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1. Elementos Essenciais
De maneira geral, qualquer elemento químico que se encontre na solução do
solo pode ser absorvido1 pela planta. No entanto, a presença de um elemento químico
no tecido vegetal não implica que ele seja fundamental para a nutrição da planta e,
conseqüente, para o seu crescimento2 e desenvolvimento3. Aqueles que são
essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas são denominados de
elelmentos essenciais ou nutrientes.
Para caracterizar-se como nutriente o elemento deve atender critérios de
essencialidade. Arnon & Stout (1939) postularam três critérios para caracterizar o
elemento químico como nutriente essencial. São eles:
a) a ausência do elemento impede que a planta complete seu ciclo;
b) a deficiência do elemento é específica, podendo ser prevenida ou corrigida
somente mediante o seu fornecimento;
c) O elemento deve estar diretamente envolvido na nutrição da planta, sendo
que sua ação não pode decorrer de correção eventual de condições químicas ou
microbiológicas desfavoráveis do solo.
Epstein (1975), de maneira simples e direta, funde os dois últimos critérios em
apenas um, afirmando que: para o elemento ser essencial deve fazer parte da molécula
de um componente ou metabólito essencial. Mais rescentemente Epstein (1999) define
que um dado elemento é essencial quando ele tem um claro papel fisiológico na planta.
Atualmente são reconhecimento com essenciais 17 elemntos (Quadro 1), no
entanto, com a evolução das pesquisas em fisiologia e nutrição mineral de plantas, a
essencialidade de outros elementos poderá ser comprovada. O silício e sódio, por
exemplo, são indicados em alguns trabalhos e livros como nutriente essencial (Taiz &
Zeiger, 2002).
Outros elementos, quando em concentrações muito baixas, estimulam o
crescimento de plantas, embora sua essencialidade ainda não tenha sido demonstrada
ou, apenas demonstrada sob determinadas condições especiais. Esses têm sido
denominados de elementos benéficos, sendo eles: Al, Co, Se e V. Apesar de serem
1
Abroção é o processo pelo qual solutos do meio externo são transferidos através da
membrana plasmática para o interior celular.
2
Crescimento é o aumento progressivo de biomassa dos organismos. Pode ser
expresso como aumento de massa, volume, altura ou comprimento.
3
Desenvolvimento é a seqüência cronológica de eventos que compreendem o cilco de
vida de um organismos.
1
considerados essenciais para determinadas espécies, Si e Na também figuram nesta
categoria.
2. Macro e Micronutrientes
As plantas contêm, em termos gerais, de 800 a 900 g/kg de H2O e, por
conseguinte de 100 a 200 g/kg de matéria seca. Desta matéria seca, 96 a 192 g/kg
correpondem as moléculas orgânicas compostas essencialmente por C, O, H. Assim,
estes elementos têm, obviamente, sua essencialidade comprovada. Estes elementos
são obtidos pelas plantas a partir da água absorvida pelas raízes e do CO2 absorvido
via fotossíntese.
A massa restante, 4 a 8 g/kg, é constituída pelos nutrientes minerais4. Entre eles, N, P,
S, K, Ca e Mg são exigidos e absorvidos em maiores quantidades. Apresentam-se em
maiores teores5 na planta, sendo, portanto, denominados de macronutrientes (Quadro
1). Além destes, Fe, Mn, Zn, Cu, B, Mo e Cl e Ni são exigidos em menores
quantidades, ocorrendo, portanto em menores teores, sendo por isto, denominados
micronutrientes (Quadro 1).
Em alguns casos diferenças nos teores de macro e micronutreintes não são
muito grandes. Plantas como, côco (Cocus nucifera L) ou cebola (Allium cepa L)
podem, por exempl, apresentar teores de Cl equivalentes ou superiores ao de alguns
macronutrientes como fósforo e magnésio. Isto também ocorre entre diferentes tecidos
na planta. Por exemplo, células do mesófilo foliar têm teores de Fe e Mn maiores do
que os de S e Mg. Por ser essencialmente quantitativa, sob o aspceto ficiológico a
classificação em macro e micronutriente não teria sentido, mas ela é amplamente
utilizada na fertilidde do solo, nutrição de plantas e mesmo na fisiologia.
