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APOSTILA DE FISIOLOGIA

DO EXERCÍCIO
MÁRCIO SOARES DA SILVA
ALY JORGE ALMEIDA FILHO
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Sumário

1 BIOENERGÉTICA................................................................................................4

1.1 Ciclo energético biológico .......................................................................................................4


1.2 Energia e atividade celular ......................................................................................................5
1.2.1 Substratos energéticos para o exercício...............................................................5
1.2.1.2 Carboidratos........................................................................................................6
1.2.1.3 Gorduras.......................................................................................................................7
1.2.1.4 Proteínas.......................................................................................................................8

1.3 Ações enzimáticas..................................................................................................................9

1.4 Adenosina trifosfato (ATP)..................................................................................................10

1.5 Sistemas energéticos.............................................................................................................11

1.5.1 Sistema ATP-CP………………………………………………………………............12


1.5.2 Sistema glicolítico.........................................................................................................13
1.5.3 Sistema oxidativo...........................................................................................................16

2 GASTO ENERGÉTICO.......................................................................................18

2.1 Taxa metabólica de repouso........................................................................................18

3 METABOLISMO DO EXERCÍCIO......................................................................20

3.1 Transição do repouso para o exercício...................................................................................20

3.2 Respostas metabólicas após o exercício.................................................................................21

3.3 Intensidade do exercício........................................................................................................24

3.3.1 Consumo máximo de oxigênio (VO2 Máx).....................................................................25


3.3.2 Frequência cardíaca (FC).....................................................................................26
3.3.3 Taxa de esforço percebido (TEP).........................................................................27

4 INFLUÊNCIA DA DURAÇÂO E INTENSIDADE................................................29

4.1 Utilização dos substratos energéticos durante o exercício...................................................30

4.1.1 Intensidade, duração do exercício e seleção de substrato energético.............................31

4.1.2 Gasto energético e exercício...........................................................................................35

5 SISTEMA NERVOSO.........................................................................................39

5.1 Funções do sistema nervoso...............................................................................................39

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5.2 Organização do sistema nervoso.........................................................................................40

5.3 Divisão sensorial.................................................................................................................44

5.4 Divisão motora....................................................................................................................45

5.4.1 O sistema nervoso autônomo............................................................................. 45


5.4.2 Sistema nervoso simpático.............................................................................................46
5.4.3 Sistema nervoso parassimpático.....................................................................................46

5.5 Neurônio..............................................................................................................................46

5.5.1 O impulso nervoso.........................................................................................................49


5.5.2 Atividade elétrica dos neurônios...................................................................................50

5.6 Potencial de repouso da membrana.....................................................................................50

5.7 Propagação do impulso nervoso..........................................................................................52

5.8 Comunicação entre as células nervosas..............................................................................54

6 EXERCÍCIO E EQUILÍBRIO TÉRMICO..............................................................56

6.1 Mecanismos da regulação corporal........................................................................56

6.2 Transferência do calor corporal..............................................................................58

6.3 Umidade e perda de calor.......................................................................................60

7 CONSIDERAÇÕES MUSCULARES SOBRE O MOVIMENTO.........................61

7.1 Estrutura do músculo esquelético............................................................................62

7.2 Junção neuromuscular..........................................................................................................65

7.3 Contração muscular..............................................................................................................67

7.4 Fibras musculares.................................................................................................................70

8 FISOLOGIA RESPIRATÓRIA............................................................................72

8.1 Mecânica da ventilação pulmonar.......................................................................................73

9 EXERCÍCIO E SISTEMA CARDIOVASCULAR................................................76

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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1 BIOENERGÉTICA

Antes de caracterizar a discussão sobre fontes energéticas é necessário


definir energia como a capacidade de realizar trabalho. A aplicação de uma força
através de uma distância é trabalho. Energia e trabalho, portanto, são
inseparáveis (POWERS & HOWLEY, 2014).

Existem seis formas de energia: química, mecânica, térmica, luminosa,


elétrica e nuclear. Cada uma delas pode se transformar de uma forma para outra.
Na atividade física a transformação de energia química em energia mecânica é
fundamental. A energia mecânica manifesta-se no movimento humano cuja fonte
provém da transformação do alimento em energia química dentro do nosso
organismo.

1.1 Ciclo energético biológico

Toda energia em nosso sistema solar tem origem no sol. Em verdade, a


energia solar origina-se na energia nuclear. Parte dessa energia solar atinge a
terra na forma de luz solar ou de energia luminosa. A partir da luz solar, os
vegetais verdes armazenam energia química. Por sua vez, a energia química é
utilizada pelos vegetais para elaborar moléculas alimentares tais como glicose,
celulose, proteinase e lipídios, a partir do dióxido de carbono (CO 2) e da água (H2
O). Esse processo, pelo qual os vegetais verdes sintetizam o próprio alimento, é
denominado fotossíntese (FOSS, KETEYIAN, 2000). Por outro lado, os seres
humanos não são capazes de realizar esse processo. Precisam para viver; de
água, oxigênio, comer vegetais e produtos animais de forma a suprirem suas
necessidades alimentares. Portanto, os seres humanos dependem diretamente da
vida vegetal e, em última análise, do sol para obtenção de sua energia.

O alimento, na presença de O2, é transformado em CO2 e H2O com a


liberação de energia química por meio de um processo metabólico denominado

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respiração. A respiração metabólica tem como única finalidade fornecer energia


de que necessitamos para realizar certos processos biológicos tais como trabalho
químico de crescimento e trabalho mecânico de contração muscular. Todo esse
processo recebe a denominação de ciclo energético.

O processo bioenergético de conversão de energia química em energia


mecânica requer uma série de reações químicas altamente controladas.

1.2 Energia e Atividade Celular

A energia é armazenada nos alimentos sob a forma de carboidratos,


gorduras e proteínas. Esses componentes alimentares básicos, os chamados
macronutrientes, devem estar disponíveis no interior da célula para liberar energia
armazenada. Como toda energia finalmente degrada sob a forma de calor, a
quantidade de energia liberada numa reação biológica é calculada a partir de
quantidade de calor produzido. Nos sistemas biológicos, a energia é mensurada
em quilocalorias (Kcal). Uma kcal é igual à quantidade de energia térmica
necessária para elevar a temperatura de 1 kg de água em 1 o C numa temperatura
de 15o C (WILMORE, COSTILL,KENNEDY, 2013). O processo metabólico de
energia envolve os alimentos, compostos principalmente por carbono, hidrogênio
e oxigênio e – no caso das proteínas – nitrogênio. As ligações moleculares dos
alimentos são relativamente fracas e produzem pouca energia quando rompidas.
Consequentemente, os alimentos não são utilizados diretamente nos processos
celulares. Em vez disso a energia molecular dos alimentos é liberada
quimicamente no interior das células e, em seguida, ela é armazenada sob a
forma de um composto denominado adenosina trifosfato (ATP).

1.2.1 Substratos energéticos para o exercício

O organismo consome diariamente carboidratos, gorduras e proteínas a fim


de fornecer a energia necessária para manter as atividades celulares em repouso

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e durante o exercício. No exercício, os principais nutrientes utilizados para obter


energia são as gorduras e os carboidratos, contribuindo as proteínas com uma
pequena quantidade da energia total utilizada (BROOKS 1984, apud POWERS &
HOWLEY, 2014).

1.2.1.2 Carboidratos

Os carboidratos são compostos por átomos de carbono, hidrogênio e


oxigênio. Os carboidratos armazenados provêm o corpo de uma forma de energia
disponível de maneira rápida. Um grama de carboidrato fornece cerca de 4kcal de
energia (McMURRAY 1977, apud POWERS & HOWLEY, 2014). Os carboidratos
existem sob três formas (McARDLE 2011, apud WILMORE, COSTILL, KENNEDY
2014): (1) monossacarídeos, (2) dissacarídeos e (3) polissacarídeos.
Monossacarídeos são açúcares simples, como a glicose e a frutose e a glicose,
que pode nos alimentos ou formada no trato digestivo a partir de carboidratos
mais complexos.

Os dissacarídeos são formados a partir da combinação de dois


monossacarídeos. Por exemplo, o açúcar é denominado sacarose e composto por
glicose e frutose. Polissacarídeos são carboidratos complexos que contêm três ou
mais monossacarídeos. Podem ser moléculas bem pequenas (cerca de três
monossacarídeos) ou moléculas relativamente grandes, com centenas de
monossacarídeos. Após sua ingestão o amido (polissacarídeo) é quebrado,
formando monossacarídeos que podem ser imediatamente utilizados como
energia pelas células ou armazenados em outra forma, no interior das células,
para as futuras demandas energéticas.

Glicogênio é o termo usado para os polissacarídeos estocados no tecido


animal. Ele é sintetizado no interior das células pela ligação das moléculas de
glicose. As moléculas de glicogênio geralmente são grandes e podem consistir
em centenas a milhares de moléculas de glicose. As células armazenam
glicogênio para suprir carboidratos como uma fonte energética. Por exemplo,

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durante o exercício, as células musculares transformam o glicogênio em glicose


(processo denominado glicogenólise) e a utilizam para fonte de energia para a
contração muscular. Por outro lado, a glicogenólise também ocorre no fígado, e a
glicose livre é liberada na corrente sanguínea e transportada aos tecidos por todo
o organismo. O nível de utilização de glicogênio, a absorção de glicose e a
liberação da glicose hepática são determinados principalmente pela intensidade e
duração do exercício, assim como pelo nível de treinamento.

A fadiga durante o exercício é frequentemente associada á depleção das


reservas de carboidratos (COYLE 1986, apud POWERS & HOWLEY, 2014),
principalmente em exercícios de maior intensidade. Como o estoque de glicogênio
total do organismo, se comparado à gordura, é relativamente pequeno, pode ser
depletado em poucas horas, em decorrência do exercício prolongado em uma
determinada intensidade. Consequentemente, a síntese de glicogênio é um
processo contínuo no interior das células. As dietas pobres em carboidratos
tendem a dificultar a síntese de glicogênio, retardando a recuperação do
organismo, enquanto as dietas ricas em carboidratos tendem a aumentá-la. Tanto
o aumento da disponibilidade de glicogênio muscular antes, como a ingestão de
carboidratos durante o exercício tem demonstrado uma melhoria no rendimento
(BACURAU, 2011).

1.2.1.3 Gorduras

Embora contenham os mesmos elementos químicos dos carboidratos, a


relação entre o carbono e o oxigênio na gordura é muito maior do que a
observada nos carboidratos. A gordura corporal armazenada é um combustível
ideal para um exercício prolongado, pois as moléculas de gordura contêm
grandes quantidades de energia por unidade de peso. Um grama de gordura tem
aproximadamente 9 kcal de energia, mais do que o dobro do conteúdo energético
dos carboidratos e proteínas (McMURRAY 1977, apud GARRET JR. &
KIRKENDALL, 2003).A gordura endógena representa 90.000 a 100.000 kcal de

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energia ou 70 a 80% do estoque total de energia do corpo (CAHILL, 1979, apud


GARRET JR & KIRKENDALL, 2003). Somente 2 a 3% da gordura endógena são
estocados dentro das fibras musculares esqueléticas como os triglicerídeos
(COYLE, 1995). As gorduras não são hidrossolúveis e podem ser encontradas
tanto em vegetais com em animais. Em geral, podem ser classificadas em quatro
grupos (1) ácidos graxos, (2) triglicerídeos, (3) fosfolipídeos e (4) esteróides. É
importante ressaltar que os ácidos graxos são o principal tipo de gordura utilizada
pelas células musculares como fonte de energia.

Os ácidos graxos são armazenados no corpo como triglicerídeos. Estes


são compostos por três moléculas de ácidos graxos e uma molécula de glicerol
(que não é uma gordura e sim um tipo de álcool). Embora o maior local de
armazenamento de triglicerídeos seja as células adiposas, essas moléculas
também são armazenadas em muitos tipos de células, incluindo o músculo
esquelético. Nos momentos de necessidade, eles podem ser quebrados em suas
partes componentes (processo denominado lipólise). Os ácidos graxos são
utilizados como substrato energético para os músculos e outros tecidos. O glicerol
liberado pela lipólise não é uma fonte direta de energia para o músculo, mas pode
ser utilizado pelo fígado para sintetizar a glicose. Em razão disso,, toda a
molécula de triglicerídeo é uma fonte de energia útil para o corpo.

1.2.1.4 Proteínas

As proteínas são compostas por muitas subunidades pequenas


denominadas aminoácidos. Pelo menos vinte tipos diferentes de aminoácidos são
necessários para que o organismo forme vários tecidos e proteínas plasmáticas.
Nove aminoácidos, denominados aminoácidos essenciais, não podem ser
sintetizados pelo organismo e, por essa razão, devem ser consumidos em
alimentos. Como fonte de combustível potencial, as proteínas contêm
aproximadamente 4kcal por grama (McMURRAY,1977,apud
WILMORE,COSTILL,KENNEDY,2013).

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As proteínas podem contribuir para o exercício de duas maneiras. Primeiro


o aminoácido alanina pode ser convertido em glicose no fígado, o qual pode então
ser utilizado para sintetizar o glicogênio. O glicogênio hepático pode ser
degradado em glicose e transportado ao músculo esquelético ativo por meio da
circulação. Segundo, alguns aminoácidos, tais como isoleucina, alanina, leucina e
valina, podem ser convertidos em intermediários metabólicos, isto é, compostos
que podem participar ativamente da bioenergética nas células musculares e
contribuir diretamente como combustível nas vias bioenergéticas. (McCLEAN,
1991, apud WILMORE, COSTILL, KENNEDY, 2013).

