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ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

E NEONATAL

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Meu nome é Laís Fumincelli. Sou enfermeira graduada pela Escola


de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(EERP-USP) e doutora pelo Programa de Enfermagem Fundamental
da mesma instituição. Atuei como enfermeira no Hospital Escola
Municipal – Prof. Dr. Horácio Carlos Panepucci (Enfermaria e Pronto
Atendimento Pediátrico) e no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto – USP (Enfermaria Pediátrica e CTI
Pediátrico).
Laís Fumincelli

ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
E NEONATAL

Batatais
Claretiano
2019
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição
na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito
do autor e da Ação Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera
• Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins
• Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo •
Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio
Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia
Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires
Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote
Cardoso

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

610.7362 F976e

Fumincelli, Laís
Enfermagem pediátrica e neonatal / Laís Fumincelli – Batatais, SP : Claretiano, 2019.
130 p.

ISBN: 978-85-8377-576-8

1. Enfermagem pediátrica. 2. Recém-nascido. 3. Criança. 4. Adolescente. 5. Cuidados


hospitalares. I. Enfermagem pediátrica e neonatal.

CDD 610.7362

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Enfermagem Pediátrica e Neonatal
Versão: fev./2019
Formato: 15x21 cm
Páginas: 130 páginas
SUMÁRIO

CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 12
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 16
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 17
5. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 18

Unidade 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO,


CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 21
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 22
2.1. ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE PEDIÁTRICA HOSPITALAR...................... 22
2.2. CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO............................ 25
2.3. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE.......... 32
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 53
3.1. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
PEDIATRIA.................................................................................................. 54
3.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA NEONATAL............................................................. 56
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 59
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 60
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 61
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 63

Unidade 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM


PEDIATRIA
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 67
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 68
2.1. BRINQUEDO TERAPÊUTICO..................................................................... 68
2.2. CUIDADO DA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE SAÚDE:
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO..................................................................... 76
2.3. ASSISTÊNCIA À DOR EM PEDIATRIA....................................................... 80
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 83
3.1. SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM
PEDIATRIA.................................................................................................. 83
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 86
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 88
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 89
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 90

Unidade 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM


SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 93
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 95
2.1. SITUAÇÕES DE RISCO E VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA................................. 96
2.2. VULNERABILIDADE SOCIAL, INFÂNCIA E A REDE DE ATENÇÃO À
SAÚDE........................................................................................................ 98
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 102
3.1. PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA........ 102
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 104
5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 106
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 106
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 107

Unidade 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE


URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 111
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 112
2.1. DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA..................................................................... 113
2.2. CHOQUE OU INSUFICIÊNCIA CARDÍACA................................................ 115
2.3. TRAUMA.................................................................................................... 117
2.4. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)................................................. 118
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 124
3.1. SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.............................................. 124
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 126
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 127
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 129
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 129
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Cuidados de Enfermagem ao recém-nascido, à criança e ao adolescente na
família e em instituições de ensino e atenção à saúde. Aspectos de estrutura,
organização e funcionamento das unidades de atendimento à criança. Medi-
das para proteção da criança e controle de infecções nas unidades de interna-
ção neonatal e pediátrica. A recreação em unidades de internação pediátrica.
A alimentação da criança hospitalizada. Cuidados de Enfermagem ao recém-
nascido, à criança e ao adolescente nas situações de agravo à saúde.

Bibliografia Básica
FONSECA, A. S. Enfermagem Pediátrica. 1. ed. São Paulo: Martinari, 2013.
HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem
Pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
LOPEZ, F. A.; CAMPOS JR., D. C. (Orgs.). Tratado de Pediatria. 2. ed. Barueri: Manole,
2010. 2v.

Bibliografia Complementar
ALMEIDA, F. A. A; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o
adolescente e sua família no hospital. 1. ed. Manole: São Paulo, 2008.
BOWDEN, V. R. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os
profissionais de saúde. Volume 1: Cuidados gerais. 2. ed. atual. Brasília: Ministério da
Saúde, 2014.

7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

ELSEN, I.; SOUZA, A. J.; MARCON, S. Enfermagem à família: dimensões e perspectivas.


Maringá: Eduem, 2011.
FUJIMORI, E.; OHARA, C. V. S. Enfermagem e a saúde da criança na atenção básica.
Barueri: Manole, 2009.

É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.

8 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Prezado aluno(a), seja bem-vindo(a)!
Iniciaremos o estudo de Enfermagem Pediátrica e Neona-
tal, por meio do qual você obterá as informações necessárias
para o embasamento teórico da sua futura profissão e para as
atividades que serão desenvolvidas.
Procuramos elaborar um conteúdo capaz de proporcionar fun-
damentos para o posicionamento humanista, ético e crítico-reflexivo
de um futuro enfermeiro comprometido com a assistência à saúde
do recém-nascido, da criança e do adolescente, com foco no cuidado
centrado na família, em especial no ambiente hospitalar.
Em uma situação de agravo à saúde, em que a hospital-
ização se faz necessária, é importante que o enfermeiro esteja
apto a avaliar o desenvolvimento da criança e planejar adequa-
damente a abordagem e a assistência, bem como utilizar recur-
sos que atendam às necessidades biopsicossociais e minimizem
os efeitos danosos desse período de internação para a criança.
Nesse sentido, é indispensável compreender as peculiari-
dades de cada etapa da infância, assim como identificar e ofe-
recer condições socioambientais favoráveis ao seu crescimento
e desenvolvimento, mesmo durante um período de hospitaliza-
ção. Por essa razão, o conhecimento sobre o crescimento e de-
senvolvimento infantil é essencial para todos os profissionais da
saúde que lidam com crianças.
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
estabelece que o termo "criança" indica indivíduos na faixa
etária de zero a 12 anos incompletos, enquanto "adolescente"
compreende os de 12 a 18 anos completos. A Política Nacional
de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) – Portaria nº

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 9


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1.130/2015 –, por sua vez, considera a criança como o indivíduo


na faixa etária de zero a nove anos e a primeira infância com-
preendendo de zero a cinco anos. Neste estudo, vamos consid-
erar os seguintes estágios de crescimento e desenvolvimento:
recém-nascido (do nascimento a 30 dias de vida), lactente (de
30 dias a um ano de idade), infante/toddler (de um a três anos),
pré-escolar (de três a cinco anos), escolar (de seis a 12 anos) e
adolescente (de 12 a 18 anos).
Vale ressaltar que a atenção à saúde da criança e do ado-
lescente no país está se transformando em função de influências
do período histórico, de mudanças nos perfis epidemiológicos e
demográficos da população, de avanços no conhecimento técni-
co-científico, de maior participação de pais/responsáveis e famí-
lia nos cuidados de saúde e de envolvimento de vários agentes e
segmentos da sociedade.
Conforme relatório do Fundo das Nações Unidas para a
Infância – Unicef (2015), nestes últimos anos, a proporção de
crianças e adolescentes em relação à população brasileira vem
diminuindo em razão da tendência de envelhecimento do país.
Atualmente, o Brasil possui aproximadamente 60 milhões de cri-
anças e adolescentes entre zero e 19 anos. Conforme o Censo
Demográfico de 2010, de 1991 a 2010, a parcela de cidadãos de
até 19 anos caiu de 45% para 33%. Essa transformação demográ-
fica encontra explicações na redução de duas taxas importantes:
a de fecundidade e a de mortalidade.
O modelo de atenção à saúde centrado na criança e em
sua família é abordado no decorrer das quatro unidades. A im-
portância do crescimento e do desenvolvimento, das reações
psicossociais na infância e adolescência, da interação com o
meio ambiente em que cresce e se desenvolve a criança, da ne-

10 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

cessidade de educar, de compreender o impacto emocional da


doença e da hospitalização na criança, no adolescente e na famí-
lia são aspectos extremamente relevantes no cuidado em saúde
e, em especial, na assistência de Enfermagem.
A equipe de saúde em uma unidade de internação pedi-
átrica busca oferecer uma assistência atraumática, ou cuidado
sem trauma. Trata-se de uma filosofia do cuidado terapêutico
que utiliza intervenções que minimizam o desconforto físico, psi-
cológico, emocional e cultural que as crianças e seus familiares
experimentam no sistema de atenção à saúde. Tais intervenções
variam conforme a faixa etária, com abordagens psicológicas es-
pecíficas, como a preparação das crianças para os procedimen-
tos e para as intervenções físicas, até a provisão de espaço para
o universo da criança, como brinquedoteca.
Entre os cuidados realizados pela equipe de Enfermagem,
coordenada pelo enfermeiro, é possível citar: medidas para fa-
cilitar o relacionamento entre pais e filhos; preparação prévia da
criança para qualquer tratamento e procedimento; controle da
dor; garantia de privacidade da criança; oferecimento de ativi-
dades lúdicas para que ela possa expressar seus medos e sua
agressividade; minimização da perda de controle; e respeito às
diferenças individuais, familiares e culturais.
A doença e a hospitalização constituem as primeiras crises
com as quais as crianças e suas famílias se deparam. Trata-se de
uma situação crítica para qualquer indivíduo, com maior rele-
vância e impacto na vida da criança, uma vez que acarreta mu-
danças de vida para toda a família.
Na Unidade 1, trabalharemos a estrutura e a organização
de uma unidade hospitalar pediátrica. Desse modo, poderemos
prosseguir na discussão e nos estudos sobre os aspectos relacio-

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

nados aos cuidados de Enfermagem a recém-nascidos, crianças e


adolescentes, considerando uma assistência em saúde centrada na
família que seja de qualidade e garanta a segurança da criança e dos
familiares, bem como a humanização e os aspectos éticos e legais.
Nesse sentido, inserimos as demais unidades de estudo
com pontos específicos do cuidado em saúde e assistência de
Enfermagem, tais como situações de vulnerabilidade e urgência
e emergência infantojuvenil. A assistência à saúde da criança ain-
da se encontra em processo de construção, juntamente com a
assistência à saúde em geral, do modelo centrado na patologia e
na criança para um modelo de construção de redes e inclusão da
família no cuidado integral.
Vamos iniciar esse desafio? Convidamos você a percorrer
as unidades de estudo, sem esquecer-se da grande responsabi-
lidade que terá de agora em diante ao trabalhar os cuidados de
Enfermagem pediátrica e neonatal.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados.
1) Acidente: evento causador de injúria não intencional,
ocorrido por acaso ou oriundo de causas desconheci-
das ou por um acontecimento desastroso em razão de
falta de cuidado, atenção ou ignorância.
2) Avaliação de Enfermagem: a avaliação envolve o exa-
me de todas as outras etapas do processo de Enfer-
magem. A avaliação crítica é chave para a excelência

12 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

na Enfermagem, ou seja, é necessária uma avaliação


cuidadosa, deliberada, dos vários aspectos para que o
paciente receba um plano de cuidado individualizado,
qualificado e eficaz.
3) Choque ou insuficiência cardíaca: transferência ina-
dequada de oxigênio e nutrientes para atender às de-
mandas metabólicas dos tecidos, com consequências
fisiológicas de hipotensão, hipóxia do tecido e acidose
metabólica.
4) Coleta de dados: processo permanente, iniciado na
admissão do paciente e que continua até a alta. No
primeiro momento, coletam-se as informações sobre o
estado de saúde do paciente por meio de pessoas sig-
nificativas (familiares, profissionais de saúde, entre ou-
tros), registros clínicos anteriores, entrevista e exame
físico. Em seguida, identificam-se os dados significati-
vos e as partes relacionadas das informações obtidas
são agrupadas para ajudar a identificar e decidir como
estabelecer as prioridades conforme as necessidades
básicas do indivíduo.
5) Crescimento infantil: consiste no aumento de massa
corporal e nas modificações quantitativas decorren-
tes de hipertrofia e hiperplasia celular, podendo ser
mensurável.
6) Crianças com necessidade especiais de saúde: pacien-
tes que necessitam de cuidados especiais no domicí-
lio, além daqueles oferecidos a crianças e adolescentes
em desenvolvimento.
7) Cuidado centrado na família: cuidado que reconhe-
ce a família como uma constante na vida da criança,

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 13


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

devendo os profissionais de saúde apoiar, respeitar e


encorajar, potencializando a sua força e competência,
desenvolvendo uma parceria com os pais.
8) Desenvolvimento infantil: processo de aquisição de
novas funções, que leva a modificações qualitativas e
graduais e à expansão nas atividades do indivíduo.
9) Diagnósticos de Enfermagem: diagnóstico em que são
identificadas as necessidades básicas afetadas e o grau
de dependência do paciente em relação à Enferma-
gem para o seu atendimento.
10) Disfunção respiratória: trata-se de uma dificuldade
respiratória caracterizada por sinais de aumento do
trabalho respiratório, incluindo taquipneia, batimento
de asa nasal, uso de musculatura acessória da respira-
ção e retrações inspiratórias.
11) Família: grupo social que consiste de pais ou pais subs-
titutos e crianças.
12) Hospitalização: unidade destinada à acomodação e à
assistência de pacientes internados, pacientes que ne-
cessitam de assistência direta programada por período
superior a 24 horas.
13) Implementação de Enfermagem: prescrição de Enfer-
magem posta em ação, ou seja, o processo de colocar o
plano de cuidados em prática e avaliar seus resultados.
14) Neonatologia: subespecialidade de Pediatria, voltada
para a criança recém-nascida.
15) Pediatria: especialidade médica voltada à manutenção
da saúde e à oferta de cuidados médicos às crianças,
desde o nascimento até a adolescência.

14 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

16) Parada cardiorrespiratória: quadro de desconforto


respiratório e suas consequências imediatas, a falên-
cia respiratória e o estado de choque compensado ou
trauma acentuado.
17) Planejamento de Enfermagem: processo de atender
às prioridades urgentes, esclarecer as metas e os re-
sultados esperados, decidir sobre os problemas que
devem ser registrados, determinar as intervenções de
Enfermagem individualizadas e garantir que o plano
seja adequadamente registrado.
18) Pré-operatório imediato: período que compreende as
24 horas imediatamente anteriores à cirurgia.
19) Período transoperatório: período que compreende
desde o momento em que o paciente é recebido na
unidade de centro-cirúrgico até sua saída da sala de
operações.
20) Período intra-operatório: período que compreende
do início ao término do procedimento anestésico-ci-
rúrgico, incluído no período transoperatório.
21) Período pós-operatório imediato: período que com-
preende as primeiras 24 horas após o procedimento
anestésico-cirúrgico, incluindo o tempo de permanên-
cia na sala de recuperação pós-anestésica.
22) Período pós-operatório imediato: período iniciado
após as primeiras 24 horas e comumente descrito
como primeiro, segundo, terceiro, e assim sucessiva-
mente, dias de pós-operatório (por exemplo, 1º PO).
23) Período pós-operatório tardio: período que varia de
acordo com o tipo e a complexidade da cirurgia, po-

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 15


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

dendo compreender desde 15 dias até cerca de um


ano após o procedimento anestésico-cirúrgico.
24) Segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitá-
vel, do risco de um dano desnecessário associado ao
cuidado de saúde.
25) Serviços de saúde da criança: serviços organizados
para proporcionar assistência integral à saúde da crian-
ça, abrangendo seus aspectos físico, psíquico e social.
26) Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE):
atividade privativa do enfermeiro, o qual, por um mé-
todo e uma estratégia de trabalho científico, realiza a
identificação das situações de saúde/doença, subsi-
diando a prescrição e a implementação das ações de
assistência de Enfermagem, que possam contribuir
para a promoção, prevenção, recuperação e reabilita-
ção em saúde do indivíduo, da família e da comunida-
de. A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer
o paciente como indivíduo, utilizando para isso seus
conhecimentos e habilidades, além de orientação e
treinamento da equipe de Enfermagem para a imple-
mentação das ações sistematizadas.
27) Trauma cranioencefálico (TCE): processo patológico
que, em decorrência de uma força mecânica, atinge
crânio, meninges ou cérebro.

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.

16 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Figura 1 Esquema de conceitos-chave de Enfermagem Pediátrica e Neonatal.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, F. A. A.; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o
adolescente e sua família no hospital. 1. ed. Manole: São Paulo, 2008.
ARAÚJO, J. P. et al. História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas.
Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 67, n. 6, p. 1000-1007, nov./dez. 2014.
ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 17


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério
da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, n. 33).
HOCKENBERRY, J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem Pediátrica.
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.

5. E-REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, G. L. A.; MELLO, D. F. Atenção à saúde da criança no Brasil: aspectos da
vulnerabilidade programática e dos direitos humanos. Rev. Latino-Am. Enfermagem,
v. 15, n. 6, p. 1171-1176, nov./dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rlae/v15n6/pt_17.pdf>. Acesso em: 4 out. 2018.
UNICEF – FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. ECA 25 anos: Estatuto da
Criança e do Adolescente. Avanços e desafios para a infância e a adolescência no Brasil.
Unicef, 2015. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/ECA25anosUNICEF.
pdf>. Acesso em: 3 out. 2018.

18 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 1
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A
RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA
E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR

Objetivos
• Compreender a organização das unidades hospitalares pediátricas.
• Definir e compreender a assistência de Enfermagem a recém-nascido,
criança e adolescente.
• Integrar e aplicar conhecimentos teóricos ao contexto da criança e da famí-
lia na experiência da doença, utilizando o raciocínio clínico.
• Identificar e analisar as ações de Enfermagem nas principais situações clí-
nicas e cirúrgicas em Pediatria.

Conteúdos
• Aspectos relacionados à hospitalização de crianças e adolescentes.
• Estrutura e organização das unidades hospitalares pediátricas.
• Assistência de Enfermagem a recém-nascido, criança e adolescente.
• Principais implicações da hospitalização nas faixas etárias infantojuvenis.
• Principais intercorrências clínicas e cirúrgicas e os respectivos cuidados de
Enfermagem.
• Sistematização da assistência de Enfermagem em Pediatria.

19
Orientações para o estudo da unidade
Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus-


que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi-
nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen-
to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e a
sua prática profissional.

2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo


Digital Integrador.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo, você está
preparado? Nesta unidade, abordaremos a composição e o di-
mensionamento de uma unidade de internação pediátrica e sua
equipe.
A infância é marcada por etapas com diversas mudanças fí-
sicas, emocionais, cognitivas e espirituais; trata-se de um proces-
so dinâmico que abrange diversas dimensões inter-relacionadas.
Nesse sentido, a família torna-se célula fundamental na manuten-
ção dos cuidados em saúde da criança. A Enfermagem deve atuar
junto aos familiares da criança, uma vez que a necessidade de
uma hospitalização interfere diretamente no cotidiano de recém-
-nascidos, crianças, adolescentes e de suas famílias. Salienta-se a
importância da atuação do enfermeiro junto à família para a trans-
formação da realidade para além do âmbito hospitalar, com uma
assistência em saúde de qualidade, eficaz e segura.
É importante que você observe como a equipe de Enfer-
magem Pediátrica trabalha na proteção e promoção da paren-
talidade desde o período gestacional, parto, puerpério e até a
adolescência, com muita atenção ao crescimento e ao desenvol-
vimento físico, psicológico e emocional de toda a sua vida. Essas
características conferem oportunidade para que se reconheçam
as modificações próprias desses períodos da vida e os potenciais
agravos e riscos à saúde, garantindo que pais e profissionais de
saúde atuem e invistam em ações de promoção e prevenção à
saúde integral da criança.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 21


UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú-
do Digital Integrador.

2.1. ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE PEDIÁTRICA HOSPITALAR

Na maioria das vezes, o processo de hospitalização torna-


-se uma situação perturbadora para a criança e sua família, prin-
cipalmente nos primeiros anos de vida, uma vez que inclui uma
série de fatores, como o declínio da condição atual de saúde e o
afastamento do contexto familiar e social. Tal fato ganha maiores
proporções, pois as crianças possuem um número limitado de
mecanismos de enfrentamento para resolver os estressores de
uma internação (GOMES et al., 2014; WEGNER et al., 2017).
Os principais estressores incluem a ansiedade causada
pela separação do ambiente familiar e dos pais/responsáveis, a
perda de controle, a lesão corporal e a dor. Nesse contexto, a uni-
dade pediátrica hospitalar é um local que busca a integração de
saberes e ações dos diferentes profissionais de saúde, compon-
do um corpo de conhecimento amplo e transdisciplinar. O prin-
cipal objetivo é garantir o cuidado integral de saúde ao recém-
-nascido, à criança, ao adolescente e à sua família por meio de
humanização, ética, respeito e segurança na assistência prestada
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O enfermeiro que opta pelo cuidar em Pediatria deve bus-
car e aprimorar sua compreensão do fenômeno e do relacio-
namento entre recém-nascido, criança, adolescente, família e

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HOSPITALAR

comunidade. Deve apoiar, proteger e fortalecer o vínculo entre


paciente, família e equipe durante a hospitalização, para o bem-
-estar psicoemocional da criança no processo de saúde-doença
(ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
A Resolução da Diretoria Colegiada 50 (RDC/50) define
hospitalização como "unidade destinada à acomodação e à assis-
tência do paciente internado, pacientes que necessitam de assis-
tência direta programada por período superior a 24 horas" (AN-
VISA, 2002). A internação pediátrica compreende um ambiente
mais complexo, uma vez que a criança é um ser de brincadeiras,
descobertas e está em constante crescimento e desenvolvimen-
to físico, emocional, intelectual, cultural e social.
A unidade de internação pediátrica é estabelecida confor-
me as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-
visa) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A
unidade compõe parte do prédio hospitalar, próxima da Unidade
de Terapia Intensiva Pediátrica, do Centro Cirúrgico e com acesso
aos serviços de farmácia, laboratório, nutrição, radiologia e, tam-
bém, aos elevadores de transporte (FONSECA, 2013).
Conforme os parâmetros estabelecidos pela Anvisa (2002),
a unidade de internação pediátrica deve conter os seguintes am-
bientes: posto de enfermagem, área de prescrição médica, sala
de exames e curativos, enfermaria de lactente (15% dos leitos da
unidade), quarto e enfermaria de adolescente, área de recrea-
ção, ala de lazer, refeitório, área e antecâmara de acesso ao quar-
to de isolamento e sala de aula.
As condições para um adequado funcionamento da uni-
dade pediátrica devem considerar um planejamento do espaço
funcional em consonância com atividades desenvolvidas, fluxo
de pessoas e materiais, atendimento às normas, conforto, segu-

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rança e flexibilidade. Contudo, deve-se incluir a humanização na


assistência à criança e à sua família (WEGNER et al., 2017).
Neste momento, você pode estar se perguntando: mas
como incluir algo tão subjetivo em estruturas totalmente palpá-
veis? Apesar de o processo de humanizar ser qualitativo, ao adi-
cionar uma poltrona para acompanhante ou uma brinquedoteca
para criança, promovemos essa humanização. Esses são apenas
alguns exemplos entre muitos outros. Humanizar é tornar huma-
no, ou seja, é considerar o universo infantil no ambiente hospita-
lizar (BRASIL, 2004).
Vale ressaltar que os parâmetros para dimensionar o quan-
titativo de profissionais de Enfermagem para as atividades são
definidos conforme a Resolução nº 0527/2016 do Conselho Fe-
deral de Enfermagem – Cofen. Na unidade de internação pediá-
trica, todo recém-nascido e criança menor de 6 anos deve ser
considerado como cuidado intermediário, independentemente
da presença do acompanhante.
A criança – seja ela recém-nascida, lactente, infante, pré-
-escolar, escolar ou adolescente –, ao ser internada na unidade
de Pediatria, é recepcionada e acolhida, geralmente, pela equipe
de Enfermagem, e encaminhada ao leito (berço/cama infantil),
em que é acomodada. Também é realizada a identificação da
criança (por exemplo, por pulseira de identificação), a qual con-
tém nome completo, data de nascimento, registro, número do
leito e nome da unidade (WEGNER et al., 2017; SOUZA, 2014).
Posteriormente, são mensurados os sinais vitais e conferi-
dos peso e estatura; são realizados também anamnese, exame
físico e todas as orientações quanto ao funcionamento da Enfer-
maria e aos riscos de queda e infecção cruzada ao acompanhan-
te e à criança, quando esta tiver condições para isso.