De acordo com Taiz & Zeiger (2002) o Si é macronutriente com teores da ordem
de 1 g/kg e o Na como micronutrientes com teores da ordem de 10 mg/kg.
4
A denominação nutriente mineral deve-se ao fato da planta absorvê-los do solo.
5
Teor é a proporção de um constituinte em relação ao todo. Teores de nutrientes na
planta é expresso, em geral, em relação a matéria seca. Por exemplo: g/kg; mg/kg,
dag/kg.
2
Quadro1. Faixa de teores dos nutrientes na matéria seca de um vegetal
Nitrogênio
As palntas absorvem N na forma amoniacal (NH4+) e nítrica (NO3-), sendo esta a
forma preferencialmente absorvida, exceto em solos sob condições adversas à
nitrificação. Uma vez absorvido, para que ocorra a asimilação6 o NO3- deve ser
reduzido a NH4+.
Funcionalmente o N é constituínte de compostos orgânicos, tais como:
aminoácidos, amidas, proteínas, ácidos nucléicos, nucleotídeos, coenzimas,
hexoaminas, alcalóides, e outros. Uma das principais funções do N nas plantas é sua
participação na molécula de clorofila. Seu papel na constiutição das proteínas torna-se
evidente ao considerar que estas contêm, em média, 180 g/kg de N.
Conseqüentemente, o nitrogênio é exigido em grandes quantidades pelos vegetais,
encontrando-se teores que variam de 10 a 50 g/kg.
O N apresenta interações7 com P, S e K. A absorção de NO3- estimula a
absorção de cátions, enquanto que a absorção de NH4+ pode restringir a absorção de
cátions como o Ca2+, por exemplo.
6
Asimilação é a incorporação de nutriente mineral em compostos orgânicos, por
exemplo: pigmentos, emzimas, lipídios, ácidos nucléicos e aminoácidos.
7
Interação é a expressão da capacidade de um determinado fator interferir, positiva ou
negativamente, na eficáica de um ou mais outros fatores.
3
Fósforo
O fósforo é absorvido pelas plantas nas formas aniônicas: H2PO4- e HPO4-2 e é
assimilado nos compostos orgânicos como PO4-3 . De modo geral, é um nutriente
importante para a produção de energia e a integridade estrutural dos tecidos. Ele é
constituinte de ácidos nucléicos, nucelitídeos, coenzimas, fosfolipídios, fosfo-açucares,
ácido fítico, etc. O fósforo tem papel fundamental em todas as reações que envolvem o
ATP. Apesar de suas importantes funções, os teores de P nos tecidos vegetais são
relativamente baixos, variando de 1,0 a 10 g/kg, sendo que a faixa de suficiência8 para
a maioria das culturas varia de 1,2 a 3,0 g/kg.
O P pode apresentar interações com N, S e micronutrientes como Cu, Fe, Mn e
Zn.
Enxofre
O enxofre também é absorvido pelas plantas sob a forma aniônica como sulfato
(SO4-2), que, posteriormente é reduzido para ser assimilado. Pode ser encontrado em
teores que variam de 1,0 a 4,0 g/kg, sendo freqüente apresentar-se com teores
superiores ao do P.
Assim como o N, a estrutura química S permite a formação de ligações
covalentes estáveis. Assim, a maior proporção do S na planta está ligado aos
aminoácidos cisteína (-C-SH), metíonina (-C-S-CH3) e cistina (-C-S-S-C) e proteínas.
Participa ainda de coenzimas e vitaminas essenciais para o metabolismo.
O S pode apresentar interações notadamente com o N, P, B e Mo.
Potássio
O potássio é absorvido na forma catiônica K+, que também é a forma em que se
encontra nas células. Os teores de K nas plantas podem apresentar grande variação,
de acordo com a espécie e o manejo cultural. Os teores mais comumente encontrados
situam-se entre 10 e 35 g/kg.
