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NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO

ENVELHECIMENTO

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Meu nome é Lívia Giolo Taverna. Sou graduada em Nutrição


pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), especialista em
Nutrição Esportiva pela Universidade Estácio de Sá e Mestre
em Investigação Biomédica pela Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto (FMRP/USP). Atualmente sou pós-graduanda em
Gastronomia – Cozinha Profissional pela Universidade Anhembi
Morumbi. Tenho experiência na área clínica e em consultoria na
área de alimentos. Sou docente desde 2016.
E-mail: liviagiolo@claretiano.edu.br
Lívia Giolo Taverna

NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO
ENVELHECIMENTO

Batatais
Claretiano
2020
© Ação Educacional Claretiana, 2019 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição
na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito
do autor e da Ação Educacional Claretiana.

Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva


Vice-Reitor: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos
Pró-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-Reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Dr. Pe. Cláudio Roberto Fontana Bastos
Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Me. Luís Cláudio de Almeida
Coordenador Geral de EaD: Prof. Me. Evandro Luís Ribeiro

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera •
Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane
Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves
Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti
• Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia
Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires
Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Gustavo Fonseca • Luis Gustavo Millan
• Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Nutrição: da Gestação ao Envelhecimento
Versão: ago./2020
Formato: 15x21 cm
Páginas: 140 páginas
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 10
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 12
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 12
5. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 12

Unidade 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA


GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 17
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 17
2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO............................................... 18
2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES.......................... 25
2.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA NUTRIZ.................................................... 36
2.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA NUTRIZ..................................... 43
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 46
3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO............................................... 46
3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES.......................... 47
3.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA NUTRIZ .................................................... 48
3.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES.......................... 48
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 49
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 50
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 50
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 51

Unidade 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA


INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 55
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 55
2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA INFÂNCIA................................................. 56
2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA................................. 66
2.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ADOLESCÊNCIA....................................... 73
2.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA ADOLESCÊNCIA........................ 78
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 85
3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA INFÂNCIA................................................. 85
3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA................................. 86
3.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ADOLESCÊNCIA....................................... 86
3.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA ADOLESCÊNCIA........................ 87
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 87
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 88
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 89
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 90

Unidade 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA


FASE ADULTA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 94
2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ADULTO................................................... 94
2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO ADULTO.................................... 97
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 111
3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ADULTO................................................... 111
3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO ADULTO.................................... 112
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 112
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 114
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 114
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 115

Unidade 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO


ENVELHECIMENTO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 119
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 121
2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO................................. 121
2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO IDOSO....................................... 125
2.3. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS......................................................... 129
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 135
3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS NO ENVELHECIMENTO................................. 135
3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO IDOSO....................................... 136
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 137
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 138
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 139
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 139
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
O estudo sobre Nutrição: da Gestação ao Envelhecimento
visa, no contexto do curso de Nutrição, contribuir para o
entendimento do futuro profissional a respeito da nutrição
ao longo da vida de um indivíduo. Portanto, esta disciplina irá
estudar a fisiologia e nutrição nas diferentes fases da vida e
situações fisiológicas especiais: gestação, lactação, infância, pré-
escolar, escolar, adolescência, vida adulta e envelhecimento. A
capacitação do aluno no atendimento a esses clientes/pacientes
possibilita ao futuro nutricionista ter domínio no atendimento
nutricional.

Bibliografia Básica
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann &
Affonso Editores, 2003.
WEFFORT, V. R. S.; LAMOUNIER, J. A. Nutrição em pediatria. São Paulo: Manole, 2009.
YONAMINE, G. H. et al. Alimentação no primeiro ano de vida. São Paulo: Manole, 2013.

Bibliografia Complementar
ACCIOLY, E. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005.
CIAMPO, L. A. D. Aleitamento materno: passagens e transferências mãe-filho. São
Paulo: Atheneu, 2004.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos, nutrição & dietoterapia. Tradução
de Andréa Favano. 11. ed. São Paulo: Roca, 2005.

7
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

NÓBREGA, F. J. Distúrbios da nutrição: na infância e na adolescência. 2. ed. Rio de


Janeiro: Revinter, 2007.
SALGADO, J. M. A alimentação que previne doenças: do pré-natal ao 2º ano de vida do
bebê. São Paulo: Madras, 2003.

É importante saber––––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os
procedimentos e os fundamentos ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto),
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito
de avaliação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

8 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
O processo de transformação do ser humano desde o início
até o fim da vida pode ser subdividido em ciclos específicos. Em
todas as fases da vida dos seres humanos, a alimentação deve ser
variada e equilibrada. Uma boa nutrição é condição fundamental
para promover o bem-estar físico, mental e social de crianças,
jovens, adultos e idosos, garantindo, em condições normais de
saúde, uma boa qualidade de vida.
Nutrição: da Gestação ao Envelhecimento abordará
conteúdos que nos façam compreender as características
dos sujeitos e as demandas específicas de cada fase da vida,
determinar as necessidades nutricionais e, assim, garantir uma
alimentação e nutrição adequadas, requisitos básicos para a
promoção da saúde e a prevenção de doenças
Primeiramente, na Unidade 1, conheceremos as principais
alterações fisiológicas que ocorrem durante a gravidez e como
essas mudanças interferem nas necessidades nutricionais da
mulher. Esse é um período de grande vulnerabilidade nutricional,
com aumento das necessidades energéticas, proteicas, de
vitaminas e minerais. Ofertar uma alimentação adequada nessa
fase garante não só a saúde da mãe, como o bom desenvolvimento
da criança. Ainda nessa unidade, conheceremos as mudanças
fisiológicas na nutriz e as recomendações nutricionais para ela
durante o período de amamentação, além, claro, de abordar
assuntos relativos ao aleitamento materno.
Em seguida, nossos estudos terão o foco voltado para a
infância. A Unidade 2 inicia-se com os aspectos fisiológicos dos
lactentes e as recomendações nutricionais para eles. Falaremos
da introdução alimentar, fase de muitas dúvidas, que carrega
ainda muita influência de crenças populares, socioeconômicas

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 9


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

e culturais. Passaremos depois às fases pré-escolar e escolar,


com seus aspectos fisiológicos específicos, que influenciam
diretamente no comportamento alimentar das crianças.
Uma ingestão adequada de energia e nutrientes nessa fase
é importante para garantir o crescimento e desenvolvimento
adequados. Para finalizar a unidade, conheceremos os aspectos
fisiológicos dos adolescentes e as recomendações nutricionais
para essa fase.
Já na Unidade 3, abordaremos assuntos relacionados
à fase adulta. Assim como nas outras unidades estudadas,
começaremos com o estudo da fisiologia dessa faixa etária,
para depois focarmos nas recomendações nutricionais. Nessa
unidade, em especial, é importante compreender todos os
aspectos fisiológicos do indivíduo adulto, pois esses conceitos
serão úteis na Unidade 4, momento em que estudaremos o
processo de envelhecimento e seu impacto no organismo, suas
alterações fisiológicas e demandas nutricionais específicas para
se adequar a essas novas condições.
Fazemos, assim, um convite para que você percorra as
unidades do curso a fim de contribuir para a realização e o
desenvolvimento de seus estudos, assim como para colaborar
com a ampliação de seus conhecimentos e habilidades na área
da Nutrição. Bons estudos!

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados.

10 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1) Colostro: o primeiro produto da secreção láctea da


nutriz, até o 7° dia pós-parto.
2) Disfagia: dificuldade para deglutir.
3) Eclampsia: síndrome hipertensiva que ocorre durante
a gestação caracterizada por aumento da pressão
arterial. Distingue-se da pré-eclampsia pela presença
de convulsões.
4) Estirão: período caracterizado por intenso crescimento
(grande aumento de estatura em curto espaço de
tempo).
5) Ingurgitamento mamário: acúmulo de leite nas
mamas, podendo causar dor e desconforto.
6) Macrossomia: peso ao nascer igual ou superior a
4.000 g (independentemente da idade gestacional ou
de outras variáveis demográficas).
7) Menarca: primeira menstruação da menina.
8) Nutriz: mulher que amamenta.
9) Picacismo: também conhecida como picamalácia,
define-se como um transtorno alimentar caracterizado
pela ingestão persistente de substâncias não
comestíveis, com pequeno ou nenhum valor
nutritivo, que pode levar a um deficit na ingestão de
micronutrientes.
10) Pirose: azia.
11) Pré-eclampsia: síndrome hipertensiva que ocorre
durante a gestação, caracterizada por aumento da
pressão arterial.
12) Sarcopenia: perda de massa muscular.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 11


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos
conceitos mais importantes deste estudo.

ASPECTOS
FISIOLÓGICOS

PROMOÇÃO DE
SAÚDE
FASE RECOMENDAÇÕES
DA VIDA NUTRICIONAIS
PREVENÇÃO DE
DOENÇAS

ATENÇÃO
NUTRICIONAL

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Nutrição: da Gestação ao Envelhecimento.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Reichmann &
Affonso Editores, 2003.

5. E-REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição-INAN.
Secretaria de Programas Especiais-SPE. Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento
Materno-PNIAM. Normas Gerais para Bancos de Leite Humano. Brasília: Ministério da
Saúde. 1993. Disponível em: <http://www.redeblh.fiocruz.br/media/p322_1988.pdf>.
Acesso em: 28 jun. 2019.
BRIOSCHI, J. et al. Relação entre picacismo em gestantes e deficiência de
micronutrientes. Nutrição Brasil, v. 14, n. 2, p. 107-114, 2015. Disponível em: <https://
docplayer.com.br/42674493-Relacao-entre-picacismo-em-gestantes-e-deficiencia-de-
micronutrientes.html>. Acesso em: 28 jun. 2019.

12 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

FERREIRA, M. B. G. et al. Assistência de enfermagem a mulheres com pré-eclâmpsia


e/ou eclâmpsia: revisão integrativa. Rev Esc Enferm USP, v. 50, n. 2, p. 324-334,
2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v50n2/pt_0080-6234-
reeusp-50-02-0324.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2019.
OLIVEIRA, L. C. et al. Fatores determinantes da incidência de macrossomia em um
estudo com mães e filhos atendidos em uma Unidade Básica de Saúde no município do
Rio de Janeiro. Rev Bras Ginecol Obstet, v. 30, n. 10, p. 486-493, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v30n10/v30n10a02.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2019.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 13


© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO
UNIDADE 1
FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E
AMAMENTAÇÃO

Objetivos
• Compreender as alterações fisiológicas que ocorrem durante a gestação.
• Relacionar as condições fisiológicas da gestante com suas necessidades
nutricionais.
• Conhecer as necessidades nutricionais para o período gestacional.
• Compreender as alterações fisiológicas que ocorrem com a nutriz.
• Relacionar as condições fisiológicas da nutriz com suas necessidades
nutricionais.
• Conhecer as necessidades nutricionais para o período da amamentação.

Conteúdos
• Aspectos fisiológicos da gestação.
• Recomendações nutricionais na gestação.
• Aspectos fisiológicos da nutriz.
• Recomendações nutricionais para a nutriz.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em


sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final

15
UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento


pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) O estudo da Nutrição durante a gestação e lactação é marcado pela


relação entre as adaptações fisiológicas do período e as adequações às
recomendações nutricionais para essa fase da vida. Dessa forma, requer-
se um conhecimento básico de fisiologia humana e metabolismo dos
nutrientes.

3) Como indicação de leitura para relembrar conceitos importantes dessas


duas áreas, sugerimos as obras Fisiologia Humana, Biodisponibilidade de
nutrientes e O que é metabolismo?, todos disponíveis na Biblioteca Digital
Pearson.

16 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

1. INTRODUÇÃO
A gravidez e o parto são eventos que integram a vivência
reprodutiva de homens e mulheres, capazes de promover
maior vínculo afetivo não só entre o casal, como também entre
familiares e amigos (BRASIL, 2001).
A gravidez induz o organismo materno a uma série de
transformações necessárias para regular o metabolismo da
mulher durante as fases da gravidez, bem como para garantir o
desenvolvimento saudável do embrião (ACCIOLY, 2005; BARROS,
2006).
Essas alterações devem ser acompanhadas de perto
pelos profissionais de saúde, que precisam identificar essas
adaptações e propor estratégias para que as suas consequências
não interfiram nas atividades e na qualidade de vida da mulher
durante esse período (SILVA, 2008).
Para o profissional nutricionista, o entendimento dessas
variações é de extrema importância para a realização de uma
assistência nutricional adequada, que supra as necessidades
tanto da mulher quanto do feto.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 17


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO

O período gestacional é constituído por 40 semanas


e é acompanhado por alterações anatômicas, fisiológicas
e psicológicas que interferem diretamente nos aspectos
metabólicos e nutricionais. Apesar de essas alterações serem
comuns em todas as mulheres nesse período, sua evolução e
seu desenvolvimento não são iguais em todos os casos (ACCIOLY,
2005; VITOLO, 2008).
Segundo Accioly (2005), o diagnóstico da gestação pode
ser confirmado por meio de três parâmetros:
1) Clínico: os sinais clínicos são facilmente detectados na
anamnese. Entre os mais comuns, estão amenorreia,
náuseas, vômitos e perda de apetite.
2) Hormonal: por meio de um exame de sangue, há a
investigação da presença do hormônio gonadotrofina
coriônica (HCG), que é secretado desde o início da
gestação.
3) Ultrassonográfico: a ultrassonografia pode detectar a
presença do saco gestacional a partir da quarta semana
de gravidez.
A idade gestacional (IG) é calculada a partir do primeiro
dia do último período menstrual normal (DUM), sendo expressa
em semanas. A data provável do parto (DPP) será em média 280
dias ou 40 semanas a partir do DUM. A IG é um dado importante
para o nutricionista, pois depende-se dela para a adequação
das necessidades energéticas e do controle de peso durante a
gestação (ACCIOLY, 2005).

