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Curso Terapia Nutricional em Pediatria

Versão 1.0

Exercícios físicos na infância: benefícios e recomendações

Dr. Luís Fernando F. Leite de Barros

Recentes dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)


mostram um significativo aumento no número de indivíduos com excesso de peso em
nossa população, superando os 50% nos adultos e atingindo um terço das crianças.
Sem dúvida, são números preocupantes e mostram uma tendência alarmante:
nosso país deverá ser, em breve, o primeiro no mundo no percentual de indivíduos
com sobrepeso. A consequência disso será, certamente, um brutal aumento na
incidência de doenças relacionadas à obesidade, como as doenças cardiovasculares e o
diabetes. Ou seja, estamos em um momento chave de nossa trajetória em relação à
saúde da população brasileira. Somente uma importante mudança nos hábitos de vida
de nossas crianças poderiam alterar essa tendência. E, certamente, a inclusão de
programas para o estímulo à pratica regular de exercícios físicos compõem um dos
pilares desta estratégia.
Infelizmente, o que vem ocorrendo nas últimas décadas é a diminuição das
atividades físicas espontâneas das crianças, das brincadeiras ativas e mesmo da
frequência e importância dada às aulas de educação física nas escolas. A diminuição
dos espaços físicos disponíveis, a insegurança das ruas das grandes cidades, a
substituição das brincadeiras ao ar livre pelo computador e os jogos eletrônicos, aliado
aos maus hábitos alimentares da vida moderna certamente são explicações plausíveis
para o aumento do sedentarismo e da obesidade nesta faixa etária.
A implementação de uma vida ativa e saudável na infância deve ser
considerada como prioridade em nossa sociedade e uma questão de saúde pública. As
crianças devem ser estimuladas a praticar exercícios físicos pelos pais e educadores,
porém, deixando-as livres para a escolha do tipo de atividade para a qual existir

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© Ao aluno é permitido fazer uma cópia do material didático disponibilizado para uso próprio. De acordo com a Lei n o.
9.610 de 19/02/1998, que trata de direitos autorais, todo aluno fica proibido de propagar, distribuir e vender o material
de qualquer forma, sob pena de responder civil e criminalmente por violação da propriedade material e intelectual.
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alguma inclinação. Ademais nas práticas esportivas os aspectos lúdicos devem ser
priorizados em relação aos competitivos.
A questão da idade ideal de início e do tipo de atividade não deve ser vista de
forma muito rígida, devendo-se aguardar a manifestação de alguma preferência da
própria criança. Mais importante do que a idade cronológica é a relação entre o
desenvolvimento neuromotor e a habilidade específica para determinada atividade. O
principal objetivo deve ser o de criar o hábito e o interesse pelo exercício e não o de
melhora do desempenho. Respeitando-se estes conceitos, o esporte deverá trazer
benefícios sociais e educacionais, expondo as crianças aos conceitos de trabalho em
equipe, liderança, respeito, cooperação, competição, controle de estresse sendo
importante ensinar as crianças a lidar com as emoções da vitória e da derrota.
Para as crianças e adolescentes as atividades físicas devem ser realizadas o
maior número de vezes possível por semana. Para uma criança que esteja acima do
peso por exemplo, a periodicidade irá permitir que se alcance todos os benefícios
propostos. Recomenda-se no mínimo a prática 2 ou 3 vezes por semana. A atividade
pode ter a freqüência inicial de 2 vezes na semana e ser aumentada gradativamente.
Nestas crianças que se encontram acima do peso ou com obesidade é necessária uma
avaliação médica antes do início da atividade para que eventuais riscos
cardiovasculares sejam detectados e controlados. Soma-se a isto possíveis riscos
osteo-articulares em razão do excesso de peso.
É dever de todo profissional de saúde combater o sedentarismo e estimular as
crianças a praticar esportes, sabendo que os exercícios físicos praticados nesta idade
só se tornarão um hábito na idade adulta se forem realizados com prazer e
proporcionarem bem estar.

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© Ao aluno é permitido fazer uma cópia do material didático disponibilizado para uso próprio. De acordo com a Lei n o.
9.610 de 19/02/1998, que trata de direitos autorais, todo aluno fica proibido de propagar, distribuir e vender o material
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Referências Bibliográficas:

1. IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; POF 2008-2009 – Antropometria e


estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil.
2. O Exercício: Preparação Fisiológica, Avaliação Médica – Aspectos Especiais e
Preventivos; Ghorayeb, N., Barros T.; 1999 Ed Atheneu; p351-361.
3. Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte: Posição oficial sobre atividade física e
saúde na infância e adolescência, 2002.

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