIDADE FÍSICA E COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO: PREVALÊNCIA E
FATORES ASSOCIADOS EM ADOLESCENTES DE TRÊS ESCOLAS
PÚBLICAS DE PELOTAS/RS
ABSTRACT
Objective: To determine the frequency of the habit of physical activity and sedentary behavior
and associated factors in adolescents from three public schools of Pelotas, southern Brazil.
Methods: A cross-sectional study in three public schools in Pelotas was conducted. The sample
included students of both sexes aged 11-18 years, of which 158 were male (54.5%). Data
collection was performed using a self-administered questionnaire containing questions
organized into thematic modules created from other pre-existing and adapted as required for the
study. The study outcome variables were the practice of physical activity in leisure-time and
sedentary behavior (time watching TV, using the computer and smartphone/tablet and playing
videogames). Results: The majority of respondents was active (73.6) and among those with
sedentary behavior, only in relation to TV viewing, most students did not show excessive
behavior (47.9%). The behavior of computer use for longer than 2 hours/day was associated
with a variable rate assets (p<0.001), with more exaggerated use according the increasing
socioeconomic status of the subjects. The sedentary behavior playing videogames showed an
association with gender (p<0.001 - and males 63% greater risk of behavior) and rate assets
(p=0.03 - there was protection against excessive behavior as decreased economic level).
Conclusion: The results of this study showed a high prevalence of active adolescents in
leisure-time and high time spent in sedentary behaviours. Despite the high levels of physical
activity presented, strategies to combat sedentary behavior are necessary and the school can
be the environment suitable for carrying out these actions.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS
Variáveis N %
Sexo
Masculino 158 54,5
Feminino 132 45,5
Idade (anos completos)
11-13 90 32,0
14-16 113 40,2
17-18 78 27,8
Atividade Física (≥300min/sem)
Ativo 212 73,6
Insuficientemente ativo 76 26,4
Assiste televisão
Sim 270 93,1
Não 20 6,9
Usa de computador
Sim 224 77,2
Não 66 22,8
Joga videogame
Sim 121 41,9
Não 168 58,1
Usa smartphone/tablet
Sim 115 39,8
Não 174 60,2
100
90
80
70
60 ≥ 4 horas/dia
50 ≥ 2 < 4 horas/dia
%
< 2 horas/dia
40
Não assiste/usa
30
20
10
0
Televisão Computador Video game Smart/tablet
DISCUSSÃO
sexos também pode ser explicada por fatores biológicos, os quais condicionam
a participação dos meninos nas atividades físicas de natureza desportiva e de
intensidade mais vigorosa, e das meninas nas atividades físicas de lazer e de
menos intensidade, como jogos recreativos e brincadeiras (SEABRA et al.,
2008).
Ainda em relação a variável atividade física, a análise mostrou
associação com idade, sendo os mais velhos menos ativos. Neste sentido,
nosso estudo está de acordo com o relato de Heleno; Cocate (2010), os quais
relataram tendência de redução do nível de atividade física com avançar da
idade. Além disso, as meninas apresentaram maior percentual de sedentarismo,
enquanto que os meninos de 15 anos revelaram-se menos sedentários que as
demais faixas etárias. Nesse sentido, Matias et al. (2010) destacam que há uma
diminuição do nível de atividade física durante o período da adolescência que
pode ser explicada, tanto pelas mudanças fisiológicas que ocorrem durante este
período, quanto pelo aumento do número de atividades ocupacionais dos
adolescentes referentes à entrada no Ensino Médio e no mercado de trabalho.
O desfecho nível de atividade física, finalmente, mostrou associação com
o IMC, sendo os eutróficos mais ativos que os sujeitos com sobrepeso e
obesidade (RP 1,22 – IC95% 1,08-1,40). Nossos resultados estão de acordo
com Baruki et al. (2006) e Caputo; Silva (2009), os quais mostraram que alunos
ativos apresentaram menor média de IMC.
