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MATERIAIS

DE

CONSTRUÇÃO

MECÂNICA
PROGRAMA DA DISCIPLINA DE

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA

UNIDADE I - MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA


1.1 - Classificação dos materiais;
1.2 - Propriedades mecânicas e de fabricação;

UNIDADE II - METAIS FERROSOS - SIDERURGIA


2.1 - Processos de redução;
2.1.1 - Tipos de fornos: Caracterização e aplicação;
2.2 - Aços
2.2.1 - Sistemas de classificação dos aços;
2.2.2 - Variação das propriedades dos aços em função do teor de car-
bono;
2.2.3 - Efeito dos elementos de liga dos aços;
2.2.4 - Especificação comercial das barras, perfis, chapas e tubos;
2.3 - Tipos de aços;
2.4 - Tipos de ferros fundidos;

UNIDADE III - METAIS NÃO FERROSOS


3.1 - Classificação;
3.2 - Cobre e suas ligas;
3.3 - Alumínio e suas ligas;
3.4 - Outros metais e ligas não ferrosas;

UNIDADE IV - PLÁSTICOS E BORRACHAS


4.1 - Conceitos;
4.2 - Classificação: Termofixos e Termoplásticos;
4.3 - Propriedades comuns dos plásticos ou polímeros;
4.4 - Principais processos de obtenção;
4.5 - Principais tipos de plásticos e aplicações;
4.6 - Propriedades comuns das borrachas ou elastômeros;
4.7 - Principais tipos de borrachas e aplicações;
4.8 - Identificação de materiais plásticos e elásticos;
4.9 - Especificação comercial;

UNIDADE V - TRATAMENTOS TÉRMICOS E TERMOQUÍMICOS


5.1 - Microconstituintes dos aços;
5.2 - Diagrama de equilíbrio das ligas de ferro e carbono;
5.3 - Fatores de influência nos tratamentos térmicos;
5.4 - Tratamentos térmicos das ligas de Fe-C
5.4.1 - Têmpera;
5.4.2 - Revenimento;
5.4.3 - Recozimento;
5.4.4 - Normalização;

5.5 - Tratamentos térmicos das ligas não ferrosas

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5.5.1 – Ligas de cobre
5.5.2 – Ligas de alumínio

5.6 - Tratamentos Termoquímicos


5.6.1 - Cementação;
5.6.2 - Nitretação;

UNIDADE VI - ENSAIOS DE DUREZA


6.1 - Finalidades dos ensaios de dureza;
6.2 - Tipos de ensaios de dureza;
6.3 - Ensaio Rockwell;
6.4 - Ensaio Brinell;
6.5 - Prática dos ensaios;

UNIDADE VII - PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO


7.1 - Metalurgia do pó: conceituação;
7.2 - Ferramentas sinterizadas;
7.3 - Laminação;
7.4 - Trefilação;
7.5 - Forjamento;
7.6 - Eletroerosão;

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PREFÁCIO

O presente trabalho é o resultado da compilação de assuntos pre-


vistos no programa curricular da disciplina de Tecnologia Mecânica do
Curso Técnico de Eletromecânica, que serão desenvolvidos no decorrer
da primeira série do curso pós-médio.

Tem por objetivo auxiliar o aluno no acompanhamento das aulas


da disciplina, permitindo encontrar reunidos os diferentes conteúdos a
serem vistos no desenvolvimento destas aulas, o que não é comum en-
contrar reunidos nas obras referentes ao assunto.

Neste material a seguir exposto, iremos encontrar os subsídios


fundamentais, a nível técnico, necessários para a perfeita compreensão
dos diferentes tipos de materiais utilizados industrialmente na área me-
cânica, porém este conhecimento não se extingue neste momento, em
virtude principalmente da constante evolução tecnológica. O aluno por-
tanto deve ter a consciência plena do permanente estudo a fim de al-
cançar um maior aprofundamento.

UNIDADE I - MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA

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5 DISCIPLINA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Unidade I - Materiais de Construção Mecânica

1.1 - Classificação dos materiais mecânicos

De uma forma geral iremos mostrar a seguir uma classificação dos materiais utili-
zados industrialmente nas construções mecânicas.

Aços Carbono
Aços Aços Liga
Aço Inox
Ferrosos
Cinzento
Ferros Branco
Fundidos Nodular
Metálicos Maleável

Cobre
Comuns Alumínio
Bronze
Latão
Não
Ferrosos Ouro
Nobres Prata
Platina

Produtos da metalurgia do pó
Materiais cerâmicos
Não Cimento e concreto
Metálicos Materiais compósitos
Plásticos
Borrachas

1.2 - Propriedades mecânicas e de fabricação.

A utilização ou escolha de materiais depende fundamentalmente de alguns fatores,


ou seja, das propriedades mecânicas dos materiais. Estas propriedades devem ser consi-
deradas como uma das questões básicas apresentadas na seleção e especificação dos
materiais. Contudo, os critérios de seleção não se apoiam somente nas propriedades me-
cânicas, mas também em considerações referentes às propriedades de resistência à cor-
rosão, às propriedades físicas em geral, às propriedades de fabricação, à disponibilidade
e aos fatores condicionantes de natureza econômica.