18 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Ajustes fisiológicos da gestação

Placenta
É um anexo fetal, de alta complexidade metabólica, essencial
para garantir proteção, nutrição, respiração, excreção e produção
de hormônios. Ela transporta oxigênio e nutrientes da mãe para
o feto, elimina os metabólitos decorrentes do metabolismo
fetal e produz hormônios necessários para o desenvolvimento
e crescimento fetal (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008). É altamente
vascularizada, e qualquer alteração na circulação materna ou
fetal pode comprometer o desenvolvimento do feto (ACCIOLY,
2005).

Principais hormônios e suas funções


Os hormônios produzidos nesse período são responsáveis
pelas modificações corporais na mulher que garantirão o
desenvolvimento fetal e as adaptações para o parto e a lactação
(ACCIOLY, 2005).
As ações dos principais hormônios estão listadas no quadro
a seguir:

Quadro 1 Ações dos hormônios sobre o organismo materno


durante a gestação.
FONTE PRIMÁRIA DE
HORMÔNIOS EFEITOS PRINCIPAIS
SECREÇÃO
Detectável no sangue oito dias após
a fecundação; impede a rejeição
Gonadotrofina
Células do trofoblasto imunológica do embrião; inibe a
Coriônica
e placenta contratilidade espontânea do útero,
Humana (hCG)
importante para a manutenção inicial
da gestação.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 19


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

FONTE PRIMÁRIA DE
HORMÔNIOS EFEITOS PRINCIPAIS
SECREÇÃO
Reduz a musculatura lisa do útero e a
motilidade gastrointestinal; favorece
a deposição materna de gordura;
Progesterona Placenta aumenta a excreção de sódio; interfere
no metabolismo do ácido fólico;
estimula apetite na primeira metade da
gestação; participa da mamogênese.
Aumenta elasticidade da parede
uterina e do canal cervical; reduz
proteínas séricas; aumenta propriedade
hidroscópica dos tecidos; afeta a função
Estrógeno Placenta da tireoide; interfere no metabolismo
do ácido fólico; modifica o metabolismo
glicídico; altera o tecido conjuntivo e
vascular; diminui apetite na segunda
metade da gestação.
Antagoniza a ação da insulina (eleva a
Lactogênio glicemia pela glicogenólise); promove
Placenta
placentário lipólise, diminuição do consumo de
glicose e glicogênio; ação mamotrófica.
Reduz a glicemia para promover a
produção energética e síntese de
gordura. As gestantes têm resposta
de insulina normal à glicose no início
Insulina Pâncreas
da gravidez, porém, com o avanço
de gestação, há necessidade de mais
insulina para transportar a mesma
quantidade de glicose.
Glucagon Pâncreas Eleva a glicemia pela glicogenólise.
Regula as reações oxidativas envolvidas
Tiroxina Tireoide na produção de energia (taxa
metabólica basal).
Fonte: adaptado de Accioly (2005).

20 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Modificações no organismo materno

Taxa Metabólica Basal


Ocorre aumento de 15 a 20% a partir do terceiro mês
devido ao aumento de peso, à maior demanda de oxigênio, à
maior produção hormonal e ao aumento da função renal e
cardíaca (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008).

Metabolismo glicídico
O feto requer glicose e aminoácidos para o seu crescimento
mesmo em situações de jejum materno. Para atender a essas
demandas, o organismo sofre alterações, tal como redução na
utilização periférica de glicose, na tentativa de manter essa oferta
constante para o feto (ACCIOLY, 2005). No último trimestre, cerca
de 50 a 70% das calorias que o feto necessita diariamente são
derivadas da glicose (VITOLO, 2008).

Metabolismo lipídico
Há uma maior mobilização da gordura corporal na
produção de energia para o metabolismo materno. Por esse
motivo, no final da gravidez, há acúmulo de gordura em forma de
triglicerídios, principalmente nas coxas e na região subescapular,
que serve como reserva imediata de gordura quando os níveis
glicêmicos maternos caem (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008).

Metabolismo proteico
Aproximadamente 20% da necessidade energética diária
do feto é suprida pelos aminoácidos. Eles são importantes
para a síntese tecidual fetal e das estruturas maternas. Os

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 21


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

níveis plasmáticos de albumina ficam reduzidos, o que facilita o


aparecimento de edemas (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008).

Sistema circulatório
Ocorre aumento de 50% do volume plasmático,
acarretando aumento no débito cardíaco, que sobe cerca de 30
a 40%. Há também aumento de 20% no número de hemoglobina
devido a uma maior necessidade de transporte de oxigênio. Essa
diluição fisiológica promove queda na concentração plasmática
de hemoglobina, que pode evoluir para quadros de anemia,
estado que também pode se instalar por deficiência de ferro e
ácido fólico (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008).

Sistema urinário
Segundo Accioly (2005), ocorre aumento da taxa de
filtração glomerular, assim como do fluxo renal, que auxilia na
eliminação de resíduos metabólicos. Nessa fase, as mulheres têm
maior predisposição a infecções urinárias devido a um retardo
do fluxo urinário (gerado pela obstrução dos ureteres, que por
sua vez é causada pela dilatação das veias ovarianas).

Sistema respiratório
Há aumento na ventilação pulmonar devido à ação da
progesterona e do estrógeno, que aumentam a sensibilidade
e a vascularização dos centros respiratórios. Essa alteração
visa suprir o aumento de 20% na demanda de oxigênio pelo
organismo materno. Além disso, ocorrem alterações anatômicas
que melhoram a troca gasosa nos pulmões (ACCIOLY, 2005;
VITOLO, 2008).

22 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Sistema digestivo
No primeiro trimestre, são comuns náuseas, enjoos e
vômitos matinais (decorrentes de alterações hormonais que
interferem no olfato e no paladar). Tais mudanças podem levar
ao quadro de anorexia, que consequentemente pode ocasionar
perda de peso nos primeiros meses da gestação.
Devido à ação da progesterona, o peristaltismo fica
reduzido, retardando o esvaziamento gástrico e acarretando
constipação intestinal (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008).
As alterações fisiológicas anteriormente citadas estão
sintetizadas no Quadro 2:

Quadro 2 Alterações fisiológicas.

Fonte: adaptado de Accioly (2005).

Fatores de risco gestacional


Várias condições podem interferir na evolução normal da
gravidez, além de diversos fatores de risco. Quanto mais desses
fatores estiverem presentes, pior o prognóstico. Os fatores mais
comuns estão listados no quadro a seguir:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 23


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Quadro 3 Fatores que interferem no resultado da gestação.


FATORES ASSOCIADO COM
Tamanho placentário, peso ao nascer, índices de
morbidade neonatal. Peso excessivo pré-gestacional
está associado com necessidade de cesárea e peso
Estatura e peso materno maior ao nascer.
pré-gestacional
Baixa estatura (< 150 cm) está associada com
desproporção céfalo-pélvica, cesárea e baixo peso ao
nascer.
Ganho de peso insuficiente está associado com baixo
peso ao nascer, parto prematuro e maiores índices de
Ganho de peso morbimortalidade neonatal.
gestacional
Ganho de peso excessivo está associado com
macrossomia fetal e diabetes gestacional.
Na adolescência, está associada com baixo peso ao
nascer, desproporção céfalo-pélvica, prematuridade,
cesárea e distúrbios hipertensivos da gestação.
Idade materna
Em mulheres com mais de 35 anos, está associado com
anomalias congênitas, diabetes gestacional e altos
índices de morbidade perinatal.
Intervalo entre partos Intervalo inadequado está associado com depleção
(inadequado quando ≤ 24 das reservas maternas de nutrientes; associado com
meses) baixo peso ao nascer.
Redução da capacidade de trabalho, menor
desempenho mental, menor resistência às infecções,
Anemia
menor tolerância a hemorragias, parto prematuro e
baixo peso ao nascer.
Anomalias congênitas (diabetes prévia), síndromes
Diabetes prévia ou hipertensivas da gravidez, infecção, parto prematuro,
gestacional macrossomia, sofrimento fetal e altos índices de
mortalidade perinatal.
Comprometimento do fluxo sanguíneo mãe-feto,
Síndromes hipertensivas causando retardo do crescimento intrauterino, baixo
da gravidez peso ao nascer, sofrimento fetal e altos índices de
mortalidade perinatal.

24 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

FATORES ASSOCIADO COM


Baixa escolaridade, baixa renda familiar, condições
Condições inadequadas de saneamento e falta de assistência
socioeconômicas pré-natal de qualidade estão associadas com gestação
indesejada.
Crescimento intrauterino retardado por menor
Cigarro
perfusão placentária.
Efeito tóxico para feto; anomalias fetais, retardo do
Álcool
crescimento intrauterino e síndrome fetal alcoólica.
Fonte: adaptado de Accioly (2005).

Importante!
Os fatores fisiológicos que exercem maior força durante a
gestação são o aumento do fluxo sanguíneo e a elevação dos
níveis de estrógeno e progesterona. O impacto dessas alterações
recai sobre os níveis de lipídios, colesterol, carotenoides,
vitamina E e fatores coagulantes sanguíneos (VITOLO, 2008).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), as
causas mais comuns para complicações durante a gestação
são: hipertensão arterial, diabetes melito, cardiopatias, infecção
urinária, distúrbios nutricionais e distúrbios tireoidianos.

As leituras indicadas no Tópico 3.1. tratam das alterações


fisiológicas mais presentes durante o período gestacional, além
da diabetes gestacional e das síndromes hipertensivas. Neste
momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o
tema abordado.

2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES

Antes de prescrever qualquer conduta dietoterápica, é


necessário realizar uma anamnese nutricional, que deve incluir

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 25


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

avaliação antropométrica, alimentar, bioquímica e clínica. Através


da interpretação e cruzamento desses dados, é possível realizar
um diagnóstico nutricional mais preciso e a partir daí elaborar a
conduta mais indicada.

Avaliação antropométrica
A avaliação antropométrica é o meio mais acessível e mais
recomendado para o acompanhamento da evolução nutricional,
pois é de rápida execução e não invasiva.
É importante conhecer o peso pré-gestacional da mulher
e também sua estatura, para realização do cálculo do Índice de
Massa Corporal (IMC). Após sua classificação, é possível calcular
e programar o total de peso que ela deverá ganhar durante a
gravidez.
Atualmente, no Brasil, a avaliação do estado nutricional
da gestante, é feito através das recomendações do Institute of
Medicine, que preconiza o cálculo de ganho de peso ponderal
segundo o IMC pré-gestacional e da Organização Mundial de
Saúde (OMS), seguindo proposta do estudo feito por Aldea,
Atalah e Castillo (1997).
No momento da primeira consulta, o profissional deve
realizar o cálculo do IMC:

IMC = Peso pré-gestacional (kg)


Altura2 (m)

26 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Com o resultado em mãos, a classificação do IMC deve


ser realizada seguindo os parâmetros indicados no Quadro 4.
Também, a partir desse quadro, já é possível programar o ganho
de peso total da gestação.

Quadro 4 Classificação do estado nutricional pré-gestacional e


recomendação para ganho de peso.
Estado IMC (kg/m2) Ganho de peso Ganho de peso por
nutricional total durante a semana no 2º e 3º
antes da gestação (kg) trimestres (kg)
gestação
Baixo peso < 18,5 12,5 – 18 0,5
Peso 18,5 – 24,9 11 – 16 0,4
adequado
Sobrepeso 25,0 – 29,9 7 – 11,5 0,3
Obesidade > 30,0 5-9 0,2
Fonte: Institute of Medicine (IOM, 2009).

Importante!
Caso a gestante não recorde seu peso pré-gestacional, utilizar
o peso da primeira consulta, cuja recomendação é a de que
seja realizada antes da 14ª semana gestacional. Vale ressaltar
que, independentemente do estado nutricional pré-gestacional,
a gestante deve começar a ganhar peso apenas a partir do 2º
trimestre.

Nas consultas seguintes, o acompanhamento pode ser


feito utilizando-se o Quadro 5, que foi baseado na curva de IMC
proposta por Aldea, Atalah e Castillo (1997) ou a própria curva,
representada, a seguir, na Figura 1. Nesse momento, o cálculo do
IMC deve ser realizado com o peso atual da gestante.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 27


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Quadro 5 Avaliação do estado nutricional da gestante segundo o


índice de massa corporal por semana gestacional.
Semana Baixo peso: IMC Adequado: Sobrepeso: Obesidade: IMC
gestacional menor do que IMC entre IMC entre maior do que
6 19,9 20,0 – 24,9 25,0 – 30,0 30,1
7 20,0 20,1 – 25,0 25,1 – 30,1 30,2
8 20,1 20,2 – 25,0 25,1 – 30,1 30,2
9 20,2 20,3 – 25,2 25,3 – 30,2 30,3
10 20,2 20,3 – 25,2 25,3 – 30,2 30,3
11 20,3 20,4 – 25,3 25,4 – 30,3 30,4
12 20,4 20,5 – 25,4 25,5 – 30,3 30,4
13 20,6 20,7 – 25,6 25,7 – 30,4 30,5
14 20,7 20,8 – 25,7 25,8 – 30,5 30,6
15 20,8 20,9 – 25,8 25,9 – 30,6 30,7
16 21,0 21,1 – 25,9 26,0 – 30,7 30,8
17 21,1 21,2 – 26,0 26,1 – 30,8 30,9
18 21,2 21,3 – 26,1 26,2 – 30,9 31,0
19 21,4 21,5 – 26,2 26,3 – 30,9 31,0
20 21,5 21,6 – 26,3 26,4 – 31,0 31,1
21 21,7 21,8 – 26,4 26,5 – 31,1 31,2
22 21,8 21,9 – 26,6 26,7 – 31,2 31,3
23 22,0 22,1 – 26,8 26,9 – 31,3 31,4
24 22,2 22,3 – 26,9 27,0 – 31,5 31,6
25 22,4 22,5 – 27,0 27,1 – 31,6 31,7
26 22,6 22,7 – 27,2 27,3 – 31,7 31,8
27 22,7 22,8 – 27,3 27,4 – 31,8 31,9
28 22,9 23,0 – 27,5 27,6 – 31,9 32,0
29 23,1 23,2 – 27,6 27,7 –32,0 32,1
30 23,3 23,4 – 27,8 27,9 – 32,1 32,2
31 23,4 23,5 – 27,9 28,0 – 32,2 32,3
32 23,6 23,7 – 28,0 28,1 – 32,3 32,4
33 23,8 23,9 – 28,1 28,2 – 32,4 32,5
34 23,9 24,0 – 28,3 28,4 – 32,5 32,6
35 24,1 24,2 – 28,4 28,5 – 32,6 32,7
36 24,2 24,3 – 28,5 28,6 – 32,7 32,8
37 24,4 24,5 – 28,7 28,8 – 32,8 32,9
38 24,5 24,6 – 28,8 28,9 – 32,9 33,0
39 24,7 24,8 – 28,9 29,0 – 33,0 33,1
40 24,9 25,0 – 29,1 29,2 – 33,1 33,2
41 25,0 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 33,3
42 25,0 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 33,3

Fonte: Aldea, Atalah e Castillo (1997).

