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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

ADRIANO DE MELO MAGALHÃES


DENIS BARBOSA ALVES
DHEYSON FERNANDES BORGES LEAL
DIEGO HENRIQUE FERREIRA DA SILVA
KAIQUE FLEURY DE CASTRO
ROBSON FERREIRA DA CUNHA
RODRIGO GUIMARÃES MONTES
YAN ERICK FERMINO DE PAULA

ESTUDO DAS CARACTERÍSTCAS DO AÇO RÁPIDO M2 USADO NA


FABRICAÇÃO DE BROCAS PARA FURAÇÃO DE MATERIAIS FERROSOS

SÃO PAULO
2019
ADRIANO DE MELO MAGALHÃES
DENIS BARBOSA ALVES
DHEYSON FERNANDES BORGES LEAL
DIEGO HENRIQUE FERREIRA DA SILVA
KAIQUE FLEURY DE CASTRO
ROBSON FERREIRA DA CUNHA
RODRIGO GUIMARÃES MONTES
YAN ERICK FERMINO DE PAULA

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS DO AÇO RÁPIDO M2 USADO NA


FABRICAÇÃO DE BROCAS PARA FURAÇÃO DE MATERIAIS FERROSOS

Relatório técnico apresentado como requisito


parcial para obtenção de aprovação da
disciplina Ciência e Tecnologia dos Materiais,
no Curso de Engenharia Mecânica, na
Universidade Nove de Julho.

Prof. Henrique Monte Mor Silva - Professor


orientador.

SÃO PAULO
2019
RESUMO
Este relatório tem como objetivo apresentar um conteúdo técnico resumido
do Aço carbono, desde o aspecto de sua estrutura molecular e composição
química e como o mesmo passa a ser um Aço rápido (material selecionado para
este estudo), bem como suas características são fundamentais para uma
determinada aplicação, onde sugerimos a fabricação de brocas para furação de
materiais ferrosos. O objetivo é a compreensão das características do aço rápido,
como as mesmas são analisadas e como essas características determinam que o
aço rápido é um material apropriado na fabricação das brocas. Serão analisados
conteúdos acadêmicos confiáveis, além de busca de dados disponibilizados em
artigos, catálogos, gráficos e imagens, por empresas que realizam ensaios e
operam com o material proposto, permitindo a elaboração de um estudo mais
coerente, possibilitando, dessa forma, a análise adequada do material e porque
ele é, de fato, apropriado para a aplicação sugerida.

PALAVRAS-CHAVE
Aço carbono. Aço rápido M2. Características do aço rápido. Dados de ensaios.
Dureza. Ponto de fusão. Resistência a tração. Brocas para furação de materiais
ferrosos.
ABSTRACT
This report aims to present a brief technical content of Carbon Steel, from
the aspect of its molecular structure and chemical composition and how it
becomes a fast steel (material selected for this study), as well as its characteristics
are fundamental for a application, where we suggest the manufacture of drill bits
for drilling ferrous materials. The purpose is to understand the characteristics of
high speed steal as they are analyzed and how these characteristics determine
that high speed steel is a suitable material in the manufacture of drills. We’ll
analyze trusteds academic content, besides search for data made available in
articles, catalogs, graphics and images, by companies that perform tests and
operate with the proposed material, allowing the elaboration of a more coherent
study, thus allowing the appropriate analysis of the material and because it’s, in
fact, suitable for the suggested application.

KEYWORDS
Carbon steel. High speed steel M2. Features of high speed steel. Test data.
Toughness. Fusion point. Tensile strength. Drills for drilling ferrous materials.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 6
1.1 OBJETIVO GERAL 6
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 6
1.3 JUSTIFICATIVA 7
1.4 ESTRUTURA 7
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 8
2.1. AÇO CARBONO 8
2.2. AÇO RÁPIDO – APRESENTAÇÃO 9
2.3. AÇO RÁPIDO (HSS) CLASSE M2 9
2.4. PROPRIEDADES 10
2.4.1. DUREZA 10
2.4.2. PONTO DE FUSÃO 11
2.4.3. RESISTÊNCIA A TRAÇÃO 12
3. METODOLOGIA 15
4. RESULTADOS E ANÁLISES 16
5. CONCLUSÃO 20
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
1. INTRODUÇÃO