1.2.1 - Definição de propriedades mecânicas dos materiais.

1) Limite de resistência à tração - É um parâmetro determinado no ensaio estático


de tração e corresponde à relação entre a carga máxima suportada pelo corpo de prova
constituído do material a ser ensaiado e a seção transversal deste corpo de prova. Essa
propriedade e comumente utilizada como índice de resistência mecânica do material.

A seguir iremos enumerar alguns limites de resistência à tração para alguns materi-
ais utilizados em construções mecânicas.

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6 DISCIPLINA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA
Unidade I - Materiais de Construção Mecânica

MATERIAIS t (kgf/mm2)
Ferro Fundido 28
Aço carbono 40 - 80
Aço maraging 280
Alumínio puro 5-6

2) Limite de escoamento: Também obtido no ensaio de tração. Fornece o valor limi-


te inferior para se iniciar um processo de conformação plástica. Unidade: Kgf/mm2.

3) Ductilidade: Essa propriedade, no ensaio de tração, é medida através da defor-


mação plástica ocorrida no corpo de prova. Os materiais que se deixam transformar em
fios, na trefilação, como o cobre, são dúcteis. Para serem trefilados devem ser macios
(não duros) e resistentes ao esforço de tração.

4) Módulo de elasticidade: Corresponde à relação entre tensão e deformação no


regime elástico.

5) Resiliência: Corresponde à energia para deformação elástica. São resilientes os


materiais que, sobre a ação de uma força, são deformados e são capazes de devolverem
a energia aplicada, voltando as dimensões originais, quando cessada a carga. A borracha,
por exemplo, é mais resiliente que o aço.

6) Tenacidade: É a propriedade dos materiais de se oporem a destruição sob a a-


ção de forças externas, devido à resistência a rápida propagação de uma trinca. Decorre
da combinação das propriedades de resistência e ductilidade. Quantitativamente, é a área
total (até a ruptura) obtida no diagrama tensão-deformação. Dimensionalmente será ex-
pressa por J/m3 (Jowle por metro cúbico). Um material que não é tenaz, será considerado
frágil.

7) Elasticidade: É a propriedade dos materiais de recuperar sua forma ao desapa-


recer a carga que anteriormente produziu uma deformação.

8) Plasticidade: É a propriedade dos materiais de mudar de forma e dimensões,


sem sofrer ruptura sob ação de forças externas, conservando a deformação sofrida,
mesmo após interromper-se a ação externa.

9) Dureza: É a resistência que o material oferece ao ser riscado ou penetrado por


um corpo mais duro.

10) Resistência à fadiga: É a propriedade que os materiais possuem para resistir à


ruptura que ocorre devido a cargas repetidas ou variáveis.

11) Resistência à fluência: É a resistência que os materiais oferecem à deformação


(lenta e gradual), quando sob a ação de uma carga constante, aplicada por longo período
de tempo a uma temperatura superior que a ambiente.Todas estas propriedades são me-
didas ou comparadas com determinados padrões através de ensaios.

A seguir iremos mostrar um destes ensaios, onde podemos verificar algumas des-
tas propriedades mecânicas, através do gráfico de tensão-deformação.

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Unidade I - Materiais de Construção Mecânica

SEDE DA CARGA

FIXADOR CORPO
DO DE
CORPO PROVA
DE
PROVA

CABEÇOTE MÓVEL

DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DE UMA MÁQUINA PARA ENSAIO DE TRAÇÃO

 (KGF/MM2 )
D

C
B

ESCOAMENTO

Deformação %
A - Limite de Proporcionalidade C - Limite de Ruptura
B - Limite de Escoamento D - Limite de Resistência à Tração

DIAGRAMA DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO DE UM METAL DÚCTIL

Pelo diagrama mostrado acima, é possível obtermos uma característica fundamen-


tal dos materiais, que é o módulo de elasticidade. Este corresponde a rigidez do material,
ou seja, do característico que o material possui de resistir à deformação elástica.

O módulo de elasticidade, corresponde à máxima tensão que o material pode su-


portar sem sofrer deformação plástica.

A seguir indicaremos as propriedades elásticos de alguns metais.

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Unidade I - Materiais de Construção Mecânica

Metal Módulo de Elasticidade E Módulo de Cisalhamento G


( a 20 oC ) GPa Kgf/mm2 GPa Kgf/mm2
Alumínio 70,3 7140 26,1 2660
Cádmio 49,9 5040 19,2 1960
Cromo 279,1 28350 115,4 11690
Cobre 129,8 13160 48,3 4900
Ouro 78,0 7910 27,0 2730
Ferro 211,4 21420 81,6 8260
Magnésio 44,7 4550 17,3 1750
Níquel 199,5 20230 76,0 7700
Neóbio 104,9 10640 37,5 3780
Prata 82,7 8400 30,3 3080
Tântalo 185,7 18830 69,2 7000
Titânio 115,7 11760 43,8 4445
Tungstênio 411,0 41720 160,8 16310
Vanádio 127,6 12950 46,7 4760

1.2.2 - Principais propriedades de fabricação dos materiais

1) Fundibilidade: É a capacidade do metal poder penetrar completamente no molde


de fundição e produzir uma peça sem defeitos e com as características mecânicas especi-
ficadas.

