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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4

2 METABOLISMO E NUTRIÇÃO ........................................................................ 5

2.1 Conceitos básicos de nutrição humana ............................................................ 6

2.2 Necessidades e recomendações de energia e proteína. .................................. 7

3 DIETA NORMAL E ALTERAÇÕES DA DIETA NORMAL ................................. 9

3.1 Classificação quanto à consistência ............................................................... 10

3.2 Classificação quanto ao conteúdo de nutrientes/composição química ........... 12

4 NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL ....................................................... 16

4.1 Nutrição Enteral (NE) ...................................................................................... 18

4.1.1 Via Nasogástrica.........................................................................................20

4.1.2Terapia nutricional enteral em domicílio (TNED)........................................21

4.1.3 Administração ........................................................................................... 24

4.2 Nutrição Parenteral (NP)................................................................................. 26

4.2.1 Acesso Periférico...................................................................................... 27

4.2.2 Acesso Central de Curta Duração ............................................................ 27

4.2.3 Acesso Central de Longa Duração ........................................................... 28

4.2.4 Administração ........................................................................................... 29

5 METABOLISMO DE CARBOIDRATOS .......................................................... 31

5.1 Monossacarídeos ........................................................................................... 31

5.2 Oligossacarídeos ............................................................................................ 32

5.3 Dissacarídeos ................................................................................................. 33

5.4 Polissacarídeos .............................................................................................. 34

6 METABOLISMO DE PROTEÍNAS .................................................................. 37

7 METABOLISMO DE LIPÍDEOS ...................................................................... 39

7.1 Lipídeos...........................................................................................................39

2
7.1.1 Insaturadas ............................................................................................... 40

7.1.2 Saturadas ................................................................................................. 40

7.1.3 Trans.........................................................................................................41

8 METABOLISMO DE VITAMINAS ................................................................... 44

9 ALIMENTAÇÃO NOS ESTÁGIOS FISIOLÓGICOS ....................................... 47

9.1 Gestante, nutriz e lactente .............................................................................. 47

9.2 Pré-escolar......................................................................................................50

9.3 Escolar ............................................................................................................51

9.4 Adolescentes .................................................................................................. 52

9.4.1 Influência do consumo alimentar e da prática de atividade física na


prevalência do sobrepeso/obesidade em adolescentes ..................................... 54

9.5 Idoso................................................................................................................55

10 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO EM EXERCÍCIOS FÍSICOS E NO ESPORTE . 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 61

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 METABOLISMO E NUTRIÇÃO

Fonte: data:image/jpeg

Metabolismo é uma atividade celular altamente dirigida e coordenada que


abrange reações anabólicas (que consomem energia) e catabólicas (que liberam
energia). Essas reações envolvem sistemas multienzimáticos que cooperam para
realizar quatro funções:
 Obter energia química;
 Converter as moléculas dos nutrientes em moléculas necessárias para o
funcionamento da célula;
 Polimerizar precursores monoméricos;
 Sintetizar e degradar as biomoléculas necessárias para funções celulares
especializadas.
O metabolismo é a soma total de todas as transformações químicas que
ocorrem em uma célula ou em um organismo vivo; energia é a capacidade de realizar
trabalho ou produzir mudanças na matéria; e metabolismo energético compreende
todas as vias utilizadas pelo organismo para obter e usar a energia química oriunda
do rompimento das ligações químicas presentes nos nutrientes que compõem os
alimentos (CUPPARI, 2014).
O conceito de nutrição se baseia em uma alimentação completa e variada,
com quantidade suficiente e com qualidade de forma que atenda às necessidades do
organismo. Não existe um único alimento que contenha todos os nutrientes
(carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais), de maneira que sempre um
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vai ter predomínio de algum nutriente e é isso que o fará ser classificado em
determinado grupo (LIMA & SANTANA, 2014).

2.1 Conceitos básicos de nutrição humana

Sendo a alimentação a necessidade maior de um povo, a nutrição integra a


ciência dos fenômenos referentes ao estado. A arte de bem governar os povos, a
ideologia, que o estado promove boas condições para um bom desenvolvimento de
uma sociedade política alimentar compatível com a população, objetivando a
erradicação dos problemas nutricionais que degradam o corpo e a mente.
Para entendermos os conceitos básicos da nutrição humana, é importante
definirmos o que é alimentação e o que é alimento. Alimentação é um processo
voluntário consciente, pelo qual o ser humano obtém produtos (alimentos) para o seu
consumo. É o ato de ingerir o material nutritivo, é a chegada do alimento ao meio
interno do organismo. E quanto ao alimento, é todo material nutritivo que o homem
consome em qualquer estado físico, sejam alimentos crus, cozidos, sopas ou purês.
A nutrição durante muito tempo foi considerada uma ciência fisiológica e desenvolveu-
se extraordinariamente, graças a compreensão cada vez mais detalhada dos
fenômenos ligados à digestão, à absorção e ao metabolismo. De forma geral, a
nutrição é a combinação de processos dos quais o organismo vivo recebe e utiliza os
alimentos necessários para a manutenção de suas funções e para o crescimento e
renovação dos tecidos (VAGULA, 2019).
A ciência da nutrição estuda os alimentos e como as substâncias são utilizadas
pelo organismo, ou seja, como os alimentos são digeridos, absorvidos e utilizados nas
mais diferentes funções no seu corpo, por exemplo como manter a integridade das
células ou a função intestinal normal. Os alimentos são compostos por nutrientes, os
responsáveis pela nossa subsistência, dentre eles, podemos destacar os
macronutrientes, que são os carboidratos, as proteínas, as gorduras ou lipídeos, além
dos micronutrientes, que envolvem as vitaminas e os minerais. Diferente da
alimentação que é um ato voluntário, no qual podemos escolher os tipos de alimentos
que compõem nossas refeições, a nutrição é um ato involuntário e inconsciente,
abrangendo uma série de processos que se realizam no organismo,
independentemente da vontade do indivíduo.

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A relação entre nutrição e saúde é muito tênue, com uma alimentação com
qualidade e quantidade adequada e suficiente ao organismo, teremos uma boa
nutrição equilibrada, consequentemente, teremos uma boa saúde.
A alimentação deve ser balanceada em termos de macronutrientes e
micronutrientes e adequada em qualidade e quantidade, para saber isso, podemos
nos basear nas Leis da Alimentação de Pedro Escudero (Qualidade, Quantidade,
Harmonia e Adequação). Além dos fatores externos e psicológicos que podem afetar
uma alimentação saudável, temos as consequências que uma alimentação
desregrada pode acometer no corpo humano, dentre elas: desnutrição, obesidade,
carências nutricionais, doenças cardiovasculares, entre outras (VAGULA, 2019).

2.2 Necessidades e recomendações de energia e proteína.

Necessidades e recomendações de energia e de nutrientes são termos


importantes que muitas vezes são empregados de maneira incorreta. A necessidade
nutricional pode ser definida como a quantidade de energia e de nutrientes disponíveis
nos alimentos que indivíduos sadios devem ingerir para satisfazer todas as suas
necessidades fisiológicas. A recomendação nutricional compreende a quantidade de
energia e de nutrientes que deve conter na alimentação usual para satisfazer as
necessidades de quase todos os indivíduos de uma população sadia.
Dessa maneira, pode-se entender que as necessidades de energia são
investigadas para que possam ser estabelecidas as recomendações de energia. A
diferença entre o conceito de recomendações de ingestão de energia e de
recomendações de ingestão de nutrientes também merece atenção. As
recomendações de ingestão denutrientes visam a satisfazer às necessidades
nutricionais de quase todos os indivíduos de uma população sadia. Para tanto, as
recomendações de nutrientes baseiam-se na média das necessidades somada a 2
desvios-padrão. Todavia, se esse conceito for aplicado para as recomendações de
energia, parte da população ingerirá mais do que sua real necessidade, o que levará
a um balanço energético positivo e, consequentemente, a aumento de peso. Por essa
razão, os conceitos de recomendações nutricionais (RDA) e do nível de ingestão
máxima tolerável (UL – tolerable upper intake levels) (CUPPARI, 2014).

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No planejamento de dietas utilizando a necessidade estimada de energia
(EER– estimated energy requirement) para indivíduos, o objetivo é o baixo risco de a
ingestão de energia estar insuficiente ou em excesso. Para indivíduos com índice de
massa corporal (IMC) dentro da faixa de normalidade, a ingestão habitual
provavelmente está adequada em quantidade, o que não significa que a qualidade da
dieta também esteja adequada (CUPPARI, 2014).
A proteína, principal componente estrutural das células do corpo humano,
desempenha importantes funções: enzimática, carreadora de transporte nas
membranas celulares, moléculas transportadoras no sangue, hormônios, além de
seus componentes aminoácidos servirem como precursores de ácidos nucleicos,
hormônios, coenzimas, entre outros.
Para estabelecer as necessidades proteicas, utilizam-se como padrão ou
referência proteínas de alta digestibilidade e que proporcionam quantidades
suficientes de aminoácidos essenciais, como as provenientes do leite, do ovo, das
carnes e dos pescados. Ao utilizar a recomendação de proteína para avaliar dietas
que contenham outras fontes de proteínas, é necessário considerar a composição de
aminoácidos essenciais das proteínas dessas dietas, bem como sua digestibilidade
(FAO/OMS, 1985). Ressalta-se que essas recomendações são válidas unicamente
quando a ingestão calórica é adequada (CUPPARI, 2014).
Para a determinação das doses inócuas de proteínas, o Comitê da FAO/OMS
analisou vários estudos de balanço nitrogenado, conduzidos a curto e longo prazo,
em homens adultos jovens. Como resultado, concluiu-se que 0,6 g/kg/dia
representava a necessidade média de proteína de boa qualidade (carne, ovo, leite
e peixes) para esse grupo, com coeficiente de variação verdadeiro de 12,5%.
Consequentemente, um valor de 25% (2 DP) acima da necessidade média fisiológica
cobriria as necessidades de 97,5% dos indivíduos de uma população similar. Dessa
maneira, obteve-se a recomendação de proteína de 0,75 g/kg/dia para esse grupo.
Tal recomendação foi também adotada para homens mais velhos e mulheres com
idade superior a 18 anos. O FNB/NCR, tomando como base a FAO/OMS, manteve as
recomendações de proteínas para adultos e idosos, de ambos os sexos, em 0,8
g/kg/dia (CUPPARI, 2014).
No Brasil, a principal fonte proteica da alimentação é proveniente da ingestão
de cereais e leguminosas, como o arroz e o feijão, que quando consumidos juntos

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podem resultar em misturas proteicas de alto valor biológico. Dessa forma, a SBAN
adaptou as recomendações nutricionais para a população brasileira, considerando
que a digestibilidade “verdadeira” da proteína da dieta dessa população se encontrava
entre 80 e 85% e que o cômputo aminoacídico era de 90% em relação ao padrão.
Assim, a recomendação de proteína estabelecida pela SBAN (1990) para homens e
mulheres com idade igual ou superior a 18 anos é de 1 g/kg/dia (CUPPARI, 2014).
Quantidade de proteína recomendada:

Fonte: Cuppari (2014)

3 DIETA NORMAL E ALTERAÇÕES DA DIETA NORMAL

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com

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As dietas segundo Oliveira & Macedo, (2020), podem ser padronizadas segundo
as modificações qualitativas e quantitativas da alimentação normal, assim como da
consistência, temperatura, volume, valor calórico total, alterações de macronutrientes
e restrições de nutrientes, com isso podem ser classificadas a partir das suas
principais características, indicações e alimentos ou preparações que serão servidos.
As dietas podem ser classificadas de acordo com: consistência; conteúdo de
nutrientes e composição química; condições especiais; preparo de exames; pré e pós-
operatórios.

3.1 Classificação quanto à consistência

Dieta Livre
Objetivo: fornecer proporções adequadas dos diversos grupos de alimentos e
garantir uma oferta equilibrada de nutrientes sem modificações na consistência dos
alimentos.
Indicação: É indicada para os pacientes com mastigação e funções
gastrointestinais preservadas, que não necessitam de modificações significativas na
consistência dos alimentos.
Características: Normoglicídica, normoprotéica e normolipídica, em
consistência normal, fracionada em 6 refeições diárias, contendo 25 a 30g de fibras.
Alimentos não recomendados: Sem restrições
Dieta Branda
Objetivo: oferecer alimentos de mais fácil mastigação, macios ou abrandados
pela cocção, pouco condimentados, subdivididos, porém não necessariamente
moídos ou triturados.
Indicação: nos casos de correção de alterações e/ou perturbações orgânicas e
funcionais do trato gastrointestinal e como intermediária na progressão para dieta
livre.
Características: normoglicídica, normoproteica e normolipídica, em
consistência branda/macia, pobre em resíduos celulósicos e tecido conjuntivo,
modificados por cocção e/ou subdivisão.
Alimentos não recomendados: frituras em geral, vegetais crus, alimentos duros
ou crocantes, condimentos picantes, oleaginosas e coco.