Ao contrário do N, P e do S o K não forma ligações covalentes que confere
estabilidade aos complexos, portanto não é um nutriente extrutural. O K desempenha
importante papel na regulação do potencial osmótico das células. Sob este aspecto
desempenha importante papel no fechamento e abertura dos estômatos. Além disso,
atua como co-fator em mais de 40 enzimas, participando do metabolismo protéico e
fotossíntético e, ainda, no transporte de assimilados. È de grande importância para o
controle eletroquímico da célula.
8
Faixa de suficiência corresponde aos teores limites em que o nutriente deve ocorer na
planta para que esta não tenha seu crescimento comprometido pela deficiência.
4
Cálcio
O cálcio é absorvido na forma catiônica Ca2+ e mantém-se na forma iônica no
tecido vegetal. Os teores de cálcio nos tecidos vegetais variam entre 5 a 30 g/kg. A
maior parte do Ca nas plantas ocorre formando ligações intermoleculares na lamela
média da parede celular e das membranas. Contribui, assim, para a estabilidade
estrutural do tecido vegetal e o movimento intercelular de vários metabólitos. Atua,
ainda, como catalisador de enzimas envolvidas na hidrólise do ATP ede fosfolipídios.
Teores adequados de Ca ajudam a planta a evita o estresse decorrente da
presença de metais pesados e, ou, salinidade. A substituição do cálcio por metais
pesados pode causar um desequilibrio estrutural alterando a rigidez da parede celular.
Apresenta interações com Mg e K, sendo que o excesso de Ca promove deficiências
desses.
Magnésio
O magnésio é outro nutriente absorvido na forma catiônica Mg2+. O teor de Mg
nos tecidos dos vegetais pode variar de 1,5 a 10 g/kg. Mais da metade do Mg contido
nas folhas é encontrado na clorofila, já que a molécula desta possui um átomo central
de Mg. Além disso, o Mg é ativador das enzimas envolvidas com a fosfato-transferase,
relacionadas, portanto, com o metabolismo energético. Apresenta interações com Ca e
K, sendo que o excesso de Mg promove deficiências destes.
Ferro
O Fe pode ser absorvido na forma catiônica Fe3+, Fe2+ e Fe-quelato9. Se aceita
que o Fe precisa ser reduzido para ser absorvido, assim a capacidade das raízes
reduzirem Fe3+ a Fe2+ parece ser fundamental para a sua absorção pela planta. O teor
foliar adequado nas plantas cultivadas varia de 50 a 1000 mg/kg. O Fe é constituinte de
enzimas envolvidas com a transferência de elétrons (reações de oxi-redução), tais
como citcromos. Esta função se deve a reversibilidade de seu estado do oxidação de
Fe2+ para Fe3+. Ele também é essencial para a síntese do complexo proteína-clorofila
nos cloroplastos.
Zinco
O Zn2+ é a forma predominantemente absorvida, embora haja evidências de que
quelatos de Zn possam ser absorvidos. O teor adequado nos tecidos foliares varia de
9
Quelato é o complexo resultante da ligação de um íon metálico a moléculas de
natureza orgânica polidentadas (pontos de ligação) por meio de duas, três, quarto ou
seis coordenações.
5
10 a 200 mg/kg. O Zn é importante para a atividade de várias enzimas. Por exemplo, é
constituinte de álcool desidrogenase, desidrogenase gluâmica e anidrase carbônica. È
requerido para biosíntese de clorofila em algumas plantas. O Zn influencia a síntese da
auxina ácido indolacético.
Manganês
O Mn é absrovido pela planta na forma Mn2+, mas outras formas solúveis no solo
também podem ser absorvidas. O teor foliar adequado varia entre 10 e 2000 mg/kg.
