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MÉTODOS DE
TRABALHO EM
BIOQUÍMICA
VEGETAL
E TECNOLOGIA DE
ENZIMAS
Coordenador:
Cultura Acadêmica
www.editoraunesp.com.br
feu@editora.unesp.br
Formato: PDF
ISBN 978-85-7983-550-6
CDD 581.4
4
SUMÁRIO
Capítulo 1: Preparo de Tampões e Métodos para Coleta,
Procedimentos e Extração de Enzimas em Tecidos Vegetais. ................................... 07
Djanira Rodrigues Negrão, Sthefany Rodrigues Fernandes Viana e Fernando Broetto
Introdução / Preparo de Tampões / Métodos para Coleta / Coleta de folhas ou outros órgãos vegetais/
Procedimentos e Extração de Enzimas em Tecidos Vegetais / Preparo da amostra para extração / Obtenção do
extrato bruto / Uso de antioxidantes / Centrifugação / Preparo de Soluções / Referências Bibliográficas.
Capítulo 1
Preparo de Tampões e Métodos para Coleta,
Procedimentos e Extração de Enzimas em
Tecidos Vegetais
Djanira Rodrigues Negrão
Sthefany Rodrigues Fernandes Viana
Fernando Broetto
Introdução
A maioria das enzimas apresenta um valor de pH para a qual sua atividade é máxima,
e a velocidade da reação diminui à medida que o valor do pH se afasta desse valor ótimo, que é
característico para cada enzima, mas com frequência, está próximo do pH neutro. A influência do
pH sobre a catálise enzimática só pode ser compreendida à partir da análise dos grupos dissociáveis
presentes nos grupos radicais dos aminoácidos.
Assim, para realizar análises enzimáticas de qualquer natureza, i.e. tecidos vegetais, animais
ou de microrganismos, normalmente utiliza-se vários reagentes e, dentre esses, o uso de uma solução
tampão é um recurso altamente necessário. Um tampão é uma mistura de substâncias químicas que
torna possível o extrato enzimático resistir a variações de pH, porém, cada tampão tolera uma variação
de pH dentro de uma faixa particular.
1. Preparo de Tampões
Uma solução tampão é a mistura de um ácido fraco e seu sal correspondente, como por exemplo,
o ácido acético e o acetato de sódio. Por definição, os ácidos são compostos capazes de dissociar-
se, liberando H+; já ácidos fracos são compostos em que a dissociação não é completa, restando
em solução também uma porcentagem do ácido não dissociado, existindo, portanto, um equilíbrio
químico, que pode ser descrito:
HA ↔ A + H+
Por exemplo, um tampão de ácido acético-acetato de sódio é efetivo entre a faixa de pH 3,5 a
5,5 mas tem pouca capacidade tamponante em pH 7,0. Portanto, esse tampão seria inadequado para
a maioria dos microrganismos. Um tampão comumente utilizado pelos pesquisadores é a mistura de
um ácido fraco, o fosfato monopotássico (KH2PO4), e seu sal, o fosfato dipotássico (K2HPO4). Esta
mistura tem uma forte capacidade tamponante entre pH 6 a 8.
Na prática, quando misturamos as quantidades calculadas do ácido e da base conjugados
para preparar um tampão, o pH resultante não é exatamente o esperado. A principal razão dessa
discrepância é que o pH é governado pelas atividades do ácido e da base conjugados, e não por suas
concentrações. Por esse motivo, após preparar o tampão com as quantidades calculadas, em geral faz-
se necessário um pequeno ajuste no pH (pela adição de uma solução básica ou ácida diluídas) para
obter o pH desejado.
É importante saber que diferentes soluções contêm diferentes quantidades ou concentrações de
compostos dissolvidos. Em bioquímica, geralmente utiliza-se o peso molecular de um composto para
expressar a concentração, nesse caso, da solução tampão, lembrando que o peso molecular é a soma
dos pesos atômicos de todos os átomos na molécula de um composto.
O material vegetal como, por exemplo, as folhas, deverão ser coletadas no terço médio da
planta com uso de estilete. Para a pesquisa com proteínas é recomendável padronizar o local de coleta
nas plantas, além de atentar-se ao melhor período do dia para a mesma. Em seguida, o material deve
ser acondicionado em tubos tipo Falcon (25 ou 50 mL), microtubos tipo eppendorf ou em envelope de
papel alumínio, devidamente identificados (tipo de material vegetal, data da coleta, responsável, etc.).
Após a coleta, o material deve ser rapidamente congelado, a fim de preservar a integridade
das moléculas protéicas, em nitrogênio líquido (-196º C). Caso o congelamento ocorra nos tubos
do tipo Falcon, retirar o excesso de nitrogênio líquido antes de fechar o recipiente. Outra forma de
preservar o material vegetal pode ser feita na forma de discos foliares, com auxílio de um cortador
de diâmetro definido. Esses discos podem ser acondicionados em tubos eppendorf (com um pequeno
furo na tampa que evita que a mesma estoure devido à pressão do nitrogênio) e depois colocados no
nitrogênio líquido para congelamento rápido. O armazenamento das amostras deverá ser feito em
ultrafreezer (-80º C), para preservar maximamente a integridade molecular.
É importante ter muito cuidado no transporte e manuseio do nitrogênio líquido. Para tanto, seu
transporte é feito em tambor criogênico para evitar acidentes. É aconselhável utilizar luvas e óculos
de proteção; para o manuseio do material congelado usam-se pinças e nunca descartar o nitrogênio
líquido na tubulação.
Em geral, a quantidade de material vegetal fresco necessário para realizar uma extração é de
300 mg, pesados em balança digital. As amostras do tecido moído e congelado devem ser maceradas
na presença de uma solução tampão, onde a concentração molar e pH variam coforme o objetivo
da extração. Como mencionado, a função da solução tampão é de estabilizar o pH do meio, para
expressão da atividade enzimática.
Ao macerar o tecido vegetal é recomendável colocar, pelo menos, a metade da quantidade da
solução tampão necessária para a extração; após a maceração transferir o extrato para o tubo Falcon
(devidamente pesado) e a quantidade restante de tampão poderá ser utilizado para lavar o graal,
permitindo assim que praticamente todo o material pesado seja analisado.
Eventualmente, dependendo da natureza do tecido vegetal, como os mais fibrosos (raízes,
cascas), uma pequena porção de areia lavada (ponta de uma espátula) pode ser utilizada para facilitar
a maceração, na presença da solução tampão.
Após a obtenção do extrato bruto, o próximo passo é obter o extrato enzimático. Para tanto,
amostras do extrato bruto são acondicionadas em tubos Falcon, juntamente com a solução de extração
e/ou outros reagentes necessários para tal e então levados à centrífuga.
Algumas espécies vegetais geram compostos fenólicos, no ato das macerações, o que poderá
interferir substancialmente na atividade enzimática ou outra determinação bioquímica, principalmente
aquelas baseadas em métodos óticos. Deste modo, é importante que a oxidação seja controlada pelo
uso de antioxidantes, suplementares às soluções tampão. Como exemplos, citam-se o uso do polímero
não reativo, o PVPP (Polyvinylpolypyrrolidone) e também o ácido ascórbico, dentre outros.
3.4 Centrifugação
4. Preparo de Soluções
C) Expressar a concentração da solução de NaOH (0,05 M, 600 mL) em porcentagem peso volume
(% p/v):
% p/v = peso em gramas de um soluto por 100 mL de solução, ou seja:
2,0 g.L-1 = 0,2 g.100 mL-1 = 0,2% (p/v).
D) Solução extratora para polifenoloxidades a 0,2 M, com pH 6,7 (1 litro):
KH2PO4 monobásico (solução ácida), PM = 136,09 g (pH 5)
1 molar à 139,09 g x = 27,218 g
0,2 m à x
Para preparar 100 mL:
5. Referências Bibliográficas
Capítulo 2
Aminoácidos e Proteínas: estrutura química,
função e propriedades
Thalita Cristina Marques Cervezan
Aline Cristina Rabonato
Enrique Alonso Zuñiga
Juan Plutarco Munguía-López
Fernando Broetto
1. Aminoácidos
Todos os aminoácidos são anfóteros, isto é, contêm em sua estrutura pelo menos um grupo
ácido (carboxilico) e um grupo básico (α-amino) funcionais que, em solução aquosa, comportam-se
como ácido e como base.
Os aminoácidos podem também conter outros grupos facilmente ionizáveis em sua molécula, tais
como: grupamentos amino-carboxilíco, p-hidroxifenil, sulfidrilas, guanidino e imidazol. A estrutura
básica da cadeia polipetidíca implica na união do grupo carboxílico de um aminoácido com o grupo
α-amino de um aminoácido adjacente. O caráter iônico dos polipeptídeos se deve principalmente a
estes grupos ionizáveis adicionais aos grupos terminais α-amino e carboxílicos.
Outra propriedade física dos aminoácidos é o alto ponto de fusão, principalmente em sua fração
carboxílica. Esta é uma característica de compostos cuja rede de moléculas no estado cristalino é
estabilizada por forças eletrolíticas de atração entre grupos de cargas opostas. Estes fatos, bem como
outros pontos de evidência levam a conclusão de que os aminoácidos ocorrem em soluções como íons
dipolares e não como moléculas dissociadas.
Quando um aminoácido é dissolvido em água, pode se comportar como ácido (doador de
Cálculos envolvidos:
pH = pK’ + log [doador prótons] / [receptor de prótons]
O pI de um aminoácido pode ser calculado pela seguinte equação:
pI = (pKa1 + pKa2) / 2
Materiais e Reagentes
- Potenciômetro; Bureta de 25 mL; Agitador magnético; Pipetas; Béquer; Soluções: NaOH 0,1 mol
L-1; glicina 0,1 mol L-1; fenolftaleína 5% m/v.
Procedimento:
Efetua-se a titulação do aminoácido: Volume de 10 mL da solução de glicina 0,1M é transferido
para um Becker de 100 mL; Adiciona-se 10 mL de HCl 0,1 mol L-1 e 3 gotas de fenolftaleína 5%
m/v. Após homogeneização e com o auxílio de uma bureta, titular a solução com NaOH 0,1 mol L-1,
anotando-se o valor de pH aferido no potenciômetro, a cada acréscimo de 1 mL da solução alcalina.
Acrescentar NaOH até que ocorra a viragem completa do corante e o valor de pH não sofra mais
alteração significativa. Distribuir os valores conforme o gráfico (Figura 2) a seguir: (x=mL de NaOH
adicionados; Y=pH)
pKa2
pI
pKa1
Figura 2. Gráfico obtido pela titulação de glicina 0,1M com NaOH 0,1M
Resultados e Discussão:
pK1 = (1,95+4,15) à pK1 = 3,05
2
pK2 = (8,45+11,63) à pK2 = 10,04
2
pI = (3,05+10,04) à pI = 6,55
2
O primeiro pH aferido após a adição do NaOH foi de 1,95 (íons protonados), permanecendo
com certa constância até 4,15. À medida que se tem NaOH adicionado, o pH aumenta até o momento
em que o grupo carboxila (COOH-) perde seu próton.