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Dieta Pastosa
Objetivo: minimizar o esforço da mastigação, deglutição e digestão dos
alimentos;
Indicação: pacientes com dificuldade de mastigação e/ ou deglutição devido à
inflamação, danos neurológicos, distúrbios neuromotores, alterações anatômicas da
boca ou esôfago e uso de próteses dentárias; evolução pós-cirúrgica e para
proporcionar certo repouso gastrointestinal;
Características da dieta: dieta de transição entre a líquida e a branda. Contém
preparações cremosas, líquidas, papas, purês e alimentos bem macios.
Alimentos recomendados: chás, sucos e refrescos de frutas coados, água de
coco, vitaminas, mingaus, iogurtes, arroz doce, canjica; frutas macias, abrandadas,
em papa ou em cremes, sorvetes, gelatinas, pudins liquidificados e geleias de frutas
e de mocotó, leite, curau; sopas, canjas, cremes, arroz papa, feijão triturado, carnes
desfiadas ou moída, purês de vegetais, suflês, ovos (quente, pochê, cozido, mexidos,
omelete), pães macios (brioche, pão careca), bolos, biscoitos doce, sagu, doces em
pasta, flans.
Dieta Líquida
Completa Objetivo: excluir a função mastigatória, facilitar a deglutição, digestão
e absorção dos alimentos;
Indicação: Anorexia, dificuldade de mastigação, disfagia, lesões obstrutivas do
trato gastrointestinal, pré e pós-cirúrgicos, preparo de determinados exames.
Características da dieta: composta de alimentos líquidos e de substâncias que
em contato com o liquido se dissolvem, conservando as características da dieta, como
glicídios solúveis, proteínas solúveis ou gelificados e lipídios emulsionados.
Normoglicídica, normoproteica e normolipídica.
Dieta líquida restrita (ou pobre em resíduos)
Objetivo: saciar a sede, evitar a desidratação, evitar acidose, manter função
renal, repousar o TGI e amenizar a sintomatologia.
Indicação: pré-preparo de determinados exames, pré e pós-cirúrgicos.
Características da dieta: composta de líquidos claros e coados, sem fibras,
geralmente utilizada por 2 a 3 dias em virtude de seu reduzido valor nutritivo e
inadequação nutricional. Hipoglicídica, hipoproteica e hipolipídica. Volume: 200ml por
refeição. Fracionamento em 8 horários.

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Dieta líquida de prova
Objetivo: saciar a sede, evitar a desidratação, evitar acidose, manter função
renal, repousar o TGI e amenizar a sintomatologia.
Indicação: cirurgias de cabeça e pescoço, pós-operatório, transtornos
intestinais e preparo de exames.
Características da dieta: composta de líquidos transparentes como água, água
de coco, chás, isotônicos e gelatina diet. Baixo valor nutritivo e inadequação
nutricional. Hipoglicídica, hipoproteica e hipolipídica. Volume: 200ml por refeição.
Fracionamento em 8 horários.

3.2 Classificação quanto ao conteúdo de nutrientes/composição química

Dieta laxante
Objetivo: suprir as necessidades nutricionais dos pacientes e melhorar o
trânsito intestinal. Indicação: pacientes com obstipação intestinal.
Características: normocalórica, normoproteica, normoglicídica, normolipídica,
rica em fontes de fibras 25 a 30g por dia (insolúvel e solúvel). Ofertar frutas com casca
ou bagaço; vegetais folhosos crus; frutas ricas em fibras. Substituição de alimentos
pobres em fibras e refinados por alimentos ricos em fibras e laxativos, como cereais
integrais, frutas laxantes in natura e salada crua. Ofertar alimentos de acordo com a
consistência da dieta.
Alimentos não recomendados: alimentos pobres em fibras e frutas constipantes
como caju, goiaba, banana.
Observação: a critério da nutrição clínica, haverá inclusão de coquetel laxativo,
com acréscimo ou não de módulo de fibras (fornecido pela Contratante), de acordo
com a prescrição nutricional.
Receita do coquetel laxativo (equivalente a uma porção servida de 250mL):
mamão “formosa cru”: 60 g ou 1/3 de fatia (1,08 g de fibra); suco de laranja: 60 ml ou
4 colheres de sopa (0,6 g de fibra); creme de leite: 40g ou 4 colheres de sopa (fibra
desconhecida); aveia “flocos crua”: 10g ou 1 colher de sopa rasa (1,1 g de fibra);
ameixa seca 15 g ou 3 unidades sem caroço (0,7 g de fibra). *Total de fibra por
porção=3 g.
Dieta constipante

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Objetivo: suprir as necessidades nutricionais dos pacientes, melhorar o trânsito
intestinal, auxiliar no alívio dos sintomas da diarreia, prevenir desidratação e perda de
peso. Indicação: pacientes com diarreia.
Características da dieta: normocalórica, normoproteica, normoglicídica,
normolipídica, com predominância de fibras solúveis. Ofertar líquidos e eletrólitos
(água de coco, chás, sucos sem bagaço) para repor as perdas intestinais. Cereais
refinados e derivados, batata inglesa, aipim e cará bem cozidos e sem molho. Cenoura
e chuchu, sem casca e bem cozidos. Frutas obstipantes como banana prata, banana
maçã, maçã e pera sem casca, goiaba sem casca e sem semente, sucos de goiaba,
caju, limão, maçã ou outras frutas constipantes.
Alimentos não recomendados: alimentos que contêm lactose (leite e derivados,
manteiga, adoçante com lactose), alimentos que ricos em sacarose (doces
concentrados, mel, pudins), alimentos ricos em gordura (frituras, maionese, abacate),
alimentos integrais, hortaliças e frutas laxantes.
Observação: em caso de diarreia persistente poderá ser solicitado pela UNC a
exclusão de alimentos com lactose.
Dieta hipercalórica
Objetivo: fornecer aporte calórico elevado, em quantidades acima do valor
energético total (VET) do paciente; minimizar a resposta catabólica da doença e/ ou
maximizar a recuperação da desnutrição; gerar balanço energético positivo e ganho
de peso.
Indicação: desnutrição, politraumas e queimaduras (de moderadas a graves),
sepse.
Características: hipercalórica, normoproteica, hiperglicídica, hiperlipídica.
Aumento nas porções do desjejum, almoço e jantar. Oferta de alimentos com alta
densidade calórica (vitaminas, mingaus, doces, pães, mel, geleia de frutas, etc.);
acréscimo de azeite cru no almoço e/ ou jantar.
Alimentos não recomendados: frituras e alimentos não saudáveis.
Dieta hiperproteica
Objetivo: fornecer aporte proteico elevado; cuja relação caloria/proteína deve
ser adequada, a fim de minimizar a resposta catabólica da doença e/ou maximizar a
recuperação da desnutrição; produzir balanço nitrogenado positivo.

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Indicação: pacientes desnutridos, em estado de hipercatabolismo, queimados,
politraumatizados, pós-operatórios.
Características: normocalórica, hiperproteica, normoglicídica, normolipídica.
Aumentar oferta de alimentos ricos em proteínas de alto valor biológico (leite e
derivados, ovos, carnes, leguminosas).
Alimentos não recomendados: frituras e alimentos não saudáveis.
Dieta hipoproteica
Objetivo: fornecer menor aporte proteico a fim de prevenir o acúmulo de
metabólitos nitrogenados e reduzir o trabalho renal.
Indicação: pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento
conservador e outras patologias cujo catabolismo proteico possa interferir na evolução
positiva do quadro clínico.
Características: hipoproteica, com predomínio de proteína de alto valor
biológico (60%PAVB). Alimentos não recomendados: frituras e alimentos não
saudáveis.
Dieta hipossódica
Objetivo: controlar a pressão arterial e o balanço hídrico; Indicação: na
insuficiência renal aguda e crônica, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão
arterial, retenção hídrica (ascite, edema), cirrose e encefalopatia hepática,
tratamentos com corticoide, etc.
Características: restrita em alimentos ricos em sódio; exclusão de alimentos
processados, enlatados, conservas, embutidos, temperos e molhos industrializados.
A dieta é preparada apenas com temperos naturais sem o acréscimo de sal. Somente
as proteínas são preparadas com sal reduzido. É entregue ao paciente no almoço e
jantar, um sachê de sal (1g) e limão. A critério do nutricionista responsável pelo
paciente pode ser realizada uma restrição mais severa de sódio.
Alimentos não recomendados: alimentos processados, enlatados, conservas,
embutidos, temperos e molhos industrializados.
Dieta hipolipídica
Objetivo: fornecer baixa quantidade de gordura (de 20 a 25% do VET da dieta)
e com perfil lipídico adequado.
Indicação: prevenir e/ ou aliviar sintomas gastrointestinais (dor abdominal,
diarreia, flatulência, esteatorreia), tratamento de doenças hepáticas, pancreáticas, da

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vesícula biliar, obesidade, síndrome de má absorção, doenças cardiovasculares e
dislipidemias.
Características: com baixo teor de gorduras e óleos (de 20 a 25% do VET),
principalmente das gorduras saturadas (< 7% das calorias totais), até 10% das
calorias totais de ácidos graxos poliinsaturados, até 20% das calorias totais de ácidos
graxos monoinsaturados e com colesterol < 200mg/ dia.
Alimentos permitidos: leite desnatado, iogurte desnatado, queijos magros,
carnes magras cozidas ou grelhadas ou assadas, vegetais crus ou cozidos, geleia de
frutas, mel, ovo.
Alimentos não recomendados: manteiga, margarina, creme de leite, queijos
amarelos, leite integral, frituras, maionese, vísceras (fígado, por exemplo), biscoito
recheado, peta, leite de coco, coco, bolos.
Dieta sem irritantes gástricos
Objetivo: suprir as necessidades nutricionais dos pacientes e fornecer dieta que
não provoque irritação na mucosa gastrointestinal;
Indicação: pacientes com comprometimentos gástricos e intestinais (gastrites,
úlceras), desconforto ou dor gástrica;
Características: normocalórica, normoproteica, normoglicídica, hipolipídica,
isenta de alimentos fonte de cafeína (chá preto, mate, café, chocolate), frutas e sucos
ácidos (de acordo com tolerância individual do paciente), condimentos industrializados
e pimenta; menor quantidade de gorduras, óleos, leite e derivados, sobremesas à
base de leite. A consistência deve ser de acordo com a prescrição nutricional.
Alimentos não recomendados: frituras e alimentos não saudáveis.
Dieta pobre em vitamina K
Objetivo: suprir as necessidades nutricionais dos pacientes e fornecer uma
dieta reduzida em alimentos fonte de vitamina k;
Indicação: pacientes em uso de anticoagulante;
Características: normocalórica, normoproteica, normoglicídica, normolipídica,
utilizando quantidades mínimas de alimentos fontes de vitamina k, como óleos de soja,
canola, algodão e oliva, margarina e maionese à base de óleos vegetais, vegetais
folhosos verde escuros (espinafre, brócolis, couve, repolho), alface romana e
alimentos conservados em óleo vegetal.

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Alimentos não recomendados: alimentos fonte de vitamina k. 3.4.2.10 Dieta
sem flatulentos
Objetivo: fornecer dieta com redução de alimentos fermentativos;
Dieta sem flatulentos
Objetivo: fornecer dieta com redução de alimentos fermentativos;
Indicação: pacientes com desequilíbrio da microbiota intestinal, distensão e
desconforto abdominal causados por gases; pacientes em pós-operatório, conforme
prescrição dietética;
Características: normocalórica, normoproteica, normoglicídica, normolipídica,
isenta de alimentos flatulentos, como condimentos, leguminosas, leite e derivados,
vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor, couve, etc.), alho, milho, pimentão, repolho,
batata doce, rabanete, nabo, cebola, melão, melancia, abacate, maçã crua, nozes,
ovos e uva passa. Pode ser necessária a retirada do açúcar, conforme prescrição
dietética (OLIVEIRA & MACEDO, 2020).

4 NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL

O estado nutricional de um indivíduo internado tem grande influência na sua


evolução clínica e pode afetar diretamente o prognóstico. Estudos indicam que 35% a
65% dos idosos hospitalizados possuem algum grau de subnutrição, podendo ser
relacionada à elevada taxa de complicações infecciosas e aumento da mortalidade
(TEIXEIRA et al, 2016).
É alarmante a periodicidade de indivíduos que já iniciam a terapia nutricional
(TN) com algum grau de desnutrição, principalmente quando se trata de idosos. É
necessário investigar as variáveis associadas, como também atentar-se para a
importância da avaliação e intervenção nutricional precoces, visando à adoção de
medidas de prevenção de agravos, antes mesmo da instalação de déficits nutricionais
(FIDELIX et al, 2013).
A TN possui destaque como ferramenta de recuperação do estado nutricional
de um indivíduo hospitalizado, muitas vezes em situação crítica. Deve ser próprio da
rotina do profissional de saúde monitorar as necessidades dos pacientes, para se
garantir o acesso ao melhor que a TN pode oferecer (SOUZA & MEZZONO, 2016).