2) Conformabilidade plástica: Mais apropriadamente estampabilidade, para o caso


de chapas metálicas destinadas a estampagem profunda e forjamento, para a situação de
deformação plástica de corpos sólidos metálicos nos demais processos de conformação
plástica; corresponde à capacidade do metal poder ser deformado plasticamente, esco-
ando pela matriz ou ferramenta de conformação, e produzir peças isentas de fissuras e
com determinadas propriedades mecânicas.

3) Usinabilidade: É uma das propriedades de fabricação mais importantes e corres-


ponde á facilidade que o material apresenta para ser trabalhado por retirada de cavaco
nos processos de usinagem, sem apresentar desgaste excessivo da ferramenta de corte.

4) Soldabilidade: A qualidade de uma junta metálica soldada é dependente dessa


propriedade que caracteriza a capacidade do material base, isto é, do material das peças
a serem soldadas, poder ser fundido na região da solda e produzir uma solda com as pro-
priedades mecânicas compatíveis com o uso.

Além dessas propriedades de fabricação que podem ser avaliadas por ensaios es-
pecíficos para cada caso, e com resultados nem sempre quantitativos, ainda é necessário
indicar mais duas outras:

5) Temperabilidade: Capacidade de sofrer modificações microestruturais em função


de aplicação de ciclos de tempo-temperatura que alteram as propriedades mecânicas; em
particular convém destacar a capacidade de endurecimento, ou termperabilidade, dos a-
ços e ferros fundidos que corresponde à profundidade de penetração do endurecimento
na peça pelo tratamento térmico de têmpera.

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Unidade I - Materiais de Construção Mecânica

6) Capacidade de receber tratamentos superficiais: Consiste em adicionar revesti-


mentos orgânicos ou metálicos pelos diferentes processos de tratamento superficial dos
metais, que está associada não somente a necessidade de conferir aparência agradável à
peça revestida, mas também, e muitas vezes principalmente, às exigências de elevar
substancialmente a resistência à corrosão impelida pelo meio ambiente.

A maioria dos materiais são usados nas construções mecânicas. os mais usados
são os metais e, dentre estes, os materiais ferrosos ou produtos siderúrgicos.

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UNIDADE II - Metais Ferrosos - Siderurgia

UNIDADE II - METAIS FERROSOS - SIDERURGIA

2.1 - Processos de redução

Dada a importância do ferro na Idade Moderna, a siderurgia deve ser considerada


como um setor básico e prioritário para o desenvolvimento industrial e econômico.

A indústria siderúrgica abrange todas as etapas necessárias para, a partir das ma-
térias-primas, produzir-se ferro e aço. O processo clássico e mais usado para a redução
do minério de ferro é o do “alto-forno”, cujo produto consiste numa liga de ferro-carbono
de alto teor de carbono, denominado de “ferro gusa”, o qual, ainda no estado líquido, é
encaminhado à “aciaria”, onde, em fornos adequados, é transformado em aço.

Este é vazado na forma de “lingotes”, os quais, pôr sua vez, são submetidos à
transformação mecânica, pôr intermédio de laminadores, resultando “blocos”, “tarugos” e
“placas”. Estes, finalmente, ainda pôr intermédio de laminadores, são transformados em
formas estruturais como “tês”, “duplos tês”, “cantoneiras” etc., e em outros produtos side-
rúrgicos importantes, tais como trilhos, chapas, barras, etc.

A figura abaixo representa, esquematicamente, as principais etapas para a fabri-


cação de determinados produtos de aço, pelo processo do alto forno, a partir do minério
de ferro.

REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DAS PRINCIPAIS ETAPAS DE FABRICAÇÃO DE


AÇO PELO PROCESSO CLÁSSICO DE ALTO-FORNO..

As matérias-primas básicas da indústria siderúrgica são as seguintes:

ETFPEL
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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

- minério de ferro
- carvão vegetal/coque
- calcário (fundente)
- minério de manganês
- Ar pré-aquecido

O minério de ferro, como é óbvio, constitui a matéria-prima essencial, pois dele se


extrai o ferro.

O carvão atua em três sentidos simultaneamente: como combustível, como redutor


do minério, que é basicamente constituído de óxidos de ferro, e como fornecedor do car-
bono, que é o principal elemento de liga dos produtos siderúrgicos.

O calcário atua como “fundente”, ou seja, reage, pela sua natureza básica, com as
substâncias estranhas ou impurezas contidas no minério e no carvão - geralmente de na-
tureza ácida - diminuindo seu ponto de fusão e formando a “escória”, subproduto, pôr as-
sim dizer, do processo clássico do “alto-forno”.