Folha de bananeira, por exemplo, pode conter até 2000 mg/kg de Mn. O Mn atua como
ativador de muitas enzimas, tais como: desidrogenase, descarboxilase, kinases,
peroxidases e oxidases. Juntametne com outros cátions ativadores, atua na evolução
de O2 no processo fotossintético. Devido sua reversibilidade entre formas reduzidas e
oxidadas está envolvido em processos de oxi-redução no sistema de transporte de
elétrons.
Cobre
O Cu é absorvido na forma Cu2+ e Cu-quelatos. Os teores foliares adequados
variam de 3 a 30 mg/kg. À semelhança do Fe, ele está associado com enzimas
envolvidas em reações de oxi-redução, devido a sua reversibilidade entre as formas
Cu2+ e Cu2+. Algumas destas enzimas são: oxidase do ácido ascórbico, tirozinase,
monoamina oxidase, uricase, citocromo oxidase. Assim como o Zn, o cobre atua como
constituinte e co-fator de enzimas, participa do metabolismo de proteínas e de
carboidratos e na fixação simbiótica de N2. O cobre pode interferir no metabolismo do
Fe, resultando no desenvolvimento de deficiências de Fe.
Boro
O B pode ser abosrvido como ácido bórico não dissociado e como ânion BO33-.
Os teores foliar adequados variam de 10 a 200 mg/kg. Forma complexos com manitol,
ácido polimanuronico e outros constituintes da parede celular, estando envolvido no
alongamento celular, no metabolismo do ácido nucléico e funções da membrana. Está
associado com a formação do tubo polínico e a germinação do pólen.
Molibdênio
O Mo é absorvido como molibdato (MoO42-). É um dos nutriente exigido em
menor quantidade, sendo que os teors foliares adequados variam entre 0,1 e 2,0
mg/kg. Os íons de Mo cujo estado de oxidação varia de Mo4+ até Mo6+ são
6
componentes de várias enzimas envolvidas em reações de oxiredução, entre elas a
nitrato redutase e a nitrogenase. Assim, o Mo tem papel fundamental no metabolismo
no N, por meio da redução do nitrato, que é fundamental para a assimilação do N, e por
meio da fixação de N2 atmosférico, considerando que a nitrogenase é a única enzima
com capacidade para romper a ligação tripla que une os átomos de N na sua forma
biatômica (N2).
Cloro
O Cl é absorvido pelas raízes e pelas folhas como âníon cloreto (Cl-). Os teores
foliares variam de 1 a 100 mg/kg, mas podem chegar a 20 g/kg nas palmeiras como o
côco e dendê além das liliáceas, como alho e cebola. O cloro não é encontrado em
nenhum metabólito em plantas superiores, mas é requerido nas reações de quebra da
molécula de água na fotossíntes para a produção de O2. Ele também é requerido na
divisão celular, tanto em folhas como em raízes. Sua atuação também esta relacionada
com a neutralização de cátions e o equilibrio osmótico de planta.
Níquel
Silício
O Si é abundante na litosfera e, por isso, trabalhos que procuram determinar sua
essencialidade, ou mesmo os efeitos benéficos ao crescimento, requerem precauções
especiais quanto à contaminação. Atualmente, na literatura há indicação do Si como
nutrientes essencial na categoria de macronutriente (Taiz & Zeiger, 2002),considerando
os elevados teores no tecido vegetal. Em gramíneas que crescem em ambientes
alagados, como o arroz estes teores variam de 47 a 71 g/kg; em gramíneas que
crescem em ambientes drenados, como cana-de-açucar, arroz, outros cereais e
dicotiledôneas os teores variam entre 5 e 14 g/kg, enquanto que em leguminosas os
teores são inferiores a 2,5 g/kg (Marschner, 1986).
7
Os efeitos benéficos do Si têm sido descritos para diferentes espécies. Em geral
ele se acumula como sílica amorfa na parede celular, contribuindo para propriedades
mecânicas, tais como rigidez e eleaticidade. O Si forma complexos com polifenois,
funcionando como uma alternativa para a lignina, no reforço da parede celular. Plantas
com maiores teores de Si têm maior resistência ao tombamento, à infecção por fungos
e ao ataques de insetos O Si contribui para amenizar a toxidez de alguns metais, como
o Mn.