Na alteração do pH 4,15 para 8,45 há a formação de um ponto de inflexão, no qual ocorre a
remoção completa do próton do grupo amina e inicia-se a remoção do próton do grupo amino (NH3+).
Ao final da titulação, com pH de 11,63, tem-se calculado o segundo ponto pK’. O ponto isoelétrico
(pI) calculado pela média aritmética dos valores de pKa obtidos foi de 6,55.
Ao serem comparados com os dados da Tabela 1, com os valores obtidos pela titulação, percebe
que o perfil encontrado do aminoácido analisado se assemelha com os dados de glicina já tabelados.
4. Proteínas
O método a ser utilizado emprega um corante, Coomassie Brilliant Blue G-250, o qual sendo
carregado negativamente liga-se com cargas positivas da cadeia polipeptídica. O corante apresenta em
dois picos de absorção: vermelho (Amax.= 465nm) e azul (Amax.= 595 nm). Apesar da predominância
da forma vermelha de absorção, a mesma converte-se para a forma azul, quando o corante reage com
a proteína. A reação é altamente reproduzível e rápida, completando-se em cerca de dois minutos com
estabilidade de cor por até uma hora. No entanto, as leituras devem ser efetuadas após 15 minutos de
incubação.
A) ENSAIO
Obtenção do extrato*
Macerar 500 mg de tecido em 2 mL de tampão fosfato 0, 1 M, pH 6.7
Centrifugar por 10 min (4° C) a 5000 rpm e coletar o sobrenadante (extrato bruto);
Pipetar três alíquotas de 100 µL (triplicata) de extrato* + 5 mL do reativo de Bradford (agitar);
Ler a absorbância em 595 nm após 15 minutos.
Comparar a leitura obtida em espectrofotômetro com o padrão (BSA), através da equação da
reta.
Determinar poucas amostras de cada vez para que as leituras não demorem.
Utilizar preferencialmente cubetas de vidro ou plástico (metacrilato) e não de quartzo para
evitar a adesão do complexo corante-proteína nas mesmas.
C) CURVA PADRÃO
Preparar uma solução estoque de BSA (Albumina de Soro Bovino) em concentração final de 1
mg mL-1. Ver procedimento no item B.
A figura abaixo representa uma curva padrão típica, obtida a partir de BSA:
5. Referências Bibliográficas
Capítulo 3
Atividade de lipoxigenases
Érica Amanda de Barros
Amanda Cristina Esteves Amaro
Fernando Broetto
Introdução
As lipoxigenases (LOX) são isoenzimas que estão amplamente distribuídas em plantas e animais
superiores. Elas catalisam a adição do oxigênio molecular ao sistema pentadieno dos ácidos graxos
poliinsaturados, formando hidroperóxidos dos ácidos graxos correspondentes que se decompõem em
ácidos, aldeídos e cetonas de cadeia curta, (AXELROD et al., 1981; LEONI et al., 1985; MACK et
al., 1987; VICK; ZIMMERMAN, 1987; BUNKER et al., 1995).
Durante um processo de estresse, ocorrem danos físicos às células vegetais, em razão disso, as
lipoxigenases (linoleato: oxigênio oxido-redutase - EC 1.13.11.12) utilizam ácido linolênico (C18:3)
ou ácido linoléico (C18:2) como substrato, tranformando-o em hidroperóxidos do ácido graxo, que
são rapidamente metabolizados para formar vários produtos.
Dentre esses, estão a traumatina, envolvida na resposta a ferimentos e na indução da divisão
celular e formação de calos (SIEDOW, 1991), o ácido jasmônico, associado à ativação de genes que
codificam para a síntese de proteínas de reserva e inibidores de proteases (MELAN et al., 1993), os
aldeídos voláteis e oxiácidos, que causam efeito inibitório sobre o crescimento de fungos patogênicos
(VAUGHN; GARDNER, 1993), insetos e protozoários (CROFT et al., 1993). Esses aldeídos
possivelmente agem também como um sinal químico na atração do inimigo natural do herbívoro para
a planta danificada (PARÉ; TUMLINSON, 1997).
Foram isoladas quatro isoenzimas, as lipoxigenases L-1, L-2, L-3a e L-3b. Estas isoenzimas
diferem entre si em vários aspectos da ação catalítica, tais como pH ótimo de ação, especificidade
para substrato, região-especificidade, produtos primários e secundários formados e valor de Km. As
isoenzimas L-3a e L-3b são muito similares em suas propriedades e, para fins analíticos, podem ser
consideradas idênticas e caracterizadas como L-3 (AXELROD et al., 1981).
As lipoxigenases são proteínas globulares, solúveis em solução salina e consistem em uma
cadeia polipeptídica simples, de peso molecular (Tabela 1) em torno de 100 Kda (HILDEBRAND;
HYMOWITZ, 1981; AXELROD et al., 1981). São dioxigenases, contendo um mol de ferro
em um grupamento não-heme, por mol de proteína, portanto são denominadas metaloproteínas
(VLIEGENTHRT et al., 1979). O ferro II oxida-se em ferro III, então é retirado um átomo de
hidrogênio da cadeia carbônica do ácido graxo e este átomo de hidrogênio se oxida a próton. O radical
pentadieno ligado a enzima é convertido em um dieno conjugado que capta o oxigênio. Ocorre então
a liberação de hidroperóxido, iniciando assim uma reação em cadeia (MORETTO; FETT, 1998).
As LOX estão presentes em grande variedade de tecidos animais, como aves, peixes e mamíferos
(GERMAN; KINSELLA, 1985; GROSSSMAN et al., 1988; HSIEH et al., 1988), e estão envolvidas
no passo inicial da biossíntese do ácido araquidônico e de compostos ativos fisiologicamente, como
leucotrienos e lipoxinas (NAVARATNAM et al., 1988; KULKARNI; COOK, 1988). Também em
tecidos vegetais, tais como folhas (alfafa), sementes (cevada, abóbora, oliveira, girassol, milho,
soja), frutos (maçã, tomate), tubérculos (batata). NIELSEN et al. (2003), detectaram e analisaram
compostos de aroma, decorrentes da ação da LOX em alho cortado não branqueado. PÉREZ et al.
(1999) verificaram LOX em morangos. Dentre as plantas, a semente de soja é a fonte mais rica das
enzimas representando cerca de 2% do total de proteínas contidas no grão (AXELROD, 1981).
Os ácidos graxos dos grãos de soja são: os saturados (~15%) palmítico e esteárico; o
monoinsaturado oléico (~24%), e os poliinsaturados, linoléico (~54%) e linolênico (~7%). Portanto,
a soja constitui-se num dos produtos mais susceptíveis a ocorrência da oxidação dos ácidos graxos
(WILSON, 1987).
Os sabores descritos como amargo, adstringente e rançoso, resultantes principalmente da ação
da enzima lipoxigenase limitam o consumo dessa leguminosa. Nos grãos de soja íntegros (secos), o
substrato não está exposto à ação dessa enzima. A reação só ocorre quando os grãos se quebram e
absorvem água (MORAIS; SILVA, 1996).
A atividade da LOX tem sido associada à diminuição da qualidade de vários produtos, e desperta
o interesse de muitos cientistas, devido ao seu papel na gênese de compostos voláteis e na formação
de radicais livres responsáveis por atacar moléculas de vitaminas, compostos fenólicos e proteínas
(DONNELLY; ROBINSON, et al., 1995).
1. Material utilizado
2. Preparo de Soluções
3. Procedimento
Para extrair a enzima dos grãos macerou-se 20 mg da amostra com 2 mL de tampão Tris-HCl
50 mM, CaCl2 20 mM, pH 8,0, a solução macerada foi transferida para tubos falcon e centrifugada a
5.500 rpm por 10 minutos, à 4 °C. O sobrenadante (extrato enzimático) obtido da centrifugação foi
pipetado para eppendorf.
A atividade de lipoxigenases (LOX) sobre o ácido linoléico foi determinada segundo o método
descrito por Axelrod et al. (1981), o qual se baseia no aumento da absorbância a 234 nm, resultante
da formação de um sistema de duplas ligações conjugadas no hidroperóxido formado.
A solução-estoque de linoleato de sódio 10 mM foi preparada adicionando a um erlenmeyer
envolvido por papel alumínio, contendo aproximadamente 10 mL de água deionizada, previamente
fervida, 78 μL de ácido linoléico (~99%) e 90 μL de Tween 20 (SIGMA). Em seguida, homogeneizou-
se a solução, succionando com auxílio de uma pipeta automática e tomando-se o cuidado para não
formar bolhas. Para o clareamento da solução, foram adicionadas gotas de solução de hidróxido de
sódio 0,5 N. Após o clareamento, a solução foi transferida para um balão volumétrico de 25 mL
coberto por papel-alumínio, após a aferição do volume. A solução-estoque de linoleato de sódio foi
armazenada em tubos eppendorf, envolvidos em papel alumínio e armazenados em freezer a – 20ºC.
Para as análises das atividades de LOX, adicionou-se 10 μL de extrato enzimático e 40 μL da
solução-estoque de linoleato de sódio (substrato) em 500 μL de tampão fosfato 50,0 mM, pH 6,5.
A velocidade da reação foi determinada de 20 em 20 segundos, a 234 nm, por um período de 60
segundos. Sob as mesmas condições, procedeu-se com o branco, que consistiu apenas da mesma
quantidade de substrato e tampão.
Os resultados foram expressos em mol/min/mg de proteína a partir da expressão:
Velocidade da reação: ∆E x VE x FD x VC
ε
4. Resultado e Discussão
Atividade de LOX
Dosagem (*kGy) Cultivares
BRS-213 BRS-258 EMB-48
Controle 0,0125a 1,6883c 1,5068c
5. Referências Bibliográficas
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Capítulo 4
Enzimas antioxidativas em pós-colheita de
vegetais
Thalita Cristina Marques Cervezan
Mariana da Silva Caldeira
Fernando Broetto
Introdução
Após a colheita de frutas e hortaliças inicia-se uma série de processos bioquímicos degradativos
que aceleram a senescência, causando perdas de grande parte da produção. Muitas dessas perdas
podem ser atribuídas à ação de enzimas durante a pós-colheita (ZANATTA et al., 2006). Existem
numerosas enzimas oxidativas que promovem alterações nos alimentos. A maioria das reações
metabólicas em frutos e hortaliças é catalisada por enzimas (CHITARRA e CHITARRA, 1990).