2.1.1 - Tipos de Fornos: Caracterização e aplicação

O alto-forno constitui ainda o principal aparelho utilizado na metalurgia do ferro. A


partir dos primeiros fornos, dos tipos mais rudimentares, em que os gases eram perdidos
na atmosfera, constantes aperfeiçoamentos técnicos vêm sendo introduzidos e a capaci-
dade diária paulatinamente elevada, aproximando-se, nos dias atuais, de 10.000 tonela-
das de ferro gusa em 24 horas.

A metalurgia do ferro consiste essencialmente na redução dos óxidos dos minérios


de ferro, mediante o emprego de um redutor, que é um material à base de carbono - o
carvão - o qual atua igualmente como combustível e, indiretamente, supridor de carbono
para as ligas ferro-carbono de alto carbono, que são os principais produtos de alto-forno.

PRODUTOS DO ALTO-FORNO

Os produtos obtidos do alto-forno são:

- ferro gusa
- escória
- gás do alto-forno

* Ferro Gusa

O principal produto do alto-forno é o ferro gusa, cuja utilização é feita nas aciarias ,
para onde é encaminhado no estado líquido e transformado em aço; o ferro gusa é ainda
utilizado no estado sólido como principal matéria-prima das fundições de ferro fundido.

Há, pois, vários tipos de ferro gusa. Basicamente, o ferro gusa é uma liga de ferro-
carbono de alto teor de carbono e teores variáveis de silício, manganês, fósforo e enxofre,
devido à natureza das matérias-primas empregadas no alto-forno e ao processo de pro-
dução.

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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

De um modo geral, a maioria dos ferros gusa possíveis de serem obtidos em alto-
forno está compreendida na seguinte faixa de composição.

carbono - 3 a 4,5%
silício - 0,5 a 4,0%
manganês - 0,5 a 2,5%
fósforo - 0,05 a 2,0%
enxofre - 0,20% máximo

CONSTRUÇÃO DO ALTO-FORNO

A figura abaixo mostra a seção transversal de uma instalação de alto-forno, incluin-


do todo o equipamento acessório e auxiliar.

Como se vê trata-se de uma estrutura cilíndrica, de grande altura, que compreende


essencialmente uma fundação e o forno propriamente dito. Este, por sua vez, é constituí-
do de três partes essenciais: cadinho, rampa e cuba.

SEÇÃO TRANSVERSAL DE UMA INSTALAÇÃO DE ALTO FORNO

2.2 - Aços

É uma liga ferrosa passível de deformação plástica, com teor de carbono entre
0,008% e 2,0%. Além do ferro e do carbono, o aço contém, no mínimo mais Silício (Si), o

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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

Manganês (Mn), o Enxofre (S), e o Fósforo (P). Podem contem elementos de liga adicio-
nados intencionalmente.
A maior quantidade dos aços é obtida a partir do ferro gusa, no processo denomi-
nado de conversão, que consiste em diminuir o teor de carbono e impurezas, para conferir
ao aço propriedades adequadas ao emprego nas construções mecânicas.

Os conversores ou fornos mais usados na conversão do ferro gusa em aço são:


Siemens-Martin, a oxigênio, L- D, com sopro de oxigênio pelo topo, e o elétrico (a indução
e de eletrodos). Os esquemas a seguir nos dão uma idéia da construção e do processo
dos conversores Siemens-Martin e elétrico.

REPRESENTAÇÃO DO PROCESSO SIEMENS-MARTIN

REPRESENTAÇÃO DO PROCESSO ELÉTRICO

2.2.1 - Sistema de classificação dos aços

O número de tipos de aços é muito elevado, pois além dos aços simplesmente ao
carbono com teores variáveis de carbono, é muito elevado a quantidade de aços ligados.

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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

Para facilitar sua seleção, associações técnicas especializadas classificam os aços


pela sua composição química, dando origem aos sistemas SAE e AISI (americanos), DIN
(alemão), ABNT (brasileiro). Alguns desses sistemas estão indicados a seguir.