Sódio
O Na é apontado como elemento essencial na categoria de micronutriente por
Taiz & Zeiger (2002) para algumas espécies. Esta essencialidade é comprovada para
especies halófitas como plantas do gênero Atriplex encontrados na Austrália e no Chile.
Plantas com metabolismos de C4 e CAM (metabolismo ácido das crassuláceas10)
requerem o Na para regeneração do fosfoenolpiruvato, que é o substrato da primeira
carboxilação nestas rotas metabólicas.
O íon Na+ tem-se mostrado, também, capaz de substituir o K+ em algumas
funções relacionadas com o equilíbrio iônico interno das plantas.
Alumínio
O Al é reconhecidamente um elemento tóxico para inúmeras espécies
cultivadas. No entanto, trabalhos empregando solução nutritiva demonstram que o Al
em baixas concentrações estimula o crescimento. Para cana-de-açucar, milho,
beterraba e algumas leguminosas forrageiras esta concentração varia entre 0,2 e 5
mg/L. Tal efeito pode ser atribuído ao fato do Al prevenir a toxidez do Fe, Mn e P,
quando em altas concentrações, o que pode ocorrer em soluções nutritivas. Tem se
atribuído ao Al efeito fungicida prevenindo a infecção do sistema radicular. No entanto,
estes efeito são exceções, visto que na maioria das situações o Al tem uma ação tóxica
sobre as plantas.
10
Metabolismo Ácido das Crassuláceas (Crassulacean Acid Metabolism) é uma via
metabólica para a síntese de carbohidratos presentes em certas espécies de
plantas, especialmente plantas suculentas (como as da família Crassulaceae, onde
este metabolismo foi detectado pela primeira vez). Em sintese, as plantas CAM
abrem os seus estomas durante a noite, absorvendo dióxido de carbono durante
este período, e armazenando-o sob a forma de ácido málico. Durante o dia, com a
incidência de luz solar, o ácido málico sofre reações e é transformado em moléculas
de glicose.
8
Cobalto
O Co pode ser encontrado nas folhas dos vegetais em teores que variam de
0,03 a 1,0 mg/kg. Condições especiais de solos ricos em Co podem propiciar, em
algumas espécies, teores de 2 a 4 g/kg.
O Co é importante na síntese da da vitamenina B12 (coenzima cobalamin B2),
que afeta a síntese da proteína leghemoglobina nos nódulos de leguminosas
infectadas por bactérias do gênero Rhizobium, sendo esta importante para o processo
de fixação biológica.
Selênio
Os teores de Se nos tecidos vegetais em teores variam entre 0,01 e 1 mg/kg.
Em solos com elevada disponibilidade do elemento, espécies forrageiras podem
apresentar concentrações excessivamente elevadas, a ponto de serem constatados
casos de toxicidade em animais.
Vanádio
Os efeitos benéficos do V são citados em maior intensidade apenas para
vegetais inferiores. Poucas referências citam efeitos benéficos em milho quando
suprido por solução nutritiva contendo 0,25 mg/L (Singh, 1971; Tisdale & Nelson,
1975).
11
Produtividade é a expressão da produção por unidade de produção. Por exemplo:
kg/ha, t/ha, L/vaca, etc.
9
condições físicas e microbiológicas são determiantes da produção. Além disso estes
fatores, sobretudo a fertilidade, são afetados pelas características mineralogicas e
pelos procesos químicos predminantes no solo. A produção poderá ser limtada em
solos férteis com impedimentos físicos, que provocam restrições ao transporte dos
nutrientes e ao desenvolvimento do sistema radicular. No entanto, um solo produtivo
deve apresentar fertilidade elevada, ou ter sido, previamente, corrigido.
Deste modo a fertilidade tem sido conceituada como "a capacidade do solo de
ceder os nutrientes às plantas" (Raij, 1981; Braga, 1983). Alguns autores (Malavolta,
1976; Raij, 1981) acrescentam que esta capacidade deve ser mantida durante todo o
ciclo de vida da planta, mesmo que esta deixe de absorve-los ou utiliza-los em uma
determinada fase.