Entre elas a polifenoloxidase (PPO), é encontrada praticamente em todos os tecidos vegetais,
resultando na formação de pigmentos escuros, proporcionando mudanças indesejáveis nas
características sensoriais dos produtos. A polifenoloxidase aparentemente se torna envolvida no
metabolismo quando há ruptura da célula e vacúolos com mistura dos seus conteúdos. Isso ocorre
durante a senescência quando a integridade da célula é rompida, ativando a PPO latente (PIMENTA,
2001).
O escurecimento desses alimentos durante o processamento e armazenamento provoca uma
diminuição na qualidade do produto devido á mudança de cor, aroma e sabor, além das propriedades
nutricionais. Essas mudanças são causadas por compostos fenólicos, que são muito encontrados nos
vegetais, sendo os maiores responsáveis pela atividade antioxidante.
O grau de escurecimento nos vegetais está relacionada à divergência na concentração destes
compostos fenólicos, além da quantidade de oxigênio, substâncias redutoras, íons metálicos, pH,
temperatura e atividade de diferentes enzimas oxidativas, especialmente a polifenoloxidase e a
peroxidase. O escurecimento enzimático é causado pela produção de polifenólicos complexos, uma
reação catalisada primariamente pela PPO, produzindo as quinonas reativas.
As polifenoloxidades (PPO ou POF) são enzimas que promovem a oxidação enzimática de
compostos fenólicos, produzindo, inicialmente, quinona que rapidamente condensa, formando
pigmentos insolúveis e escuros, denominados melanina. Essas enzimas podem reagir não-
A coleta do material vegetal fresco deve seguir recomendações de coleta citadas no Capítulo 1
deste livro. Após a coleta, a amostra macerada em nitrogênio líquido deve ser quantificada, cerca de
500 mg, e ter seu peso devidamente anotado.
Após quantificação, a amostra será colocada em tubo para centrífuga contendo 5 mL da solução
tampão fosfato de potássio pH 6,7 e, posteriormente, acondicionada em centrífuga refrigerada. A
centrifugação deverá ser feita a 10.000 rpm por 5 min na temperatura de 0 - 4ºC.
Ao término da centrifugação, deve-se retirar o sobrenadante e armazena-los em vidros pequenos
sobre refrigeração.
2. Análises
As análises serão realizadas em espectrofotômetro a 395 nm. Para tanto, prepara-se três tubos
de ensaio. O primeiro tubo será o branco da solução, o que irá conter apenas 0,3 mL de solução
tampão e 1,85 mL de catecol 0,1M. O segundo tubo será o branco da amostra, que conterá 0,3 mL
da amostra e 1,85 mL de água deionizada. Para finalizar, o terceiro tubo receberá 0,3 mL da amostra
e 1,85 mL de catecol 0,1 M.
Cálculo
Onde:
- 30 é tempo reação
- Leitura: a leitura indicada na fórmula é a subtração da “leitura amostra” com a “leitura do branco da
amostra”. O resultado “x” obtido deverá ser subtraído da “leitura do branco da solução”, determinando
assim o “y”. Veja o exemplo abaixo:
3. Preparo de Reagentes
Para ajustar a solução a um pH mais ácido, coloca-se a solução ácida sobre a solução básica,
ajustando assim, o pH para ácido. Para ajustar a solução a um pH mais básico, coloca-se a solução
básica sobre a solução ácida, ajustando assim, o pH para básico. Para ajustar o pH a 6,7, coloca-se a
solução básica em béquer e acerta o pH com a solução ácida até chegar ao valor 6,7.
165,29 mL à 1000 mL
Y à 100 mL
Y= 16,53 mL para 100 mL de água deionizada
4. Resultado
Tabela 1. Experimento prático sobre a determinação de enzimas antioxidantes em pós- colheita de vegetais
Leituras em Absorbância
Amostras Branco Branco da amostra Amostra POF
Goiaba 0 0,014 0,050 12,00
Brócolis 0 0,099 0,206 35,67
Essa prática é um exemplo simples para demonstrar através do calculo a atividade da enzima polifenoloxidase.
É perceptível a diferença entre as amostra analisadas demonstrando haver maior atividade nos Brócolis em
relação à Goiaba.
5. Referências Bibliográficas
Capítulo 5
Enzimas antioxidativas em tecidos
vegetais
Marcos de Oliveira Bettini
Renata Bruna dos Santos Coscolin
Dayanne Fabrício Bressan
Edilson Ramos Gomes
Fernando Broetto
Introdução
O estresse oxidativo em vegetais pode ser definido como o desequilíbrio entre a formação e
a remoção de agentes oxidantes, decorrente da geração excessiva de espécies reativas de oxigênio
(ERO). Segundo Mittler (2002), os agentes oxidantes das ERO são resultantes de uma redução parcial
do oxigênio molecular, podendo estes estar forma de oxigênio singleto 1O2, radical hidroxila OH°-,
ânion superóxido O2 °- e peróxido de hidrogênio H2O2 (Figura 1) (SCANDALIOS, 2005; RESENDE
et al., 2003; MITTLER, 2002).
Fatores como a deficiência hídrica, variações de luminosidade e temperatura, salinidade,
injúrias provocadas por patógenos, uso de herbicidas, entre outros, podem intensificar a formação
dessas espécies aumentando sua concentração no meio celular. O principal ponto de produção das
ERO durante as situações de estresse são as organelas com alta atividade de oxidação metabólica isto
devido ao intenso fluxo de elétrons, exemplo: cloroplastos e mitocôndrias, sendo que nos cloroplastos
a formação das ERO esta relacionada aos eventos fotossintéticos.
Os radicais superóxidos são os primeiros a serem formados, os quais não conseguem atravessar
as membranas biológicas ficando confinados no compartimento onde foram gerados. Em seguida,
haverá a formação da espécie peróxido de hidrogênio que tem a capacidade de atravessar as
biomembranas e se distribuir a partir do local de sua produção (BREUSEGEM et al., 2001). A última
e mais reativa espécie a ser formada é o radical hidroxila (OH.). Esse radical é formado pela redução
do H2O2 por íons metálicos (Fe2+ e Cu2+) e tem grande afinidade por moléculas biológicas em seu
sítio de produção, também apresenta uma meia-vida curta, pois reage rapidamente com moléculas
biológicas sequestrando um átomo de hidrogênio (BREUSEGEM et al. , 2001; NORDBERG e
ARNER, 2001). Portanto todas essas espécies destacam-se pela grande reatividade com biomoléculas
que, por consequência, provocam a lipoperoxidação das membranas celulares (BREUSEGEM et al.,
2001), bem como a oxidação de proteínas e quebra na cadeia do DNA (ARGUIRRE et al. , 2005 ;
HAMID et al. , 2002).
Um dos mecanismos que a célula dispõe para dismutar radicais livres produzidos em condição de
DH é a ativação de enzimas antioxidativas, dentre elas a superóxido dismutase (SOD, E.C. 1.15.1.1),
a ascorbato peroxidase (APX, E.C. 1.11.1.11), a catalase (CAT, E.C. 1.11.1.6), peroxidase (POX E.C
1.11.1.7) (MITTLER, 2002).
A enzima superóxido dismutase (SOD, EC 1.15.1.1) são metaloproteínas que catalisam a
dismutação de radicais superóxido a peróxido de hidrogênio e oxigênio. Podem ser detctadas três
classes de SOD diferenciadas de acordo com o metal presente em seu sítio ativo como cofator:
cobre/zinco (Cu/Zn SOD), ferro (Fe-SOD) e manganês (Mn-SOD) e localizadas em diferentes
compartimentos celulares (SCANDALIOS, 2005).
Outra enzima importante no sistema de resposta antioxidativa em plantas é a catalase (CAT;
EC 1.11.1.6), a qual decompõe o peróxido de hidrogênio (H2O2) gerado nos peroxissomos durante a
fotorrespiração (GERBLING et al., 1984), bem como o produto de reação da SOD.
Entre as enzimas degradantes de H2O2, é a única que não consome equivalentes redutores da
célula e que possui um mecanismo muito eficiente para a remoção do peróxido formado em condição
de estresse (SCANDALIOS, 2005).
Essa enzima tem sido descrita como susceptível a fotoinibição e degradação, após sua inativação
por luz, a atividade da catalase é fortemente dependente de uma nova síntese da enzima, como relatado
por Hertwig et al. (1992).
1. Material e Método
1.1 Processamento do material vegetal para obtenção do extrato bruto.
Processar as amostras para obtenção do extrato (Figura 1), que será obtido através da
ressuspensão do material vegetal (300 mg) em 2,0 mL de tampão fosfato de potássio 0.1 M, pH 6.8,
suplementado com 200 mg de PVPP. Após centrifugação por 10 min. a 10.000 x g, o sobrenadante
será coletado e armazenado em freezer a - 80° C.
A reação será iniciada pela iluminação dos tubos, em câmara composta por tubos fluorescentes
(15 W), a 25° C. Após 5 minutos de incubação, o final da catálise será determinado pela interrupção
da luz (GIANNOPOLITIS e RIES, 1977). O composto azul formado (formazana) pela fotoredução
do NBT será determinado pela leitura em espectrofotômetro a 560 nm.
Os tubos considerados branco para a análise recebem os mesmos reagentes, porém são mantidos
cobertos com papel alumínio, portanto, abrigados da luz. Uma unidade de SOD é definida como a
atividade da enzima necessária para a inibição de 50 % da fotorredução do NBT. Para o cálculo da
atividade específica da enzima, considera-se a porcentagem de inibição obtida, o volume da amostra
e a concentração de proteína na amostra (mg mL-1).
Após a obtenção do tampão no pH 7,8, o volume deve ser ajustado para 1 L com água destilada.
100 nM EDTA (PM=380,2): Dissolver 10 mg de EDTA em 0,5 L de água dest. Para a solução,
pipetar 228 mL
Obs.: A solução será preparada em Erleinmayer coberto com papel alumínio, para evitar
fotoredução.
• Análise:
Pipetar 50 mL de extrato bruto (amostra)
1º Tubo em branco - receberá a sol. de trabalho + amostra; deverá estar coberto com papel
alumínio; será utilizado para zerar o espectrofotômetro.
Após incubação sob luz por 5 min., as absorbâncias serão determinadas a 560 nm.
Ex. para o cálculo: Os tubos sem amostra (controle) apresentam uma taxa de absorbância
média de 0,280 e o tubo com a amostra, uma absorbância em torno de 0,120. utilizando-se a
fórmula , tem-se:
CONTROLE − AMOSTRA
X 100 = % INIBIÇÃO
CONTROLE
Neste ex., tem-se= [(0,280 – 0,120) / 0,280] x 100 = 57,14% de inibição da fotoredução.
