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Comparativo das propriedades e metalografia entre o Aço Inox 304

e o Aço Inox 301 encruado


Breno Iran da Silva Alves
brenoiran.i@gmail.com
Fernando Ferreira da Silva
fernando230ffs@yahoo.com.br
Richard Lucas de Souza Norte
rlucassn@gmail.com
Marco Antônio Monteiro da Silva
marcosilvamonteiro789@gmail.com
Gustavo Henrique Judice
Coordenação de curso de Engenharia Mecânica

Resumo

O aço inoxidável austenítico é uma matéria prima de uso frequente por diversas indústrias e
consequentemente, de forma direta ou indireta, está inserida na rotina das pessoas. Sua utilização,
nos mais diversos segmentos, pode ser justificada pela combinação vantajosa de suas propriedades
mecânicas, particularmente, a resistência à corrosão e à oxidação, soldabilidade e a resistência
mecânica à quente. O processo de laminação dos aços é uma das etapas do seu processo de
produção, e nesta etapa pode-se originar a anisotropia.Este trabalho buscou comparar os dois tipos de
aço 304 e 301 encruado em uma pesquisa bibliográfica
com o objetivo de apresentar um estudo sobre as propriedades e metalografia dos materiais aço inox
304 e aço inox 301 encruado, ou seja, mostrar suas propriedades químicas e físicas, por meio de
pesquisas e análises. A partir das informações obtidas, foi realizada uma comparação e reflexão sobre
ambas as características, onde pode notar como a melhor opção de uso e acabamento superior o aço
inox 301 encruado, sendo indicado para produção de equipamentos do ramo alimentício entre outros.
Através dos dados levantados notou-se que as características dos dois materiais são bem parecidas
porém o aço 304 inoxidável é um tipo de aço que contém mais de 11% de cromo, que cria um “filme”
protetor contra a corrosão. Já o Níquel, também comentado pelo principal fator para trazer a
estabilidade para a fase austenítico e a facilidade no processamento do aço inoxidável.

Palavras-chaves: Aço. Inox. Metalografia.

1. Introdução
Como a busca crescente de materiais com maior resistência mecânica,
durabilidade e versatilidade, os aços cumprem bem este papel com a elevada
variedade das ligas de aço e suas misturas para alcançar a característica desejada
para a aplicação proposta nos projetos. Existem alguns aços que apresentam certa
resistência à corrosão e à oxidação – são os aços inoxidáveis.
De acordo com Modenesi (2001), os aços inoxidáveis estão divididos
basicamente em aços martensíticos, ferríticos, austeníticos, duplex e endurecíveis por
precipitação, no qual a composição química irá definir a qual grupo um determinado
aço inoxidável irá pertencer.
A seleção de um aço inoxidável depende do tipo da aplicação, sendo
considerados como requisitos o ambiente, o tempo de vida útil e a resistência à
corrosão. Muitas vezes, a resistência à corrosão é considerada como fator primário
(KELLY, 2001).
Esta pesquisa se justifica, no âmbito científico, na análise e indicação do uso
do material ideal para sua aplicação, evidenciando a melhor escolha do aço a ser
implementado, analisando o qual melhor será seu custo-benefício e garantia da
qualidade e confiabilidade evitando possíveis contratempos, influenciando
diretamente no orçamento.
Utilizando a metalografia permite fazer ensaio através da observação da
microestrutura de metais e ligas metálicas, e a partir dessa observação entender o
desempenho macroestrutural de determinado componente.
Colpaert (2008) cita que cuidados e uma sequência de etapas devem ser
adotados para obter-se um bom resultado no ensaio metalográfico.
Este trabalho foi baseado em uma revisão bibliográfica, essa pesquisa tem
como objetivo primordial à exposição dos atributos de determinado fenômeno ou
afirmação entre suas variáveis principal é de avaliar e comparar, o desgaste, a
confiabilidade, o custo, e o tipo de aço mais adequado em relação a sua aplicabilidade.

2. Metodologia
A pesquisa é o conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio
lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos, mediante
a utilização de métodos científicos. Quanto aos objetivos, à pesquisa divide-se em
exploratória, descritiva e explicativa. Analisando os objetivos da pesquisa serão
utilizadas as pesquisas exploratórias e descritivas.
O tipo do estudo é uma revisão bibliográfica, pesquisas do tipo tem o objetivo
primordial à exposição dos atributos de determinado fenômeno ou afirmação entre
suas variáveis. Assim, recomenda-se que apresente características do tipo: analise
da atmosfera como fonte direta dos dados e o pesquisador como um instrumento
interruptor; não agenciar o uso de artifícios e métodos estatísticos, tendo como
apreensão maior a interpretação, o método deve ser o foco principal para a
abordagem e não o resultado ou o fruto, a apreciação dos dados deve ser atingida de
forma intuitiva e indutivamente através do pesquisador.