1.3 AÇÕES ENZIMÁTICAS

Para ser útil, a energia livre deve ser liberada dos compostos químicos
numa velocidade controlada. Essa velocidade é parcialmente determinada pela
escolha da fonte do substrato principal. Grandes quantidades de um determinado
substrato podem fazer com que as células dependam mais dessa fonte que fontes
alternativas. Essa influência de disponibilidade de energia é denominada efeito da
ação de massa.

Moléculas proteicas específicas denominadas enzimas controlam a


velocidade da liberação de energia livre. Muitas dessas enzimas facilitam a
degradação (catabolismo) de compostos químicos. No entanto, muitas enzimas
também sofrem uma alteração estrutural após se ligar ao composto químico.

As ações enzimáticas são influenciadas pela temperatura do organismo e


por meios ácidos, como, por exemplo, quando ocorre um aumento do Ph
(concentração do íon hidrogênio) do meio líquido.

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1.4 ADENOSINA TRIFOSFATO (ATP)

Verificamos o que é energia, onde se origina e que nos é fornecida pelos


alimentos que ingerimos. É necessário compreender como essa energia é
utilizada para o trabalho mecânico da contração muscular. Os alimentos são
compostos principalmente por carbono, hidrogênio, oxigênio e no caso das
proteínas nitrogênio. As ligações moleculares dos alimentos são relativamente
fracas e produzem pouca energia quando rompidas. A energia liberada durante a
desintegração dos alimentos não é utilizada diretamente para realizar trabalho.
Pelo contrário, é utilizada na produção de outro composto químico, denominado
adenosina trifosfato (ATP), que é armazenado em todas as células musculares. A
célula só consegue realizar seu trabalho especializado a partir da energia liberada
pela desintegração do ATP.

Uma molécula de ATP consiste em adenosina (uma molécula de adenina


unida a uma molécula de ribose) combinada a três grupos fosfato inorgânico (Pi).
Quando a enzima ATPase atua sobre a ATP, o último grupo fosfato separa-se da
molécula de ATP, liberando rapidamente uma grande quantidade de energia (7,6
Kcal por mol de ATP). Isso reduz a ATP em adenosina difosfato (ADP) e Pi.

O processo de armazenar energia através da formação de ATP a partir de


outras fontes químicas é denominado fosforilação. Através de várias reações
químicas, um grupo fosfato é adicionado a um composto de energia relativamente
baixa, a adenosina difosfato (ADP), convertendo-o em adenosina trifosfato (ATP).
Quando essas reações ocorrem sem oxigênio, o processo é chamado
metabolismo anaeróbio. Quando elas ocorrem com o auxílio do oxigênio, o
processo global é denominado metabolismo aeróbio, sendo a conversão de ADP
em ATP chamada de fosforilação oxidativa. Os processos de produção de energia
ocorrem através dos sistemas energéticos.

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1.5 SISTEMAS ENERGÉTICOS

Os sistemas energéticos dizem respeito à produção de energia através do


ATP, a partir de diferentes substratos energéticos e estão relacionados com a
intensidade e duração do exercício. Cada um dos processos metabólicos que
serve de fonte energética para o trabalho muscular dispõe de características
cinéticas próprias e diferencia-se pela especificidade peculiar da velocidade das
correntes metabólicas e da reserva dos substratos utilizados (POORTMANS,
1988, apud VOLKOV, 2002).

Existem três métodos pelos quais a ATP é produzida nas células: Sistema
ATP-CP, Sistema Glicolítico e Sistema Oxidativo.

Os primeiros dois mecanismos – ATP-CP e glicolítico - funcionam segundo


o sistema aneróbio, o terceiro (de oxidação) pelo aeróbio. Nesses mecanismos
são usados vários substratos energéticos para a ressíntese do adenosinatrifosfato
tempo de exercício.

Figura 1: Participação dos sistemas energéticos em função do tempo de exercício.

Fonte: Costill, Wilmore, Kennedy, 2013

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1.5.1 Sistema ATP-CP

Também conhecido como sistema anaeróbio alático (ASTRAND, RODAHL,


1970; Di PAMPERO, 1988; TAYLOR, 1988, apud VOLKOV, 2002),é considerado
como o sistema energético mais simples. Além da ATP, as células possuem uma
outra molécula de fosfato que armazena energia. Essa molécula é denominada
creatina fosfato ou CP (também chamada fosfocreatina). Ao contrário da ATP, a
energia liberada pela degradação da creatina fosfato não é utilizada diretamente
para a realização do trabalho celular. Em razão disso, ela forma ATP para manter
um suprimento relativamente constante. A energia produzida pela molécula de
ATP não pode ser transferida de um tecido para o outro, como a própria molécula
também não pode ser transportada pela corrente sanguínea. Como as reservas
intracelulares de ATP são muito reduzidas, o funcionamento da célula, mesmo
durante um curto espaço de tempo, exige a existência de mecanismos biológicos
de repotencialização das moléculas de ATP no próprio local onde serão utilizadas.
A liberação de energia da creatina fosfato é facilitada pela enzima creatina
quinase (CK), a qual atua sobre a creatina fosfato para separar Pi da creatina. A
energia liberada pode então ser utilizada para ligar o Pi, uma molécula de ADP,
formando a ATP. Nesse sistema, quando a energia é liberada da ATP por meio da
separação de um grupo fosfato, as células podem impedir a depleção de ATP
através da redução da creatina fosfato, fornecendo a energia para a formação de
mais ATP. Esse processo é rápido e pode ser obtido sem qualquer estrutura
especial no interior da célula. Esse processo não exige oxigênio, por essa razão
considera-se o ATP-CP como sendo anaeróbio.

Já que os músculos podem armazenar apenas uma pequena quantidade


de ATP, a depleção energética ocorre rapidamente em uma atividade vigorosa.
Como o CP é armazenado em quantidades limitadas na célula muscular, esse
sistema pode suprir as demandas energéticas por somente 8 a 10 segundos
(BOMPA, 2002). Essa é a fonte principal de energia para atividades
extremamente rápidas e explosivas, como os 100m rasos, saltos e arremessos no
atletismo e salto sobre o cavalo.

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Por meio da restauração de fosfagênios, o organismo recupera os


estoques de energia em níveis iguais aos da condição pré-exercício. Com a
utilização de meios bioquímicos, o organismo tenta retornar ao equilíbrio
fisiológico (homeostase) quando se encontra na mais alta eficiência. A
restauração dos fosfagênios ocorre rapidamente (FOX, BOWES e FOSS 1989,
apud FOSS & KETEYIAN, 2000). Em 30 segundos, atinge 70% de seu nível
normal e, em 3 a 5 minutos, está totalmente recuperada (100%). É interessante o
fato de que o único meio pelo qual a fosfocreatina (PC) pode ser transformado
novamente a partir de Pi e C é pela energia liberada pela desintegração do ATP.
Isso ocorre durante a recuperação após um exercício, com a fonte primária de
ATP provindo daquela obtida pela desintegração das substâncias alimentares.
Assim sendo, quando as reservas de PC são depletadas nas atividades de ultra
intensidade e de alta velocidade, elas só poderão ser reabastecidas efetivamente
após o início da recuperação. O armazenamento de PC no músculo é cerca de
três vezes maior que aquele de ATP. Isso faz sentido, pois a função de PC
armazenada consiste em proporcionar energia de reserva para a síntese do ATP.

Em comparação com outros mecanismos, o creatinafosfato possui maior


potência, pois supera em três vezes mais a potência máxima do mecanismo
glicolítico e em 4-6 vezes a do mecanismo de oxidação. De acordo com
MARGARIDA, 1963, apud VOLKOV, 2002, o mais rápido padrão de ressíntese de
ATP é o mecanismo de fosfocreatina, e o mais lento é o de fosforilação oxidativa.

1.5.2 Sistema glicolítico

Outro método de produção de ATP envolve a liberação de energia através


da degradação da glicose. Esse sistema é denominado sistema glicolítico por
envolver a glicólise, que é a degradação da glicose por meio de enzimas
glicolíticas especiais.

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A glicose representa aproximadamente 99% de todos os açúcares


circulantes no sangue. A glicose sanguínea é originária da digestão de
carboidratos e da degradação do glicogênio hepático. O glicogênio é sintetizado a
partir da glicose por meio de um processo denominado glicogênese. O glicogênio
é armazenado no fígado ou no músculo até que seja solicitado. Nesse momento,
o glicogênio é quebrado em glicose através do processo da glicogenólise.

Antes da glicose ou do glicogênio poderem ser utilizados para gerar


energia, eles devem ser convertidos em um composto denominado glicose-6-
fosfato. A conversão de uma moécula de glicose exige uma molécula de ATP. Na
conversão do glicogênio, a glicose-6-fosfato é formada a partir da glicose-1-
fosfato sem esse gasto energético. A glicólise começa quando a glicose-6-fosfato
é formada.

A glicólise, em última instância, produz ácido pirúvico (piruvato). Esse


processo não exige oxigênio, mas o uso deste determina o destino do ácido
pirúvico formado pela glicólise. O ácido pirúvico pode ser oxidado, transformado
em lactato ou usado para a ressíntese de glicogênio. Nesse estudo, contudo,
quando nos referirmos ao sistema glicolítico, abordaremos o processo de glicólise
anaeróbia, sem a necessidade de oxigênio. Nesse caso, o ácido pirúvico é
convertido em lactato.

A glicólise, que é muito mais complexa que do que o sistema ATP-CP,


exige 12 reações enzimáticas para a degradação do glicogênio em ácido lático.
Todas essas enzimas atuam no interior do citoplasma celular. O ganho desse
processo é de três moles de ATP formados para cada mol (peso molecular de um
composto expresso em gramas) de glicogênio degradado. Se a glicose for
utilizada no lugar do glicogênio, o ganho é de apenas 2 moles de ATP porque 1
mol é utilizado para a conversão da glicose em glicose-6-fosfato.

Esse sistema energético não produz grandes quantidades de ATP. Apesar


dessa limitação, as ações combinadas entre dos sistemas glicolíticos e ATP-CP

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permitem que os músculos gerem força mesmo quando o suprimento de oxigênio


é limitado. Esses dois sistemas predominam durante os minutos iniciais do
exercício de alta intensidade.

Uma limitação importante da glicólise anaeróbia é que ela causa um


acúmulo de lactato nos músculos e nos líquidos corporais. Nos eventos de
explosão máxima durando um a dois minutos, o sistema glicolítico é altamente
solicitado e as concentrações de lactato podem aumentar de um valor de repouso
de cerca de 1mmol/kg de músculo para mais de 25mmol/kg. Essa acidificação
das fibras musculares inibe ainda mais a degradação do glicogênio, uma vez que
ela compromete a função da enzima glicolítica.

A explicação possível para essa limitação é que a concentração intra-


celular de íons de hidrogênio aumenta( o pH cai), resultando em um acúmulo de
ácido lático no músculo, inibindo a atuação da enzima fosfofrutocnase e
diminuindo o ritmo (velocidade) das reações na via da glicose anaeróbia (SAHLIN,
1878, apud POWERS & HOWLEY, 2014). Este processo diminuirá a velocidade
da glicólise e a quantidade da energia a ser criada (ATP) em uma unidade de
tempo. Por isso, o volume da fonte glicolítica não é limitado pelo teor dos
respectivos substratos, mas, sim, pela concentração de lactato.

Hultman E Sjholm (1983), apud Viru & Viru, 2001, mostraram que a taxa da
glicogenólise alcança o máximo entre 40 e 50 segundos, quando o músculo é
submetido a um esforço de alta intensidade muscular. Desta maneira, um teste
para a avaliação do sistema glicolítico deve durar de 20 a 50 segundos. O teste
de Wingate tem mostrado atender esses parâmetros (BAR-OR 1981, 1987;
DOTAN & BAR-OR 1983; INBAR et al. 1996, apud VIRU & VIRU, 2001).

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1.5.3 Sistema oxidativo

É o terceiro sistema energético. O sistema final de produção de energia é o


sistema oxidativo. Esse é o mais complexo dentre os três sistemas energéticos.
As reações químicas do sistema oxidativo ocorrem nas mitocôndrias e
constituem-se de diversas reações químicas que podem ser agrupadas em três
séries principais:
 Oxidação Beta, que preparam a gordura para penetrar no sistema;
 Ciclo de Krebs, que recebe os substratos da oxidação beta, da glicólise e
dos protídios e os oxida;
 Sistema de transporte de Elétrons, que opera a partir do NADH oriundo da
glicólise e da flavina adenosina nucleotide (FAD).

O processo através do qual o organismo separa substratos com o auxilio


do oxigênio para gerar energia é denominado respiração celular. Como o oxigênio
é empregado, trata-se de um processo aeróbio. A produção oxidativa de ATP
ocorre no interior das organelas celulares especiais: as mitocôndrias.

Os músculos necessitam de um suprimento constante de energia para


produzir continuamente a força necessária durante a atividade de longa duração.
Ao contrário da produção anaeróbia de ATP, o sistema oxidativo possui uma
enorme capacidade de produção de energia e, por essa razão, o metabolismo
aeróbio é o principal método de produção de energia durante os eventos de
endurance. Esse processo impõe considerável demanda sobre a capacidade do
organismo de liberar oxigênio aos músculos ativos.