1 Unidade (U) de SOD é definida como a quantidade de enzima requerida para inibir 50 %
da fotoredução do NBT.
Possui o mais alto número de turnover (Kcat) conhecido em enzimas: uma molécula pode
catalisar a decomposição de até 40.000.000 moléculas de peróxido de hidrogênio por segundo.
A atividade da enzima catalase será determinada em espectrofotômetro (240 nm) pelo
monitoramento da variação da absorção do peróxido de hidrogênio, conforme Peixoto et al. (1999).
Para o teste, 50 mL de extrato bruto serão adicionados a 950 mL de um tampão fosfato de potássio
50 mM, pH7,0 suplementado com peróxido de hidrogênio a uma concentração final de 12.5 mM.
A variação da absorção (DE) será calculada em um intervalo de 80 s, sendo a atividade da enzima
calculada utilizando-se um coeficiente de extinção molar e = 39,4 mM-1 cm-1. A atividade específica
(µKat µg Prot-1) da catalase, levou em consideração a concentração de proteína solúvel no teste.
Teste enzimático:
• 50 mL de extrato bruto
• 950 mL of tampão fosfato 50 mM, pH 7.0 (suplementado com 12.5 mM de H2O2 (53.75 mL de
H2O2 (30%) en 100 mL de tampão).
A peroxidase é uma enzima que possui uma variedade de isoformas e que utiliza diferentes
redutores, se caracteriza também por localizar-se em diferentes compartimentos celulares e por sua
importante função relacionada à biossíntese da parede celular. Utilizam H2O2 ao invés de O2 como
agente oxidante:
+ +
NADH + H + H2O2 à NAD + 2H2O
NADH peroxidase
A atividade da enzima será determinada através da diluição (1:25) de 100 mL de extrato bruto
e adicionados a 4,9 mL de solução tampão fosfato de potássio 25 mM, pH 6,8 contendo 20 mM de
Pyrogallol e 20 mM H2O2. Após incubação por 1 min a reação deve ser paralisada com 0,5 mL de
H2SO4 e a leitura da absorbância feita a 420 nM; A atividade específica (µKat µg Prot-1) da enzima é
calculada usando-se coeficiente de extinção molar de 2,47 mM-1 cm-1 (PEIXOTO et al., 1999).
Para a análise da atividade da enzima APX, inicialmente prepara-se uma solução de trabalho
contendo uma alíquota de 100 mL de extrato bruto com 2,9 mL de tampão fosfato de potássio 50 mM,
pH 6,0 (volume final de 3,0 mL). A esta solução acrescenta-se ascorbato e peróxido de hidrogênio,
em concentração final de 0.8 e 1,0 mM, respectivamente. A determinação da variação da extinção (-),
é efetuada a 290 nm, sendo que a atividade específica da enzima (µKat µg Prot-1) deve ser calculada
a partir de um coeficiente de extinção molar de 2,8 mM-1 cm-1 (KOSHIBA, 1993).
2. Referências Bibliográficas
BROETTO, F.; LÜTTGE, U.; RATAJCZAK, R. Influence of light intensity and salt-treatment on
mode of photosynthesis and enzymes of the antioxidativo response system of Mesembryanthemum
crystallinum. Functional Plant Biology, v.29, p.13-23, 2002.
GIANNOPOLITIS, C.N., RIES, S.K.; Superóxido dismutases. I. occurrence in higher plants. Plant
Phys., 59:309-314, 1977.
JENKS, M. A., HASEGAWA, P. A.; Plant Abiotic Stress. Oxford: Blackwell, 270 p., 2005.
KOSHIBA, T. Cytosolic ascorbate peroxidase in seedlings and leaves of maize (Zea mays). Plant
and Cell Phys., 34:713-721,1993.
MELO, G. M. O eu-estresse na micropropagação da cana de açucar: variáveis bioquímicas e
moleculares. Seminário e projeto de dissertação de mestrado no curso de melhoramento genético
de plantas. UFRPE. Recife, 2010
PEIXOTO,.H.P.P..; CAMBRAIA, J.; SANT´ANA, R.; MOSQUIM, P.R.; MOREIRA, A.M.;
Aluminium effects on lipid peroxidation and the activities of enzymes of oxidative metabolism
in sorghum. Rev. Bras. Fis. Vegetal, 11 (3):137-43, 1999.
SOARES, A. M. S., MACHADO, O. L. T. Defesa de plantas: Sinalização química e espécies reativas
de oxigênio. Revista Tropica – Ciencias Agrarias e Biologicas. V.1, n. 1, p. 9, 2007.
STEVANATO, R. Proprietà antiossidanti e struttura chimica di molecole naturali - Spring School
Brasil-Itália, Ca’Foscari e UNESP - Botucatu, 2011
TONIN, F. B. Atividade de enzimas antioxidantes e absorção de silício em plantas de pimentão
submetidas a estresse salino. Dissertação de mestrado da Faculdade de Ciências Agronômicas
da UNESP, Botucatu, 93p, 2005.
Capítulo 6
Atividade da Nitrato Redutase
Amanda Cristina Esteves Amaro
Érica Amanda de Barros
Marco Antonio Castillo Campohermoso
Fernando Broetto
Introdução
O nitrogênio está entre os principais elementos minerais, pois vem logo depois do C, O e H
como componente de biomassa. A energia e a estrutura molecular necessária para a incorporação do
nitrogênio provêm do metabolismo dos carboidratos, o qual depende da fotossíntese, e essa, por sua
vez, depende dos compostos contendo nitrogênio, como, por exemplo, a clorofila, criando, assim, um
ciclo de interdependência (LARCHER, 2006).
A assimilação de nitrogênio é o segundo maior processo metabólico nas plantas superiores,
sendo superado apenas pela fixação fotossintética do CO2. As plantas absorvem o nitrogênio do solo
nas formas de nitrato e amônio, sendo que o nitrato é a principal forma de nitrogênio inorgânico
disponível para as plantas, e sua absorção depende do pH na rizosfera, sendo que, sob pH baixo, a
absorção de nitrato é mais prejudicada que a de amônio (BUCHANAN et al., 2000).
No citoplasma das células, depois de o nitrato (NO3) ser absorvido pelas raízes das plantas, o
primeiro passo é a sua redução para nitrito (NO2), reação essa catalisada pela enzima nitrato redutase
(NR) (LARCHER, 2006).
A forma mais comum da enzima nitrato redutase usa, durante a redução de nitrato para nitrito,
o NADH como doador de elétrons. No entanto, em tecidos não clorofilados pode utilizar tanto o
NADH, quanto o NADPH (YANG e MIDMORE, 2005).
A enzima nitrato redutase (NR) é formada por duas subunidades idênticas com três grupos
prostéticos cada (flavina adenina dinucleotídeo – FAD, heme e complexo formado por molibdênio,
mais uma molécula orgânica chamada pterina) presente no citoplasma (TAIZ e ZEIGER, 2009).
Depois da redução do nitrato para nitrito, ele é transportado rapidamente do citosol para o
interior dos cloroplastos (em tecidos clorofilados) e plastídeos (em tecidos aclorofilados), onde será
reduzido à amônia pela enzima nitrito redutase (NiR), usando ferredoxina reduzida como doadora de
elétrons; esse transporte deve ser rápido, pois o nitrito é um íon altamente reativo e potencialmente
tóxico para a célula. A ferredoxina reduzida é proveniente do transporte de elétrons da fotossíntese nos
cloroplastos e do NADPH formado na rota da oxidação das pentose-fosfato nos tecidos aclorofilados
(YANG e MIDMORE, 2005; TAIZ e ZEIGER, 2009).
Em seguida, esse amônio é incorporado em moléculas orgânicas, como aminoácidos e
nucleotídeos, por meio da ação conjunta das enzimas glutamina sintetase (GS) e glutamato sintase
(GOGAT) (LARCHER, 2006).
A nitrato redutase é rapidamente produzida, de acordo com as necessidades da planta, sendo
que o nitrato, a luz e os carboidratos interferem na tradução e transcrição (TAIZ e ZEIGER, 2009).
A atividade da nitrato redutase muda de acordo com a fase da vida da planta; assim, possui
sua maior atividade em órgãos de crescimento, durante a fase jovem, pois estes requerem grande
quantidade de nitrato. A citocinina também estimula a produção de nitrato redutase, além de ser
regulada pelas alternâncias entre luz e escuro (LARCHER, 2006).
As alterações diárias na fotossíntese interferem na expressão e atividade da nitrato redutase,
variando de acordo com o dia e com a noite, sendo que, geralmente, possui um pico de produção
no final da noite e nas primeiras horas do dia. Para um grande número de espécies, mesmo se elas
forem colocadas em condições de luz constante, as oscilações circadianas da atividade da nitrato
redutase permanecerão por aproximadamente 24 horas, indicando que esse ritmo é endógeno (YANG
e MIDMORE, 2005).
1. Material e Método
Fosfato de potássio dibásico (K2HPO4) PM 174,18;
Fosfato de potássio monobásico (KH2PO4) PM 136,09;
N-propanol, também conhecido como álcool iso-propílico ou iso-propanol ou 2-propanol PM
60,10;
N-(1-napthy) ethelenediamine dihydrochloride PM 259,17;
Ácido Clorídrico (HCl);
Sulfanilamida PM 172,21;
Nitrito de sódio NaNO2.
KH2PO4
Acrescentar a solução de KH2PO4 à solução de K2HPO4
até atingir pH final de 7,0. Completar o vol. para 1 L
K2HPO4
N-propanol (1%)
Para preparar 50 mL de solução:
• HCl 1,5N
Como: densidade=1,19 g mL-1 (T=37%) PM: 36,48
Então: em 1 mL de solução de HCl: 1,19 X 0,37 = 0,4403 g de HCl em mL do reagente.
NHCl = 0,4403/36,48 = 0,01207
M = 0,01207/ 1,0 X 10-3 L = 12,07 Molar
Cuidado:
Soluções concentradas de ácido clorídrico (HCl) são corrosivas e podem causar queimaduras
graves. O vapor é extremamente irritante para a pele, olhos e sistema respiratório. O preparo dessa
solução deve ser feita dentro de uma capela ventilada; Ao diluir ácidos, sempre adicione o ácido à
água, e não o contrário.
Cortar 200 mg de segmentos foliares, com auxílio de um estilete ou tesoura (Obs.: as plantas
deverão estar iluminadas pelo menos por 2 horas, para a correta ativação da NR);
Colocar os segmentos em tubos de ensaio, acrescentar 10 mL do tampão de extração e tampar
com a rolha especial para infiltração à vácuo (Figura 1);
Incubar à vácuo: 3 ciclos de duração de 2 minutos, com intervalo de 1 minuto entre eles. Para
verificar se esta ocorrendo a correta infiltração verifique se há formação de bolhas na beirada
das folhas. Além disso, não deixe que as folhas se depositem no fundo, dê pequenas batidas
no fundo para que elas subam.