SISTEMAS SAE e ANSI DE CLASSIFICAÇÃO DOS AÇOS

DESIGNAÇÃO TIPO DE AÇO


SAE AISI
10XX C10XX Aço-carbono comum
11XX C11XX Aço de usinagem fácil
13XX 13XX Aço-Mn com 1,75% de Mn
23XX 23XX Aço-Ni com 3,5% de Ni
25XX 25XX Aço-Ni com 5,0% de Ni
31XX 31XX Aço Ni-Cr, com 1,25% de Ni e 0,65% de Cr
33XX E33XX Aço Ni-Cr, com 3,50% de Ni e 1,50% de Cr
303XX --- Aços resistentes à corrosão e ao calor Ni-Cr
40XX 40XX Aços-Mo com 0,25% de Mo
41XX 41XX Aços Cr-Mo
43XX 43XX Aços Ni-Cr-Mo, com elevados teores
46XX 46XX Aços Ni-Mo, baixo teor de Ni
47XX 47XX Aços Ni-Cr-Mo, com baixos teores
48XX 48XX Aços Ni-Mo, elevado teor de Ni
50XX 50XX Aços-Cr, baixo teor
51XX 51XX Aços-Cr, com elevados teores
501XX --- Aços para rolamentos, de baixo Cr
511XX E511XX Aços para rolamentos, de médio Cr
521XX E521XX Aços para rolamentos. de alto Cr
514XX --- Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr
515XX --- Aços resistentes à corrosão e ao calor ao Cr
61XX 61XX Aços Cr-V
86XX 86XX Aços Ni-Cr-Mo
87XX 87XX Aços Ni-Cr-Mo
92XX 92XX Aços Si-Mn
93XX 93XX Aços Ni-Cr-Mo
98XX 98XX Aços Ni-Cr-Mo
950 --- Aços de baixo teor em liga e alta resistência
XXBXX XXBXX Aços-B
XXLXX CXXLXX Aços-Pb

CLASSIFICAÇÃO ABNT DE AÇOS-LIGA

DESIGNAÇÃO C,% Mn,% Si,% Cr,% Ni,% Mo,%


1340 0,38-0,43 1,60-1,90 0,20-0,35 --- --- ---

4130 0,28-0,33 0,40-0,60 0,20-0,35 0,80-1,10 --- 0,15-0,25

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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

4135 0,33-0,38 0,70-0,90 0,20-0,35 0,80-1,10 --- 0,15-0,25

4140 0,38-0,43 0,75-1,00 0,20-0,35 0,80-1,10 --- 0,15-0,25

4320 0,17-0,22 0,45-0,65 0,20-0,35 0,40-0,60 1,65-2,00 0,20-0,30

4340 0,38-0,43 0,60-0,80 0,20-0,35 0,70-0,90 1,65-2,00 0,20-0,30

5115 0,13-0,18 0,70-0,90 0,20-0,35 0,70-0,90 --- ---

5120 0,17-0,22 0,70-0,90 0,20-0,35 0,70-0,90 --- ---

5130 0,28-0,33 0,70-0,90 0,20-0,35 0,80-1,10 --- ---

5135 0,33-0,38 0,60-0,80 0,20-0,35 0,80-1,05 --- ---

5140 0,38-0,43 0,70-0,90 0,20-0,35 0,70-0,90 --- ---

5160 0,55-0,65 0,75-1,00 0,20-0,35 0,70-0,90 --- ---

E52100 0,95-1,00 0,25-0,45 0,20-0,35 1,30-1,60 --- ---

6150 0,48-0,53 0,70-0,90 0,20-0,35 0,80-1,10 --- ---

8615 0,13-0,18 0,70-0,90 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

8620 0,18-0,23 0,70-0,90 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

8630 0,28-0,33 0,70-0,90 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

8640 0,38-0,43 0,75-1,00 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

8645 0,43-0,48 0,75-1,00 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

8650 0,46-0,53 0,75-1,00 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

8660 0,55-0,65 0,75-1,00 0,20-0,35 0,40-0,60 0,40-0,70 0,15-0,25

E9315 0,13-0,18 0,45-0,65 0,20-0,35 1,00-1,40 3,00-3,50 0,08-0,15

2.2.2 - Variação das propriedades dos aços em função do teor de carbono

As propriedades dos aços-carbono dependem basicamente, de dois fatores:

- composição química
- estrutura.

O primeiro fator determinado principalmente pelo teor de carbono, que é responsá-


vel direto pela dureza do material e pela sua temperabilidade.

Quanto maior o teor de carbono, não variando outros fatores, maior será a resis-
tência à tração e a dureza do aço. Quanto menor o teor de carbono, o aço carbono possu-
irá maio alongamento, maleabilidade, ductilidade, usinabilidade e soldabilidade.
O gráfico abaixo ilustra como variam a resistência à tração, dureza e alongamento
nos aços comuns não temperados, em função do teor de carbono.

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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS AÇOS EM FUNÇÃO DO TEOR DE CARBONO

A seguir mostramos alguns valores de resistência à tração, alongamento e dureza


para alguns aços carbono.

PROPRIEDADES MECÂNICAS DE AÇOS-CARBONO TÍPICOS

TIPO DE AÇO AISI T Kgf/mm2 DUREZA BRINELL CHARPY Kgf.m


1010, laminado 28,0 - 45,5 110 - 140 ---
1020, laminado 42,0 - 49,0 125 - 150 8,3 - 11,0
1030, temperado 52,5 - 84,0 180 - 490 ---
1050, temperado 66,5 -105,0 190 - 320 2,2 - 6,9
1080, temperado 81,2 -133,0 220 - 390 1,4 - 1,6
1095, temperado 84,0 -133,0 230 – 400 0,69 - 0,83

Quanto a estrutura, ela, por sua vez, é influenciada pelos seguintes fatores:

- composição química
- tratamento mecânico
- tratamento térmico

A composição química determina, em função do teor de carbono, se o aço é hipo-


eutetóide, hipereutetóide ou eutetóide. O gráfico anteriormente mostrado elucida com pre-
cisão esse aspecto estrutural.