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HOSPITALAR

Na próxima seção, vamos discutir as mudanças significati-


vas nos períodos de desenvolvimento e crescimento neonatal e
infantojuvenil e a atuação do enfermeiro em cada fase. Para fins
didáticos, começaremos pelo recém-nascido, nos estendendo
até a adolescência.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-


panhar as normas vigentes para composição de internação
pediátrica e o dimensionamento da equipe de Enfermagem.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras
indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO

No início desta unidade, realizamos uma abordagem inicial


sobre a organização de uma unidade pediátrica hospitalar. Neste
momento, você terá a oportunidade de estudar a assistência de
Enfermagem ao recém-nascido (RN) a termo, isto é, do nasci-
mento aos 30 dias de vida, perpassando os atendimentos desde
a sala de parto, o alojamento conjunto e a unidade de internação
pediátrica.
Nesse sentido, a avaliação do RN após o parto exige do
profissional enfermeiro uma observação clínica habilidosa e
completa, uma vez que o RN passa da transição da circulação
fetal para a respiração independente. Esta é uma alteração fi-
siológica significativa que ocorre e exige um ajuste satisfatório à
vida extrauterina (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; SOUZA, 2014).
A avaliação física do RN inicia-se por meio do índice de
Apgar. Trata-se de um índice que afere frequência cardíaca, es-
forço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor em

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um, cinco e 10 minutos após o nascimento, com exames repeti-


dos até a condição do RN se estabilizar. A cada item atribui-se um
escore de 0, 1 ou 2, aplicado nas cinco categorias mencionadas.
Um escore total de 8 a 10 indica ausência de dificuldade extrau-
terina; de 4 a 6, uma dificuldade de grau moderado; e de 0 a 3,
um sofrimento grave. Ressalta-se que, se o escore for inferior
a sete no quinto minuto, aplica-se a cada cinco minutos até 20
minutos de vida (BRASIL, 2014; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias,
deve-se fixar o clamp (de 2 a 3 cm do anel umbilical), envolver
o coto com gaze com álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica
0,5% e retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou com
água. Afastam-se as pálpebras e instila-se uma gota de nitrato
de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho
(BRASIL, 2014).
Neste momento, realiza-se o exame físico geral, com men-
suração de peso, comprimento e perímetros cefálico, torácico
e abdominal. É realizada a prevenção do sangramento por de-
ficiência de vitamina K por meio da administração de 1 mg de
vitamina K1 por via intramuscular ou subcutânea (BRASIL, 2014).
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) re-
gulamenta, deve-se fazer a identificação do RN por meio do regis-
tro da impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe.
Além disso, registra-se a avaliação da idade gestacional relaciona-
da ao peso ao nascer como método de dados para incidência de
morbidade e mortalidade perinatais (CARVALHO, 2012).
A idade gestacional (IG) é um critério importante e permite
a classificação do RN como a termo, pré-termo ou pós-termo.
Considera-se um RN a termo de 37 semanas de gestação com-
pletas até menos de 42 semanas completas; pré-termo, com

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até 37 semanas completas; e pós-termo, com 42 semanas com-


pletas ou mais. A IG possibilita o estabelecimento de risco de
comprometimento neonatal ou de desenvolvimento em longo
prazo. É obtida por meio do cálculo da amenorreia, que pode ser
confirmada por métodos como ecografia fetal, avaliação clínica
e/ou neurológica, entre outros (BRASIL, 2014; HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Na sala de parto, após o clampeamento do cordão umbili-
cal, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax mater-
no, o que oferece uma fonte de calor por meio do corpo da mãe
e permite os primeiros movimentos respiratórios efetivos. Em
seguida ao nascimento, inicia-se o processo de amamentação
com sucção efetiva. Esse contato deve ser precoce, propiciado
e incentivado pelo enfermeiro e pela equipe de saúde (BRASIL,
2014; CARVALHO, 2012).
As primeiras interações entre RN e mãe, pai ou familiar,
por meio do contato pele a pele, são enfatizadas pelo Método
Canguru. Trata-se de uma estratégia preconizada pelo Ministério
da Saúde (MS), a qual visa a diminuição da mortalidade infan-
til, estabelecimento do vínculo afetivo, melhor desenvolvimento
do RN, alta hospitalar precoce, aumento da segurança dos pais
e estímulo do aleitamento materno (BRASIL, 2014; CARVALHO,
2012).
A promoção do aleitamento materno também constituiu
um marco nesse percurso. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) e o Mistério da Saúde promovem ativamente o aleita-
mento materno como a melhor fonte de nutrição para RN, lac-
tentes e crianças pequenas. Recomenda-se sua exclusividade
nos primeiros seis meses de vida e, depois, a inclusão de outros
alimentos e nutrientes à dieta do lactente.

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O leite materno consiste de diversos micronutrientes que


são digeríveis pelo intestino do neonato e absorvidos para pro-
dução de energia e crescimento, além de ser fonte de várias pro-
priedades imunológicas. O apoio do enfermeiro nesse processo
de amamentação proporciona, além de vínculo e envolvimento
da mãe, a parentalidade (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O enfermeiro é um dos profissionais de saúde imprescindí-
veis nesse percurso de transição para a parentalidade. Entende-
-se por parentalidade (do inglês parenting), o conjunto de ativi-
dades desempenhadas pelos adultos responsáveis pela criança
no seu processo de formação biopsicossocial, com início anterior
à concepção, percorrendo a gestação, o puerpério e permane-
cendo durante toda a vida. Os cuidados de Enfermagem surgem
inicialmente para orientar, apoiar e preparar para a mudança e
prevenir os efeitos negativos (WEGNER et al., 2017).
Nesse estágio, o enfermeiro orienta o posicionamento ade-
quado do rosto do RN (de frente para a mama), a pega eficaz e a
adaptação do RN na sucção do leite e também resolve, em con-
junto com a mãe, algumas dificuldades que podem surgir, como
ingurgitamento mamário, extração manual ou mecânica de leite.
No alojamento conjunto, um sistema de assistência hospitalar à
puérpera e a seu bebê no pós-parto, estes são mantidos juntos
e estimula-se a mulher a amamentar e a cuidar do filho tão logo
possível. Nesse espaço, o enfermeiro promove o vínculo, esti-
mula o aleitamento e diminui os índices de infecção neonatal
(PIMPÃO et al., 2012).
Quando o RN não apresentar dificuldades na avaliação clí-
nica inicial, o exame físico completo deverá ser realizado prio-
ritariamente antes de completar 12 horas de vida. Na busca de
achados clínicos mais fidedignos, parte do exame físico deve ser

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realizado com o RN dormindo ou mantido calmo e, se necessário,


no colo da mãe ou responsável (BRASIL, 2014; HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Inicia-se pela inspeção estática e dinâmica geral. A postura
do RN normalmente é simétrica e fletida, semelhante à posição
fetal. Observa-se presença de malformação, síndromes e sinais
de angústia respiratória (como gemidos inspiratórios ou expira-
tórios, batimento de aletas nasais, retrações de fúrcula ou torá-
cica). O aspecto geral, a intensidade do choro, a movimentação
e o estado de hidratação são outras informações relevantes que
devem constar no exame físico (SOUZA, 2014; JARVIS, 2002).
Em seguida, deve-se avaliar o sistema tegumentar quanto
às características relacionadas a textura, integridade, umidade,
coloração, presença de milium, vérnix, mancha mongólica, icterí-
cias e outras anomalias. As mucosas também são avaliadas nesse
momento, por meio das particularidades de cor, umidade e pre-
sença de lesões. Além disso, o controle da temperatura corporal
é de extrema importância, uma vez que é um dos aspectos crí-
ticos na estabilidade termodinâmica do RN. Verifica-se a tempe-
ratura axilar, um método de fácil acesso e seguro para a criança
(BRASIL, 2014).
Em relação à musculatura, ressalta-se que o tônus muscu-
lar está relacionado à idade gestacional. Por exemplo, o RN a ter-
mo em decúbito dorsal apresenta cabeça lateralizada e membros
fletidos com as mãos cerradas. Avaliam-se também as estruturas
ósseas e articulações quanto à presença de deformidades, ina-
dequações de mobilidade e dor à palpação (CARVALHO, 2012).
No crânio, observa-se a presença de assimetrias e realiza-se a
palpação das fontanelas, com atenção para aspectos relacionados a
tamanho, abaulamentos ou depressões e pulsações. No RN há seis

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fontanelas: uma anterior, uma posterior, duas esfenoidais e duas


mastoides. Ao nascer, as esfenoidais e mastoides já estão fechadas.
Todavia, quando abaulada, sugere aumento da pressão intracrania-
na, como ocorre na meningite, hidrocefalia, edema cerebral ou he-
morragia intracraniana. A presença de depressão, por sua vez, está
associada a desidratação (SOUZA, 2014; JARVIS, 2002).
A avaliação neurológica do RN compreende, inicialmen-
te, postura, movimentação espontânea, resposta ao manuseio
e choro. Os reflexos primitivos característicos do RN podem ser
avaliados, uma vez que revelam informações importantes sobre
seu estado de saúde. São caracterizados por resposta motora in-
voluntária a um estímulo e estão presentes desde o nascimento
até cerca de 6 meses de vida (SOUZA, 2014; BRASIL, 2014).
Os principais reflexos são de sucção (os lábios tocados
por algum objeto apresentam movimentos de sucção), preen-
são (pressão leve na palma das mãos e abaixo dos dedos do pé),
marcha (extensão das pernas fletidas em posição ortostática ao
contato das plantas do pé com a superfície) e moro (resposta de
extensão-abdução dos membros superiores por meio de algum
estímulo brusco) (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Quanto às estruturas cefálicas: nos olhos, observam-se dis-
tância entre os olhos, entre os cantos internos das pálpebras e
presença de sobrancelhas, cílios e epicanto; nos ouvidos, verifi-
cam-se forma, consistência, implantação dos pavilhões auricula-
res e reflexo cócleo-palpebral por meio da emissão de um ruído
próximo ao ouvido do RN que responde, piscando os olhos; no
nariz, pode-se observar a presença de anormalidade e a permea-
bilidade nasal ao ar inspirado e expirado; na boca, examinam-se
simetria, mucosas, palato e integridade e a língua quanto ao ta-
manho e a mobilidade (BRASIL, 2014).

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Seguindo o exame físico na direção céfalo-caudal, a inspe-


ção do tórax do RN é realizada atentando-se para forma cilíndri-
ca e o diâmetro transverso. A frequência respiratória (FR) consis-
te na contagem, em um minuto, dos movimentos respiratórios,
geralmente do tipo costoabdominal. Espera-se que o número de
movimentos seja entre 40 e 60 por minuto. A palpação, a per-
cussão e a ausculta são realizadas em toda a área de extensão
pulmonar (BRASIL, 2017).
Quanto ao sistema cardiorrespiratório, a frequência car-
díaca (FC) varia, em média, de 120 a 140 batimentos por minuto.
A verificação do pulso apical é indicada em RN. Além disso, é
essencial a palpação cuidadosa dos pulsos periféricos. Ressalta-
-se que tanto FR quanto FC podem ser afetadas por estímulos
externos (SOUZA, 2014; BRASIL, 2014).
O exame antropométrico compreende os perímetros ce-
fálico e torácico, e também peso, comprimento e circunferência
abdominal. A inspeção abdominal apresenta abdômen semiglo-
boso, com perímetro abdominal de cerca de 2 a 3 cm menor que
o cefálico. Inspecionam-se, ainda, as condições do coto umbilical:
inicialmente apresenta-se gelatinoso, depois, seco e mumifica-se
entre o terceiro ou quarto dia de vida. Desprende-se do corpo
em torno do sexto ao 15º dia de vida do RN (CARVALHO, 2012).
Nesse contexto, a enfermagem orienta mãe e família sobre a
higiene da região umbilical com álcool a 70% e reforça a importân-
cia da proteção contra infecção. Após a limpeza, pode-se observar
hiperemia transitória da pele, porém não há risco de integridade
ao RN (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; CARVALHO, 2012).
A palpação abdominal deve ser suave e superficial, nor-
teando-se da fossa ilíaca em direção ao rebordo costal. Após a
palpação superficial, realiza-se uma palpação mais profunda. Ge-

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ralmente, é possível palpar a borda do fígado com cerca de 2 cm


e descreve-se as características, tais como: consistência, superfí-
cie e borda. Na ausculta do abdome, verifica-se, na maioria das
vezes, ruídos hidroaéreos (JARVIS, 2002).
Quanto ao aparelho geniturinário, a primeira diurese cos-
tuma ocorrer na sala de parto ou nas primeiras 48 horas de vida.
O exame da genitália deve ser feito, sempre que possível, com a
presença de um dos pais ou de um acompanhante. Em relação
ao gênero masculino, o pênis mede cerca de 2 a 3 cm e a bolsa
escrotal apresenta-se rugosa. Na palpação, verifica-se a presen-
ça dos testículos, conforme sensibilidade, tamanho e consistên-
cia, com tamanho de cerca de 1 cm (BRASIL, 2014).
No gênero feminino, afastam-se os grandes lábios e avalia-
-se o sulco entre os grandes e pequenos lábios. Examina-se o hí-
men e o tamanho do clitóris, geralmente pequeno. É importante
observar os orifícios uretral e vaginal. Rotineiramente, realiza-se
a inspeção do ânus, com cerca de 1 cm da borda inferior da vulva
ou da implantação do escroto (SOUZA, 2014; BRASIL, 2014).

As leituras e simulações indicadas no Tópico 3. 2 tratam


da avaliação do RN pré-termo e dos cuidados com os familia-
res, que são foco central na atuação de enfermeiro nesse perí-
odo de vida da criança e da família. Neste momento, você deve
realizar essas atividades para aprofundar o tema abordado.

2.3. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA E AO


ADOLESCENTE

Após discutirmos os cuidados com o recém-nascido,


passaremos à criança e ao adolescente.

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Cuidado centrado na família


Nas hospitalizações pediátricas, as crescentes complexida-
des dos cuidados de saúde desafiam a equipe de Enfermagem a
implementar estratégias de uma assistência em saúde não cen-
trada na doença ou apenas no paciente e em seu desenvolvi-
mento, e sim com a família como foco de cuidado (FONSECA,
2013).
As famílias têm sido reconhecidas pelos serviços de saúde
com a implementação de atividades de proteção e ajuda, por
conta de seu papel de provedoras de cuidado informal e sua cen-
tralidade na função desse mesmo papel, constituindo um mem-
bro importante na rede social de apoio (WRIGHT; LEAHEY, 2011).
Em Pediatria, os cuidados centrados na família, mais do que um
objetivo a alcançar, são uma realidade, reconhecendo-se atual-
mente a importância da permanência da família junto da criança
para a melhoria do seu estado de saúde (GOMES et al., 2014).
A Enfermagem tem o compromisso e a obrigação de incluir as
famílias nos cuidados de saúde.
Evidências teóricas, práticas e de pesquisa em relação ao
significado que a família dá ao bem-estar e à saúde aos seus
membros, bem como a influência sobre a doença, leva os enfer-
meiros a considerar os cuidados centrados na família como par-
te integrante da prática diária de Enfermagem (HOCKENBERRY;
WILSON, 2014; CARVALHO, 2012).
Essas definições conduzem a pressupostos para o cuidado
centrado na família em Pediatria, tais como: reconhecer a família
como uma constante na vida da criança; facilitar a colaboração
entre pais e profissionais no cuidado à saúde; respeitar e valo-
rizar a diversidade cultural, racial, étnica e socioeconômica da
família; respeitar os diferentes métodos de enfrentamento; res-

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ponder às necessidades de desenvolvimento da criança e da fa-


mília; planejar um cuidado competente e que responda às reais
necessidades da família; e encorajar o suporte familiar e redes
de apoio (FONSECA, 2013).
Portanto, o objetivo dos cuidados centrados na família é
manter a força dos papéis e laços familiares com a criança, de
forma a promover o bem-estar da unidade familiar. O apoio pro-
fissional à criança e à família ocorre por um processo de envolvi-
mento, participação e parceria, alicerçado pela capacitação das
famílias e pela negociação dos cuidados.

Avaliação do desenvolvimento e crescimento infantojuvenil


pelo enfermeiro
A infância é marcada por etapas com diversas mudanças fí-
sicas, emocionais, cognitivas e espirituais. Trata-se de um proces-
so dinâmico que abrange diversas dimensões inter-relacionadas
pelos laços com a família e pelo ambiente em que vive. Por essa
razão, o conhecimento das peculiaridades do crescimento e de-
senvolvimento infantojuvenil é essencial para todos os profissio-
nais da saúde que atuam em Pediatria (HOCKENBERRY; WILSON,
2014).
Com esse conhecimento, o enfermeiro pode predizer de-
mandas e respostas da criança, a fim de identificar suas necessi-
dades e alterações de crescimento e comportamentos esperados
para a idade, além de propor ações de cuidados adequadas, para
criar oportunidades favoráveis ao processo de desenvolvimento.
A orientação aos familiares é outra ação extremamente impor-
tante da Enfermagem, ajudando-os a compreender as demandas
e respostas da criança, como abordado anteriormente (CARVA-
LHO, 2012; FUJIMORI; OHARA, 2009).

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Em cada período da infância, a criança manifesta diferen-


tes formas de crescer e se desenvolver. O crescimento consiste
no aumento de massa corporal e nas modificações quantitati-
vas decorrentes de hipertrofia e hiperplasia celular, podendo ser
mensurável. Já o desenvolvimento é processo de aquisição de
novas funções, que levam a modificações qualitativas e graduais
e a expansão nas atividades do indivíduo. Decorre de uma com-
plexa e dinâmica interação entre crescimento, amadurecimen-
to e aprendizagem, considerando o sujeito e o meio social, com
suas normas e hábitos culturais (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Esses processos são inter-relacionados, simultâneos e con-
tínuos. Trata-se de uma sequência de influências endócrinas, ge-
néticas, nutricionais, constitucionais, sociais, familiares, culturais
e ambientais. Além disso, há padrões definidos e previsíveis de
crescimento e desenvolvimento contínuos, ordenados e progres-
sivos. Desse modo, o crescimento e o desenvolvimento ocorrem
regularmente e em direções relacionadas e refletem o desen-
volvimento físico e a maturação das funções neuromusculares
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O conhecimento por parte do profissional da saúde, como
o enfermeiro, das necessidades e das características de cada fase
de desenvolvimento da criança norteará seu trabalho quanto às
ações na assistência de saúde nos diferentes grupos etários.
Inicialmente, o recém-nascido e o lactente caracterizam-
-se pela fase oral, o pensamento de acordo com as sensações do
corpo (sensório-motor) e o desenvolvimento do senso de con-
fiança versus desconfiança (ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
Durante o primeiro ano de vida, grande parte das ativida-
des motoras reflexas, de forma gradativa, passam aos movimen-
tos voluntários, com início da locomoção e apreensão de objetos

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quando entre 10 e 14 meses de idade. A linguagem se inicia com


choro e sons reflexos e de três a cinco palavras com significa-
do quando entre 11 e 12 meses. Nessa fase, o enfermeiro, por
exemplo, deve permanecer algum tempo com o bebê antes de
realizar algum procedimento, evitar movimentos bruscos, com
contato firme e agradável, permitir que a mãe/responsável fique
perto e estimular a conversa com a criança, o que ajudará a de-
senvolver o senso de confiança (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Já o infante/toddler é caracterizado pela fase anal, pensa-
mento concreto egocêntrico com estágio pré-operacional, com
noção de causa-efeito e senso de autonomia versus dúvida. Tra-
ta-se de uma extrema exploração do ambiente e, no final do pe-
ríodo, é possibilitada a independência motora da criança. Nessa
fase, a criança adquire maior tolerância à separação dos pais/
responsáveis, toma consciência de sua imagem corporal, com
início de julgamento moral e intenso desenvolvimento da verba-
lização. Nesse sentido, o enfermeiro pode reportar-se à criança,
relatando que irá realizar o procedimento com palavras e frases
curtas; fornecer algo para a criança olhar, segurar ou brincar du-
rante o procedimento; focar a informação nela e sugerir que os
pais fiquem próximos e conversem com ela e lhe deem a mão
(FUJIMORI; OHARA, 2009).
Em relação ao pré-escolar, temos uma caracterização de
fase fálica, pensamento concreto egocêntrico e funcional, com
senso de iniciativa versus culpa. As habilidades adquiridas são
aprimoradas e ampliadas (motora e postural), isto é, a criança
brinca para conhecer a si e aos outros; aprende normas sociais
de comportamento; está apta ao aprendizado escolar e a hábi-
tos determinados pela cultura; e desenvolve bem a linguagem. O
desenvolvimento espiritual é mediado pelas pessoas com quem
convive. Além disso, nos anos pré-escolares, diferentes dimen-

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sões e estilos paternos têm efeitos sobre diferentes aspectos do


desenvolvimento social e das personalidades das crianças: au-
toestima, desenvolvimento moral, conduta pró-social, autocon-
trole, entre outros (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O enfermeiro deve explicar o procedimento tantas vezes
quantas forem necessárias, pouco tempo antes de sua realiza-
ção, permitir que a criança veja e manipule, se possível, o equi-
pamento antes do procedimento ou utilize o brinquedo terapêu-
tico, desenhos ou música para explicar a situação.
O escolar caracteriza-se pela fase de latência, pensamen-
to lógico e funcional com desenvolvimento da industriosidade.
Torna-se mais sociável, capaz de dominar os símbolos e de uti-
lizar a memória das experiências anteriores na intepretação do
presente. Os amigos e adultos são uma fonte de apoio e segu-
rança nessa fase. Desenvolve a percepção de si, de sua imagem
corporal (CARVALHO, 2012).
Nessa fase, o profissional deve fazer uma explanação sim-
ples e honesta da necessidade específica do procedimento e de
como ele é, antes da realização, ou de como faz parte do trata-
mento. A criança tem a habilidade de pensar de uma maneira
lógica e compreender relacionamentos; ela pode ser um par-
ticipante ativo do procedimento, com fornecimento de tarefas
simples e tempo para perguntas. Além disso, o brinquedo pode
sustentar a conversa sobre seus sentimentos e funcionar como
um método de lidar com as ansiedades. Deve-se permitir que
pais/responsáveis segurem as mãos da criança e falem com ela
durante o procedimento, pois são uma fonte de apoio e tranqui-
lidade para a criança (BRASIL, 2012).
Já na adolescência, temos a fase de sexualidade adulta,
pensamento lógico-dedutivo e abstrato com egocentrismo sob

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situação de estresse, identidade versus confusão de papel (preo-


cupação com autoimagem e mutilação). Trata-se de um período
de transformação entre infância e idade adulta, caracterizado
por intenso desenvolvimento tanto anatômico como psicológico
e social. Diante dessa transformação, o adolescente busca refú-
gio dentro de si e em alguns momentos de concretização defen-
siva de pensamento, o que interfere em seu grau de compreen-
são por perdas da capacidade de abstração e do pensamento
simbólico (BORGES; FUGIMORI, 2009).
Nessa fase, o enfermeiro deve se atentar para promover o
máximo de informações que o adolescente deseja sobre o pro-
cedimento (antes ou como parte de um tratamento), e contar-
-lhe sobre como ele pode ajudar; conversar com adolescente,
considerando suas reais preocupações a respeito de o quanto o
procedimento pode alterar sua imagem e sua integridade; pro-
videnciar privacidade e permitir escolhas possíveis a respeito do
tratamento ou procedimento; pedir aos pais/responsáveis que
acompanhem ou aguardem, de acordo com a escolha do adoles-
cente (BRASIL, 2013; BORGES; FUGIMORI, 2009).
O crescimento infantil representa um dos sinais mais im-
portantes da saúde da criança, sendo considerado um dos pa-
râmetros essenciais para qualquer estratégia de ação em saú-
de e bem-estar infantil. Nesse contexto, a avalição completa da
criança considera uma oportunidade de promoção de saúde,
observando crescimento, desenvolvimento, vacinação e alimen-
tação. Demanda capacitação específica do profissional, devendo
o enfermeiro ter conhecimento das características e de alguns
aspectos importantes da história de saúde de uma criança hospi-
talizada (ALMEIDA; SABATÉS, 2008).