Trabalho desenvolvido com o objetivo de apresentar superficialmente a


estrutura e composição do aço carbono, e analisar algumas das principais
características do Aço rápido (High Speed Steal - ou HSS) de Classe M2, afim de
compreender, através de análise de dados de ensaios, artigos acadêmicos, e
informações de empresas que manipulam aço rápido, se esse material é, ou não,
adequado para a aplicação proposta. Para analisar as características, serão
mostrados o que são cada uma delas, como as mesmas são medidas, quais os
processos que o material é submetido para que possa assumir esse perfil e como
são feitos os ensaios das amostras, em cumprimento de normas regentes do
segmento. Tendo analisados os dados destes ensaios, será possível concluir se o
material proposto (aço rápido M2) é o ideal para a aplicação sugerida neste
relatório (fabricação de brocas).

1.1 OBJETIVO GERAL

Apresentar a estrutura do aço carbono, conhecer o aspecto estrutural e a


composição do aço rápido, estudar de forma mais específica algumas de suas
propriedades (dentre as quais selecionamos dureza, ponto de fusão e resistência
a tração) necessárias que o material proposto apresente para ser utilizado na
fabricação de brocas de aço rápido (High Speed Steel, ou HSS) de Classe M2,
estando em conformidade com normas vigentes.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar o Aço Carbono;


 Compreender a estrutura do Aço rápido;
 Estudar a propriedade Dureza, e o ensaio que permite que o aço rápido
apresente essa característica;
 Estudar a propriedade Ponto de fusão, e o ensaio que determina essa
característica do aço rápido;
 Estudar a propriedade Resistência a tração, e o ensaio que determina essa
característica do aço rápido;
 Associar as características dureza, ponto de fusão e resistência à tração na
aplicação do aço rápido como material para fabricação de brocas para
furação da materiais ferrosos;
 Análise da aplicação escolhida.

1.3 JUSTIFICATIVA

Compreender as características de dureza, ponto de fusão e resistência a


tração que o Aço rápido (HSS) Classe M2 precisa ter para garantir que, ao ser
aplicado na fabricação de brocas, o mesmo apresente o perfil necessário para
seu emprego, garantindo rendimentos satisfatórios, qualidade e segurança para
quem irá operar manusear brocas feitas de aço rápido na furação de materiais
ferrosos.

1.4 ESTRUTURA

Este trabalho será dividido em cinco partes. Na primeira serão


apresentadas características do aço carbono de uma forma superficial, já que o
aço rápido é um tipo de aço carbono, onde este é submetido a processos
industriais para, enfim, se tornar no material escolhido para estudo deste trabalho.
No segundo capítulo serão apresentadas de uma forma mais específica as
propriedades do aço rápido (HSS). Na mesma seção serão descritas as
características de Dureza, Ponto de fusão e Resistência à tração do Aço rápido
(HSS) Classe M2 com dados técnicos coletados em fontes pertinentes que
manipulam o material proposto. No terceiro capítulo será exibida a metodologia
selecionada para a elaboração deste estudo. No capítulo quatro serão
disponibilizadas as análises das características e suas relações com a aplicação
sugerida. Ao término do trabalho, se apresenta a conclusão do estudo proposto.
2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 AÇO CARBONO

De acordo com FERRAZ (2003, p. 01), o Aço carbono é “[...] uma liga
metálica constituída basicamente por Ferro e Carbono, este último variando entre
0,008% até 2,11%, além de certos elementos residuais resultantes de seu
processo de fabricação”. O Aço com baixo teor de carbono apresenta de 0,008%
a 0,30% na liga. O Aço médio possui de 0,30% a 0,7% e o Aço alto de 0,7% e
2,11%.
Já em outra definição, Aços-carbono “... são aços com baixo, médio e alto
teor de carbono, de composição química definida em faixas amplas.” (ARCELOR
MITTAL, 2013, p. 88).
Comparando essas definições é possível determinar que existem, para as
inúmeras aplicações da indústria, diversos tipos de Aço Carbono, sendo eles
agrupados em três grupos: Aços baixos (com menos de 0,30% de carbono em
sua composição), Aços médios (com 0,6% ou 0,7% de carbono misturado na liga)
e Aços altos com valores de carbono superior aos do encontrados nos Aços
médios (FERRAZ, 2003, p. 01). A figura 1 mostra, por exemplo, o aspecto
estrutural de um Aço alto, ou seja, de um aço com alto teor de carbono em sua
liga.