É importante enfatizar que a interação das vias metabólicas aeróbias e


anaeróbias na produção de ATP durante o exercício. Embora seja comum definir
exercício aeróbio e anaeróbio, na realidade, a energia para realizar a maioria dos
tipos de exercício é originária de uma combinação de fontes anaeróbias/aeróbias
(COYLE 1986, apud POWERS & HOWLEY, 2014), (Figura 2). A contribuição da

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produção anaeróbia é maior em atividades de curta e alta intensidade, enquanto o


metabolismo aeróbio predomina em atividades mais longas. Por exemplo,
aproximadamente 90% da energia para realizar uma corrida de 100 metros
devem ser originários de fontes anaeróbias, com a maior parte vinda do sistema
ATP-CP (POWERS & HOWLEY, 2014). Similarmente, a energia para correr 400
metros, com uma duração de, em média 55 segundos, é, em grande parte
anaeróbia (70 a 75%).No entanto, os estoques de ATP e de creatina fosfato são
limitados e, por isso, a glicólise deve suprir boa parte dos ATPs nesse tipo de
evento (SPRIET, 1988, apud POWERS & HOWLEY, 2014).

Figura 2: Contribuição dos sistemas aeróbio e anaeróbio em função do tempo de


exercício

Fonte: Costill, Wilmore,Kennedy, 2013

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2 GASTO ENERGÉTICO

O nosso organismo possui um gasto energético constante, sendo que,


durante o repouso, o dispêndio de energia é menor do que quando praticamos
exercícios físicos. O aumento do gasto calórico está relacionado ao consumo de
oxigênio. Para medir o gasto calórico é usado o MET (equivalente metabólico),
que é definido como uma unidade que representa o equivalente metabólico de
trabalho para uma atividade particular. É calculado pela divisão da razão
metabólica no trabalho pela razão metabólica de repouso. Um MET é equivalente
a 3,5ml de oxigênio por minuto por quilograma de peso corporal (3,5 ml/kg.min -1),
(BARBANTI, 2011). Um método útil para conseguir o custo aproximado do
exercício consiste em empregar a seguinte equação baseada no nível MET da
atividade: (MET x 3,5 x peso corporal em kg/200 = kcal/ min).

2.1 TAXA METABÓLICA DE REPOUSO

A taxa na qual o seu corpo utiliza energia é a taxa metabólica. Uma medida
padronizada do gasto energético em repouso é a Taxa Metabólica Basal (TMB). A
TMB é a taxa de gasto energético de um indivíduo em repouso na posição supina,
mensurada imediatamente após um mínimo de 8 horas de sono e de 12 horas de
jejum (WILMORE & COSTILL, KENNEDY, 2013). Esse valor reflete a quantidade
mínima de energia necessária para suprir as funções fisiológicas essenciais do
organismo.

Em vez de utilizar o termo Taxa Metabólica Basal, atualmente muitos


pesquisadores utilizam o termo Taxa Metabólica de Repouso (TMR), em
consequência das dificuldades encontradas na questão do sono e jejum. Assim,
utilizaremos o termo TMR nesse estudo.

A TMR está diretamente relacionada com a massa magra do indivíduo


(isenta de gordura) e geralmente é apresentada em quilocalorias por quilograma

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


19

de massa magra por minuto (kcal. kg-1.min-1). Quanto maior for a massa magra,
maior a quantidade de calorias gastas por dia. Como as mulheres tendem a
possuir uma menor massa magra que os homens, elas tendem a apresentar uma
TMR menor do que os homens com peso similar.

A área da superfície corporal é igualmente importante. Quanto mais área


superficial o indivíduo possuir, mais perda de calor ocorre através da pele, o que o
que eleva a TMR porque é necessária uma maior quantidade de energia para
manter a temperatura corporal. Por essa razão, a TMR também é frequentemente
apresentada em quilocalorias por metro quadrado de área superficial corporal por
hora (kcal. m-2.h-1). Analisando-se o gasto calórico diário, pode-se usar uma
unidade mais simples: kilo/caloria/dia. A TMR pode variar entre 1.200 a 2.400
kcal/dia. No entanto, a taxa metabólica total média de um indivíduo que realiza
atividades diárias normais varia de 1.800 a 3.000 kcal.

Muitos outros fatores afetam a TMR. Entre eles, estão incluídos:


 Idade: A TMR diminui gradualmente com o aumento da idade,
geralmente em decorrência de uma diminuição da massa magra.
 Temperatura corporal: a TMR aumenta com o aumento da temperatura.
 Estresse: ele aumenta a atividade do Sistema Nervoso Simpático
(SNC), o qual aumenta a TBM.
 Hormônios: a tiroxina, produzida pela tireoide, e a adrenalina, produzida
pelas glândulas adrenais, aumentam a TMR.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


20

3 METABOLISMO DO EXERCÍCIO

Quando o organismo passa do repouso para o exercício, suas


necessidades de energia aumentam. O seu metabolismo aumenta em proporção
direta ao aumento de sua taxa de trabalho (WILMORE & COSTILL, KENNEDY,
2013). Segundo Powers & Howley (2013), o exercício representa um sério desafio
às vias bioenergéticas do músculo em atividade. Por exemplo, durante o exercício
intenso o gasto energético total do organismo pode ser de quinze a vinte cinco
vezes mais que o gasto em repouso (POWERS & HOWLEY, 2014). A maioria
desse aumento na produção de energia é utilizada para produzir ATP aos
músculos esqueléticos que se contraem, os quais podem aumentar sua utilização
de energia em até 200 vezes a utilização em repouso (ARMSTRONG, 1979, apud
POWERS & HOWLEY, 2014). Por essa razão é evidente que os músculos
esqueléticos possuem uma grande capacidade de produção e utilização de
enormes quantidades de ATP durante o exercício.

3.1 TRANSIÇÃO DO REPOUSO PARA O EXERCÍCIO

Quando o indivíduo começa a se exercitar, o sistema de transporte de


oxigênio (respiração e circulação) não supre imediatamente a quantidade
necessária de oxigênio dos músculos ativos, gerando um déficit de oxigênio
(WILMORE & COSTILL,KENNEDY,2001). Na transição do repouso ao exercício
leve ou moderado, o consumo de O2 aumenta e atinge um estado estável em um
período de um a quatro minutos (CARRETELLI, 1977, apud POWERS &
HOWLEY, 2014). O fato de o consumo de O2 não aumentar instantaneamente até
atingir um valor de estado estável sugere que as fontes anaeróbias de energia
contribuem para a produção global de ATP no início do exercício. De fato, existem
muitas evidências que mostram que, no início do exercício, o sistema ATP-CP é a
primeira via bioenergética ativa, seguida pela glicólise e, finalmente, pela
produção aeróbia de energia (ASTRAND, 1986; BROOKS, 2014; ESSEN,1978;
HULTMAN, 1973; RILEY, 1981 apud POWERS & HOWLEY, 2014). No entanto,

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


21

após o estado estável ter sido atingido, a necessidade orgânica de ATP é


satisfeita por intermédio do metabolismo aeróbio. O principal ponto a ser
enfatizado no que concerne à bioenergética da transição do repouso para o
exercício é que vários sistemas energéticos estão envolvidos. Assim, a energia
necessária para o exercício não é fornecida simplesmente ativando-se uma única
via bioenergética, mas por uma mistura de diversos sistemas metabólicos que
operam com uma considerável sobreposição.

No início do exercício ocorre um retardo da captação de oxigênio pelo


músculo esquelético (déficit de oxigênio). Esse déficit é definido como a diferença
entre a captação de oxigênio nos primeiros minutos de exercício e um período de
tempo igual após o estado estável ser obtido (MEDBO, 1988: POWERS, 1987,
apud POWERS & HOWLEY, 2014). O tempo para atingir o estado estável é mais
curto nos indivíduos treinados em comparação com os não treinados (HICKSON,
1978, apud POWERS & HOWLEY, 2014). A diferença no decorrer do tempo da
captação de oxigênio no início do exercício entre indivíduos treinados e não
treinados revela que os primeiros apresentam menor déficit de oxigênio em
comparação com os segundos. Parece provável que os indivíduos treinados
apresentem uma capacidade bioenergética aeróbia mais bem desenvolvida,
resultado de adaptações cardiovasculares e musculares induzidas pelo
treinamento de endurance (DOODD, 1988; HICKSON, 1978, apud POWERS &
HOWLEY, 2014). Do ponto de vista prático, isso significa que a produção aeróbia
de ATP é ativada mais precocemente no começo do exercício e resulta numa
menor produção de ácido lático nos indivíduos treinados em comparação com não
treinados.

3.2 RESPOSTAS METABÓLICAS APÓS O EXERCÍCIO

Durante os minutos iniciais da recuperação, apesar dos músculos não


estarem mais trabalhando ativamente, a demanda de oxigênio não diminui de
modo imediato (WILMORE, COSTILL, KENNEDY, 2013). Ao contrário, o consumo

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


22

de oxigênio permanece temporariamente elevado. Esse consumo, que


geralmente excede o necessário quando em repouso, tem sido tradicionalmente
denominado débito de oxigênio. Um termo mais comumente utilizado hoje é o
consumo excessivo de oxigênio pós-exercício (EPOC, em inglês Excess Post
Exercise Oxygen Consumption). O EPOC é adicionado ao oxigênio normalmente
consumido em repouso.

Durante muitos anos, a curva do EPOC foi descrita como possuindo dois
componentes distintos: um componente inicial rápido e um componente
secundário lento. Pela teoria clássica, o componente rápido da curva
representava o oxigênio necessário para repor a ATP e a creatina fosfato,
utilizadas durante o exercício, especialmente em seu estágio inicial. Sem oxigênio
suficiente, as ligações de fosfato de alta energia desses compostos eram
rompidas para suprir a energia necessária. Durante a recuperação, essas
ligações deveriam ser restabelecidas, por meio de processos oxidativos, para
repor as reservas de energia ou compensar o débito. Acreditava-se que o
componente lento da curva era resultante da remoção do lactato acumulado nos
tecidos, tanto pela conversão em glicogênio ou pela oxidação em CO 2 e H2O,
dessa forma fornecendo a energia necessária para restaurar as reservas de
glicogênio.

Segundo essa teoria, acreditava-se que tanto o componente rápido quanto


o lento refletiam a atividade anaeróbia que ocorria durante o exercício. A crença
era de que, através do exame do consumo de oxigênio pós-exercício, a
quantidade de atividade anaeróbia que havia ocorrido pudesse ser estimada.
Contudo, a remoção do nível de lactato dos músculos e do da corrente sanguínea
ocorre até 2 horas após o exercício (BOMPA, 2012).

Vários fatores contribuem para o EPOC: Ressíntese da creatina fosfato no


músculo, remoção do lactato, reatauração dos estoques de oxigênio muscular,
temperatura corporal elevada, aumento doa frequência cardíaca e aumento da
participação hormonal (figura 3).

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


23

Figura 3: Fatores que contribuem para o excesso de oxigênio pós-exercício

Fonte: Powers, Howley, 2014

Imediatamente após o exercício, o metabolismo permanece elevado por


vários minutos. A magnitude e duração desse metabolismo elevado são
influenciadas pela intensidade do exercício (GORE, 1990, apud POWERS &
HOWLEY, 2014). Desta maneira, quanto maior a intensidade do exercício, maior
será o EPOC e maior a perda calórica após o exercício (BAHR, SEJERRSTED
1991, apud KRAVITZ, 2004). A figura 4, na próxima página, mostra que a
captação de oxigênio é maior e permanece elevada durante um período mais
longo após o exercício de alta intensidade em comparação com um exercício de
intensidade baixa e moderada em função do mesmo tempo de exercício (GORE,
1990, apud POWERS & HOWLEY, 2014), e que no exercício intenso o EPOC é
maior que o exercício leve. Estudos recentes demonstram que a magnitude (a
quantidade de elevação no consumo de oxigênio) e a duração (extensão do
tempo em que o consumo de oxigênio permanece elevado) do EPOC depende da

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


24

intensidade e duração do exercício. Segundo KRAVITZ, 2004, o organismo leva


de 15 minutos a 48 horas para recuperar totalmente a um estado de descanso.

Figura 4: Déficit e débito de oxigênio leve/moderado (a) e intenso

Fonte: Powers, Howley, 2014

3.3 INTENSIDADE DO EXERCÍCIO

Para que as respostas metabólicas durante o exercício sejam estudadas, é


necessário, primeiramente, abordar a intensidade do exercício, devido a sua
ampla abrangência e diferentes métodos de controle. FOSS & KETEYIAN, (2000 )
, define intensidade do exercício como “um nível específico de atividade muscular
que pode ser quantificada em termos de potência, da força oponente, da força
isométrica sustentada ou da velocidade de progressão”. A intensidade do
treinamento está relacionada tanto à força da ação muscular (treinamento de

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


25

força) quanto ao estresse imposto ao sistema cardiovascular (treinamento


aeróbio) (WILMORE, COSTILL, KENNEDY, 2013).

É possível medir a intensidade de acordo com o tipo de exercício. Os


exercícios que envolvem velocidade são medidos em metros/segundos (m/s) ou
taxa/minuto de realização do movimento. A intensidade das atividades realizadas
contra uma resistência pode ser medida em quilogramas ou kgm (um kilograma
levantado por um metro contra a força de gravidade). Para os desportos coletivos,
o ritmo de jogo determina a intensidade (BOMPA, 2012).