28 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Avaliação alimentar
Investigar o hábito alimentar da gestante já na primeira
consulta é de extrema importância, pois é a partir dessas
informações que possíveis erros podem ser identificados (VITOLO,
2008). As ferramentas mais utilizadas para essa avaliação são:
1) Recordatório de 24 horas: quando a paciente informa
ao profissional tudo aquilo que consumiu no dia anterior
à consulta.
2) Inquérito de frequência alimentar: a paciente relata a
frequência com que consome determinados alimentos
(diariamente, semanalmente e mensalmente). É uma
avaliação qualitativa.
3) Inquérito por registro: produzido pela própria
paciente, que anota os alimentos à medida que eles são
consumidos.

Avaliação de parâmetros laboratoriais


O nutricionista deve avaliar os resultados de exames para
planejar uma orientação dietética que atenda às necessidades
da gestante, bem como auxiliar na correção de possíveis
deficiências. Vale lembrar que os valores de referência para as
mulheres gestantes diferem dos valores para a mulher adulta
não gestante. Alguns dos parâmetros mais importantes estão
listados no quadro a seguir.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 29


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Quadro 6 Valores laboratoriais para mulheres adultas e gestantes.


Exame Mulheres Adultas Gestantes
Hematócrito 37% a 47% 33% a 44%
Glicose, jejum (plasma) 75 a 115 mg/dL 60 a 105 mg/dL
ACTH 20 a 100 pg/mL Sem alteração
Aldosterona (plasma) <8 ng/dL <20 ng/dL
Aldosterona (urinária) 8 a 20 µg/24 h 15 a 40 µg/24 h
Cortisol (plasma) 5 a 25 µg/dL 15 a 35 µg/dL
TSH 4 a 5 µU/mL Sem alteração
Tiroxina total (T4) 5 a 12 µg/dL 10 a 17 µg/dL
Tri-iodotironina (T3) 70 a 190 ng/dL 100 a 220 ng/dL
Cálcio Total 9 a 10,5 mg/dL 8,1 a 9,5 mg/dL
Insulina, jejum 6 a 26 µU/mL 8 a 30 µU/mL

Exame Mulheres Adultas Gestantes


Hemoglobina 12 a 16 g/dL 10,5 a 14 g/dL
Ferritina 15 a 200 ng/mL 5 a 150 ng/mL
Ferro 135 µg/dL 90 µg/dL
Capacidade de ligação
250 a 460 µg/dL 300 a 600 µg/dL
férrica
Nitrogênio ureico sanguí-
10 a 20 mg/dL 5 a 12 mg/dL
neo
Creatinina <1,5 mg/24h <1,0 mg/dL
Sódio 136 a 145 mEq/L 130 a 140 mEq/L
Proteínas urinárias <150 mg/24 h <250 a 300 mg/24 h
Bilirrubina (total) 0,3 a 1 mg/dL Sem alteração
Colesterol 120 a 180 mg/dL 180 a 280 mg/dL
Triglicerídeo <160 mg/dL <260 mg/dL

Fonte: adaptado de Vitolo (2008).

Avaliação clínica
Nessa etapa, é importante investigar sinais e sintomas
digestivos, funcionamento intestinal, patologias e intercorrências

30 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

associadas a carências nutricionais, como mostra o quadro a


seguir.

Quadro 7 Sinais clínicos de carências nutricionais.

ACHADOS SUGESTIVO DE
OLHOS
Carência de vitamina A
Cegueira noturna
Anemia ferropriva
Palidez conjutival
LÁBIOS
Carência de riboflavina
Queilose angular e língua inflamada
GLÂNDULAS
Carência de iodo
Bócio
Palidez cutâneo-mucosa, fraqueza,
fadiga ao menor esforço físico, suscep-
Anemia ferropriva
tibilidade aumentada aos processos
infecciosos
Gengivas que sangram com facilidade e
Vitamina C
pequenas hemorragias cutâneas
Fonte: adaptado de Acciolly (2005).

Recomendações nutricionais
Em todas as fases da vida, o atendimento às recomendações
nutricionais é essencial para garantir bom desenvolvimento,
promoção de saúde e qualidade de vida. Na gestação, em
especial, essa adequação tem grande influência no ganho
de peso gestacional e no desenvolvimento saudável do feto
(ACCIOLY, 2005).

Recomendação de energia
O requerimento energético materno encontra-se
aumentado durante a gestação, devido principalmente ao
aumento da taxa metabólica basal (TMB), que aumenta em

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 31


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

virtude do incremento da massa de tecidos metabolicamente


ativos (feto, placenta e líquido amniótico), do aumento do
trabalho cardiovascular, renal e respiratório e da síntese de
novos tecidos (ACCIOLY, 2005).
Durante o primeiro trimestre gestacional, a recomendação
energética é semelhante à do período pré-gestacional, afinal,
nesse período, é esperado que não haja ganho de peso (confira
o Quadro 4).

Cálculo de recomendação energética segundo DRI


De acordo com Vitolo (2008), segue-se o conceito de
acréscimo no valor energético para a gestação sobre os valores
recomendados para a mulher não gestante a partir do 2º trimestre
gestacional; calcula-se o requerimento energético estimado
(EER) da mulher com dados pré-gestacionais e acrescentam-se
valores relativos à sua idade gestacional (IG).

EER para gestantes


ERR gestação = EER (pré-gestacional) + adicional de energia para o
gasto durante a gestação + energia necessária para depósitos
• 1º trimestre = EER (pré-gestacional) + 0 + 0.
• 2º e 3º trimestre = EER (pré-gestacional) + (8 kcal x IG em
semanas) + 180 kcal.

EER para mulheres de 9 a 18 anos (pré-gestacional)


ERR = 135,3 – (30,8 x idade [a]) + PA x (10,0 x peso [kg]+
934 x estatura [m]) + 25 kcal
sendo PA o coeficiente de atividade física:

32 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

• PA = 1,00 para sedentárias.


• PA = 1,16 para pouco ativas.
• PA = 1,31 para ativas.
• PA = 1,56 para muito ativas.

EER para mulheres de 19 a 50 anos (pré-gestacional)


ERR = 354– (6,91 x idade [a]) + PA x (9,36 x peso [kg] + 726
x estatura [m])
sendo PA o coeficiente de atividade física:
• PA = 1,00 para sedentárias.
• PA = 1,12 para pouco ativas.
• PA = 1,27 para ativas.
• PA = 1,45 para muito ativas.

Recomendação de proteína
As proteínas dietéticas são fundamentais para a síntese
proteica e para outras várias funções metabólicas, como
formação de enzimas e hormônios, sistema imune e transporte
de nutrientes.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (1998), níveis
seguros de ingestão proteica giram em torno de 1,2 g, 6,1 g e
10,7 g no 1º, no 2º e no 3º trimestre, respectivamente. Com isso,
a necessidade proteica deve ser aumentada em média
6 g /dia durante a gestação (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008), ou
seja, considera-se que uma dieta normoproteica varia entre 0,8
e 1,0 g/ dia.
Apresentamos, a seguir, um exemplo de cálculo para uma
mulher que pesa 60 kg.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 33


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

0,8 x 60= 48 + 6 (adicional da gestação) = 54


1,0 x 60 = 60 + 6 (adicional da gestação) = 66
Uma ingestão adequada nessa situação deve variar entre
54 e 66 g de proteína por dia.

Recomendação de vitaminas e minerais


Para grande parte dos micronutrientes, as necessidades
encontram-se aumentadas durante a gestação. Os valores de
ingestão recomendados correspondem às Dietary Reference
Intakes (DRI). A seguir, no Quadro 8, estão listados alguns dos
principais micronutrientes, suas funções e recomendações.

Quadro 8 Principais micronutrientes, suas funções e


recomendações.
NUTRIENTE FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO
Papel importante na visão, reprodução,
desenvolvimento fetal, função imune, na
regulação da proliferação e diferenciação
< 18 anos: 770 µg
celular, manutenção do tecido
Vitamina A
esquelético, manutenção da placenta.
> 18 anos: 750 µg
Deficiência associada a crescimento e
desenvolvimento fetal anormal, baixo
peso ao nascer, defeitos congênitos.
Importante no sistema imune; possui
ação antioxidante, participa da síntese
e manutenção do colágeno, facilita a < 18 anos: 80 mg/dia
Vitamina C absorção de ferro não heme. Deficiência
associada a aumento no risco de infecções, > 18 anos: 85 mg/dia
ruptura prematura de membranas, parto
prematuro e pré-eclampsia.

34 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

NUTRIENTE FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO


Importante para o crescimento normal na
fase reprodutiva (gestação e lactação) e
na formação de anticorpos. Na gestante:
deficiência está associada com anemia
megaloblástica, abortos espontâneos,
Folato (ácido pré-eclampsia, retardo no crescimento
600 µg/dia
fólico) intrauterino e hemorragia.

No feto: deficiência está associada a


anomalias como anencefalia e espinha
bífida, portanto é fundamental na
prevenção de defeitos no tubo neural.
Importante papel no metabolismo ósseo
e na função imune. Deficiência reflete em
Vitamina D 5 µg/dia
ganho de peso insuficiente e distúrbio na
homeostase óssea na criança.
Importante na formação de DNA. Sua
Vitamina B12 deficiência causa anemia megaloblástica e 2,6 g/dia
distúrbios neurológicos.
Formação da dentição e estrutura óssea.
Ocorrem mudanças nesse período que < 18 anos: 1300 mg
Cálcio aumentam o aproveitamento do cálcio
ingerido. O feto acumula 30 g de cálcio, > 18 anos: 1000 mg
sendo a maior parte no último trimestre.
Maior requerimento no último trimestre.
Na gestante: ação na reposição das
27 mg/dia (OMS
perdas basais, aumento da massa de
recomenda a
hemácias, cobertura das necessidades
suplementação, pois a
Ferro fetais e placentárias. Deficiência: anemia
ingestão média diária
ferropriva (aumento na mortalidade e
é de 6 a 7 mg a cada
perinatal e prematuridade), alterações
1000 kcal).
no sistema imune e no desenvolvimento
fetal.
Presente em grande número de enzimas;
atua como estabilizador de estruturas
Zinco moleculares e membranas. Sua deficiência 11 mg/dia
está associada com infertilidade, abortos,
malformação congênita.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 35


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Importante!
A tabela completa das DRIs está disponível para download
no site: <https://www.nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-
intakes>.

As leituras indicadas no Tópico 3.2. tratam sobre as reco-


mendações nutricionais para a gestante. Neste momento, você
deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA NUTRIZ

Lactação
A lactação é um processo complementar à gestação e
está sob o controle de hormônios, principalmente os de origem
hipofisária. As vantagens do aleitamento materno são inúmeras,
tanto para a saúde e desenvolvimento do bebê quanto para a
saúde da mulher (nutriz). Por isso, os profissionais de saúde
devem reconhecer sua importância e trabalhar sempre visando
a conscientização da importância da amamentação e do impacto
negativo no desmame precoce.
A mama é composta, internamente, por ductos lactíferos,
alvéolos, células mioepiteliais, lóbulos, tecido conjuntivo e
externamente por mamilo, aréola (área hiperpigmentada) e
corpúsculos de Montgomery (produz secreção que lubrifica
e protege a aréola contra a ação bacteriana) (ACCIOLY, 2005;
VITOLO, 2008).

36 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Figura 2 Anatomia da mama humana.

O desenvolvimento da glândula mamária, conhecido como


mamogênese, ocorre em dois momentos na vida da mulher:
na adolescência e na gestação. Na adolescência, por ação do
estrógeno, ocorre o crescimento e ramificação dos ductos
mamários e deposição de gordura. Já a progesterona é responsável
pelo desenvolvimento dos alvéolos. Durante a gestação, inicia-se
um novo período de desenvolvimento mamário, com aumento
do peso da glândula mamária. Nessa fase, ocorre escurecimento
da aréola, dilatação das veias superficiais e crescimento dos
corpúsculos de Montgomery (ACCIOLY, 2005; VITOLO, 2008).
Ao final do terceiro trimestre, todas essas alterações estão
completas e a mulher se encontra preparada para a lactação.
A lactação pode ser dividida em três estágios, conforme
descrito no Quadro 9:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 37


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Quadro 9 Estágios da lactação.


• Começo da lactogênese (produção de
leite) no último trimestre.

• Aumento de lactose, proteínas totais e


Estágio 1
imunoglobulinas.

• Após o parto: dependente da prolactina


e independente da sucção até o 4º dia.

• Aumento do fluxo sanguíneo e captação


de oxigênio e glicose.
Estágio 2
• “Descida do leite” (colostro).

• Manutenção da lactação: ação do eixo


hipotálamo-hipófise na produção de
Estágio 3 prolactina e ocitocina.

• “Leite maduro”.
Fonte: próprio autor.

A prolactina é produzida pela hipófise anterior e é


responsável pela produção do leite. Já a ocitocina é produzida
na hipófise posterior e é responsável pela ejeção do leite. Ambos
têm sua ação estimulada pela sucção do leite pelo bebê. A
ocitocina também pode ser liberada por outros estímulos, como,
por exemplo, visuais, táteis, olfatórios e auditivos. A ansiedade e
angústia também interferem na sua ação (VITOLO, 2008).
Como vimos no Quadro 9, o leite materno pode ser dividido
em duas etapas: o colostro e o leite maduro.
O colostro é o leite secretado até cerca de sete dias após o
parto. No período que vai do sétimo ao décimo quinto dia pós-
parto, é liberado o chamado leite de transição e, a partir daí, é
liberado o leite maduro.

