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Ligas metálicas

1. Conceitos

Os metais são os elementos químicos capazes de conduzir a electricidade e o calor,


que apresentam um brilho característico e que, à excepção do mercúrio, são sólidos à
temperatura normal.

O termo “metal” (palavra oriunda do grego metalon) refere-se a uma das quatro


classificações propostas para os elementos químicos da Tabela Periódica (sendo as outras:
ametais, gases nobres e hidrogênio).

Os metais puros geralmente não apresentam todas as características necessárias para


serem aplicados na fabricação de produtos utilizados na sociedade. Por isso, surgiram as ligas
metálicas, que são misturas de dois ou mais metais ou de um metal com outra substância
simples por meio de aquecimento.

A extensão em que as proporções de cada constituinte podem ser variadas é limitada


e depende principalmente da miscibilidade dos elementos em questão no estado sólido. Em
certos casos a afinidade dos dois elementos é completa, levando a formação de uma única
fase para todo o intervalo de composição, como ocorre em ligas Ag-Au e Cu-Ni. Estas ligas são
chamadas monofásicas, e suas propriedades podem ser ligeiramente alteradas pela variação
da proporção dos elementos constituintes.

Em outros sistemas (a maioria dos que apresentam aplicação prática), a miscibilidade


dos elementos não é total, um deles admitindo apenas uma quantidade limitada do outro.
Nestes casos, uma vez ultrapassados o teor máximo possível do elemento adicionado (limite
de solubilidade sólida), uma fase adicional será formada, rica no elemento excedente. Ligas
deste tipo serão então formadas por duas ou mais fases (ligas polifásica), cada uma delas
apresentando caractéristicas cristalinas particulares.

Finalmente existem casos de imiscibilidade completa, onde não há formação de novas


fases, mas simples justaposição dos dois elementos. Um exemplo é o sistema Cu-Pb, no qual
o Chumbo fica concentrado em glóbulos dispersos na matriz de Cobre, originando um material
para usinagem e peças que trabalham sobre atrito.

As alterações estruturais originadas pela formação de ligas conduzem a importantes


modificações das propriedades originais do material, que encontram uma gama variada de
aplicações, algumas das quais passarão a ser descritas a seguir.

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2. Características das Ligas Metálicas

Ao contrário dos metais puros e isolados, as ligas metálicas possuem várias vantagens
e também uma ampla aplicação. Para entender melhor tudo isso, tenha em mente que os
metais puros normalmente não apresentam todas as qualidades necessárias para uma
determinada função, seja por serem muito duros ou moles ou até mesmo por se oxidarem com
facilidade.

Por outro lado, um dos grandes benefícios é que as ligas metálicas podem ser
preparadas com o objetivo de adquirir as propriedades desejadas para um metal, tornando-se
assim aptas para uma aplicação. 

Levando isso em consideração, as características das ligas metálicas dependem


diretamente de diversos aspectos, como: 

 Elementos que as constituem;


 Proporção de cada material utilizado;
 Estrutura Cristalina;
 Tamanho e arrumação dos Cristais;
 Tratamento pelas quais elas passarão;
 Condutividade elétrica e térmica;
 Resistência à corrosão;
 Brilho;
 Resistência mecânica;
 Temperatura de fusão.

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3. Tipos de Ligas Metálicas
De acordo com a composição química, as ligas metálicas podem ser subdivididas
em ligas ferrosas e ligas não-ferrosas.

3.1 Ligas Ferrosas:

São aquelas onde o ferro é constituinte principal. Essas ligas são importantes como
materiais de construção em engenharia. As ligas ferrosas são extremamente versáteis, no
sentido em que elas podem ser adaptadas para possuir uma ampla variedade de propriedades
mecânicas e físicas. A desvantagem dessas ligas é que elas são muito suscetíveis à corrosão.

As ligas ferrosas se dividem nas ligas de aço que são constituídas por ferro
e carbono e nas ligas de ferro fundido que são constituídas de silício e carbono, além é claro
do ferro.

3.1.1 Ligas de Aço:

Os aços ligas, conhecidos também como aços especiais, são ligas de ferro-carbono
que tem em sua composição a adição de outros elementos químicos.

A adição de outros elementos na fabricação de aços-liga tem o objetivo de melhorar as


propriedades físicas, químicas ou físico-químicas do aço, tornando-os melhores que os ferro-
carbono comuns. Segue abaixo alguns dos elementos que podem ser adicionados, e as
qualidades que eles conferem à liga:

-> Silício – produz dureza e resistência ao desgaste e corrosões por ácidos.