Este conceito, no entanto, também é questionável, uma vez que a relação solo
planta não e uma via de mão única, onde o solo cede e a planta recebe por meio das
raízes. As plantas podem alterar características do solo na rizosfera12 de modo a
favorecer a disponibilidade13 de um ou mais nutrientes. Um destes mecanismos é a
acidificação da rizosfera. A formação de quelatos entre ácidos orgânicos excretados e
metais potencialmente tóxicos é um mecanismo que as plantas utilizam para evitar a
absorção destes metais. A interação com microrganismos, como por exemplo, com
micorrizas e bactérias do gênero Rhizobium, é uma estratégia que favorece a aquisição
de fósforo e nitrogênio, respectivamente.
O conceito de fertilidade do solo apresenta várias limitações importantes
em sua interpretação. Assim, por exemplo, a resposta em produção de uma planta
pode ser diferente quando se aplicam doses crescentes de um nutriente em solos
diferentes. Conforme se observa na figura 1, o solo LE (Latossolo Vermelho Escuro)
tem maior produtividade refletindo aparentemente, maior capacidade para ceder
nutrientes essenciais.
Da mesma forma, um solo com determinada fertilidade pode apresentar
diferente produção com diferentes espécies de plantas (Figura 2), posto que as plantas
variam em sua capacidade de absorção e de utilização de um mesmo nutriente
(Epstein, 1975; Malavolta, 1976; Sanchez, 1981; Mengel & Kirby, 1982). Nesse caso, a
braquiária mostra maior capacidade de produção.
12
O volume de solo que próximo às raízes, que sofre influencia direta destas,
denominas-e rizosfera.
13
Nutriente disponível é aquele que se encontra em uma forma química
potencialmente absorvível pela planta. Este conceito é fundamental para a fertilidade
do solo sendo que a sua consolidação avançará com os estudos na disciplina.
10
Matéria seca (g)
16 LE
14
12
10
8 AQ
6
4
2
0
0 10 20 30 40 50
S (kg/ha)
11
Dessa forma, conclui-se, que considerando determinado nutriente o solo pode
ser fértil, porém, em relação à outro nutriente não. O mesmo se observa em relação à
espécie cultivada, ou ainda em relação a diferentes variedades de uma mesma espécie
(Russell & Russell, 1973; Epstein, 1975; Malavolta, 1980; Magnani, 1985). Percebe-se,
assim, que o conceito de fertilidade deve considerar, também, a espécie a ser
cultivada.
A fertilidade do solo pode ser vista sob os três aspectos: natural, potencial e
atual (Buol et al., 1974; Lepsch, 1983).
Solo SB T V
----------- cmolc/dm3 --------- %
Eutrófico 2 3 66,7
Distrófico 7 15 46,7
12
Assim, também, os solos salino-sódicos apresentam conteúdos excessivos de
+
Na , o que eleva o pH e ocasiona diminuição da disponibilidade de micronutrientes,
principalmente Fe, Mn, Zn e Cu.
6. Adubação
Quando o solo apresenta restrições de fertilidade, em um ou mais nutrientes,
utilizam-se adubos ou fertilizantes com o propósito de colocar a disposição da planta
maiores quantidades dos nutrientes. Adubos ou fertilizantes são produtos de natureza
orgânica ou mineral, sendo esta de origem natural ou sintética, que são capazes de
veícular um ou mais nutrientes para as plantas. Conseqüentemente, adubação ou
fertilização compreendem a prática de aplicar adubos ou fertilizantes.
A adubação pode ter como enfoque corrigir o solo em sua capacidade de ceder
um ou mais nutrientes. Sob este enfoque a prática é denominada adubação de
correção. Neste caso o adubo é aplicado em toda á superfície do solo e às vezes
incorporado em uma determinada camada de solo.