Com o objetivo de promover melhores resultados e evitar o


supertreinamento, é necessário monitorar a intensidade daquele treinamento
(JEUKENDRUP & VAN DIEMEN, 1998, apud MATHEW, 2005). Definir o nível de
intensidade ou esforço de um indivíduo poderia ser realizado de diferentes
maneiras. Isto inclui o uso de métodos que empregam diferentes parâmetros ou
pontos de referências, e estabelecer o treinamento em termos daquele
referencial. Os métodos mais empregados são:

3.3.1 Consumo máximo de oxigênio (VO2 Máx)

Este método, também chamado de potência aeróbia, tem como referência


o consumo máximo de oxigênio do indivíduo. O sexo e a idade exercem influência
neste consumo. Os valores de VO2 Máx para mulheres são, em geral, inferiores
aos verificados para o sexo masculino (MONTEIRO, 1998).

Existem vários métodos e protocolos para calcular o VO 2 Máx do indivíduo.


O VO2 Máx pode ser medido diretamente (através da ergoespirometria). Foi
mostrado que a mensuração direta do VO2 Máx é mais confiável que os valores
estimados com base no ritmo de trabalho na esteira ou na bicicleta ergométrica
(ACSM 2003). O VO2 Máx pode ser estimado através de testes de esforço
máximo ou submáximo, sendo que os de esforço máximo (exaustão voluntária do

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


26

indivíduo, induzida pelo exercício) são mais precisos que os obtidos através de
esforço submáximo (o teste é interrompido antes da exaustão do avaliado).Os
resultados dos testes indiretos são obtidos através de equações preditivas, que se
baseiam na resposta da frequência cardíaca em cargas padronizadas de esforço,
no tempo de permanência em um protocolo, nas distâncias percorridas em testes
com tempo fixado, ou mesmo no tempo gasto para percorrer determinada
distância ou estímulo (MONTEIRO, 1998). A partir dos resultados dos testes, a
prescrição do exercício poderá ser efetuada a partir de taxa percentual do valor
encontrado, e prescrito de acordo com os objetivos e nível de treinamento de
cada indivíduo.

3.3.2 Frequência cardíaca (FC)

A frequência cardíaca (FC) é um dos parâmetros mais simples de


monitoramento, e fornece informações cardiovasculares. Comparada com outros
indicadores da intensidade do exercício, a frequência cardíaca é fácil de
monitorar, podendo ser usada em muitas situações. Algumas variáveis como
temperatura corporal, condições ambientais, desidratação, estado emocional e
medicação, como os betabloqueadores, interferem na FC.

A frequência cardíaca reflete a quantidade de trabalho que o coração deve


realizar para satisfazer as demandas aumentadas do corpo durante uma atividade
(WILMORE,COSTILL,KENNEDY, 2013). É usada como um guia para estabelecer
a intensidade do exercício por causa da relação relativamente linear entre FC e
percentual do VO2 Máx (ACSM, 2014). A relação entre FC e VO2 tem sido usada
para predizer o VO2 máx. Este método se baseia em várias premissas, e tem
demonstrado que os resultados podem derivar em até 20% do valor real
(ACHTEN, JEUKENDRUP, 2003).

Sua mensuração pode ser pelo método através do qual o pulso do


indivíduo é tomado, pela artéria radial ou pelas carótidas (WILMORE, COSTILL,

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


27

KENNEDY, 2013). Outro método, com maior precisão, é o monitoramento da


frequência cardíaca através de frequencimetros, equipamentos que, a partir de
um transmissor colocado sobre o tórax, na região peitoral, envia sinais para um
aparelho de leitura, similar a um relógio de pulso.

Comparada com outros indicadores da intensidade do exercício, a


frequência cardíaca é fácil de monitorar podendo ser usada em muitas situações.
Um dos métodos mais comuns para estabelecer a FC de treinamento é calcular
esta FC percentualmente a partir da frequência cardíaca máxima (FC Máx), obtida
através da subtração de 220 - idade do indivíduo. Essa abordagem possui uma
maior margem de erro se comparada com outro método, o método da reserva da
FC (RFC), que é conhecido também como o método de Karvonen (1957), apud
ACSM, 2014. Neste método, a frequência cardíaca de repouso é considerada
para estabelecer a intensidade do exercício. A aplicação do protocolo de
mensuração deve ser de acordo com a população objetivada.

A FC Máx deve ser medida com a maior precisão possível, sob pena de
interferir no resultado final do cálculo, podendo subestimar ou superestimar a
frequência cardíaca encontrada na equação. A FC Máx poderá ser obtida
diretamente através de testes de esforço máximo (melhor precisão) e sub-
máximo, ou indiretamente, como a correlação da mesma com a idade.

3.3.3 Taxa de esforço percebido (TEP)

O uso da TEP é considerado um coadjuvante para a monitoração da FC,


pois a TEP determinada durante um teste de esforço gradativo pode não
corresponder consistentemente á mesma intensidade durante uma sessão de
exercício ou modalidades diferentes de exercício (THOMAS, 1995, apud ACSM,
2014). Entretanto, a TEP revelou ser um recurso valioso na prescrição do
exercício para indivíduos que têm dificuldades na palpação da FC e nos casos em
que a resposta da FC ao exercício pode ter sido alterada em virtude do uso de

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


28

uma medicação (ACSM, 2014). Utiliza-se a escala de Borg para classificar o a


TEP.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


29

4 INFLUÊNCIA DA DURAÇÃO E INTENSIDADE

O exercício físico é uma condição onde ocorre um aumento da demanda


energética do organismo visando a manutenção da atividade muscular. A energia
deriva dos nutrientes ingeridos na alimentação, que têm fundamental importância
para o fornecimento de energia, contribuindo para a contração muscular a partir
da geração de ATP (WILMORE, COSTILL, 2013; FOX, BOWERS & FOSS, 2000).

Dentre os vários sistemas envolvidos no fornecimento energético para


ressíntese de ATP, podemos destacar a participação das reservas de substratos
energéticos que, por diferentes vias metabólicas, contribuem para a constante
homeostase (equilíbrio) energética (WILMORE, COSTILL, KENNEDY, 2013).

O exercício de curta duração e de alta intensidade, com menos de dez


segundos, utiliza principalmente as vias metabólicas anaeróbias para produzir
ATP. Dos sistemas energéticos o que pode mais prontamente responder às
necessidades energéticas da atividade é a do fosfagênio. Suas reações em
quebra e ressíntese processam-se em grande velocidade, sustentando-se
predominantemente sobre as vias energéticas anaeróbias. Há estudos que
indicam que a glicogenólise demora cerca de cinco segundos para entrar
efetivamente em ação quando em atividades muito intensas (DI PAMPERO, 1981,
apud FARINATTI & MONTEIRO, 2000). Em contraste, um evento como a
maratona utiliza principalmente a produção aeróbia para fornecer ATP necessária
ao exercício. No entanto, os eventos com duração de dez a vinte segundos e com
menos de dez minutos produzem a ATP necessária para a contração muscular
por meio de uma combinação das vias anaeróbia e aeróbia. (POWERS &
HOWLEY, 2014).

Em exercícios intensos e de curta duração, a energia origina-se


essencialmente nas vias metabólicas anaeróbias. O quanto a produção de ATP é
dominada pelo sistema ATP-CP ou pela glicólise depende primariamente da

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


30

duração da atividade (ARMSTRONG, 1979; ASTRAND, 1986, apud WILMORE ,


COSTILL,KENNEDY, 2013).

São consideradas atividades contínuas de longa duração aquelas nas


quais as atividades são ininterruptas em que há a predominância do metabolismo
aeróbio sobre os demais sistemas energéticos, com intensidades de solicitação
que não ultrapassem as possibilidades de consumo e transporte de oxigênio,
permitindo a instalação de um “steady-state”. (FARINATTI & MONTEIRO, 2000)
Em exercícios prolongados, isto é, aqueles que se estendem por um período mais
de tempo (mais que 10 minutos), é originária do metabolismo aeróbio
(WILMORE,COSTILL,KENNEDY,2013). Geralmente pode ser mantido um estado
estável da captação de oxigênio durante o exercício sub-máximo de duração
moderada.

4.1 UTILIZAÇÃO DOS SUBSTRATOS ENERGÉTICOS DURANTE O

EXERCÍCIO

Uma técnica não invasiva utilizada para estimar a porcentagem da


contribuição dos carboidratos e das gorduras ao metabolismo energético durante
o exercício é a relação entre o débito de dióxido de carbono (VCO 2) e o volume de
oxigênio consumido (VO2). Essa relação (VCO2/VO2) é denominada Razão de
Troca Respiratória (R) ou Quociente Respiratório (QR). Então, R=VCO 2/VO2.
Como mostra a Tabela1, o valor de R varia de acordo com o tipo de substrato que
estiver sendo utilizado para a produção de energia. Para que R seja utilizado
como estimativa do uso de um determinado substrato durante o exercício, o
indivíduo deve ter atingido um estado estável (steady-state), definido por
(BARBANTI, 2011), como “nível estável de critérios circulatórios, respiratórios e
metabólicos durante um trabalho dinâmico de intensidade equilibrada que
normalmente é alcançado após 2 a 5 minutos”.
Tabela 1: Valor de R em função do substrato utilizado.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


31

Fonte: Wilmore, Costil, Kennedy, 2013

Esta estimativa se baseia no fato de que as gorduras e os carboidratos


diferirem na quantidade de O2 utilizado e de CO2 produzido durante a oxidação.
Ao usar R como preditor da utilização de substrato no exercício, o papel das
proteínas na contribuição da produção de ATP durante a atividade é ignorado, em
razão das proteínas possuírem um pequeno papel com substrato na atividade
física (BACURAU, 2011). A oxidação de gorduras exige mais O2 do que a de
carboidratos. Isso se deve ao fato do carboidrato conter mais O 2 do que as
gorduras (STRYER, 1998, apud POWERS & HOWLEY, 2014).

Esta técnica, contudo, não está disponível à grande maioria das pessoas
que se exercitam. Associa-se, desta maneira, a intensidade do exercício (VO2, FC,
TEP) como indicador do uso preferencial de um determinado substrato energético
em relação a outro.

4.1.1 Intensidade, duração do exercício e seleção de substrato

energético

Durante o exercício prolongado de baixa intensidade (isto é,  trinta


minutos), ocorre um desvio gradual do metabolismo dos carboidratos em direção
a uma maior dependência da gordura como substrato energético (BALL-
BURNETT, 1991; GOLLNICK & SALTIN, 1988; HOLLOSZY, 1982, apud

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


32

POWERS & HOWLEY, 2014). Em eventos com pouca duração em uma


intensidade máxima, a fosfocreatina e o glicogênio predominam como fontes
energéticas.

As gorduras são os substratos predominantes para os músculos durante o


exercício de baixa intensidade ( que 30% do VO2 Máx), enquanto os carboidratos
são o substrato dominante no exercício de alta intensidade (maior que 70% do
VO2 Máx) (BROOKS, 1984; COYLE, 1995; SALTIN, 1988, apud FOSS &
KETEYIAN, 2000). A influência da intensidade do exercício sobre a seleção do
substrato muscular durante a atividade está ilustrada na figura 5. Conforme a
figura, à medida que a intensidade do exercício aumenta em relação ao VO 2 Máx,
ocorre um aumento progressivo do metabolismo dos carboidratos e uma
diminuição do metabolismo das gorduras. Além disso, à medida que a intensidade
do exercício aumenta, há uma intensidade do exercício na qual a energia
derivada dos carboidratos é maior que a derivada das gorduras. Essa taxa de
trabalho foi denominada ponto de “cruzamento” (BROOKS, 1994, apud POWERS
& HOWLEY, 2014). A figura 5 mostra o conceito do “cruzamento”.

Figura 5: Conceito do “cruzamento”

Fonte: Powers, Howley, 2014

O aumento da intensidade do exercício resulta em um maior recrutamento


das fibras musculares de contração rápida (GOLLNICK, 1985, apud (POWERS,

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


33

HOWLEY, 2014). Essas fibras possuem uma grande quantidade de enzimas


glicolíticas, mas pouca quantidade de enzimas mitocondriais e lipolíticas,
(responsáveis pela degradação das gorduras).

Outro fator que regula o metabolismo dos carboidratos durante o exercício


é o fator hormonal. À medida que a intensidade do exercício aumenta, ocorre uma
elevação progressiva do nível sanguíneo de adrenalina, que provocam o aumento
da degradação do glicogênio muscular e do metabolismo dos carboidratos.

O exercício físico constitui-se no principal mecanismo para o aumento do


dispêndio energético do indivíduo, seja através do momento em que a atividade
está sendo realizada ou após a mesma, através do aumento da taxa metabólica
de repouso (TRM). O dispêndio energético pode ser obtido através da interação
da duração, intensidade e frequência dos exercícios (CARVALHO et al., 1996). O
mesmo gasto energético poderá ser obtido através do aumento da duração do
evento em baixa a moderada intensidade ou pela diminuição da duração da
atividade e aumento da intensidade; independente do substrato energético
utilizado. A interação da intensidade, duração e frequência devem ser
criteriosamente avaliadas em um programa de exercícios. Um aumento na carga
total de trabalho poderá acarretar em benefícios ao indivíduo, como também
poderá resultar em malefícios ao aluno.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


34

Figura 6: Efeitos do aumento da frequência, da duração e da intensidade do exercício sobre o


aumento do VO2 Máx e a relação com o aumento de riscos de problemas ortopédicos e
cardíacos.