No presente estudo, as prevalências relacionadas ao tempo exagerado
em comportamentos sedentários foram bastante elevadas. Essa relação foi
demonstrada também no estudo de Tammelin et al. (2007) com jovens da
Finlândia onde, tanto entre meninos quanto entre meninas, o tempo gasto
assistindo televisão, usando o computador e/ou videogame foi exagerado. De
acordo com a recomendação da American Academy of Pediatrics (2001),
assistir televisão por mais de duas horas por dia pode provocar efeitos negativos
para a saúde, principalmente alterações na composição corporal. No estudo de
Silva et al. (2008), mais de 70% dos jovens tinham comportamentos sedentários
em excesso dois terços dos adolescentes assistiam TV e um terço usava
computador/games duas ou mais horas por dia, prevalências pouco inferiores as
relatadas no presente estudo.
No que diz respeito à análise ajustada dos desfechos relacionados aos
comportamentos sedentários, nenhuma variável permaneceu associada com os
desfechos assistir TV e usar smartphone/tablet. Em relação ao comportamento
usar exageradamente computador, houve associação com a variável índice de
bens; finalmente, o desfecho jogar videogame permanece associado com as
variáveis sexo e índice de bens. No tocante ao comportamento exagerado de
usar computador, no presente estudo, os sujeitos de maior nível econômico
apresentaram maior risco para este comportamento. Este resultado corrobora
relato de Dias et al. (2014), os quais mostraram que adolescentes de 10-17
anos de coorte de nascimentos da cidade de Cuibá/MT de maior nível
econômico apresentaram mais risco para comportamentos sedentários.
O comportamento jogar videogame por tempo exagerado esteve
associado com as variáveis idade e nível econômico. Quanto ao uso de
videogame, Liwander et al. (2013), recentemente reconheceram a importância
de se considerar o gênero nas questões relacionadas a este comportamento
sedentário, sendo as meninas menos prováveis de jogar videogame, o que
comprova que há barreiras sociais e de gênero que podem influenciar o
comportamento sedentário. Cabe ressaltar a respeito do uso de videogame, que
estudos têm demonstrado que os jogos chamados de “exergames” estão
surgindo como formas alternativas de atividade física e considerados excelentes
ferramentas para se trabalhar habilidades motoras, cognitivas e até mesmo
questões pedagógicas, configurando-se em ótimos instrumentos a serem
inseridos inclusive nas aulas de Educação Física (VAGHETTI; BOTELHO,
2010). Entretanto, optou-se por manter essa variável no estudo, sobretudo como
forma de se analisar comportamento sedentário, tanto para fins de comparação
com outros estudos, quanto por considerar que nem todos os jogos são
“exergames”.
Em relação à associação do comportamento de jogar videogame e nível
econômico, nossos resultados corroboram a pesquisa de Dias et al. (2014), os
quais mostraram que adolescentes de 10-17 anos de coorte de nascimentos da
cidade de Cuibá/MT de maior nível econômico apresentaram mais risco para
comportamentos sedentários.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SEABRA, A.F.; MENDONÇA, D.M.; THOMIS, M.A.; ANJOS, L.A.; MAIA, J.A.
[Biological and socio-cultural determinants of physical activity in adolescents].
Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 4, p. 721-36, 2008.
SILVA, K.S.; NAHAS, M.V.; HOEFELMANN, L.P.; LOPES, A.S.; OLIVEIRA, E.S.
Associações entre atividade física, índice de massa corporal e comportamentos
sedentários em adolescentes. Revista Brasileira de Epidemiologia, São
Paulo, v.11, n.1, p.159-168, 2008.
TAMMELIN, T.; EKELUND, U.; REMES, J.; NAYA, S. Physical activity and
sedentary behaviors among Finnish youth. Medicine and Science in Sports
and Exercise, Indianapolis, v. 39, n. 7, p. 1064-1067, 2007.