Figura 1: Aspecto estrutural de um aço com alto teor de Carbono. Fonte: Mary, 2010.
2.2 AÇO RÁPIDO - APRESENTAÇÃO

Conforme disponível no portal ERASTEEL (2018, s/p) “Aços rápidos são


aços especiais com alto desempenho que oferecem alta dureza em temperaturas
até 500ºC e alta resistência ao desgaste, graças a elementos de liga como
Tungstênio, Molibdênio, Vanádio e Cromo, que são capazes de formar
carbonetos”.
Como já mencionado, Aços rápidos são produzidos a partir de
manipulações industriais da estrutura de Aço Carbono. Tal manipulação permite
ao mesmo diversas características (FERRAZ, 2003, p. 02). Por exemplo, partindo
da premissa que, ao se misturar na liga diferentes quantidades de um
determinado elemento em relação a outro, temos, desse forma, aços diferentes.
Por exemplo, para produzir o Aço A, mistura-se na liga uma quantidade X de
Tungstênio, Y de Cromo e Z de Cobalto. Se diminuirmos o Tungstênio e
aumentarmos o Cromo e o Cobalto nessa fórmula, o resultado ao final será um
novo tipo de aço, podendo ter uma estrutura similar ao anterior, mas com
composição química diferente.

2.3 AÇO RÁPIDO (HSS) CLASSE M2

O Aço rápido (HSS) de classe M2, ou apenas aço rápido M2, utilizado na
fabricação de brocas, possui boa usinabilidade e um bom desempenho.
Apresenta dureza, tenacidade e boa resistência a desgaste (CARLSONS, p. 01).
A respeito de sua composição química, a tabela 1 mostra a relação dos
elementos presentes em sua composição. O aspecto estrutural do Aço rápido é
apresentado na figura 2.

Aço HSS – Dureza % de % de % de % de % de % de Norma


Classe (HV10) Carbono Tungstênio Molibdênio Cromo Vanádio Cobalto ISSO
M2 810 a 850 0,9 6,4 5 4,2 1,8 - HSS
Tabela 1: Composição do Aço rápido M2. Fonte: Carlsons.
Figura 2: Estrutura Aço rápido M2. Fonte: Carlsons

De acordo com SILVA (2001, p. 25) “Aços rápidos são os principais


materiais empregados na fabricação de ferramentas de corte e de usinagem [...].
Esse fato se deve, além de os aços rápidos apresentarem as características
requeridas adequadas e menor custo de fabricação”. Como todo e qualquer
material existente na natureza e na indústria, o Aço rápido também apresenta
características que o definem, ou seja, particularidades que moldam seu perfil.
Essas propriedades são obtidas através de processos industriais (ensaios), e
determinam o quanto o material é apropriado para uma, ou mais, determinada
aplicação.