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A entrevista deve buscar identificar dados mais completos e


detalhados relativos aos seguintes aspectos: dados pessoais de iden-
tificação da criança e dos pais; endereço completo com referência;
dados socioeconômicos, sanitários e de habitação; composição e an-
tecedentes familiares de saúde; história pré-natal e perinatal; motivo
da consulta e queixas; hábitos de vida diária da criança (alimentação,
eliminações, sono e repouso, atividades, recreação e lazer); higiene
corporal e do vestuário; técnicas de banho de sol; medicação admi-
nistrada à criança; história vacinal; planejamento familiar; dinâmica
familiar; e impressões do entrevistador (SOUZA et al., 2013).
As informações sobre episódios pregressos (antecedentes
perinatais) e o atual da doença, somadas às obtidas no exame
físico, ajudam a caracterizar as alterações reais e potenciais a
que a criança está sujeita, bem como a gravidade do quadro,
orientando a seleção das condutas de Enfermagem apropriadas.
Ressalta-se que se deve valorizar a fala e a impressão da mãe/
responsável. Além disso, é preciso oferecer oportunidade para
que expresse de forma livre essa impressão, em vez de se pren-
der apenas a perguntas diretas sobre sinais e sintomas (CARVA-
LHO, 2012; SOUZA et al., 2013).
A investigação dos principais sinais se faz segundo: presen-
ça de tosse (úmida, seca, rouca, produtiva); dispneia; presença
de secreção; otalgia; dor de garganta; dor abdominal; ruídos res-
piratórios adventícios; exposição a agentes irritantes e/ou fato-
res de risco; anorexia; alergias; funcionamento gastrointestinal;
problemas respiratórios recorrentes; febre (duração e intensida-
de); rigidez de nuca e sinais meníngeos; mudança de comporta-
mento; administração de medicamentos; sinais de desidratação
(como sede e redução do volume urinário); estado vacinal; nível
de conforto da criança; e dor torácica (CARVALHO, 2012; FUJI-
MORI; OHARA, 2009).

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Para avaliação física da criança, devem ser focados sinais


de aparência geral, frequência respiratória de acordo com a ida-
de (menor de 2 meses, igual ou superior a 60 rpm; de 2 a 12
meses, igual ou superior a 50 rpm; de 1 a 5 anos, igual ou supe-
rior a 40 rpm); tosse, secreção ou obstrução nasal; temperatura;
movimentos respiratórios (características da expiração/inspira-
ção como profundidade, ritmo e simetria); ruídos adventícios;
coloração da pele (geralmente associada a hipoxemia); retrações
torácicas; batimentos de asas nasais; sudorese; mucosa; amigda-
las faríngeas; dificuldade para deglutir; linfonodos cervicais; dis-
tensão abdominal; peso; frequência cardíaca e pressão arterial
(HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
No contexto do adolescente, deve-se considerá-lo como
um ser social e histórico, particular e coletivo. Requer uma abor-
dagem multiprofissional, por meio de um enfoque interdiscipli-
nar. Nesse sentido, o enfermeiro assume um papel importante,
tanto com relação à organização do processo de trabalho quanto
aos serviços de Enfermagem. Durante o exame físico, deve-se ga-
rantir escuta ampliada, privacidade e confidencialidade. O esta-
belecimento de parcerias, com base em confiança mútua entre
enfermeiro/adolescente/família, é fundamental para encorajá-
-los a assumir um papel ativo no plano de cuidados. O empode-
ramento parte da ideia de dar aos adolescentes poder, liberda-
de, responsabilidade e informação necessária para que possam
participar ativamente na tomada de decisão a respeito de sua
vida, em seus diferentes aspectos (SOUZA et al., 2013; BORGES;
FUGIMORI, 2009).
Os elementos a serem abordados na entrevista com ado-
lescentes são: antecedentes pessoais e familiares; condições de
vida, estrutura e relações familiares; nutrição, hábitos alimenta-
res e distúrbios nutricionais; sono, repouso, eliminações, higiene

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corporal; alterações sistêmicas; recreação e atividades físicas;


vida e rendimento escolar; participação e vida social; atividade
em grupo; espiritualidade; condições psicoemocionais; trabalho;
atividade, valores e comportamentos sexuais; uso e abuso de
drogas; autoimagem e aceitação corporal; imunização; expecta-
tivas em relação ao futuro e projetos de vida (SOUZA et al., 2013;
BORGES; FUGIMORI, 2009).
A avaliação do crescimento físico adequado é uma forma
importante de conhecer o estado geral da saúde de uma crian-
ça e o desenvolvimento socioeconômico, familiar e de saúde da
comunidade em que ela vive. O crescimento e o desenvolvimen-
to constituem o eixo central do atendimento prestado à criança,
uma vez que essa atividade permite evidenciar, de maneira pre-
coce, os transtornos que afetam a saúde, a nutrição e o desen-
volvimento da criança (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O exame físico é realizado, em geral, após a entrevista,
como uma estratégia para avaliação anatomofisiológica da crian-
ça. Para tanto, são utilizados os quatro passos propedêuticos:
inspeção, palpação, percussão e ausculta, com o objetivo de
identificar sinais de normalidade e anormalidades. Um exame
físico completo da criança (descrito no Tópico 2. 2, referente ao
exame físico do RN) deve ser realizado na admissão da criança/
adolescente na enfermaria. Ressalta-se a discussão de alguns
procedimentos específicos frequentemente recomendados para
o exame físico da criança nos primeiros 10 anos de vida (HOC-
KENBERRY; WILSON, 2014; BOWDEN, 2013).
Até os dois anos de idade, peso, estatura, comprimento e
perímetro cefálico da criança devem ser aferidos e pontuados nos
gráficos de crescimento. Entre 2 e 10 anos de idade, deve-se aferir
peso, altura e índice de massa corporal – IMC (BRASIL, 2012).

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Em relação aos sistemas respiratório e cardiovascular, os


valores das frequências cardíaca e respiratória considerados nor-
mais são descritos no Quadro 1.

Quadro 1 Frequência cardíaca e respiratória segundo faixa etária.


Frequência cardíaca normal
Idade Variação Média normal
Recém-nato De 70 a 170 120
11 meses De 80 a 160 120
2 anos De 80 a 130 110
4 anos De 80 a 120 100
6 anos De 75 a 115 100
8 anos De 70 a 110 90
10 anos De 70 a 110 90
Frequência respiratória normal
De 0 a 2 meses Até 60mrm
De 2 a 11 meses Até 50mrm
De 12 meses a 5 anos Até 40mrm
De 6 a 8 anos Até 30mrm
Acima de 8 anos Até 20mrm
Fonte: Brasil (2012, p. 65)

Deve-se, ainda, inspecionar o tórax quanto a tamanho, for-


mato, simetria, movimento e desenvolvimento mamário. O de-
senvolvimento mamário puberal ocorre em meninas entre 10 e
14 anos. Os pulsos centrais são geralmente mais fortes que os
periféricos e as arteriais têm maior calibre por estarem mais pró-
ximas ao coração (BRASIL, 2012).
Na região abdominal, os lactentes são mais propensos a hér-
nias umbilicais, ventrais e diástases. O exame da genitália é realiza-
do logo após a avaliação do abdome. Na genitália masculina, obser-

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vam-se integridade, higiene, meato urinário, tamanho, coloração do


pênis, prepúcio e glande peniana. O desenvolvimento puberal ocor-
re por volta de 11 a 15 anos, com crescimento de pelos na base do
pênis e crescimento deste em comprimento e largura (JARVIS, 2002;
FUJIMORI; OHARA, 2009; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Já o desenvolvimento puberal feminino se dá por volta de
9 a 14 anos, quando se inicia o nascimento de pelos pubianos. A
inspeção feminina inicia-se pelos órgãos externos e observam-se
também integridade, higiene, coloração da pele, mucosa e tama-
nho (BRASIL, 2012; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O cuidado à criança deve perpassar a prestação do cuidado
físico, buscando sempre preservar e respeitar as necessidades
emocionais e sociais da criança e da família. É na elaboração do
histórico de Enfermagem que se aplica a entrevista e o exame
físico. Desse modo, permite ao enfermeiro a interação com a fa-
mília e a criança, com a criação de vínculos que auxiliarão nos
cuidados básicos e na elaboração da Sistematização da Assistên-
cia de Enfermagem (SAE).

Principais infecções e intercorrências clínicas em Pediatria


No Brasil, as doenças respiratórias são responsáveis por
aproximadamente 16% de todas as hospitalizações, sendo 50%
delas por conta de pneumonia. Outra problemática evidenciada
relaciona-se às morbidades e hospitalizações por causas evitá-
veis no país. Entre as causas predominantes de morbidades que
acometem crianças menores de quatro anos no Brasil, destacam-
-se afecções respiratórias, seguidas por doenças infecciosas ou
parasitárias, doenças do aparelho digestivo, por causas externas
e doenças do aparelho geniturinário (WEGNER et al., 2017; AL-
MEIDA; SABATÉS, 2008).

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Já entre os adolescentes, as principais causas de interna-


ções para o gênero feminino são gravidez e parto; para adoles-
centes do sexo masculino, destacam-se lesões, envenenamentos
e outras consequências de causas externas. Além disso, para am-
bos os gêneros os casos de doenças sexualmente transmissíveis
têm aumentado nessa faixa etária (MARTINS, 2013).
A equipe de Enfermagem, liderada pelo enfermeiro, preci-
sa conhecer as principais implicações e intercorrências clínicas,
para propor intervenções de Enfermagem pertinentes pautadas
no conhecimento das características dos pacientes submetidos
à hospitalização nas diversas faixas etárias para a adequação de
um plano de cuidados individualizado a criança e família.
Um dos principais agravos no período de internação, espe-
cialmente em crianças menores de 5 anos, é o trato respiratório.
A equipe de Enfermagem, que permanece 24 horas nos cuidados
contínuos ao paciente, deve reconhecer sinais de intercorrências
respiratórias, tais como: esforço respiratório (tiragem intercostal,
batimentos de aletas nasais, gemência, balanço toracoabdomi-
nal e retração xifóidea), toxemia, cianose, hipoxemia, irregulari-
dade respiratória, apneia, dificuldade de se alimentar, vômitos e
desidratação. Destacam-se, ainda, alterações do sensório como
sonolência, confusão mental, irritabilidade, instabilidade hemo-
dinâmica (pulsos finos, perfusão lenta) e taquicardia importante.
É importante ressaltar que pode haver hipoxemia sem cianose
e palidez cutânea é um sinal mais precoce de hipoxemia do que
a cianose (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; ALMEIDA; SABATÉS,
2008).
Dentre os principais manejos da disfunção respiratória es-
tão a oxigenoterapia, que visa manter a ventilação e maximizar
a distribuição de oxigênio e corrigir a hipoxemia e a hipercapnia.

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A escolha do equipamento de administração de oxigênio será


feita conforme comprometimento respiratório da criança, pre-
ferência, idade e capacidade de uso do equipamento específico.
Pode ser administrada pelo uso de cânula nasal, cateter nasofa-
ringe, máscara ou câmara. Além disso, a fisioterapia respiratória,
quando corretamente indicada, e a aspiração frequente de vias
aéreas são adotadas para minimizar a gravidade do quadro. Nes-
se caso, o enfermeiro ou fisioterapeuta podem realizá-las, sendo
indicadas para facilitar a remoção do excesso de secreções da
periferia dos pulmões por meio de técnicas de vibração e percus-
são (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; BOWDEN, 2013).
Um dos sintomas mais comuns de doença nas crianças é a
temperatura elevada. O principal motivo para tratar a febre é o
alívio do desconforto. As medidas de alívio incluem intervenção
farmacológica ou ambiental, sendo a mais eficiente o uso de an-
tipiréticos para diminuir o ponto de ajuste.
Nesse contexto, o enfermeiro deve medir novamente a
temperatura 30 minutos depois do antipirético para avaliar seu
efeito, e as medições devem ser repetidas; o nível de desconfor-
to da criança é a melhor indicação para continuar o tratamento.
Em relação às medidas ambientais, destacam-se esfriamento por
meio do uso de um mínimo de roupas, exposição da pele ao ar,
redução da temperatura ambiente e aumento da circulação.
As convulsões associadas a febre/hipertermia ocorrem em
3 a 4% das crianças, geralmente entre os 3 meses e os 5 anos
de idade. Nesses casos, ocorrem distúrbios transitórios, associa-
dos à febre, que geralmente excede 38,8 °C. Embora a maioria
das crianças nunca tenha convulsões febris depois da primeira
ocorrência, uma idade mais jovem no início ou histórico familiar
de convulsões febris são associadas a episódios recorrentes. As

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intervenções de Enfermagem devem se concentrar em maneiras


de aumentar o conforto durante uma doença febril (HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).
Os cuidados de Enfermagem ao paciente pediátrico e ado-
lescente com distúrbio convulsivo devem ponderar as esferas fa-
miliar, social, educacional e cultural de modo que incluam: pro-
teger a criança durante a convulsão (colocar travesseiro sob a
cabeça da criança, remover óculos ou objetos duros da área de
contato e proteger a língua de mordeduras, porém evitar colo-
car objetos na boca da criança após o início da crise); não movi-
mentar ou conter a criança durante uma crise convulsiva tônico-
-clônica; reduzir estimulação sensorial (diminuir a intensidade
de iluminação, reduzir barulhos no ambiente); manter a criança
em decúbito lateral após a convulsão (facilita a drenagem e aju-
da a manter a via aérea pérvia); identificar fatores deflagrado-
res (flash de câmera, ruídos altos e súbitos, desidratação, fadiga,
estresse emocional e hipoglicemia); educar a família quanto à
identificação de fatores deflagradores da crise e cuidados ini-
ciais, além de auxiliar na aderência ao plano farmacoterápico,
inclusão social e orientação escolar, promovendo a integração da
criança (WEGNER et al., 2017; BOWDEN, 2013).
A perda de apetite também é uma das intercorrências co-
muns na maioria das doenças. Uma vez que a doença aguda ge-
ralmente tem curta duração, o estado nutricional raramente é
comprometido. Forçar a criança internada a comer pode precipi-
tar náusea e vômito e, na maioria dos casos, pode ser permitido
que a criança determine sua necessidade de comida. Para crian-
ças menores, a perda de apetite pode estar relacionada à ausên-
cia dos pais, e a preocupação dos pais com a alimentação pode
piorar o problema. Quando a criança começa a se sentir melhor,
o apetite geralmente retorna. É melhor aproveitar as vantagens

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de qualquer período de fome, servindo lanches e alimentos mais


nutritivos (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
A equipe de Enfermagem pode oferecer pequenas quanti-
dades dos líquidos favoritos em intervalos frequentes e fornecer
alimentos salgados (que aumentem a sede), se permitido. Se a
diarreia estiver presente, deve-se evitar líquidos ricos em carboi-
dratos, porque podem agravar a situação por seu efeito osmóti-
co. Uma persuasão delicada com as bebidas preferidas geralmen-
te obtém sucesso. O uso de técnicas lúdicas também pode ser
muito eficiente. Nesse sentido, os profissionais de Enfermagem
devem tornar as refeições agradáveis, evitando procedimentos
imediatamente antes ou depois de comer e certificando-se de
que a criança está descansada e não sente dor (FONSECA, 2013).
Diante das intercorrências abordadas, vale ressaltar que,
para desenvolver atividades de cuidado de qualidade e eficazes e
promover a recuperação da criança, a família torna-se célula fun-
damental na manutenção dos cuidados no ambiente hospitalar.

Principais situações e intercorrências cirúrgicas em Pediatria


O ato cirúrgico provoca em qualquer organismo algumas
reações fisiológicas. Elas variam em tipo e intensidade, confor-
me idade, estado nutritivo e de hidratação em que se encontra a
criança na ocasião da cirurgia, bem como associação de doenças,
condições pulmonares, cardiológicas, hepáticas e psicológicas. A
resposta metabólica no pós-cirúrgico também irá depender do
fator de traumatismo cirúrgico (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
A assistência de Enfermagem à criança e ao adolescente
em cuidados cirúrgicos deve ter a ênfase em minimizar o estres-
se pré-operatório, a própria hospitalização, monitorar as possí-

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veis intercorrências cirúrgicas e assegurar uma rápida e efetiva


recuperação pós-operatória. O enfermeiro é o coordenador da
assistência de Enfermagem prestada no centro cirúrgico e, como
tal, deve ser o líder da implementação e da avaliação da assistên-
cia prestada ali (SCHMITZ, 2001).
Nesse sentido, a criança e o adolescente internados, para
se submeter a uma cirurgia, devem ser vistos no seu aspecto glo-
bal, e ao enfermeiro cabe a responsabilidade de ampliar a as-
sistência para além do fator cirúrgico, investigando e cuidando
do paciente como um todo. Também é importante e necessário
que o enfermeiro tenha conhecimentos sobre a cirurgia de um
modo geral e sobre cada uma especificamente, além de conheci-
mentos básicos sobre anestésicos, processo de anestesia, perda
e reposição de fluidos e drenagens (CARVALHO, 2006).
O período perioperatório consiste de três períodos que
começam e terminam em um ponto específico na sequência de
eventos da experiência cirúrgica. Eles definem as diferentes in-
tervenções de Enfermagem que têm como objetivo promover
um cuidado qualificado. Assim sendo, a Enfermagem periopera-
tória inclui uma ampla variedade de funções e deve estar atenta
às particularidades de cada fase do ato cirúrgico, assim como ao
desenvolvimento e crescimento da criança e do adolescente. O
preparo adequado da criança no pré-operatório é considerado
como a primeira e mais importante etapa do tratamento pós-
-operatório (SANTOS et al., 2013).
O pré-operatório imediato compreende as 24 horas ime-
diatamente anteriores à cirurgia. Conforme as condições da
criança, intercorrências podem intervir na execução da cirurgia.
Relatos de mal-estar, apatia, febre, tosse e coriza devem ser ob-
servados e comunicados imediatamente à equipe. O estado fe-

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bril predispõe a criança a desequilíbrio hidroeletrolítico e pode


indicar infecção subjacente. A presença de tosse e coriza aumen-
ta o risco de complicações respiratórias durante a anestesia –
por exemplo, pneumonia e espasmo da laringe (HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
No período transoperatório, desde o momento em que o
paciente é recebido na unidade do centro cirúrgico até sua saída
da sala de operações, a criança deve ser contínua e criteriosa-
mente avaliada e eventuais acontecimentos devem ser obser-
vados. Hipotermia e elevado gasto energético devido a tempe-
ratura ambiente da sala do centro cirúrgico podem ocorrer, em
especial recém-nascidos e lactentes podem apresentar uma per-
da excessiva de calor e, consequentemente, hipotermia, dada
a sua grande superfície comparada à massa corporal, a maior
perda de calor pela respiração devido à elevada ventilação-mi-
nuto, a menor capacidade de conservação devido ao tecido ce-
lular subcutâneo e a imaturidade de seu centro termorregulador
(SANTOS et al., 2013; SCHMITZ, 2001).
Além disso, a anestesia também aumenta o risco, uma vez
que os anestésicos geralmente causam vasodilatação e perda de
calor. Os cuidados relacionados são o uso de incubadoras com
neutralidade térmica, monitorização cutânea e/ou retal, cober-
tores térmicos ou envoltórios plásticos que diminuam também
as perdas evaporativas e utilização de berços aquecidos com ca-
lor radiante. Trata-se de medidas que impedem a perda de calor
e resultam em melhora da hemodinâmica, metabólica e neuro-
lógica (SANTOS et al., 2013; SCHMITZ, 2001).
Durante a cirurgia, o lactente tem dificuldades em manter
um volume normal de sangue circulante. Apresenta um volume
de sangue total consideravelmente menor do que uma criança

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mais velha ou um adolescente, e mesmo a perda de uma peque-


na quantidade de sangue é grave. O volume circulante reduzido
torna difícil para a criança responder às demandas de oxigênio
aumentadas durante o ato cirúrgico; assim, irregularidades res-
piratórias e apneia podem ocorrer até horas após o procedimen-
to anestésico (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; BOWDEN, 2013).
Nesse sentido, a verificação das condições hemodinâmicas
prévias e durante o ato operatório é essencial diante das pos-
síveis intercorrências, como hipotensão e/ou hipovolemia, uma
vez que os cuidados de Enfermagem são o correto posiciona-
mento da monitorização hemodinâmica e a constante avaliação
dos parâmetros e a previsão, requisição e controle de reposição
de concentrado de hemoderivados e líquidos IV.
A resposta metabólica do organismo ao estresse cirúrgico
pode acarretar profundas alterações na função neuroendócrina
e implicações metabólicas, hemodinâmicas e nutricionais, entre
outras. A hiperglicemia pode ser uma intercorrência uniforme
à agressão cirúrgica ou secundária à doença grave e, quando
prolongada, promove catabolismo, aumento do consumo de
oxigênio e ruptura dos mecanismos de homeostase da oferta
e consumo de oxigênio. Esse efeito também diminui a cicatri-
zação tecidual e aumenta o risco de infecção (SCHMITZ, 2001;
BOWDEN, 2013).
Outro aspecto relevante é a restrição de alimentos e líqui-
dos antes da cirurgia, para evitar a broncoaspiração durante a
anestesia. Os lactentes exigem uma atenção especial às necessi-
dades de líquidos. Eles não devem ter acesso a líquidos por via
oral por um período prolongado no pré-operatório, para evitar a
depleção do glicogênio e a desidratação. Nesse contexto, o lac-
tente é altamente suscetível a complicações associadas a desi-