O tratamento mecânico relaciona-se com as condições de deformação do material:


se a quente ou se a frio e, neste caso, a intensidade do encruamento resultante. Quando
o metal é deformado a quente consegue-se eliminar algumas imperfeições ou heteroge-

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Unidade II - Metais Ferrosos - Siderurgia

neidades, como bolas, vazios, etc. Se deformado a frio consegue-se um encruamento do


metal, melhorando propriedades relacionadas a resistência mecânica, mas prejudicando a
ductilidade e tenacidade.

O tratamento térmico influi sob dois aspectos:

- temperatura e tempo de aquecimento


- velocidade de resfriamento

Estes fatores serão perfeitamente esclarecidos posteriormente, quando do estudo


dos tratamentos térmicos.

2.2.3 - Efeito dos elementos de liga dos aços

Uma das formas de se modificar ou melhorar as propriedades dos aços e adicionar-


se elementos químicos na composição do aço, quando do processo de redução.

Vejamos a seguir a influência destes elementos químicos nas propriedades dos


aços:

ELEMENTOS DE LIGA X PROPRIEDADES MECÂNICAS

LIGA PROPRIEDADE MODIFICADA

Al Aumenta a resistência à oxidação


Pb Melhora a usinabilidade
Co Aumenta a dureza a quente. usado em aços rápidos
Cu Melhora a resistência à corrosão e mecânica. Diminui a ductilidade
Cr Aumenta a resistência ao desgaste e a temperabilidade
Mn Melhora a temperabilidade. Minimiza os efeitos do S.
Mo Melhora a dureza, resistência a quente, a fluência e temperabilidade
Ni Melhora muito a temperabilidade
Si Aumenta a dureza, resistência mecânica e temperabilidade
Ti Aumenta a resistência à fluência nos aços refratários
W Aumenta a dureza e resistência a altas temperaturas.

2.2.4 - Especificação comercial de barras, perfis, chapas e tubos

Conforme catálogo comercial da Gerdau S. A., existem uma série de produtos pe-
los quais iremos trabalhar no nosso cotidiano de trabalho. A seguir iremos mostrar alguns
destes.

CHAPAS FINAS A QUENTE

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BITOLA ESPESSURA PESO


MSG mm Kgf/m2
18 1,20 9,60
16 1,50 12,00
14 2,00 16,00
13 2,25 18,00
12 2,65 21,00
11 3,00 24,00
10 3,35 26,30
9 3,75 30,00
8 4,25 34,00
7 4,50 36,00
3/16” 4,75 38,00
--- 5,00 40,00

FERRO REDONDO LAMINADO

 (mm)  (pol) Kgf/m  (mm)  (pol) Kgf/m  (mm)  (pol) kgf/m


6,35 1/4 0,25 34,93 1 3/8 7,52 60,33 2 3/8 22,42
7,94 5/16 0,39 36,51 17/16 8,21 63,50 2 1/2 24,84
9,53 3/8 0,56 38,10 1 1/2 8,95 66,68 2 5/8 27,38
12,70 1/2 0,99 39,69 1 9/16 9,71 69,85 2 3/4 30,05
14,29 9/16 1,26 41,28 1 5/8 10,51 73,03 2 7/8 32,85
15,88 5/8 1,56 44,45 1 3/4 12,18 76,30 3 35,77
17,46 11/16 1,88 46,04 1 13/16 13,07 79,38 3 1/8 38,41
19,05 3/4 2,24 47,63 1 7/8 13,99 82,55 3 1/4 41,88
22,23 7/8 3,05 50,80 2 15,91 85,73 3 3/8 45,27
25,40 1 3,98 52,39 2 1/16 16,99 88,90 3 1/2 48,68
28,58 1 1/8 5,04 53,97 2 1/8 17,95 92,08 3 5/8 52,22
30,16 13/16 5,60 55,56 2 3/16 19,02 95,35 3 3/4 55,88
36,51 17/16 8,21 57,15 2 1/4 20,12 98,43 3 7/8 60,67
31,75 1 1/4 6,22 58,74 2 5/16 21,25 101,60 4 63,58
33,34 15/16 6,85
As barras podem ser de perfil quadrado, redondo e sextavado. Os perfis podem ser
de abas iguais, desiguais, tipo T de abas iguais, tipo U e tipo H. As chapas podem ser:
grossas, finas a quente, finas a frio, pretas.

2.3 - Tipos de aços

Em face das aplicações, serão considerados os seguintes tipos de aços:

- aços para fundição


- aços estruturais
- aços para chapas

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- aços para tubos


- aços para arames e fios
- aços para molas
- aços de usinagem fácil
- aços para cementação e nitretação
- aços para fins especiais.

AÇOS PARA FUNDIÇÃO

São aqueles empregados em peças para máquinas operatrizes, indústria automobi-


lística, indústria naval, e muitas outras aplicações. Os requisitos básicos são homogenei-
dade, granulação fina e completa isenção de trincas.