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Uma TN enteral (TNE) precoce e adequada pode reduzir consideravelmente
a incidência de infecções e o tempo de permanência hospitalar (ALVES & BORGES,
2019). Os pacientes em terapia intensiva frequentemente apresentam inadequações
no suporte nutricional, tanto pela sub ou superestimação das necessidades
nutricionais diárias, introdução tardia da TNE, interrupções para procedimentos, ou
por surgimento de complicações decorrentes do próprio estado da doença e/ou
motivos relativos à terapia nutricional (TEIXEIRA et al, 2016). Dentre essas
complicações estão a diarreia, constipação intestinal, uso prolongado de ventilação
mecânica e infecções (SANTOS et al, 2017).
Uma das formas de avaliar a realização de triagem nutricional, a adequação
do suporte nutricional e as possíveis complicações são a aplicação e o monitoramento
dos indicadores de qualidade, com a finalidade de melhorar a assistência nutricional
(ALVES & BORGES, 2019). Os indicadores de qualidade são critérios quantitativos
utilizados para analisar a qualidade da atenção em saúde. Sua execução pode
certificar a eficácia da atenção hospitalar, bem como gerar a redução de custos,
proporcionar maior capacidade de análise de processos e resultar em melhores
resultados clínicos (SOUZA & MEZZONO, 2016).
A aplicação desses indicadores permite ao gestor avaliar e revalidar os pontos
estabelecidos e utilizados na unidade. Um programa que garanta a qualidade em TN
pode se dar pela realização correta da triagem, avaliação, monitoramento de
complicações e adequação do suporte nutricional. Esses itens são fundamentais na
evolução clínica e nutricional do paciente, a fim de permitir uma correta adequação às
reais necessidades e bons desfechos clínicos (ALVES & BORGES, 2019).

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4.1 Nutrição Enteral (NE)

Fonte: image/jpeg

Por definição, o termo enteral implica o uso do sistema GI, principalmente por
meio deum “tubo de alimentação”. A partir do momento em que um paciente é
considerado candidato à NE, selecionam-se o local da administração dos nutrientes e
o tipo de dispositivo que será utilizado para o acesso enteral. A escolha do acesso
enteral depende:
1. Da duração prevista para a alimentação enteral,
2. Do grau do risco de aspiração ou de deslocamento da sonda,
3. Do estado clínico do paciente,
4. Da presença ou ausência de digestão e absorção normais,
5. Da anatomia do paciente (p. ex., a colocação da sonda de alimentação não
é possível em alguns pacientes muito obesos)
6. Se há uma intervenção cirúrgica programada.
No sistema enteral fechado, o frasco ou a bolsa são preenchidos pelo
fabricante comum a fórmula líquida estéril pronta para uso. No sistema enteral aberto,
a pessoa que administra o alimento precisa abrir o frasco ou a bolsa e despejar o
alimento em seu interior. Ambos os sistemas são eficazes quando a higienização é
considerada uma prioridade. O tempo de troca da fórmula é o intervalo de tempo
durante o qual uma fórmula enteral é considerada segura para ser administrada ao
paciente; a maioria das instituições permite um tempo de troca da fórmula de 4 horas

18
antes que o produto seja trocado quando se utilizam sistemas abertos e de 24-48
horas para os sistemas fechados.
No âmbito hospitalar, a desnutrição gera preocupações, pois está
correlacionada com a piora da resposta imunológica assim como comprometimento
no reparo tecidual, acarretando aumento do risco de infecção, tempo de internação,
custo à saúde pública e maior índice de mortalidade (COUTO, MOREIRA & HOHER,
2012; OLIVEIRA FILHO, 2016). Em unidades de terapia intensiva (UTI) a desnutrição
de 38 a 83% dos hospitalizados e tende a aumentar até o momento da alta hospitalar
(HEJAZI et al., 2016; KIMIAEI-ASADI & TAVAKOLITALAB, 2017; LEC et al., 2017).
A terapia nutricional enteral (TNE) é uma alternativa terapêutica para os
pacientes que não conseguem atingir suas necessidades nutricionais
espontaneamente, sendo recomendado seu início precoce entre 24 a 48 horas após
admissão hospitalar, atingindo 50 a 70% das necessidades energéticas e proteicas
ainda na fase inicial da internação (KIM et al., 2013; MC CLAVE et al., 2016; PAES,
NASCIMENTO & NASCIMENTO, 2016; GOMES, CABRAL & OLIVEIRA, 2017;
CASTRO et al., 2018; KAMPA et al., 2020).
A Terapia Nutricional Enteral (TNE) tem elevada importância como ferramenta
na recuperação do estado nutricional de pacientes hospitalizados, ou em atenção ao
paciente crítico. Sua forma de implementação precoce pode proporcionar uma
melhora do estado clínico daqueles em risco nutricional e pode minimizar
consideravelmente o agravamento dos quadros patológicos, reduzindo a possibilidade
de outras infecções e o tempo de internação hospitalar. Nesse sentido, a importância
da triagem nutricional pós admissão hospitalar é tomada como um indicador de
qualidade pela Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral (SBNPE)
(NUNES, 2018).
A TNE visa oferecer os macronutrientes necessários para o crescimento
tecidual e celular, além de promover a manutenção do sistema imune e reduzir o
estresse fisiológico, tendo em vista que a mesma é destinada aos indivíduos que
apresentam trato gastrointestinal funcionante com ingestão oral parcial ou
comprometida, necessitando, portanto, da introdução precoce da TNE para atender
as necessidades do paciente conforme a prescrição dietética, possibilitando uma
assistência nutricional segura (PARIKH et al, 2016).

19
A nutrição enteral possui a finalidade de fornecer aporte calórico adequado, e
diminuir as complicações do estado catabólico, assim como prevenir as deficiências
nutricionais. No entanto, se o volume recebido não atingir sua necessidade energética
as complicações e seu quadro patológico podem se agravar. Os agravos nutricionais
são problemas de saúde pública presentes em pacientes hospitalizados, gerando
instabilidade do estado clínico. Este quadro pode ser recorrente em condições de
jejum prolongado, pré-cirurgia e intolerância a dieta. Dentre outros aspectos podem
causar complicações gastrointestinais, como vômitos e diarreias acentuando os
quadros patológicos apresentados (REYES et al, 2019).
Indicadores nutricionais são ferramentas de controle de condutas dietéticas
adequadas, que são expressas nos prontuários de acompanhamento dos pacientes.
Estes instrumentos são estabelecidos como critérios avaliativos aplicados com a
finalidade de analisar sua implantação, qualidade, execução e resultados, o que
certifica o efeito produzido por estes indicadores na qualidade do atendimento no que
se refere a melhores resultados clínico, redução do tempo de internação e
consequentemente redução de custos na atenção em saúde (OLIVEIRA-FILHO et al,
2016). Porém, se houver inadequações mostraram-se limitadas em registros
reduzindo a eficácia do monitoramento desta terapia é possivelmente sua maior
efetividade, comprometendo sua qualidade de adequação aos indicadores
estabelecidos (SBNPE, 2016).

4.1.1 Via Nasogástrica

As sondas nasogástricas (SNGs) são o modo mais comum de acessar o


sistema GI. Em geral, elas são adequadas apenas para os pacientes que necessitam
de NE de curta duração, ou seja, por 3 ou 4 semanas. Normalmente, a sonda é
inserida por uma enfermeira ou nutricionista e o paciente permanece em seu próprio
leito. A sonda é introduzida no nariz e desce até o estômago. Os pacientes com função
gastrointestinal normal toleram esse método, que tem a vantagem de utilizar os
processos digestivo, hormonal e bactericida normais do estômago. Em raras ocasiões,
podem ocorrer complicações.
Diagrama da colocação de uma sonda enteral:

20
Fonte: MAHAM, ESCOTT-STUMP (2012)

A alimentação NG pode ser administrada por bolus ou por infusões


intermitentes ou contínuas (consulte “Administração” mais adiante neste capítulo).
Podem-se utilizar tubos de poliuretano ou silicone macios, flexíveis, bem tolerados,
com calibre, comprimento e formato diferentes, dependendo das características da
fórmula e das necessidades nutricionais. Para verificar a posição final do tubo, aspira-
se o conteúdo gástrico ao mesmo tempo em que se ausculta a insuflação de ar para
dentro do estômago ou radiografa-se o paciente para identificar a posição da
extremidade do tubo (MAHAM, ESCOTT-STUMP, 2012).

4.1.2 Terapia nutricional enteral em domicílio (TNED)

A terapia nutricional enteral em domicílio (TNED) pode ser recomendada para


indivíduos que apresentam estabilidade clínica e risco nutricional ou desnutrição e que
não conseguem alcançar suas necessidades nutricionais pela ingestão alimentar
normal, mas possuem trato gastrointestinal funcionante. O objetivo da TNED é
melhorar ou manter o estado nutricional e a capacidade funcional, bem como
aumentar a qualidade de vida (BRASIL, 2013).
A maior frequência de idosos em TNED nos últimos vinte anos tem sido
observada devido à alta prevalência de doenças crônicas, como neoplasias e doenças
21
neurológicas (BISCHOFF et al, 2020). No SUS, a organização e oferta dos cuidados
relativos à alimentação e nutrição nas Necessidades Especiais de Alimentação (NEA)
e a efetivação da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), com vistas à garantia do
Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA), são orientadas pela Política
Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). Além da PNAN, outras políticas públicas
podem contribuir para alcançar o direito à saúde e o DHAA, especialmente de idosos
em TNED, como, a Política Nacional do Idoso (PNI) e a Política Nacional de Saúde
da Pessoa Idosa (PNSPI) (BRASIL, 2015).
Diferentes políticas devem ser adotadas pelo poder público para garantir a
SAN, entendida como o direito dos indivíduos, incluindo de grupos populacionais
específicos, em acessar de forma regular e permanente alimentos de qualidade, em
quantidade suficiente, sem que o acesso a outras necessidades essenciais seja
comprometido, a fim de promover a saúde e a nutrição (THIEME et al, 2020).
A atuação da (o) nutricionista tem sido considerada referência no processo de
matriciamento em Alimentação e Nutrição e pode contribuir para a organização da AB.
Entre as ações das os) nutricionistas, estão as direcionadas para a qualificação das
equipes com enfoque nas DCNT e a promoção da saúde em todas as fases da vida.
Além disso, as ações de Alimentação e Nutrição que objetivam a integralidade
necessitam ultrapassar a dimensão biológica e causal (FITTIPALDI et al, 2017),
inclusive no cuidado em TNED.
O ato de se alimentar por meio da TNED não é apenas biológico, com objetivo
unicamente de atender às necessidades nutricionais, mas, também, é sociocultural.
Nesse sentido, as características sociais, a cultura alimentar, as preferências e
anseios do idoso e da família, bem como a situação clínica frequentemente estável da
pessoa em TNED são importantes para a tomada de decisões referentes aos cuidados
em saúde e às intervenções de nutrição em TNED e devem ser consideradas nos
programas destinados ao cuidado de nutrição de pessoas com NEA (MAZUR et al,
2014).
Os princípios da SAN devem ser considerados no modelo de atenção à saúde
no domicílio. Para o alcance do DHAA, os significados culturais da alimentação para
o idoso em TNED e para a família e os aspectos socioeconômicos devem ser
respeitados a fim de proporcionar bem-estar físico, psicológico e social, bem como

22
qualidade de vida (MAZUR et al, 2014), que deve ser avaliada periodicamente
(BISCHOFF et al, 2020).
Diferentes fatores podem influenciar na qualidade de vida de pessoas em
TNED, como suas condições clínicas e o tempo para administração da nutrição
enteral. Mas, já foi demonstrado que a nutrição enteral pode melhorar a qualidade de
vida (OJO et al, 2019). Para que o objetivo da TNED de manter ou melhorar a
qualidade de vida seja alcançado, recomenda-se início precoce da TN, assim que o
risco nutricional for identificado. A triagem nutricional deve ser implementada como
rotina para a detecção precoce do risco de desnutrição. Na AD, ferramentas
específicas para triagem nutricional de idosos devem ser utilizadas, o que não foi
considerado nos programas analisados (THIEME et al, 2020).
Após a triagem nutricional, pode ser realizada a avaliação nutricional dos
idosos. Tavares et al. (2015) destacaram os desafios para o diagnóstico de nutrição e
acompanhamento do estado nutricional de pessoas acima de 60 anos na AB. Os
procedimentos realizados são os preconizados pelo Sistema de Vigilância Alimentar
e Nutricional, que dão ênfase ao uso de medidas antropométricas. Outros indicadores
do estado nutricional devem ser utilizados pelos profissionais de forma crítica e
integrada, considerando as especificidades dos idosos (TAVARES et al, 2015).
Ainda, particularidades das pessoas idosas em TNED podem dificultar a
aplicação das técnicas para avaliação nutricional, principalmente, aquelas para
avaliação antropométrica e de composição corporal, pois é comum que o idoso esteja
acamado ou com dificuldade para mobilidade. Essas condições aumentam a
vulnerabilidade do idoso, a qual deve ser acompanhada pelo fato de que idosos mais
vulneráveis apresentam maior dificuldade para o desempenho de atividades da vida
diária (BARBOSA et al, 2017)
A vulnerabilidade está, também, associada à Insegurança Alimentar e
Nutricional (IAN). Thieme et al. (2019), verificaram que 50% dos domicílios de pessoas
em TNED apresentaram IAN. Para verificar a IAN de domicílios onde reside idoso em
TNED, instrumentos validados podem ser utilizados, como a Escala Brasileira de
Insegurança Alimentar, a qual pode ser aplicada pelos profissionais da saúde a fim de
acionar outros setores.
Portanto, é necessária articulação intersetorial entre a área da SAN e da
saúde. A PNAN é considerada articuladora entre os dois campos e a organização da

23
atenção nutricional no âmbito do SUS. Mas, o predomínio do modelo biomédico é o
principal impeditivo para que a PNAN possa ser efetivada. Para consolidar a
articulação intersetorial, devem ser formuladas estratégias que ultrapassam os
programas setoriais (RIGON et al, 2016), a fim de realizar a SAN para alcançar o
DHAA. Nesse sentido, a ampliação da cobertura dos serviços assistenciais e no
campo da SAN podem contribuir para o alcance do DHAA de idosos em TNED e suas
famílias (THIEME et al, 2020).