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dratação. Vale ressaltar que, se sangue e líquidos forem repostos


muito rapidamente, pode haver sobrecarga hídrica. Além disso,
o paciente desnutrido está propenso a baixa tolerância a anes-
tesia, a um balanço nitrogenado negativo devido a carência pro-
teica e a um atraso nos mecanismos de coagulação do sangue,
infecção e cicatrização (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
No período intraoperatório, uma intercorrência comum
são lesões por posicionamento cirúrgico, uma vez que ele de-
pende do procedimento cirúrgico a ser realizado, bem como das
condições físicas do paciente. Os recursos de proteção para auxi-
liar o posicionamento do paciente incluem colchonete da mesa
cirúrgica, travesseiros, colchão de casca de ovo, matelassê de
membros inferiores e superiores, espumas protetoras, almofa-
das, coxim de mão, rodília, manta e colchão térmico, protetores
e dispositivos feitos de gel (FONSECA, 2013).
O planejamento da assistência no pré-operatório deve as-
segurar a máxima segurança para cada paciente em particular,
levando em consideração idade, hábitos, condições psicológicas
frente a hospitalização, condições físicas (nutricionais, hidrata-
ção, pulmonar, hepática, cardiovascular, neurológicas e renais),
natureza da cirurgia (emergência, urgência, se é necessária, ele-
tiva ou opcional), extensão da cirurgia (grau de espoliação do
organismo por conta da lesão dos tecidos e do tempo de aneste-
sia), cuidados necessários no pós-operatório, tempo de hospita-
lização, presença ou não de acompanhante e condições psicoló-
gicas, condições socioeconômicas e culturais da família (SANTOS
et al., 2013).
No período pós-operatório, na sala de recuperação pós-
-anestésica, as intercorrências após a anestesia – como obstru-
ção da via aérea, edema vocal pós-extubação, laringoespasmo

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HOSPITALAR

e broncoespasmo –, podem tornar crítica a preservação da pa-


tência via aérea e da ventilação máxima. A monitoração da sa-
turação de oxigênio e o fornecimento de oxigênio suplementar
conforme necessário, a manutenção da temperatura corporal e a
promoção do equilíbrio hidroeletrolítico são aspectos importan-
tes do tratamento pós-operatório imediato (POI). Os sinais vitais
são continuamente monitorados, por exemplo, pela aplicação da
escala de Aldrete e Kroulik; e cada sinal é avaliado em termos de
efeitos colaterais da anestesia, choque ou comprometimento da
respiração (FC, FR, PA, temperatura) (HOCKENBERRY; WILSON,
2014; BOWDEN, 2013).
Uma intercorrência nos sinais vitais que exige a atenção
imediata durante o POI é causada pela hipertermia maligna
(HM). Trata-se de uma miopatia genética potencialmente fatal.
Em crianças suscetíveis, anestésicos como succinilcolina e halo-
tano desencadeiam distúrbios, produzindo hipermetabolismo,
rigidez muscular e temperatura elevada (HOCKENBERRY; WIL-
SON, 2014).
Os primeiros sintomas da HM incluem taquicardia e ta-
quiarritmia e acidose metabólica e respiratória. Uma temperatu-
ra elevada é considerada por muitos um sinal tardio do distúrbio.
Uma história familiar ou um episódio anterior de febre alta re-
pentina associada ao procedimento cirúrgico e certos distúrbios
neuromusculares aumentam o risco de HM; crianças que fizeram
cirurgias prévias com sucesso sem efeitos adversos ainda devem
ser consideradas suscetíveis (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
A família tem papel de grande importância quando se trata
de internação, cirurgia e segurança, pois a criança e o adolescen-
te se encontram em ambiente desconhecido, podem apresen-
tar distúrbios psicológicos, afastamento do ambiente familiar e

52 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


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HOSPITALAR

de amigos, falta da rede de apoio, ausência de brinquedo, entre


outros. Esses fatores podem desencadear medo, angústia e até
mesmo pesadelos. Por isso, devem ser realizadas atividades que
façam com que a criança se sinta totalmente segura e feliz, em
companhia de pessoas de seu convívio, adquirindo confiança nos
profissionais da saúde, aplicando-se o uso de brinquedos tera-
pêuticos, antes da execução de qualquer procedimento, o que
pode ajudar a criança a compreender o que será realizado com
ela no período perioperatório (WEGNER et al., 2017).
Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas
no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3.
1 para compreender a aplicação da SAE em uma das condições
clínicas abordadas.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por
fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione: En-
fermagem Pediátrica e Neonatal – Vídeos Complementares – Complementar 1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

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UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

3.1. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM


PEDIATRIA

A Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE é


uma atividade privativa do enfermeiro, que, por meio de um
método, realiza a identificação das situações de saúde/doença.
Trata-se de uma estratégia que realiza a prescrição e implemen-
tação das ações de assistência de Enfermagem, que possam con-
tribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação
em saúde do indivíduo, de sua família e comunidade (COFEN,
2016; ALFARO-LeFREVE, 2014).
A SAE é essencial para que o enfermeiro possa gerenciar e
desenvolver uma assistência de Enfermagem organizada, segu-
ra, dinâmica e competente. Consiste em cinco etapas inter-re-
lacionadas e cíclicas: investigação/coleta de dados, diagnóstico,
planejamento, implementação e avaliação. Seu propósito é or-
ganizar e priorizar o cuidado do paciente, manter o foco no que
é importante e formar hábitos de raciocínio que ajudem o enfer-
meiro a obter confiança e habilidades necessárias para pensar
criticamente nas situações clínicas, teóricas e de teste (ALFARO-
-LeFREVE, 2014).
Para tanto, ao analisar os dados coletados na anamnese e
no exame físico de RN, criança e adolescente, serão identificados
necessidades básicas afetadas e grau de dependência do pacien-
te em relação à Enfermagem, para o seu atendimento. Segue-se
para o diagnóstico de Enfermagem (DE), o qual é estabelecido
com base na Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis
Association (Nanda), a fim de esclarecer os dados dos problemas
reais e potenciais e os fatores de risco abordados para que sejam
atingidos os resultados gerais esperados do cuidado (ALMEIDA;
SABATÉS, 2008; BORGES; FUGIMORI, 2009).

54 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

Os DE, por exemplo, nas disfunções respiratórias descritas


anteriormente, podem compreender: desobstrução ineficaz das
vias aéreas; padrão respiratório ineficaz; intolerância à ativida-
de relacionada à oxigenação insuficiente; dor aguda; risco para
infecção; risco para hipertermia; risco para nutrição desequili-
brada: menos do que as necessidades corporais. Conforme o
estabelecimento dos títulos dos DE prioritários, estabelecem-se
as características definidoras e os fatores relacionados (HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).
Vale ressaltar que, para os DE voltados para o cuidado cen-
trado na família (tais como risco para controle familiar ineficaz
do regime terapêutico e processos familiares alterados), o fato
de se incluir a família no cuidado à criança exige que o enfer-
meiro esteja aberto e atento às interações, ao impacto das vi-
vências, que conheça dinâmicas e formas de adaptação diversas.
O cuidado acontece em um contexto interacional e de vivências
compartilhadas. Assim, a família possui capacidade de adaptar-
-se para manter e perpetuar o seu contínuo movimento de alme-
jar o bem viver.
Nesse sentido, o planejamento dos cuidados deve incluir
ações relativas a esses diagnósticos, quando presentes ou de
risco, bem como outras ações relacionadas a diagnósticos indi-
vidualizados, obtidos pela avaliação da criança, ou a coletivos,
referentes à família e à criança. O enfermeiro tem autonomia
para implementar as ações de atenção à saúde propostas pela
Enfermagem e também ações envolvendo a equipe multidiscipli-
nar. As intervenções para cada diagnóstico de Enfermagem de-
vem ser apropriadas à intensidade das demandas identificadas,
bem como às características da criança, em especial sua idade,
que determina sua autonomia ou dependência no atendimento
das próprias necessidades (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).

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A utilização do processo de Enfermagem auxilia o enfer-


meiro a planejar, tomar decisões e prever consequências. Trata-
-se de um processo cíclico e sistemático de avaliação; portanto,
metas e resultados esperados das intervenções são avaliados
continuamente durante a fase de implementação das ações pela
prescrição de Enfermagem.
Para se aprofundar nessas questões, realize as leituras in-
dicadas a seguir:
• COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Reso-
lução nº 0527/2016. Atualiza e estabelece parâmetros
para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de
Enfermagem nos serviços/locais em que são realizadas
atividades de Enfermagem. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 nov. 2016. Dispo-
nível em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-
-no-05272016_46348.html>. Acesso em: 26 set. 2018.
• DINI, A. P.; GUIRARDELLO, E. B. Sistema de classificação
de pacientes pediátricos: aperfeiçoamento de um ins-
trumento. Revista da Escola de Enfermagem da USP,
São Paulo, v. 48, n. 5, p. 787-793, out. 2014. Disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0080-62342014000500787&lng=en&nrm
=iso&tlng=pt>. Acesso em: 26 set. 2018.

3.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA NEONATAL

O período neonatal representa um estágio singular na cro-


nologia do ser humano, em razão do tamanho, da suscetibilida-
de ao meio e do grau de dependência do RN. Essas particula-
ridades se acentuam conforme o comprometimento clínico. Os

56 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


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RN determinados clinicamente como pré-termo compreendem


aqueles com até 37 semanas completas; como termo, aqueles
entre 37 semanas completas e menos de 42 semanas completas;
e como pós-termo, aqueles com mais de 42 semanas completas
(BRASIL, 2014).
Nesse contexto, o período neonatal também pode conter
múltiplos riscos biológicos, socioeconômicos e culturais. Os RN
em risco necessitam de cuidados especiais, com atuação oportu-
na, integral e qualificada da equipe de saúde. No Brasil, em 2013,
a mortalidade neonatal correspondeu a 69% dos óbitos infantis.
Já em âmbito mundial, as principais causas das mortes neonatais
são complicações da prematuridade, eventos relacionados a par-
to e infecções (GOMES et al., 2014).
A mortalidade neonatal precoce associada à asfixia peri-
natal em recém-nascidos de baixo risco, ou seja, com peso ao
nascer ≥ 2.500 g e sem malformações congênitas, é elevada no
país. Nesse sentido, o RN de risco pode ser definido como aquele
exposto a situações em que há maior risco de evolução desfavo-
rável, e elas devem ser prontamente reconhecidas pela equipe
de saúde, pois demandam atenção especial e prioritária (SOUZA,
2014).
A Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Crian-
ça e a Redução da Mortalidade Infantil também acrescenta os
seguintes critérios para identificação do RN de risco: baixo nível
socioeconômico, história de morte de criança menor de 5 anos
na família, criança explicitamente indesejada, mãe adolescente
(< 20 anos), RN pré-termo (< 37 semanas), RN com baixo peso ao
nascer (< 2.500 g), mãe com baixa instrução (< 8 anos de estudo).
Sugerem-se os seguintes critérios para identificar o RN de alto
risco: RN com asfixia grave ao nascer (Apgar < 7 no quinto minu-

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to de vida), RN pré-termo com peso ao nascer < 2.000 g, RN < 35


semanas de idade gestacional e RN com outras doenças graves
(BRASIL, 2014).
Na assistência ao RN de risco, o enfermeiro é um membro
indispensável da equipe multiprofissional, uma vez que ele une
o conhecimento científico à realidade, ao pensamento crítico e à
prática dos cuidados intensivos neonatais, reconhece as neces-
sidades do RN e da família e planeja sua assistência (HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).
O texto indicado a seguir apresenta essa linha do cuidado
neonatal em Enfermagem ao RN pré-termo:
• PIMPÃO, F. D. et al. O cuidado de Enfermagem no alo-
jamento conjunto: uma revisão integrativa. Cogitare
Enfermagem, v. 17, n. 3, p. 562-567, jul./set. 2012. Dis-
ponível em: <https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/
view/20752/19051>. Acesso em: 24 set. 2018
Em seguida, acesse o link "Semiologia e Semiotécnica do
recém-nascido pré-termo" e realize os estudos propostos:
• GESCA – GRUPO DE ESTUDOS EM SAÚDE DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE. Semiologia e Semiotécnica do
recém-nascido pré-termo. Disponível em: <http://
gruposdepesquisa.eerp.usp.br/gpecca2/?page_id=23
>. Acesso em: 05 dez. 2017.
Agora acesse o link "E-baby" para uma prática do cuidado
virtual de um RN.
• GESCA – GRUPO DE ESTUDOS EM SAÚDE DA CRIAN-
ÇA E DO ADOLESCENTE. E-baby. 2012. Disponível em:
<http://www2.eerp.usp.br/site/grupos/gpecca/obje-
tos/ebaby/>. Acesso em: 05 dez. 2017.

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HOSPITALAR

Em seguida, pratique mais por meio do ambiente virtual si-


mulado com a família de um RN pré-termo em "E-baby Família".
• GESCA – GRUPO DE ESTUDOS EM SAÚDE DA CRIAN-
ÇA E DO ADOLESCENTE. E-baby Família. 2014. Dis-
ponível em: <http://gruposdepesquisa.eerp.usp.br/
gpecca2/?page_id=181>. Acesso em: 05 dez. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Sobre uma unidade de internação pediátrica, assinale a seguir a alterna-
tiva incorreta:
a) Todo recém-nascido e criança menor de 6 anos deve ser considerado
como de cuidado intermediário, independentemente da presença de
acompanhante, conforme a Resolução nº 0527/2016 do Cofen.
b) Os parâmetros estabelecidos pela Anvisa determinam ambientes como
posto de enfermagem, área de prescrição médica, sala de exames e
curativos, enfermaria de lactente, quarto e enfermaria de adolescente,
área de recreação, ala de lazer, refeitório, área e antecâmara de acesso
ao quarto de isolamento e sala de aula.
c) Sua estrutura segue as normas estabelecidas pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
d) A recepção e o acolhimento da criança e família, ao ser aquela interna-
da, são sempre realizados pela equipe de Nutrição do hospital.

2) A avaliação inicial do RN é feita por meio do índice de Apgar, que confere:


a) frequência cardíaca, esforço respiratório e choro.
b) pressão arterial, glicemia capilar, tônus muscular, irritabilidade reflexa
e cor.

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UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
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c) frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade


reflexa e cor.
d) nenhuma das alternativas anteriores.

3) O desenvolvimento infantojuvenil é marcado por determinadas fases de


cada grupo etário. Relacione cada uma delas às suas características:
a) RN e lactente ( ) Fase fálica, pensamento concreto egocêntrico e fun-
cional e senso de iniciativa versus culpa.
b) Infante ( ) Fase de latência, pensamento lógico e funcional
com desenvolvimento da industriosidade.
c) Pré-escolar ( ) Fase oral, pensamento sensório-motor e senso de
confiança versus desconfiança.
d) Escolar ( ) Fase de sexualidade adulta, pensamento lógico-de-
dutivo e identidade versus confusão de papel.
e) Adolescente ( ) Fase anal, pensamento concreto egocêntrico, noção
de causa-efeito e senso de autonomia versus dúvida.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) d.

2) c.

3) c, d, a, e, b.

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, em que você teve
a oportunidade de compreender a importância da assistência
de Enfermagem em uma unidade de internação pediátrica, bem
como a assistência prestada a RN, criança, adolescente e família.

60 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

Além disso, foram apresentadas situações e intercorrên-


cias clínicas e cirúrgicas, suas repercussões e respectivos cuida-
dos de Enfermagem. Discutimos a respeito das necessidades da
criança hospitalizada, dos problemas que poderão ocorrer e das
experiências provenientes do processo clínico e cirúrgico. Consi-
dera-se que a qualidade da assistência de Enfermagem prestada
ao paciente é fundamental para o sucesso da hospitalização, do
ato cirúrgico e para a recuperação adequada do paciente, no me-
nor tempo possível e com o mínimo de perdas físicas e psíquicas
com a máxima participação da criança, do adolescente e de sua
família.
Acesse agora o Conteúdo Digital Integrador, que amplia-
rá seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade,
você aprenderá especificidades do cuidado de Enfermagem em
Pediatria.

6. E-REFERÊNCIAS
ANVISA – AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução nº 50, 21
de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento,
programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 2002. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/
res0050_21_02_2002.html>. Acesso em: 24 set. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os
profissionais de saúde. Volume 1: Cuidados gerais. 2. ed. atual. Brasília: Ministério da
Saúde, 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_
saude_recer_nascido_v1.pdf>. Acesso em: 24 set. 2018.
______. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional
de Humanização. Humaniza SUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco:
um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
(Série B – Textos Básicos de Saúde). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/acolhimento.pdf>. Acesso em: 24 set. 2018.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 61


UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de


Ações Programáticas Estratégicas. Orientações básicas de atenção integral à saúde de
adolescentes nas escolas e unidades básicas de saúde. 1. ed., 1 reimpr. Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/orientacao_basica_saude_adolescente.pdf>. Acesso em: 25 set. 2018.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde,
2012. (Cadernos de Atenção Básica, v. 33). Disponível em: <http://189.28.128.100/
dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/caderca_33.pdf>. Acesso em: 25 set. 2018.
COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução nº 0527/2016. Atualiza
e estabelece parâmetros para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de
Enfermagem nos serviços/locais em que são realizadas atividades de Enfermagem.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 nov. 2016. Disponível
em: <http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05272016_46348.html>. Acesso
em: 26 set. 2018.
GOMES, G. C. et al. A família durante a internação hospitalar da criança: contribuições
para a Enfermagem. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 234-240, abr./jun.
2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
81452014000200234&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 set. 2018.
MARTINS, C. B. G. Acidentes e violências na infância e adolescência: fatores de risco e
de proteção. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 66, n. 4, p. 578-584, jul./ago.
2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
71672013000400017&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 set. 2018.
PIMPÃO, F. D. et al. O cuidado de Enfermagem no alojamento conjunto: uma revisão
integrativa. Cogitare Enfermagem, v. 17, n. 3, p. 562-567, jul./set. 2012. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/20752/19051>. Acesso em: 24 set. 2018.
SANTOS J. V. et al. Segurança do paciente infantil no centro cirúrgico. Revista Sobecc,
São Paulo, v. 18, n. 1, p. 44-53, jan./mar. 2013. Disponivel em: <http://sobecc.org.br/
arquivos/artigos/2012/pdf/Artigos-Cientificos/Ano18_n1_jan_mar2013_seguranca-
do-paciente-infantil-no-centro-cirurgico.pdf>. Acesso em: 25 set. 2018.
SOUZA, R. S. et al. Atenção à saúde da criança: prática de enfermeiros da saúde da família.
Revista Mineira de Enfermagem, v. 17, n. 2, p. 331-339, abr./jun. 2013. Disponível em:
<http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/653>. Acesso em: 25 set. 2018.
WEGNER, W. et al. Segurança do paciente no cuidado à criança hospitalizada:
evidências para Enfermagem Pediátrica. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto
Alegre, v. 38, n. 1, e68020, maio 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472017000100504&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 24 set. 2018.

62 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE
HOSPITALAR

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALFARO-LeFREVE, R. Aplicação do processo de Enfermagem: promoção do cuidado
colaborativo. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ALMEIDA, F. A. A; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o
adolescente e sua família no hospital. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008.
BORGES, A. L. V.; FUGIMORI, E. Enfermagem e a saúde do adolescente. 1. ed. São
Paulo: Manole, 2009.
BOWDEN, V. R. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2013.
CARVALHO, S. D. (Org.). O enfermeiro e o cuidar multidisciplinar na saúde da criança e
do adolescente. São Paulo: Atheneu, 2012.
CARVALHO, W. B. Terapia intensiva pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2006.
FONSECA, A. S. Enfermagem Pediátrica. 1. ed. São Paulo: Martinari, 2013.
FUJIMORI, E.; OHARA, C. V. S. (Orgs.). Enfermagem e a saúde da criança na atenção
básica. Barueri: Manole, 2009.
HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem
Pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
JARVIS, C. Exame físico e avaliação de saúde. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2002.
SCHMITZ, E. M. R. A Enfermagem em Pediatria e Puericultura. 1 ed. São Paulo:
Atheneu, 2001.
SOUZA, A. B. G. Enfermagem Neonatal: cuidado integral ao recém-nascido. 2. ed. São
Paulo: Atheneu, 2014.
WRIGHT, L. M.; LEAHEY, M. Enfermeiras e famílias: um guia para a avaliação e
intervenção na família. 5. ed. São Paulo: Roca, 2011.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 63


© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL
UNIDADE 2
ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE
ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

Objetivos
• Planejar, desenvolver e avaliar ações de Enfermagem de caráter individual
e coletivo voltadas às especificidades do cuidado, tais como dor e cuidados
de necessidades especiais em saúde.
• Identificar o brinquedo terapêutico como estratégia de investigação e in-
tervenção de Enfermagem com a criança hospitalizada.

Conteúdos
• O lúdico, o brincar e o brinquedo terapêutico na assistência a crianças e
adolescentes.
• Crianças com necessidades especiais de saúde – o cuidado de Enfermagem
e da equipe de saúde.
• Assistência de Enfermagem nas situações de dor em Pediatria e
adolescência.
• Assistência de Enfermagem relacionada à segurança do paciente em
Pediatria.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

65
UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus-


que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi-
nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen-
to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e a
sua prática profissional.

2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteú-


do Digital Integrador.

66 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

1. INTRODUÇÃO
Cada criança possui características específicas e necessidades
especiais que precisam ser respeitadas e atendidas durante o perío-
do de hospitalização para que ele transcorra da melhor forma pos-
sível. Entre essas peculiaridades, destacam-se o brincar e o lúdico
na prática assistencial, as necessidades especiais de saúde e a dor.
As relações do enfermeiro com a criança e seus pais devem
comunicar compreensão, reconhecimento das necessidades de
ambos e respeito pessoal. Dar atenção imediata e mostrar preo-
cupação transmite segurança aos pais e à criança, diminui a an-
siedade e ajuda a minimizar aspectos estressantes e intercorrên-
cias clínicas de uma internação hospitalar.
A necessidade de brincar e a participação da criança em
uma brincadeira envolvente têm precedência sobre a satisfação
de certas necessidades básicas, a não ser que o organismo esteja
em elevado estado de tensão, medo ou privação.
Vale ressaltar que a assistência de Enfermagem à criança,
esteja ela sadia ou doente, deve ultrapassar a prestação de cui-
dados físicos e o conhecimento técnico-científico relacionado à
doença e ao cuidado físico. Para que a pessoa da criança seja
atendida, é fundamental considerar, também, suas necessidades
emocionais e sociais, abrangendo o uso de técnicas adequadas
de comunicação e relacionamento, entre as quais se destaca o
brinquedo, ou seja, a situação de brincar.
É importante o enfermeiro estar apto a reconhecer e iden-
tificar as situações de dor e necessidades especiais de saúde que
a criança vivencia ao longo da hospitalização, e é oportuno esti-
mular a participação da família, agindo com atenção e paciência,
explicando os passos gradualmente, do menos ao mais complexo.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 67


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo das especi-
ficidades do cuidado de Enfermagem em Pediatria.