Os aços para fundição poderão ser classificados de duas formas:


- aços carbono para fundição
- aços-liga para fundição.

AÇOS ESTRUTURAIS

Estes aços devem possuir os seguintes requisitos fundamentais para a sua aplica-
ção industrial:
- baixo custo
- boa resistência mecânica
- deformabilidade
- soldabilidade
- relação elevada resistência/peso

Em princípio, devem ser considerados dois tipos fundamentais:


- aço carbono laminado
- aços de alta resistência e baixo teor de liga.

AÇOS PARA CHAPAS

O aço para chapas devem possuir as seguintes características:


- elevada deformabilidade ou ductilidade
- soldabilidade adequada
- superfície sem defeitos
- baixo custo

AÇOS PARA TUBOS

Os aços para tubos são comumente de baixo carbono (até no máximo de 0,30%) e
manganês até 1,50%. Para aplicações à temperaturas mais elevadas, torna-se convenien-
te adicionar Cr, que melhora a resistência à corrosão e à oxidação, e Mo que melhora as
propriedades de fluência.

AÇOS PARA ARAMES E FIOS

Os fios de aço-carbono são os mais importantes, porque apresentam as melhores


propriedades mecânicas e se destinam às aplicações da indústria mecânica. Esses aços
podem ser agrupados em dois grupos:

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- não patenteados, indicados para eletrodos de soldagem utilizados no re-


vestimento de peças que devam apresentar considerável resistência ao desgaste ou em
peças que serão submetidas a tratamentos térmicos posteriores.
- patenteados, que possuem uma elevada tenacidade, de modo que pode
ser convenientemente deformado ou conformado.

AÇOS PARA MOLAS

O teor de carbono varia de 0,50 a 1,20%, o aço pode ainda conter certos elementos
de liga. Os mais usados são o Cr e o Va, além do Si e do Mn em teores mais elevados
que os normais. Estes aços ligados apresentam melhores limites de fadiga. Os aços mais
usados em molas são os SAE 1050, 1065, 1074, 1080, 1090, 1095, 6150, 9260. Estes
últimos são ligados.

AÇOS DE USINAGEM FÁCIL

É necessário que os materiais empregados na fabricação dessas peças apresen-


tem características adequadas de usinabilidade. No caso dos aços, o fator metalúrgico
predominante, para caracterizar a usinabilidade é a dureza, pois se esta propriedade a-
presentar valores elevados, fica prejudicada a facilidade de usinagem. Os aços conside-
rados de usinagem fácil são os da série 10XX e 11XX.

AÇOS PARA CEMENTAÇÃO E NITRETAÇÃO

Os aços-carbono, depois de cementados, temperados e revenidos, adquirem um


núcleo de boa resistência mecânica combinado com uma camada superficial dura e resis-
tente ao desgaste, de modo que suas aplicações são muito amplas: pinos, pequenas en-
grenagens, alavancas, fusos, roletes, eixos de comando de válvulas e outros tipos de me-
canismos sujeitos a desgaste superficial.

Os aços-liga mais empregados na cementação são os tipos SAE 3100, 4100, 4600,
5100 e 6100, com teor máximo 0,23%.

Os aços para nitretação possuem C entre 0,30 e 0,45%, quantidade suficiente para
conferir suporte adequado à camada nitretada que é muito dura e, geralmente, de peque-
na espessura. Esses aços são conhecidos como “Nitralloy”.

AÇOS PARA FINS ESPECIAIS

São considerados neste item alguns tipos de aços não incluídos nos itens anterio-
res, os quais possuem propriedades especiais e aplicações importantes na indústria em
geral.

* Aços resistentes ao desgaste: Os mais famosos são denominados “Hadfield”, que


contém C - entre 1,00 e 1,40% - e alto teor de Mn - entre 10 e 14%. Podem atingir dureza
Brinell entre 180 e 220 e alta ductilidade.

* Aços C - Cr: São os empregados em esferas e roletes para mancais, são aqueles
pertencentes às classes SAE 50100, SAE 51100 e SAE 52100.

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* Aços ultra-resistentes: Utilizados em aplicações que exigem limites de resistência


à tração superiores à 200 Kgf/mm2. Os principais exemplos são os aços SAE 4330, SAE
4340, e o aço denominado de “Maraging”, que embora com baixo C - até 0,03% - possu-
em alto teor de elementos de liga, como Ti - entre 0,5 e 1,6% - , níquel - entre 17 e 26% -.

* Aços grafíticos: Devido a sua usinabilidade são utilizados em matrizes para con-
formação à frio, em buchas, cames, etc.

* Aços criogênicos: São aços utilizados em temperatura abaixo da ambiente. Os


aços SAE 4340 são os mais satisfatórios.

2.4 - Tipos de ferros fundidos

É uma liga formada de Fe e C - entre 2 e 5% -, Si, Mn, e pequenas quantidades de


P e S. Também são adicionados elementos de liga para melhorar as propriedades mecâ-
nicas. São obtidos no forno Cubilot e no forno elétrico a indução, a partir do ferro gusa e
de sucata de ferro fundido ou aço.