4.1.3 Administração

Os três métodos habituais de administração de alimentos por sonda são:


1. alimentação por bolus,
2. infusão intermitente
3: infusão contínua.
A escolha do método baseia-se no estado clínico, nas condições de vida e na
qualidade de vida do paciente. Um método pode servir de elemento de transição para
outro método à medida que o estado do paciente muda.
Bolus
Quando os pacientes estão clinicamente estáveis e com o estômago
funcionando, o método de escolha é a alimentação por bolus administrada com
seringa. A alimentação por bolus administrada com seringa durante 5 a 20 minutos é
mais conveniente e menos dispendiosa que a alimentação por bolus administrada com
bomba ou por ação da gravidade e deve ser estimulada sempre que tolerada pelo
paciente. A fórmula enteral é fornecida com uma seringa de 60 mL. Se surgir distensão
ou desconforto abdominais, o paciente deverá ser encorajado a esperar 10 a 15
minutos antes de administrar o restante da fórmula destinada àquela alimentação. Os
pacientes com função gástrica normal geralmente conseguem tolerar 500 mL da
fórmula a cada alimentação. As pessoas que recebem NE em casa podem tolerar
volumes maiores da fórmula com o passar do tempo. Para a maioria dos pacientes,
três ou quatro alimentações por bolus por dia são suficientes para suprir as
necessidades nutricionais diárias. A fórmula deve estar à temperatura corporal porque
o alimento frio pode causar desconforto gástrico (MAHAM; ESCOTT-STUMP, 2012
Infusão Intermitente

24
As questões relacionadas com a qualidade de vida frequentemente são a
razão para o início dos regimes de alimentação por infusão intermitente, que
possibilita aos pacientes não acamados mais tempo livre e autonomia quando
comparada com as infusões contínuas. Essas alimentações podem ser administradas
por gotejamento gravitacional ou bomba de infusão. A alimentação gravitacional é feita
despejando-se a fórmula no interior de uma bolsa de alimentação munida de regulador
de fluxo do tipo rolete. O regulador defluxo é ajustado para fornecer o gotejamento
desejado por minuto. O esquema alimentar consiste em quatro a seis alimentações
por dia administradas durante 20 a 60 minutos. Inicia-se com a administração de 100
a 150 mL da fórmula por alimentação e aumenta-se progressivamente o volume,
quando tolerado pelo paciente. O sucesso desse método de alimentação depende em
grande parte do grau de mobilidade, da vigilância e da motivação do paciente para
tolerar o regime (MAHAM, ESCOTT-STUMP, 2012).
Infusão Contínua
A infusão contínua da fórmula exige o uso de uma bomba. Esse método é
adequado para os pacientes que não toleram infusões de grandes volumes durante
uma alimentação, como normalmente ocorre nos métodos por bolus ou intermitente.
Os pacientes cujo funcionamento gastrointestinal está comprometido em decorrência
de cirurgia, doença, terapia antineoplásica ou outros impedimentos psicológicos são
candidatos à infusão contínua. Os pacientes que são alimentados pelo intestino
delgado devem receber o alimento apenas por infusão contínua. A velocidade-meta
da alimentação, em mililitros por hora, é estabelecida dividindo-se o volume diário total
pelo número de horas por dia de administração (geralmente 18 a 24 horas) (MAHAM,
ESCOTT-STUMP, 2012).
A alimentação é iniciada na velocidade de 14a 12 da velocidade-meta e é
aumentada a cada 8 a 12 horas até o volume final. Em geral, a administração das
fórmulas pode ser iniciada sem adição de água; contudo, as fórmulas com alta
osmolalidade podem necessitar de mais tempo para que a tolerância seja alcançada
e, por isso, devem ser administradas com moderação. A diluição das fórmulas não é
necessária e pode causar subalimentação.
As bombas enterais modernas são pequenas e fáceis de manusear. Muitas
bombas são operadas por bateria que dura até 8 horas, além de funcionar ligadas à
rede elétrica, o que permite flexibilidade e mobilidade ao paciente. A maioria das

25
bombas é comercializada com um sistema de administração completo, que inclui
bolsas e tubos compatíveis com o funcionamento adequado da bomba (MAHAM,
ESCOTT-STUMP, 2012).

4.2 Nutrição Parenteral (NP)

A NP fornece nutrientes diretamente para a corrente sanguínea por via


intravenosa. A NP é indicada para os pacientes que necessitam de terapia nutricional,
mas não conseguem ou não querem ingerir os nutrientes adequados por via oral ou
enteral. A NP pode ser utilizada como adjuvante da nutrição oral ou enteral para suprir
as necessidades nutricionais do paciente. Por outro lado, a NP pode ser a única fonte
de nutrição durante a recuperação de uma doença ou lesão ou pode ser uma terapia
de manutenção da vida para os pacientes que perderam a função absortiva do
intestino. O profissional encarregado da nutrição do paciente precisa escolher entre o
acesso central e o periférico. O termo acesso central refere-se à colocação da ponta
de um cateter em uma veia grande com fluxo sanguíneo elevado, como a veia cava
superior; utiliza-se o acesso central na nutrição parenteral central (NPC). Na nutrição
parenteral periférica (NPP), utiliza-se uma cesso periférico que consiste na colocação
da ponta de um cateter em uma veia pequena, normalmente da mão ou do antebraço.
A osmolaridade da solução de NP determina a localização do cateter; a
colocação de um cateter central permite que a fórmula da NP tenha um teor calórico
mais alto e, portanto, maior osmolaridade. O uso da NPP é limitado, já que é uma
terapia de curta duração com efeito mínimo sobre o estado nutricional; o tipo e a
quantidade de líquido que podem ser fornecidos perifericamente não suprem
totalmente as necessidades nutricionais do paciente. Os pacientes sensíveis à
variação de volume, como aqueles com insuficiência cardiopulmonar, renal ou
hepática, não são bons candidatos à NPP. A NPP pode ser adequada quando utilizada
como alimentação suplementar ou na transição para a alimentação enteral ou oral, ou
como método temporário para começar a alimentação quando o acesso central ainda
não foi implantado. O cálculo da osmolaridade de uma solução parenteral é importante
para assegurar a tolerância venosa (KUMPF et al., 2005).

26
4.2.1 Acesso Periférico

As soluções nutritivas que não ultrapassam as osmolalidades de 800 a 900


mOsm/kg de solvente podem ser infundidas por um angiocateter intravenoso
periférico de rotina colocado em uma veia em boas condições (MATARESE &
STEIGER, 2006).
Utilizam-se protocolos para troca de curativo e rotação do local a fim de
prevenir a tromboflebite – a principal complicação dos cateteres periféricos. A
tecnologia dos cateteres periféricos teve um grande avanço com o surgimento do
cateter de permanência estendida. Esses cateteres são às vezes chamados de
cateteres de linha média ou cateteres médios claviculares, dependendo de sua
posição. Quando se utilizam esses cateteres, a veia escolhida precisa ser grande o
bastante para que o cateter avance 12,7 a 17,8 cm (5 a 7 polegadas) no interior da
veia. Eles podem permanecer no local inicial por 3 a 6 semanas e tornar a NPP uma
opção mais exequível nos pacientes com veias grandes o suficiente para tolerar o
cateter (KRZYWDA et al., 2005).

4.2.2 Acesso Central de Curta Duração

Os cateteres utilizados na NPC normalmente têm um único lúmen. Se o


acesso central também for necessário para outras finalidades, como monitoramento
hemodinâmico, coleta de sangue ou administração de medicamentos, um cateter de
múltiplos lumens poderá ser empregado. Para reduzir o risco de infecção, o lúmen do
cateter utilizado para infundir a NPC deve ser reservado apenas para esse propósito.
Empregando uma técnica rigorosamente asséptica, os cateteres geralmente são
introduzidos na veia subclávia e avançados até que sua ponta atinja o interior da veia
cava superior. Como alternativa, o cateter pode ser inserido na veia jugular interna ou
externa e avançado até que sua ponta alcance a veia cava superior. Contudo, os
movimentos normais do pescoço fazem com que seja difícil manter o curativo estéril.
É preciso verificar radiologicamente a localização da ponta do cateter antes de iniciar
a infusão dos nutrientes. Protocolos rigorosos para o controle de infecções devem ser
adotados na colocação e manutenção dos cateteres (KRZYWDA et al., 2005).
Locais alternativos para a colocação do acesso venoso destinado à NPC:

27
Fonte: MAHAM, ESCOTT-STUMP (2012).

O cateter central de inserção periférica (CCIP; PICC em inglês) pode ser


utilizado nas infusões de curta e média duração, no hospital ou na casa do paciente.
Esse cateter é inserido em uma veia da área antecubital do braço e deslizado pelo
interior da veia subclávia até que sua ponta alcance o interior da veia cava superior.
Profissionais não médicos que receberam treinamento específico podem inserir um
CCIP; já a implantação de um cateter tunelizado é cirúrgica (KRZYWDA et al., 2005).
É preciso sempre confirmar por meio de raios X a localização da ponta do cateter
inserido antes de iniciar qualquer infusão.

4.2.3 Acesso Central de Longa Duração

O cateter de longa permanência normalmente utilizado é o cateter


“tunelizado”. Esse cateter de lúmen único ou múltiplo é inserido na veia cefálica,
subclávia ou jugular interna e desemboca na veia cava superior. Cria-se um túnel
subcutâneo para que o cateter saia da pele vários centímetros distantes do local em
que entra na veia. Essa técnica permite que o paciente cuide do cateter com mais
facilidade, como é necessário nos casos de infusão delonga duração. Outro tipo de
cateter de longa permanência é o cateter totalmente implantável. Ele contém um
reservatório que é implantado cirurgicamente sob a pele no local onde o cateter

28
normalmente sairia no final do túnel subcutâneo. Para acessar o reservatório do
cateter, é preciso utilizar uma agulha especial. Os reservatórios podem ser únicos ou
duplos, e cada reservatório equivale a um lúmen. Tanto os cateteres tunelizados
quanto os CCIPs podem ser empregados em terapias prolongadas no hospital ou em
terapia de infusão domiciliar. Os cuidados necessários com os cateteres de longa
permanência exigem um manuseio especializado e a completa orientação do
paciente.

4.2.4 Administração

Os métodos utilizados para administrar a NP são definidos depois do cálculo


da velocidade-meta da infusão. Os pedidos de NP e seus cálculos são inerentemente
complexos, e os protocolos de solicitação de NP variam muito entre as instituições.
No entanto, considerações gerais como as listadas podem ser aplicadas a quase
todos os protocolos.
Cuidados Nutricionais Relativos à Nutrição Enteral e Parenteral:
Avaliação
1. Estado clínico, inclusive medicamentos
2. Necessidades hídricas
3. Via de administração
4. Necessidade energética (kcal)
5. Necessidade de proteínas
6. Considerações sobre os carboidratos/lipídios
7. Considerações sobre os micronutrientes
8. Escolha da fórmula ou considerações sobre a solução de NP

A Concentração (osmolaridade)
B) Teor de proteínas
C) Teor de carboidratos/lipídios
D) Teor de micronutrientes

E Considerações sobre as fórmulas especiais


9. Cálculos
A) Energia: usar kcal/mL da fórmula
B) Proteína: usar g/1.000 mL

29
C) Considerações sobre os lipídios e os micronutrientes: unidades/1.000 mL
D) Considerações sobre os líquidos: água extra, líquidos Intra Venoso
(inclusive medicamentos)

Diagnóstico Nutricional
1. Identificar os problemas que afetam a ingestão oral de alimentos.
2. Identificar os problemas relacionados com o acesso ou a administração
daalimentação por sonda.
3. Redigir as afirmativas diagnósticas (o problema, a etiologia e os sinais
esintomas). Essas afirmativas podem incluir a infusão inadequada ou excessiva
denutrição enteral ou parenteral ou outros diagnósticos nutricionais.

Intervenção
1. Cada problema deve ter uma intervenção e um modo de avaliá-lo.
2. Indicar o método de alimentação a ser empregado e o modo de iniciá-lo.
3. Orientar como se deve aumentar a alimentação.
4. Determinar quais líquidos devem ser administrados em quantidades
adequadas.
5. Calcular a prescrição nutricional final.

Monitoramento e Avaliação
1. Descrever os sinais e sintomas clínicos para monitorar a tolerância à
alimentação.
2. Listar os valores laboratoriais e as outras medidas a ser monitoradas.
3. Determinar quais desfechos nutricionais devem ser avaliados.