2.1. BRINQUEDO TERAPÊUTICO

No universo das brincadeiras, as crianças aprendem o que


ninguém mais pode ensinar a elas. Elas aprendem sobre o seu
mundo e sobre como lidar com esse ambiente de objetos, tem-
po, espaço, estrutura e pessoas. Trata-se de uma necessidade da
infância, o trabalho da criança e o meio pelo qual ela se desen-
volve em todos os aspectos – físico, emocional, cognitivo e social
– de forma natural. Ao ser hospitalizada, ocorre praticamente
uma mudança brusca em toda a rotina na qual a criança está in-
serida. Ser afastada de seu lar, de seus pertences e dos familiares
e amigos causa grande ansiedade e estresse.
Nesse sentido, a compreensão de que brincar é uma ne-
cessidade básica é essencial às pessoas que cuidam da crian-
ça, devendo ser valorizada tanto quanto higiene, alimentação,
exame físico, medicação, curativo e outros cuidados (FUJIMORI;
OHARA, 2009; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Trata-se de compreender a criança como um ser integral,
conforme preconiza a Política Nacional de Atenção Integral à
Saúde da Criança (PNAISC) – Portaria nº 1.130, de 5 de agosto
de 2015 –, a qual, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),
incentiva e qualifica o acompanhamento do crescimento e do
desenvolvimento infantil. A utilização do brinquedo em geral e

68 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

do brinquedo terapêutico como metodologia assistencial atende


ao preconizado pela Política Nacional de Humanização do Minis-
tério da Saúde, que valoriza a dimensão subjetiva e social em to-
das as práticas de assistência à saúde. Também está em concor-
dância com os preceitos da assistência atraumática, considerada
uma das grandes tendências no cuidado de saúde à criança e à
sua família (BRASIL, 2015; FUJIMORI; OHARA, 2009).
Na programação da sistematização da assistência à crian-
ça, o profissional deve prever, prover e facilitar a sua participa-
ção nos diferentes tipos de brincadeira. Especialmente para o
enfermeiro e a equipe de Enfermagem, essa participação é im-
prescindível para que a criança não os relacione apenas a proce-
dimentos desagradáveis e dolorosos e para que estabeleça uma
relação de confiança e amizade entre eles. É fundamental con-
siderar que o brincar e o lúdico representam uma intervenção
diagnóstica e terapêutica.
A utilização do brinquedo pelo enfermeiro é recomenda-
da e regulamentada pelo Conselho Federal de Enfermagem, por
meio da Resolução nº 295, de 24 de outubro de 2004, que relata
em seu artigo 1º:
Compete ao Enfermeiro que atua na área pediátrica, enquanto
integrante da equipe multiprofissional de saúde, a utilização da
técnica do brinquedo/brinquedo terapêutico, na assistência à
criança e à família (COFEN, 2004).

A Resolução nº 546, de 18 de maio de 2017, dita em pará-


grafo único:
A utilização da técnica do brinquedo/brinquedo terapêutico,
quando realizada por Auxiliar ou Técnico de Enfermagem, deverá
ser prescrita e supervisionada pelo Enfermeiro (COFEN, 2017).

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UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

E em seu artigo 2º:


A utilização da técnica do brinquedo/brinquedo terapêutico
deverá contemplar as etapas do Processo de Enfermagem com
seu devido registro em prontuário, enquanto documento legal,
de forma clara, legível, concisa, datado e assinado pelo autor
das ações (COFEN, 2017).

O enfermeiro deve ter conhecimento das características e


funções da brincadeira para utilizar o brinquedo no contexto da
assistência à saúde. O brincar caracteriza-se como uma atividade
espontânea, prazerosa, livre de conflitos e tensões, que tem um
fim em si mesma. Envolve intensa motivação e pode ser classifi-
cada considerando-se o conteúdo da brincadeira, a participação
da criança na brincadeira, a atividade desenvolvida ou a finalida-
de da brincadeira. Deve-se relacionar ao estágio de desenvolvi-
mento da criança e às funções do brinquedo, ou seja, recreação,
estimulação, socialização e dramatização de papéis, de conflitos
e catarse (ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
Pensando ainda em termos de desenvolvimento, os pa-
drões das brincadeiras podem ser categorizados de acordo com
seu conteúdo, seguindo a tendência direcional do mais simples
para o mais complexo, por exemplo: brincadeira socioafetiva (be-
bês se divertem no relacionamento com outras pessoas); brinca-
deira de estimulação sensorial (os objetos do ambiente atraem a
atenção da criança); brincadeira de habilidades (após adquirirem
capacidade de manipular e segurar, as crianças demonstram e
exercitam várias vezes suas habilidades); brincadeira de drama-
tização ou faz de conta (se inicia no final da primeira infância
e é predominante na criança pré-escolar); e jogos de imitação,
formais e competitivos (crianças pré-escolares).
Quanto às formas de participação da criança na brinca-
deira, elas podem ser descritas como: observada (nos primeiros

70 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

anos de vida, observam outras crianças brincando, sem partici-


par); solitária (brincam sozinhas e independentemente de outras
crianças, especialmente até os 18 meses); paralela (peculiar en-
tre um e três anos de idade, brincam uma ao lado da outra, sem
interação entre elas); associativa (brincam juntas, sem uma or-
ganização ou regras, característica de crianças entre três e cinco
anos de idade); e cooperativa ou jogo social (brincam em grupo
com outras crianças, com atividades planejadas e discutidas para
consecução de um objetivo; inicia-se a partir dos cinco anos de
idade) (RIBEIRO; BORBA; REZENDE, 2009; CARVALHO, 2012).
No tocante às atividades desenvolvidas e às finalidades
da brincadeira, temos a seguinte classificação: sensório-motora
(lactente explora o mundo exterior e as crianças maiores têm
o brinquedo como estímulo básico dos movimentos corporais);
simbólica (a principal atividade é a dramatização); desenvolvi-
mento intelectual (por meio da exploração e manipulação, as
crianças aprendem cores, formas, tamanhos, texturas e o signi-
ficado dos objetos); criatividade (estimula ideias e sua inclusão
nas brincadeiras); autopercepção (processo de desenvolvimento
da identidade); valor moral (relação com colegas contribui para
o treinamento moral); recreativa (o brinquedo conduz a diversão
e recreação); socializadora (aprendizagem das relações sociais);
e terapêutica ou catártica (diagnóstico de conflitos vivenciados e
função curativa) (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
De acordo com as características e particularidades das
funções do brinquedo, são enormes as possibilidades de utiliza-
ção dessa atividade como instrumento de assistência à saúde da
criança e de sua família. No contexto hospitalar, o brincar e o lú-
dico auxiliam a criança e sua família a enfrentar a hospitalização,
uma vez que se trata de uma situação potencialmente estres-
sante para a criança e uma mudança brusca de toda rotina que

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 71


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

pode determinar agravos emocionais, caso não haja um manejo


adequado da situação por parte da equipe de saúde que a assis-
te. O brinquedo representa um meio de alívio para as tensões
impostas pela doença e pela hospitalização, além de uma pos-
sibilidade de comunicação entre o enfermeiro e a criança, para
traçar metas de assistência de Enfermagem. Além disso, ajuda a
criança na adaptação hospitalar e na exteriorização de seus me-
dos e sua ansiedade e a lidar com a situação de estresse (COSTA
et al., 2016).
A utilização do brinquedo apresenta vantagens tanto para
a criança e sua família como para os profissionais, uma vez que
promove a aproximação e a comunicação entre eles, favorece a
compreensão da técnica e da necessidade de intervenções, pos-
sibilita o relaxamento das tensões determinadas pelos procedi-
mentos, permite uma melhor compreensão do significado que
as crianças atribuem às suas vivências, além de alegrar e des-
contrair o ambiente e tornar o tempo de espera do atendimento
agradável (COSTA et al., 2016).
Na prática assistencial do enfermeiro – por exemplo, du-
rante o exame físico na admissão hospitalar ou a realização de
procedimentos invasivos e dolorosos –, é imprescindível que tan-
to a criança como os pais/responsáveis sejam preparados para
tais procedimentos. Conforme estudos, as crianças, quando pre-
paradas, se tornam mais cooperativas, expressam melhor seus
sentimentos de medo e ansiedade, demonstram compreender a
necessidade do procedimento, têm reações de tensão diminuí-
das, passam a se relacionar melhor com as outras crianças e com
a equipe de Enfermagem. Em contrapartida, o despreparo ou a
assistência inadequada podem acarretar prejuízos para o desen-
volvimento da criança.

72 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

Nesse sentido, é fundamental que o enfermeiro estabele-


ça uma relação de confiança com a criança e a família por meio
da oferta de recursos que ajudem todos a enfrentar, de maneira
menos traumática, o que não pode ser evitado. É preciso ajudar
a criança e os pais/responsáveis a se sentir mais seguros no mo-
mento de enfrentar a situação por meio de uma comunicação
terapêutica e efetiva, a qual facilite a percepção do que será rea-
lizado e substitua conceitos errados ou fantasias, ajudando a en-
trar em contato com a realidade. Trata-se de fornecer meios para
que esse momento se transforme em uma experiência constru-
tiva, de crescimento tanto para a criança como para seus pais/
responsáveis (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Portanto, no planejamento do preparo para o procedi-
mento, é fundamental considerar a fase de desenvolvimento da
criança e suas características individuais, a experiência passada
relacionada a vivências de procedimentos e as peculiaridades do
procedimento ao qual a criança será submetida, além da impor-
tância da participação e do preparo dos pais (CARVALHO, 2012).
Em relação à participação de pais/responsáveis, considera-
-se que deve ser incentivada e de acordo com a decisão destes, e
o enfermeiro tem o dever de respeitá-la, assim como de orientá-
-los e apoiá-los para que compreendam a necessidade, a técnica
e o manejo do procedimento e da necessidade do preparo da
criança. Quando eles se sentem capazes de assumir o procedi-
mento e desejam fazê-lo, o enfermeiro deve orientá-los e ofere-
cer apoio enquanto prepara a criança.
Existem três modalidades de brinquedo terapêutico. O
brinquedo terapêutico institucional visa preparar a criança para
os procedimentos a que será submetida; o dramático ou catár-
tico permite a descarga emocional da criança; já o terapêutico

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 73


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

capacitador de funções fisiológicas tem a meta de potencializar


as capacidades fisiológicas da criança, de acordo com as suas
condições e necessidades biofísicas.
O material utilizado nas sessões de brinquedo terapêuti-
co deve constituir-se de figuras representativas da família e da
equipe de saúde, objetos de uso doméstico e outros (chupeta,
mamadeira, telefone), objetos de uso profissional e terapêutico
(estetoscópio, termômetro), bonecos para realização de proce-
dimentos, material para desenho e pintura e blocos geométricos
(COSTA et al., 2016; ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
Vale ressaltar que os brinquedos não são propriamente te-
rapêuticos, e sim a brincadeira propriamente dita e a condução
da sessão de forma não diretiva, uma vez que o essencial é que
a criança perceba a presença de um adulto aceitador que a esti-
mule a expressar seus sentimentos. A sessão deve ser conduzida
pelo enfermeiro, de forma a permitir que a criança brinque com
inteira liberdade, ainda que com um tema determinado, como
na brincadeira instrucional.
A atividade lúdica também é um recurso útil na realização
de atividades de educação em saúde das crianças. Ao utilizar a
atividade lúdica, é necessário adequá-la ao estágio de desenvol-
vimento, considerando as características do desenvolvimento
cognitivo e da personalidade de cada grupo etário. Por exemplo,
para as crianças menores, trata-se de um instrumento funda-
mental, uma vez que elas ainda têm pouco ou nenhum domínio
da linguagem escrita e porque o brincar permite o uso dos seus
próprios recursos emocionais, favorecendo a sua aprendizagem.
A Lei nº 11.104, de 21 de março de 2005, dispõe sobre a
obrigatoriedade da instalação de brinquedotecas nas unidades
de saúde públicas ou privadas que ofereçam atendimento pediá-

74 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

trico em regime de internação. Entende-se brinquedoteca como


o espaço provido de brinquedos e jogos educativos, destinado
a estimular crianças e seus acompanhantes a brincar. Todavia,
de acordo com a função desse espaço e com base em literatura
científica, ele pode ser implantado não só no ambiente hospi-
talar, mas também em ambulatórios, clínicas, centros de saúde
e unidades de saúde da família, facilitando também a relação
criança-família-equipe de saúde, além de representar condição
essencial para a humanização da assistência de Enfermagem.
Um aspecto que tem sido foco de importante preocupação
dos enfermeiros refere-se à segurança dos brinquedos e objetos
usados para brincar, incluindo a segurança relacionada à higie-
nização deles. A equipe que atende à criança, sobretudo o en-
fermeiro, deve favorecer e fortalecer a atividade do brinquedo,
incorporando-o à filosofia de sua instituição. Apesar de a maioria
dos brinquedos ser segura, podem representar perigos quando
não são respeitados os critérios de sua utilização, a adequação
por idade e, sobretudo, a fase do desenvolvimento de cada crian-
ça (FUJIMORI; OHARA, 2009).
Conforme as diretrizes da Academia Americana de Pedia-
tria, as práticas de segurança com brinquedo estão alicerçadas
em quatro princípios básicos: seleção, supervisão, manutenção
e armazenamento (COSTA et al., 2016). No ambiente hospitalar,
recomenda-se avaliar o material do brinquedo, devendo ele per-
mitir desinfecção entre os usos (ou seja, ser de plástico, rígido e
não poroso), e verificar o risco de transmissão cruzada e a sua
possibilidade de limpeza e desinfecção.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 75


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-


panhar discussões sobre a segurança do paciente em Pedia-
tria. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as
leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

2.2. CUIDADO DA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS


DE SAÚDE: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO

As práticas de cuidado à saúde da criança vêm se transfor-


mando no decorrer dos anos. Em especial, na década de 1990, os
avanços científicos e tecnológicos contribuíram para o aumento
da sobrevida de crianças com doenças de alto nível de comple-
xidade ou com doenças crônicas e/ou incapacitantes por meio
de recursos terapêuticos mais eficazes, evolução tecnológica e
recursos humanos especializados.
As Crianças com Necessidades Especiais de Saúde (Cria-
nes) – expressão derivada do inglês Children with Special Health
Care Needs (CSHCN) – são pacientes que necessitam de cuida-
dos especiais no domicílio, além daqueles oferecidos a crianças
e adolescentes em desenvolvimento. As Crianes representam
um conjunto de diagnósticos médicos de crianças, com cuida-
dos especiais de saúde temporários ou permanentes. Podem
apresentar fragilidade clínica e vulnerabilidade social conforme
a dependência contínua dos serviços de saúde e de diferentes
profissionais (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O processo de cuidar de crianças e adolescentes com ne-
cessidades especiais de saúde requer conhecimento e preparo
dos profissionais de saúde, em especial do profissional enfermei-
ro, para que a criança tenha tratamento e cuidados contínuos

76 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

desde a rede de atenção à saúde até a extensão domiciliar, pre-


parando o familiar cuidador para cuidar dessa Crianes, a fim de
que ela possa sobreviver com qualidade de vida.
Em 2015, a PNAISC ressaltou o cuidado integral à saúde da
criança por meio dos sete eixos de ações estratégicos. O quarto
eixo destaca:
atenção integral a crianças com agravos prevalentes na infância
e com doenças crônicas: consiste em estratégia para o diagnós-
tico precoce e a qualificação do manejo de doenças prevalen-
tes na infância e ações de prevenção de doenças crônicas e de
cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da atenção e
internação domiciliar sempre que possível (BRASIL, 2015).

No entanto, o cuidado à criança com necessidades espe-


ciais de saúde, na maioria das vezes, reduz-se predominantemen-
te ao atendimento das necessidades biológicas, em detrimento
das orientações para que seja ofertado um cuidado integral à
criança/família por meio dos aspectos biopsicossociais e espiri-
tuais. Deve-se valorizar a criança como um ser multidimensional
e singular, ou seja, deve-se compreendê-la em sua integralidade,
não apenas as características que lhe conferem limitações (BRA-
SIL, 2015).
Os cuidados integrais de saúde geralmente demandados
estão relacionados a medicamentos diários, hábitos de vida mo-
dificados, desenvolvimento comportamental, tecnologias duras
e transtornos psicoemocionais. Diante disso, é imprescindível
que o cuidador esteja instrumentalizado, capacitado e confian-
te para dar continuidade aos cuidados integrais de Crianes no
domicílio, com qualidade. A família possui papel importante no
cuidado à criança, uma vez que esta tem seu vínculo afetivo e re-
ferencial familiar estabelecido. Além disso, esse cuidado abrange

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 77


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

também o bem-estar físico, emocional e social de todos os seus


membros (OKIDO et al., 2016; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
A família de uma Crianes deve estar preparada para dar
continuidade aos cuidados dessa criança no domicílio. Por exem-
plo, uma criança dependente de tecnologias, com uma condição
crônica de saúde, com complexidade médico-clínica, estomas
diversos, instrumentos tecnológicos indispensáveis à sua exis-
tência, necessita de cuidados contínuos, especializados e, em
grande parte, de longa duração para manutenção de seu estado
de saúde. Vale ressaltar que tais cuidados podem acarretar uma
sobrecarga dos cuidadores no domicílio e que o conhecimento
da doença, do tratamento e do domínio da técnica reduz os ní-
veis de ansiedade, sofrimento e estresse dos familiares (LAW;
MCCANN; O’MAY, 2011).
A comunicação entre família e profissionais de serviço de
saúde é essencial para a construção do saber e o empoderamen-
to do cuidador. Por isso, o enfermeiro deve atuar de forma ativa
nas práticas educativas e no cuidado extensivo às famílias cuida-
doras de Crianes. A construção de um conhecimento conjunto
com os familiares de Crianes possibilita uma aliança de saberes
e experiências e busca contribuir no desenvolvimento de uma
prática de cuidado emancipatória e atraumática (ALMEIDA; SA-
BATÉS, 2008; BORGES; FUGIMORI, 2009).
No contexto hospitalar, faz-se necessário salientar a im-
portância de as unidades pediátricas possuírem profissionais de
saúde capacitados para assistir criança e família. O enfermeiro e
a equipe multidisciplinar devem ser sensíveis para promover um
ambiente de escuta efetiva para a família comunicar suas emo-
ções, preocupações, angústias, incertezas, rede social restrita e

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UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

as vulnerabilidades da criança com alguma necessidade especial


de saúde.
A família precisará também de um suporte nas redes de
apoio após a alta hospitalar. A equipe de saúde deve se atentar
para o centro do cuidado, no qual estão a criança e sua família.
Dessa forma, a Enfermagem deve atuar em planejamento, or-
ganização, execução e avaliação do processo de cuidar e assistir
em saúde. O enfermeiro é um profissional preparado para o cui-
dado humano, na busca da qualidade de vida e da manutenção
da integridade do ser. A sensibilidade, o respeito e a bioética as-
sociados ao conhecimento técnico-científico são essenciais para
a atuação de um profissional crítico, reflexivo e comprometido
com a qualidade do cuidado em Enfermagem.
A educação em saúde deve se iniciar ainda no espaço hos-
pitalar, como preparatório para a alta hospitalar. O enfermeiro,
como educador, auxilia na transformação, autonomia e indepen-
dência dos indivíduos. Diante disso, salientam-se a necessidade
de apoio e suporte aos familiares responsáveis de Crianes e a
importância do preparo dessas famílias para o cuidado no domi-
cílio, visando minimizar possíveis riscos e complicações na saúde
das Crianes (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Na perspectiva de vida das Crianes, a assistência à saúde
da criança e do adolescente deve ter ações efetivas e implemen-
tadas no processo de educação em saúde para famílias. É ne-
cessário considerar o saber e a experiência dos cuidadores des-
sas crianças que requerem tratamento e cuidado contínuo, uma
vez que representam um desafio dos cuidados de saúde, por
ser uma clientela crescente, que sofre internações frequentes e
muitas vezes com estado agravado pela ausência de orientações
adequadas para o cuidado no pós-alta.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 79


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

2.3. ASSISTÊNCIA À DOR EM PEDIATRIA

A dor é um importante fator que enfermeiro e equipe de


Enfermagem devem avaliar com frequência, sendo importante
administrar analgésicos para fornecer conforto e facilitar a coo-
peração no tratamento proposto. Trata-se de uma sensação te-
mida pela maioria de crianças e adolescentes, uma experiência
sensorial e emocional desagradável associada a lesões reais ou
potenciais (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O manejo da dor compreende a avaliação clínica com ins-
trumento válido, objetivo e adequado para cada faixa etária e
condição de saúde-doença e o tratamento proposto. O desafio
da assistência à dor em Pediatria requer capacitação técnica,
científica e atenção multidisciplinar. O padrão-ouro da avaliação
da dor é o autorrelato e a contribuição da família; além disso, a
literatura descreve várias ferramentas, como Comfort (medidas
de tônus muscular, movimentos, tensão facial e resposta respira-
tória); Neonatal Infant Pain Scale (indicadores comportamentais
e fisiológicos); e Children’s and Infant’s Postoperative Pain Scale
(indicadores comportamentais) (COSTA et al., 2017; BOWDEN,
2013).
O enfermeiro depara-se com a dor da criança em nume-
rosas situações clínicas. O profissional precisa saber intervir não
apenas na identificação da dor, como também na sua avaliação
e no manejo. A dor aguda é de início recente e, provavelmente,
de duração limitada. Em geral, é possível identificar uma causa
relacionada à lesão ou à doença. A dor crônica pode ser definida
como a dor que persiste por mais de seis meses e que não res-
ponde a tratamento médico tradicional ou cirúrgico (HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).

80 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

A capacidade das crianças de descrever dor se configura


conforme elas crescem e de acordo com o seu desenvolvimen-
to cognitivo e de linguagem. Por exemplo, o lactente apresenta
resposta corporal generalizada de rigidez e agitação, com choro
alto; o escolar manifesta choro alto, grito estridente e tentati-
vas de empurrar com ausência de colaboração; e o adolescente
apresenta maiores expressões verbais, tensão muscular e con-
trole do corpo (ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
A dor, em geral, se associa a medo, ansiedade e estresse;
assim, os pais devem ser envolvidos no processo de estratégias
não farmacológicas, como distração, relaxamento e posiciona-
mento adequado, além de sucção não nutritiva em lactentes.
É recomendado experimentar diversas estratégias adequadas a
idade, condições da criança, intensidade da dor e capacidade da
criança para uma abordagem mais efetiva.
Em relação ao tratamento farmacológico da dor, os opioi-
des são os analgésicos mais utilizados, e até mesmo analgésicos
por via endovenosa rotineiramente são prescritos pela equipe
médica. Todavia, enfermeiro e equipe de Enfermagem devem
monitorar os prováveis efeitos colaterais dos opioides e anti-in-
flamatórios não esteroides (Aines), como depressão respiratória.
Trata-se de uma complicação mais grave, em que a frequência
respiratória pode reduzir gradualmente ou as respirações podem
cessar abruptamente. Caso depressão ou parada respiratória
ocorra, o enfermeiro deve estar preparado para intervir rapida-
mente e comunicar a equipe médica, uma vez que se reduzirá a
infusão a 25%, quando possível, e o paciente será estimulado.
Caso o paciente não desperte, será administrada naloxona (Nar-
can), conforme prescrição médica e protocolo da instituição e
o paciente será monitorado à beira-leito pela equipe (HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 81


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

Diante das intercorrências abordadas, vale ressaltar que,


para desenvolver atividades de cuidado de qualidade e eficazes
e promover a recuperação da criança, a família torna-se célula
fundamental na manutenção dos cuidados no ambiente hospi-
talar. A Enfermagem deve atuar com os familiares de crianças
e adolescentes hospitalizados, considerando que a presença da
doença aguda ou crônica interfere diretamente no cotidiano
das crianças, dos adolescentes e de suas famílias. Salienta-se
a carência de uma educação permanente e uma assistência de
qualidade nos hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBS) para
que os profissionais da saúde possam atuar com a família, a fim
de transformar a realidade para além do âmbito hospitalar e da
atenção básica.

Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 1 para compreender melhor a questão da segurança do pa-
ciente em Pediatria no contexto das especifidades do cuidado
em Enfermagem.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por
fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos" e selecione:
Enfermagem Pediátrica e Neonatal – Vídeos Complementares – Comple-
mentar 2.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

82 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE ENFER-


MAGEM EM PEDIATRIA

Nos últimos anos, instituições acadêmicas e órgãos inter-


nacionais de saúde têm destacado o desenvolvimento de diretri-
zes e ações para a segurança do paciente nos serviços de saúde,
contribuindo para a qualidade da assistência em saúde em diver-
sos países. A segurança do paciente é uma preocupação constan-
te no cuidado em saúde, principalmente nas especialidades de
atenção à saúde dos indivíduos, como no contexto de cuidado
em Pediatria (BRASIL, 2014).
O relatório do Institute of Medicine (IOM), intitulado To err
is human: building a safer health system, publicado em 2000, foi
um marco na segurança do paciente, uma vez que alertou para a
alta frequência de eventos adversos (EA) resultantes do cuidado
hospitalar. A preocupação com EA conduziu a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) a criar o programa The World Alliance for Pa-
tient Safety (Aliança Mundial para a Segurança do Paciente), em
2004. Posteriormente, o programa denominou-se Patient Safety
e teve diversas iniciativas desenvolvidas (MAKEHAM et al., 2008).
Segurança do paciente é definida como "a redução, a um
mínimo aceitável, do risco de um dano desnecessário associado
ao cuidado de saúde", resultante de diversas combinações possí-
veis que vão de falhas individuais ou de grupos até processos de

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UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

trabalho e estruturas organizacionais (BRASIL, 2014). Para agir


visando aumentar a segurança do paciente, foi criada a Classifi-
cação Internacional de Segurança do Paciente, em que incidente
é definido como todo evento ou circunstância que poderia ter
resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente (MA-
KEHAM et al., 2008).
No Brasil, o Plano Nacional de Ações de Segurança do Pa-
ciente foi elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
ria (Anvisa). A Portaria nº 1.660, de 22 de julho de 2009, instituiu
o Sistema de Notificação e Investigação em Vigilância Sanitária
(Vigipos), no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária,
como parte integrante do SUS. Contudo, o grande marco nacio-
nal ocorreu em 2013, com a criação do Programa Nacional de
Segurança do Paciente (PNSP), Portaria MS/GM nº 529/2013,
que tem como objetivo contribuir para a qualificação do cuidado
em saúde em todos os estabelecimentos de saúde do território
nacional (BRASIL, 2014).
Na esteira de políticas nacionais, internacionais e estudos
sobre o tema, a segurança do paciente, no contexto da saúde
da criança, vem sendo objeto de estudos em âmbito nacional e
internacional. No contexto da criança hospitalizada, a internação
é um evento que traz riscos para o desenvolvimento, aos quais
esta clientela está sujeita por conta de várias situações peculia-
res, como separação dos pais, procedimentos dolorosos, neces-
sidades especiais de saúde, presença de desconhecidos, entre
outros (WEGNER et al., 2017).
Para que essa hospitalização seja segura, a equipe de saú-
de, da qual o enfermeiro faz parte, precisa estar capacitada e
consciente das particularidades e necessidades das demandas
da criança e do adolescente. Em se tratando de crianças, sabe-

84 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

-se que a queda do berço ou da cama é um evento adverso que


também pode estar presente na hospitalização. É fundamental
identificar os fatores de risco para a queda dos pacientes pediá-
tricos ou a sua reincidência. Portanto, deve-se questionar acom-
panhantes/cuidadores sobre a capacidade motora da criança
para caminhar e se movimentar, além de interrogar sobre o tipo
de cama em que ela costuma dormir. Na hospitalização, é im-
prescindível adequar o tamanho da cama à idade da criança para
prevenir quedas (FONSECA, 2013).
A comunicação é outro fator extremamente relevante para
a promoção da segurança do paciente, sendo sua falta direta-
mente vinculada como causa contribuinte de grande parte dos
incidentes. Uma adequada, clara e efetiva comunicação entre
profissionais da saúde é um aspecto fundamental para evitar a
ocorrência de eventos adversos, e deve ser estendida ao acom-
panhante/cuidador da criança hospitalizada (HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Um cuidado seguro envolve a participação ativa dos pais/
responsáveis como parceiros no processo de cuidar. A inclusão
da família e/ou de responsáveis no contexto da hospitalização
é garantida mediante Lei pelo Estatuto da Criança e Adolescen-
te. Os pais/responsáveis têm direito de permanecer em tempo
integral com a criança em casos de hospitalização. Sua presença
ameniza parte do sofrimento da criança, promove mais autocon-
fiança quanto ao processo de cuidar. e os torna agentes promo-
tores da própria segurança por meio de trabalho colaborativo
entre equipe (WEGNER et al., 2017).
Ainda são poucos os estudos que permitem uma reflexão e
discussão em relação aos eventos adversos no contexto hospita-
lar pediátrico. A grande maioria evidencia unidades de tratamen-

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UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

to invasivo pediátrico e/ou neonatal com foco nos procedimen-


tos. A qualidade e a segurança do cuidado ao paciente pediátrico
é um fenômeno complexo e dinâmico. O enfermeiro, como parte
da equipe de saúde, tem a responsabilidade profissional de se
engajar em atividades que dão suporte à cultura de segurança
centrada no paciente.
Para se aprofundar mais nesse assunto, leia o artigo indi-
cado a seguir:
• WEGNER, W. et al. Segurança do paciente no cuida-
do à criança hospitalizada: evidências para Enfer-
magem Pediátrica. Revista Gaúcha de Enfermagem,
Porto Alegre, v. 38, n. 1, e68020, maio 2017. Disponí-
vel em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1983-14472017000100504&lng=en&nrm
=iso>. Acesso em: 28 set. 2018.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Aponte qual das alternativas a seguir não corresponde a uma das descri-
ções de formas de uma criança brincar:
a) Observada – nos primeiros anos de vida, observa outras crianças brin-
cando, sem participar.
b) Solitária – brinca sozinha e independentemente de outras crianças.
c) Associativa – brinca com outras crianças, sem organização ou regras.
d) Passiva – acompanha a dinâmica comportamental de um grupo.

86 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

2) Sobre Crianes é possível dizer:


a) Na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC)
– 2015, esse grupo de crianças não é mencionado em seus eixos de
ação.
b) Representam um conjunto de diagnósticos médicos de crianças com
cuidados especiais de saúde temporários ou permanentes, com pre-
paro da família para dar continuidade aos cuidados dessa criança no
domicílio.
c) Quanto à equipe de saúde, em especial o enfermeiro, essa clientela
não requer preparo e conhecimento profissional para os cuidados con-
tínuos desde a rede de atenção à saúde até a extensão domiciliar.
d) Seu cuidado está centrado na equipe de saúde devido à fragilidade
clínica e vulnerabilidade social conforme a dependência contínua dos
serviços de saúde e de diferentes profissionais.

3) A avaliação da dor em Pediatria compreende:


a) Como padrão-ouro, o uso de apenas instrumentos validados pela lite-
ratura, como Comfort (medidas de tônus muscular, movimentos, ten-
são facial e resposta respiratória).
b) No manejo da dor, a aplicação apenas farmacológica.
c) Como padrão-ouro inicial, o autorrelato da criança e a contribuição da
família.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) d.

2) b.

3) c.

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UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

5. CONSIDERAÇÕES
A possibilidade de construir novos paradigmas para a assis-
tência em saúde da criança, em especial no contexto hospitalar,
requer do enfermeiro sensibilidade, disposição para aprender o
novo, capacidade de reconhecer as necessidades especiais, hu-
manização e, principalmente, a crença de que os significados e
afetos presentes na relação familiar são insubstituíveis para a
melhora e a recuperação da criança e do adolescente.
O brincar é uma necessidade da infância, faz parte do uni-
verso da criança e é o meio pelo qual ela se desenvolve em todos
os aspectos – físico, emocional, cognitivo e social –, de forma
natural e espontânea. Portanto, a compreensão de que brincar é
uma necessidade básica é essencial, sobretudo aos enfermeiros,
que devem em sua prática assistencial prever, prover e facilitar
a otimização dessa atividade na assistência à criança, seja com
finalidade recreativa, estimuladora, socializadora, educativa, te-
rapêutica ou catártica, em seu contexto de trabalho.
Assim, com a utilização do brinquedo/brinquedo terapêu-
tico como metodologia assistencial, como no contexto da dor,
atende-se aos preceitos da assistência atraumática e ao preco-
nizado pelo Programa Nacional de Humanização e pela PNAISC.
Recomenda-se também que os profissionais de saúde, en-
tre eles os de Enfermagem, valorizem a dimensão subjetiva do
cuidado das Crianes – dimensão significante para seus familia-
res. Assim, destaca-se para a prática de Enfermagem Pediátrica a
escuta sensível e o trabalho de educação em saúde pautado no
saber do senso comum desses familiares.

88 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

6. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do
Paciente. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/documento_referencia_programa_nacional_seguranca.pdf>.
Acesso em: 28 set. 2018.
______. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015. Estabelece
a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
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______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei
nº 11.104, de 21 de março de 2005. Dispõe sobre a obrigatoriedade de instalação
de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico
em regime de internação. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 22 mar. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2005/lei/l11104.htm>. Acesso em: 27 set. 2018.
COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen-295/2004 –
Revogada pela Resolução Cofen nº 546/2017. Dispõe sobre a utilização da técnica
do brinquedo/brinquedo terapêutico pelo enfermeiro na assistência à criança
hospitalizada. Rio de Janeiro, 2004. Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-
cofen-2952004_4331.html>. Acesso em: 27 set. 2018.
______. Resolução Cofen nº 546/2017. Revoga a Resolução Cofen nº 295/2004 –
Utilização de técnica de brinquedo terapêutico pela Enfermagem. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 maio 2017. Disponível em: < http://
www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05462017_52036.html>. Acesso em: 27 set.
2018.
COSTA, D. T. L. et al. O brincar na assistência de Enfermagem à criança – revisão
integrativa. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem Pediátrica, v. 16, n. 1, p.
36-43, jun. 2016. Disponível em: <https://sobep.org.br/revista/images/stories/pdf-
revista/vol16-n1/vol_16_n_1-artigo-de-revisao-1.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018.
COSTA, T. et al. Conhecimento e práticas de enfermeiros acerca do manejo da dor
em recém-nascidos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 51,
e03210, abr. 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0080-62342017000100413&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 27
set. 2018.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 89


UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA

MAKEHAM, M. et al. Methods and measures used in primary care patient safety
research. Results of a literary review. Geneva: World Health Organization, 2008.
Disponível em: <http://www.who.int/patientsafety/research/methods_measures/
makeham_dovey_full.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018.
OKIDO, A. C. C. et al. Criança dependente de tecnologia e a demanda de cuidado
medicamentoso. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 69, n. 4, p. 718-
724, jul./ago. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0034-71672016000400718&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 27 set.
2018.
WEGNER, W. et al. Segurança do paciente no cuidado à criança hospitalizada:
evidências para Enfermagem Pediátrica. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto
Alegre, v. 38, n. 1, e68020, maio 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1983-14472017000100504&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 28 set. 2018.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, F. A. A.; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o
adolescente e sua família no hospital. 1. ed. Manole: São Paulo, 2008.
BORGES, A. L. V.; FUGIMORI, E. Enfermagem e a saúde do adolescente. 1. ed. Manole:
São Paulo, 2009.
BOWDEN, V. R. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro : Guanabara
Koogan, 2013.
CARVALHO, S. D. (Org.). O enfermeiro e o cuidar multidisciplinar na saúde da criança e
do adolescente. São Paulo: Atheneu, 2012.
FONSECA, A. S. Enfermagem Pediátrica. 1. ed. São Paulo: Martinari, 2013.
FUJIMORI, E.; OHARA. C. V. S. (Orgs.). Enfermagem e a saúde da criança na atenção
básica. Barueri: Manole, 2009.
HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem
Pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
LAW, J.; McCANN, D.; O’MAY, F. Managing change in the care of children with complex needs:
healthcare providers’ perspectives. Journal of Advance Nursing, v. 12, p. 2551-2560, 2011.
RIBEIRO, C. A.; BORBA, R. I. H.; REZENDE, M. A. O brinquedo na assistência à saúde da
criança. In: FUJIMORI, E.; OHARA, C. V. S. (Orgs.). Enfermagem e a saúde da criança na
atenção básica. Barueri: Manole, 2009. p. 287-327.

90 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3
CUIDADOS DE ENFERMAGEM À
CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E
VULNERABILIDADE SOCIAL

Objetivos
• Identificar necessidades de saúde de criança, adolescente, família e co-
munidade, desenvolvendo conhecimento técnico-científico para ações de
promoção e educação em saúde e prevenção, tratamento e reabilitação
de agravos.
• Desenvolver e avaliar ações de Enfermagem de caráter individual e coletivo
voltadas para a promoção da saúde, prevenção e tratamento de agravos,
inseridos em seu contexto social e familiar, compreendendo a Enfermagem
como parte do trabalho em saúde e pautando-se em princípios éticos, le-
gais, científicos e de humanização.

Conteúdos
• Vulnerabilidade social e situações de risco na infância e na adolescência.
• Violências na infância e na adolescência – o cuidado em rede; a prevenção
de violências e a promoção da cultura de paz.
• Prevenção de acidentes na infância e na adolescência.
• Definição do papel do enfermeiro e da equipe de saúde na rede de saúde.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

91
1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus-
que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi-
nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen-
to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e a
sua prática profissional.

2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo


Digital Integrador.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

1. INTRODUÇÃO
Mudanças significativas ocorreram nos perfis epidemioló-
gicos e sanitários da população infantojuvenil, de maneira que
acidentes, violência, situações de risco e marginalização se apre-
sentam atualmente como a primeira causa de morte entre crian-
ças com idade acima de um ano e adolescentes.
Em 1989, uma mobilização internacional em defesa da
criança e do adolescente impulsionou a elaboração da Declara-
ção dos Direitos da Criança na Assembleia da Organização das
Nações Unidas – ONU. O reflexo dessa mobilização desencadeou
no Brasil a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o qual está fundamentado
na doutrina da proteção integral, que reconhece as crianças e os
adolescentes como sujeitos de direito e pessoas em condições
peculiares de desenvolvimento, cuja proteção e cujos direitos
devem ser efetivados pelas políticas sociais.
Em 2015, a Política Nacional de Atenção Integral à Saú-
de da Criança (PNAISC) ressaltou o desafio de garantir acesso a
ações e serviços de saúde às crianças de grupos populacionais
em situação de vulnerabilidade, tais como crianças com deficiên-
cias, indígenas, negras, quilombolas, residentes nas águas e nas
florestas e crianças em situação de rua e de violência. A PNAISC
tem como objetivo promover e proteger a saúde da criança, com
especial atenção às populações de maior vulnerabilidade.
A vulnerabilidade social pode ser compreendida como ex-
posição a riscos de diferentes naturezas, como econômicos, cul-
turais ou sociais. Crianças, adolescentes e famílias em contexto
de vulnerabilidade social geram relações passivas e dependen-
tes, com a autoestima consideravelmente comprometida. Desde

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 93


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

a infância, o indivíduo percebe a si mesmo como inferior, inca-


paz, desvalorizado, sem o mínimo reconhecimento de seu pró-
prio potencial como ser humano (MELLO et al., 2014).
Todas essas questões devem ser consideradas na atenção
à saúde da criança e do adolescente que vivem em contexto de
vulnerabilidade, uma vez que influenciam fortemente o compor-
tamento das famílias e da comunidade em que estão inseridos.
Nesse sentido, a PNAISC apresenta ações estratégicas para as
questões de vulnerabilidade na infância, sendo as duas princi-
pais (BRASIL, 2015):
• atenção integral à criança em situação de violências,
prevenção de acidentes e promoção da cultura de paz;
• atenção à saúde de crianças com deficiência ou em si-
tuações específicas e de vulnerabilidade.
O enfermeiro tem um papel estratégico na equipe de saú-
de, o que lhe permite promover elos entre hospitais, escolas e
serviços de saúde comunitários, diminuindo as limitações de cui-
dados em situações de risco e vulnerabilidade social na infância.
Demanda-se um posicionamento ético, de maneira que conheça
e se atualize em relação às pesquisas que têm contribuído para
o tema, a políticas públicas, a programas e a instrumentos dispo-
nibilizados pelo Ministério da Saúde. Entre eles, pode-se citar:
Diretrizes para atenção integral à saúde de crianças e adoles-
centes em situação de trabalho infantil (2005); Linha de cuidado
para atenção integral à saúde de crianças, adolescentes e suas
famílias em situação de violência (2010); Protocolo nacional con-
junto para proteção integral a crianças e adolescentes, pessoas
idosas e pessoas com deficiência em situação de riscos e desas-
tre (2013); Política Nacional de Saúde Integral das Populações do
Campo e da Floresta (2013).

94 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

Busca-se, na atenção de cuidado em saúde, a cultura de paz


e dos direitos humanos, que consiste em criar oportunidades de
convivência, solidariedade, respeito à vida e fortalecimento de
vínculos, desenvolvendo tecnologias sociais que favoreçam a me-
diação de conflitos diante de situações de tensão social, garantin-
do os direitos humanos e as liberdades fundamentais, reduzindo
as violências e construindo práticas solidárias e da cultura de paz.
Desse modo, a intervenção do enfermeiro nesses contex-
tos precisa ser empática, capaz de escutar o que a criança, o ado-
lescente e sua família têm a dizer. Essa escuta precisa ser centra-
da na criança, ou seja, o enfermeiro deve ser capaz de apreender
o significado da experiência do contexto social e ambiente, na
ótica da criança e do adolescente. O procedimento essencial da
assistência é a capacidade do profissional de Enfermagem de
estabelecer uma relação de ajuda, de ser capaz de perceber e
comunicar com sensibilidade os sentimentos dela e os significa-
dos desses sentimentos. Para isso, é necessário despojamento
de seus valores para compreender a visão da criança (FUJIMORI;
OHARA, 2009).
Portanto, é importante que você observe como são cons-
truídos os conceitos, pois eles serão fundamentais ao longo de
nosso estudo.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão
integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo sobre os
cuidados de Enfermagem à criança em situações de risco e vul-
nerabilidade social.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 95


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

2.1. SITUAÇÕES DE RISCO E VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA

No atendimento a crianças e adolescentes em situação de


risco, tão importante como conhecer as fases do desenvolvimen-
to infantil, visando à adaptação do atendimento a cada faixa etá-
ria, é ter em mente os condicionantes socioeconômicos para seu
comportamento (FUJIMORI; OHARA, 2009).
Situação de risco refere-se ao desrespeito aos direitos a
vida, saúde, alimentação, lazer, cultura, dignidade e convivência
comunitária, os quais são assegurados por leis e órgãos jurídicos
à criança brasileira. Entre as situações de risco na infância e ado-
lescência, pode-se citar as situações de abandono e negligência;
maus-tratos na família; trabalho abusivo e explorador; uso e trá-
fico de drogas; abusos; violência (MELLO et al., 2014; HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).
A violência é compreendida como o uso intencional de for-
ça ou poder físico, real ou em ameaça, contra pessoa, grupo ou
comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de re-
sultar em injúria, morte, dano psicológico, privação ou alteração
de desenvolvimento. Milhares de pessoas no mundo são vítimas
de violências não fatais e, entre elas, muitas sofrem violências
cotidianamente em silêncio, sendo as principais populações afe-
tadas crianças, adolescentes, mulheres e idosos (HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo,
cerca de 227 crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, morrem dia-
riamente como resultado de violência interpessoal e as violências
não fatais apresentam difícil precisão epidemiológica. No Brasil, a
violência consta como uma das principais causas de mortalidade
em crianças maiores de um ano e adolescentes. Geralmente essa

96 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

violência ocorre em um espaço domiciliar de relações de confian-


ça, responsabilidade ou poder (MELLO et al., 2014).
A violência contra crianças e adolescentes, devido às pe-
culiaridades dos estágios de crescimento e desenvolvimento,
conduz a graves alterações cerebrais que aumentam o risco de
problemas mentais, físicos e de comportamento na fase adul-
ta. Afinal, no processo de construção da identidade, a criança
e o adolescente constroem autoimagem, valores, pensamentos,
sentimentos e opiniões, o diferenciando-se dos outros, e mu-
danças físicas que ocorrem no decorrer do seu desenvolvimen-
to também exercem influência sobre sua autoimagem e como
outros os percebem (FUJIMORI; OHARA, 2009; HOCKENBERRY;
WILSON, 2014).
Ressalta-se que ser vítima de violência na infância pode
acarretar risco de esse indivíduo se tornar uma vítima ou perpe-
tradora de outras formas de violência na adolescência e na fase
adulta. Para evitar isso, o enfermeiro utiliza principalmente a co-
municação terapêutica para identificar e avaliar os potenciais ris-
cos, situações de vulnerabilidade e violência, os sentimentos pre-
dominantes, o suporte familiar e auxiliar à criança, bem como para
identificar seus medos, fragilidades, entre outros pontos-chave.
Esse recurso permite elaborar soluções adaptadas ao sistema de
apoio familiar, comunitário e social (FUJIMORI; OHARA, 2009).
O enfermeiro pode implementar intervenções destinadas
a identificar, prevenir, reduzir e controlar as questões de riscos,
exclusão e vulnerabilidade social. Entre as principais condutas de
Enfermagem, pode-se citar: mapear famílias com risco potencial
para violência ou crises circunstanciais; coletar informações da
criança e do adolescente e de sua família durante admissão e
exame físico; identificar as necessidades de intervenção e esta-

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 97


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

belecer prioridades; avaliar o risco de incidência de questões de


exclusão e vulnerabilidade social e tomar medidas de proteção;
avaliar se a situação de risco está relacionada a determinantes
sociais; relacionar sinais, sintomas e evidências que indiquem a
ocorrência de violência física ou psicológica; notificar serviços de
proteção infantil em casos de suspeita ou confirmação de maus-
-tratos; articular parcerias com serviços de saúde especializados;
interagir com os serviços públicos da comunidade (conselho tu-
telar, escolas, igreja, entre outros); e conduzir programas educa-
tivos na comunidade (MELLO et al., 2014; BRASIL, 2010; FUJIMO-
RI; OHARA, 2009).
A assistência de Enfermagem implica planejamento tera-
pêutico personalizado, priorizando-se questões de ordem afeti-
va. O enfermeiro precisa centrar esforços na superação da condi-
ção de opressão em que se encontra a criança e o adolescente.
O exercício profissional consiste também em um exercício da
cidadania quando se assume um posicionamento ativo em prol
daqueles que sofrem. O ato de cuidar pode consistir em uma
ação profissional e em um ato humanístico e patriótico se o en-
fermeiro ampliar seu conceito. Segundo Leonardo Boff: "Cuidar
é mais que um ato; é uma atitude" (BOFF, 2004, p. 33).