-> Manganês – aumenta a temperabilidade do aço.
-> Cromo – Além de também evitar a temperabilidade, o cromo evita o desgaste e confere
dureza.
-> Níquel – confere ao aço resistência ao impacto, ductilidade e dureza.
-> Boro – evita trincas e distorções durante o tratamento térmico, melhora a conformação
mecânica e a temperabilidade do aço.
-> Molibdênio – têm o sexto maior ponto de fusão, forma ligas estáveis e duras.
-> Chumbo – tem número atômico mais elevado, é maleável e é altamente resistente à
corrosão.
-> Vanádio – aumenta a ductilidade, estabiliza carbetos, além de aumentar a resistência do
aço.

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Classificação das Ligas de Aço:

Os aços ligas ou ligas de aço podem ser classificados de acordo com sua composição
química, estrutura e aplicação.

Quando classificados de acordo com sua composição química:

Os aços-liga que apresentam teor de elementos menor que 5% são considerados aços
de baixa liga. Quando os teores de elementos de liga estão entre 5% e 12% são considerados
aços de média liga. Aços de alta liga têm no mínimo 12% de soma de teores de elementos
adicionados.

Quando classificados de acordo com sua estrutura, os aços-liga podem dividir-se nos
seguintes subgrupos:

-> Perlíticos – possuem teores relativamente baixos (menores que 5%) de elementos de


liga.

-> Martensíticos – possuem teores de elementos maiores que 5%.

-> Austeníticos – possuem estrutura austenítica quando em temperatura ambiente.

-> Ferríticos – possuem altos teores de elementos de liga e baixos teores de carbono.

-> Carbíticos – possuem teor alto de carbono e de elementos que formam carboneto (Cr, W,
Mn, Ti, Nb e Zr)

Quando classificados de acordo com sua aplicação, os aços ligas podem vir em alguns
subgrupos. Vejamos alguns deles:

-> Aços para fundição – apresentam resistência, ductilidade e tenacidade. Eles também


têm boa usinabilidade e adequada soldabilidade. Podem receber tratamentos térmicos de
tempera.

-> Aços estruturais – são resistentes à tração, possuem ductilidade e soldabilidade.

-> Aços para produtos planos – apresentam deformabilidade e soldabilidade.

-> Aços para tubos – também apresentam deformabilidade e soldabilidade.

-> Aços para molas – possuem elevado limite elástico.

-> Aços para cementação – geralmente os aços para cementação têm teores baixos de
carbono e de outros elementos de liga, portanto podem ser enriquecidos superficialmente.

-> Aços para ferramentas e matrizes – são duros e tenazes. Possuem resistência


mecânica e ductilidade.

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-> Aços inoxidáveis – muito resistentes à corrosão. Possuem elevados teores de
cromo.

-> Aços refratários – são resistentes à oxidação pelo calor, e mantêm suas


propriedades mecânicas mesmo em temperaturas elevadas.

-> Aços para fins magnéticos – quando temperados, esses aços possuem


características de imantação permanente.

-> Aços ultra resistentes: muito utilizados na aeronáutica, possuem alta relação de


resistência/peso. São feitos através de um tratamento de endurecimento.

-> Aços criogênicos – apresentam resistência em temperaturas extremamente baixas.

3.1.2 Ligas de Ferro fundido

O ferro fundido é uma liga de ferro em mistura eutética com elementos à base


de carbono e silício. Forma uma liga metálica de ferro, carbono (a partir de 2,11% a
6,67%), silício (entre 1 e 4%), podendo conter outros elementos químicos. Sua diferença para
o aço é que este também é uma liga metálica formada essencialmente por ferro e carbono,
mas com percentagens entre 0,008 e 2,11%.

Os ferros fundidos dividem-se em três tipos principais: branco, cinzento e nodular.

Ferro fundido Cinzento:

Entre os ferros fundidos, o cinzento é o mais comum, devido às suas características


como baixo custo (em geral é fabricado a partir de sucata); elevada usinabilidade, devida à
presença de grafita livre em sua microestrutura; Alta fluidez na fundição, permitindo a fundição
de peças com paredes finas e complexas; e facilidade de fabricação, já que não exige
equipamentos complexos para controle de fusão e solidificação.
Este tipo de material é utilizado em larga escala pela indústria de máquinas e
equipamentos, indústria automobilística, ferroviária, naval e outras. A presença de veios de
tipos de matriz metálica (variações nos teores de perlita e cementita). Podem ser submetidos
a tratamentos térmicos para endurecimento localizado, porém, em geral, são utilizados
principalmente no estado bruto de fundição, podendo ainda ser normalizado ou recozido, por
tratamento térmico.
Ferro fundido Branco:

Formado por uma taxa de resfriamento mais alta, o ferro fundido branco é menos
comum que o ferro fundido cinzento, o branco é utilizado em peças em que se necessite
elevada resistência à abrasão, alta dureza e baixa ductilidade.
Este tipo de ferro fundido não possui grafita livre em sua microestrutura. Neste caso o
carbono encontra-se combinado com o ferro (em forma de cementita), resultando em elevada
dureza e elevada resistência a abrasão. Praticamente não pode ser usinado. A peça deve ser
fundida diretamente em suas formas finais ou muito próximo delas, a fim de que possa ser
usinada por processos de abrasão com pouca remoção de material. É utilizado na fabricação
de equipamentos para a moagem de minérios, pás de escavadeiras e outros componentes
similares.
O ferro fundido branco divide-se em hipoeutéticos, eutéticos e hipereutéticos, de
acordo com a porcentagem de carbono equivalente.