2.4 PROPRIEDADES

2.4.1 DUREZA

A dureza de um material é um característica definida pela quantidade de


resistência que um material possui a ponto de resistir a deformações
permanentes, quando colocado a prova sobre constantes forças aplicadas sobre
o mesmo. (MULTIESFERAS, 2017).
Visto a grande utilização de aço na indústria, construções civis, fabricação
de peças, entre outras, é necessário que o mesmo resista a grandes tensões,
pois é essa resistência que irá determinar a qualidade do material. Assim,
podemos determinar a dureza como uma característica fundamental do aço, pois
quando submetido a constantes trabalhos que envolva grandes tensões onde o
material não venha a sofrer deformações de maneira mais fácil. (GRUPO AÇO
CEARENCE, 2017).
A dureza de um material pode ser medida através de quatro de escalas,
são elas: Escala Rockwell (HR), Escala Brinell (HB), Escala Mohs e Escala
Vickers (HV). Dentre essas quatro escalas a melhor indicada para medir a dureza
de um aço é a Escala Rockwell, onde sua medida é feita através do nível de
penetração que uma ponta de diamante de desenho cônico, imposta sobre a
superfície do aço. As forças aplicadas para a penetração serão incialmente de
98.07 N, seguido de uma força de ensaio adicional de 1.373 N finalizando com
uma força total de 1.471 N. O aparelho utilizado para a medição de dureza do aço
é o durômetro como apresentado na figura 3. Essa escala ainda é subdividida em
sete variações denominadas por letras de A à G. Por ser preciso passar por
tratamentos térmicos para adquirir dureza, a variação utilizada na medição de
dureza de um aço será a letra C (METROLOGIA E MEDIÇÕES, 2017).

Figura 3: Durômetro de bancada Rockwell . Fonte: Medtecnica

2.4.2 PONTO DE FUSÃO

O ponto de fusão de um material é o valor onde o calor gerado a partir das


movimentações moleculares é o suficiente para passar um material do seu estado
de matéria sólido para o líquido (LUZ, 2018).
No aço, o ponto de fusão é determinante para garantir a qualidade e
resistência do material, devido ao mesmo frequentemente ser utilizado em
indústrias, construções, ferramentas e ser inserido em trabalho onde há a geração
de calor devido a esforços onde há uma grande movimentação molecular. Devido
ao ponto de fusão ser uma grandeza física, podemos medir este valor
basicamente através de fontes que possam induzir calor até o ponto de
derretimento do aço. No caso do aço rápido M2, o ponto de fusão varia entre
1.425ºC a 1.540ºC (TORNEARIA PROFISSIONAL, 2012). Para quantificar e
determinar o ponto de fusão do aço rápido, são utilizados termômetros especiais,
que podem ser do tipo infravermelhos ou de contato, que conseguem fazer
leituras superiores a 1.500ºC. A figura 4 apresenta um modelo de termômetro de
contato.

Figura 4: Termômetro de contato. Fonte: S&E Instrumentos (2017).

2.4.3 RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

A resistência a tração de um material equivale ao valor de tensão máximo


que o mesmo consegue resistir antes que o mesmo venha a se romper. Segundo
DALCIN (2007, p. 08), o teste de resistência a tração “Consiste da aplicação de
carga de tração uniaxial crescente em um corpo de prova específico até sua
ruptura. Trata-se de um ensaio amplamente utilizado na indústria de componentes
mecânicos, devido às vantagens de fornecer dados quantitativos das
característica mecânicas dos materiais.”
Após o material atingir seu nível máximo de tensão de escoamento, isto é,
o limite que o mesmo consegue suportar e retornar à sua condição inicial por
sofrer deformação elástica, ocorre um enrijecimento dos grãos que o compõe.
Isso configura uma condição em que o mesmo precise de mais tensão para sofrer
deformações. Quando essa força atinge o limite, chega-se ao ponto denominado
limite de resistência (DALCIN, 2007, p. 14), onde ocorre o fenômeno conhecido
com estricção.
Quando a tração sobre o corpo de prova continua, chegando ao seu
rompimento na região central de sua seção transversal, identificamos o limite de
ruptura do material, ou seja, a tensão continua subindo, até que o rompimento da
estrutura interna do material aconteça até que o mesmo venha a se romper,
conforme ilustra a figura 5.

Figura 5: Aspecto de tensionamento de um corpo de prova até sua ruptura. Fonte: DALCIN (2007, p. 16)

Para a realização do teste de resistência a tração é utilizada uma máquina


que tem a capacidade de tracionar um corpo de prova lentamente, analisando seu
comportamento e captando seus valores de deformações, conforme a tensão
sobre o corpo de prova vai aumentando de forma gradativa. Uma máquina capaz
de realizar esse ensaio está ilustrada na figura 6.
Figura 6: Máquina de teste de resistência à tração. Fonte: PERFECT I. I.
3. METODOLOGIA