Os tipos principais de ferros fundidos são os seguintes:

- Ferro fundido cinzento


- Ferro fundido branco
- Ferro fundido maleável
- ferro fundido nodular

FERRO FUNDIDO CINZENTO

Apresenta o C na forma livre, sob a forma de palhetas pretas de grafita, o qual con-
fere uma fratura cinzenta. Possui elevada resistência a compressão, boa capacidade de
amortecimento, boa usinabilidade. Encontra ampla aplicação, como em peças ornamen-
tais, anéis de pistão, carcaça de compressores, blocos de motores, etc. A tabela a seguir
nos apresenta alguns dados referentes aos ferros fundidos cinzentos segundo a ABNT.

CLASSES DE FERROS FUNDIDOS CINZENTOS SEGUNDO A ABNT

CLASSE T Kgf/mm2 DUREZA FLEXÃO


BRINELL Kgf/mm2
FC10 10 201 ---
23 241 34
FC15 18 223 32
15 212 30
11 201 27
28 255 41
FC20 23 235 39
20 223 36

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16 217 33
33 269 --
FC25 28 248 46
25 241 42
21 229 39
33 269 --
FC30 30 262 48
26 248 45
38 --- --
FC35 35 277 54
31 269 51
FC40 40 --- 60
36 --- 57

FERRO FUNDIDO BRANCO

Este ferro fundido é assim chamado porque, devido a apresentar o C quase intei-
ramente combinado na forma de Fe3C, mostra uma fratura branca. Possui elevada dure-
za, difícil usinabilidade e soldabilidade.

O emprego do ferro fundido branco é por exemplo em bombas centrífugas para mi-
neração, bolas de moinho, rodas de vagão, equipamentos para britagem, etc...

FERRO FUNDIDO MALEÁVEL

Resulta de um ferro fundido branco, que é submetido a um tratamento térmico de


maleabilização, conseguindo-se uma melhor tenacidade.

É designado pela ABNT, pelas letras FMBF (ferro fundido maleável de núcleo bran-
co), FMPF (ferro fundido maleável de núcleo preto), acrescenta-se 04 algarismos, sendo
os dois primeiros o limite de resistência à tração e os dois últimos o alongamento percen-
tual. Ex. FMPF3512 - ferro fundido maleável de núcleo preto, com 35 Kgf/mm2 e 12% de
alongamento.
São aplicados em conexões para tubulações, ferragens para linhas e redes elétri-
cas, caixas para diferencial, cubo de rodas, caixas de engrenagens, etc... A tabela a se-
guir nos relaciona algumas propriedades mecânicas dos ferros fundidos maleáveis mais
aplicados segundo a ABNT.

PROPRIEDADES DOS FERROS FUNDIDOS MALEÁVEIS SEGUNDO A ABNT

TIPO T LE ALONGAMENTO DUREZA


Kgf/mm2 BRINELL
ABNT Kgf/mm2 %
FMBF-3204 35 -- 3 220
FMBF-3504 35 -- 3 220
FMBF-4006 42 23 4 220
FMBF-4507 48 28 5 200
FMBF-5505 57 37 4 240
FMBF-6503 67 44 3 270
FMBF-3812 40 21 8 200

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FMPF-3006 30 -- 6 ---
FMPF-3512 35 19 12 até 150
FMPF-4507 45 26 7 150/200
FMPF-5005 50 30 5 170/230
FMPF-5504 55 33 4 190/240
FMPF-6503 65 39 3 210/250
FMPF-7002 70 50 2 240/285

FERRO FUNDIDO NODULAR

Caracteriza-se por apresentar excelente resistência mecânica, tenacidade e ductili-


dade. A grafita possui forma esferoidal. É obtido a partir do ferro fundido cinzento, pelo
processo de nodurização, através da adição de elementos de liga, como o Mg e Si, quan-
do o mesmo está líquido. A principal liga é a de Mg-Si-Fe que apresenta um baixo custo.

As principais aplicações compreendem peças sujeitas à pressão, como compresso-


res, lingoteiras, bielas, e outras peças que exigem maior resistência ao choque, como vi-
rabrequins, matrizes, polias, rodas dentadas, etc...A tabela a seguir nos relaciona os prin-
cipais tipos de ferro fundido nodular, segundo classificação da ABNT.

CLASSIFICAÇÃO DO FERRO NODULAR, SEGUNDO A ABNT

TIPO T LE ALONGAMENTO DUREZA


Kgf/mm2 BRINELL
ABNT Kgf/mm2 %
FE 3817 38,0 24,0 17 140 - 180
FE 4212 42,0 28,0 12 150 - 200
FE 5007 50,0 35,0 7 170 - 240
FE 6002 60,0 40,0 2 210 - 280
FE 7002 70,0 45,0 2 230 - 300
FE 3817 38,0 24,0 17 140 - 180

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