38 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

O colostro é um líquido amarelado e espesso, com


concentração proteica maior que no leite maduro, porém
com menor quantidade de gordura e lactose. As proteínas
presentes não colostro são não nutricionais, predominando as
imunoglobulinas, responsáveis pelo amadurecimento do sistema
imune do recém-nascido. O colostro ainda é importante para o
crescimento da flora bacteriana e para a eliminação do mecônio
(primeiras fezes do bebê). Fornece 67 kcal/dL, o volume varia de
2 a 20 mL por mamada, possui alta concentração de vitaminas
lipossolúveis (os carotenoides conferem a cor amarelada). É
importante que a criança o receba nas primeiras 48 horas pós-
parto, para aproveitar todos os seus benefícios (VITOLO, 2008).
O leite maduro (liberado a partir do décimo quinto
dia), apresenta composição mais estável. Fornece 71 kcal/dL,
quantidade de proteína que varia entre 1,2 a 1,5 g/dL (60%
proteínas do soro e 40% caseína); apresenta 7,0 g/dL de lactose,
seu carboidrato mais predominante (que atua na diminuição do
pH intestinal, sistema nervoso, além de colaborar na absorção de
cálcio, fósforo e magnésio); fornece 3,5 g/dL de lipídios (97% na
forma de triglicerídios), componente energético mais importante
do leite humano. Além disso, possui todos os micronutrientes em
quantidade suficiente para atender às necessidades do lactente
(VITOLO, 2008).
O leite materno pode, ainda, sofrer variações na sua
composição. A principal variação ocorre durante a mamada. O
leite que sai no início, chamado de anterior, é mais aquoso e com
menos gordura, por isso, é menos calórico. Já o posterior possui
maior quantidade de gordura, ou seja, fornece mais energia. Por
isso, é de grande importância que a criança esvazie por completo
a mama antes de trocar pela outra. Dessa forma, garante-se que

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 39


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

a criança receberá tanto a água, importante para hidratação,


como a energia, necessária para ganho de peso.
O estado nutricional materno também pode influenciar
na composição do leite. Na tentativa de sustentar a lactação,
o organismo sofre diversas alterações, como maior absorção
intestinal e diminuição do gasto energético nos tecidos. Assim,
a concentração de macronutrientes fica mantida, porém pode
ocorrer a deficiência de algumas vitaminas e a diminuição do
volume de leite produzido (VITOLO, 2008).

AMAMENTAÇÃO

Apesar das inúmeras campanhas desenvolvidas para


o incentivo ao aleitamento materno pelo Ministério da Saúde,
o Brasil ainda apresenta uma grande incidência de desmame
precoce. Para reverter esse quadro, os profissionais de saúde têm
papel fundamental nessa empreitada, inclusive o nutricionista.
Este deve estar preparado, pois, por mais competente que seja,
o seu trabalho de promoção e apoio não será bem-sucedido se
não tiver um olhar atento, abrangente, e sempre levando em
consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar e a rede
social de apoio à mulher (BRASIL, 2009).

TIPOS DE ALEITAMENTO

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o aleitamento


materno pode ser classificado da seguinte maneira:
• Aleitamento materno exclusivo: a criança recebe so-
mente leite materno, direto da mama ou ordenhado,
ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou
sólidos.

40 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

• Aleitamento materno predominante: a criança recebe,


além do leite materno, água ou bebidas à base de água
(água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas.
• Aleitamento materno: a criança recebe leite materno
(direto da mama ou ordenhado), independentemente
de receber ou não outros alimentos.
• Aleitamento materno complementado: a criança rece-
be, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou
semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não
de substituí-lo.
• Aleitamento materno misto, ou parcial: a criança rece-
be leite materno e outros tipos de leite.

DURAÇÃO E IMPORTÂNCIA DA AMAMENTAÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério


da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por
seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há
vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos
seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde.

As vantagens do aleitamento materno já são bem


conhecidas e documentadas (BRASIL, 2009). Entre elas, podemos
citar:

• O leite materno protege o organismo contra infecções,


diminuindo, assim, o número de mortes entre crianças
que são amamentadas.
• Diminui a ocorrência de diarreias.
• Evita infecções respiratórias.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 41


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

• Diminui risco de alergias.


• Reduz a chance de obesidade.
• Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e
diabetes.
• Melhor desenvolvimento da cavidade bucal.
• Protege a mulher contra o câncer de mama.
• Aumento do vínculo entre mãe e bebê.

TÉCNICAS PARA AMAMENTAÇÃO

Apesar da sucção ser um ato reflexivo do bebê, é necessário


que ele aprenda a maneira correta de fazê-la, ou seja, uma pega
da mama adequada

Quando o bebê pega a mama adequadamente,


abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola,
forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a
formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola
se mantenham dentro da boca do bebê. Dessa forma, o leite
será retirado de forma eficiente da mama, permitindo o seu
esvaziamento total, que é importante para a ingestão do leite
posterior (rico em gordura, responsável pelo ganho de peso),
além de garantir que a criança não machuque o mamilo da mãe
(BRASIL, 2009).

A ilustração da pega correta e incorreta pode ser observada


nas Figuras 3 e 4, respectivamente.

42 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Figura 3 Pega adequada, ou boa pega.


Fonte: Brasil, 2009.

Figura 4 Pega inadequada, ou má pega.


Fonte: Brasil, 2009.

2.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DA NUTRIZ


A maioria das nutrizes tem como objetivo retornar ao peso
pré-gestacional de forma rápida após o parto. É preciso que o
profissional trabalhe na conscientização da paciente, informando
que a perda faz parte da evolução do organismo nesse período, e
que não é preciso apressar esse processo, uma vez que a lactação
favorece o consumo de energia, ajudando assim na perda de
peso. Fazer "dietas" nessa fase pode prejudicar a lactação, pois
muitas vezes são motivos de estresse e frustração.

Para a produção de um litro de leite, o organismo gasta


900kcal, sendo que um terço é disponibilizado dos depósitos
maternos. Considerando que a produção média diária de leite
pela mulher é de 850 Ml, calcula-se que a ingestão diária da

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 43


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

mulher deve ser aumentada em 500 kcal (VITOLO, 2008).

O balanço energético deve vir acompanhado de adequações


proteicas e de micronutrientes, cujas necessidades estão
aumentadas (para garantir níveis adequados no leite materno).

As recomendações energéticas para essa fase podem ser


calculadas de acordo com as DRI (IOM, 2002):

Adolescente (14 a 18 anos)

EERnutriz=EER(pré-gestacional) + energia necessária para produção


de leite – energia para perda de peso

1º semestre pós-parto = EER(pré-gestacional) + 500 – 170

2º semestre pós-parto = EER(pré-gestacional) + 400 – 0

Mulher (19 a 50 anos)

EERnutriz=EER(pré-gestacional) + energia necessária para produção


de leite – energia para perda de peso

1º semestre pós-parto = EER(pré-gestacional) + 500 – 170

2º semestre pós-parto = EER(pré-gestacional) + 400 – 0

Para o cálculo da necessidade proteica, pode-se considerar


o recomendado pela DRI, que estipula um consumo médio de

44 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

71 g/dia, ou calcular da mesma maneira que para as gestantes,


segundo a OMS. Nesse caso, em cada trimestre, é preciso somar
um adicional proteico à necessidade diária (entre 0,8 e 1,0 g/kg/
dia):
1º semestre + 16 g/dia

2º semestre + 12 g/dia

3º semestre + 11 g/dia

As necessidades da maioria dos micronutrientes estão


aumentadas durante a lactação. No Quadro 10, a seguir, estão
listados alguns dos micronutrientes importantes nessa fase:

Quadro 10 Micronutrientes e suas recomendações.


Nutriente Recomendação
<18 anos: 1200 µg/dia
Vitamina A
> 18 anos: 1300 µg/dia
< 18 anos: 115 mg/dia
Vitamina C
> 18 anos: 120 mg/dia
Folato (ácido fólico) 500 µg/dia
Vitamina D 15 µg/dia
Vitamina B12 2,8 g/dia
<18 anos: 1300 mg/dia
Cálcio
>18 anos: 1000 mg/dia
<18 anos: 10 mg/dia
Ferro
>18 anos: 9 mg/dia
Iodo 290 µg/dia
<18 anos: 13 mg/dia
Zinco
>18 anos: 12 mg/dia
Fonte: adaptado DRI, 2002.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 45


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Importante: a tabela completa das DRI está disponível para


download no site:
https://www.nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender, integralmente, os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO

A fim de relembrar e aprofundar o conhecimento sobre as


mudanças e alterações que ocorrem durante a gestação, leia os
seguintes materiais:
• FISCHER, B. Alterações fisiológicas durante a gestação.
Disponível em: http://www.gease.pro.br/artigo_
visualizar.php?id=93. Acesso em: 15 jul. 2018.
• SKILLS IN MEDICINE. Mudanças anatômicas e fisiológicas
durante a gestação: anatomia e fisiologia da reprodução.
Disponível em: https://simbrazil.mediviewprojects.

46 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

org/index.php/mudancas-anatomicas-e-fisiologicas-
durante-a-gestacao/anatomia-e-fisiologia-da-
reproducao. Acesso em: 15 jul. 2018.
• SKILLS IN MEDICINE. Mudanças anatômicas e fisiológicas
durante a gestação: mudanças no organismo materno.
Disponível em: https://simbrazil.mediviewprojects.
org/index.php/mudancas-anatomicas-e-fisiologicas-
durante-a-gestacao/mudancas-no-organismo-materno.
Acesso em: 15 jul. 2018.
Aprofunde o conhecimento sobre a diabetes gestacional
e as síndromes hipertensivas por meio da leitura dos seguintes
artigos:
• WEINERT, L. S.; SILVEIRO, S. P.; OPPERMANN, M. L.;
SALAZAR, C. S.; SIMIONATO, B. M.; SIEBENEICHLER, A.;
REICHELT, A. J. Diabetes gestacional: um algoritmo de
tratamento multidisciplinar. Arq Bras Endocrinol Metab,
p. 55-57, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/abem/v55n7/02.pdf. Acesso em: 15 jul. 2018.
• ZANATELLI, C.; DOBERSTEIN, C.; GIRARDI, J. P.; POSSER,
J.; BECK, D. G. S. Síndromes hipertensivas na gestação:
estratégias para a redução da mortalidade materna.
Revista Saúde Integrada, v. 9, n. 17, 2016. Disponível em:
http://local.cnecsan.edu.br/revista/index.php/saude/
article/viewFile/320/293. Acesso em: 15 jul. 2018.

3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES

Para conhecer mais sobre as recomendações nutricionais


na gestação, leia os materiais a seguir:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 47


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

• DIETARY REFERENCE INTAKES. USDA. United States


Departament of Agriculture. Disponível em: https://
www.nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes.
Acesso em: 15 jul. 2018.
• FERRAZ, L.; ALBIERO, C.; BOECHAT, S. G.; FONSECA, I. P.;
FARIAS, V. P.; BRAGA, A.; LOPES, P. F. Micronutrientes e
sua importância no período gestacional. Saber Científico,
Porto Velho, v. 7, n. 1, p. 68-82, jan./jun. 2018. Disponível
em: http://revista.saolucas.edu.br/index.php/resc/
article/view/787/pdf. Acesso em: 15 jul. 2018.

3.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA NUTRIZ


Para conhecer mais sobre a importância do aleitamento
materno, bem como o manejo correto para amamentação, leia a
unidade I do seguinte manual:
• BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção
à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde
da criança: nutrição infantil: aleitamento materno
e alimentação complementar. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. – (Série A. Normas
e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.
23). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_
alimentacao.pdf. Acesso em: 15 jul. 2018.

3.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA GESTANTES

Com a finalidade de aprofundar seus conhecimentos sobre


as recomendações nutricionais na gestação, leia o material a
seguir:

48 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

• DIETARY REFERENCE INTAKES. USDA. United States De-


partament of Agriculture. Disponível em: https://www.
nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes. Acesso
em: 15 jul. 2018.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Buscando uma gravidez mais saudável, com ganho de peso adequado,
A.B.C, 25 anos, procurou por uma nutricionista para orientá-la durante
esse período. Dentre as alternativas a seguir, qual seria o primeiro item a
ser avaliado para a realização de uma conduta adequada?
a) IMC pré-gestacional
b) Presença de alergias alimentares
c) Consumo de frutas e hortaliças
d) Ausência de carboidrato simples na dieta
e) Baixo consumo de fibras

2) Preencha a lacuna e assinale a alternativa correta. Paciente feminina, 3ᵃ


semana de gestação, iniciou acompanhamento de pré-natal em Unidade
Básica de Saúde. Após consulta, o médico prescreve a suplementação de
__________________ para prevenção de defeitos no tubo neural.
a) ômega 3
b) ferro
c) ácido fólico
d) vitamina D
e) selênio

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 49


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) a.

2) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou alguns aspectos básicos envolvidos
na Nutrição na gestação e lactação, com foco nas alterações
fisiológicas e adequação das recomendações nutricionais para a
mulher em ambos os períodos.
O tema é extremamente amplo e, portanto, o ideal é
que você complemente seus estudos por meio das referências
bibliográficas citadas e das sugestões de leitura feitas no decorrer
da unidade e no Conteúdo Digital Integrador. Como continuação
do assunto, a próxima unidade tratará das alterações fisiológicas
e recomendações nutricionais para crianças e adolescentes.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Índice de massa corporal segundo semana de gestação. Disponível em: Atalah
et al. (1997).
Figura 2 Anatomia da mama humana. Disponível em: https://pediatriadescomplicada.
com.br/anatomia-da-mama/. Acesso em: 15 jul. 2018.
Figura 3 Pega adequada ou boa pega. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf. Acesso em: 15
jul. 2018.