Incubar em banho-maria a 30°C, com agitação e no escuro por 1 hora;
Coletar 1 mL da solução dos tubos de ensaio e transferir para tubos de ensaio limpos;
Acrescentar 1 mL da solução de sulfanilamida e 1 mL da solução de N-Naftil
Incubar em banho-maria a 30°C, com agitação e no escuro por 15 minutos;
Ler em espectofotômetro a 540 nm.
Figura 1. A) Infiltração à vácuo; B) Detalhe da formação de bolhas na beirada das folhas, indicando que esta
ocorrendo a infiltração
Dicas:
- Os segmentos foliares devem ser cortados com auxílio de uma tesoura ou gilete, sendo que os
segmentos devem ser os menores e mais finos possíveis.
- Para deixar os tubos de ensaio no escuro tampe o banho-maria com sua tampa própria ou com
auxílio de papel alumínio.
- Não lave as vidrarias com detergente, pois esses podem conter nitrito e, assim, alterar os seus
resultados. O ideal é ferver as vidrarias antes de utilizá-las.
Em seguida proceder a incubação exatamente como apresentado na Técnica (item 1.2) a partir
da primeira incubação em banho–maria. Com os resultados das leituras de concentração de nitrito,
organizar os dados em planilha, para calcular a atividade da NR nos segmentos foliares, com unidade
final em nM NO2 h-1 g-1 MF.
2. Referências Bibliográficas
JAWORSKI, E.G. Nitrate reductase assay in intact plant tissues. Biochemical and Biophysical
Research Communications. v.43, p.1274-1279, 1971.
Capítulo 7
Análise de proteínas por Eletroforese Nativa
Mariana da Silva Caldeira
Marcos de Oliveira Bettini
Dayanne Fabrício Bressan
Fernando Broetto
Introdução
O gel (suporte para a migração eletroforética) pode ser de acetato de celulose, gel de agarose,
gel de poliacrilamida, entre outros. Os géis de poliacrilamida são comumente utilizados na separação
de proteínas em virtude de ser quimicamente inertes, facilidade de coloração com nitrato de prata
e corante azul de Coomassie (corantes como esses coram totalmente a agarose impossibilitando
a identificação das espécies no eletroforetograma), os poros são facilmente ajustáveis através do
controle de acrilamida e bis-acrilamida que são os polímeros que formam o gel.
Géis de poliacrilamida são formados por copolimerização de acrilamida e Bis-acrilamida (Bis)
na presença de persulfato de amônia e tetrametiletilenodiamina (TEMED) ou riboflavina e TEMED
sob luz ultravioleta ou fluorescente. O TEMED catalisa a liberação de radicais livres de persulfato
SO4- que, por sua vez, iniciam a polimerização (ALFENAS e BRUNE, 1998). A acrilamida é uma
molécula linear, enquanto a Bis-acrilamida tem forma de “T”. Ao misturar-se essas duas moléculas,
tem-se a formação de uma “rede” onde diferentes relações entre as concentrações dessas moléculas
permitem a criação de diferentes gradientes de separação.
De acordo com Esteves (2012) existem variantes da técnica de eletroforese, que podem
ser divididas em: eletroforese nativa (em que as proteínas migram de acordo com os três fatores
mencionados anteriormente: carga, massa molecular e conformação), zimografia (em que as
condições de corrida e de detecção permitem que se detecte uma determinada atividade enzimática)
e eletroforese em condições desnaturantes (mais conhecida por SDS-PAGE, em que as proteínas são
desnaturadas previamente, sendo separadas apenas de acordo com a sua massa molecular).
Na eletroforese nativa, utilizada mais comumente para isoenzimas, existe o sistema contínuo
e o sistema descontínuo. No sistema contínuo, o gel tem porosidade uniforme e o tampão usado na
preparação da amostra e do gel é o mesmo utilizado nos tanques dos eletrodos. A escolha da solução-
tampão e de seu valor de pH depende da estabilidade e solubilidade da proteína em estudo.
Por outro lado, existe uma versão em que não somente usam-se tampões diferentes para o gel
e para o tanque, mas também um sistema de duas fases é usado, compreendendo um gel principal
ou de resolução e um gel empilhador de poros pequenos, onde a amostra proteica é aplicada. Esse é
conhecido como sistema descontínuo. Sob eletroforese, as moléculas migram da parte mais porosa
(gel empilhador) para a menos porosa (gel separador). Consequentemente, as moléculas de proteína
concentram-se numa faixa estreita e compacta entre o gel empilhador e o separador, produzindo
melhor resolução que no sistema contínuo, pelo empilhamento no gel empilhador, rendendo elevada
concentração das proteínas em análise.
Muitos tampões de gel diferentes e concentrações diferentes têm sido delineados para ambos os
sistemas, contínuos e descontínuos.
Neste capítulo será explanada a metodologia de eletroforese nativa em sistema descontínuo das
enzimas SOD (Superóxido dismutase) e Catalase extraídas de tecidos vegetais.
A SOD tem a função de catalisar a dismutação do superóxido em oxigénio e peróxido de
hidrogénio, sendo assim, uma importante defesa antioxidante na maioria das células expostas ao
oxigénio. Já a catalase tem a função de catalisar a decomposição do peróxido de hidrogênio, que é
altamente tóxico para as células.
1. Procedimentos
1.2 Eletroforese
Pentes
Espaçadores
Placas de vidro
Figura 3. Componentes de uma cuba de eletrosforese
A) Com o auxílio de uma pipeta ou seringa aplicar a solução do gel separador no espaço entre
as placas de vidro até a altura de mais ou menos 1,5 cm abaixo da extremidade inferior do pente;
B) Imediatamente após, aplicar um pequeno volume de isobutanol (ou etanol 70%) sobre o gel
para garantir a uniformidade da superfície deste;
C) Após a polimerização do gel (cerca de 20 min) observa-se uma separação nítida entre o gel
e o isobutanol, que deve ser removido por decantação e uso de papel-filtro;
D) Aseguir, inserir o gel empilhador e, imediatamente, o pente. Evitar ao máximo a formação
de bolhas.
E) Esperar cerca de 20 min para que o gel se polimerize completamente e retirar o pente
cuidadosamente para não romper os poços. Obs: caso a utilização do gel seja posteriormente, deve-se
cobrir o suporte com o gel com um saco plástico e manter em geladeira.
Realizada a extração de proteínas, conforme descrito no item 1.1 deste capítulo, misturar 2
volumes do extrato proteico (proteína solúvel) com 1 volume de glicerol (com azul de bromofenol).
A) Remover o pente do gel da amostra com as duas mãos, puxando-o firmemente para cima,
evitando danificar os poços;
B) Montar o suporte com o gel na cuba de corrida;
C) Encher a cuba com tampão do reservatório;
D) Remover possíveis bolhas de ar na base do gel;
E) Pipetar cerca de 15 µL de amostra em cada poço utilizando-se uma seringa Hamilton ou
pipeta com ponteira estrangulada (todos os poços devem ser cheios com amostra ou com solução
tampão);
F) Para determinação da massa molecular aparente das proteínas pipetar padrões de massa
Para analisar a SOD, deve-se seguir o procedimento descrito abaixo (Figura 5):
A) Incubar o gel de poliacrilamida poroi 30 min em 50 mL de solução corante no escuro;
B) Após o incubamento no escuro, incubar na presença de luz até que as bandas de atividade
fiquem claramente visíveis;
C) Parar a reação pela lavagem dos géis em água bidestilada
D) Para inibir a Cu/Zn-SOD adicionar solução de KCN 3 mM (10 mg de KCN em 50 mL da
solução corante) ou ainda para inibir também Fe-SOD, adicionar 24,3 µL 35% H2O2 (concentração
final de 5 mM) em 50 mL da solução corante. Na presença de H2O2, além das bandas de SOD, as
bandas de atividade de catalase também se tornam visíveis.
vezes);
C) Incubar o gel por 5 min em solução de 0,03 % (v/v) de H2O2 sob agitação. Para preparar a
solução de peróxido de hidrogênio, pipetar 0,1 mL de H2O2 (30 vol) w misturar em 99,9 mL de água
bidestilada.
D) Lavar novamente o gel com água bidestilada;
E) Incubar o gel na solução corante (tampão de coloração para CAT) até que as manchas
fiquem visíveis (aproximadamente 2 min) e parar a reação com lavagem em água bidestilada.
2. Reagentes
2.1 Utilizados no preparo dos géis
Na tabela a seguir (Tabela 1) estão os reagentes utilizados para o preparo dos géis de eletroforese
Tabela 1. Reagentes necessários no preparo dos géis de eletroforese
Na tabela a seguir (Tabela 2) estão os reagentes utilizados para extração e atividade protéica.
3. Soluções
Para 100 mL de solução, dissolver 18,17g de Tris em 75 mL de água bidestilada, ajustar para
pH 8,8 com HCl concentrado e completar para 100 mL com água bidestilada.
Persulfato de amônia (APS) – 50% (p/v) - armazenar a solução a 4oC. Dissolver 5 g de APS em 10
(2)
mL de água bidestilada. Esta solução pode ser utilizada por várias semanas.
Atenção: Durante o manuseio com acrilamida usar luvas, pois seus monômeros e derivados são
altamente tóxicos, podem causar câncer e/ou destruir tecidos nervosos.
Solução μL para 5% T
Água bidestilada 2882
Upper Tris (1) 1250
Sol. Acrilamida 833
TEMED 10
Start: APS(2) 20
(1)
Upper Tris: 0,5M Tris, pH 6,8 – manter em temperatura ambiente
Para 100 mL de solução dissolver 6,06 g de Tris em 75 mL de água bidestilada, ajustar para
pH 6,8 com HCl 2 N e completar para 100 mL com água bidestilada.
(2)
Persulfato de amônia (APS) – 50% (p/v) - armazenar a solução a 4oC
Dissolver em água bidestilada, completar para 1L e conservar a 4 oC. Antes do uso diluir a
solução a 1:4. Para soluções 10X concentrada, diluir a 1:10. Não é necessário ajustar o pH pois na
diluição o pH cairá para aproximadamente 8.9.
*Para espécies oleaginosas ou resinosas deve-se adicionar 0,5 (p/v) PVPP (=0,05 g).
Dissolver em 75 mL de água bidestilada, ajustar o pH 8,0 com Tris e completar o volume para
100 mL. No momento em que for utilizar adicionar 1 mM de DTT (= 15 mg).
Misturar as soluções no momento em que for utilizá-la e completar para 200mL com água
bidestilada.