3. Referencial teórico

As propriedades do aço estrutural resultam tanto de sua composição química


quanto de seu método de fabricação, incluindo o processamento durante
a fabricação. Os padrões de produto definem os limites de composição, qualidade e
desempenho e esses limites são usados ou presumidos por projetistas estruturais
(ASKELAND; PHULÉ, 2018).
Segundo Azevedo et al. (2018) as propriedades que precisam ser consideradas
pelos projetistas ao especificar produtos de construção em aço são:
• Força;
• Dureza;
• Ductilidade;
• Soldabilidade;
• Durabilidade.
Para o projeto, as propriedades mecânicas são derivadas de valores mínimos
especificados na norma de produto relevante . A soldabilidade é determinada pelo
conteúdo químico da liga, que é regido por limites no padrão do produto. A
durabilidade depende do tipo de liga específico - aço carbono comum, aço resistente
às intempéries ou aço inoxidável (BASS; FINE; CISNEROS, 2013).
O aço obtém suas propriedades mecânicas de uma combinação de
composição química, tratamento térmico e processos de fabricação . Embora o
principal constituinte do aço seja o ferro, a adição de quantidades muito pequenas de
outros elementos pode ter um efeito marcante nas propriedades do
aço. A resistência do aço pode ser aumentada pela adição de ligas de manganês,
nióbio e vanádio. No entanto, essas adições de liga também podem afetar
adversamente outras propriedades,
como ductilidade, tenacidade e soldabilidade (BLANCO, 2014).
Minimizar o nível de enxofre pode aumentar a ductilidade e a tenacidade pode
ser melhorada com a adição de níquel. A composição química para cada
especificação de aço é, portanto, cuidadosamente balanceada e testada durante sua
produção para garantir que as propriedades apropriadas sejam obtidas (BRABES et
al., 2014).
Os elementos de liga também produzem uma resposta diferente quando o
material é submetido a tratamentos térmicos envolvendo resfriamento a uma taxa
prescrita a partir de um pico de temperatura específico. O processo de fabricação
pode envolver combinações de tratamento térmico e trabalho mecânico que são de
importância crítica para o desempenho do aço (BURJAILI, 2014).
O trabalho mecânico ocorre à medida que o aço é laminado ou
formado. Quanto mais aço é laminado, mais forte ele se torna. Este efeito é aparente
nos padrões de material, que tendem a especificar níveis reduzidos de resistência ao
escoamento com o aumento da espessura do material (CAETANO, 2016).
Segundo Carbó (2018) o efeito do tratamento térmico é melhor explicado por
referência às várias rotas de processo de produção que podem ser usadas na
fabricação de aço, sendo as principais:
• Aço laminado;
• Aço normalizado;
• Aço laminado normalizado;
• Aço termomecanicamente laminado (TMR);
• Aço temperado e temperado (Q&T).
A força de escoamento é a propriedade mais comum de que o projetista
precisará, pois é a base usada para a maioria das regras fornecidas nos códigos de
projeto . Nas normas europeias para aços carbono estruturais (incluindo aço
resistente à intempérie), a designação principal se refere à resistência ao escoamento,
por exemplo, o aço S355 é um aço estrutural com um limite de escoamento mínimo
especificado de 355 N / mm² (CALLISTER; RETHWISCH, 2015).
As classes de aço inoxidável são designadas por um 'número de aço' numérico
(como 1,4401 para um aço austenítico típico) em vez do sistema de designação 'S'
para aços carbono. A relação tensão-deformação não tem a distinção clara de um
ponto de escoamento e as resistências de 'escoamento' do aço inoxidável para aço
inoxidável são geralmente citadas em termos de uma resistência de prova definida
para uma determinada deformação permanente compensada (convencionalmente, a
deformação de 0,2%) (ASKELAND; PHULÉ, 2018).
As resistências dos aços inoxidáveis estruturais comumente usados variam de
170 a 450 N / mm². Os aços austeníticos têm uma resistência ao escoamento mais
baixa do que os aços carbono comumente usados; os aços duplex têm um limite de
escoamento mais alto do que os aços carbono comuns. Para os aços inoxidáveis
austeníticos e duplex, a relação entre a resistência final e a resistência ao escoamento
é maior do que para os aços carbono (AZEVEDO et al., 2013).
É da natureza de todos os materiais conter algumas imperfeições. No aço,
essas imperfeições assumem a forma de pequenas fissuras. Se o aço for
insuficientemente tenaz, a 'rachadura' pode se propagar rapidamente, sem
deformação plástica e resultar em uma 'fratura quebradiça'. O risco de fratura frágil
aumenta com a espessura, tensão de tração, aumento de tensão e em temperaturas
mais frias (BLANCO, 2014).
A tenacidade do aço e sua capacidade de resistir à fratura por fragilidade
dependem de uma série de fatores que devem ser considerados no estágio de
especificação. Uma medida conveniente de resistência é o teste de impacto Charpy
V. Este teste mede a energia de impacto necessária para quebrar um pequeno corpo
de prova entalhado, a uma temperatura especificada, por um único golpe de impacto
de um pêndulo (BRABES et al., 2014).
Os vários padrões de produto especificam valores mínimos de energia de
impacto para diferentes sub-classes de cada classe de resistência. Para aços
estruturais não ligados, as principais designações dos subgrades são JR, J0, J2 e
K2. Para aços de grão fino e aços temperados e revenidos (que geralmente são mais
tenazes, com maior energia de impacto), designações diferentes são usadas
(BURJAILI, 2014).
Todos os aços estruturais são essencialmente soldáveis. No entanto,
a soldagem envolve a fusão local do aço, que posteriormente esfria. O resfriamento
pode ser bastante rápido porque o material circundante, por exemplo, a viga, oferece
um grande 'dissipador de calor' e a solda (e o calor introduzido) geralmente são
relativamente pequenos. Isso pode levar ao endurecimento da 'zona afetada pelo
calor' (ZAC) e à redução da tenacidade. Quanto maior for a espessura do material,
maior será a redução da tenacidade (AZEVEDO et al., 2013).
A suscetibilidade à fragilização também depende dos elementos de liga,
principalmente, mas não exclusivamente, o teor de carbono. Esta suscetibilidade pode
ser expressa como o 'Valor Equivalente de Carbono' (CEV), e os vários padrões de
produto para aços carbono fornecem expressões para determinar esse valor (BASS;
FINE; CISNEROS, 2013).
Segundo Brabes et al. (2014) outras propriedades mecânicas do aço estrutural
que são importantes para o projetista incluem:
• Módulo de elasticidade, E = 210.000 N / mm²;
• Módulo de cisalhamento, G = E / [2 (1 + ν )] N / mm², muitas vezes considerado
como 81.000 N / mm²;
• Coeficiente de Poisson, ν = 0,3;
• Coeficiente de expansão térmica, α = 12 x 10 -6 / ° C (na faixa de temperatura
ambiente).
O meio mais comum de fornecer proteção contra corrosão ao aço de