50 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

Figura 3 Pega inadequada ou má pega. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/


bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alimentacao.pdf. Acesso em:
15 jul. 2018.

Sites pesquisados
USDA. United States Departament of Agriculture. Disponível em: https://www.nal.
usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes. Acesso em: 15 Jul. 2018.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCIOLY, E. Nutrição em obstetrícia e pediatria. 1 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica,
2005.
ATALAH, E.; CASTILLO, C.; ALDEA, A. Propuesta de um nuevo estándar de evaluación
nutricional em embarazadas. Rev Méd Chile, 125(12): 1429-1436, 1997.
BARROS, S. M. O. Enfermagem no ciclo gravídico puerperal. São Paulo: Manole, 2006.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Parto, aborto e puerpério. Assistência à mulher.
Brasília, DF, 2001.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação
complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. – (Série A.
Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23).
SILVA, S. C. F. Ansiedade da mulher durante o último trimestre de gravidez. Trabalho de
conclusão de curso, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2008.
VITOLO, Márcia Regina. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 1 ed. Rio de Janeiro:
Ed. Rubio, 2008.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 51


UNIDADE 1 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO E AMAMENTAÇÃO

52 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2
FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E
ADOLESCÊNCIA

Objetivos
• Compreender as alterações fisiológicas que ocorrem durante a infância.
• Relacionar as condições fisiológicas da criança com suas necessidades
nutricionais.
• Conhecer as necessidades nutricionais durante a infância.
• Compreender as alterações fisiológicas que ocorrem na adolescência.
• Relacionar as condições fisiológicas do adolescente com suas necessidades
nutricionais.
• Conhecer as necessidades nutricionais para o período da adolescência.

Conteúdos
• Aspectos fisiológicos da infância.
• Recomendações nutricionais na infância.
• Aspectos fisiológicos da adolescência.
• Recomendações nutricionais na adolescência.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em


sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final

53
UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento


pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) O estudo da Nutrição durante a infância e adolescência é marcado pela


relação entre as adaptações fisiológicas do período e as adequações
às recomendações nutricionais para essas fases da vida. Dessa forma,
requer-se um conhecimento básico de fisiologia humana e metabolismo
dos nutrientes.

3) Como indicação de leitura para relembrar conceitos importantes dessas


duas áreas, indicamos as obras Fisiologia Humana, Biodisponibilidade de
nutrientes e O que é metabolismo?, todas disponíveis na Biblioteca Digital
Pearson.

54 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

1. INTRODUÇÃO
A formação de hábitos alimentares se dá desde muito cedo
e é feita a partir de muitas variáveis: predisposições genéticas
de paladar, presença ou não de aleitamento materno, forma de
inclusão da alimentação complementar, experiências positivas
e negativas em relação aos alimentos, hábitos familiares etc.
Dessa forma, a infância e a adolescência são períodos de grande
importância para a construção de um modo de vida saudável ou
não, que será levado até a vida adulta.
Doenças Crônicas Não Transmissíveis, que antes eram
restritas à idade adulta, já são encontradas também em crianças
e adolescentes. Isso corresponde a mais adultos doentes no
futuro, o que causa impacto direto na expectativa de vida da
população.
Mudar esse panorama requer muito empenho de
profissionais de saúde e familiares, afinal, é na infância e na
adolescência que os hábitos alimentares, o comportamento
alimentar e mesmo a preferência por determinados tipos de
alimentos, sabores e texturas são formados.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 55


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA INFÂNCIA

O crescimento infantil não se restringe apenas a aumento


de peso e altura e é influenciado por fatores genéticos, ambientais
e psicológicos. O crescimento longitudinal é proporcionalmente
mais lento que o aumento de peso: no primeiro ano de vida,
por exemplo, o peso é triplicado, enquanto a altura aumenta
em torno de 50%. É importante nessa fase manter o peso da
criança adequado, pois qualquer deficiência nesse sentido pode
prejudicar o crescimento, com prejuízo na estatura (VITOLO,
2008).
É comum a criança, após o nascimento, perder de 5% a
10% do seu peso ao nascer, o que normalmente é recuperado
após 8 a 10 dias. Durante o primeiro semestre, é esperado que o
bebê ganhe 20 g/dia. A partir do segundo semestre, esse ganho
cai para 15 g/dia. No primeiro ano de vida, o crescimento é de
aproximadamente 25 centímetros. Até os dois anos, o crescimento
reflete as condições de nascimento (intimamente relacionadas
com a evolução da gestação) e ambientais (principalmente a
nutrição). Somente após esses dois anos o potencial genético é
expressivo no desenvolvimento, desde que haja condições ideais
para isso (VITOLO, 2008).
O processo de desenvolvimento na criança, representado
pela capacidade de realizar funções, é acelerado nos primeiros
meses de vida e tem por base a maturação progressiva do
sistema neurológico. Além disso, essa fase é caracterizada por
imaturidade fisiológica de diversos órgãos e sistemas, como o
trato digestório e o sistema imunológico (VITOLO, 2008). No
quadro a seguir, são apresentadas as principais características
relacionadas ao crescimento e desenvolvimento da criança no
primeiro ano de vida.

56 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Quadro 1 Características relacionadas ao crescimento e


desenvolvimento da criança no primeiro ano de vida.
IDADE (MESES) CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
• Reflexos de procura e sucção.
• Reflexo de protrusão/mordida reflexa.
• Mandíbula pouco desenvolvida.
• Movimentos limitados da língua.
• O estágio de desenvolvimento sensório-motor e neuromuscular
dificulta a alimentação de consistência não líquida.
• Pequena cavidade oral.
0a4
• Deficiências de enzimas digestórias.
• Imaturidade hepática e renal.
• Fisiologicamente, o RN está preparado para a alimentação
líquida.
• As consistências semissólida e sólida implicam aspiração e
asfixia.
• Risco de sobrecarga metabólica e renal.
• Desaparecimento do reflexo de protrusão.
• Movimentos voluntários e independentes de língua e lábios.
• Aumento da cavidade oral.
• Controle de cabeça e pescoço.
• Sustentação de tronco.
• A ingestão e deglutição de semissólidos é facilitada.
• Evidencia melhor sinais de fome/saciedade.
4a6 • Controle da ingestão.
• Capacidade de pegar objetos.
• Aos 5 meses, padrão primitivo de mastigação.
• Melhora da capacidade funcional do trato gastrointestinal e
renal.
• Melhora a aceitação da alimentação não líquida, embora ainda
haja tendência de projetar a língua com a retirada da colher.
• A criança aceita bem a alimentação semissólida.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 57


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

IDADE (MESES) CARACTERÍSTICAS DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO


• Melhora as funções digestória e excretora.
• Início da dentição de leite.
• Desenvolvimento da mastigação.
• Mantém tronco reto (6 meses).
• Senta-se sem apoio (9 meses).
• Alimentação complementar é bem aceita.
• Retração da língua e fechamento do lábio com a retirada da
colher.
6 a 12 • Movimenta o corpo e a cabeça na direção do alimento
(manifestação de aceitação).
• Pega e transporta objetos.
• Melhora a coordenação motora fina.
• Desenvolvimento psicossocial intenso.
• Aos 9-10 meses, inicia manuseio do talher.
• Aos 10-12 meses, melhora a habilidade com o talher, mas ainda
deve ser assistida.
• Gosta de pegar a comida e levar à boca.
Fonte: adaptado de Euclydes (2005) e Vitolo (2008).

Todos os processos (biológicos e de desenvolvimento) são


dependentes de estímulos ambientais e podem ser influenciados
pelo perfil alimentar da criança no primeiro ano de vida. O
aleitamento materno exclusivo, por exemplo, previne diversas
patologias, dentre elas anemia e desnutrição. Por isso, ressalta-
se a importância de cuidar da alimentação desde os primeiros
dias de vida do lactente.

Alimentação do lactente
As práticas alimentares no primeiro ano de vida são
determinantes na formação dos hábitos da criança. A alimentação
saudável deve possibilitar crescimento e desenvolvimento
adequados, otimizar o funcionamento de órgãos, sistemas e

58 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

aparelhos e atuar na prevenção de doenças em curto e longo


prazo (SBP, 2012; VITOLO, 2008).
Nos seis primeiros meses de vida, é preconizado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde
(MS) que seja realizado o aleitamento materno exclusivo, e só
a partir do sexto mês deve-se iniciar a introdução alimentar de
alimentos complementares.
O leite humano atende perfeitamente às necessidades dos
lactentes, pois contém substâncias com atividades protetoras
e imunomoduladoras que proporcionam proteção contra
infecções e alergias, como também estimula o desenvolvimento
do sistema imunológico e a maturação dos sistemas digestório
e neurológico (SBP, 2012). Além disso, apresenta menor risco
de contaminação e menor custo (em comparação com o uso
de fórmulas infantis) e, o mais importante, cria um importante
vínculo entre mãe e filho.

LEITE HUMANO

COMPLETO
PROTEÇÃO NECESSIDADES MATURAÇÃO

<CUSTO

<RISCO DE
CONTAMINAÇÃO
SISTEMA
INFECÇÕES DIGESTÓRIO
ALERGIAS
NEUROLÓGICO

VÍNCULO AFETIVO

Figura 1 Benefícios do aleitamento materno.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 59


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

São raras as situações em que o aleitamento é


contraindicado e o leite materno deve ser substituído pelo uso
de fórmulas lácteas (por exemplo, infecções maternas com
agentes de alta patogenicidade). Porém, nos últimos anos, tem-se
notado uma grande queda nos números relativos ao aleitamento
materno, com ocorrência de desmame precoce cada vez mais
recorrente, o que pode trazer riscos à saúde da criança, entre eles
deficits nutricionais, alterações gastrointestinais, respiratórias,
metabólicas, de crescimento, entre outros (ACCIOLY, 2005). Na
impossibilidade do aleitamento, deve-se utilizar uma fórmula que
atenda a todas as necessidades da criança. O leite de vaca não
é uma boa opção, pois pesquisas demonstram sua inadequação
para os lactentes menores de um ano (WEFFORT; LAMOUNIER,
2009).
Para a introdução de alimentação complementar, deve-
se considerar maturidade, desenvolvimento motor global e o
desenvolvimento sensório-motor oral da criança, o que ocorre
normalmente a partir do sexto mês (WEFFORT; LAMOUNIER,
2009). Não há evidências de que exista alguma vantagem na
introdução precoce (antes dos seis meses) de outros alimentos
que não o leite humano na dieta da criança. Pelo contrário, há
relatos de que essa prática possa ser prejudicial à saúde e ao
desenvolvimento da criança (SBP, 2012), levando, por exemplo,
a: risco de infecções gastrointestinais (uso e/ou administração
de água contaminada); diarreias frequentes, que aumentam
o risco de desnutrição; aumento da carga renal, que favorece
a perda hídrica (diarreia, vômito ou febre); risco de obesidade
infantil; reações alérgicas a proteínas estranhas, principalmente
em crianças predispostas (tal resposta imunológica desencadeia
uma inflamação da mucosa intestinal, que pode gerar atrofia

60 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

das vilosidades e falha do crescimento por deficit de nutrientes)


(EUCLYDES, 2005).
O leite de vaca integral, por várias razões, entre as quais o
fato de ser pobre em ferro e zinco, não deverá ser introduzido
antes dos 12 meses de vida. É necessário lembrar que a
introdução da alimentação complementar deve ser gradual
(com todos os nutrientes), sob a forma de papas (alimentação
de transição), oferecidas com a colher. A composição da dieta
deve ser equilibrada e variada, fornecendo todos os tipos de
nutrientes, desde a primeira papa. A partir dessa etapa, a água
já deve ser ofertada (SBP, 2012).
O esquema para a introdução da alimentação complementar
pode ser visto no quadro a seguir:

Quadro 2 Esquema para a introdução da alimentação


complementar.
FAIXA ETÁRIA TIPO DE ALIMENTO

Até o 6º mês Leite materno exclusivo.

Do 6º ao 24º mês Leite materno complementado.

Frutas (amassadas ou raspadas); primeira papa de


No 6º mês
refeição principal.

Do 7 ao 8º mês Segunda papa principal.

Gradativamente, passar para a refeição da família com


Do 9º ao 11º mês
ajuste de consistência.

No 12º mês Comida da família.


Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (2012, p. 33).

A papa deve ser amassada (forma de purê), sem peneirar ou


liquidificar, para que sejam aproveitadas as fibras dos alimentos

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 61


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

e deve conter pelo menos um alimento de cada um dos seguintes


grupos: cereais ou tubérculos, leguminosas, carne e hortaliças.
O Ministério da Saúde, a Organização Pan-Americana da
Saúde (MS/OPAS, 2004) e a Sociedade Brasileira de Pediatria
(2012) estabeleceram, para crianças menores de 2 anos, dez
passos para a alimentação saudável:
1) Passo 1: dar somente leite materno até os 6 meses, sem
oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos.
2) Passo 2: a partir dos 6 meses, introduzir de forma
lenta e gradual outros alimentos, mantendo-se o leite
materno até os 2 anos de idade ou mais.
3) Passo 3: após os 6 meses, dar alimentos complementares
(cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e
legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite
materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada.
4) Passo 4: a alimentação complementar deverá ser
oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se
sempre a vontade da criança.
5) Passo 5: a alimentação complementar deve ser espessa
desde o início e oferecida com colher; começar com
consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente,
aumentar a consistência até chegar à alimentação da
família.
6) Passo 6: oferecer à criança diferentes alimentos todos
os dias. Uma alimentação variada é, também, uma
alimentação colorida.
7) Passo 7: estimular o consumo diário de frutas, verduras
e legumes nas refeições.

62 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

8) Passo 8: evitar açúcar, café, enlatados, frituras,


refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas
nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.
9) Passo 9: cuidar da higiene no preparo e manuseio dos
alimentos; garantir armazenamento e conservação
adequados.
10) Passo 10: estimular a criança doente e convalescente a
se alimentar, oferecendo a alimentação habitual e seus
alimentos preferidos e respeitando sua aceitação.