30
5 METABOLISMO DE CARBOIDRATOS

Fonte: data:image/png

Os carboidratos são moléculas importantes para a saúde humana, uma vez


que os disponíveis são a principal fonte e energia para o organismo, enquanto que os
carboidratos não disponíveis, além de fornecerem energia (4kcal/g), podem
apresentar benefícios locais e sistêmicos, alguns relacionados à produção de Ácidos
Graxos de Cadeia Curta (AGCC). Quanto ao aspecto químico, o termo carboidrato
sugere uma composição geral, CnH2On. (TOBARUELA, 2016). Os carboidratos são
produzidos pelos vegetais e são uma importante fonte de energia na dieta, compondo
cerca da metade do total de calorias. Os carboidratos são compostos de carbono,
hidrogênio e oxigênio em uma proporção C: O : H2. Os carboidratos dietéticos podem
ser categorizados como (1) monossacarídeos, (2) dissacarídeos e oligossacarídeos e
(3) polissacarídeos. (MAHAM, ESCOTT-STUMP, 2012).
Classificação dos Carboidratos:

5.1 Monossacarídeos

São os açúcares mais simples, os quais apresentam de 3 a 7 átomos de


carbono, e sua fórmula molecular pode ser representada por (CH2 O) n, onde “n” varia
de 3 a 7. Como exemplos de monossacarídeos, há a triose (C3 H6 O3), a tetrose (C4
H8 O4), a pentose (C5 H10O5), a hexose (C6 H12O6) e a heptose (C7 H14O7),
nomes esses que são dados de acordo com a quantidade de carbono (C) presente
31
em suas moléculas, por isso, recebem o prefixo tri-, tetr-, pent-, hex-, hept-, e são
acompanhados pelo sufixo - ose. Os monossacarídeos de maior importância são a
pentose (ribose e desoxirribose) e a hexose (glicose, frutose e galactose), ambas,
respectivamente, com 5 e 6 átomos de carbono. Os monossacarídeos unem-se dando
origem à outra substância, que pode ser um dissacarídeo ou, até mesmo, um
trissacarídeo (SANTOS et al, 2017).

5.2 Oligossacarídeos

São glicídios hidrolisáveis que resultam da ligação glicosídica entre dois a dez
monossacarídeos. A ligação glicosídica ocorre sempre entre o carbono anomérico
(C1) de um monossacarídeo e um grupo hidroxilo de outro. Os dissacarídeos (2
unidades de monossacarídeo) e os trissacarídeos (3 unidades de monossacarídeo)
são os oligossacarídeos mais importantes e abundantes na natureza. As moléculas
de dissacarídeo são relativamente pequenas e solúveis em água, podendo alterar o
equilíbrio osmótico das células. São também a principal forma de transporte dos
hidratos de carbono (BRAS, 2015)
Glicose
É a principal fonte de energia para os seres vivos, mais usada na obtenção de
energia. É fabricada pelos vegetais na fotossíntese e utilizada por todos os outros
seres vivos na alimentação.
Frutose
Possui função energética. É o mais doce de todos os monossacarídeos.
Tanto a galactose como a frutose são metabolizadas no fígado pela
incorporação nas vias metabólicas para a glicose, mas a frutose inibe uma enzima
importante no controle da via glicolítica.
Galactose
Possui função energética. Participa da composição de dissacarídeos da
lactose, junto com a glicose. A galactose e a frutose, produtos da digestão dos
carboidratos, são convertidas em glicose no hepatócito ou na célula hepática. O fígado
armazena a glicose como glicogênio (glicogênese) e o envia de volta ao sangue
quando as concentrações de glicose se tornam baixas (glicogenólise). O fígado
também produz glicose “nova” (gliconeogênese) a partir de precursores como ácido

32
láctico, aminoácidos glicogênicos e intermediários do ciclo do ácido tricarboxílico
(MAHAM, ESCOTT-STUMP, 2012).

5.3 Dissacarídeos

São moléculas orgânicas pertencentes ao grupo dos carboidratos, formadas


pela ligação de dois monossacarídeos. Os monossacarídeos fazem parte do grupo
mais simples de carboidratos, havendo diversos isômeros para uma mesma fórmula.
A formação do dissacarídeo ocorre por meio de uma ligação glicosídica entre grupos
hidroxilas de cada monossacarídeo. Existe uma grande diversidade de dissacarídeos,
uma vez que para um mesmo par de monossacarídeos existem diversas opções de
ligação (TAVARES & DORN, 2018).
Sacarose
É um tipo de açúcar dissacarídeo encontrado em plantas, constituído de dois
monossacarídeos (as moléculas mais simples dos carboidratos) ligadas por uma
ligação glicosídica. É produzido comercialmente a partir de cana-de-açúcar –em
países tropicais como o Brasil, onde a cana é cultivada com facilidade –ou de
beterraba –em países onde o clima é mais ameno, como os da Europa. Em condições
normais, a sacarose é um sólido branco cristalino que se dissolve muito bem em água
e possui um sabor muito doce, motivo pelo qual passou a ser utilizado na culinária. As
unidades que formam a sacarose são os monossacarídeos glicose e frutose (SANTOS
& MAKOTO, 2020)
Lactose
É um dissacarídeo formado pelos monossacarídeos glicose e galactose que
são ligados através do grupo aldeído (C-1) da galactose ao carbono C-4 da glicose,
formando a ligação glicosídica (1,4) e existindo em duas formas isoméricas, a α-
lactose e β-lactose, que diferem na posição da hidroxila e do hidrogênio do grupo
redutor da lactose, esta diferença estrutural influência a solubilidade das duas formas.
A doçura da lactose é muito menor do que outros carboidratos como, galactose,
glicose, sacarose e frutose. Isso, juntamente com a baixa solubilidade da lactose que
restringe suas aplicações como um adoçante. Esse açúcar é encontrado somente no
leite e derivados, representando cerca de 2% a 8% do leite, contudo esse percentual
varia em função da espécie, sendo utilizada pelos organismos como fonte de energia

33
para o desenvolvimento do sistema nervoso central, facilitando a absorção de cálcio,
fósforo e vitamina D, além de favorecer a retenção de cálcio (ALMEIDA, 2014).
Maltose
É produzida durante a malteação dos grãos, em particular da cevada, e,
comercialmente, pela hidrólise do amido, catalisada por enzimas específicas, usando
a β-amilase de espécies de Bacillus. É um açúcar redutor, por ter seu grupo aldeído
livre para reagir com oxidantes e, de fato, sofrer quase todas as reações contanto que
esteja presente como uma aldose livre (OLIVEIRA, 2017).
O xarope de maltose apresenta uma infinidade de aplicações, sendo muito
utilizado na indústria alimentícia. Por exemplo, em balas moles para o controle da
cristalização, umidade e manutenção da consistência. Outra característica importante
é o seu efeito antisséptico que possibilita sua utilização como veículo de transporte
em vacinas, antibióticos e nutrientes intravenosos. Além disso, o xarope com mais de
70% de maltose é utilizado na indústria farmacêutica para produção do adoçante
maltiol (OLIVEIRA, 2017).

5.4 Polissacarídeos

São polímeros de carboidratos que variam entre baixa a alta massa molecular,
sendo constituídos por monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas. Esses
polímeros diferenciam-se, principalmente, pela composição dos monômeros, tipo de
ligação, comprimento da cadeia e número de ramificações. Essas macromoléculas
são produzidas principalmente por bactérias, fungos e plantas e são importantes na
estrutura celular (celulose, glicoproteínas e quitina), no armazenamento de energia
(glicogênio e amido), como indicadores de endereçamento para proteínas e ainda
como mediadores para interações específicas entre as células e/ou a matriz
extracelular (BASSO, 2017).

34
A digestão dos carboidratos se inicia na boca com a enzima amilase salivar e
é finalizada no intestino delgado com ajuda da amilase pancreática. Nosso organismo
não digere e não absorve todos os carboidratos com a mesma velocidade, então, um
mecanismo denominado índice glicêmico foi desenvolvido para avaliar o efeito dos

35
carboidratos sobre a glicose sanguínea. Após a absorção no intestino delgado, o
metabolismo de carboidratos acontece quando a glicose sofre a quebra dos carbonos
em moléculas de piruvato pela via glicolítica no citossol (na mitocôndria).O
metabolismo é o conjunto de reações químicas relacionadas entre si com o objetivo
de obter energia na forma de ATP (adenosina trifosfato), sintetizar moléculas
necessários ao corpo humano, realizar o transporte entre as membranas e na
contração muscular (VAGULA, 2019).
Quando o piruvato está em condições aeróbias (com presença de oxigênio),
ocorre sua oxidação total até sua conversão em acetil-CoA, por meio de uma
descarboxilação oxidativa. Em condições anaeróbias (ausência de oxigênio), o
piruvato serve como aceptor de elétrons do NADH, esse processo é denominado de
fermentação, podendo ser lática ou alcoólica. Na fermentação lática, o piruvato é
reduzido a lactato através da enzima lactato desidrogenase, esse processo é
observado nas fibras musculares em geral quando há o exercício de alta intensidade.
A quantidade de oxigênio torna-se insuficiente e o acúmulo de ácido lático oriundo
desse processo no músculo é o que causa a dor característica posteriormente a
exercícios de alta intensidade.
Podemos verificar que dentre as principais funções atribuídas aos
carboidratos, a principal para nós seres humanos é a energética. No entanto, essas
moléculas também atuam como elementos estruturais e de produção na parede
celular das bactérias, fungos e vegetais, bem como em tecidos conjuntivos e
envoltório celular de animais. Alguns carboidratos como a ribose e a desoxirribose
fazem parte da estrutura de nucleotídeos e dos ácidos nucleicos, na formação de DNA
(ácido desoxirribonucleico) e RNA (ácido ribonucleico) (VAGULA, 2019).

36
6 METABOLISMO DE PROTEÍNAS

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com

É um macronutriente vital para a modificação da composição corporal com


fins de hipertrofia muscular, os suplementos com elevado teor de proteínas ou
aminoácidos merecem bastante atenção, uma vez que estes fazem parte da rotina de
indivíduos praticantes de atividades recreativas e de atletas. Nesse sentido, o
consumo adequado de proteínas, alimentares e/ou oriundas de suplementos
proteicos, associado a outros fatores como o consumo adequado de carboidratos e o
estimulo mecânico sobre o músculo esquelético exercem efeito positivo sobre a
hipertrofia muscular, no entanto, especialmente em atletas, esse consumo, por muitas
vezes, encontra-se acima dos valores de referência (MACÊDO, 2017).
As proteínas são fundamentais no treinamento de força, reparo das fibras
musculares e resistência. Sua necessidade varia de acordo com idade, gênero, nível
de treinamento físico, assim como sua duração e intensidade. A deficiência desse
nutriente implica em prejuízo na fase de recuperação do treinamento. Seu consumo
em excesso, traz consequências como a hipercalciúria, desidratação, elevação do
trabalho hepático e renal (SAULLO, 2016).
A digestão das proteínas da dieta após a mastigação se inicia no estômago
com ação da pepsina, uma enzima que faz a hidrólise das proteínas em polipeptídeos
e aminoácidos. No intestino delgado, o pâncreas faz a síntese e a liberação da tripsina,
quimiotripsina, elastase e carboxipeptidases A e B, substâncias que atuam na
hidrólise para oligopeptídeos e aminoácidos (VAGULA, 2019).
37
Na sequência, temos a ação das aminopeptidases degradando-os em
aminoácidos livres e dipetídeos, que são absorvidos pelas células epiteliais intestinais,
nas quais os dipetídeos são hidrolisados a aminoácidos no citosol antes de entrarem
no sistema porta. O fígado é um importante modulador da concentração de
aminoácidos plasmáticos. Os aminoácidos liberados na circulação sanguínea,
especialmente os aminoácidos de cadeia ramificada (leucina, isoleucina e valina), são
depois metabolizados pelo músculo esquelético, pelos rins e por outros tecidos. O
fígado é o órgão regulador do catabolismo de aminoácidos essenciais, com exceção
dos aminoácidos de cadeia ramificada, que são degradados pelo músculo esquelético
(MORAES et al, 2013).
No fígado, parte dos aminoácidos é usada na síntese de proteínas que são
secretadas, como a albumina, e na síntese de proteínas com vida média mais curta,
como as enzimas, necessárias ao catabolismo dos aminoácidos que ficam na própria
célula hepática. O destino dos aminoácidos em cada tecido varia de acordo com as
necessidades, eles quais estão relacionados ao estado fisiológico do indivíduo. Há um
processo contínuo e dinâmico de síntese e catabolismo proteico específico em cada
tecido denominado de turnover proteico. O turnover de proteínas é o processo
contínuo de degradação e ressíntese de proteínas. Em um adulto saudável, este
processo envolve 300 a 400 g de proteína por dia, a quantidade total de proteínas no
corpo permanece constante. O pool de aminoácidos são os aminoácidos liberados na
hidrólise das proteínas da dieta ou teciduais, mais os aminoácidos livres distribuídos
pelo corpo. É constituído por aproximadamente 100 g de aminoácidos (VAGULA,
2019).
O balanço nitrogenado é a relação entre a ingestão e a perda de compostos
nitrogenados específicos no pool de aminoácidos. Em indivíduos saudáveis, a
quantidade de proteínas consumida é exatamente equilibrada com a proteína utilizada
para a manutenção corporal e o excedente é excretada nas fezes, urina e pele,
resultando em um balanço de proteína de zero. O balanço positivo de nitrogênio é
encontrado quando o organismo retém mais proteínas do que é perdido diariamente,
por exemplo, na gravidez. O balanço negativo de nitrogênio é encontrado quando o
nitrogênio ingerido é menor que o nitrogênio excretado, por exemplo, quando um
indivíduo apresenta infecção ou lesão traumática (MORAES et al, 2013).