Fonte: Powers, Howley, 2014

O treinamento intervalado, definido por Foss e Keteyian,(2000), como


“sistema de condicionamento físico no qual o corpo é submetido a períodos
curtos, porém repetidos regularmente de trabalho intenso, entremeados por
períodos suficientes de recuperação, tem demonstrado, além de outros métodos,
pode ser importante na redução da gordura corporal. Essen, (1978, apud
GARRET & KIRKENDALL, 2003), comparou o exercício contínuo com o
intervalado em uma mesma intensidade e concluiu que o exercício contínuo levou
á exaustão mais rápido que o exercício intermitente, e que a utilização de
glicogênio muscular e acúmulo de lactato no método contínuo também foi maior.
No entanto, o exercício intermitente levou a uma progressiva diminuição do
glicogênio muscular, sendo similar ao observado no exercício contínuo em uma
mesma intensidade. Além disso, verificou que o trabalho intermitente levou a uma
progressiva diminuição do glicogênio muscular, sendo similar ao observado no
exercício contínuo em uma mesma intensidade e que o nível de oxidação dos
ácidos graxos foi consideravelmente maior durante o exercício intermitente,
quando comparado ao exercício de maneira contínua. O treinamento intervalado
não se restringe somente a atletas. Pode ser utilizado inclusive por sedentários,
considerando-se a intensidade relativa ao condicionamento do indivíduo e os
princípios do treinamento desportivo.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


35

4.1.2 Gasto energético e exercício

Aproximadamente 40% da energia liberada durante o metabolismo da


glicose e das gorduras são utilizadas para produção de ATP. Os 60% restantes
são convertidos em calor (WILMORE, COSTILL, KENNEDY, 2013). Desta
maneira, pode-se mensurar a energia através da produção de calor pelo corpo.
Essa técnica é conhecida como calorimetria direta (WILMORE, COSTILL,
KENNEDY, 2013). Essa medida é obtida através de uma câmara calorimétrica e
seu uso é restrito, devido ao alto custo financeiro. Outro método, a calorimetria
indireta, baseia-se na mensuração de gases respiratórios. Como existe uma
relação direta entre o O2 consumido e a quantidade de calor produzido no
organismo, a mensuração de consumo de O2 fornece uma estimativa da taxa
metabólica (ASTRAND, 1986; BROOKS, 1984; FOX 1981, apud POWERS &
HOWLEY, 2014).

O gasto energético total é composto por três elementos: metabolismo de


repouso, efeito térmico dos alimentos e atividade física. A taxa metabólica de
repouso (TMR) é definida como o gasto energético necessário à manutenção dos
processos fisiológicos no estado pós-absortivo e, dependendo do nível de
atividade física, pode compreender aproximadamente 60 a 70% do gasto
energético total (MEIRELLES & GOMES, 2004). O efeito térmico dos alimentos
refere-se ao aumento da taxa metabólica acima dos valores em resposta ao
consumo de alimentos e corresponde a aproximadamente a 10% do gasto
calórico total. A atividade física é o componente mais variável e diz respeito ao
gasto energético necessário á atividade muscular esquelética.Em sedentários,
representa aproximadamente 15% do gasto energético total, enquanto em
indivíduos fisicamente ativos, pode chegar a compreender 30% (OMS 1991, apud
MEIRELLES & GOMES, 2004).

Entre esses fatores, a atividade física pode contribuir de forma aguda para
o aumento do gasto energético total, através do próprio custo energético da

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


36

realização dos exercícios e durante a fase de recuperação, ou de forma crônica,


através de alterações na TMR (HILL 1995, apud MEIRELLES & GOMES, 2004).

Na recuperação, ocorre o EPOC, onde o consumo de oxigênio permanece


acima dos níveis de repouso por um determinado período de tempo, provocando
um maior gasto energético durante esse período. No que se refere aos exercícios
aeróbios, há muito se reconhece que o gasto energético pode permanecer
significativamente elevado por mais de 12 horas após o término da execução de
exercícios em cicloergômetro (De VRIES, 1963; MAEHLUN, 1986, apud
MEIRELLES & GOMES, 2004), ocasionando um gasto médio adicional de 73 a
150 kcal (BAHR 1987, BAHR 1991, apud MEIRELLES & GOMES, 2004).

A interação da intensidade, frequência e duração do exercício determinam


o dispêndio calórico global da atividade. Quanto maior a taxa de trabalho, maior o
gasto energético. Em geral, existe um consenso que muitos dos benefícios de
saúde e adaptações ao treinamento estejam associados com maior atividade
física, estando relacionados à quantidade total de trabalho empreendida durante o
treinamento (US DEPARTMENT of HEALTH and HUMAN SERVICES, 1996, apud
ACSM, 2014). O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 2014),
recomenda uma variação alvo de 150 a 400 kcal de dispêndio energético por dia
na atividade física ou exercício.

Figura 7: Aumento do gasto energético em função da taxa de trabalho.

F
Fonte: Powers, Howley, 2014

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


37

A intensidade e duração do exercício têm influência no dispêndio calórico


total durante uma sessão de treinamento. Exercícios com maior intensidade
provocam um maior dispêndio de energia em relação à mesma unidade de tempo,
em uma mesma atividade. O menor gasto calórico relativo á baixa intensidade
pode ser compensado pelo aumento do tempo da atividade. Contudo, melhoras
na endurance podem ser conseguidas por um esquema de baixa intensidade e
maior duração ou com um programa de intensidade mais alta e menor duração
(ACSM, 2014).O risco de lesão ortopédica pode aumentar com este último
esquema; mas, os programas que enfatizam o exercício moderado a vigoroso
com maior duração de treinamento são recomendados para a maioria dos
indivíduos (POLLOCK, 1998, apud ACSM, 2014).

A mensuração do gasto energético de um indivíduo em repouso ou durante


uma determinada atividade possui muitas aplicações práticas, especialmente com
os programas visando perda de peso com o auxílio do exercício. A necessidade
de exprimir o custo energético em unidades simples levou ao surgimento do termo
equivalente metabólico (MET).O MET é igual ao VO 2 de repouso, que é de
aproximadamente 3,5 ml kg-1. min -1
(ACSM 2001, apud POWERS & HOWLEY,
2014).Um MET equivale a 0,0175 kcal.kg-1.min-1.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


38

Quadro 1: Características do exercício cíclico de várias intensidades.

Características Grupos de Exercício


Aeróbio- Anaeróbio Anaeróbio
Aeróbio
anaeróbio Glicólise Alatico
Principal Via de
Oxidativo Oxidativo Anaeróbio
Ressíntese de Fosfocreatina
Fosforilação Fosforilação Glicolise
ATP
Oxidativo
Adicional Via do Anaeróbio Fosforilação Glicolise
---
ATP Glicólise Fosfocreatina Anaerobia
quebra
VO2 (L-min) 2.0-2.5 2.5-3.0 >3.0 ---
VO2 (ml-min-
28-35 35-40 >42 ---
kg)
Energia Gasta
10.0-12.5 12.5-15.0 15.0-62.0 ~300
(kcal-min)
Energia Gasta
8--10 10—12 12—48 ~240
(METS)
Frequência
140-160 160-180 180-200 150-170
Cardíaca (bpm)
Aumento
Lactato 1.5-2x 2-6x >6x 2-3x
Sanguíneo
Máxima
Duração >40 min 5-40 min 0.5-5 min 10-20s
Possível
Fonte: Viru & Viru, 2001

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


39

5 SISTEMA NERVOSO

Toda atividade fisiológica do corpo humano pode ser influenciada pelo


sistema nervoso. Os nervos proveem os circuitos através dos quais os impulsos
elétricos são recebidos e enviados a praticamente todas as partes do corpo. O
encéfalo atua como um computador, integrando todas as informações,
selecionando uma resposta adequada e, em seguida, instruindo as partes do
corpo envolvidas a realizarem a ação apropriada. Portanto, o sistema nervoso
forma uma ligação vital, permitindo a comunicação e a coordenação da interação
entre os vários tecidos do organismo, assim como o mundo exterior.

O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacitam o


organismo a perceber as variações do meio (interno e externo), a difundir as
modificações que essas variações produzem e a executar as respostas
adequadas para que seja mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase). São
os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais.

Os receptores capazes de sentir o toque, a dor, as alterações de


temperaturas e os estímulos químicos enviam informações ao sistema nervoso
central (SNC) no que concerne às alterações no nosso ambiente. O SNC pode
responder a esses estímulos de várias maneiras. A resposta pode ser o
movimento involuntário (por exemplo, a remoção rápida da mão de uma superfície
quente), ou a taxa de liberação de algum hormônio do sistema endócrino. Além
de integrar as atividades do corpo e controlar os movimentos voluntários, o
sistema nervoso é responsável pelo armazenamento de experiências (memória) e
estabelecimento de padrões de resposta baseado em experiências prévias
(aprendizado).

5.1 FUNÇÕES DO SISTEMA NERVOSO

1. Controle do ambiente interno

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


40

2. Controle voluntário dos movimentos

3. Assimilação das experiências necessárias para a memória e para o


aprendizado

4. Programação de reflexos da medula espinhal

Figura 8: Esquema da ação integrada entre entrada de informações sensoriais e ação motora

Fonte: UNLV, 2003.

5.2 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é formado por três subsistemas principais: (1) um eixo


sensorial que transmite sinais de terminações nervosas sensoriais periféricas
para quase todas as partes da medula espinhal, do tronco cerebral, do cerebelo e
do córtex; (2) um eixo motor que conduz sinais neurais, com origem em todas as
áreas centrais do sistema nervoso para os músculos e glândulas de todo o corpo;
(3) um sistema integrador que analisa a informação sensorial, a armazena na
memória, para uso futuro e que utiliza tanto a informação sensorial como a
armazenada na determinação das respostas apropriadas.

Muitas das reações mais simples são integradas à nível da medula


espinhal, incluindo efeitos do tipo de retirada de qualquer parte do corpo do

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


41

campo de ação de estímulo doloroso , de reflexos que encurtam os músculos


sempre que estiverem estirados em excesso e, até mesmo, de sinais que
produzem os movimentos de marcha, sob condições adequadas. Reações mais
complexas do sistema nervoso, como as de controle da postura e do equilíbrio,
bem como as de controle da respiração e da circulação , são integradas à nível de
tronco cerebral. As funções ainda mais complexas do sistema nervoso, como os
processos do pensamento, armazenamento de memórias, determinação de
atividades motoras complexas etc..., são todas integradas no cérebro.

O sistema nervoso é o sistema que sente, pensa e que controla em nosso


organismo. Para realizar essas funções, ele reúne as informações sensoriais
vindas de todas as partes do corpo – oriundas de terminações neurais sensoriais
especializadas da pele, dos tecidos profundos e dos olhos, dos ouvidos, do
aparelho de equilíbrio e de outros sensores – e as transmite, pelos nervos, para a
medula espinhal e o encéfalo. A medula espinhal e o encéfalo podem reagir, de
forma imediata, a essa informação sensorial, enviando sinais para os músculos e
para os órgãos internos do corpo, produzindo resposta, a resposta motora. Ou,
em outras condições, pode não ocorrer nenhuma resposta imediata; pelo
contrário, a informação sensorial é guardada em um dos grandes bancos de
memória do encéfalo. Aí, ela é comparada com outras informações; e, a partir de
diversas combinações, novos pensamentos são elaborados. E, então, alguns
minutos depois, ou só decorridos alguns meses e até mesmo alguns anos, é que
esse extenso processamento da informação poderá causar alguma resposta
motora, talvez uma resposta bem simples, ou, quem sabe, uma bastante
complexa, como a construção de uma casa, ou a pilotagem de uma nave
espacial. Ao mesmo tempo, a ativação nervosa dos órgãos internos do corpo,
como a produção de frequência cardíaca aumentada, e ou o peristaltismo
intestinal aumentado, podem ser consideradas parte da resposta motora.

Anatomicamente, o sistema nervoso pode ser dividido em duas partes


principais: o SNC e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é a porção do

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


42

sistema nervoso contida no crânio (encéfalo) e na medula espinhal. O SNP é


constituído por células nervosa (neurônios) localizadas fora do SNC.

O SNP pode ainda ser subdividido em duas partes: (1) porção sensorial e
(2) porção motora.