Alimentação do pré-escolar
Período que engloba a idade de 2 a 6 anos, é uma fase
de transição, em que se torna necessária e importante a
sedimentação de hábitos. Nessa fase, a maneira como os pais
se alimentam tem importância fundamental no comportamento
alimentar de seus filhos, afinal, são os maiores influenciadores
de hábitos e costumes.
Esse período caracteriza-se pela diminuição na velocidade
de crescimento, consequentemente, diminuição do apetite.
É comum nessa fase a criança ter sua atenção desviada para
outras atividades, o que diminui seu interesse pela comida. Não
é recomendado o uso de chantagens ("se você comer tudo, irá
ganhar sobremesa") e artifícios ("aviãozinho") para reverter
essa situação. Caso ela ainda use mamadeira, é recomendável
substituir por copo (SBP, 2012; VITOLO, 2008).
Algumas das características fisiológicas da fase são: aos
três anos, todos os dentes da primeira dentição, ou dentes de
leite, já apareceram; o sistema metabólico e o digestório já são
comparáveis ao de adultos; o volume gástrico é de 200 a 300 mL;
apresentam apetite inconstante, conhecidos como momentos

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 63


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

de inapetência (SBP, 2012; VITOLO, 2008). Nesse período,


observa-se também maturação óssea, maior capacidade dos
sistemas respiratório e circulatório, melhora na habilidade
motora, aumento da resistência física e maturação do sistema
imunológico (SBP, 2012).
A grande queixa das mães nessa fase está relacionada
aos episódios de inapetência. É necessário avaliar crescimento,
desenvolvimento, hábitos alimentares e parâmetros bioquímicos
antes de se concluir o diagnóstico. Existem duas classificações
para a inapetência, comportamental ou orgânica.
A comportamental tem origem na dinâmica familiar (base
psicogênica), ou seja, a criança para de comer para chamar
a atenção. Pode-se criar um ciclo vicioso de difícil reversão. É
preciso avaliar o grau de comprometimento emocional e, se
necessário, encaminhar para um acompanhamento psicológico.
Já a inapetência orgânica está associada à deficiência de
micronutrientes, principalmente o ferro, muitas vezes causada
por uma alimentação homogênea, apatia e desinteresse pela
alimentação (VITOLO, 2008).
Algumas recomendações podem facilitar a prática dietética
nessa fase, entre elas:
1) Intervalo de 2 a 3 horas.
2) Volume pequeno.
3) Fracionamento: 5 a 6 refeições.
4) Se houver recusa da alimentação principal, oferecer
mais tarde.
5) Manter a presença de verduras e legumes no prato.
6) Não utilizar guloseimas como recompensas.
7) Servir as refeições sem líquidos.

64 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Alimentação do escolar
Caracterizada por uma fase de transição entre a infância
e a adolescência, compreende a faixa etária de 7 a 14 anos (ou
até que se entre na puberdade). Fase de maior socialização e
independência, o que interfere diretamente na modificação
dos hábitos (escola e amigos passam a ter grande influência nas
escolhas alimentares). É comum o aumento da atividade física
devido a uma maior independência motora, porém é nessa fase
também que se inicia o comportamento sedentário, gerado por
uso excessivo de tecnologias, como video games e computadores.
Sobre os aspectos fisiológicos, apresenta trato
gastrointestinal mais desenvolvido, com maior volume gástrico;
apetite aumentado; o ganho de peso é proporcionalmente maior
que o crescimento estatural; início da dentição permanente (SBP,
2012; VITOLO, 2008).
Um ponto importante a se discutir nessa fase diz respeito
ao estirão, que ocorre durante a adolescência (assunto que será
abordado ainda nesta unidade). Ainda na fase escolar, o corpo já
se prepara para esse acontecimento: é um período em que tanto
meninos quanto meninas apresentam um desvio para cima na
curva de peso, devido ao processo de repleção energética, ou
seja, é comum as crianças ficarem acima do peso, pois o corpo
está "estocando" gordura para o momento do estirão. É aceitável
um excesso de peso que não ultrapasse 20% do que seria o peso
ideal para a idade.
São comuns desordens do balanço energético, com ingestão
aumentada de refrigerantes, alimentos ricos em gordura, sal e
açúcar. Por outro lado, há um baixo consumo de cálcio e vitamina
D, o que pode acarretar retardo no crescimento, fraturas e
desenvolvimento de osteoporose na vida adulta (SBP, 2012).

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 65


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

As leituras indicadas no Tópico 3.1. tratam das


características da fase infantil, bem como de suas consequências
para os hábitos alimentares. Neste momento, você deve
realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA

Antes de estudarmos as recomendações nutricionais para


esse grupo etário, é importante conhecer o estado nutricional
dessa população.
Para avaliação do crescimento físico, utiliza-se a
antropometria com as seguintes medidas (WEFFORT;
LAMOUNIER, 2009):
• Fundamentais: peso (kg) e altura (cm). Crianças de até
dois anos são medidas deitadas (obtém-se, então, o
comprimento). A partir dos dois anos, são medidas em
pé para aferição da altura.
• Acessórias: circunferências (braço e perna); dobras
cutâneas; perímetros; comprimentos, entre outros.
Nesta unidade, abordaremos apenas as avaliações
fundamentais, pois esse assunto será retomado futuramente
durante os estudos do curso.
Os dados obtidos são comparados às curvas de crescimento
já padronizadas pela OMS. Os indicadores são avaliados quando
há a relação entre duas medidas (VITOLO, 2008):
1) Estatura por idade (E/I).
2) Peso por idade (P/I).

66 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

3) Peso por estatura (P/E).


4) Relação cintura quadril.
5) IMC.
6) Escore Z para P/E, P/I e E/I.
É preciso ficar atento, pois as curvas são separadas de
acordo com faixa etária e sexo. A seguir, nas Figuras 2 e 3, são
exemplificados os modelos de curva para avaliação de peso por
estatura para meninos e meninas de 2 a 5 anos, respectivamente.

Figura 2 Peso por estatura − meninos.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 67


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Figura 3 Peso por estatura − meninas.

Após serem cruzadas as informações na curva, obtém-se


o ponto de corte para o escore ou percentil (neste exemplo,
escore), que deve ser classificado de acordo com o quadro a
seguir:

Quadro 3 Classificação de acordo com pontos de corte.


CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM PONTOS DE CORTE
Peso/altura Escore Z Percentil
Risco para baixo peso Entre < –1 e > –2 Entre 3 e < 10
Baixo peso (BP) < –2 DP <3
Excesso de peso > +2 DP > 97
Excesso de peso grave > +3 DP > 99,9
Fonte: adaptado de Vitolo (2008).

68 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Importante!
Todas as curvas estão disponíveis para download na página da
Sociedade Brasileira de Pediatria, no endereço: <https://www.
sbp.com.br/departamentos-cientificos/endocrinologia/graficos-
de-crescimento/>.

Recomendações Nutricionais
Os principais objetivos nutricionais para essa fase são:
• Garantir crescimento e desenvolvimento adequados.
• Evitar deficit de nutrientes específicos (deficiência de
ferro, anemia, deficiência de vitamina A, cálcio, entre
outros).
• Prevenção dos problemas de saúde na idade adulta
que são influenciados pela dieta: doenças crônicas não
transmissíveis, osteoporose, cáries, entre outros.

Energia
O valor do requerimento energético estimado (EER) pode
ser calculado de acordo com as fórmulas a seguir:

ERR (0 a 36 meses)
1) 0 a 3 meses = (89 x peso[kg] – 100) + 175 kcal.
2) 4 a 6 meses = (89 x peso[kg] – 100) + 56 kcal.
3) 7 a 12 meses = (89 x peso[kg] – 100) + 22 kcal.
4) 13 a 36 meses = (89 x peso[kg] – 100) + 20 kcal.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 69


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

EER (meninos entre 3 e 8 anos)


EER = 88,5 – (61,9 X idade[a]) + PA x (26,7 x peso[kg] + 903
x estatura[m]) + 20 kcal
sendo PA o coeficiente de atividade física:
1) PA = 1 (sedentário).
2) PA = 1,13 (pouco ativo).
3) PA = 1,26 (ativo).
4) PA = 1,42 (muito ativo).

EER (meninas entre 3 e 8 anos)


EER = 135,3 – (30,8 X idade[a]) + PA x (10,0 x peso[kg] + 934
x estatura[m]) + 20 kcal
sendo PA o coeficiente de atividade física:
1) PA = 1 (sedentário).
2) PA = 1,16 (pouco ativo).
3) PA = 1,31 (ativo).
4) PA = 1,56 (muito ativo).

Proteína
Na criança, o requerimento de proteína (g/kg) é maior
do que em adultos. Os valores recomendados pela IOM (2005)
podem ser observados no quadro a seguir.

Quadro 4 Recomendação de ingestão proteica.

70 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Idade Meninos (g/dia) Meninas (g/dia)


0 a 6 meses 9,1 (1,52 g/kg/dia) 9,1 (1,52 g/kg/dia)
7 a 12 meses 11,0 (1,2 g/kg/dia) 11,0 (1,2 g/kg/dia)
1 a 3 anos 13,0 (1,05 g/kg/dia) 13,0 (1,05 g/kg/dia)
4 a 8 anos 19,0 (0,95 g/kg/dia) 19,0 (0,95 g/kg/dia)
9 a 13 anos 34,0 (0.95 g/kg/dia) 34,0 (0.95 g/kg/dia)
14 a 18 anos 52,0 (0,85 g/kg/dia) 52,0 (0,85 g/kg/dia)
Fonte: IOM (2005).

Cálcio e vitamina D
A ingestão de cálcio e vitamina D é importante para a
prevenção de doenças e a saúde de ossos e dentes, pois é nessa
fase que estão em formação. O consumo de produtos lácteos
contribui para a ingestão suficiente do mineral. Em casos em
que a criança apresentar alergia à proteína do leite de vaca e o
consumo de lácteos não for recomendado, a ingestão de cálcio
pode ser feita por meio de alimentos fortificados ou através da
suplementação.

Quadro 5 Recomendação de cálcio e vitamina D.


Idade Cálcio (mg/dia) Vitamina D (μg/dia)
0 a 6 meses 210 5
6 a 12 meses 270 5
1 a 3 anos 500 5
4 a 8 anos 800 5
9 a 13 anos 1300 5
Fonte: IOM (1997).

Ferro
Sua ingestão é essencial para a prevenção de anemias, que,
nesse período, prejudica o crescimento e o desenvolvimento
normal. O organismo possui mecanismos que regulam o balanço

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 71


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

do ferro, porém a grande e rápida mobilização das reservas pode


levar à deficiência. Sua absorção depende do estado nutricional,
tipo de ferro (heme ou não heme), presença de fatores
antinutricionais (fitatos, oxalatos) e cálcio. A Sociedade Brasileira
de Pediatria (2012) recomenda suplementação profilática de 1
mg/kg/d dos 6 meses a 2 anos de idade.

Vitamina A
Reduz a gravidade de doenças e mortalidade devido à sua
ação no sistema imune. Sua hipovitaminose está relacionada
com xeroftalmia, infecção respiratória, diarreia e anemia (sua
deficiência impossibilita a mobilização dos estoques de ferro).
Sua suplementação isolada aumenta níveis séricos de ferro
e também a concentração de hemoglobina, hematócrito e
transferrina (VITOLO, 2008).

Zinco
Importante para atividades de síntese proteica, pois várias
enzimas contêm zinco em sua composição. Sua deficiência
pode causar anorexia, hipogeusia, alopecia, diarreia e atraso na
maturação sexual.

Quadro 6 Recomendação de ferro, zinco e vitamina D.


Idade Ferro (mg/dia) Zinco (mg/dia) Vitamina A (μg/dia)
0 a 6 meses 2 400
6 a 12 meses 11 3 500
1 a 3 anos 7 3 300
4 a 8 anos 10 5 400
9 a 13 anos 8 8 600
Fonte: IOM (2002).

72 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Importante!
A tabela completa das DRI está disponível para download no site:
<https://www.nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes>.

A leitura indicada no Tópico 3.2. trata das recomendações


nutricionais na infância. Neste momento, você deve realizar
essas leituras para aprofundar o tema abordado.

2.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ADOLESCÊNCIA

Para a Organização Mundial da Saúde e para o Ministério


da Saúde, a adolescência compreende o período entre 10 e 19
anos de idade. Já para o Estatuto da Criança e do Adolescente,
esse período fica entre 12 e 18 anos (WEFFORT; LAMOUNIER,
2009).
Essa fase é caracterizada como um momento de transição
da infância para a vida adulta, com rápido e intenso crescimento
e desenvolvimento, e também marcado por transformações
físicas, sociais e psicológicas. O crescimento está relacionado com
aumento de massa corporal e desenvolvimento físico. É nessa fase
também que ocorre a maturação sexual. Esses processos sofrem
influência genética, ambiental, social, hormonal, nutricional e
cultural (VITOLO, 2008; WEFFORT; LAMOUNIER, 2009).
A puberdade engloba o conjunto de modificações
biológicas que transformam o corpo infantil em adulto. Essas

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 73


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

mudanças são desencadeadas por estímulos hormonais no


eixo que envolve hipotálamo, hipófise e gônadas. O início das
mudanças é influenciado por fatores ambientais, nutricionais e
sociais (VITOLO, 2008; WEFFORT; LAMOUNIER, 2009). A maioria
das ações hormonais converge para o crescimento ósseo, com
grande importância do hormônio de crescimento na composição
corporal, que atua na distribuição da gordura corporal e no
metabolismo dos nutrientes (VITOLO, 2008).
Segundo Weffort e Lamounier (2009), as modificações são
compostas pelos seguintes componentes:
• Crescimento físico (encerrado apenas com o 2° estirão).
• Maturação sexual.
• Desenvolvimento dos órgãos reprodutores e
aparecimento dos caracteres sexuais secundários.
• Mudanças na composição corporal.
• Desenvolvimento dos aparelhos respiratório,
cardiovascular e outros.
A secreção de esteroides gonadais é influenciada por dois
processos: a adrenarca (aumento da secreção de androgênios pela
adrenal e suprarrenais) e a gonadarca (aumento de estrogênio
no sexo feminino e da testosterona no sexo masculino). A partir
desses hormônios, as transformações físicas características
dessa fase apresentam diferenças entre meninos e meninas
(observadas durante o estirão). Os estágios de maturação sexual
são estabelecidos através da denominação de Tanner e essa
avaliação é realizada por um exame médico; observe as Figuras
4 e 5.