2.2. VULNERABILIDADE SOCIAL, INFÂNCIA E A REDE DE ATENÇÃO


À SAÚDE

A estratégia organizacional de serviços e profissionais de


saúde em rede busca a ampliação de resolubilidade, equidade e
integralidade da atenção. O setor de saúde, um dos espaços sig-
nificativos para identificar indivíduos em situação de vulnerabi-
lidade e risco, tem papel fundamental na definição e articulação
dos serviços e instituições. Essa abordagem envolve dois campos

98 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

de atuação, um da saúde (intrassetorial) e outro fora desse setor


(intersetorial) (BRASIL, 2010).
A rede intrassetorial é constituída pelos Serviços de Aten-
ção Básica, Núcleos de Apoio à Saúde da Família, Núcleos de Pre-
venção e Promoção à Saúde, Serviços de Atenção Especializada
de Saúde Mental e Hospitais (municipais, estaduais e federais).
Já a rede intersetorial engloba todos os demais órgãos e institui-
ções envolvidos com a temática: Assistência Social, Sistemas de
Justiça, Segurança Pública, Ministério Público, Defensoria Públi-
ca, Varas da Infância e Juventude, Conselho Tutelar, Conselhos
de Direitos e as entidades da sociedade civil existentes no terri-
tório (BRASIL, 2010).
Nesse contexto, o enfermeiro deve atuar com os demais
profissionais da rede de atenção à saúde. A OMS considera que
as Redes de Atenção à Saúde contêm seis modalidades de inte-
gração: um conjunto amplo de intervenções preventivas e cura-
tivas para uma população; os espaços de integração de vários
serviços; a atenção à saúde contínua; a integração vertical de
diferentes níveis de atenção; a vinculação entre a formulação da
política de saúde e a gestão; e o trabalho intersetorial. A partir
dessas modalidades, produz uma conceituação de serviços inte-
grados de saúde como:
a gestão e a oferta de serviços de saúde de forma a que as pessoas
recebam um contínuo de serviços preventivos e curativos, de acor-
do com as suas necessidades, ao longo do tempo e por meio de
diferentes níveis de atenção à saúde (MENDES, 2011, p. 82).

Em 2011, estabeleceu-se o Decreto nº 7.508, de 28 de ju-


nho de 2011, que regulamenta artigos da Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990. Consta no art. 7º que "As Redes de Atenção
à Saúde estarão compreendidas no âmbito de uma Região de

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 99


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

Saúde, ou de várias delas, em consonância com diretrizes pac-


tuadas nas comissões intergestores"; no art. 30, afirma-se que
"As comissões intergestores pactuarão a organização e o funcio-
namento das ações e serviços de saúde integrados em Redes de
Atenção à Saúde" (BRASIL, 2011).
Nesse sentido, torna-se essencial o estabelecimento de
vínculos formalizados entre os diversos setores de saúde, de
modo a configurar uma rede integrada de atenção a crianças,
adolescentes e suas famílias em situação de risco e vulnerabi-
lidade social. O trabalho em rede se organiza de modo a prezar
pela autonomia dos setores envolvidos, por dinamismo no fluxo
de trabalho e das informações, multiliderança e descentralização
(FUJIMORI; OHARA, 2009).
As redes temáticas tratam-se de temas de atuação de en-
tidades e indivíduos participantes, podendo ser genéricas ou
específicas. O tema aqui abordado – vulnerabilidade social e in-
fância – apresenta um trabalho em rede de forma articulada. A
partir do referencial da Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro
de 2010, foram discutidas as seguintes temáticas das Redes de
Atenção à Saúde:
1) Rede Cegonha.
2) Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE).
3) Rede de Atenção Psicossocial (Raps).
4) Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência.
5) Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
Crônicas.
Cada rede temática é formada por componentes específi-
cos. No caso da Rede Cegonha, temos:
1) pré-natal;

100 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

2) parto e nascimento;
3) puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança;
4) sistema logístico: transporte sanitário e regulação.
Nesse contexto, busca-se articulação e intensificação de
ações para inclusão de crianças com deficiências, indígenas, ne-
gras, quilombolas, do campo, das águas e da floresta, e crianças
em situação de rua, entre outras, nas redes temáticas. Portan-
to, o trabalho do enfermeiro em rede de saúde abrange o aco-
lhimento da criança em situação de vulnerabilidade social, e a
proximidade e a vinculação significativas com as famílias tornam
possíveis as ações de promoção da saúde, prevenção de agra-
vos, tratamento e recuperação da saúde, de forma integral e ao
longo do tempo. Cabe aos profissionais de saúde conhecer e
compreender a estrutura e a dinâmica familiar para identificar
as reais necessidades, reconhecer barreiras e contribuir para um
cuidado à saúde de todos seus membros (BRASIL, 2015).

Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas


no Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico
3. 1 para compreender como prevenir acidentes na infância.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por
fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos" e selecione:
Enfermagem Pediátrica e Neonatal – Vídeos Complementares – Comple-
mentar 3.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 101


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E NA


ADOLESCÊNCIA

O trauma é a principal causa de morte em crianças e adultos


jovens, e um dos maiores problemas de saúde pública mundial.
Segundo a OMS e o Ministério da Saúde, os acidentes são lesões
não intencionais identificadas como atropelamento, afogamento,
obstrução de vias aéreas (sufocação, estrangulamento e engasga-
mento), envenenamento e intoxicação, queimaduras e choques
elétricos, acidentes com armas de fogo e outros. Ocorrem princi-
palmente na faixa etária até nove anos (FONSECA, 2013).
A cada etapa do crescimento e desenvolvimento, a criança
está exposta a lesões não intencionais. Destaca-se que as injú-
rias não intencionais são causas de morbimortalidade em todo
o mundo, em especial na infância. Acredita-se que podem ser
previsíveis e evitáveis por meio de medidas educativas e pre-
ventivas. No Brasil, representam a principal causa de morte de
crianças de um a catorze a 14 anos, e 140 mil são hospitalizadas
anualmente, tornando-se uma séria questão de saúde pública
(FONSECA, 2012).
As quedas representam a principal causa de internação na
população pediátrica. Entre lactentes, as injúrias mais comuns
são asfixia por sufocação e aspiração por leite, talco ou brinque-
do, além das quedas e contusões, que aumentam com o início

102 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

do desenvolvimento da marcha, e queimaduras ou escaldadu-


ras provocadas por terceiros. O engasgo ou obstrução das vias
aéreas é a primeira causa de morte de crianças de até um ano;
a ocorrência de asfixia por natureza alimentar representa 70%
desse tipo de acidente – assim, pais e profissionais de saúde pre-
cisam estar atentos para o reconhecimento dos potenciais riscos
para a ocorrência desses acidentes (FUJIMORI; OHARA, 2009;
BORGES; FUGIMORI, 2009).
O pré-escolar ainda não têm a capacidade de reconhecer
os riscos para a ocorrência de injúrias, por isso não adota me-
didas de segurança. As injúrias nessa fase estão relacionadas a
quedas de lugares altos, traumas variados, lacerações, afoga-
mentos, queimaduras, intoxicações e atropelamentos. As que-
das ocupam lugar de destaque nas estatísticas, sendo a principal
causa de internação por acidentes (BORGES; FUGIMORI, 2009).
No tocante aos escolares, as capacidades motoras estão
além do seu julgamento crítico; desse modo, as injúrias que pre-
dominam são acidentes de trânsito, lesões derivadas de agres-
são entre crianças, impacto contra objetos e outras pessoas.
Já os traumatismos diversos distribuem-se em todas as fai-
xas etárias, mas há uma progressão maior de número após os
11 anos de idade. Ressaltam-se, como causa de hospitalização
e até óbito, os acidentes por submersão na faixa etária de 10 a
14 anos. Os adolescentes, por sua vez, estão em busca de novas
referências e experiências, o que pode implicar atitudes de risco
e exposição a causas externas – acidentes e violências (BORGES;
FUGIMORI, 2009; FONSECA, 2012).
Todos esses eventos adversos domésticos estão na vida da
criança e do adolescente, caracterizados durante o seu cresci-
mento e desenvolvimento. Nesse sentido, em relação à preven-

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 103


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

ção das injúrias não intencionais, a Enfermagem ocupa uma po-


sição de destaque, uma vez que pode atuar na prevenção, com
atividades educativas em todos os setores de saúde. Dessa ma-
neira, reforça com os pais sua responsabilidade como detentores
do cuidado, visto que cuidar de crianças é um desafio (BORGES;
FUGIMORI, 2009).
Para se aprofundar nesse assunto, confira as obras indica-
das a seguir:
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à
Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estraté-
gicas. Linha de cuidado para a atenção integral à saúde
de crianças, adolescentes e suas famílias em situação
de violências: orientação para gestores e profissionais
de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponí-
vel em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
linha_cuidado_criancas_familias_violenciav.pdf>. Aces-
so em: 28 set. 2018.
• ______. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.130, de 5 de
agosto de 2015. Estabelece a Política Nacional de Aten-
ção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] Re-
pública Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2015. Dispo-
nível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2015/prt1130_05_08_2015.html>. Acesso em: 27
set. 2018.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em

104 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-


dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Em relação a situação de risco e violência na infância, assinale verdadeiro
(V) ou falso (F) para as afirmações a seguir:
a) ( ) Situação de risco refere-se ao respeito à vida da criança, sua saúde,
alimentação, lazer, cultura, dignidade e convivência comunitária.
b) ( ) Abandono e negligência, maus-tratos na família, trabalho abusivo
e explorador, uso e tráfico de drogas, abusos e violência são exemplos
de situações de risco.
c) ( ) A violência é uso intencional da força física, real ou em amea-
ça, contra pessoa, grupo ou comunidade, resultando em possibi-
lidade de injúria, morte, dano psicológico, privação ou alteração de
desenvolvimento.
d) ( ) O enfermeiro pode atuar em intervenções destinadas a identificar,
prevenir, reduzir e controlar as questões de riscos, exclusão e vulnera-
bilidade social.

2) Entre as redes temáticas das Redes de Atenção à Saúde, a que envolve


infância especificamente é a:
a) Rede de Atenção às Urgências e Emergências.
b) Rede de Atenção Psicossocial.
c) Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência.
d) Rede Cegonha.

3) O trabalho em rede de atenção à saúde no contexto da vulnerabilidade


social e infância pode ser caracterizado:
a) Pelas redes temáticas, que tratam de um tema de atuação de enti-
dades e indivíduos participantes, todavia sem atuação na infância e
adolescência.
b) Pelo trabalho do enfermeiro em rede de saúde, com ausência de ações
no acolhimento da criança em situação de vulnerabilidade social e dis-
tanciamento da vinculação significativas com as famílias.
c) Pelos dois campos de atuação: rede intrassetorial (Serviços de Atenção
Básica, Núcleos de Prevenção e Promoção à Saúde, Hospitais, entre
outros) e rede intersetorial (Assistência Social, Sistemas de Justiça, Se-
gurança Pública, entre outros).

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 105


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

d) Pelo despreparo dos profissionais de saúde em conhecer e compreen-


der a estrutura e a dinâmica familiar para identificar as reais necessi-
dades, reconhecer barreiras e contribuir para um cuidado à saúde de
todos seus membros.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) F, V, V, V.

2) d.

3) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Prevenir situações de risco, vulnerabilidade e violência na
infância e adolescência significa antecipar, intervir precocemen-
te, evitar ou tornar impossível que o fenômeno aconteça ou se
repita. É necessário acreditar que prevenir é possível e crer no
potencial de transformação. Além disso, o profissional de saúde,
em especial o enfermeiro, deve ter uma abordagem de empatia
ao lidar com o problema e respeitar a família e a comunidade.

6. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Linha de cuidado para a atenção integral à saúde
de crianças, adolescentes e suas famílias em situação de violências: orientação para
gestores e profissionais de saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cuidado_criancas_familias_
violenciav.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018.

106 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL

______. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015. Estabelece


a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2015/prt1130_05_08_2015.html>. Acesso em: 27 set. 2018.
______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de
setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde –
SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa,
e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 29 jun. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/decreto/d7508.htm>. Acesso em: 1 out. 2018.
______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
27 set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>.
Acesso em: 28 set. 2018.
MELLO, D. F.de et al. Vulnerabilidades na infância: experiências maternas no cuidado
à saúde da criança. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 16, n. 1, p. 52-60, jan./mar.
2014. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/fen/article/view/21134/16442>. Acesso
em: 28 set. 2018.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 10. ed. São Paulo:
Vozes, 2004.
BORGES, A. L. V.; FUGIMORI, E. Enfermagem e a saúde do adolescente. 1. ed. São
Paulo: Manole, 2009.
FUJIMORI, E.; OHARA. C. V. S. Enfermagem e a saúde da criança na atenção básica.
Barueri: Manole, 2009.
FONSECA, A. S. Enfermagem Pediátrica. 1. ed. São Paulo: Martinari, 2013.
HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem
Pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
MENDES, E. V. As Redes de Atenção à Saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana
da Saúde, 2011.

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UNIDADE 4
CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM
SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
PEDIÁTRICA

Objetivos
• Reconhecer as principais situações de urgência e emergência na faixa etá-
ria pediátrica, compreendendo os aspectos relevantes para o cuidado de
Enfermagem antes, durante e após uma parada cardiorrespiratória.
• Definir e compreender conceitos e diretrizes políticas sobre o atendimento
de urgência e emergência.
• Conhecer as principais situações de urgência e emergência relacionadas a
criança e adolescente.
• Identificar os sinais e os sintomas de cada uma dessas situações.
• Compreender os objetivos e intervenções recomendados pela American
Heart Association (AHA) e adotados pelos serviços de saúde em situação
de emergência pediátrica, como na parada cardiorrespiratória e na ressus-
citação cardiopulmonar.

Conteúdos
• Conceitos sobre as principais situações de urgência e emergência relacio-
nadas a criança e adolescente.
• Aspectos políticos e legislativos sobre o atendimento de urgência e emer-
gência nacional e internacional.
• Definição do papel do enfermeiro e da equipe de saúde nos principais
cuidados em situações de urgência e emergência relacionadas a criança e

109
adolescente, em especial na situação de parada cardiorrespiratória e res-
suscitação cardiopulmonar.
• Finalidade e aplicabilidade dos cuidados de Enfermagem nas situações de
parada cardiorrespiratória e na ressuscitação cardiopulmonar na criança e
no adolescente por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem,
conforme as necessidades humanas básicas e na Taxonomia II da North
American Nursing Diagnosis Association (Nanda).

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus-


que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi-
nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen-
to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e a
sua prática profissional.

2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo


Digital Integrador.

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UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

1. INTRODUÇÃO
Nesta última unidade, trataremos das situações de urgên-
cia e emergência pediátricas. As situações de emergência são ca-
racterizadas pelo risco iminente de morte da criança, enquanto
as de urgência são aqueles problemas que, se não forem trata-
dos com rapidez e eficácia, podem evoluir para uma emergência.
Como abordamos na unidade anterior, crianças e adolescentes
são vítimas de acidentes ou doenças graves, que podem ser in-
fluenciados pela facilidade de acesso e qualidade do primeiro
atendimento.
Considerando que uma parada cardiorrespiratória (PCR)
em crianças ocorre frequentemente fora do hospital, sob su-
pervisão dos pais ou responsáveis, existe uma preocupação
em divulgar o conhecimento sobre como atuar nessa situação
também entre leigos, simplificando o ensino da ressuscitação
cardiopulmonar (RCP). As principais causas que conduzem uma
criança aos serviços de urgência e emergência são os problemas
respiratórios, como asma, bronquite e pneumonia, seguidos de
traumas causados por acidentes domésticos e de trânsito (AHA,
2010; ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
As causas mais comuns de situações emergenciais que po-
dem conduzir a uma PCR em crianças são síndrome súbita na
infância, acidentes em geral, asfixia, afogamento por submersão,
septicemia e doenças respiratórias. Em ambiente hospitalar, as
principais situações de emergência são insuficiência respiratória,
choque, sepse, asma grave, arritmias, desordens metabólicas e
toxicidade por fármacos. Portanto, a ocorrência da PCR tem epi-
demiologia diversa em relação à fase adulta, sendo geralmente
de origem respiratória e rara a parada cardíaca primária (MATOS
et al., 2013; CARLOTTI, 2012).

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 111


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Em geral, a PCR é caracterizada pela progressão da hipóxia


e hipercapnia para parada respiratória e bradicardia, em segui-
da, parada cardíaca em assistolia (MATOS et al., 2013; CARLOTTI,
2012). Os adolescentes estão mais expostos às causas externas,
como acidentes e violências. No Brasil, em 2011, essas ocorrên-
cias foram responsáveis por 128.316 internações de pacientes
entre 10 a 19 anos, em hospitais que integram o Sistema Único
de Saúde (SUS), e por 16.050 óbitos. Quedas, acidentes de trans-
porte e choques contra objetos inanimados são os tipos mais
prevalentes de causas externas entre crianças e adolescentes.
Nesse contexto, em alguns casos, o enfermeiro deve focar
suas intervenções em componentes essenciais do aconselha-
mento admissional e completar o processo assim que as con-
dições de saúde da criança tenham se estabilizado. O foco na
assistência dos componentes essenciais para admissão inclui:
apresentação adequada para a família; utilização do nome corre-
to da criança; determinação da idade da criança e alguns juízos
sobre a idade ou o desenvolvimento (se a criança estiver na fase
escolar, perguntar sobre o nível de escolaridade); e obtenção de
informações do estado geral de saúde da criança e de alguns pro-
blemas que interfiram no tratamento, além de experiências an-
teriores com hospitalizações e informações sobre a queixa prin-
cipal dos pais e da criança.
Vamos começar estudando os conceitos, pois eles serão
fundamentais para a finalização do nosso estudo.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-
cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão

112 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo sobre os


cuidados de Enfermagem em situações de urgência e emergên-
cia pediátrica.

2.1. DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA

A maior parte dos atendimentos nos serviços de emergên-


cia pediátrica são devidos a queixas respiratórias. A disfunção
respiratória pode ter um início abrupto ou indicioso, uma vez
que a caixa torácica da criança e a musculatura utilizada para
respiração são frágeis, podendo entrar em fadiga rapidamente.
Além disso, os alvéolos são relativamente grandes, pouco nume-
rosos e facilmente sofrem colapso (GRISI et al., 2015; HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).
Uma insuficiência respiratória (IR) pode ocorrer como uma
situação de emergência ou pode ser precedida por deterioração
gradual e progressiva da função respiratória. É caracterizada por
sinais de aumento do trabalho respiratório, incluindo taquipneia,
batimento de asa nasal, uso de musculatura acessória da respi-
ração e retrações inspiratórias. Geralmente está acompanhada
da angústia respiratória, podendo resultar de um esforço respi-
ratório inadequado e sem sinais de angústia respiratória. Diante
de um quadro de insuficiência respiratória, as medidas terapêu-
ticas visam tratar a causa básica e restaurar imediatamente a
ventilação e a oxigenação teciduais. A desobstrução da via aérea
significa, na maioria das vezes, a resolução da urgência. Outros
procedimentos, tais como drenagem de tórax, fisioterapia respi-
ratória e farmacologia, também visam normalizar as trocas gaso-
sas (BOWDEN, 2013; ALMEIDA; SABATÉS, 2008).

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 113


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

A observação e o pensamento crítico da equipe de Enfer-


magem são vitais para o reconhecimento e o manejo precoce da
insuficiência respiratória. O enfermeiro deve ser capaz de avaliar
a situação e iniciar a ação adequada imediatamente. A avaliação
precisa e as principais intervenções de Enfermagem à criança
com insuficiência respiratória podem ser classificadas e organi-
zadas pela sistematização da assistência de Enfermagem – SAE
(ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
Conforme discutido na Unidade 1, entre os princípios de
manejo da IR, como oxigenoterapia e hipercapnia, bem como fi-
sioterapia respiratória, o método escolhido para desobstrução
das vias aéreas deve ser aquele que melhor se adeque às ne-
cessidades da criança. Em relação aos cuidados com aspiração
de vias aéreas, a equipe de Enfermagem deve: avaliar o estado
respiratório da criança para determinar a necessidade de aspira-
ção (sons respiratórios, cor da pele, presença de sangramentos);
aplicar as sondas e pressões subatmosféricas adequadas durante
a aspiração (por exemplo, no caso de lactentes, a pressão deve
ser de 80 a 100 mmHg); observar os riscos potenciais associa-
dos a aspiração de vias aéreas (traumatismo de mucosas, arrit-
mias cardíacas); garantir a segurança da criança; determinar se
a criança e/ou família compreendem o procedimento e seu sig-
nificado; explicar, utilizando termos adequados para a idade da
criança, que a aspiração aliviará a dificuldade respiratória, mas
será desconfortável e poderá causar tosse, reflexo de vômito e
espirro; utilizar um boneco e um cateter de aspiração para de-
monstrar a aspiração para criança em idade escolar e facilitar sua
compreensão (CARVALHO, 2006).
A análise e o monitoramento criterioso da evolução clínica
da criança estão associados também aos exames laboratoriais, tais
como gasometria arterial. A análise da gasometria arterial permite

114 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

um método direto para avaliar oxigenação, equilíbrio acidobásico,


adequação à ventilação, estados hipóxicos e resposta da criança
à terapia por meio da coleta de amostra de sangue. O enfermeiro
realiza a coleta desse exame e, dentre os principais cuidados, des-
tacam-se: explicar o procedimento e sua necessidade para criança
e família, o qual será finalizado com um curativo no local; avaliar o
estado neurovascular do membro utilizado; garantir a segurança da
criança para evitar traumas ou comprometimentos tardios de he-
matoma e circulação comprometida e trombose; avaliar o resultado
com a equipe (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; BOWDEN, 2013).