Para a elaboração deste relatório foi feita pesquisa em artigos acadêmicos


que tratam características do aço rápido e ensaios realizados para obtenção de
seus respectivos valores pertinentes, além da busca de informações disponíveis
por empresas do ramo de siderurgia e metalurgia, disposta entre catálogos de
dados técnicos disponibilizados por elas e portais de empresas que manipulam o
aço rápido M2.
Todo o escopo de informações (textos, gráficos, tabelas e imagens)
coletado foi revisado e filtrado, de modo a ser selecionado o conteúdo
correspondente ao tema sugerido neste trabalho, uma vez que o aço Carbono e o
aço rápido têm inúmeras aplicações, selecionamos o estudo do aço rápido M2 por
ser o material utilizado na confecção de brocas utilizadas na furação de materiais
ferrosos, e, para isso, a mesma tem que apresentar características específicas
(das quais foram selecionadas Dureza, Ponto de fusão e Resistência à tração)
para que ser utilizada, cumpra seus requisitos com boa performance.
4. RESULTADOS E ANÁLISES

Na fabricação de brocas usadas para furação de materiais ferrosos é


necessário se atentar para as características do aço que as compõem, pois elas
que determinam a qualidade da broca em si. O que faz do Aço rápido M2 ser
apropriado para esse tipo de aplicação são suas próprias características.
Para que um material tenha a dureza como característica é preciso que seu
corpo passe por dois processos fundamentais; a têmpera e o revenimento. No
processo de têmpera o aço rápido é posto em um banho de sais fundidos
adquirindo uma temperatura inicial variando entre 400ºC e 500ºC, isso com uma
circulação forçada ou natural de ar, para que não ocorra a contaminação do
material por meio de agentes contaminantes. Logo após o aço passa por um pré-
aquecimento e é mantido a uma temperatura de 860ºC a 880ºC, até sua
estabilização. Em seguida é posto em um banho a alta temperatura (de
aproximadamente 1.220ºC) até atingir sua homogeneização. Para o resfriamento
do aço poderão ser utilizados os processos de resfriamento em óleo, ventilação
ou banho de sal em uma temperatura de 520ºC a 550ºC.
Com a têmpera o aço rápido se tornará mais rígido, porém frágil. Essa
fragilidade fará com que o aço venha a passar pelo processo de revenimento que
nada mais é do que um duplo aquecimento após a têmpera. No primeiro
aquecimento o aço será mantido a uma temperatura variando entre 550ºC e
580ºC, durante o período de no mínimo duas horas. Para que o segundo
revenimento aconteça é preciso que o aço seja resfriado a temperatura ambiente.
Com o revenimento o aço rápido ganhará tenacidade. Após o aço rápido passar
pelo processo de têmpera e revenimento, ele é posto em prova para que o teste
de dureza seja realizado.
A figura 7 mostra curvas de dureza Rockwell, que indicam a dureza de
alguns aços rápidos M2 submetidos a processos de têmperas em diferentes
temperaturas e resfriados em óleo.
Figura 7: Curvas de Dureza Rockwell do Aço rápido M2. Fonte: Villares Matals (2003).