construção é por pintura ou galvanização. O tipo e o grau de proteção de revestimento
necessários dependem do grau de exposição, localização, vida útil do projeto, etc. Em
muitos casos, em situações internas de seca, nenhum revestimento de proteção
contra corrosão é necessário, exceto a proteção contra incêndio apropriada
(CAETANO, 2016).
O aço de intemperismo é um aço de baixa liga de alta resistência que resiste à
corrosão formando uma 'pátina' protetora de ferrugem aderente, que inibe o aumento
da corrosão. Nenhum revestimento protetor é necessário. É amplamente utilizado no
Reino Unido para pontes e externamente em alguns edifícios. Ele também é usado
para elementos arquitetônicos e estruturas escultóricas, como o Anjo do Norte
(CALLISTER; RETHWISCH, 2015).
O aço inoxidável é um material altamente resistente à corrosão que pode ser
usado estruturalmente, particularmente onde um acabamento superficial de alta
qualidade é necessário. O comportamento tensão-deformação dos aços inoxidáveis
difere dos aços carbono em vários aspectos (CARBÓ, 2018).
O aço esfria à medida que é laminado, com uma temperatura típica de
acabamento de laminação de cerca de 750 ° C. O aço que depois resfria naturalmente
é denominado material 'laminado'. A normalização ocorre quando o material laminado
é aquecido de volta a aproximadamente 900 ° C e mantido nessa temperatura por um
tempo específico, antes de ser permitido que resfrie naturalmente (IBANEZ et al.,
2018).
Este processo refina o tamanho do grão e melhora as propriedades mecânicas,
especificamente a tenacidade. A laminação normalizada é um processo em que a
temperatura fica acima de 900 ° C após a laminação ser concluída. Isso tem um efeito
semelhante nas propriedades da normalização, mas elimina o processo extra de
reaquecimento do material. Aços laminados normalizados e normalizados têm uma
designação 'N' (ASKELAND; PHULÉ, 2018).
O uso de aço de alta resistência pode reduzir o volume de aço necessário, mas
o aço precisa ser resistente em temperaturas de operação e também deve exibir
ductilidade suficiente para resistir a qualquer propagação de trinca dúctil. Portanto,
aços de maior resistência requerem tenacidade e ductilidade aprimoradas, o que pode
ser obtido apenas com aços limpos de baixo carbono e maximizando o refinamento
de grãos (AZEVEDO et al., 2013).
A implementação do processo de laminação termomecânica (TMR) é uma
forma eficiente de se conseguir isso. O aço laminado termomecanicamente utiliza uma
química particular do aço para permitir uma temperatura de acabamento de laminação
mais baixa de cerca de 700 ° C. É necessária uma força maior para laminar o aço a
essas temperaturas mais baixas e as propriedades são mantidas, a menos que
reaquecido acima de 650 ° C. O aço laminado termomecanicamente tem uma
designação 'M' (BASS; FINE; CISNEROS, 2013).
O processo para aço temperado e temperado começa com um material
normalizado a 900 ° C. É rapidamente resfriado ou 'temperado' para produzir aço com
alta resistência e dureza, mas baixa tenacidade. A tenacidade é restaurada
reaquecendo-a a 600 ° C, mantendo a temperatura por um determinado tempo, e
depois permitindo que ela resfrie naturalmente (Revenimento). Aços temperados e
revenidos possuem uma designação 'Q' (BLANCO, 2014).
A têmpera envolve o resfriamento de um produto rapidamente por imersão
direta em água ou óleo. É frequentemente usado em conjunto com o revenimento, que
é um tratamento térmico de segundo estágio para temperaturas abaixo da faixa de
austenitização. O efeito do revenido é amolecer estruturas previamente endurecidas
e torná-las mais resistentes e dúcteis (BRABES et al., 2014).
O aço inoxidável agora é sinônimo de materiais duráveis e duráveis, e sempre
nos dá a impressão de que não se deteriora mesmo em condições adversas. Por isso,
é um dos materiais mais utilizados para a produção de utensílios e equipamentos de
cozinha. Mas, na verdade, esse tipo de aço não é permanente, ele só tem uma alta
resistência à corrosão ao se deparar com um determinado meio ou meio, e essa
resistência varia com o tipo de aço inoxidável (BURJAILI, 2014).
Acredita-se geralmente que todos os aços inoxidáveis são iguais, e qualquer
produto descrito como "feito de aço inoxidável" tem as mesmas características, como
alta durabilidade, resistência ao calor, resistência ao impacto e resistência à corrosão.
Mas este é um grande equívoco, tendo em conta que o aço inoxidável é um material
inexistente na natureza, é fabricado pelo homem através de ligas com diversos metais,
podendo ser produzido a partir de várias ligas diferentes, resultando num material
distinto (CAETANO, 2016).
Em termos mais técnicos, a composição química de todo o aço inoxidável
contém cromo. Quando o cromo entra em contato com o oxigênio do ar, ele forma um
óxido fino na superfície do aço para protegê-lo da corrosão ambiental. A camada
protetora cobre toda a superfície do aço inoxidável. Geralmente, quanto mais cobre
na composição do aço, maior sua resistência à corrosão (CALLISTER; RETHWISCH,
2015).
Embora este filme seja invisível e extremamente fino, ele tem alta aderência ao
aço inoxidável e protege o material de substâncias corrosivas como água do mar,
mudanças de temperatura ou o próprio oxigênio, que são a principal causa da
oxidação do metal (ferrugem) (CARBÓ, 2018).
Mesmo que o aço inoxidável seja danificado de alguma forma, seja um corte,
um amassado ou um arranhão, o oxigênio do ar se combinará imediatamente com o
cromo para formar essa película protetora novamente e restaurar a resistência à
corrosão (CHIAVERINI, 2018).
Os demais elementos adicionados ao aço inoxidável - níquel, molibdênio,
vanádio e tungstênio - além de garantir as múltiplas aplicações do produto, também
aumentam a resistência à corrosão desse aço. A correta seleção do tipo de aço
inoxidável e de seu acabamento superficial é muito importante para garantir a longa
vida útil do material (COSTA, 2019).
Atualmente, existem no mercado centenas de composições diferentes de aços
inoxidáveis, fabricados nas mais diversas etapas de processamento, que alteram as
propriedades do metal e produzem aços com múltiplas propriedades. Felizmente, os
aços inoxidáveis podem ser divididos em cinco categorias básicas: Ferríticos,
Austeníticos, Martensiticos, Dúplex e os endurecíveis por precipitação (IBANEZ et al.,
2018).
Segundo Azevedo et al. (2018) os principais atributos presentes em todas as
famílias de Aço Inox são:
• Alta resistência à corrosão;
• Aparência higiênica;
• Facilidade de limpeza;
• Mantém suas propriedades mesmo quando submetido a elevadas ou baixas
temperaturas;
• Resistência a variações bruscas de temperatura;
• Acabamentos superficiais e formas variadas;
• Forte apelo visual (modernidade, leveza e prestígio);
• Relação custo/benefício favorável;
• Baixo custo de manutenção;
• Baixa rugosidade superficial;
• Material reciclável;