74 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Figura 4 Estágios de desenvolvimento feminino segundo Tanner.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 75


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Figura 5 Estágios de desenvolvimento masculino segundo Tanner.

76 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Estágios da maturação sexual


1) Estágio 1 (P1M1/ P1G1): meninos (11 a 12 anos) e
meninas (9 a 10 anos) com características infantis; as
modificações sexuais secundárias começam a aparecer.
2) Estágio 2 (P2M2/ P2G2): as meninas estão iniciando o
estirão de crescimento e, após dois anos desse início,
apresentarão a menarca (primeira menstruação).
3) Estágio 3 (P3M3/ P3G3): as meninas nessa fase
já passaram pelo estirão pubertário, com grande
acréscimo na altura, aumento do tecido adiposo,
magro e ósseo. A menarca ocorrerá no final desse
estágio. Para os meninos (13 e 14 anos), é o momento
do estirão pubertário.
4) Estágio 4 (P4M4/ P4G4): a maioria das meninas já teve
sua menarca, com perda do corpo de características
infantis. Nessa fase, é importante a atenção ao consumo
energético, para evitar acúmulo excessivo de gordura
corporal. Os meninos estão saindo do estirão; ao final
desse estágio, ganharão tecido adiposo e muscular
com mais intensidade e apresentarão altura próxima
da definitiva. O apetite está aumentado, apesar da
menor velocidade de crescimento.
5) Estágio 5 (P5M5/ P5G5): finalização da maturação
sexual em ambos os sexos, que agora estão entrando
na vida adulta. As meninas fazem redução do consumo
alimentar para manutenção de peso, já os meninos
possuem gasto energético maior para manutenção da
massa muscular.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 77


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

No final do processo de maturação sexual, os adolescentes


terão adquirido 15% da estatura final do adulto e 50% da massa
corporal total. Os meninos terão maior estímulo para ganho de
massa muscular (devido à testosterona) e as meninas terão maior
aumento de gordura corporal (ação do estrogênio) (VITOLO,
2008).

Antes de prosseguir seus estudos, realize a leitura


indicada no Tópico 3.3., que trata sobre importantes aspectos
fisiológicos da adolescência.

2.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA ADOLESCÊNCIA


Avaliação do Estado Nutricional
Índice de massa corporal (IMC)
A utilização do IMC é mais adequada do que peso/altura
e peso/idade. Através das curvas propostas pela OMS (veja as
Figuras 6 e 7), é possível a classificação do IMC de acordo com a
OMS (Quadro 7) e por Frisancho (Quadro 8):

78 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Figura 6 Curva OMS IMC por idade para meninas.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 79


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Figura 7 Curva OMS IMC por idade para meninas.

Quadro 7 Classificação IMC segundo percentis da OMS.


PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO
<5 Baixo peso
5 A 85 Eutrofia
≥ 85 Excesso de peso
Fonte: WHO (1995).

Quadro 8 Classificação IMC segundo percentis de Frisancho.


PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO
≤5 Baixo peso
5 a 15 Risco para baixo peso
> 15 a 85 Eutrofia
> 85 a 97 Risco para excesso de peso
≥ 97 Excesso de peso
Fonte: Frisancho (1990).

80 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Recomendações Nutricionais
Devido ao crescimento acelerado nessa fase, é de grande
importância que a dieta seja adequada nutricionalmente, tanto
em calorias como em macro e micronutrientes (WEFFORT;
LAMOUNIER, 2009).
Do ponto de vista nutricional, os adolescentes pertencem a
uma faixa de risco extremamente vulnerável no que diz respeito
ao estilo de vida e ao alto consumo de energia e gordura (SBP,
2012).
O estado nutricional representa o melhor indicador das
necessidades alimentares do indivíduo. Uma dieta saudável
e equilibrada é fundamental para suprir as demandas de
energia, macro e micronutrientes. Para um cálculo mais preciso,
é necessário que se saiba em qual estágio de maturação o
adolescente se encontra (de acordo com os estágios pubertários
de Tanner), porém não há uma fórmula específica que leve essa
classificação em consideração (WEFFORT, LAMOUNIER, 2009).

Energia
As necessidades energéticas estão aumentadas e mantêm
estreita relação com a velocidade de crescimento e a atividade
física (SBP, 2012):

EER (meninos entre 9 e 18 anos)


EER = 88,5 – (61,9 X idade[a]) + PA x (26,7 x peso[kg] + 903
x estatura[m]) + 25 kcal (para crescimento)
sendo PA o coeficiente de atividade física:
1) PA =1 (sedentário).

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 81


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

2) PA = 1,13 (pouco ativo).


3) PA = 1,26 (ativo).
4) PA = 1,49 (muito ativo).

EER (meninas entre 9 e 18 anos)


EER = 135,3 – (30,8 X idade[a]) + PA x (10,0 x peso[kg] + 934
x estatura[m]) + 25 kcal (para crescimento)
sendo PA o coeficiente de atividade física:
1) PA = 1 (sedentário).
2) PA= 1,16 (pouco ativo).
3) PA = 1,31 (ativo).
4) PA = 1,56 (muito ativo).

Proteína
A necessidades proteicas normalmente coincidem com as
necessidades máximas de energia durante o estirão pubertário
para a formação de novos tecidos. O rápido crescimento ocorrido
durante o estirão exige elevada oferta proteica, influenciada por
fatores como a velocidade de crescimento (SBP, 2012).
As recomendações diárias de proteína podem ser
observadas no quadro a seguir:

Quadro 9 Valores recomendados de proteínas para adolescentes.


Sexo Idade (anos) g/kg/dia g/dia
9 a 13 anos 0,95 34
Masculino
14 a 18 anos 0,85 52
9 a 13 anos 0,95 34
Feminino
14 a 18 anos 0,85 46
Fonte: IOM (2005).

82 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Além da quantidade, é importante se preocupar com


a qualidade da proteína ingerida. O consumo de proteínas de
alto valor biológico deve ser sempre recomendado (WEFFORT,
LAMOUNIER, 2009).
Segundo as DRIs, as proteínas devem ser responsáveis por
12 a 14% do valor energético total recomendado (SBP, 2012).

Ferro
Necessidade aumentada em ambos os sexos devido ao
rápido crescimento e pelo aumento de massa muscular, do
volume sanguíneo e das enzimas respiratórias. Na menina, há um
aumento adicional para suprir as perdas no período menstrual.
É importante também na prevenção de anemia ferropriva. Os
valores recomendados são de 8 mg/dia para meninos e meninas
de 9 a 13 anos e 11 e 15 mg/dia para meninos e meninas,
respectivamente, de 14 a 18 anos (VITOLO, 2008).

Cálcio
Nessa fase, ocorre aumento de retenção de cálcio para
formação óssea (40% da massa óssea adulta é obtida nesse
período). As necessidades nesse período são maiores que
em qualquer outra fase da vida, devido ao desenvolvimento
muscular, esquelético e endócrino. A recomendação para ambos
os sexos é de 1300 mg/dia (VITOLO, 2008).

Vitamina A
Importante para crescimento, diferenciação e proliferação
celular, reprodução e integridade do sistema imunológico.
Os valores recomendados são de 600 µg/dia para meninos e

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 83


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

meninas de 9 a 13 anos, 900 µg/dia para meninos de 14 a 18


anos e 700 µg/dia para meninas de 14 a 18 anos (VITOLO, 2008).

Zinco
Relacionado à regeneração óssea e muscular, ao
desenvolvimento ponderal e à maturação sexual. As
recomendações são de 8 a 11 mg/dia para ambos os sexos (SBP,
2012).

Importante!
A tabela completa das DRI está disponível para download no
site: <https://www.nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes>.

Antes de prosseguir seus estudos, realize a leitura


indicada no Tópico 3.4., que trata das recomendações
nutricionais na adolescência. Neste momento, você deve
realizar essa leitura para aprofundar o tema abordado.

Vídeo complementar 2 –––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

84 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA INFÂNCIA

Para aprofundar e expandir as temáticas abordadas


anteriormente, leia os materiais a seguir:
• SBP − SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA.
Departamento de Nutrologia. Manual de orientação para
a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do
adolescente e na escola. 3. ed. Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Pediatria, 2012. P. 17 -52. Disponível em:
<https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/
pdfs/14617a-PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf>.
Acesso em: 29 jun. 2019.
Nesta unidade, também foram estudados alguns fatores
que interferem no crescimento de crianças nos primeiros anos
de vida. Esse assunto pode ser aprofundado com a leitura do
artigo:
• ROMANI, S. A. M.; LIRA, P. I. C. Fatores determinantes
do crescimento infantil. Ver. Bras. de Saúde Matern.,
Recife, v. 4, n, 1, p. 15-23, jan./mar. 2004. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19978.
pdf>. Acesso em: 29 jun. 2019.
Outro tema abordado foi sobre a evolução e maturação do
organismo do lactente. Para conhecer mais sobre o assunto, leia
os seguintes artigos:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 85


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

• MORAIS, M. B. Signs and symptoms associated with


digestive tract development. J Pediatr, Rio de Janeiro,
v. 92, supl. 1, p. S46-S56, 2016. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/jped/v92n3s1/pt_0021-7557-jped-
92-03-s1-0S46.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2019.
• FERREIRA, S. et al. Alergia às proteínas do leite de vaca
com manifestações gastrointestinais. Nascer e Crescer,
v. 23, n. 2, p. 72-79, 2014. Disponível em: <http://www.
scielo.mec.pt/pdf/nas/v23n2/v23n2a04.pdf>. Acesso
em: 29 jun. 2019.

3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA

Para conhecer mais sobre as recomendações nutricionais


na infância, leia o manual a seguir:
• SBP − SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA.
Departamento de Nutrologia. Manual de orientação para
a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do
adolescente e na escola. 3. ed. Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Pediatria, 2012. p. 17-52. Disponível em:
<https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/
pdfs/14617a-PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf>.
Acesso em: 29 jun. 2019.

3.3. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA ADOLESCÊNCIA

Para saber mais sobre as alterações fisiológicas que


ocorrem durante a adolescência, leia o artigo a seguir:
• COUTINHO, M. F. G. Crescimento e desenvolvimento
na adolescência. Revista de Pediatria SOPERJ, v. 12, n.

86 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

1, supl. 1, p. 28-34, ago. 2011. Disponível em: <http://


revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.
asp?id=555>. Acesso em: 29 jun. 2019.

3.4. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA ADOLESCÊNCIA

Para conhecer mais sobre as recomendações nutricionais


na adolescência, leia o manual a seguir:
• SBP − SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA.
Departamento de Nutrologia. Manual de orientação para
a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do
adolescente e na escola. 3. ed. Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Pediatria, 2012. p. 53-62. Disponível em:
<https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/
pdfs/14617a-PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf>.
Acesso em: 29 jun. 2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Com relação aos determinantes do comportamento alimentar da infância,
tem-se que:
a) Com relação aos hábitos alimentares, o aspecto de maior influência
ambiental para a criança é a escola.
b) Os pais devem fazer intervenções para melhorar a alimentação das
crianças.
c) As crianças adoram experimentar alimentos novos, o que deve ser
observado em uma atividade de educação nutricional.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 87


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

d) As crianças tendem a comer os alimentos disponíveis em casa, mesmo


que seus pais não os consumam.
e) As sobremesas devem ser usadas apenas como recompensas, e não
como substitutos dos alimentos saudáveis.

2) Na infância e na adolescência, ocorrem a consolidação e a formação dos


hábitos saudáveis, justificando a importância da educação alimentar e nu-
tricional, que visa à:
a) Correção da obesidade e ao aprimoramento cultural dos diferentes
grupos sociais.
b) Correção da desnutrição e suas consequências.
c) Prevenção de doenças e à promoção da saúde dos indivíduos nessa
faixa etária.
d) Prevenção do surgimento de doenças carenciais e tabus alimentares.
e) Alteração do consumo alimentar.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as Questões
Autoavaliativas propostas:
1) b.

2) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou aspectos importantes envolvidos
no desenvolvimento de crianças e adolescentes no que diz
respeito à fisiologia e às necessidades nutricionais. Conhecer
todos esses aspectos é fundamental na formação do nutricionista,
pois é através desse conhecimento que o acompanhamento e
o aconselhamento nutricional poderão ser desenvolvidos de
forma ampla, garantindo-se todos os nutrientes necessários em
fases importantes no desenvolvimento biológico.

88 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

O tema é extremamente amplo e, portanto, o ideal é


que você complemente seus estudos por meio das referências
bibliográficas citadas e das sugestões de leitura feitas no decorrer
da unidade e no Conteúdo Digital Integrador.
Na próxima unidade, estudaremos principalmente as
recomendações nutricionais da fase adulta e o impacto da
alimentação na saúde dos indivíduos.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 2 Estatura por idade − meninos. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/
docs/portaldab/documentos/graficos_oms/peso_por_estatura_meninos_escores.
pdf>. Acesso em: 29 jun. 2019.
Figura 3 Estatura por idade − meninas. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/
docs/portaldab/documentos/graficos_oms/peso_por_estatura_meninas_escores.
pdf>. Acesso em: 29 jun. 2019.
Figura 4 Estágios de desenvolvimento feminino segundo Tanner. Disponível em:
<http://adolesc.com.br/crescimento-e-desenvolvimento-fisico-na-adolescencia/>.
Acesso em: 29 jun. 2019.
Figura 5 Estágios de desenvolvimento masculino segundo Tanner. Disponível em:
<http://adolesc.com.br/crescimento-e-desenvolvimento-fisico-na-adolescencia/>.
Acesso em: 29 jun. 2019.
Figura 6 Curva OMS IMC por idade para meninas. Disponível em: <http://www.who.
int/growthref/cht_bmifa_girls_perc_5_19years.pdf?ua=1%C2%A0>. Acesso em: 29
jun. 2019.
Figura 7 Curva OMS IMC por idade para meninos. Disponível em: <http://www.who.
int/growthref/cht_bmifa_boys_perc_5_19years.pdf?ua=1>. Acesso em: 29 jun. 2019.