Analisando a figura 7, identificamos que o nível de dureza do aço rápido M2


é de 64 HRC (revenido a 1.220ºC), apropriado para a ser utilizado em uma broca,
ainda mais porque o mesmo também apresenta tenacidade, se tornando um
material duro que se submetido a altos níveis de tensão, não irá sofrer
deformações, e apenas irá se romper se submetido a tensões muito acima das
quais foi designado para operação.
No tocante ao ponto de fusão do aço rápido M2, já mencionado que seu
ponto se encontra entre 1.425ºC e 1.540°C. Valor bastante elevado, o que torna o
aço rápido M2 apropriado para fabricação de brocas, pois sabemos que as brocas
usadas para furação de materiais ferrosos devem suportar altas temperaturas
sem alterar a estrutura que o forma. Durante sua utilização, as brocas geram
calor, devido ao atrito gerado entre a broca e peça que é trabalhada por ela.
Evidentemente que fatores externos podem potencializar o aumento da
temperatura da brocas durante sua utilização. A não observância do uso de óleos
de corte ou fluídos lubrificantes durante o emprego das brocas fazem com que
sua temperatura aumente devido ao maior atrito. Como o ponto de fusão do aço
rápido M2 é bastante elevado, dificilmente uma broca de aço rápido se funde
durante uma má utilização, pois a mesma antes irá danificar sua ponta, pendendo
sua capacidade de corte e furação, tornando praticamente inutilizável no mesmo
instante.
Por último a resistência a tração do material, que, como o nome sugere, já é
um termo autoexplicativo. Ao observarmos que, por se tratar de ferramentas de
impacto e contato, as brocas de aço rápido necessitam de um grau elevado de
resistência para suportar a grandes tensões que possam vir a ser impostas sobre
elas durante sua utilização, sem que a mesma venha sofrer deformações e perder
sua função.
Para a obtenção dos dados relativos a tração que o aço rápido M2
consegue suportar é preciso que um corpo de prova (de formato cilíndrico, com
cabeças nas extremidades para facilitar o tensionamento da máquina - de acordo
com normas técnicas - com 12,8mm de diâmetro e 60mm de comprimento
(DALCIN, 2007, p. 19)) seja submetido a esforços crescentes de maneira
unidirecional por uma máquina capaz de fazer o tracionamento deste corpo de
prova. Os dados são medidos na própria máquina utilizada para o ensaio e
coletados e formam um gráfico que registra alguns valores de tensão, cujos
principais são:
 Limite de escoamento, ou seja, o ponto onde termina a deformação elástica
e inicia a deformação plástica;
 Limite de proporcionalidade, ou seja, o ponto quando a deformação do corpo
de prova deixa de ser diretamente proporcional à tensão aplicada no
mesmo;
 Limite de resistência, ou seja, o ponto onde termina a deformação plástica
uniforme e inicia a não uniforme. Nesse ponto ocorre a estricção;
 Limite de ruptura, ou seja, o nível de tensão que faz com que o corpo de
prova se rompa, na região central de sua seção transversal.
A figura 8 mostra um exemplo de gráfico de Tensão/ deformação gerado a
partir de um ensaio de resistência à tração por uma máquina que realiza esse
teste, em um corpo de prova com as medidas em conformidade com as normas
técnicas.
Figura 8: Exemplo de Gráfico Tensão/ Deformação de um material. Fonte: DALCIN (2007, p. 16)

Brocas de aço rápido M2 possuem um limite de ruptura de


aproximadamente 900Mpa (BOCSH, 2018, p. 13). Podemos ver uma broca de
aço rápido, adequada para furação de materiais ferrosos na figura 9.

Figura 9: Broca de aço rápido para metal DIN 388mm. Fonte: BOSCH (2018, p. 13).
5. CONCLUSÃO