Figura 9: Organização do sistema nervoso

Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/sistema_nervoso.htm

A porção sensorial é responsável pela transmissão dos impulsos


neuronais dos órgãos do sentido (receptores) ao SNC. Essas fibras nervosas
sensoriais, as quais conduzem as informações ao SNC, são denominadas fibras
aferentes.
A porção motora do SNP pode ser subdividida em motora somática (que
inerva a musculatura esquelética) e motora autônoma (a qual inerva os órgãos
efetores involuntários, como a musculatura lisa do intestino, o músculo cardíaco e
as glândulas). As fibras nervosas motoras, que conduzem impulsos do SNC, são
denominadas fibras eferentes, como podem ser observadas nas Figuras 10; 11 a
seguir:

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


43

Figura 10: Relação fibras eferentes e aferentes

Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA2UYAL/sistema-nervoso-autonomo

Figura 11: Interação entre SNC e SNP

Fonte: Powers, Howley, 2002

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


44

5.3 A DIVISÃO SENSORIAL

A divisão sensorial do sistema nervoso periférico transmite informações


sensoriais ao sistema nervoso central. Neurônios sensoriais (aferentes) originam-
se em áreas como:

 Vasos sanguíneos e linfáticos


 Órgãos dos sentidos especiais (paladar, tato, olfato, audição, visão)
 Pele
 Músculos e tendões

Os neurônios (células nervosas) sensoriais do sistema nervoso periférico


terminam na medula espinhal ou no encéfalo e transmitem continuamente
informações ao SNC sobre as alterações constantes que ocorrem no organismo.
Pela retransmissão dessas informações, esses neurônios permitem que o
encéfalo detecte o que está ocorrendo em todas as partes do corpo e do
ambiente que o cerca. Neurônios sensoriais localizados no SNC transmitem o
estímulo sensorial às áreas adequadas, onde a informação pode ser processada
e integrada a outras informações que chegam. A divisão sensorial recebe
informações de cinco principais receptores:

 Mecanorreceptores, que respondem às forças mecânicas como pressão, o


torque, as vibrações ou os estiramento.

 Termorreceptores, que respondem às alterações da temperatura.

 Nociceptores, que respondem aos estímulos dolorosos.

 Fotorreceptores, os quais respondem à radiação eletromagnética ,


permitindo a visão.

 Quimiorreceptores, que respondem aos estímulos químicos, como os


originários de alimentos, odores ou alterações de concentrações
sanguíneas de substâncias como oxigênio, dióxido de carbono, glicose
etc...

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


45

Terminações nervosas especiais localizadas nos músculos e nas


articulações são de tipos variados e possuem funções diversas. Cada tipo é
sensível a um estímulo específico. Dentre estas terminações podemos citar:

• Os receptores articulares cinestésicos, localizados nas cápsulas


articulares, são sensíveis aos ângulos articulares e às taxas de alteração
desses ângulos. Portanto, eles detectam a posição e qualquer movimento
articular.

• Os fusos musculares detectam a magnitude do estiramento muscular.

• Os órgãos tendinosos de Golgi detectam a tensão aplicada por um


músculo sobre seu tendão, fornecendo informações sobre a força da
contração muscular.

5.4 A DIVISÃO MOTORA

O SNC transmite informações para várias partes do corpo por meio da


divisão motora, ou eferente, do sistema nervoso periférico. Após o SNC processar
a informação que recebe da divisão sensorial, ele decide como o corpo deve
responder ao estímulo. Do encéfalo e da medula espinhal, redes de neurônios
vão a todas as partes do corpo, fornecendo instruções ás áreas alvos – no caso,
os músculos.

5.4.1 O sistema nervoso autônomo

O sistema nervoso autônomo controla as funções internas involuntárias do


organismo. Entre as funções importantes para o esporte e para a atividade física
estão incluídas:

• a frequência cardíaca

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


46

• a pressão arterial

• a distribuição sanguínea

• a respiração

O sistema nervoso autônomo possui duas divisões principais: o sistema


nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático. Frequentemente, o efeito
desses dois sistemas é antagonista, mas ambos sempre funcionam em conjunto.

5.4.2 Sistema nervoso simpático

O sistema nervoso simpático é o nosso sistema de luta-ou-fuga: Ele


prepara seu corpo para enfrentar uma crise ou situação de estresse. Em resposta
à ativação desse sistema podemos destacar o aumento da frequência cardíaca,
aumento da pressão arterial e o aumento da atividade mental entre outros.

5.4.3 Sistema nervoso parassimpático

É o sistema de manutenção do corpo. Ele tem um papel importante em


processos como digestão, micção, secreção glandular e conservação de energia.
Esse sistema é mais ativo quando o indivíduo está calmo e em repouso.

5.5 Neurônio

A unidade básica do sistema nervoso é o neurônio (células nervosas).


Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e transmissão dos
estímulos do meio (interno e externo), possibilitando ao organismo a execução
de respostas adequadas para a manutenção da homeostase. São células
especializadas na condução de impulsos nervosos, que são alterações
elétricas que se propagam pela membrana plasmática. Para exercerem tais
funções, contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade
(também denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade.
Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos,

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


47

sejam eles internos ou externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta,


mas a propriedade que torna a célula apta a responder. Essa propriedade é
inerente aos vários tipos celulares do organismo. No entanto, as respostas
emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das outras. A
resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica
transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos, os
neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso
- por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de
tempo. Esse fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade.

Para compreendermos melhor as funções de coordenação e regulação


exercidas pelo sistema nervoso, precisamos primeiro conhecer a estrutura
básica de um neurônio e como a mensagem nervosa é transmitida.

Anatomicamente, os neurônios podem ser divididos em três regiões:

• Corpo celular

• Dendritos

• Axônio

Um neurônio é uma célula composta de um corpo celular (onde está o


núcleo e o citoplasma), e de finos prolongamentos celulares denominados
neuritos, que podem ser subdivididos em dendritos e axônios.

Figura 12: Neurônio

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


48

Fonte: http://www.infoescola.com/biologia/sistema-nervoso/

Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que


atuam como receptores de estímulos, funcionando portanto, como "antenas"
para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como
condutores dos impulsos nervosos. Os axônios podem se ramificar e essas
ramificações são chamadas de colaterais.

A região de passagem do impulso nervoso de um neurônio para a


célula adjacente chama-se sinapse. Às vezes os axônios têm muitas
ramificações em suas regiões terminais e cada ramificação forma uma
sinapse com outros dendritos ou corpos celulares.

Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em


áreas restritas do sistema nervoso, que formam o Sistema Nervoso Central
(SNC), ou nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


49

Do sistema nervoso central partem os prolongamentos dos neurônios,


formando feixes chamados nervos, que constituem o Sistema Nervoso
Periférico (SNP).

O axônio está envolvido por um dos tipos celulares seguintes: célula de


Schwann (encontrada apenas no SNP) ou oligodendrócito (encontrado apenas
no SNC) Em muitos axônios, esses tipos celulares determinam a formação da
bainha de mielina - invólucro principalmente lipídico (também possui como
constituinte a chamada proteína básica da mielina) que atua como isolante
térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso. Em axônios mielinizados
existem regiões de descontinuidade da bainha de mielina, que acarretam a
existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier.

5.5.1 O impulso nervoso

Um impulso nervoso - uma carga elétrica – é um sinal que passa de um


neurônio ao seguinte e que, finalmente, acaba em um órgão terminal, como um
grupo de fibras musculares. Simplificando, poderíamos imaginar o impulso
nervoso percorrendo fios elétricos em nossa casa. Verificaremos como esse
impulso elétrico é gerado e como ele percorre um neurônio.

5.5.2 Atividade elétrica dos neurônios

Os neurônios são considerados “tecidos excitáveis” em razão de suas


propriedades especializadas de irritabilidade e condutividade. Irritabilidade é a
capacidade que os dendritos e o corpo celular do neurônio têm de responder a
um estímulo e convertê-lo num impulso nervoso. Condutividade se refere à
transmissão do impulso ao longo do axônio. Considera-se que o impulso nervoso
é o sinal elétrico transmitido ao longo do axônio. Esse sinal elétrico é causado por
um estímulo, que causa a alteração da carga elétrica do neurônio.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


50

5.6 Potencial de repouso da membrana

Em um neurônio em repouso, isto é, que não teve estimulada a superfície


interna da membrana plasmática é eletricamente menos positiva que a externa, o
que significa que o interior da célula é eletricamente negativo em relação ao
exterior. No neurônio em repouso, a diferença de potencial elétrico entre as duas
faces da membrana plasmática é de – 70 m V (milivolts), sendo chamado de
potencial de repouso.

Quando o neurônio é devidamente estimulado, ocorre uma onda de


alterações elétricas que percorre a membrana do neurônio, sempre dos dentritos
para o axônio. A alteração elétrica, chamada despolarização, consiste em uma
inversão brusca da situação das cargas elétricas em uma pequena área da
membrana plasmática. Nesse local, a superfície interna da membrana torna-se
momentaneamente mais positiva que a externa, com a diferença de potencial
passando dos – 70 m V da situação de repouso para + 40 m V. Essa inversão de
potencial dura apenas cerca de 0,0015 s no local e a situação de repouso é
rapidamente restabelecida , fenômeno conhecido como repolarização.

No entanto, a área que se despolarizou estimula a área seguinte a se


despolarizar e o fenômeno se repete, propagando-se até as extremidades do
axônio como um impulso nervoso. A diferença de potencial entre as duas faces da
membrana plasmática durante a despolarização ( de - 70 m V para + 40 m V) é
chamada de potencial de ação.

Quando ocorre uma estimulação suficiente para causar uma


despolarização de pelos menos 15 a 20 m V, há a produção de um potencial de
ação. Isto significa que se a membrana despolarizar de um potencial de repouso
da membrana (PRM) de -70 m V para um valor de – 50 a – 55 m V, a célula
apresentará um potencial de ação. A despolarização mínima para mínima
necessária para a produção de um potencial de ação é denominada limiar.
Qualquer despolarização inferior ao valor do limiar de 15 a 20 m V não produzirá

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


51

um potencial de ação. Por exemplo, se o potencial da membrana alterar de -70 m


V para – 60 m V, não atingirá o limiar, consequentemente, não haverá um
potencial de ação. No entanto, sempre que a despolarização atingir ou ultrapassar
o limiar ocorrerá produção de um potencial de ação. Esse é o princípio do tudo ou
nada.

As alterações elétricas na membrana plasmática do neurônio durante o


impulso nervoso ocorrem devido a mudanças temporárias em sua permeabilidade
aos íons sódio ( Na +) e potássio ( K + ). Nos neurônios, como em qualquer
célula, o citoplasma e o ambiente extracelular apresentam diferença de
concentração de íons Na + e K +. Essa diferença é mantida pelo bombeamento
ativo de íons pela membrana plasmática (transporte ativo), em que os íons K +
são forçados a entrar. É esse transporte ativo de íons que faz com que a
superfície interna da membrana plasmática se mantenha menos positiva em
relação à superfície externa, ou seja, que mantém o potencial de repouso.

Um estímulo adequado é capaz de causar uma alteração momentânea na


permeabilidade em uma pequena área da membrana plasmática. Com isso, os
canais proteicos na membrana, na área estimulada, abrem-se e permitem que
grandes quantidades de íons Na + entrem rapidamente na célula. A entrada
brusca de íon Na + faz com que a face interna da membrana no local se torne,
durante alguns instantes, mais positivas que a face externa.

Figura 13: Processo de despolarização

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


52

Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp

Os canais estão fechados durante o potencial de membrana em repouso.


Em seguida, abrem-se na despolarização (potencial de ação), retornando à sua
condição inicial.

5.7 Propagação do impulso nervoso

Como mencionado, a despolarização de uma área da membrana causa


alteração da permeabilidade da membrana na área vizinha à sua frente, gerando
nela um novo potencial de ação. Ou seja, enquanto uma área despolarizada da
membrana está se repolarizando, outra imediatamente à sua frente está se
despolarizando. Desse modo, o potencial de ação propaga-se como uma onda
elétrica ao longo do neurônio.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


53

Figura 14: Condução saltatória

Fonte: http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso1.asp

Figura 15: Ciclo envolvendo o processo sensitivo e o motor.

SISTEMA

Condução do estímulo nervoso até a placa motora

Figura 15: Ciclo envolvendo o processo sensitivo e o motor.

Fonte: Powers, Howley, 2002

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


54

5.8 COMUNICAÇÃO ENTRE AS CÉLULAS NERVOSAS

Todas as nossas sensações, sentimentos, pensamentos, respostas


motoras e emocionais, a aprendizagem e a memória, a ação das drogas psico-
ativas, as causas das doenças mentais, e qualquer outra função ou disfunção do
cérebro humano não poderiam ser compreendidas sem o conhecimento do
fascinante processo de comunicação entre as células nervosas (neurônios). Os
neurônios precisam continuamente coletar informações sobre o estado interno do
organismo e de seu ambiente externo, avaliar essas informações e coordenar
atividades apropriadas à situação e às necessidades atuais da pessoa.
Como os neurônios processam essas informações?

Isso ocorre essencialmente graças aos impulsos nervosos. Um impulso


nervoso é a transmissão de um sinal codificado de um estímulo dado ao longo da
membrana do neurônio, a partir de seu ponto de aplicação. Os impulsos nervosos
podem passar de uma célula a outra, criando assim uma cadeia de informação
dentro de uma rede de neurônios.

Aproximando-se do dendrito de outra célula (mas sem continuidade


material entre ambas as células), o axônio libera substâncias químicas chamadas
neurotransmissores, que se ligam aos receptores químicos do neurônio seguinte
e promove mudanças excitatórias ou inibitórias em sua membrana.