4.2.2 Conformação mecânica


Além das mudanças dimensionais, outro resultado geralmente obtido pela
conformação mecânica é que as propriedades do metal mudaram em relação às
propriedades antes do processamento. (HELLMAN; CETLIN, 2005, p. 15).
Para Schaeffer (2004), são descritos como alguns dos principais métodos de
conformação mecânica: alongamento, extrusão, forjamento, estampagem e
laminação. Fatores como velocidade de deformação, condições de fluxo e relação
tensão-deformação podem apresentar condições decisivas no processo de
conformação mecânica.

4.2.3 Processo de fabricação da chapa de aço inoxidável AISI 304


A Figura 5, mostra o processo de fabricação de chapas de aço. Iniciado pela
etapa de preparação da carga, onde grande parte do minério de ferro é aglomerada
utilizando-se cal e refinos de coque.
Figura 5 : Fluxograma do processo de fabricação dos aços

Fonte: Adaptado de INSTITUTO AÇO BRASIL, 2021.

Na coqueria, o carvão é processado e convertido em coque. O segundo estágio


é chamado de redução, as matérias-primas do primeiro estágio são carregadas em
um alto-forno e aquecidas pela queima de carvão com oxigênio a uma temperatura de
cerca de mil graus. Esse calor derrete a carga metálica e começa a reduzir o minério
de ferro a ferro-gusa, que é uma liga de ferro com alto teor de carbono.
Na terceira etapa, é feito o refino, a composição química é ajustada e o excesso
de carbono e as impurezas contidas no ferro-gusa líquido são removidos. Na
penúltima etapa, é realizada a fundição, na qual parte do aço fundido é solidificado na
forma de lingotes, blocos e produtos semiacabados de aço. A etapa final é a
laminação, onde os produtos derivados do processo de fundição são utilizados para
produzir produtos finais na forma de placas, barras, vigas e tubos.

4. Resultados e Discussão
Os aços inoxidáveis são importantes para a engenharia por suas propriedades
mecânicas em alta temperatura, propriedades magnéticas, resistência de algumas
ligas, bem como sua resistência à corrosão e oxidação.
Com base em todo o estudo realizado nesse artigo bibliográfico as classes 304
e 301 usam ferro como ingrediente principal, mas existem várias diferenças
importantes na composição do aço em si. Em termos de manganês, fósforo, enxofre,
silício e nitrogênio, os dois graus são idênticos. No entanto, quando se trata de
carbono, 301 fica em 0,15%, enquanto 304 fica em 0,08% .
Também podem ser encontradas diferenças na composição do cromo, que
varia de 16% a 18% para 301 e 18% a 20% para 304. Quando se trata de níquel, 301
varia entre 6% a 8% e 304 varia de 8% a 12%. Essa diferença na concentração de
níquel e cromo significa que o 304 é mais caro do que o aço inoxidável 301.
Quando nos movemos para ambientes levemente corrosivos, em uma
temperatura ambiente normal, 301 e 304 têm um desempenho muito semelhante, com
301 geralmente sendo menos resistente à corrosão devido aos seus níveis mais
elevados de carbono e menor teor de cromo.
No entanto, quando nos movemos para faixas de temperatura mais altas, as
diferenças tornam-se perceptíveis entre as duas ligas.
O cromo dá ao aço inoxidável seu brilho e durabilidade. O tipo 304 tem um teor
mínimo de cromo de 18%, o que oferece resistência à corrosão e oxidação e ajuda a
manter o belo brilho como se fosse uma pia nova. Com um nível mais baixo de cromo,
o Tipo 301 é mais suscetível à corrosão e oxidação e parece opaco ao longo da vida
da instalação.
O níquel confere dureza e resistência ao aço inoxidável. O tipo 304 com entre
8,0 e 10,5% de níquel ajuda a suportar o abuso em todos os tipos de ambientes. O
níquel no Tipo 301 está entre 6,0 e 8,0% dando maior chance de o produto apresentar
desgaste.
O outro elemento importante é o teor de carbono do aço inoxidável. O carbono
é um elemento de liga necessário em todos os tipos de aço, pois torna o ferro
quebradiço maleável e dúctil.