4. Referências Bibliográficas
Capítulo 8
Atividade da Invertase de Levedura:
valores da constante de Michaelis-Menten
(Km) e velocidade máxima (Vm)
Sthefany Rodrigues Fernandes Viana
Djanira Rodrigues Negrão
Fernando Broetto
Introdução
O objetivo deste experimento é levar o aluno a aprender uma técnica de medida da atividade
da enzima e utilizando os dados obtidos calcular dois parâmetros da cinética enzimática que são a
constante de Michaelis e a Velocidade Máxima da reação, parâmetros estes que ajudaram Michaelis
e Menten a comprovar sua teoria sobre o mecanismo das reações enzimáticas.
1. Invertase de Levedura
1.1. Reação a ser estudada
Procedimento
A saber:
Sacarose + Água + Invertase à Glicose + Frutose
C12H22O11 + H2O à C6H12O6 + C6H12O6
15 minutos
10 minutos
1 0,2 0,8 0,2 1 1
2 0,4 0,6 0,2 1 1
3 0,6 0,4 0,2 1 1
4 0,8 0,2 0,2 1 1
5 1,0 0,0 0,2 1 1
Dados: Concentração de Sacarose 0,01 mol/L
Resultados:
Para a determinação das análises enzimáticas segundo Lineweaver-Burk, deve-se utilizar a
seguinte fórmula:
Equação de Lineweaver-Burk: 1/Vo = Km/Vmax . 1/[S] + 1/Vmax onde,
Y = a x + b
Equação de Michaelis-Menten, sendo:
Vo=Vmax . [S]
Km + [S]
Após obtenção dos dados (Tabela 2), deve-se construir um gráfico, colocando no eixo
das abscissas o inverso da concentração do substrato (1/S) e no eixo das ordenadas o inverso da
velocidade da reação (1/V) que é igual à quantidade de açúcar redutor formado durante os 15 minutos.
Os valores de R² obtidos no gráfico representam uniformidade nas concentrações, portanto, quanto
mais aproximado de 1, melhor os resultados.
mL Sacarose Leituras
0 0,000
20 0,054
40 0,084
60 0,111
80 0,157
100 0,186
Dados:
Y = ax + b à Y= 0,0018x + 0,0082
Sabendo-se que:
1/Vo = Km/Vmax . 1/[S] + 1[Vmax]
Então:
1/Vo = 0,0018 . 1/[S] + 0,0082
Portanto:
1/Vo = 0,0082 à Vmax = 121,95 g L.h
Logo,
Km/Vmax = 0,0018 à Km = 121,95 . 0,0018 à Km = 0,220 g/L
(ƛ)
0 1,0 0,0 100 1 7 0,474
20 min - esfriar
A concentração de glicose pode ser calcular através da fórmula Y=ax+b, onde x é expresso
em µg glicose ou pelos dados:
2. Referências Bibliográficas
GRACIDA-RODRÍGUEZ, J.; FAVELA-TORRES, E.; PRADO-BARRAGÁN, A.; HUERTAOCHOA,
S. SAUCEDO-CASTAÑEDA, G. Invertases. In: PANDEY, A.; WEBB, C.;SOCCOL, C.R.;
LARROCHE, C. (Ed.) Enzyme Technology. New Delhi: Asiatech Publishers, 2005. p. 449-464.
Capítulo 9
Soluções Tampão: Conceito e Preparação
José Pedro Serra Valente
Fernando Broetto
Introdução
Comparação entre a variação do pH da água e do sangue após a adição de 0,01 mol de HCl e
0,01 mol de NaOH?
1 Litro de 1 Litro de
água pura água pura
à
1 Litro de 1 Litro de
sangue sangue
à
à
pH=7,4 à pH@7,3 pH=7,4 àpH@7,5
APLICAÇÃO
A) Química:
B) Bioquímica:
Os tampões são geralmente preparados misturando um ácido fraco e um sal da base conjugada
ou uma base fraca e um sal do ácido conjugado, para obter uma solução com pH definido.
Vamos considerar um ácido fraco (um próton ligado a um ânion A-):
HA H+ + A- (equilíbrio químico em meio aquoso)
Muito pouco pouco
e um sal solúvel (eletrólito forte) com o ânion igual ao do ácido, ligado a um cátion (C+) em meio
aquoso:
Considera-se que a concentração total do ânion A- seja igual ao do sal visto que a
contribuição do íon comum pelo ácido é desprezível:
Esta equação, denominada de Henderson-Hasselbalch, fornece o pH através do pKa e razão
das concentrações de um par conjugado ácido – base, do sistema tampão considerado.
Mecanismo do tampão:
HAc Ac- + H+
muito pouco pouco
Na mistura, em meio aquoso, temos muito Ac- e HAc, pouco H+ e o Na+ que é inerte, não participa
das reações apenas participa do equilíbrio elétrico do meio.
Adicionando H+ nessa mistura:
O excesso de Ac- (básico) reagirá com o H+ adicionado formando o ácido não ionizado,
mantendo o pH constante.
Ac- + H+ HAc
Isto significa que a solução possui acidez de reserva, o HAc dissocia mantendo a
concentração inicial de H+ praticamente constante.
O deslocamento do equilíbrio para o lado contrário ao da espécie adicionada é explicado
pelo princípio de Le Chatelier.
A solução tampão deve consumir a maioria dos íons H+ ou OH- adicionados caso contrário o pH
será alterado significativamente.
O pH de uma solução tampão depende do pKa e razão entre as concentrações do ácido e sal
que contém a base conjugada do ácido. A equação de Henderson-Hasselbalch para um tampão ácido
é:
Sendo,
Ca=concentração nominal de ácido fraco ou sal do ácido em mol/L
Cb=concentração nominal da base fraca em mol/L
Cs= concentração nominal do sal que fornece o ácido ou base conjugada em mol/L
Além de ser mais eficiente, é mais fácil de escolher o pH, pois é igual ao pKa:
quando Cs = Ca
pH = pKa
Isso significa que concentração do sal pode ser dez vezes maior ou menor que a do ácido. Na
prática quando o valor for superior a um, ou inferior a um não temos uma solução tampão.
3) A princípio a CT de uma solução tampão aumenta com as concentrações efetivas dos seus
componentes.
Na prática, em geral, as concentrações em que os tampões funcionam bem estão entre 0,050
e 0,200 mol/L (50 e 200 mmol/L).
A escolha da concentração do tampão depende da estimativa do consumo de H+ ou OH-. Se
no meio será adicionado muito H+ ou OH- escolher uma concentração maior, se pouco uma
concentração menor.
Se no meio tamponado não for acrescentado significativamente H+ ou OH-, utilizar uma
concentração entre 50 a 100 mmol.
Se for necessário um meio com uma força-iônica grande, escolher uma concentração do
tampão maior ou adicionar um sal inerte como NaCl, KCl, Na2SO4 etc.
Se é esperado diminuir o pH durante o experimento deve-se escolher um tampão com pKa um
O melhor procedimento para obtenção de uma solução tampão é seguir o procedimento dado
pelo protocolo experimental.
Em uma situação nova ou falta de um protocolo de procedimento existem vários métodos para
a preparação de um sistema tampão. Os dois métodos principais são:
A) Quando existe no laboratório os dois reagentes, o ácido (ou base) e o sal do conjugado
Após definir a concentração da solução tampão e a proporção dos componentes da mistura,
para obter o pH desejado, pesar o ácido (ou base) e o sal separadamente, dissolver os mesmos em
água e completar o volume desejado em um balão volumétrico.
Exemplo:
Como preparar um litro de tampão de fosfato com pH = 7,5 e concentração 0,2 mol/L?
Consultando uma tabela de pKa encontramos:
H3PO4 pKa1 =2,15 pKb=11,85
H2PO4- pKa2 =7,21 pKb=6,79
HPO4 2-
pKa3=12,67 pKb=1,33
Os ânions derivados do ácido fosfórico são encontrados como sais de sódio ou potássio. Esses
cátions são inertes na maioria das situações.
Como o pH desejado não é igual ao pKa devemos ajustar a proporção das concentrações da
base H2PO4- e o seu conjugado HPO4-, na equação de Henderson-Hasselbalch para tampão básico.
pKb = 6,8
HPO42- + H+ H2PO4-
Massa do sal?
m=n.M
m = 0,068mol . 136,1 g/mol
m = 9,26 g de KH2PO4
Massa da base ?
Podemos chegar ao mesmo resultado prático utilizando o pKa e a equação do tampão ácido:
pKa2 = 7,2
H2PO4 -
HPO42- + H+
Os dois componentes são adicionados na forma do sais contendo os conjugados. Estamos chamando
de sal a base (maior pKa).
4. Parte Experimental
Se houver só o ácido (ou base) este é dissolvido ou diluído em um pouco de água e em seguida
é adicionado uma quantidade (calculada) de base forte (ou ácido forte) para obter o pH desejado.
Se houver só o sal (base conjugada), adicionar a quantidade de ácido forte necessária para obter
o pH desejado.
Exemplo 1:
Como preparar 1000 mL de uma solução tampão Tris com pH 8,1 e concentração 0,1 mol/L,
tendo apenas a base Tris.
Para isso temos que ter HCl 1,0 mol/L para adicionar na base Tris e gerar o sal do conjugado.
Para saber o volume de HCl 1,0 mol/L é necessário adicionar na base Tris para obter o
tampão com pH 8,1 devemos utilizar a equação de Henderson-Hasselbalch para tampão básico:
Isto significa que a concentração do [Sal] tem que ser igual a da [base], então metade da base
deve ser convertida em sal, para que ambas concentrações sejam iguais (0,05 mol/L).
Como deve ser convertido 0,05 mol de Tris-Base para Tris-ácido é necessário 0,05 mol de
HCl. Se em 1000 mL de HCl 1 mol/l temos 1 mol de HCl, em 50 mL teremos 0,05 mol de HCl.
Preparo
Devemos dissolver 0,1 mol da Tris-Base (cristalino) que corresponde a 12,1 g (0,1 mol x
121 g/mol) em 900 ml de água e a seguir adicionamos 50 mL de HCl 1,0 mol/L. Medir o pH, se
necessário ajustar com HCl ou NaOH.
Exemplo 2:
Como preparar 25,00 mL de um tampão Tris com pH 7,8 e concentração 100 mmol (0,100
mol/L) a partir de uma solução estoque 2000 mmol (2,000 mol/L) e HCl 1 mol/L (pKa=8,1).
Dados:
Tris-Básico pKa = 8,1
Concentração da solução estoque do Tris-Basico = 2,000 mol/L
Concentração do tampão: [Tris-Base] + [Tris-HCl] = 0,100 mol/L =>[Tris-Base] = 0,100 - [Tris-
HCl]
Assim deve-se transferir 1,25 mL da solução estoque para um balão volumétrico de 25,00 mL
com um pouco de água. Em seguida adicionar o volume calculado de HCl 1,0 mol/L para obter o
tampão e completar o volume para 25,0 mL com água em balão volumétrico.