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Ferro fundido Nodular:
O ferro fundido nodular é uma classe de ferro fundido onde o carbono (grafite) junto
com cementita e outros que permanece livre na matriz metálica, porém em forma solida e de
visualidade circular. Este formato do grafite faz com que a ductilidade seja superior, conferindo
aos materiais características que o aproximam do aço. A presença das esferas ou nódulos de
grafite mantém as características de boa usinabilidade e razoável estabilidade dimensional.
Seu custo é ligeiramente maior quando comparado ao ferro fundido cinzento, devido às
estreitas faixas de composição químicas utilizadas para este material.
O ferro fundido nodular é utilizado na indústria para a confecção de peças que
necessitem de maior resistência a impacto em relação aos ferros fundidos cinzentos, além de
maior resistência à tração e resistência ao escoamento, característica que os ferros fundidos
cinzentos comuns não possuem à temperatura ambiente.

Propriedades mecânicas dos nodulares: boa resistência mecânica à tração,


boa ductilidade e resiliência, boa resistência à compressão.

3.2 Ligas não Ferrosas

As ligas não ferrosas são aquelas que não têm em seu metal composição de ferro.
Portanto, ela não consiste em nenhum dos tipos de aço, e sua base principal pode ser a de
qualquer outro elemento metálico; como alumínio, prata, cobre, berílio, magnésio, titânio, etc.

Ao contrário dos aços densos, ideais para o suporte metálico de edifícios e cabos de
pontes, as ligas ferrosas são geralmente mais leves e resistentes à corrosão. Portanto, o
número de aplicações aumenta exponencialmente, cada uma exigindo um tipo específico de
liga, com uma composição exata de metal.

Usadas em geral para:

 Resistência à corrosão
 Resistência ao desgaste
 Condução elétrica
 Peso reduzido (algumas)
 Resistência a altas temperaturas (outras)
 Boas resistência e rigidez específicas

As principais representantes desse time são: cobre, zinco, bronze, alumínio e


magnésio.

 Ligas de Cobre:

O cobre é normalmente usado em sua forma pura, mas também pode ser combinado
com outros metais para produzir uma enorme variedade de ligas. Cada elemento adicionado
ao cobre permite obter ligas com diferentes características tais como: maior dureza,
resistência a corrosão, resistência mecânica, usinabilidade ou até para obter uma cor especial
para combinar com certas aplicações.

o Cobre e Zinco:
Esta combinação pertence ao grupo dos latões e o conteúdo de zinco varia de 5% a
45%. Esta liga é utilizada em moedas, medalhas, bijuterias, radiadores de automóvel,
ferragens, cartuchos, diversos componentes estampados e conformados etc.

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o Cobre e Estanho:
A combinação destes metais forma o grupo dos bronzes e o conteúdo de estanho pode
chegar a 20%. É utilizado em tubos flexíveis, torneiras, varetas de soldagem, válvulas, buchas,
engrenagens etc.

o Cobre e Alumínio (III):


Esta liga normalmente contém mais de 10% de alumínio. É utilizada em peças para
embarcações, trocadores de calor, evaporadores, soluções ácidas ou salinas etc.

 Bronze:

Bronze (do persa biring, cobre) é uma série de ligas metálicas que tem como base o cobre e


o estanho e outros elementos como zinco, alumínio, antimônio, níquel, fósforo, chumbo entre
outros com o objetivo de obter características superiores às do cobre.

O processo de fabricação consiste em misturar um mineral de cobre (calcopirita, malaquita ou


outro) com o estanho (cassiterita) em um alto-forno alimentado com carbono (carvão
vegetal ou coque). O anidrido carbônico reduz os minerais a metais, o cobre e estanho se
fundem e se ligam a percentual de estanho de 2 a 11%.

 Ligas de Magnésio:

As ligas de magnésio possuem boas características de resistência mecânica, módulo


de elasticidade e baixa densidade ( 1,7 g/cm3 ), além de uma baixa relação
resistência/densidade. Estas propriedades dão ao magnésio uma vasta utilização em
aplicações estruturais. O magnésio possui, também, boas condutibilidades elétrica e térmica, e
absorção às vibrações elásticas.