4.1 Aço inox 301 encruado


Os principais elementos de liga são Carbono, Manganês, Cromo e Níquel. Esta
liga tem como principais aplicações: fins estruturais, indústria alimentícia, ferroviária,
aeronáutica, fabricação de diafragmas e estampagem profunda em geral (STEELSUL,
2013).
Por ser um aço inoxidável austenítico, o AISI 301 não pode ser endurecido
através de tratamento térmico. O mecanismo de endurecimento utilizado para este
aço é o encruamento via deformação plástica. Adicionalmente ao encruamento ocorre
o endurecimento através da transformação induzida da austenita em martensita
(SANTOS, 2008).
O aço inoxidável AISI 301 é considerado um aço inoxidável metaestável por
possuir uma baixa energia de defeito de empilhamento. Devido a esta característica,
o mesmo é sensível ao defeito de empilhamento. O defeito de empilhamento pode
ocorrer em função da temperatura e das tensões aplicadas no material (SANTOS,
2008).
O defeito de empilhamento é uma imperfeição local no plano cristalino do
material. Esta imperfeição pode ser descrita como o empilhamento incorreto de um
plano atômico na rede cristalina deste mesmo material (CETEC, 2010). Na Figura 1
pode-se visualizar as estruturas cristalinas que podem ser encontradas no aço
inoxidável AISI 301 (CIMM, 2012).

Figura 1: Estruturas cristalinas encontradas no AISI 301

Fonte: Adaptado de Centro de informações metal mecânica 2013.

No caso do AISI 301, sua rede cristalina apresenta a sequência de


empilhamento CFC (Cúbica de face centrada) (CIMM, 2012). Quando se submete o
AISI 301 à tensão necessária para o material deformar plasticamente, ocorre o
escorregamento dos planos cristalinos, gerando um novo empilhamento dos mesmos.
Neste momento material que possuem baixa energia de empilhamento geram defeitos
de empilhamento em sua rede cristalina. Alguns autores (SANTOS, 2008; GALLÉ;
MANACH; THUILLIER, 2007; DAS et al., 2011; KRAUSS, 2005) afirmam que as falhas
de empilhamento geram a transformação da austenita em martensita no material. Esta
transformação ocorre quando as falhas se sobrepõem, assim formando a nucleação
da martensita. Na Figura 2 pode ser observada a esquematização da transformação
martensítica induzida por defeito de empilhamento.

Figura 2 :Transformação martensítica induzida por defeito de empilhamento.

Fonte: H.K.D.H. BHADESHIA, 2012.

Nos aços inoxidáveis podem-se formar martensita α’ com estrutura CCC


(Cúbica de corpo centrado) e a martensita ε com estrutura HC (Hexagonal compacta)
(SANTOS, 2008; KRAUSS, 2005).
A martensita pode ser obtida simplesmente pelo resfriamento do material
abaixo da temperatura Ms (Temperatura de início de transformação martensítica sob
resfriamento). Acima da temperatura Ms a força motriz responsável pela
transformação perde intensidade. Esta intensidade decresce linearmente com o
aumento da temperatura. Quando o material está acima da Ms, a única maneira para
obter martensita é através da deformação plástica ou encruamento. Como a
temperatura não influi mais na força motriz do aço, a força que promove a
transformação martensítica é a tensão. A tensão necessária para a transformação
martensítica aumenta linearmente com o aumento da temperatura. A temperatura Md
(Temperatura abaixo da qual ocorre a transformação martensitica por deformação) é
a temperatura limite para a transformação martensítica ocorrer através da
deformação. Após ultrapassar a temperatura Md não ocorre mais a transformação
martensítica (SANTOS, 2008; KRAUSS, 2005). Na Figura 3 pode-se observar o
diagrama que define o fenômeno da transformação da martensita induzida. Onde, Ms
é a temperatura de início de transformação martensítica sob resfriamento, Msσ é a
temperatura limite onde a nucleação da martensita é gerada apenas com tensão
aplicada na região de deformação plástica da austenita e Md é a temperatura abaixo
da qual ocorre a transformação martensítica por deformação (SANTOS, 2008).

Figura 3 : Diagrama de transformação martensítica induzida

Fonte: SANTOS, 2008

Como apresentado anteriormente, para uma mesma tensão de deformação,


quanto mais baixa a temperatura que o material é conformado, mais martensita
induzida será encontrada na matriz cristalina do material (SANTOS, 2008; KRAUSS,
2005). Na Figura 4 pode ser observado o efeito da temperatura sobre a nucleação da
martensita induzida em um aço com matriz austenítica. Onde o material foi estampado
à 24°C (a), -60°C (b) e -110°C (c)

Figura 4: Efeito da temperatura sobre a transformação martensitica induzida.

Fonte: KRAUSS, 2005.