2.2. CHOQUE OU INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

Outra situação importante nas emergências pediátricas é


o estado de choque ou insuficiência cardíaca. Caracteriza-se pela
transferência inadequada de oxigênio e nutrientes para atender
a demandas metabólicas dos tecidos, com consequências fisio-
lógicas de hipotensão, hipóxia do tecido e acidose metabólica. A
etiologia do choque pode ser discernida no histórico e no exame
físico. A gravidade é determinada por medição dos sinais vitais
e enchimento capilar. Os primeiros sinais clínicos podem incluir
irritabilidade, taquicardia, pressão arterial normal, sede, palidez,
debito urinário reduzido, perfusão reduzida nas extremidades e
déficit no preenchimento capilar (CARLOTTI, 2012).
O tratamento ao choque consiste em três intervenções
principais: ventilação, administração de líquidos e aprimoramen-
to da ação de bombeamento do coração. A assistência de Enfer-
magem requer observação e cuidados intensivos. O enfermeiro
deve garantir a oxigenação adequada ao tecido, administrar o
oxigênio pela via apropriada e auxiliar em qualquer procedimen-
to de intubação e ventilação indicado. Outros procedimentos

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 115


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

com a criança são obter os sinais vitais de base de referência,


inserir o cateter urinário de demora, obter exames como gaso-
metria arterial e outras medições e administrar as medicações
indicadas. A melhor posição para a criança é deitada com as per-
nas elevadas (CARLOTTI, 2012; BOWDEN, 2013).
Ao analisar os dados, sinais e sintomas da criança, o enfer-
meiro pode estabelecer os diagnósticos prioritários de Enferma-
gem, os quais podem compreender: débito cardíaco diminuído,
perfusão tissular ineficaz, termorregulação ineficaz e dor aguda.
Nesse sentido, para estabelecer o plano de cuidados, o planeja-
mento dos cuidados deve incluir ações relativas aos DE estabele-
cidos (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
O enfermeiro monitora infusão de endovenosa (IV), inges-
tão e eliminação, sinais vitais e avaliações gerais do sistema de
rotina do serviço. As medicações IV são tituladas de acordo com
as respostas da criança e os sinais são obtidos a cada 15 minutos
durante os períodos críticos e, fora desses momentos, confor-
me a necessidade. O débito urinário é medido a cada hora; ga-
ses sanguíneos, hematócritos, pH e eletrólitos são monitorados
continuamente para avaliar o status da criança e a eficácia da
terapia. A monitorização hemodinâmica é contínua, por meio de
pressão arterial, temperatura e oxigenação (inclusive invasiva,
com pressão venosa central e pressão arterial interna); deve-se
avaliar nível de consciência e detectar possíveis alterações (letar-
gia, confusão, desorientação, torpor e coma), que podem estar
presentes ou se manifestar em decorrência de perfusão cere-
bral; e manter a criança aquecida e calma, uma vez que, durante
a atividade intensa, não deve se negligenciar o apoio da família
(ALMEIDA; SABATÉS, 2008).

116 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Assim que possível, a família deve ter permissão para visi-


tar a criança.

2.3. TRAUMA

O trauma também é um dos mecanismos significativos de


emergência pediátrica. Trata-se de eventos relacionados a veí-
culos automotores, agressões, quedas e afogamento. As parti-
cularidades da criança devem ser atentadas devido à sua menor
massa corporal e menor quantidade de tecido elástico e gordura,
o que determina uma maior transmissão de energia cinética que,
associada à maior compactação visceral (órgãos mais próximos),
determina tendência a lesões multissistêmicas, com maior po-
tencial de gravidade. Quanto menor a criança, menor o grau de
calcificação de seu esqueleto, maior a complacência do seu arca-
bouço ósseo e maior a relação entre superfície corpórea/volume
(ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
Entre os traumas emergenciais, destaca-se o trauma cra-
nioencefálico (TCE), um processo patológico que, em decorrên-
cia de uma força mecânica, atinge crânio, meninges ou cérebro.
Os mecanismos de lesão e as causas do TCE variam de acordo
com a idade – por exemplo, em lactentes são frequentes as víti-
mas de quedas e violência doméstica, enquanto as mais velhas
sofrem traumas por conta de atropelamento e acidentes de bici-
cleta. Acidentes por arma de fogo são mais comuns entre os ado-
lescentes, e o acidente por veículo motor é comum nas diversas
faixas etárias (GRISI et al., 2015; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
As manifestações clínicas do TCE variam de acordo com a
gravidade do trauma, de modo que, no trauma leve, a criança
pode perder ou não a consciência, ter um período transitório de

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UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

confusão, apresentar sonolência, apatia, irritabilidade, palidez ou


vômitos. Como sinais de progressão do trauma, podem ser obser-
vados alteração do estado mental, agitação crescente, alterações
acentuadas dos sinais vitais ou neurológicos (GRISI et al., 2015).
A avaliação da criança deve incluir o levantamento de uma
história detalhada, além de exames laboratoriais e outros. Faz
parte dessa avaliação o uso da Escala de Coma de Glasgow, que
auxilia a triagem por gravidade do trauma. O exame neurológico
da criança com TCE inclui a verificação de sinais que fornecem in-
formações sobre a adequação da circulação. A temperatura cor-
poral geralmente está elevada, o que pode sinalizar um processo
infeccioso. O pulso e a pressão arterial costumam ser variáveis e
as respirações são lentas e irregulares (GRISI et al., 2015; AHA,
2010).

2.4. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR)

Diante de uma situação de emergência pediátrica, de acor-


do com a etiologia, é essencial a identificação de sinais de aler-
ta para uma PCR, como um quadro de desconforto respiratório
e sua consequência imediata, a falência respiratória e o estado
de choque compensado ou trauma acentuado. Nesse sentido, a
AHA tem se empenhado em atingir o objetivo de capacitar leigos
e aprimorar profissionais de saúde, buscando sempre atualizar
as diretrizes já existentes para o suporte básico e avançado de
vida. Nesta unidade, são abordadas as últimas diretrizes interna-
cionais, de 2015, elaboradas a partir de um consenso entre vá-
rios conselhos de ressuscitação de todo o mundo, apresentando
algumas qualificações e refinamentos em relação àquelas enfati-
zadas em 2010 (AHA, 2015).

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UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

A equipe de Enfermagem é quem permanece à beira do


leito 24 horas, sendo tais profissionais geralmente os primeiros a
identificar os sinais de uma PCR. Assim, compete a esses profis-
sionais, tendo o enfermeiro como líder de equipe, o registro de
informações completo e detalhado, o que exige conhecimento,
competência e disponibilidade. Por isso, necessitam ter o conhe-
cimento técnico atualizado e as habilidades práticas desenvolvi-
das para contribuir de forma mais efetiva nas manobras de RCP
(ALMEIDA; SABATÉS, 2008).
O Suporte Básico de Vida (SBV) envolve manobras cujas
ações são realizadas no primeiro atendimento à criança/adoles-
cente em PCR, tanto por profissionais da saúde quanto por lei-
gos treinados. Recomenda-se, nas diretrizes da RCP de 2015, o
uso de telefones celulares na busca por ajuda, já que essa nova
tecnologia permite que um socorrista sozinho acione o serviço
de emergência, dando início mais rápido à RCP. Esses novos algo-
ritmos recomendam a avaliação do pulso no mesmo momento
que a respiração, em um tempo não inferior a 5 segundos e não
superior a 10 segundos, da mesma forma que enfatizam prio-
ridade na obtenção rápida de desfibrilador externo automático
(DEA) em PCR súbita testemunhada pela sua provável etiologia
cardíaca (AHA, 2015; AHA, 2010).
As diretrizes da RCP de 2015 recomendam a manutenção
dos cinco componentes para uma RCP de alta qualidade: asse-
gurar compressões torácicas na frequência adequada (de 110
a 120/min); assegurar compressões torácicas na profundidade
adequada (de 4 a 6 cm); permitir o retorno do tórax à posição de
repouso entre as compressões; minimizar interrupções entre as
compressões; e evitar ventilação excessiva (AHA, 2015).

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 119


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Recomenda-se em crianças iniciar a RCP na ordem C (cir-


culation) – A (airway) – B (breathing), em vez de A-B-C, com a
RCP convencional (15 ou 30 compressões para duas ventilações)
sempre devendo ser usada na parada cardíaca pediátrica. No
caso de haver uma via aérea avançada, as ventilações são reali-
zadas a cada 6 segundos (10/minuto) enquanto as compressões
estão sendo realizadas (AHA, 2015).
Nessa etapa de avaliação primária, vale ressaltar que, para
crianças, as compressões torácicas são feitas na linha mamilar,
usando-se uma ou duas mãos, dependendo da vítima e do socor-
rista. Para lactentes, a compressão é feita logo abaixo da linha inter-
mamilar, com a técnica dos dois polegares, com as mãos circulando
o tórax no caso de dois socorristas. Para adolescentes, a colocação
correta das mãos e do corpo é essencial nas compressões, na parte
central do tórax entre os mamilos. Se a criança não responde, mas
respira ou tem dificuldades para respirar, é preciso posicioná-la de
forma a manter as vias aéreas pérvias (AHA, 2015; JARVIS, 2002).
A avaliação circulatória inclui a análise da função cardiovas-
cular por meio de cor e temperatura da pele, frequência cardía-
ca, ritmo cardíaco, pressão arterial, pulsos periféricos e centrais
e tempo de enchimento capilar. A avaliação do órgão-alvo é feita
por perfusão cerebral (condição mental) e perfusão cutânea e
renal (debito urinário). Na ausência de traumatismos no pesco-
ço ou na cabeça ou qualquer outra contraindicação, o socorrista
usa a técnica de cabeça inclinada-queixo levantado (Chin-Left)
ou manobra de elevação da mandíbula (Jaw-Thrust), método
alternativo para abertura das vias aéreas, o qual é realizado se-
gurando a mandíbula inferior e elevando-a enquanto a cabeça
é inclinada. Logo após a abertura das vias aéreas, os socorristas
devem remover qualquer artigo estranho que se encontrar na
boca da vítima (AHA, 2010).

120 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Os socorristas devem realizar duas respirações de resgate (pro-


cesso de ventilação dos pulmões) por meio de boca-a-boca/nariz
(crianças menores de um ano), boca-a-boca (crianças maiores de um
ano), boca-máscara ou bolsa-válvula-máscara. Em locais em que RCP
está em curso e já existe uma via aérea avançada instalada, recomen-
da-se frequência de ventilações simples de 1 respiração a cada 6 se-
gundos (10 resp/min) (AHA, 2015).
Se o socorrista observar sinais de obstrução grave (oxige-
nação inadequada, aumento da dificuldade para respirar, tosse
silenciosa, cianose ou incapacidade para falar ou respirar), deve
perguntar à vítima se está engasgada, no caso de crianças maio-
res. Se ela responder afirmativamente, é preciso iniciar mano-
bras de desobstrução. Em crianças de até um ano de vida, deve-
-se aplicar cinco golpes no dorso seguidos de cinco compressões
torácicas, colocar a criança com o ventre apoiado no seu antebra-
ço, segurando a cabeça e o pescoço com a mão em posição in-
ferior ao tronco. Com a região hipotênar da outra mão, aplicam-
-se golpes na região interescapular. A criança é, então, colocada
em posição supina sob superfície rígida e são feitas compressões
torácicas com dois dedos, no terço inferior do esterno. Já em
crianças acima de um ano, aplicam-se cinco golpes abdominais
subdiafragmáticos (AHA, 2015; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Enquanto profissional de saúde, a avaliação da disfunção
neurológica é uma análise rápida de dois componentes do sis-
tema nervoso central: córtex cerebral e tronco encefálico. Essa
avaliação estabelece o nível de consciência da criança, podendo
ser feita ao final da avaliação primária e se repetindo durante a
avaliação secundária para monitorizar alterações das condições
neurológicas da criança. As avaliações padrão incluem a escala
de resposta pediátrica (alerta, voz, dor, não responsividade), Es-
cala de Coma de Glasgow e resposta pupilar à luz (AHA, 2010).

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 121


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Além disso, a exposição é o componente final da avaliação


primária. Quando adequada, deve-se despir a criança gravemen-
te doente ou ferida para facilitar um exame físico dirigido e ob-
servar cuidadosamente a face da criança, o tronco, as extremi-
dades e a pele. Recomenda-se adotar medidas de aquecimento,
caso se detecte uma hipotermia significativa. Durante essa parte
do exame, procuram-se evidências de trauma, como sangramen-
tos, queimaduras ou marcas incomuns sugestivas de abuso. De-
ve-se atentar para as precauções relativas à coluna vertebral ao
movimentar qualquer indivíduo com suspeita de lesão na coluna
(GRISI et al., 2015).
Embora o SBV seja fundamental para a recuperação da víti-
ma na vigência ou iminência de uma PCR, é conduta temporária
e perde seu valor se o Suporte de Vida Avançado (SVA) não for
instituído. Segundo as recomendações da AHA, durante o SVA os
profissionais de saúde devem avaliar e intervir na recuperação
da função pulmonar e circulatória da criança. No atendimento
secundário, o SVA inclui as diretrizes do SBV, além de identifi-
cação e tratamento das causas reversíveis da PCR com uso de
materiais, equipamentos e técnicas especializadas, para manter
a perfusão tecidual (AHA, 2010).
Nessa etapa, também são verificados importantes aspec-
tos da história da criança e das queixas apresentadas por meio
dos sinais e sintomas, possíveis alergias, medicações de uso, pas-
sado médico, líquidos e última refeição (incluindo amamentação
ou mamadeira para lactentes) e eventos que levaram a doença
ou lesão atual. Deve-se realizar um exame físico completo. Pros-
seguindo, realiza-se a avaliação terciária, que consiste em exa-
mes auxiliares para detectar e identificar a presença e gravidade
de anormalidades respiratórias e circulatórias.

122 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Após a reanimação, os cuidados de Enfermagem são prin-


cipalmente registrar todos os eventos e checar medicações ad-
ministradas, repor os materiais utilizados, observar rigorosa e
continuamente o paciente, promover o balanço hídrico rígido
e fazer anotações e evoluções de Enfermagem. A SAE pode ser
avaliada e revisada em relação aos Diagnósticos de Enfermagem
estabelecidos para avaliação dos planos de cuidados (HOCKEN-
BERRY; WILSON, 2014).
Os cuidados de Enfermagem devem estar direcionados a
diagnosticar precocemente situações emergenciais, assim como
estar atentos ao atendimento das necessidades dos familiares
das crianças e dos adolescentes, oferecendo a oportunidade de
permanecer junto ao paciente, se assim desejarem, durante as
fases de atendimento emergencial. No momento da permanên-
cia da família, algum membro da equipe, preferencialmente o
profissional responsável pelo cuidado da criança antes da PCR
ou um profissional com mais experiência, deve permanecer na
companhia dos familiares, esclarecendo dúvidas, respondendo a
questionamentos e fornecendo apoio e conforto.
Após a estabilização do estado emergencial, o enfermei-
ro, no seu processo de Enfermagem, reavalia os cuidados de
Enfermagem.

Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas


no Tópico 4, você deve fazer assistir ao vídeo indicado no Tó-
pico 3. 1 para aprimorar os conhecimentos sobre serviços de
urgência e emergência no Brasil.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 123


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por
fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Enfermagem Pediátrica e Neonatal – Vídeos Complementares – Comple-
mentar 4.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integralmen-
te os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

No Brasil, os Serviços de Urgência e Emergência foram cria-


dos para garantir o atendimento imediato aos indivíduos com
agravo à saúde e oferecer atenção de alta complexidade e todas
as manobras de sustentação da vida. Em 2011, foi reformulada a
Política Nacional de Atenção às Urgências (PNAU) e instituída a
Rede de Atenção às Urgências (RUE) no SUS por meio da Portaria
nº 1.600, de 7 de julho de 2011 (BRASIL, 2013).
A organização da RUE possibilita articulação e integração
de todos os equipamentos de saúde. Tem por objetivo ampliar e
qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situa-
ção de urgência e emergência nos serviços de saúde. É composta
das vertentes: Promoção, Prevenção e Vigilância à Saúde; Aten-
ção Básica em Saúde; Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

124 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

(Samu 192) e suas centrais de Regulação Médica das Urgências;


Sala de Estabilização; Força Nacional de Saúde do SUS; Unidades
de Pronto Atendimento (UPA 24 h) e o conjunto de serviços de
urgências 24 horas; Hospitalar; e Atenção Domiciliar.
Nesse sentido, em consonância com a Política Nacional de
Humanização (Humaniza SUS), foi estabelecido o Acolhimento
com Classificação de Risco (ACCRP), implementado a partir de
maio de 2006 e que se destina a reorganizar o processo de aco-
lhida das pessoas nas unidades de saúde. A classificação de risco
prioriza o atendimento do paciente, não por ordem de chega-
da, e sim conforme seu risco clínico. Nesse sentido, o Sistema
Manchester de Classificação de Risco é um protocolo validado
internacionalmente e recomendado pelo Ministério da Saúde.
Caracteriza-se por dois grandes eixos: o eixo dos pacientes gra-
ves, com risco de morte – eixo vermelho, composto das áreas
vermelha (emergência), amarela (pacientes críticos e semicríti-
cos estabilizados) e verde (pacientes não críticos em observa-
ção); e o eixo dos pacientes não graves – eixo azul (BRASIL, 2013;
BRASIL, 2004).
Dúvida: as áreas amarela e verde também sinalizam risco
de morte dentro do eixo de pacientes graves?
Portanto, os cuidados de Enfermagem devem ser direcio-
nados desde a admissão em um serviço de urgência até a evo-
lução para a alta hospitalar, hospitalização ou transferência para
Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Uma das mais traumáticas
experiências hospitalares para as crianças e os pais é uma admis-
são de emergência. O início abrupto da doença ou a ocorrência
de um ferimento deixa pouco tempo para preparações e expli-
cações. Algumas vezes, as admissões de emergência são com-
postas de admissão na UTI ou necessidade de cirurgia imediata.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 125


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

Entretanto, mesmo em situações que exijam apenas tratamento


ambulatorial, a criança é exposta a um ambiente estranho, ame-
drontador e a experiências que podem levar ao medo ou causar
dor (HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Para complementar seu conhecimento sobre esse assunto,
assista ao vídeo indicado a seguir:
• COFEN – CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Falan-
do de Enfermagem – Atendimento de Urgência e Emer-
gência. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=37UeaOAuUPw>. Acesso em: 2 out. 2018.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteú-
dos estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Entre as principais situações de emergência pediátrica listadas a seguir,
assinale a alternativa incorreta:
a) Insuficiência respiratória caracterizada por sinais de aumento do tra-
balho respiratório, incluindo taquipneia, batimento de asa nasal, uso
de musculatura acessória da respiração e retrações inspiratórias.
b) Choque caracterizado pela transferência inadequada de oxigênio e
nutrientes para atender a demandas metabólicas dos tecidos, com
consequências fisiológicas de hipotensão, hipóxia do tecido e acidose
metabólica.
c) As manifestações clínicas de um trauma cranioencefálico são falência
respiratória e estado de choque compensado.
d) Parada cardiorrespiratória trata-se de um quadro de desconforto res-
piratório, com consequente falência respiratória e estado de choque
compensado ou trauma acentuado.

2) Conforme as diretrizes AHA (2015), é correto afirmar que:

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UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

a) Recomenda-se em crianças iniciar a RCP por A (airway) – B (breathing)


– C (circulation).
b) Recomenda-se em crianças iniciar a RCP por C (circulation) – A (airway)
– B (breathing).
c) Deve-se realizar RCP convencional de 10 compressões para duas
ventilações.
d) Deve-se realizar RCP convencional de 40 compressões para 1 ventilação.

3) Sobre o Suporte de Vida Avançado, é possível dizer:


a) Enquanto profissionais de saúde, deve-se avaliar e intervir na recupe-
ração da função pulmonar e circulatória da criança para se manter a
perfusão tecidual.
b) Não inclui as diretrizes do SBV.
c) Apenas e unicamente prioriza as causas reversíveis da PCR.
d) Concentra-se nas avaliações secundárias e história pregressa da
criança.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) c.

2) b.

3) a.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizarmos esta unidade, foi possível compreender
que, diante das situações de emergência pediátrica, o enfermei-
ro, como coordenador e corresponsável pela equipe de saúde,
pode avaliar a efetividade do atendimento e as condições que
conduziram a criança a tal situação. Diante de eventos evitáveis,

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 127


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

a equipe pode trabalhar em processos de detecção de sinais de


alerta e de prevenção de acidentes com a criança, o adolescente
e sua família no processo de recuperação nas instituições e, de
outras maneiras com em ações na comunidade.
Nesse sentido, cabe ao enfermeiro utilizar todos os recur-
sos possíveis para amenizar a ansiedade e o temor dos pais e
favorecer a estabilização do estado de saúde da criança. Deve,
também, realizar a adaptação da criança ao serviço hospitalar e
ajudar no tratamento e no retorno ao lar o mais rápido possível,
com o mínimo de efeitos negativos que possam advir da perma-
nência no hospital.
A Enfermagem exerce papel importante nas estratégias
preventivas e no cuidado integral à saúde da criança, tendo
como uma de suas prioridades as intervenções para manter a
assistência e o progresso no tratamento. Recomendam-se como
estratégias preventivas estimular a amamentação, encorajar a
vacinação e retornar rotineiramente à Unidade Básica de Saúde
(UBS) para uma reavaliação da criança. As vacinas e o aleitamen-
to materno estimulam o sistema imunológico da criança, aumen-
tando suas defesas e protegendo-a, sobretudo, das doenças pre-
valentes na infância.
Crianças e adolescentes possuem peculiaridades de desen-
volvimento e crescimento em cada uma de suas faixas etárias. O
meio familiar e as condições ambientais em que estão inseridos
também influenciarão como eles progridem. Por essa razão, o
conhecimento teórico sobre especificidades, situações de risco e
vulnerabilidade, assim como emergência e urgência, possibilitam
ao profissional enfermeiro a capacidade de avaliar o comporta-
mento infantojuvenil esperado, de aplicar intervenções quando

128 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL


UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA

necessário e de propor um plano de cuidados adequado, com


base na SAE, para uma assistência segura.

6. E-REFERÊNCIAS
AHA – AMERICAN HEART ASSOCIATION. Destaques das Diretrizes da American
Heart Association 2015. Atualização das Diretrizes de RCP e ACE. 2015. Disponível
em: <https://eccguidelines.heart.org/wp-content/uploads/2015/10/2015-AHA-
Guidelines-Highlights-Portuguese.pdf>. Acesso em: 2 out. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional
de Humanização. Humaniza SUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco:
um paradigma ético-estético no fazer em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
(Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/acolhimento.pdf>. Acesso em: 2 out. 2018.
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Especializada. Manual instrutivo da sala de estabilização: componente da
Rede de Atenção às Urgências e Emergências no Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília:
Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
manual_instrutivo_sala_estabilizacao.pdf>. Acesso em: 2 out. 2018.
CARLOTTI, A. P. C. P. Choque em crianças. Medicina, Ribeirão Preto, v. 45, n. 2, p.
197-207, 2012. Disponível em: <http://revista.fmrp.usp.br/2012/vol45n2/Simp4_
Choque%20em%20Crian%E7as.pdf>. Acesso em: 1 out. 2018.
MATOS, K. F. et al. Mortalidade por causas externas em crianças, adolescentes e
jovens: uma revisão bibliográfica. Revista Espaço para a Saúde, v. 14, n. 2, p. 82-93,
2013. Disponível em: <www.uel.br/revistas/uel/index.php/espacoparasaude/article/
download/10480/pdf_7>. Acesso em: 6 set. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AHA – AMERICAN HEART ASSOCIATION. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation
(CPR) and Emergency Cardiovascular Care (ECC) of Pediatric and Neonatal Patients:
Pediatric Basic Life Support. 2010.
ALMEIDA, F. A. A.; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o
adolescente e sua família no hospital. 1. ed. São Paulo: Manole, 2008.
BATES, B.; BICKLEY, L. S.; HOEKELMAN, R. A. Propedêutica médica. 10. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.

© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL 129


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BOWDEN, V. R. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2013.
CARVALHO, W. B. Terapia intensiva pediátrica. São Paulo: Atheneu, 2006.
GRISI, S. et al. Urgências e emergências em Pediatria Geral. 1. ed. São Paulo: Ateneu,
2015.
HOCKENBERRY, J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem Pediátrica.
8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
JARVIS, C. Exame físico e avaliação de saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2002.

130 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL

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