Seu ponto de fusão é baixo, em torno de 650 °C. Tem boa usinabilidade e pode ser
forjado, extrudado, laminado e fundido. Sua estrutra cristalina é hexagonal compacta. O
magnésio possui boa resistência à corrosão em atmosferas pouco agressivas, mas é
susceptível à corrosão em meios marinhos.

Propriedades:

 Alta resistência específica


 Baixa ductilidade
 Baixo ponto de fusão
 Boa maquinabilidade alta velocidade
 Soldável •
 Boa resistência à corrosão
 Boa resistência à fadiga
 Alta resistência ao impacto
 Inflamável – cuidado na maquinação

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Magnox (liga) , cujo nome é uma abreviatura de "magnésio não oxidante", é 99%
magnésio e 1% alumínio, e é usado no revestimento de barras de combustível em reatores
nucleares magnox .

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3.3 Propriedades

As propriedades das ligas não ferrosas são muito diversas. Para os aços, não é muito
difícil generalizar, pois exibem uma sinergia das propriedades do ferro com as do ferro-
carbono, Fe-C. Por outro lado, as propriedades das ligas não ferrosas dependem
principalmente da base metálica.

Por exemplo, se as ligas são feitas de alumínio ou magnésio, ambos metais leves,
espera-se que sejam leves. Se o titânio, um metal mais denso, for misturado com qualquer
outro metal leve, a liga resultante deve ser um pouco mais leve e mais flexível.

Se se sabe que cobre e ouro são bons condutores de calor e eletricidade, suas ligas
devem oferecer materiais mais baratos, menos macios e mais resistentes ao trabalho mecânico
e à corrosão.

Se todas as propriedades e características puderem ser generalizadas, esse tipo de


liga teria que ser: menos denso, mecanicamente mais resistente em relação ao seu peso, mais
inerte à oxidação causada pelo ambiente, deformável, altamente condutor de calor e
eletricidade. Caso contrário, há muitas exceções.

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Aplicações das Ligas Metálicas

As ligas metálicas são de grande importância para o setor industrial metalúrgico, tendo


ampla utilização em caldeirarias, ferramentarias e usinagens. 

Por terem propriedades alteradas e aprimoradas, quando comparadas aos metais


puros, as ligas metálicas podem ser utilizadas além da indústria, com inúmeras outras
finalidades.

Tratando primeiramente das ligas metálicas ferrosas, tem-se o exemplo do aço e do


aço inoxidável. O aço, por suas propriedades já tratadas, pode ser utilizado
em panelas, caldeiras, palhas de aço, mesas, portões, rodas de automóveis, pontes, entre
outros. O aço inoxidável, que possui menos chance de oxidar, pode constituir, por exemplo,
talheres e utensílios de cozinha, peças de carro, brocas e equipamentos de construção civil, e
itens de decoração.

Para as ligas metálicas não-ferrosas, são trazidos como exemplos o latão e a


amálgama. O latão, por ser bastante flexível, pode ser usado para a produção de instrumentos
musicais de sopro, peças de máquinas, tubos, armas e torneiras. A amálgama, por sua vez,
possui propriedades que possibilitam seu uso na área odontológica, sendo uma liga
predominante nas obturações dentárias.

 Ligas de Magnésio

As ligas de magnésio são largamente utilizadas na indústria aeronáutica em


componentes de motores, na fuselagem e em trens de aterrisagem, por exemplo.   Encontra
aplicação, também, na indústria automobilística (caixas de engrenagem, rodas, colunas de
direção), indústria bélica (mísseis) e em alguns componentes eletro-eletrônicos.

 50% - elemento de liga no Alumínio


 21% - Ligas de Magnésio
 12% - desulfurante e desoxidante
 Quase todas de peças fundidas
 Blocos de motor, volantes, apoios de assento, coluna de direcção
 Raquetes, patins, tacos de golf, bastões de baseball, bicicletas
 Componentes vários de aviação • Ânodo de sacrifício de navios

 Ligas de Alumínio
 Construção civil e arquitectura
 Embalagens e contentores
 Aeronáutica e aeroespacial
 Indústrias automóvel, ferroviária e naval
 Condutores electricos alta voltagem
 Utensílios de cozinha • Ferramentas portáteis

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 Ligas de Cobre:
 70-80% de uso no estado puro
 Coloração boa para arquitectura, decoração e joalharia
 A boa resistência à corrosão leva a aplicações na indústria naval
 Ligas de Niquel

 Usado na indústria química e alimentar

 Revestimento de chapa de aço

 Aplicações requerendo elevada resistência à fluência e corrosão a altas


temperaturas

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