Portanto, os neurotransmissores possibilitam que os impulsos nervosos de


uma célula influenciem os impulsos nervosos de outro, permitindo assim que as
células do cérebro “conversem entre si”, por assim dizer. O corpo humano
desenvolveu um grande número desses mensageiros químicos para facilitar a
comunicação interna e a transmissão de sinais dentro do cérebro. Quando tudo
funciona adequadamente, as comunicações internas acontecem sem que sequer
tomemos consciência delas.
Uma compreensão da transmissão sináptica é a chave para a o
entendimento das operações básicas do sistema nervoso a nível celular. O

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


55

sistema nervoso controla e coordena as funções corporais e permite que o corpo


responda, agindo sobre o meio ambiente. A transmissão sináptica é o processo
chave na ação interativa do sistema nervoso.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


56

6 EXERCÍCIO E EQUILÍBRIO TÉRMICO

A regulação da temperatura corporal central é crítica porque as estruturas


celulares e as vias metabólicas são afetadas pela temperatura. Por exemplo, as
vias metabólicas são muito influenciadas pelas alterações de temperatura. Um
aumento da temperatura corporal acima de 450 C ( a temperatura central normal é
de aproximadamente 370 ) pode destruir a estrutura proteica das enzimas ,
resultando em morte, enquanto a diminuição abaixo de 34 0 C pode causar uma
lentidão do metabolismo e uma função cardíaca anormal ( arritmias ) ( BROOKS,
2014). Deste modo, existe uma estreita relação entre variação de temperatura
expressa em graus e risco de morte.

6.1 Mecanismos de regulação corporal

Os seres humanos são homeotermos, significando que a sua temperatura


corporal interna é mantida quase constante durante toda sua vida. Embora sua
temperatura varie durante o dia e até mesmo em hora, essas flutuações
geralmente são inferiores a 10 C. Somente durante o exercício intenso e
prolongado, problemas de saúde ou condições extremas de calor ou de frio, a
temperatura corporal sofre um desvio fora de sua faixa normal. É importante
considerar que, no interior do corpo, a temperatura varia de modo relevante. Isto
é, existe uma gradiente entre a temperatura interna (áreas centrais profundas,
incluindo o coração, os pulmões e os órgãos abdominais) e a temperatura
“superficial” (pele). A diferença ideal média entre temperatura central e superficial
é de 40 C. Consequentemente, o termo temperatura corporal é um termo vago,
pois depende do que está sendo avaliado (central ou periférico). A mensuração
da temperatura pode ser retal ou cutânea.

A temperatura corporal reflete um equilíbrio meticuloso entre a produção e


a perda de calor. O objetivo da regulação da temperatura é a manutenção de uma
temperatura interna constante e, com isso, a prevenção do superaquecimento ou
super-resfriamento. Se a temperatura central deve permanecer constante, a

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


57

quantidade de calor perdido deve ser proporcional ao a quantidade de calor


ganho. Além disso, se a perda de calor é inferior à sua produção, existe um ganho
de calor corporal e, consequentemente, a temperatura corporal aumenta. Se a
perda de calor é superior à sua produção, ocorre uma perda de calor corporal e a
temperatura corporal diminui.
Figura 16: Equilíbrio entre ganho e perda de calor

Fonte: Wilmore, Costill,Kennedy, 2013

Cerca de 60% a 70% da energia gasta pelo corpo humano são degradados
sob a forma de calor, sendo o restante utilizado para o trabalho mecânico e as
atividades celulares (WILMORE, COSTILL, KENNEDY, 2013). Todos os tecidos
metabolicamente ativos produzem calor que pode ser utilizado para manter a
temperatura interna do corpo. Mas, se a produção de calor for superior à sua
perda, a sua temperatura interna aumentará. A sua capacidade para manter uma
temperatura interna constante depende de sua capacidade de equilibrar o seu
ganho de calor decorrente do metabolismo e do meio ambiente com o calor que o
corpo perde.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


58

6,2 Transferência do calor corporal

Para que o seu corpo transfira calor para o meio ambiente, o calor
produzido no seu corpo deve ter acesso ao meio exterior. O calor do interior do
seu corpo (núcleo) é transportado pelo sangue até a pele (superfície). Conforme a
figura abaixo, quando o calor se aproxima de sua pele, ele pode ser transferido
para o meio ambiente por qualquer um desses quatro mecanismos:

 Condução – envolve a transferência de calor de um material para o outro,


através do contato molecular direto. Ex: transferência do calor das áreas centrais
do corpo (núcleo) para a área superficial (pele) através dos tecidos, depois
conduzido às vestimentas ou ao ar que se encontra em contato direto com sua
pele.

 Convecção – envolve a mobilização do calor de um lugar a outro através


do movimento de um gás ou de um líquido pela superfície aquecida. Ex: ar em
movimento, circulando sobre a pele.

 Radiação – Em repouso, a radiação é o primeiro método para a liberação


do calor excessivo do corpo, representando cerca de 60% da perda total de calor
em um ambiente normal (21 a 250 C). O calor é liberado sob a forma de raios
infravermelhos de um indivíduo. Sua pele irradia constantemente calor em todas
as direções para os objetos ao seu redor, assim como para roupas, móveis e
paredes, mas também pode receber calor radioativo dos objetos próximos que
possuam uma temperatura mais elevada. Exemplo: exposição ao sol

 Evaporação – A evaporação é o principal método de eliminação do


excesso de calor corporal durante o exercício. À medida que o líquido evapora, o
calor é perdido. A evaporação é responsável por aproximadamente 80% da perda
total de calor quando o indivíduo encontra-se fisicamente ativo, mas por apenas
cerca de 20% da perda total de calor em repouso. Ex: sudorese. Algumas
evaporações ocorrem sem que tenhamos consciência (perda hídrica insensível), e

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


59

remove aproximadamente 10% do calor metabólico total produzido pelo


organismo. Ex: respiração.

Figura 17: Processo de ganho e perda de calor na atividade física

Fonte: Wilmore, Costill, Kennedy, 2013

Tabela 3: As contribuições relativas de cada mecanismo de perda de calor estão


resumidas na tabela abaixo:

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


60

Fonte: Wilmore, Costill, Kennedy, 2013

6.3 Umidade e perda de calor

O conteúdo de vapor de água, ou umidade, do ar tem um papel importante


na perda de calor, especialmente através da evaporação. Quando a umidade é
elevada, o ar já contém muitas moléculas de água. Isso faz diminuir a capacidade
de aceitar mais água, por causa da diminuição do gradiente de concentração. Por
isso, a umidade elevada limita a evaporação do suor e a perda de calor. A baixa
umidade, por sua vez, oferece uma oportunidade ideal para a evaporação e a
perda de calor. No entanto, se a água evaporar da pele mais rapidamente do que
o suor é produzido, a pele pode tornar-se muito seca.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


61

7. CONSIDERAÇÕES MUSCULARES SOBRE O MOVIMENTO

Os músculos e a gravidade são os principais produtores do movimento


humano. Os músculos são usados para manter a posição, levantar ou abaixar
uma parte do corpo, desacelerar um movimento rápido e para gerar grande
velocidade no corpo ou em um objeto que está sendo jogado ao ar. Os músculos
são capazes de contração rápida e vigorosa, mas cansam-se rapidamente e
requerem um repouso após períodos de atividade mesmo breve.

A tensão desenvolvida pelos músculos aplica compressão nas articulações


aumentando sua estabilidade. Contudo, em algumas posições articulares, a
tensão gerada pelos músculos pode agir tracionando os segmentos de forma a
separá-los, criando instabilidade.

Os músculos são usados assimetricamente na maioria das atividades


quando um lado do corpo utiliza um grupo específico de músculos e o outro lado
utiliza músculos diferentes e opostos. Isso é válido para atividades como golfe,
boliche, beisebol e esporte com raquete que usam de modo não simétrico os
braços, pernas e tronco. Os músculos são usados simetricamente em atividades
como levantamento de peso e salto, em que os dois lados do corpo estão
realizando o mesmo movimento utilizando os mesmos músculos.

A programação de exercícios para uma população jovem saudável irá


provavelmente usar exercícios que impulsionem o sistema muscular para níveis
altos de desempenho. Os músculos podem exercer força e desenvolver potência,
e muitos programas de treinamento esportivo para indivíduos jovens e saudáveis
são elaborados para atingir o máximo desempenho. Contudo, os mesmos
princípios usados com indivíduos jovens e ativos podem ser transpostos em
níveis mais baixos para pessoas de capacidade limitada. Usando um idoso como
exemplo, é aparente que a diminuição da força é um dos principais fatores que
influenciam a eficiência nas atividades diárias. A perda da força e eficiência no
sistema muscular pode criar uma variedade de problemas, desde inabilidade para

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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colocar as mãos acima da cabeça, abrir a tampa de um vidro, subir escadas ou


levantar-se de uma cadeira. Outro exemplo é o indivíduo com excesso de peso
que tem dificuldade para caminhar qualquer distância porque o sistema muscular
não pode gerar potência suficiente e a pessoa se cansa facilmente. Esses dois
exemplos não são, na verdade, diferentes do levantador de peso tentando fazer
um levantamento máximo em um agachamento. Nos três casos, o sistema
muscular está sendo sobrecarregado, variando apenas a magnitude da carga e o
resultado.

É importante o entendimento da estrutura e função muscular relacionada


ao movimento humano. Os músculos são responsáveis pela locomoção, pelos
movimentos dos membros, postura e estabilidade articular, sendo necessária uma
boa compreensão das características e limitações da ação muscular.

O corpo humano contém mais de quatrocentos músculos esqueléticos, os


quais representam 40-50% do peso corporal (FOSS, KETEYAN, 2000). A função
mais óbvia do músculo esquelético é a capacidade de movimentação do
indivíduo. Os músculos esqueléticos se fixam aos ossos por tecidos conjuntivos
resistentes denominados tendões. Uma extremidade do músculo se une a um
osso que não se move (origem), enquanto a extremidade oposta está fixada a um
osso (inserção) que se move durante a contração muscular. Vários movimentos
diferentes são possíveis, dependendo do tipo de articulação e dos músculos
envolvidos. Os músculos que diminuem os ângulos articulares são denominados
flexores e aqueles que os aumentam são denominados extensores.

7.1 Estrutura do Músculo Esquelético

O músculo esquelético é composto por vários tipos de tecido. Entre eles,


estão células musculares, o tecido nervoso, o sangue e vários tipos de tecidos
conjuntivos. Os músculos individuais são separados entre si e mantidos no lugar
por um tecido conjuntivo denominado fáscia. Existem três camadas separadas de
tecido conjuntivo no músculo esquelético. A camada mais extensa que envolve

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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todo o músculo é denominada epimísio. À medida que observamos mais para o


interior do epimísio, um tecido conjuntivo denominado perimísio envolve feixes
individuais de fibras musculares. Esses feixes individuais de fibras musculares
são denominados fascículos. Cada fibra muscular de um fascículo é revestida
por um tecido conjuntivo denominado endomísio.

Apesar de sua forma única, as células musculares apresentam muitas das


organelas presentes em outras células. Entretanto, ao contrário da maioria das
outras células do corpo, as células musculares são multinucleadas, isto é, têm
muitos núcleos.

Cada fibra muscular individual é um cilindro fino e alongado que possui o


comprimento do músculo. A membrana celular que envolve a célula muscular é
denominada sarcolema. Abaixo do sarcolema encontra-se o sarcoplasma
(também denominado citoplasma), o qual contém proteínas celulares, organelas e
miofibrilas. As miofibrilas são numerosas estruturas fusiformes que contêm as
proteínas contráteis. Em geral, as miofibrilas são compostas por dois importantes
filamentos protéicos (1) filamentos espessos formados pela proteína miosina e
(2) filamentos finos compostos pela proteína actina. O arranjo desses filamentos
protéicos confere aspecto estriado ao músculo esquelético. Localizadas na
própria molécula de actina, existe duas outras proteínas, a troponina e a
tropomiosina. Elas representam uma pequena parte do músculo, mas possuem
um importante papel na regulação do processo contrátil.

As miofibrilas ainda podem ser subdivididas em segmentos individuais


denominados sarcômeros. Os sarcômeros são divididos entre si por uma fina
camada de proteínas estruturais denominadas linha Z. Os filamentos de miosina
estão localizados especialmente na porção escura do sarcômero, denominada
banda A, enquanto os filamentos de actina ocorrem principalmente na região clara
do sarcômero, denominada banda I. No centro do sarcômero, existe uma porção
do filamento de miosina sem sobreposição da actina, a zona H.

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Figura 18: Estrutura do músculo esquelético

Fonte: http://www.museuescola.ibb.unesp.br/subtopico

Figura 19: Estrutura do músculo esquelético

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Fonte: http://www.museuescola.ibb.unesp.br/subtopico

7.2 Junção Neuromuscular

Cada célula muscular esquelética está conectada ao ramo de uma fibra


nervosa originária de uma célula nervosa. Essas células nervosas são
denominadas motoreurônios e se estendem para fora a partir da medula espinhal.
O motoneurônio e todas as fibras musculares que ele inerva formam uma
unidade motora. A estimulação de motoneurônios inicia o processo de
contração. O local onde o motoneurônio e a célula muscular se encontram é
denominado junção neuromuscular. Nessa junção, o sarcolema forma uma
bolsa denominada placa motora.

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Figura 20: Unidade motora

Fonte: https://crentinho.wordpress.com/2009/11/

Figura 21: Junção neuromuscular, incluindo a área de contato pré- sináptica e pós-sináptica entre
o neurônio motor e a fibra muscular que inerva.

Fonte: Katch,McArdle, 2008

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A extremidade do motoneurônio não entra em contato com a fibra


muscular, sendo separada por um pequeno espaço denominado fenda
neuromuscular. Quando um impulso nervoso atinge a extremidade do nervo
motor, o neurotransmissor acetilcolina é liberado e se difunde através da fenda
sináptica para se ligar aos sítios receptores da placa motora. Isso provoca o
aumento da permeabilidade ao sódio, resultando numa despolarização
denominada potencial da placa motora (PPM). O PPM sempre é forte o
suficiente para ultrapassar o limiar e é o sinal para que o processo contrátil
comece.