Ao invés da estrutura do aço inoxidável se tornar TCC (Tetragonal de corpo


centrado), que é a estrutura da martensita α, a mesma se torna CCC por possuir baixa
quantidade de carbono em sua estrutura, desta forma se transformando em martensita
α’. A martensita ε é obtida em temperaturas baixas, sendo que o mecanismo para a
transformação da martensita ε é o defeito de empilhamento. A martensita ε apresenta
um comportamento muito instável. Alguns autores (SANTOS, 2008; KRAUSS, 2005)
afirmam que a martensita ε se transforma em martensita α’. Esta conclusão foi
confirmada através de análises metalográficas dos aços inoxidáveis plasticamente
deformados. Onde a martensita α’ foi encontrada entre duas placas de martensita ε
(SANTOS, 2008).

4.1.1 Efeito da martensita induzida


Alguns autores como GALLÉ; MANACH; THUILLIER, 2007; HUANG et al.
(2012); KRAUSS (2005) afirmam que, apesar dos aços inoxidáveis AISI 301 e AISI
304 apresentarem características mecânicas diferentes, a transformação martensitica
induzida para ambos os aços é semelhante. Porém o efeito desta transformação é
diferente em ambos os aços. Como a liga do AISI 301 foi desenvolvida com o objetivo
de favorecer o endurecimento do material pelo mecanismo de encruamento, esta liga
do aço AISI 301 apresenta um percentual menor de níquel, que é o principal elemento
estabilizante da austenita, do que a liga do aço AISI 304. Desta forma o AISI 301 é
menos estável do que o AISI 304 (KRAUSS, 2005). Na Tabela 1 pode ser observado
o percentual dos elementos de liga de ambos os aços. Onde poder ser observado que
o percentual de Ni é menor no AISI 301, em comparação ao aço AISI 304.

Tabela 1 : Elementos de liga dos aços Inoxidáveis AISI 301 e AISI 304

Fonte: Sideraços Fitas [entre 2012 e 2013.

A martensita induzida apresenta diversos efeitos sobre as propriedades


mecânicas dos aços inoxidáveis austeníticos. O primeiro efeito relevante que pode ser
constatado é a variação do volume do material que ocorre durante a transformação
martensítica. Quando a austenita se transforma em martensita α’ o volume do material
aumenta em 2,57%. Já quando a austenita se transforma em martensita ԑ o volume
do material reduz em 0,81% (PADILHA; RIOS, 2002). Além disso, a martensita
fragiliza o material, sendo que pode provocar ruptura instantânea do material e até
mesmo o efeito denominado como delayed cracking. O delayed cracking é o fenômeno
onde a ruptura do material não é instantânea, a mesma pode ocorrer dentro de horas
ou até mesmo semanas após a fabricação do componente (SANTOS, 2008).
Para o aço inoxidável AISI 301 a transformação martensitica representa um
aumento significativo em propriedades mecânicas como limite de escoamento e limite
de resistência do material. Estas propriedades aumentam com presença do
encruamento. Em compensação o alongamento do material sofre o efeito oposto, ou
seja, o mesmo reduz com o aumento do encruamento (MOREIRA; LEBRÃO, 2010).
Na Tabela 2 pode-se observar o efeito do encruamento neste material.
Tabela 2 : Efeito do encruamento sobre o aço inoxidável AISI 301.

Fonte: MOREIRA, Marcelo F.; LEBRÃO, Susana M. G. [entre 2010 e 2013.

4.2 Aço inox 304


Os aços inoxidáveis austeníticos como o AISI 304 são diferenciados pelas
propriedades mecânicas, soldabilidade, conformação e resistência à corrosão. Além
disso, representam cerca de 60 a 70% da produção mundial de aço inoxidável
(MODENESI, 2001).
A maioria dos aços classificados como austeníticos possui em média 18% de
cromo e 8% de níquel. A presença do níquel proporciona maior resistência à corrosão
em altas temperaturas, pois o níquel é mais nobre que o ferro e tem a capacidade de
formar uma película de óxido que protege o aço naturalmente (CHIAVERINI, 2008).
Mais especificamente, os aços inoxidáveis austeníticos podem conter em sua
composição química um teor de níquel de 6 a 26%, cromo de 16 a 30% e menos de
0,30% de carbono, com um teor total de pelo menos 26% dos elementos incluídos.
Em temperatura ambiente, apresentam alta resistência e ductilidade. Também tem
características como boa soldabilidade e resistência à corrosão, o que proporciona
vários usos para este grupo de aços inoxidáveis, Modenesi (2001)
Deste modo, demonstra que o aço inoxidável AISI 304 faz parte do grupo dos
aços austeníticos, a Tabela 3 abaixo indica sua composição química.

Tabela 3 : Composição química do aço inoxidável AISI 304, % em peso.

Fonte: Adaptado de APERAM, 2012, p. 3.


O aço inoxidável AISI 304 geralmente tem uma composição química média de
0,08% de carbono, 18 a 20% de cromo, 8 a 11% de níquel e no máximo 2% de
manganês e 1% de silício. É amplamente utilizado em equipamentos para
eletrodomésticos, decoração, construção, marinha, química, transporte e indústria
alimentícia (MODENESI, 2001).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas indica na ABNT NBR 5601 que o
nível máximo de carbono permitido é de 0,08%. O cromo deve conter 18 a 20%, níquel
8 a 10,50% e no máximo 2% de manganês e 1% de silício.