Com este estudo, pudemos compreender melhor a importância que as


características de um determinado material, no caso, o aço rápido, representam
para determinar uma aplicação específica, aqui apresentamos as brocas usadas
para furação de materiais ferrosos, pois elas precisam ter alta resistência a atritos,
ou seja, têm que ser suficientemente duras para não perder sua rigidez. Além
disso, precisam suportar altas temperaturas para evitar seu desgaste por conta de
aquecimento por atrito. E, por fim, necessitam ter um bom índice de resistência à
tração, para evitar que a mesma sofra deformações durante seu uso, devido às
forças aplicadas pela ferramenta e pelo operador.
O aço rápido é apropriado para a fabricação de brocas pois, por ter um
bom índice de dureza (aproximadamente 68HRC), um alto ponto de fusão
(superior a 1.400ºC) e um alto limite de resistência (se rompe a cerca de
900MPa). Essas características garantem que a mesma tenha um bom
desempenho, cumprindo seu objetivo de forma segura e dentro de um tempo
apropriado, se utilizadas de maneira correta, seguindo as orientações do
fabricante, isto é, a utilização correta de brocas apropriadas nas mais diversas
empregabilidades garante um bom desempenho, qualidade e rendimento. Isso
consequentemente promove diminuição de custos, pois a necessidade de troca
de peças, extravio de materiais, danificação de ferramentas e desgaste de
matéria-prima tende a ser menor.
O aço rápido, por ser uma liga criada a partir do aço carbono, possui
diversos tipos, e dessa forma, várias especificações dentro da indústria. Essa
grande variedade de tipos de aços tornou mais difícil a obtenção de dados com
bons níveis de confiabilidade. As empresas de maior credibilidade do mercado
não trabalham com apenas 1 tipo de aço, então seus escopos de informações são
agrupados, para compilar em tabelas, gráficos ou imagens, o maior número de
informações possíveis sobre diversos tipos de aços, dificultando a busca por
informações do aço rápido M2, selecionado como tema do trabalho. Isso que fez
ser necessário a confirmação de informações em outras fontes, fazer comparação
de dados, afim de encontrar informações mais factíveis sobre as propriedades do
material, bem como dos dados dos ensaios cujos dados foram coletados e
exibidos neste relatório.
Uma coleta de dados direto nas fontes pertinentes como, por exemplo,
empresas ou instituições de engenharia que realizam testes em amostras de
materiais, sabendo que estas são regidas por normas regulamentadoras,
certamente permitiria uma coleta de dados mais próximos da realidade e com
maior precisão, o que resultaria em um relatório mais rico e com menor margem
de desvios. A realização de ensaios em corpos de prova feitos especificamente
de aço rápido M2 faria com que os resultados registrados com 100% de
confiabilidade, tornando o estudo mais apurado.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRAZ, Henrique (2003) – Revista Eletrônica de ciências, número 22. Escola de


Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. Disponível em:
https://www.ft.unicamp.br/~mariaacm/ST114/O%20A%C7O%20NA
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ARCELOR MITTAL. (2013). Guia do aço. Disponível em:


http://brasil.arcelormittal.com.br/pdf/quem-somos/guia-aco.pdf. Acesso em 14 de
abril de 2019.

MARY. (2010). Propriedades dos aços alto Carbono. Disponível em:


http://engenhariamecanicanaweb.blogspot.com/2010/02/propriedades-dos-acos-
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ERASTEEL. (2018) Aços rápidos. Disponível em:


http://www.erasteel.com/pt-pt/content/acos-rapidos. Acesso em 1 de maio de
2019.

CARLSONS (Sem ano). Materiais das ferramentas de corte. P. 1 e 2. Disponível


em: https://carlsons.com.br/uploads/pdf/materiais_das_ferramentas_de_corte.pdf.
Acesso em 23 de Abril de 2019.

SILVA, WANDERSON SANTANA. Estudo da tenacidade à fratura do aço rápido


M2 fundido, modificado e tratado termicamente. (2001). Disponível em
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-21072006-102226/publico/
SilvaWSDissertacaoMestrado2001.pdf. Acesso em 18 de maio de 2019.

MULTIESFERAS. (2017). O que é a dureza e sua importância nas diferentes


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GRUPO AÇO CEARENCE. (Sem ano). Conheça os principais tipos de aço e suas
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METROLOGIA E MEDIÇÕES. (2017). Ensaio de dureza Rockwell. Disponível em:


https://metrologiaemedicoes.wordpress.com/2017/11/13/ensaio-de-dureza-
rockwell/. Acesso em: 16 de maio de 2019

MEDTECNICA. (Sem ano). Durômetro de bancada Rockwell. Disponível em:


https://www.medtecnica.com.br/produto/durometro-dg150/. Acesso em 16 de maio
de 2019.

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https://www.materiais.gelsonluz.com/2018/09/o-que-e-ponto-de-fusao.html.
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http://evandro-august.blogspot.com/2012/03/ponto-de-fundicao-de-alguns-metais-
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http://www.urisan.tche.br/~lemm/arquivos/ensaios_mecanicos.pdf. Acesso em: 16
de maio de 2019

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http://www.villaresmetals.com.br/content/download/28454/288050/file/VWM2-
pt.pdf. Acesso em 14 de Maio de 2019.

BOSCH. (2018). Catálogo de acessórios Bosch – 2018/ 2019. Disponível em:


https://www.bosch-professional.com/br/media/country_content/service/
after_sales_service/catalogues/cat_bos_6186_cat_acess_web.pdf. Acesso em 19
de Maio de 2019.

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