38
O ciclo da ureia é a principal forma de eliminação dos grupos aminos
derivados do metabolismo dos aminoácidos e responde por mais de 90% dos
componentes nitrogenados presentes na urina. Além da ureia, existem outras formas
de excreção de nitrogênio na urina, como amônia, o ácido úrico, a creatinina e alguns
aminoácidos livres. A ureia e a amônia surgem da oxidação parcial dos aminoácidos,
enquanto o ácido úrico e a creatinina são indiretamente derivados de aminoácidos. A
ureia sintetizada pelo fígado é posteriormente transportada pela circulação sanguínea
até os rins, nos quais é filtrada e excretada na urina. Uma outra parte difunde-se do
sangue para o intestino e é clivada pela uréase bacteriana, essa amônia é perdida de
forma parcial nas fezes enquanto a outra parte é reabsorvida pelo sangue (MORAES
et al, 2013).

7 METABOLISMO DE LIPÍDEOS

7.1 Lipídeos

Fonte: data:image/jpeg

Os lipídeos fazem parte das biomoléculas, são compostos químicos orgânicos


que ocorrem nos seres vivos. São insolúveis em água, porém são solúveis em outros
solventes orgânicos como o álcool, querosene, éter e benzina. Os lipídeos podem ser
divididos em quatro tipos, sendo eles: triglicerídeos, cerídeos, esteroides e
fosfolipídios (RIBEIRO, 2019).
39
Os triglicerídeos são as gorduras e os óleos. São formados pelo glicerol
(álcool), nesta forma, pode ser de origem animal, como gordura do tecido adiposo do
boi, porco e do homem. Também apresenta origem vegetal, como manteigas de cacau
e coco (RIBEIRO, 2019).
Os cerídeos possuem consistência sólida, sua função principal é
impermeabilização. Podem ser de origem animal, como cera de abelha, constituindo
a colmeia, e cera do ouvido, protegendo o canal auditivo. Os esteroides são
reconhecidos pela presença de quatro anéis interligados. O colesterol é o exemplo
mais conhecido de lipídeo esteroide, sendo de grande importância. Está presente na
membrana plasmática da célula garantindo sua fluidez. O colesterol é encontrado
exclusivamente em animais e também em hormônios sexuais, como estrógeno e
testosterona. Os fosfolipídios são os lipídeos associados ao ácido fosfórico. São
moléculas anfipáticas, ou seja, uma região (cabeça) é hidrofílica, e outra região
(cauda) é hidrofóbica (FERREIRA, 2019).
As gorduras também podem ser classificadas como:

7.1.1 Insaturadas

Não causam problemas de saúde, exceto quando consumidas em grandes


quantidades. Uma alimentação equilibrada e saudável permite o controle do consumo
total de gorduras e outros componentes nutricionais. É importante dar preferências às
gorduras insaturadas em detrimento das gorduras saturadas (PIRES, 2011).

7.1.2 Saturadas

Podem ser divididos em dois grupos: cadeia e cadeia longa. Após a absorção
intestinal, os de cadeia média são transferidos para a circulação sanguínea. São
transportados ligados à albumina, pela veia porta, diretamente para o fígado, onde
são metabolizados, não sendo responsáveis pelo aumento do colesterol sérico
(SANTOS et al,2013).
Os principais ácidos graxos saturados de cadeia longa são: mirístico,
encontrado no leite e seus derivados; palmítico, cujas principais fontes são a gordura
animal e o óleo de palma; esteárico, presente na gordura do cacau. O ácido palmítico
é o mais abundante na alimentação humana. Os ácidos graxos saturados (SFA) de
cadeia longa encontram-se no estado sólido à temperatura ambiente. Após a

40
absorção, os ácidos graxos (AG) de cadeia longa são esterificados nos enterócitos,
formando os triglicérides; são então transportados pelos quilomícrons no sistema
linfático e em seguida na corrente sanguínea. Os triglicérides dos quilomícrons são
hidrolisados pela lipoproteína lípase, liberando os ácidos graxos para os tecidos, onde
são re-esterificados, formando novamente os triglicérides, forma de armazenamento
da gordura no organismo (SANTOS et al, 2013).,

7.1.3 Trans

Ocorre por meio da hidrogenação parcial de óleos vegetais, sendo o mais


comum o ácido elaídico. Tal processo se aplica aos óleos vegetais líquidos à
temperatura ambiente, com o objetivo de conferir consistência de semissólida a sólida
a essas gorduras. Na configuração Trans, os dois átomos de hidrogênio ligados ao
carbono na dupla ligação estão localizados em lados opostos, formando uma molécula
mais rígida e com configuração retilínea, assemelhando-se, assim, ao ácido graxo
saturado. Ácidos graxos Trans estão presentes em diversos produtos industrializados
que utilizam esse tipo de gordura, tendo como exemplos mais frequentes os biscoitos
(incluindo de maizena e de polvilho), sorvetes cremosos e tortas. Podem ser
encontrados também em diversos produtos de panificação, como pão francês,
folhados, pão de batata e pão de queijo (SANTOS et al, 2013).
As gorduras interesterificadas podem ser produzidas industrialmente a partir
de método enzimático ou químico, sendo este último o preponderante. A
interesterificação química é utilizada para modificar óleos e gorduras, aumentado o
seu ponto de fusão, possibilitando a formação de uma gordura mais dura. Esse
processo modifica as propriedades físicas de óleos por meio do rearranjo aleatório da
distribuição de ácidos graxos no glicerol sem alterar a composição química do óleo
utilizado inicialmente. Dessa forma, ocorre a introdução de ácidos graxos saturados
na posição sn-2 do glicerol, e essa posição normalmente é ocupada por ácidos graxos
insaturados em óleos vegetais (SANTOS et al, 2013).
Em razão dos efeitos nocivos de ácidos graxos trans sobre a saúde,
especialmente por aumentar o risco cardiovascular, ocorreram diversas ações
simultâneas provenientes tanto de Agências Reguladoras de Saúde quanto de
Sociedades responsáveis pela elaboração de Diretrizes Nutricionais, no sentido de
recomendar a redução do consumo desses ácidos graxos pela população mundial.

41
Desse modo, foram implementadas políticas públicas para redução do consumo de
gorduras trans, o que obrigou a indústria de alimentos a alterar a fonte de gordura
utilizada, adequando os seus produtos (SANTOS et al, 2013).
Durante a digestão, a maior parte dos triglicerídeos se divide em
monoglicerídeos e ácidos graxos. Então, na passagem através das células epiteliais
intestinais, os monoglicerídeos e os ácidos graxos são ressintetizados em novas
moléculas de triglicerídeos que chegam à linfa como minúsculas gotículas, dispersas,
chamadas quilomícrons, cujo diâmetro fica entre 0,08 e 0,6 micrômetro. Pequena
quantidade de apoproteína B é adsorvida às superfícies externas dos quilomícrons.
Isso deixa o restante das moléculas de proteína projetando-se na solução hídrica
adjacente, o que aumenta, consequentemente, a estabilidade da suspensão dos
quilomícrons no líquido linfático e impede sua aderência às paredes dos vasos
linfáticos. A maioria do colesterol e dos fosfolipídios, absorvidos do trato
gastrointestinal, penetra nos quilomícrons. Assim, apesar dos quilomícrons serem
compostos principalmente por triglicerídeos, eles contêm cerca de 9% de fosfolipídios,
3% de colesterol e 1% de apoproteína B. Os quilomícrons são então transportados
para o dueto torácico e, em seguida, para o sangue venoso circulante na junção das
veias subclávia e jugular.
Resumo das principais vias para o metabolismo de quilomícrons sintetizados
no intestino:

42
Fonte: GUYTON & HALL (2011)

Os Triglicerídeos dos quilomícrons são hidrolisados pela lipase lipoproteica e


a gordura é armazenada no tecido adiposo e nas células hepáticas. Grande parte dos
quilomícrons é removida da circulação sanguínea, à medida que passa pelos capilares
de vários tecidos, especialmente do tecido adiposo, do músculo esquelético e do
coração. Esses tecidos sintetizam a enzima lipase lipoproteica, que é transportada
para a superfície das células endoteliais capilares, onde hidrolisa os triglicerídeos dos
quilomícrons à medida que entram em contato com a parede endotelial, liberando
assim, ácidos graxos e glicerol.Os ácidos graxos liberados dos quilomícrons, sendo
altamente miscíveis nas membranas das células, se difundem para o tecido adiposo
e para as células musculares. Uma vez dentro dessas células, esses ácidos graxos
podem ser usados como combustível ou, novamente, sintetizados em triglicerídeos,
com novo glicerol sendo suprido pelos processos metabólicos das células de
armazenamento (GUYTON & HALL, 2011).
43
A lipase também causa hidrólise dos fosfolipídios; isso também libera ácidos
graxos para serem armazenados do mesmo modo nas células. Após os triglicerídeos
serem removidos dos quilomícrons, os remanescentes dos quilomícrons enriquecidos
com colesterol são rapidamente depurados do plasma. Os remanescentes de
quilomícrons se ligam a receptores nas células endoteliais dos sinusoides do fígado.
A apo-lipoproteína-E na superfície dos remanescentes de quilomícrons e secretadas
pelas células do fígado, também desempenham papel importante na iniciação da
depuração dessas lipoproteínas plasmáticas.
Quase todas as lipoproteínas são formadas no fígado, que é também, onde
ocorre a síntese da maior parte do colesterol plasmático dos fosfolipídios e dos
triglicerídeos. Além disso, pequenas quantidades de HDLs são sintetizadas no epitélio
intestinal, durante a absorção dos ácidos graxos no intestino. A função primária das
lipoproteínas é a de transportar seus componentes lipídicos no sangue. As VDLs
transportam os triglicerídeos sintetizados no fígado, em sua maior parte para o tecido
adiposo, enquanto as outras lipoproteínas são especialmente importantes nos
diferentes estágios de transporte dos fosfolipídios e colesterol do fígado para os
tecidos periféricos ou da periferia de volta para o fígado (GUYTON & HALL, 2011).

8 METABOLISMO DE VITAMINAS

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com

As vitaminas são compostos orgânicos denominados de micronutrientes


essenciais, atuam nas reações químicas como cofatores e coenzimas, pois o nosso
44
corpo não é capaz de produzi-las, são constituintes naturais dos alimentos e é preciso
quantidades mínimas para a função normal do organismo. As vitaminas devem ser
obtidas primariamente por meio da alimentação em um cardápio equilibrado. Em
indivíduos que apresentam alguma deficiência ou que necessitam da recuperação de
alguma patologia, nesses casos, após a avaliação médica ou de um nutricionista, a
suplementação deve ser considerada (VAGULA, 2019).
As vitaminas podem ser classificadas em lipossolúveis (A, D, E, K) e
hidrossolúveis (complexo B, ácido pantotênico, biotina e ácido ascórbico). As
lipossolúveis necessitam da presença de lipídeos para serem transportadas e, após
desempenharem sua função no metabolismo, a excreção dessas vitaminas acontece
geralmente pelas fezes, enquanto as vitaminas hidrossolúveis são absorvidas,
utilizadas e excretadas na urina. Elas são substâncias antioxidantes e combatem a
formação de radicais livres provenientes de diversas reações que acontecem no
organismo, por exemplo, radicais livres advindos da cadeia de transporte de elétrons
no metabolismo energético.
A vitamina A em sua forma ativa (retinol, retinal e ácido retinóico) é encontrada
e pode ser consumida de fonte animal (gema do ovo, salmão). Já a provitamina A
(betacaroteno) é encontrada em alimentos de fonte vegetal, dentre todos os
carotenoides, o mais importante é o betacaroteno, pois durante o metabolismo no
corpo humano, pode produzir moléculas ativas de retinol.
Os alimentos fontes de origem animal, que são fonte de vitamina A pré-
formada, possuem alto custo, já os pigmentos em frutos e hortaliças são de baixo
custo, contribuindo para que os carotenoides sejam uma fonte fundamental deste
nutriente na dieta. Os carotenoides são pigmentos naturais muito difundidos na
natureza, conferindo cores que vão do amarelo ao vermelho, podendo ser
empregados como corantes naturais ou idênticos aos naturais em alimentos, bebidas
e cosméticos. Estão presentes em folhas verdes e frutas (VAGULA, 2019).
O termo provitamina A é usado como indicador genérico para todos os
carotenoides que possuem atividade biológica de vitamina A. A principal função é na
visão, sendo a função fisiológica mais conhecida e a cegueira noturna é um dos
principais sintomas da deficiência. O ácido retinoico derivado da oxidação do retinol
da dieta, faz a mediação das reações dos retinóides e é fundamental para
diferenciação tecidual do epitélio.