4.2.1 Comportamento mecânico do aço inoxidável AISI 304


O aço inoxidável AISI 304 é um material com excelente compressibilidade em
comparação com outras ligas do mesmo grupo austenítico. Sua soldabilidade é muito
boa e sua resistência à corrosão é avaliada como boa. Possui um limite de resistência
muito bom e seu limite de escoamento está dentro dos padrões para este grupo de
materiais (APERAM, 2012). Na Tabela 4, mostra os valores das propriedades
mecânicas do aço AISI 304.

Tabela 4 : Propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis AISI 304.

Fonte: Adaptado de APERAM 2012, p. 3.

Para Chiaverini (2008), no aço inoxidável austenítico, o estado do material afeta


suas propriedades mecânicas, pois se estiver no estado recozido ou endurecido, as
propriedades serão alteradas. Visto que o aço austenítico não pode ser endurecido
por têmpera, a têmpera é usada para aumentar a dureza e a resistência mecânica. No
entanto, essas propriedades dependem do produto acabado ou semiacabado e, claro,
da composição química.

4.2.2 Conformação mecânica


Além das mudanças dimensionais, outro resultado geralmente obtido pela
conformação mecânica é que as propriedades do metal mudaram em relação às
propriedades antes do processamento. (HELLMAN; CETLIN, 2005, p. 15).
Para Schaeffer (2004), são descritos como alguns dos principais métodos de
conformação mecânica: alongamento, extrusão, forjamento, estampagem e
laminação. Fatores como velocidade de deformação, condições de fluxo e relação
tensão-deformação podem apresentar condições decisivas no processo de
conformação mecânica.

4.3 Análise metalográfica


É um método amplamente utilizado para caracterização da microestrutura de
materiais, de fácil execução e com bom entendimento dos dados e valores
encontrados. Normalmente é utilizado para determinar o tamanho do grão e possíveis
defeitos e inclusões em sua microestrutura.
O exame microscópico é uma ferramenta extremamente útil no estudo e
caracterização de materiais. Entre as várias aplicações importantes em testes de
microestrutura, o seguinte pode ser distinguido: garantir que as relações entre
propriedades e estrutura (e defeitos) sejam devidamente compreendidas para prever
as propriedades do material uma vez que essas relações sejam estabelecidas;
projetar ligas com novas combinações de propriedades; determinar se o material foi
submetido a tratamento térmico adequado; verifique o modo de fratura mecânica
(CALLISTER, 2014, p. 105).
Para Callister (2014), a pesquisa metalográfica nada mais é do que microscopia
ótica, na qual um microscópio ótico é utilizado para analisar a microestrutura dos
materiais, e seus elementos básicos são a iluminação e os sistemas óticos. Cuidados
e procedimentos devem ser tomados para obter os detalhes mais importantes da
microestrutura durante o exame metalográfico. Nos materiais metálicos, só é possível
observar a superfície do material no modo de reflexão, onde a imagem gerada é o
resultado do contraste causado pela diferença na refletância de diferentes áreas da
microestrutura.
As Figuras 6 e 7 apresentam exemplos de microestruturas de aços inoxidáveis
austeníticos. Porém, observa-se que o contorno e o tamanho dos grãos se alteram de
uma imagem para a outra. A Figura 6 apresenta grãos um pouco menores com relação
a Figura 7, e o contorno de grão está mais definido na Figura 7, pois trata-se de um
aço austenítico forjado e solubilizado. Já na Figura 6, tem-se um aço austenítico
apenas solubilizado à 1050 ºC e resfriado em água. Segundo Colpaert (2008), o
tratamento térmico usual nos materiais forjados e laminados é o tratamento de
solubilização, para dissolver carbonetos nocivos à resistência à corrosão.

Figura 6 : Aço inoxidável austenítico AISI 304 solubilizado a 1050 ºC, refriado em
água.

Fonte: COLPAERT, 2008, p. 529.

Figura 7 : Aço austenítico AISI 304 forjado e solubilizado.


Fonte: COLPAERT, 2008, p. 530.
Para peças onde a anisotropia pode ser esperada (forjados, laminados,
estampados, etc.), a orientação da seção selecionada para o exame micrográfico é
muito importante e deve ser registrada. No recorte de amostras para preparo
micrográfico, é conveniente identificá-las claramente, inclusive indicando a orientação
longitudinal do elemento original (COLPAERT, 2008, p. 70).
Colpaert (2008) enfatiza que o não seguimento da sequência de trabalho ou o
esquecimento de qualquer uma das etapas pode prejudicar o resultado final do teste.
A correta seleção e localização da seção testada, a obtenção de uma superfície plana
e polida no local selecionado para o teste e a realização do ataque químico da
superfície com um reagente ideal são as etapas básicas para a realização de um
ensaio metalográfico. Indica o uso de uma lista de etapas a fazer e, quando concluída,
registre-se para confirmar que a tarefa foi concluída.

4.4 Comparação
Aço 301 encruado são utilizadas em peças ou equipamentos onde a aplicação
exige acabamento visual e resistência a corrosão. Este material é da linha austenítica
cujas aplicações são: Confecções de peças pelas indústrias cuteleiras, de molas
especiais, químicas, esteiras para produtos alimentícios, médico hospitalares, filtros
entre outras.
Aço 304 são utilizadas em peças ou equipamentos onde a aplicação exige
resistência a corrosão e facilidade de conformação. Este material é da linha
austenítica e é muito utilizado para confecções de peças pelas indústrias de alimentos,
linha branca, caldeirarias, químicas entre outras. Também é empregado como peças
de acabamentos em projetos arquitetônicos.
Aplicações: Agulha hipodérmica, correntes transportadoras, componentes de
telecomunicação, contatos eletrônicos, cutelaria, eletrodomésticos, utensílios
domésticos, automotiva, etc.