Cálculo:
A proporção de Tris-Base com HCl para formar Tris-HCl é de 1:1, então para formar 0,00167
mol (1,67 mmol) de Tris-HCl são necessários 0,0167 mol de HCl.
1000,0 mL do HCl possui 1,0 mol de HCl, então em 1,67 mL deste ácido há 0,00167 mol de HCl.
Assim, se deve acrescentar 1,67 mL de HCl 1,0 mol/L no balão volumétrico com 1,25 mL
da solução estoque de Tris-Base, adicionar outros reagentes como MgCl2 e EDTA, se a metodologia
determinar, e completar o volume para 25,00 mL com água ultrapura, para obter a solução tampão
desejada.
Medir o pH e ajustar com ácido forte ou base forte se necessário, antes de completar o volume
para 25,00 mL.
INTERNET
Em geral as soluções tampão são estáveis e mantém o pH constante por um longo período,
para isso é necessários alguns cuidados:
É recomendado utilizar água ultrapura com resistividade 18,2 MΏ-cm (0,055 µS/cm), a 25oC.
Esta água tem um pH neutro na saída do sistema de purificação (sem gás carbônico), mas ela
é rapidamente contaminada pelo CO2 do ar até um pH~5,5. A água destilada é obtida com
CO2 e no contato com o ar ocorre aumento da contaminação. Caso só se tenha água destilada
comum, eliminar o gás carbônico em um destilador, com o condensador na vertical, e fechar
rapidamente o frasco de armazenamento após a separação da água para minimizar novas
entradas.
Após o uso da solução tampão, fechar rapidamente o frasco para evitar a entrada de
contaminantes da atmosfera. O gás carbônico é o principal contaminante atmosférico dos
tampões básicos e a amônia dos tampões ácidos.
Um tampão ácido deve ser armazenado em frasco de vidro.
Não armazenar tampão básico em frascos de vidro comum, impurezas do vidro como sílica
podem dissolver contaminando o tampão.
A contaminação microbiana pode acontecer em pHs próximos de 7. Para evitar a contaminação
é recomendado a esterilização, refrigeração ou aumento da força-iônica, por exemplo, utilizar
uma concentração de 500 mmol/L para um tampão de fosfato.
Alguns íons existentes na solução tamponada podem interagir com componentes do tampão.
Ex. Ca2+ com o fosfato precipita, Cu2+ com a amina do Tris se ligam fortemente.
Sais de potássio são mais prontamente solúveis em algumas soluções orgânicas.
Tomar cuidado no armazenamento dos reagentes, por exemplo, os sais anidros são
mais higroscópicos que os hidratados, assim a hidratação pode causar erro na pesagem e
consequentemente na proporção ácido e base.
A melhor maneira de evitar alteração na força-iônica de um tampão é utilizar as quantidades
fornecidas pela razão dos componentes na equação de Henderson-Hasselbalch. No preparo
do tampão, o volume gasto para ajustar o pH, antes de completar o volume final, deve
corresponder no máximo a cerca de 10% do volume final (a ser preparado). Nesta condição
o volume de ácido ou base gasto para o ajuste do pH são pequenos e não causam mudanças
significativas na força-iônica.
Quando se faz uma solução tampão com base nas concentrações calculadas na equação
Henderson- Hasselbalch é utilizado um eletrólito forte (sal), assim à força-iônica é significativa e
o pH obtido difere ligeiramente do esperado. Isto acontece porque a concentração real (atividade
iônica) do tampão é menor que a concentração nominal (analítica). Assim as equações de equilíbrio
deveriam ser expressas em termos de atividade iônica (a) e não da concentração nominal.
Dessa forma, o pH de uma solução feita com base nas concentrações analíticas possui um pH
ligeiramente diferente do esperado e deve ser ajustado no final do preparo da solução tampão.
Os cálculos feitos através das equações de equilíbrio químico em termos de concentração só
são exatos para soluções ideais (concentrações muito baixas) em que as partículas estão afastadas
uma da outra não havendo interações entre elas.
Uma solução feita com um eletrólito forte (sal solúvel) produz uma força-iônica significativa
causando a formação de aglomerados iônicos, diminuindo a concentração efetiva (real). Cada
aglomerado iônico age como se fosse uma partícula individual, assim a soma de aglomerados e
partículas é chamada de atividade iônica (concentração efetiva/ real) menor que a concentração
nominal ou analítica. Concentração analítica é a concentração encontrada em uma análise química
através de reações químicas, ou seja, quantifica todos os íons adicionados em um meio.
6. Referências Bibliográficas
Alcard, J.C. e Mattiazzo Prezotto, M.E. Equilíbrio Químico: Atividade Iônica. Dep. Química, Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba-SP, 1990.
Beynon, R.J. e Esaterby, J.S. Buffer solution: The basics. Oxford: Bios Scientific Publisherss, 1996.
Brown, T.L., Jr. H.E.L., Bursten, B.E. Chemistry The Central Science, Sixth Edition, New Jersey
USA: Prentice Hall, Inc., 1977.
Harris, D.C. Quantitative chemical analysis, fifth edition, New York: W.H.Freeman, 199.
Skoog, D. A., West, D.M. e Holler, F.J. Fundamental of Analytical Chemistry, Seventh Edition,
Orlando USA: Saunders College Publishing., 2001
Pfannkoch, E.A. Molecular Biology Problem solver: A Laboratory Guide. Wiley-Liss, Inc. Cap. 3,
2001.
Chemistry 1B Experiment 11, Buffer solutions. College of Alameda, California USA.
Capítulo 10
Espectrofotometria Quantitativa na Região do
UV-Vis (180 - 800 nm)
Introdução
Equação de Planck/Einsten
E = energia do fóton
h = constante de Planck
c = velocidade da luz (constante)
λ = comprimento de onda
ν = frequência
Figura 1. O fornecimento de fótons com energia mínima igual à diferença entre dois níveis de energia
Figura 2. Movimentos que ocorrem na molécula quando recebe fótons com energia
correspondente a frequência do movimento.
1 : 50 : 1000
Como se nota a energia eletrônica (de transição nos níveis energéticos) é mais importante.
Quando uma amostra contendo determinada molécula é varrida por um espectro de radiação
(faixa de comprimentos de ondas variando continuamente) e é registrada simultaneamente a energia
absorvida (absorbância) temos um gráfico como acima, denominado de banda ou espectro de absorção.
O pico de absorbância fornece o comprimento de onda que é mais absorvido pela molécula.
No espectro de absorção nota-se que a molécula absorve vários comprimentos de ondas com
intensidade diferente, um deles é máximo (λmax.). Isto é devido à existência de diferentes níveis e
subníveis na molécula (vibracional, rotacional e eletrônico). Sendo que o (λmax.) inclui a transição
eletrônica principal (preferencial).
Os espectros de banda também são utilizados para a análise qualitativa de grupos funcionais
de moléculas orgânicas. As bandas obtidas nas amostras são comparadas com as bandas obtidas com
padrões.
Figura 4. Transições eletrônicas quantizadas possíveis pela absorção de fótons com energia igual a
diferença entre os níveis e subníveis.
Entre dois níveis ou subníveis de energia existe uma zona proibida onde os elétrons não podem
M + hν → M*
O tempo de vida da espécie química excitada é de 1–10 ns (nano segundo). Após ocorre
um processo de relaxação em que o excesso de energia é dissipado e a molécula volta para estado
fundamental.
2) Relaxação
Quando um feixe de radiação monocromática com λmax atravessa uma solução que contenha
uma espécie absorvente (centros absorventes) uma parte da energia radiante é absorvida enquanto a
outra é transmitida pelo meio.
A = α1 b
A = α2 C
Lei de Lambert–Beer
Juntando a lei de Lambert e lei de Beer temos:
A = α1 b . α2 C α1 α2 = ε ou α1 α2 = a
A=εbC ou A= abC
A = Absorbância
T = transmitância
C = concentração do analito absorvente em mol.L-1 ou g L-1
em g L-1)
Outras considerações
A = -log T
Embora as medidas experimentais sejam realizadas em função da potência radiante de uma fonte é
mais comum encontrar o termo intensidade de radiação para definir a transmitância:
T = It/Io
Potência radiante e intensidade da radiação não correspondem à mesma coisa, mas estão
relacionadas entre si. A intensidade de radiação, I, é definida como a razão entre a potência radiante e
a área irradiada. Intensidade (Io) é o número de fótons incidente.
Quando um feixe de radiação passa por uma substância absorvente, a intensidade da radiação
incidente (Io) será menor que da radiação emergente.
T = 10 –ε b C
log T = log 10 –ε b C
log T = -C ε b
-log T = C ε b
log 1/T = C ε b
log Io/It = absorbância (A) = C ε b
4. Aspectos Práticos
A = kC
A = -log T = ε b C ou ε b = k (inclinação/slope)
A = -log T = a b C ab=k C = A/k
1) Para utilizar a faixa do visível é necessário que o analito em solução seja colorido
(absorva luz visível). Geralmente é necessário fazer um pré-tratamento químico na
amostra. Por exemplo, para determinar a concentração total de um elemento ou íon,
em geral é feito uma digestão com ácidos e oxidantes, para liberar o analito em uma
forma definida (igual ao da forma utilizada na solução de referencia utilizada para
fazer a curva de calibração) e reagir com reagentes que formarão uma espécie química
colorida (centro absorvente), proporcional a concentração do analito.
2) Conhecer o λmax (comprimento de onda com máxima absorbância pelo analito). Este
é o melhor comprimento de onda, dentro do espectro de absorção, porque permite a
detecção de concentrações mais baixas do analito. Este λmax é obtido no desenvolvimento
da metodologia da análise e pode ser checado facilmente fazendo uma varredura do
espectro na amostra.
3) Fazer uma solução estoque do analito e fazer diluições da solução estoque de acordo
com a metodologia.
4) Fazer a reação do analito com reagentes para obter uma solução da espécie química
que absorva luz monocromática proporcional a concentração do analito.
5) Fazer um “branco” com água destilada e os reagentes utilizados nos padrões.
5) Fazer as medidas de absorbâncias para obter a curva de calibração (referência).
6) Construir a curva de referência (A vs. C) para determinação de concentrações
desconhecidas de analitos em amostras.
A curva de referência será válida enquanto não for alterado algum acessórios do aparelho e
forem utilizados os mesmos reagentes utilizados para fazer a curva de calibração.
Quando houver alguma modificação ou em caso de alguma suspeita pode-se utilizar uma
solução com concentração exatamente conhecida (padrão) como amostra e checar o resultado na
curva. Se o erro não for aceitável deve-se fazer outra curva de referência.