A adubação pode, ainda, ter por enfoque atender a demanda da planta em solos
com deterinadas restrições de ceder os nutrientes. Neste caso é denominada
adubação de produção. Esta pode ser feita no ato do plantio, ou posteriormente,
quando a planta passou pelos estádios iniciais de desenvolvimento, e neste caso é
denominada adubação de cobertura.
Y=ƒ (x).
Ŷ = α0 + α1 X Ŷ = A (1 - 10 - cX )
(A) (B)
900
600
Produção (kg/ha)
Produção (kg/ha)
600 450
300
300
150
0 0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Dose do nutriente (kg/ha) Dose do nutriente (kg/ha)
Ŷ = α0 + α1 X - α2 X2
(C)
800
Produção (kg/ha)
600
400
200
0
0 50 100 150 200 250 300
Dose do nutriente (kg/ha)
14
6.2. Leis Gerais da Adubação
A análise, interpretação e compreensão da resposta à adubação, baseiam-se
em princípios que têm sido denominados de leis da adubação14. Há três leis
fundamentais: da restituição, do mínimo e do máximo, que serão apresentadas nesta
ordem, emobra não corresponda a sequência cronológica da elaboração de seus
enunciados.
Conhecida como lei de Liebig, foi enunciada em 1843 por este pesquisador
alemão. Segundo a proposição de Liebig, o crescimento de uma planta é limitado por
aquele nutriente que se encontra em menor proporção no solo, em relação à
necessidade da planta (Russell & Russell, 1973; Tisdale & Nelson, 1975; Raij, 1981).
Este enunciado tem um caráter qualitativo. Sua aplicabilidade é complexa, porque em
condições normais de campo, muitas vezes são vários os nutrientes ou fatores que
limitam a produção, além da ação de suas interações.
Segundo a lei de Liebig, sob um enfoque quantitativo o crescimento é
contínuamente linear até um ponto onde se alcança um "plateau" devido à insuficiência
de outro nutriente que, então, se torna o limitador do crescimento. Se suprido, este
novo nutriente provoca outro surto de crescimento, até que novo nutriente (ou fator) se
torne limitante e, assim, sucessivamente (Figura 4). Em outras palavras, uma
14
Embora o termo seja de uso consagrado, a idéia de lei, talvez não seja a mais
própria para expressar o significado dos seus enunciados. São, de fato, a base
científica que possibilita a compreenção da resposta à adubação.
15
adubação com N e K não traria aumento na colheita se o elemento mais limitante
no solo fosse o P. Somente após a plicação do P é que haveria possibilidade de
resposta linear a N ou a K. A aplicabilidade desta lei ser restringiria quando a
resposta a adubação se expressa proporcional às doses aplicadas (Figura 2 A).
O aspecto quantitativo da lei do mínimo, também é limitado considerando
que as resposta biológica se expressam por funções curvilineares.
Produção
Limite genético, luz etc.
P
( fatores não controláveis)
para A
"Plateau" de produção A (limitação
"Plateau" por B)
de produção para A (limitação por B)
A AB ABC ABC
Nutrientes aplicados
16
dY
= c(A − Y) ,
dX
em que:
dY é o incremento da produção em relação ao incremento dX;
A é a produção máxima atingível;
c é uma constante de proporcionalidade, ou coeficiente de eficácia do fator X.
Esta expressão nos indica que os aumentos de produção (Y) porporcionado por
cada unidde de nutriente aplicado (X) é porporcional a quantidade de produção ainda
necessária para atingir a máxima produção. Em sua forma integrada esta função pode
ser escrita como:
Ŷ = A (1 − 10 − cX )
Y
Dose de X
1000
Produção (kg/ha)
Y$ = b0 + b1X − b2 X 2 , em que:
18
Y é a produção obtida em resposta à quantidade do nutriente X aplicado ao solo. A
partir desta equação pode-se estimar a dose em que a produção é máxima.
19
7. Bibliografia
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RUSSELL, E. W. & RUSSELL, E. J. Soil conditions and plant growth. 10th ed.
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21