45
A absorção e o transporte de vitamina A os ésteres de retinol presentes na
dieta são hidrolisados na mucosa intestinal, liberando retinol e ácidos graxos livres. O
retinol derivado dos elétrons e dos carotenoides é reesterificado em ácidos graxos de
cadeia longa na mucosa intestinal e secretado como um componente dos
quilomícrons que, pelo sistema linfático, é carreado até o fígado. Os ésteres de retinol
contidos nos quilomícrons são captados e armazenados no fígado. Quando
necessário, o retinol é liberado no fígado e transportado aos tecidos extra-hepáticos
pela proteína plasmática de ligação do retinol, esse complexo retinol-PLR liga-se a
receptores específicos na superfície das células dos tecidos periféricos, permitindo
que o retinol entre nelas (VAGULA, 2019).
A Vitamina C (ácido ascórbico) é importante na síntese de colágeno, previne
o fibro edema gelóide, é um antioxidante e ajuda a neutralizar os radicais livres, no
entanto, em quantidades maiores do que as recomendadas podem desencadear a
função reversa de ser pró-inflamatória. Os alimentos fonte são: frutas cítricas, tomate,
vegetais verdes escuros. A vitamina C é muito sensível, o recomendado para não se
perder as concentrações desta vitamina é consumir os alimentos assim que abertos,
por exemplo, o suco de laranja após espremido e armazenado na geladeira vai
perdendo a quantidade de vitamina C, o ideal é fazer e consumi-lo imediatamente. A
deficiência pode causar fraqueza muscular, cabelos secos e quebradiços,
sangramento das gengivas durante escovação, escorbuto (VAGULA, 2019).
O ácido fólico (B9) desempenha papel-chave no metabolismo de carboidratos
e tem ação anti-inflamatória. As fontes são: os vegetais de folhas verdes escuras,
fígado e cereais integrais. A deficiência pode causar anemia. O ácido fólico ajuda na
síntese de óxido nítrico (vasodilatador), diminuindo os riscos de doença
cardiovascular.
Vitamina E (tocoferol) é um antioxidante que ajuda no combate aos radicais
livres e previne a formação de fibro edema gelóide. Os alimentos fonte são as
sementes oleaginosas e óleos vegetais (VAGULA, 2019).

46
9 ALIMENTAÇÃO NOS ESTÁGIOS FISIOLÓGICOS

9.1 Gestante, nutriz e lactente

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com

Na gestação e pós-parto, as questões culturais e emocionais relacionadas à


alimentação parecem se intensificar, contribuindo com um repertório de símbolos e
significados, que podem influenciar no ganho de peso gestacional (MARQUES et al.,
2011). Estudos mostram que o acesso ao cuidado nutricional no serviço de saúde
contribui para uma qualidade da alimentação e um ganho de peso adequado da
mulher, principalmente para aquelas que apresentam sobrepeso e obesidade, sendo
um diferencial para os desfechos da gestação, tanto para elas quanto para os bebês
(GAMA et al., 2014).
Após a gestação, configura-se o momento do puerpério, que na Atenção Básica
(AB) é marcado pelo período após o parto, com duração de até 6 semanas (BRASIL,
2015). Esse período pode ser considerado curto, visto que há uma intensa mudança
hormonal, modificações internas e externas que interferirão na saúde e no cotidiano
dessa mulher, além de ser um período com grande carga de transformações
psíquicas, sugerindo a necessidade de uma atenção especial voltada para além das
seis semanas, englobando nesse período o pós-neonatal, período compreendido
entre 28 a 364 dias de vida da criança (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2012).
As ações de alimentação e nutrição se tornam parte do cotidiano da AB por sua
relação íntima com importantes agravos à saúde, como no caso de gestantes que

47
apresentam um risco maior para o desenvolvimento de diabetes e hipertensão. Essas
ações procuram oferecer uma melhor qualificação e resolutividade da atenção à
saúde da população brasileira (BARROS et al., 2013).
As DRIs para carboidratos na gravidez são necessidades médias estimadas
(EARs) em135 g/dia. A RDA é de 175 g/dia (IOM, 2002). Essas 135 a 175 g/dia são a
quantidade recomendada para fornecer calorias suficientes na dieta para prevenir
cetose e manter a concentração de glicose sanguínea apropriada durante a gravidez.
Com uma média de2.000 calorias/dia em um regime, 175 g representam 700 calorias,
ou 35%. A quantidade pode ser maior em mulheres que consomem mais calorias, mas
as escolhas cuidadosas de carboidratos são necessárias para incluir todos os
nutrientes diários para a gravidez (MAHAN et al, 2005).
Há um requerimento de proteína adicional para a manutenção da síntese de
tecidos materno e fetal durante a gravidez, mas a magnitude desse aumento é incerta.
O requerimento de proteína aumenta por toda a gestação e é máximo durante o
terceiro trimestre. Na primeira metade da gestação, a RDA atual de 0,8 g/kg/dia de
proteína para a gestante é a mesma para mulheres que não estão grávidas. As
necessidades aumentam na segunda metade da gravidez para 71 g/dia, com base em
1,1 gm/kg/dia do peso antes da gravidez. Para cada feto adicional, outras 25 g/dia de
proteína são recomendadas. Isso pode ser equivalente a 175 g/dia para a gestante de
gêmeos com peso normal que está consumindo 3.500 kcal/dia. A deficiência de
proteína durante a gravidez tem consequências adversas. As ingestões limitadas de
proteína e caloria geralmente ocorrem em conjunto, tornando difícil separar os efeitos
da deficiência de caloria daqueles provenientes da deficiência de proteína (MAHAN et
al, 2005).
Não há DRI para lipídios durante a gestação. A quantidade de gordura na dieta
deve depender dos requerimentos de caloria para um ganho de peso apropriado. No
entanto, há uma recomendação (uma IA de 13 g/dia) para a quantidade de ácidos
graxos poli-insaturados ω-6 (ácido linoleico) e um IA de 1,4 g/dia para a quantidade
de ω-3 ácidos graxos polinsaturados (α-ácido linoleico) na dieta (IOM, 2002). A
recomendação para ácido docosahexaenoico é de 300 mg/dia. Os requisitos de
ácidos graxos essenciais podem ser atendidos com uma a duas porções de peixe por
semana (SIMPSON et al., 2010).

48
A lactação demanda muito nutricionalmente, especialmente para a mulher que
amamenta seu bebê exclusivamente por um número de meses. O consumo
aumentado da maioria dos nutrientes é aconselhado. A produção de leite é mais
afetada pela frequência de sucção e pela hidratação materna. Contudo, a composição
do leite varia de acordo com a dieta da mãe. A composição de ácidos graxos do leite
de uma mãe reflete seu consumo dietético. Além disso, as concentrações de selênio,
de iodo e de algumas vitaminas hidrossolúveis do complexo Bno leite são reflexos da
dieta materna. O leite materno de mães malnutridas mostrou possuir menores teores
de vários nutrientes, refletindo os alimentos disponíveis para comer.
A produção de leite é 80% eficiente: a produção de 100 mL de leite
(aproximadamente75 kcal) exige um gasto de 85 kcal (Lawrence e Lawrence, 2005).
Durante os primeiros seis meses de lactação, a produção média de leite é de 750
mL/dia, com uma variação de 550 mL para mais de 1.200 mL/dia. Uma vez que a
produção é uma função de frequência, duração e intensidade da sucção pelo lactente,
lactentes que se alimentam bem provavelmente estimulam a produção de volumes
maiores de leite. A DRI para energia durante a lactação é 330 kcal maior durante os
primeiros seis meses de lactação e 400 kcal maior durante os seis meses restantes
de lactação com relação à mulher não grávida. É o mesmo que a RDA durante o
segundo trimestre de gestação.
As mulheres obesas e com sobrepeso podem não requerer todas as 330 a400
kcal extras/dia. As reservas de gordura materna acumuladas durante a gestação
fornecem cerca de 100 a 150 kcal para manter os primeiros meses de lactação.
Quando as reservas de gorduras em estoque forem esgotadas, o suporte de energia
dietética para a lactação deve ser aumentado se a mulher pretende prover toda ou a
maior parte da nutrição do bebê somente por meio do leite materno. Durante o
segundo semestre de lactação, a produção geralmente cai para uma média de 600
mL/dia ou cerca de 20 oz/dia (568,26 mL/dia) (MAHAN et al, 2005).
As mulheres saudáveis que amamentam geralmente podem perder o
equivalente a1 libra/semana (0,45 kg/semana) e ainda suprem leite adequadamente
para manter o crescimento de seus bebês. As mulheres que amamentam devem ser
lembradas do gasto energético exigido para produzir leite: aproximadamente 0,67 kcal
por 1 cc de leite materno produzido. A produção de leite diminui nas mães cujas
ingestões estão abaixo do ideal: menos de 1.800 calorias/dia, e o leite materno irá

49
refletir o perfil nutriente da dieta materna. O consumo de líquidos apropriado (ou seja,
beber quando estiver com sede) e descanso adequado também são necessários.

9.2 Pré-escolar

Fonte: data:image/jpeg

A fase pré-escolar compreende a faixa etária dos 2 aos 6 anos de idade e,


durante esta fase, os padrões alimentares se encontram em desenvolvimento, sendo
necessário um incentivo para que refeições saudáveis sejam realizadas (COSTA et
al., 2014).
No decorrer da fase pré-escolar são evidenciadas as características do
desenvolvimento infantil e devido a isto, são necessários cuidados específicos com a
alimentação, como a atenção à quantidade, qualidade, variedade e regularidade das
refeições (SANTIAGO, 2016).
Moraes (2014), afirma que as preferências alimentares, durante a idade pré-
escolar, ditam a escolha alimentar e a família demonstra-se fundamental neste
importante momento da formação das crianças, visto que é comprovadamente
influente sobre as decisões das mesmas. Estas preferências alimentares são
determinadas através de consequências fisiológicas da ingestão, da repetição da
oferta dos alimentos e do âmbito social em que a criança está inserida (SILVA et al,
2016).
Viana et al, (2008) validam as afirmações dos outros autores, afirmando que
os padrões e predileções alimentares das crianças são formados, muito

50
particularmente, através da observação do comportamento alimentar dos pais. A
quantidade e frequência com que as crianças se alimentam, bem como a sua
preferência por alimentos de determinado tipo, dependem da observação dos mesmos
padrões no âmbito familiar, principalmente na mãe.

9.3 Escolar

Foto: data:image/jpeg

A fase escolar, que compreende a faixa etária dos 7 aos 10 anos de idade, há
uma modificação no hábito alimentar da criança, por influência do meio em que ela
passa a conviver e de sua maior autonomia. A inserção do escolar em um novo
contexto social se torna decisiva para a criação de novos hábitos e comportamentos
alimentares, demonstrando a importância não apenas da família, mas a partir deste
momento, do ambiente escolar (BRASIL, 2012).
A fase escolar é aquela em que os hábitos e comportamentos começam a se
moldar de forma mais independente e a criança fica suscetível à diversas influências
em seus padrões alimentares. (ROSSI et al, 2019). Porém, mesmo com a
independência e os novos comportamentos alimentares adquiridos fora de casa, os
hábitos alimentares do ambiente familiar permanecem influenciando as práticas
alimentares dos escolares (BRASIL, 2012).
Basicamente, o estilo de vida de uma criança é determinado pelo grupo social
familiar ao qual ela pertence e compreende os hábitos diários da família em relação a
criança, como alimentação, horas de sono, períodos de lazer e de atividade física. A

51
qualidade de vida de uma criança depende diretamente do resgaste do brincar, e a do
adolescente, das ações típicas da juventude. Todas essas mudanças
comportamentais da sociedade atual interferem diretamente sobre a educação e o
crescimento saudável de uma criança, portanto, também de um jovem (ARENA,
2017).
Segundo Spinelli, et al. (2013), através de seu estudo que, entre as crianças
na fase escolar, o consumo de frutas e hortaliças é considerado inadequado e há um
aumento constante no consumo de ultraprocessados como biscoitos recheados,
refrigerantes, doces e salgadinhos. No ambiente escolar há um grande consumo de
alimentos com alta densidade energética e baixo valor nutricional e a oferta de
guloseimas, frituras e o acesso às máquinas ou locais de venda de alimentos e
bebidas no ambiente escolar demonstram-se associados positivamente à ocorrência
da obesidade (ROSSI, et al., 2019).
Algumas complicações como dificuldades alimentares ou transtornos podem
surgir em crianças durante estas duas fases da vida. Em crianças na fase escolar, as
prevalências de sobrepeso constituem uma condição nutricional em ascendência e
esta condição representa um reflexo das mudanças nos hábitos alimentares
(PEDRAZA, et al., 2017).