Tabela 5: Propiedades mecânicas aço inox.


Tipo de Aço Estado Resistência Dureza Limite
Inox Tração Escoamento
AISI N/mm2 0,2% N/mm2
1/4 duro 875 25 HRC 525
301 1/2 duro 1025 32 HRC 770
3/4 duro 1225 37 HRC 945
duro 1295 41 HRC 980
304 recozido 588 80 HRB 294
Fonte: FAISTEEL, 2021.

Tabela 6 : Propiedades química aço inox.


Tipo de
Aço C Mn Si P S Cr Ni Mo
Inox % % % % % % % %
AISI máximo máximo máximo máximo máximo
0,15 2,00 1,00 0,045 0,030 16 a 18 6a8 -
301 0,15 2,00 1,00 0,045 0,030 16 a 18 6a8 -
0,15 2,00 1,00 0,045 0,030 16 a 18 6a8 -
0,15 2,00 1,00 0,045 0,030 16 a 18 6a8 -
304 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18 a 20 8 a 10,5 -
Fonte: FAISTEEL, 2021.
Em relação aos custos das chapas de inox existe uma diferença significativa
nos valores de custo, conforme a figura 9 abaixo.

Tabela 7 : Tabela de custos chapa de inox

Fonte: NOVACEL, 2021.

De acordo com os dados analisados foi notado que o aço 301 encruado atende
melhor a necessidade de equipamentos que exigem uma resistência a corrosão e um
acabamento superficial melhor comparado ao 304, porem o custo é mais elevado.

5. Conclusão

Apesar da semelhança dos aços inoxidáveis em relação suas características,


como resistência ao calor, corrosão, impacto e alta durabilidade, é um engano achar
que todos os aços inox são iguais. O aço inoxidável é feito de uma liga com diversos
metais e pode ser fabricado em diversas composições químicas, resultando em
materiais com propriedades distintas.
O trabalho apresentado representa dados iniciais de um estudo pouco
avançado sobre metalografia do aço Inox 304 e aço Inox 301 encruado. Por meio de
pesquisa e análise foi realizado uma comparação entre as propriedades física,
química e custos dos materiais.
Com as informações obtidas notou-se a superioridade no aço 301 através de
suas propriedades serem superiores em dois aspectos, como seu acabamento e
resistência à corrosão. Desta forma ele se torna mais adequado na utilização de
equipamentos da área alimentícia e entre outros. Sendo assim, o custo da chapa de
aço inox 301 encruado comparado ao aço inox 304, tem um valor agregado, na
mesma proporção de suas qualidades.
A família dos aços inoxidáveis austeníticos é a mais ampla em termos de
número de ligas e de variedade de utilização. Em sua composição, possuem entre
17% e 25% de cromo e entre 7% e 20% de níquel.
Os austeníticos têm como principais características alta resistência à corrosão,
boa ductilidade, boa resposta aos trabalhos a frio e a facilidade em operações de
soldagem, permitindo uma vasta gama de aplicações.
AISI 301: utilizado para fins estruturais, equipamentos para indústria
aeronáutica, ferroviária, rodoviária e alimentícia, sendo empregado na produção de
facas, lâminas de trituradores de legumes, cabos de aço e utensílios domésticos.
AISI 304: o aço mais popular. Com alta resistência à corrosão, evita a ferrugem
e, por isso, é usado para fabricação de equipamentos para cozinha, hospitais,
indústrias químicas, farmacêuticas e petroquímicas;
Mesmo que os aços austeníticos não sejam magnéticos, depois de um
processo de estampagem, ou em uma conformação a frio, como na laminação, nas
partes que sofreram maior deformação, pode ser observado um certo caráter
magnético. Isso é conseqüência da transformação parcial da austenita em martensita,
que ocorre por deformação a frio. Reduções nos valores de níquel (quando
comparamos com o 304), diminuem a estabilidade da austenita, permitindo uma maior
formação de martensita na laminação a frio. Isso é utilizado para a fabricação de aços
inoxidáveis para aplicações estruturais, como é o caso do aço 301 (com valores
aproximados de 17% de cromo e 7% de níquel), que é fabricado e vendido na
condição de laminado (sem tratamento térmico posterior) com diversos graus de
dureza e propriedades mecânicas.
O aço inoxidável 301 encruado possui ligas de ferro-cromo-níquel contendo
tipicamente 8% de níquel, com baixo teor de carbono (porém com nível mais elevado
que os aços AISI 304). Apresentam boas propriedades mecânicas, boa soldabilidade,
trabalhabilidade a frio e resistência à corrosão. Podem ser endurecidos por
deformação e, neste estado, são ligeiramente magnéticos. A adição de elementos de
liga como o molibdênio e a redução do teor de carbono melhora sua resistência à
corrosão.
O aço 304 por obter um teor mais elevadode cromo torna-se mais caro que o
aço 301 encruado.
Como vimos, cada tipo de aço inox é desenvolvido e indicado para uma aplicação
específica. Por esse motivo, não podemos apontar uma variedade que seja a mais
indicada.
De fato, mesmo dentro de uma cozinha profissional ou em um hospital,
laboratório entre outros é possível encontrar diversos tipos de aço inox, utilizados na
fabricação dos diferentes utensílios e equipamentos.
O que foi abordado, porém, é o suficiente para ajudar você a compreender
melhor as diferenças entre os tipos de aços e, assim, tomar a melhor decisão na hora
de escolher o produto ideal para a sua necessidade e aplicação.

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