O ideal é sempre correr um padrão junto com as amostras quando for realizar medidas, alguns
reagentes são instáveis e podem ocorrer alterações ou contaminação.
Observações
1. O branco, dependendo do protocolo de análise, pode ser a cubeta só com o solvente, geralmente a
água, ou com o solvente e reagentes, conforme utilizado para amostras.
2. O objetivo do branco é descontar os erros devido à absorção da radiação pela cubeta, solvente,
reagentes e impurezas dos reagentes.
Além dos coeficientes de regressão a e b, pode-se calcular o coeficiente de correlação (r) que
permite obter uma estimativa da qualidade da curva obtida. Quanto mais próximo de um, melhor é a
qualidade da curva. Uma curva boa deve ter pelo menos três noves após a vírgula.
Cálculo do coeficiente de correlação (r):
r = [n(∑C A) – (∑C) (∑A)]/ √{ [n(∑C2)-( ∑C)2][n(∑A2) – (∑A)2]}
10. Espectrofotômetro
1) Fonte radiação
Para radiação no visível a fonte mais utilizada é uma lâmpada incandescente com filamento de
tungstênio (350-2500 nm), é utilizado também tungstênio-halogênio fornecendo também λ>350 nm
(tempo de vida de 10.000 horas).
Para radiação UV são utilizadas lâmpadas fluorescentes de hidrogênio, deutério e hélio que
emitem radiação entre 180 e 370 nm (tempo de vida de 1.000 horas).
Dependendo do espectrofotômetro pode-se ter:
1 lâmpada (360-1000 nm): para determinações no espectro do visível
2 lâmpadas (190-1100 nm): para determinações no UV-Vis
2 lâmpadas (175-3300 nm): para determinações no UV-Vis e Infravermelho
O feixe da radiação é direcionado para a face de um prisma ou para uma rede de difração,
através de um sistema colimador, para decompor a luz e separação da luz monocromática.
(a) (b)
2) Monocromador:
3) Compartimento de cubetas:
As cubetas são utilizadas para colocar as amostras contendo o analito. Em geral se utiliza
cubetas com um caminho óptico de 1 cm. Alguns protocolos de análise recomendam cubetas de até
10 cm de caminho óptico para aumentar a sensibilidade da determinação. O aumento da sensibilidade
é proporcional a espessura da cubeta (lei de Lambert). Para isso é necessário trocar o adaptador de
cubetas para a espessura desejada.
Vidro ou plástico para o visível. No caso de plástico o solvente da amostra não deve atacar o
plástico.
Cubetas de quartzo para o UV e Visível. Nas medidas com radiação UV só utilizar cubeta de
quartzo.
Quando o espectrofotômetro também faz medicas de infra-vermelho (IR) utilizar cubetas de
quartzo livre de OH medidas no IR próximo.
As cubetas devem estar sempre bem limpas e sem marca dos dedos.
4) Detector:
O detector mede a intensidade da luz transmitida após a radiação passar pela cubeta com a
amostra e é medida em uma célula fotoelétrica ou fotmultiplicador e amplificador (galvanômetro).
Os espectrofotômetros podem ser de um feixe ou de duplo feixe. Nos de duplo feixe a radiação
antes de atingir a amostra é desdobrada em dois feixes, um vai para a cubeta com a amostra e o
outro para a cubeta do branco. As medidas são realizadas simultaneamente e a absorção do branco é
descontada da amostra automaticamente.
Os fatores que causam os desvios são chamados de desvios reais, químicos e instrumentais.
a) Desvios Reais
A lei de Beer considera que os centros absorventes (espécies químicas) não interagem entre
si, isso só acontece para soluções ideais, muito diluídas. Quando a solução é concentrada (desvios
reais), ocorrem interações entre as moléculas ou íons, com formação de aglomerados, e a atividade do
analito torna-se menor que a concentração analítica, reduzindo a absorção de luz. O índice de refração
também é a afetado em concentrações altas. Assim, a Lei de Beer só é válida para soluções diluídas
(<0,01 mol/L).
O solvente não deve absorver a radiação utilizada para análise do analito.
b) Desvios químicos
c) Desvios Instrumental
São desvios causados pela qualidade e limitações dos aparelhos (desvios aparentes), como por
exemplo, instabilidade da fonte, não linearidade do detector, introdução de radiação policromática,
limites para conseguir isolar faixas espectrais muito estreitas etc.
A lei só é válida para radiação monocromática, ou seja, para um único comprimento de onda
(λ), na prática é impossível de obter.
Para evitar este desvio (diminuir o erro) deve-se trabalhar em uma faixa em que a
absorbância fique entre 0 e 1.
Se a absorbância da amostra foi alta, diluir a amostra e repetir a análise.
No UV muitas moléculas orgânicas, que não absorvem no visível (incolor) absorvem na
mesma banda (intervalo do espectro de absorção), ou seja pode ocorrer sobreposição
de parte das bandas, assim é necessário fazer um pré-tratamento químico para eliminar
o possível interferente do analito (espécie química de interesse).
Só utilizar cubetas de alta qualidade.
Só utilizar cubeta de quartzo no UV. Cubetas de vidro absorvem luz UV.
Capítulo 11
Proteólise enzimática da carne
Luis Artur Loyola Chardulo
Jessica Moraes Malheiros
Victor Augusto Domingos Dias
Ana Paula Costa Rodrigues Ferraz
Fernando Broetto
Introdução
et al., 1995).
Ultimamente a determinação do método do MFI é frequentemente utilizada por
pesquisadores de diversos países. A metodologia empregada e o processamento das amostras
nem sempre são os mesmos, encontrando assim alterações impactantes nos valores observados
entre os diferentes estudos. De acordo com as diferenças na metodologia podemos citar a
utilização de amostras frescas e congeladas, a velocidade e o tempo de homogeneização, o tipo
de homogeneizadores e fatores utilizados para os cálculos do índice.
Na determinação do MFI normalmente são utilizadas amostras de carne fresca
(Koohmaraie, 1990), mas é importante ressaltar que muitas vezes a única opção viável quando
há um grande número de amostras coletadas é o congelamento destas, para posterior realização
das análises. Sendo o tempo entre o descongelamento e a homogeneização muito curto, não
sendo suficiente para ocorrer alterações na proteólise (Hopkins et al., 2000). Diversos autores
optam pela opção da utilização de amostras congeladas em seus trabalhos (Culler et al., 1978;
Mc Donagh, 1998). Em resultados observados por Hopkins et al. (2000), com amostras frescas
e submetidas ao congelamento, indicaram que a velocidade de homogeneização interfere nos
valores de índice de fragmentação miofibrilar, de tal modo que a velocidade de homogeneização
a 15.000 rpm acaba com as possíveis diferenças entre o uso de amostras frescas e congeladas.
A duração do tempo de homogeneização é demonstrada em vários estudos como
interferente nos valores observados através de espectrofotômetro a 540 nm, sabendo-se que
os valores de MFI são baseados na quantidade de refração de luz que ocorre na suspensão de
miofibrilas. Quando os valores aumentam existe um correspondente aumento do número de
partículas em decorrência da fragmentação da estrutura miofibrilar pela atuação de enzimas
proteolíticas (Veeramuthu; Sams, 1999). Utilizando o método de turvação na análise de MFI,
Olson et al. (1976) demonstrou que as amostras necessitam de pelo menos 60 segundos de
homogeneização, a fim de fornecer resultados viáveis. Portanto, é de suma importância pesquisar
as diferentes metodologias e as condições de cada experimento para melhor adequação do
método a ser empregado.
O MFI tem sido amplamente adotado como método de avaliação indireta da extensão da
atividade proteolítica, pois reflete o tamanho das miofibrilas, prediz mais de 50% da variação
da maciez da carne (Hopkins et al., 2000), demonstrando uma alta correlação com índices de
maciez aferidos pela Força de Cisalhamento utilizando o equipamento Warner Bratzler Shear
Force e análise sensorial realizadas por “panelistas treinados” (Kriese et al., 2007; Culler et al.,
1978). Assim as miofibrilas mais curtas resultam em elevações do MFI e diminuição dos valores
obtidos pelo shear force, evidenciando consequentemente maior maciez (Moller et al., 1973).
Segundo Culler et al. (1978), valores do índice de fragmentação de 60 ou acima de 60 para o
músculo Longissimus dorsi denota-se uma carne muito macia, valores de 50 uma carne macia e
valores abaixo de 50 uma carne pouco macia.
Para músculos que não são grandes o suficiente para se determinar valores de shear force
ou análise sensorial, este índice torna-se bastante preciso e viável sendo utilizado na análise de
proteólise muscular como indicador de maciez da carne (Veiseth et al., 2001).
A coleta das amostras para realização da análise deve ser de 3 g do músculo em questão,
livre de gordura e tecido conjuntivo, embaladas em papel alumínio e devidamente identificadas.
Após a separação das alíquotas a análise pode ser realizada com as amostras estando frescas
ou congeladas.
2. Análises
Os tubos de ensaio devem ser agitados após a adição do Biureto para que a reação
ocorra de maneira homogênea e colocados em local escuro por 30 minutos. Realiza-se a leitura
de absorbância em espectrofotômetro a 540 nm. As leituras obtidas pelo equipamento serão
anotadas para a determinação da quantidade de proteína e fornecimento dos valores de tampão
e amostra que devem ser utilizados para realização da segunda leitura.
Cálculo
3. Preparo de Reagentes
o pH para 7,0 utilizando solução de NaOH (Hidróxido de sódio - base) ou HCl (Ácido clorídrico -
ácido). Após o ajuste do pH, transferir para um balão volumétrico de 2,0 L e completar o volume
com água destilada. Armazenar em recipiente de vidro sob refrigeração.
4. Resultado
Leituras em Absorbância
Leitura [Proteína] Volume Volume Leitura
Amostras MFI - 200
Proteína Amostra Tampão MFI
Nelore 0,339 25,84 0,08 3,92 0,254 50,80
Piemontês 0,348 26,57 0,08 3,92 0,376 75,20
Cordeiro 0,328 24,95 0,08 3,92 0,383 76,60
Frango 0,391 30,06 0,07 3,93 0,342 68,40
5. Referências Bibliográficas
CULLER R. D., PARRISH, F. C., SMITH, G. C., CROSS, H. R. (1978). Relationship of myofibril
fragmentation index to certain chemical, physical and sensory characteristics of bovine
longissimus muscle. Journal Food Science, 43, 1177-80.
HOPKINS, D. L., LITTLEFIELD, P. J., & THOMPSON, J. M. (2000). A research note on factors
affecting the determination of myofibrillar fragmentation. Meat Science, 56, 19-22.