9.4 Adolescentes

Fonte: data:image/jpeg

52
A adolescência é um período de intensas mudanças, no qual os indivíduos
sofrem influências de condições socioeconômicas, hábitos familiares, valores e regras
sociais e culturais. Hábitos e conhecimentos adquiridos nesse período têm influência
sobre muitos aspectos da vida adulta relacionados à alimentação, saúde, preferências
e desenvolvimento psicossocial, entre outros. Assim, comportamentos alimentares
saudáveis durante a adolescência são fundamentais para uma vida produtiva e
reprodutiva saudável e para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis na
vida adulta (WHO, 2005).
O comportamento alimentar é um conjunto de ações relacionadas ao
alimento, que começa com a decisão, disponibilidade, modo de preparo, utensílios,
horários e divisão das refeições, e encerra com a ingestão. Alguns comportamentos
alimentares são considerados saudáveis, tais como realizar refeições com a família,
consumir café da manhã e ingerir a quantidade recomendada de água (MATIAS &
FIORE, 2010).
Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, o café da manhã é
uma das três principais refeições do dia (BRASIL, 2014). Comparada aos lanches, a
refeição matinal proporciona maior ingestão de vitaminas e minerais e menor ingestão
de gorduras e colesterol. Estudos sugerem relação positiva entre o consumo de café
da manhã e estilo de vida saudável (SUGIYAMA et al, 2012).
A realização de refeições em família é um importante aspecto do ambiente
familiar que influencia a promoção de comportamentos alimentares saudáveis na
adolescência e sua manutenção na fase adulta. Contribui para a redução das práticas
de alimentação pouco saudáveis, com influência positiva para o maior consumo de
frutas, vegetais e produtos lácteos e menor consumo de bebidas açucaradas. Embora
não exista consenso, há registros de que as refeições em família também contribuem
para a prevenção de obesidade. Resultados de meta-análise evidenciaram que
crianças e adolescentes com refeições regulares em família apresentavam menor
probabilidade de ter sobrepeso (HAMMONS & FIESE, 2011).
Estudos apontam que além de comportamentos alimentares saudáveis e
prevenção da obesidade, as refeições familiares podem contribuir para a redução da
violência, atividade sexual, problemas de saúde mental e autoagressão entre crianças
e adolescentes. Também promovem interações familiares positivas, incluindo maior
comunicação, socialização e transmissão de valores e cultura. A frequência de

53
refeições realizadas com os pais ou responsáveis obtida neste estudo (68,0%) é
similar à encontrada pela Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que
constatou que 62,6% dos adolescentes realizava pelo menos o almoço ou o jantar
com a mãe ou responsável. A associação desse comportamento com a variável sexo
também se mostrou semelhante aos resultados da PeNSE, que observou maior
prevalência desse hábito no sexo masculino, porém sem distinção entre alunos de
escolas públicas e privadas, diferentemente do verificado no presente estudo
(BARUFALDI et al, 2016).
A dieta dos adolescentes brasileiros caracteriza-se pela manutenção do
consumo de alimentos tradicionais, como arroz e feijão, e elevada prevalência de
consumo de bebidas açucaradas, como sucos e refrigerantes, e de alimentos
ultraprocessados. Esse perfil dietético acompanhou o consumo excessivo de ácidos
graxos saturados e açúcar livre, bem como a elevada prevalência de inadequação da
ingestão de micronutrientes como cálcio, vitaminas A e E. Além disso, mais de 80,0%
dos adolescentes apresentaram o consumo de sódio acima dos limites máximos
recomendados (BARUFALDI et al, 2016).

9.4.1 Influência do consumo alimentar e da prática de atividade física na prevalência do


sobrepeso/obesidade em adolescentes

No mundo, os adolescentes constituem aproximadamente 20% da população


total (CASTILHOS et al, 2015). No Brasil, segundo os dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (IBGE, 2011), no ano de 2010, a população total de
adolescentes era pouco mais de 34 milhões de indivíduos, representando cerca de
17% da população. Nesse sentido, é ressaltado que, nas últimas décadas, a
obesidade tem se apresentado como uma epidemia global na população jovem, sendo
considerada uma importante preocupação em saúde pública por causa,
principalmente, das comorbidades associadas a essa patologia (DUMITH et al, 2011).
Assim, a OMS define sobrepeso e obesidade como o acúmulo anormal de
gordura que representa risco à saúde. Dessa forma, sobrepeso e obesidade são
classificados em função da razão entre o peso e o quadrado da altura da pessoa
(Índice de Massa Corporal - IMC). É evidenciado que, com as crescentes inovações
tecnológicas, os adolescentes se dispõem a passar grande parte do seu tempo
diariamente usando aparelhos eletrônicos, como televisão, computador e celular,
tornando-se cada vez mais adeptos a esses modismos e culminando com
54
comportamento sedentário e desenvolvimento do sobrepeso/obesidade (BEZERRA et
al, 2013).
O comportamento sedentário e a inatividade física, associados a uma
alimentação não balanceada, com alto teor de gorduras e pobre em fibras e frutas,
geram sobrepeso e obesidade, condições que estão atingindo valores alarmantes em
todo o mundo (Costa et al, 20117). Como consequência desses hábitos inadequados,
no Brasil, aproximadamente 1/5 dos adolescentes está com excesso de peso
(COELHO & GUBERT, 2015). Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, estudo
realizado envolvendo 511 adolescentes encontrou prevalência de 27,4% de
sobrepeso/obesidade (SCHOMMER et al, 2014).
Em uma pesquisa que avaliou 383 estudantes em Cascavel, no Paraná, foram
observados 23% de sobrepeso/obesidade (CARNEIRO et al, 2017). No adolescente,
isso se torna um risco maior por desencadear, precocemente, complicações
metabólicas como dislipidemia, hipertensão arterial e outras comorbidades,
influenciando de forma negativa a qualidade de vida e a socialização dos jovens
(BRASIL, 2010).

9.5 Idoso

Fonte: data:image/jpeg

O envelhecimento populacional tem ocorrido de forma muito rápida e


progressiva, tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento (FILHO et al,
2011). No Brasil, em 1950 a população idosa era de 2,6 milhões, em 2010 passou

55
para 19,8 milhões e pode chegar a 67 milhões em 2050, correspondendo a
30% do número total de habitantes do país (UNITED NATIONS, 2015).
A partir dos dados citados verifica-se a necessidade de se conhecer
melhor o processo de envelhecimento, pois os estudos demonstram que na medida
em que as pessoas envelhecem se tornam menos ativas fisicamente, levando
a redução de sua independência funcional e qualidade de vida (BONSDORF
et al., 2011). Dessa forma, torna-se necessário identificar as características gerais
dos indivíduos idosos, bem como as condições de saúde, a alimentação e o estado
nutricional, visando promover uma intervenção adequada para garantir um
envelhecimento saudável (ARAÚJO et al, 2020).
O envelhecimento humano é um processo natural, dinâmico, progressivo e
irreversível, no qual ocorrem alterações fisiológicas, bioquímicas, comportamentais e
psicológicas (SILVA & BARATTO, 2015). E há vários programas educacionais para a
Terceira Idade, os quais têm adquirido papel relevante nesse momento da vida dos
indivíduos, ajudando-os a se estruturar para a aposentadoria, e para diversas
mudanças sociais (SABATINI et al., 2012).
Envelhecer pode refletir em exclusão social, pobreza, perda de autonomia,
baixa qualidade de vida e em escassez de cuidados à saúde. Porém para minimizar
os efeitos negativos do processo de envelhecimento, os idosos reconhecem a
importância de manter-se ativos. Os resultados indicam que os participantes dos
projetos são predominantemente moradores da área urbana, e que anseiam pelo
conhecimento, novas amizades, e assim referem melhora na qualidade de vida e bem-
estar, mesmo apresentando diminuição cognitiva, e doenças como a hipertensão e o
diabetes (ACIÓLE, OLIVEIRA & ALVARENGA, 2014).
A avaliação nutricional e anamnese alimentar na terceira idade permitem
diagnosticar carências e excessos alimentares, a fim de criar estratégias para atender
as demandas nutricionais. Com isso, a educação nutricional é fundamental para
orientação dos hábitos alimentares saudáveis durante todo o ciclo de vida. Contudo,
é necessário conhecer as condições gerais dos idosos, bem como as condições de
saúde, a alimentação e o estado nutricional, a fim de promover a intervenção
adequada, e garantir um envelhecimento saudável (SILVA & BARATTO, 2015).
A necessidade nutricional, além de levar em conta o sexo e a idade, deve
se ater na atividade física do idoso, de extrema importância nessa hora. Algumas

56
alterações no paladar, olfato, trato gastrintestinal deve ser considerado, pois afetarão
diretamente no hábito alimentar do idoso.
As necessidades energéticas vão diminuindo com o passar dos anos, a massa
muscular (consumidora de energia) diminui, a gordura corporal tende a aumentar
modificando assim a composição corporal do idoso. Limitações nos movimentos
também ocorrem, já que a flexibilidade diminui e o equilíbrio também fica
comprometido. O peso corporal deve ser controlado, pois se sabe que tanto a
obesidade como o baixo peso para idosos apresentam riscos iguais para
desenvolvimentos de patologias (MAHAN et al, 2005).

10 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO EM EXERCÍCIOS FÍSICOS E NO ESPORTE

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

A prática de atividade física em todas as idades, segundo a Organização


Mundial da Saúde traz benefícios significativos para a saúde, tais como: redução do
risco de doenças cardiovasculares, melhora no condicionamento muscular e
cardiorrespiratórios, prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e melhora
da qualidade de vida (OMS, 2014).
A alimentação pode limitar o desempenho do atleta. Então, para o
planejamento nutricional adequado, diversos fatores devem ser considerados. Dentre
alguns deles, a adequação energética, a distribuição de macronutrientes e o
fornecimento adequado de vitaminas e minerais. No planejamento alimentar, faz-se

57
necessário considerar que os atletas de alto rendimento, possuem um gasto
energético maior (SOUZA et al., 2016).
A alimentação saudável dos atletas de alto rendimento, tende a ser um ponto
de partida para melhores resultados e desempenho máximo. Essa categoria de
atletismo participa de determinadas competições que ocorrem em alguns períodos do
ano. Assim, nessas competições a alimentação é um fator importante para a
manutenção da energia e desempenho frente aos treinos / competições de ritmo
intenso (EDUARDO et al., 2016).
O gasto energético de atletas de alto rendimento se demostra elevado devido
às circunstâncias que contribuem para alterações em suas necessidades nutricionais.
Atletas de todos os níveis procuram aperfeiçoar seu treinamento e nutrição, pois
durante as provas estão sujeitos a desidratação, a depleção de carboidratos,
problemas gastrointestinais e hiponatremia, situações que pode reduzir a resistência
e ameaçam a saúde do atleta (PATROCINIO et al, 2017).
Um fator importante no esporte é que a alimentação adequada visa manter a
saúde, preservar a composição corporal, fornece nutrientes para as vias metabólicas
associadas às atividades físicas, armazenar energia na forma de glicogênio, retardar
a fadiga, promovendo assim a hipertrofia muscular, e quando necessário auxilia na
recuperação de lesões. No entanto, uma alimentação inadequada pode prejudicar o
desempenho atlético (BIESEK et al, 2015).
O recordatório alimentar 24h utilizado como instrumento para coleta de dados
sobre a ingestão alimentar de indivíduos, consiste em obter informações verbais sobre
a ingestão alimentar nas últimas 24 horas, com dados sobre alimentos e bebidas que
são consumidos ao longo do dia anterior. Este é um instrumento rápido, barato e de
fácil aplicação. No entanto, é dependente da memória do entrevistado, e o ideal é que
seja aplicado em mais de um momento, para equilibrar dados de ingestão alimentar
decorrentes de dias atípicos (LOPES et al, 2010).
Suplementos derivados de carboidratos
Os carboidratos são importantes para o sistema nervoso e ação poupadora
de proteínas. O uso de suplementação com carboidratos em atletas é interessante,
considerando-se a intensidade e duração do treino, perdas de fluidos temporais,
quedas dos níveis de glicose sanguínea e depleção das reservas de glicogênio
muscular (KEPPES et al, 2016).

58
Carboidratos são fundamentais tanto para o exercício físico quanto para o
desempenho do atleta. A limitação do estoque desse nutriente no corpo, limitando a
sua disponibilidade como substrato para o metabolismo, é um fator críticopara
exercícios de alta intensidade e exercícios prolongados (PASCHOAL et al, 2017).
O consumo insuficiente de carboidratos pode refletir na ingestão calórica
insuficiente, e quando se restringem as calorias, o organismo passa a utilizar a
proteína da dieta para atender a demanda energética, comprometendo a recuperação
e o ganho de massa muscular, efeito indesejável (SILVA, 2018). A recomendação
entre 5 a 8 gramas de carboidrato por quilo de peso corporal/dia, é sugerida para que
o musculo restabeleça seus estoques de glicogênio. Para atletas de atividades
intensas são recomendados de 8 a 10 gramas por quilo de peso corporal/dia (BIESEK
et al, 2015).
A ingestão de carboidratos pode variar em função da intensidade e duração
do exercício, além das diferenças individuais que devem ser sempre observadas na
prescrição dietética (MONTINI et al, 2017). Muitas pessoas expressam preocupação
com a forma física, e evitam os alimentos ricos em carboidratos, acreditando que estes
alimentos são responsáveis únicos pelo aumento de tecido adiposo. Porém, ingerir
calorias e nutrientes de forma inadequada fará a diferença no sucesso que obterão no
desempenho esportivo (KLEINER et al, 2016).
Neste estudo notou-se que apesar da pouca variedade de alimentos fontes
de carboidratos relatado no levantamento dos recordatório alimentares de 24 horas, a
maltodextrina teve uso indicado por 62% dos atletas entrevistados. Suplementos
derivados de proteína. A proteína é considerada um combustível importante para a
pratica de atividade física, dados indicam que a pratica regular de exercícios físico
pode aumentar as necessidades de proteínas e aminoácidos (PASCHOAL et al,
2017).
A ingestão de proteínas associada ao exercício físico repercute na síntese
muscular proteica, sendo necessário determinar tanto a resposta da síntese quanto
da degradação proteica, para uma melhor resposta a hipertrofia muscular
(PASCHOAL et al, 2017). Em relação à quantidade de proteínas que deve ser ingerida
por atletas, a recomendação de ingestão para atletas que estão iniciando um
programa de treinamento de força é de 1,7 a 1,8 g/kg/dia, em atletas de elite a
recomendação é de 1,6 a 2 g/kg/dia. A prescrição dietética, incluindo proteínas, para

59
atletas, praticantes de atividade física e público geral deve ser orientada por
profissional capacitado (SILVA, 2018).

60
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