7.3 Contração Muscular.

A contração muscular é um processo complexo que envolve diversas


proteínas celulares e sistema de produção de energia. O resultado é o
deslizamento da actina sobre a miosina, fazendo com que o músculo encurte e,
consequentemente, desenvolva tensão. Embora os detalhes completos da
contração muscular no nível molecular continuem sendo pesquisados, seu
processo básico está bem definido. O processo da contração muscular é
explicado pelo modelo do filamento deslizante da contração ou teoria do
deslizamento de filamentos, envolvendo as proteínas contráteis actina e
miosina.

Teoria da deslizamento dos filamentos – Tem sido apresentada uma


explicação sobre o encurtamento do sarcômero pela teoria do deslizamento de
filamentos. Quando o cálcio é liberado no músculo pela estimulação neuro-
química, inicia-se o processo de encurtamento. O sarcômero encurta-se à medida
que o filamento de miosina “caminha” pela actina, formando pontes transversas
entre a cabeça da miosina e um local próprio no filamento de actina. No estado
contraído, os filamentos de actina e miosina se sobrepõem ao longo da maior
parte de sua extensão.

O deslizamento simultâneo de muitos milhares de sarcômeros em série cria


uma alteração no tamanho e força do músculo. A quantidade de força que pode

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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ser desenvolvida no músculo é proporcional ao número de pontes transversas


formadas. Pelo encurtamento de muitos sarcômeros, miofibrilas e fibras, é criado
um movimento real pelo desenvolvimento de tensão que percorre o músculo e é
aplicado nas suas duas extremidades até o osso.

Figura 22: Visão geral do processo de contração muscular

Fonte: Katch,McArdle, 2008

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Figura 23: Teoria do Deslizamento

Teoria da contração do filamento deslizante. Quando a contração ocorre, as


linhas Z são aproximadas. As bandas A permanecem no mesmo comprimento,
mas as bandas I e H se tornam progressivamente mais estreitas à medida que o
encurtamento prossegue.

Fonte: http://www.infoescola.com/sistema-muscular/actina-e-miosina/

Figura 24: Teoria do Deslizamento – Ação actina- miosina

Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/sustentacao7.php

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7.4 Fibras musculares.

Cada músculo contém uma combinação de diferentes tipos de fibras,


classificadas como fibras de contração rápida ou lenta. Os tipos de fibras são
importantes na área do metabolismo muscular e consumo de energia, e as fibras
musculares são minuciosamente estudadas na fisiologia do exercício. Existem
diferenças mecânicas na resposta das fibras musculares de contração lenta e
rápida que justificam o nome de cada tipo.

 Fibras de contração lenta – As fibras musculares oxidativas de contração


lenta ou TipoI são encontradas em maiores quantidades nos músculos
posturais do corpo, como os músculos da parte superior das costas. As
fibras são vermelhas devido ao alto conteúdo de mioglobina no músculo.
Essas fibras são adequadas para trabalhos prolongados de baixa
intensidade.

 Fibras de contração rápida e intermediária- As fibras de contração rápida


ou Tipo II são subdivididas em Tipo IIa, oxidativas-glicolíticas, e Tipo IIx,
glicolíticas. O Tipo IIa é um músculo vermelho conhecido como fibra de
contração rápida intermediária porque pode sustentar atividade por longos
períodos ou pode contrair-se com um disparo de força e fadigar-se. A fibra
branca, Tipo IIx, proporciona rápida produção de força e fadiga-se
rapidamente.

Os corredores de velocidade e saltadores geralmente têm maiores


concentração de fibras de contração rápida. A maioria dos músculos, se não
todos, contém os dois tipos de fibras. Um exemplo é o vasto lateral, que possui
tipicamente metade de suas fibras rápidas, e metade lenta (KOMI, 1984). O tipo
de fibra influi em como o músculo será treinado e desenvolvido, assim como quais
técnicas serão adequadas para indivíduos com tipos de fibras específicos.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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Figura 25: Características das fibras musculares

http://fisioterapiafisioex.blogspot.com.br/2013/05/neuromuscular.html

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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8 FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA

Na fisiologia, a palavra respiração pode ter duas definições, que podem


ser divididas em duas subdivisões separadas, porém relacionadas: (1) respiração
pulmonar e (2) respiração celular. A respiração pulmonar se refere à ventilação
(respiração) e à troca de gases (02 e C02) nos pulmões. A respiração celular se
refere à utilização de 02 e à produção de CO2 pelos tecidos (células).

Os objetivos da respiração são prover oxigênio aos tecidos e remover o


dióxido de carbono, através de uma interação entre ambiente externo e o corpo. A
fim de alcançar tais objetivos, a respiração pode ser dividida em quatro funções
principais (1) ventilação pulmonar, que significa o influxo e o efluxo de ar entre a
atmosfera e os alvéolos pulmonares; (2) difusão de oxigênio e dióxido de
carbono entre os alvéolos e o sangue; (3) transporte de oxigênio e dióxido de
carbono no sangue e líquidos corporais e suas trocas com as células de todos
os tecidos do corpo; e (4) regulação da ventilação e outros aspectos da
respiração.

A troca de O2 e CO2 entre os pulmões e o sangue ocorre em consequência


da ventilação e da difusão. O termo ventilação se refere ao processo mecânico de
mobilização do ar para dentro e para fora dos pulmões. Difusão é o movimento
aleatório das moléculas de uma área de concentração elevada para uma área de
menor concentração. Como a tensão de O2 nos pulmões é maior do que no
sangue, o O2 se move dos pulmões para o sangue. Similarmente, a tensão de
CO2 no sangue é maior do que a tensão de CO2 pulmões, consequentemente, o
CO2 se move do sangue para os pulmões e é expirado. No sistema respiratório, a
difusão ocorre rapidamente por existir uma grande área superficial nos pulmões e
uma distância de difusão muito curta entre o sangue e o gás.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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8.1 Mecânica da ventilação pulmonar.

Músculos que produzem a expansão e a contração pulmonares.

Os pulmões podem ser expandidos e contraídos de duas maneiras: (1)


por movimentos de subida e descida do diafragma e (2) pela elevação e
depressão das costelas para aumentar e diminuir o diâmetro anteroposterior da
cavidade torácica.

A respiração em repouso é realizada quase inteiramente pelo primeiro


método, isto é, pelo movimento do diafragma. Durante a inspiração, a contração
diafragmática puxa as superfícies inferiores dos pulmões para baixo. Depois,
durante a expiração, o diafragma simplesmente relaxa, e o recuo elástico dos
pulmões, parede torácica e estruturas abdominais comprimem os pulmões e
expele o ar. Durante a respiração vigorosa, no entanto, as forças elásticas não
são poderosas o suficiente para produzir a rápida expiração necessária, assim
uma força extra é obtida principalmente pela contração da musculatura
abdominal, que empurra o conteúdo abdominal para cima contra a parte inferior
do diafragma, comprimindo, desta maneira os pulmões.

O segundo método para expansão dos pulmões é elevar a caixa torácica.


Isso expande os pulmões porque, na posição de repouso natural, as costelas
inclinam-se inferiormente, possibilitando, assim, que o esterno recue em direção à
coluna vertebral. Mas, quando a caixa torácica é elevada, as costelas se projetam
quase diretamente para frente, fazendo com que o esterno também se mova
anteriormente, para longe da coluna, aumentando o diâmetro anteroposterior do
tórax em cerca de 20% durante a inspiração máxima, em comparação com a
expiração. Portanto, todos os músculos que elevam a caixa torácica são
classificados como músculos da inspiração, e aqueles que deprimem a caixa
torácica são classificados como músculos da expiração.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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Os músculos mais importantes que elevam a caixa torácica são os


intercostais externos, mas outros que auxiliam são (1) músculos
esternocleidomastóideos, que elevam o esterno; (2) serrateis anteriores, que
elevam muitas costelas e (3) escalenos, que elevam as duas primeiras costelas.
Os músculos que puxam a caixa torácica para baixo durante a expiração são
principalmente o (1) reto abdominal que exerce o efeito importante de puxar para
baixo as costelas inferiores ao mesmo tempo em que, em conjunto com outros
músculos abdominais, também comprime o conteúdo abdominal para cima contra
o diafragma, e (2) intercostais internos.
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Figura 26: Movimentos da caixa torácica. Ações musculares na respiração

Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/FisiologiaAnimal/respiracao6.php
w
Na respiração, a lei de Boyle pode ser observada. Na etapa da inalação, o
diafragma se expande deixando o volume do pulmão maior. Como o produto pV
deve ser constante, a pressão interna do pulmão diminui com este aumento de
volume. Como a pressão atmosférica é maior, o ar entra no pulmão até equalizar
as pressões. O processo inverso ocorre na exalação.

 A inspiração ocorre quando é criada uma pressão intrapleural negativa em


relação à atmosfera.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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 A expiração ocorre quando é criada uma pressão intrapleural positiva em


relação à atmosfera.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


76

9 EXERCÍCIO E SISTEMA CARDIOVASCULAR

O sistema cardiovascular inclui o coração, vasos sanguíneos e o sangue,


e tem a função de atingir as células do organismo, sendo capaz de responder
imediatamente a qualquer alteração na homeostase, como as alterações
decorridas do exercício físico, caracterizadas por demandas maiores e mais
urgentes no sistema cardiovascular.

As demandas energéticas, para exercitar o músculo humano podem


aumentar substancialmente na transição do repouso para o esforço físico
máximo. A produção de energia depende diretamente dos sistemas respiratório e
cardiovascular para o suprimento de oxigênio e nutrientes e para a remoção dos
resíduos metabólicos.

Entre os mecanismos cardiorrespiratórios e hemodinâmicos importantes


para atender as maiores demandas características da atividade física, podemos
citar:

Frequência Cardíaca (FC), Volume Sistólico de Ejeção (VSE), Débito


Cardíaco (DC), Fluxo Sanguíneo, Pressão Arterial (PA), Duplo Produto (DP),
Ventilação Pulmonar (VE).

 Frequência Cardíaca (FC) - Aumenta em função da intensidade do


exercício e consumo de oxigênio, está sujeita a influência da temperatura e
medicamentos.

 Volume Sistólico de Ejeção (VSE) – Volume de sangue ejetado do


ventrículo por batimento cardíaco. O volume sistólico de ejeção aumenta
em função do aumento da intensidade do exercício, considerando um
maior aporte de sangue (oxigênio).

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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 Débito Cardíaco (DC) – É o produto do VSE pela FC. Em adultos sadios, o


DC aumenta linearmente com um maior ritmo de trabalho, variando de
aproximadamente 5L /min em repouso, podendo atingir cerca de 20 L por
minuto. O aumento do DC ocorre em um primeiro momento, pelo aumento
da FC e VSE, em seguida aumenta em função da FC.

 Fluxo Sanguíneo - Em repouso, 15 a 20 % do DC são distribuídos para


os músculos esqueléticos; o restante vai para os órgãos viscerais, o
coração e o cérebro. Porém, durante o exercício, até 85 a 90 % do DC são
enviados para os músculos metabolicamente ativados.

Figura 27: Distribuição sanguínea em repouso e no exercício

Fonte: Wilmore, Costill, Kennedy, 2013

 Pressão Arterial (PA) – A Pressão Arterial Sistólica (PAS) aumenta de


acordo com maiores níveis de exercício. Esse aumento é resultante do DC,
que acompanha o aumento da taxa de trabalho. A Pressão Arterial
Diastólica (PAD), é um pouco alterada permanecendo no mesmo valor de
repouso ou apresentando uma leve diminuição.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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 Duplo Produto (DP) - O DP é obtido mediante a multiplicação da FC pela


PA, constituindo-se um parâmetro importante para o controle da
intensidade e adequação do exercício ao indivíduo. Em um ambiente
controlado, como em um teste de esforço, a PA e a FC podem ser medidas
regularmente. No exercício, em geral, torna-se difícil controle da PA, mas
fácil o controle da FC. Como a FC e a PA se elevam simultaneamente,
conforme a intensidade do exercício, elas determinam o DP; a FC poderá
ser considerada isoladamente para estipular a intensidade. Por exemplo,
em teste de esforço, se a PA atinge níveis críticos, enquanto a FC
apresenta 180 bpm durante a atividade física, a FC, no exercício físico, não
deverá atingir essa FC. Apesar de outros fatores influenciarem essa
relação, e por ser uma referência de fácil aplicação, a FC tem sido usada
regularmente para o monitoramento e controle da intensidade do exercício.

 Ventilação Pulmonar (VE) – A Ventilação Pulmonar aproxima-se de


6L/min em repouso, podendo atingir patamares 15 a 20 vezes acima dos
valores de repouso. Aumenta de acordo com o O2 consumido e o CO2
produzido, com exceção do momento em que ocorre a hiperventilação,
condição característica de alta intensidade, como no limiar anaeróbio.
Nessa situação, o seu aumento é desproporcional ao aumento do ácido
lático. Isso sugere que a VE é regulada, mais pela necessidade de
remoção do dióxido de carbono que pelo consumo de oxigênio e que a
ventilação normalmente não constitui um fator limitante para a capacidade
aeróbia.

Márcio Soares da Silva Aly Jorge Almeida Filho


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