Sites pesquisados
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 89


UNIDADE 2 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica. 2. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <http://www.redeblh.fiocruz.br/
media/10palimsa_guia13.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2019.
SBP − SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Departamento de Nutrologia. Manual
de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do
adolescente e na escola. 3. ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012.
Disponível em: <https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/pdfs/14617a-
PDManualNutrologia-Alimentacao.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2019.
USDA − UNITED STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE. Dietary reference intakes.
Disponível em: <https://www.nal.usda.gov/fnic/dietary-reference-intakes>. Acesso
em: 29 jun. 2019.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCIOLY, E. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Dez passos para a alimentação saudável: guia alimentar
para crianças menores de 2 anos. Álbum seriado. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde,
2004.
EUCLYDES, M. P. Nutrição do lactente: base científica para uma alimentação saudável.
2. ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2014.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for calcium, phosphorus,
magnesium, vitamin D, and fluoride. Washington (DC): National Academy Press, 1997
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic,
boron, chromium, copper, iodine, iron, manganese, molybdenum, nickel, silicon,
vanadium, and zinc. Washington (DC): National Academy Press, 2002.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat,
fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids. Washington (DC): National Academy
Press, 2005
FRISANCHO, A. R. Anthropometric Standards for the Assessment of Growth and
Nutritional Status. Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press, 1990.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.
WEFFORT, V. R. S.; LAMOUNIER, J. A. Nutrição em pediatria. São Paulo: Manole, 2009.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Physical Status: the use and interpretation of
anthropometry. Genebra, Suíça: WHO, 1995.

90 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3
FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Objetivos
• Compreender os aspectos fisiológicos da fase adulta.
• Relacionar as condições fisiológicas do adulto com suas necessidades
nutricionais.

Conteúdos
• Aspectos fisiológicos do adulto.
• Recomendações nutricionais para o adulto.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em


sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final
de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento
pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) O estudo da Nutrição do adulto é marcado pela relação entre as funções


fisiológicas do período e as adequações às recomendações nutricionais
para a manutenção da saúde. Dessa forma, requer-se um conhecimento
básico de fisiologia humana.

3) Como indicação de leitura para relembrar conceitos importantes da


Fisiologia Humana, sugerimos a obra Fisiologia Humana, escrita por
Stanfield, C. L., que está disponível na Biblioteca Virtual Pearson.

91
UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

92 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

1. INTRODUÇÃO
O Brasil e diversos países da América Latina experimen-
taram, nas últimas décadas, uma rápida transição demográfica,
epidemiológica e nutricional. A transição demográfica está re-
lacionada às mudanças nos níveis de fecundidade, natalidade e
mortalidade, que afetam o ritmo de crescimento populacional.
No caso do Brasil, nos últimos anos presenciamos uma queda na
mortalidade, principalmente infantil, o que culminou no aumen-
to da população adulta (tema desta unidade de estudo). Além
disso, melhoras nas condições de vida, associadas com avanços
na área médica, proporcionaram um aumento da expectativa de
vida, gerando aumento da população idosa (tema da nossa pró-
xima unidade de estudo) (VASCONCELOS E GOMES, 2012).
Ao mesmo tempo, ocorriam mudanças nos padrões
de morbimortalidade dessas populações, o que caracteriza
a transição epidemiológica. Isso quer dizer que as pessoas
continuam morrendo, porém as causas vão se alterando ao longo
dos anos (por exemplo, já tivemos na história da humanidade
mortes por pragas e epidemias, guerras, fomes, entre outras
causas). Pode-se dizer que, na atualidade, as doenças crônicas
não transmissíveis figuram entre as principais causas de morte
em todo o mundo.
Diante dessas mudanças, nos deparamos com um terceiro
modelo de transição, a nutricional, que, segundo a Organização
Pan Americana de Saúde (OPAS), refere-se a mudanças seculares
nos padrões de nutrição, dadas as modificações da ingestão
alimentar, como consequência de transformações econômicas,
sociais, demográficas e sanitárias. Análises a partir de inquéritos
nacionais das décadas de 1970, 1980, 1990, 2000 e nos anos
mais recentes apontam que o Brasil apresentou uma queda

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 93


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

nos números relacionados à desnutrição, porém os números de


pessoas com sobrepeso e obesidade no país crescem em uma
velocidade alarmante. De acordo com dados da Vigitel (Pesquisa
de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico), a prevalência de obesidade
passou de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. Nessa mesma
pesquisa, é feito o alerta para a prevalência alta da obesidade
mesmo entre mais jovens, pessoas de 25 a 44 anos (BRASIL,
2016).
Trabalhar na conscientização e prevenção da obesidade
é, consequentemente, trabalhar no controle e prevenção das
doenças crônicas não transmissíveis, que atingem a população
adulta em todo o mundo. A Nutrição tem papel essencial e de
extrema importância nesse cenário atual.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ADULTO

Fisiologia do adulto saudável


Na fase adulta, o organismo humano já passou por todos
os processos de maturação dos seus diversos sistemas. No adulto
saudável, as funções dos principais sistemas, bem como de seus
componentes, são descritas no quadro a seguir.

94 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Quadro 1 Componentes e funções dos sistemas no adulto


saudável.
SISTEMA COMPONENTES FUNÇÃO
Sistema Nervoso Central
Função sensorial, motora e
Nervoso (encéfalo e medula) e
integrativa.
Sistema Nervoso Periférico.
Garantir as trocas gasosas
Fossas nasais, faringe,
com o meio ambiente
Respiratório laringe, traqueia, alvéolos e
(captação de oxigênio e
pulmões.
remoção de gás carbônico).
Transporte de oxigênio e
nutrientes para células;
Cardiovascular Coração, veias e artérias.
remoção do gás carbônico
produzido pela respiração.
Boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado, Realiza a digestão e absorção
Digestório intestino grosso, reto e ânus. dos nutrientes provenientes
Glândulas anexas: salivares, da alimentação.
fígado e pâncreas.
Excreção dos resíduos
Rins, ureteres, bexiga e
Urinário tóxicos; equilíbrio hídrico e
uretra.
eletrolítico.
Pineal ou epífise, hipófise
(pituitária), tireoide e
Produção de hormônios;
Endócrino paratireoide, suprarrenais,
manutenção da homeostase.
pâncreas, ovários e
testículos.
Epitélios (pele e
membranas); leucócitos; Protege o organismo contra
Imune tecidos linfoides (medula doenças (reconhece e
óssea, timo, baço, linfonodos elimina agentes agressores).
e tonsilas).
Bolsa escrotal, testículos,
Reprodutor epidídimos, canais Reprodução; produção de
masculino deferentes, uretra, vesículas hormônios.
seminais, próstata e pênis.
Ovários, trompas, útero e Reprodução, produção de
Reprodutor feminino
vagina. hormônios.
Fonte: adaptado de Stanfield (2013).

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 95


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

O estilo de vida do indivíduo tem papel fundamental para


que o organismo mantenha suas funções vitais preservadas.
Adoção de hábitos saudáveis, entre eles uma nutrição equilibrada
e que atenda às suas necessidades, é de extrema importância
para a manutenção da saúde.

Doenças Crônicas não Transmissíveis


As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)
representam a maior carga de morbimortalidade no Brasil.
São doenças multifatoriais, ou seja, determinadas por diversos
fatores, sejam eles sociais ou individuais. Desenvolvem-se
no decorrer da vida e são de longa duração. Em 2015, foram
responsáveis por 51,6% do total de óbitos na população brasileira
entre 30 a 69 anos (BRASIL, 2019).
As principais DCNTs (doenças cardiovasculares, diabetes
mellitus, hipertensão arterial, câncer e doenças respiratórias
crônicas) apresentam em comum quatro fatores de risco, todos
passíveis de mudanças: tabagismo, sedentarismo, uso de álcool
e alimentação inadequada (BRASIL, 2019).
O avanço da obesidade no Brasil nos últimos anos é reflexo
dessa alimentação inadequada presente no dia a dia de grande
parte da população brasileira. Sua ascensão foi tão intensa nas
últimas décadas que já é considerada uma epidemia mundial.
O aumento do consumo de produtos industrializados, ricos em
calorias, sal, açúcar e gorduras, em detrimento do consumo de
alimentos frescos in natura, como frutas, verduras e legumes,
influenciaram o aumento dos números da obesidade.
Estudos já comprovaram: obesidade também é fator
de risco para DCNTs. Portanto, profissionais nutricionistas
apresentam papel importante no combate ao avanço dessas
doenças.

96 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

As leituras indicadas no Tópico 3.1. tratam da fisiologia


no adulto saudável, da transição no Brasil e do avanço das
DCNTs. Neste momento, você deve realizar essas leituras para
aprofundar o tema abordado.

2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO ADULTO

Assim como nas demais unidades, antes de estudarmos


as recomendações nutricionais dessa fase da vida, é importante
conhecermos o estado nutricional desse indivíduo, para então
adequarmos suas necessidades. Aqui teremos uma breve noção
do assunto, apenas para contextualizar a temática, pois ela será
abordada com mais profundidade na disciplina de avaliação
nutricional.

Avaliação Nutricional
Tem como objetivo identificar distúrbios nutricionais,
possibilitando, assim, uma intervenção adequada, que
proporcione a manutenção ou recuperação da saúde (CUPPARI,
2005). Para isso, temos disponíveis várias ferramentas, entre
elas: parâmetros antropométricos e bioquímicos, avaliação de
consumo alimentar e exame físico. Para uma avaliação mais
precisa, recomenda-se a associação entre esses parâmetros.

Antropometria
Para essa avaliação, são realizadas as seguintes aferições:
• Peso.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 97


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

• Altura.
• Circunferências (abdominal, braço, panturrilha e
quadril).
• Pregas cutâneas (tricipital, bicipital, suprailíaca e
subescapular).
Com a associação dessas medidas, é possível avaliar
diversos indicadores de estado nutricional. O mais simples deles
é o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado através
da fórmula:
IMC = Peso (kg)
Altura2 (m)
Os pontos de corte para avaliação da população adulta
encontram-se descritos no quadro a seguir:

Quadro 2 Classificação do estado nutricional de adultos segundo


o IMC.
IMC (kg/m2) Classificação
< 16 Magreza grau III
16 a 16,9 Magreza grau II
17 a 18,4 Magreza grau I
18,5 a 24,9 Eutrofia
25 a 29,9 Sobrepeso
30 a 34,9 Obesidade grau I
35 a 39,9 Obesidade grau II
≥ 40 Obesidade grau III
Fonte: OMS (1995, 1997).

Além desse indicador, é possível também avaliar a


composição corporal, com o cálculo de porcentagem de gordura
corporal através de fórmula que utiliza as pregas cutâneas, e

98 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

também o estado nutricional, pela adequação de medidas como


circunferência do braço (CB), prega cutânea tricipital (PCT), entre
outras (lembrando que esse assunto será retomado na obra de
Avaliação Nutricional).

Parâmetros bioquímicos
A interpretação de marcadores bioquímicos é de extrema
importância na avaliação nutricional, pois evidenciam alterações
bioquímicas de forma precoce, muitas vezes antes mesmo de
aparecerem sintomas. Porém, assim como os demais parâmetros,
não deve ser avaliada de forma isolada.

Consumo alimentar
Existem diversos métodos para avaliar o consumo
alimentar, dentre eles:
• Recordatório de 24 horas: o investigador pergunta ao
paciente todos os alimentos e as bebidas ingeridos por
ele no dia anterior. É de fácil execução, baixo custo,
porém possui algumas limitações, como a dependência
da memória do paciente, a não oferta precisa das
quantidades e a não diferenciação da rotina alimentar
nos diferentes dias da semana.
• Questionário de frequência alimentar: baseado numa
lista de alimentos, o paciente registra ou descreve seu
consumo usual e sua frequência de consumo por dia,
semana, mês ou ano. É uma ferramenta que fornece
dados qualitativos, não quantitativos.
• Registro alimentar: produzido pelo próprio paciente,
que registra tudo o que consome (alimento e quantidade)
durante três dias da semana (normalmente, um deles

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 99


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

faz parte do final de semana). Possui a vantagem de não


depender da memória, porém, por levar tempo, pode
desencorajar sua realização; além disso, depende de o
paciente saber ler e escrever.

Exame físico
Método clínico para detectar sinais e sintomas relacionados
com desnutrição. Alguns dos sinais clínicos utilizados estão
descritos no Quadro 3:

Quadro 3 Sinais físicos indicativos de desnutrição e carência


específica de nutrientes.
SINAIS ASSOCIADOS À POSSÍVEL DEFICIÊNCIA OU
LOCAL
DESNUTRIÇÃO DOENÇA
Perda de brilho, seco, fino; fácil
Cabelo Kwashiorkor e marasmo.
de arrancar sem dor.
Cegueira noturna. Vitamina A e zinco.
Olhos Manchas de Bitot, xerose
Vitamina A.
conjuntival e de córnea.
Queilose. Riboflavina, piridoxina e niacina.
Ácido nicotínico, ácido fólico,
Língua inflamada. riboflavina, vitamina B12,
Boca piridoxina e ferro.
Fissuras na língua. Niacina.
Hemorragia gengival. Vitamina C, riboflavina.
Palidez. Ferro, vitamina B12, folato.
Pele
Machuca facilmente. Vitamina K ou C.
Unhas Quebradiças; coiloníquia. Ferro.
Fonte: adaptado de Cuppari (2005).

100 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Recomendações Nutricionais
Os principais objetivos nutricionais para essa fase são:
• Garantir que o indivíduo sadio ingira alimentos que
satisfaçam suas necessidades fisiológicas normais.
• Conservação dos processos fisiológicos.
• Evitar deficiência de nutrientes.
• Prevenção dos problemas de saúde.

Energia
O valor do requerimento energético estimado (EER) pode
ser calculado de acordo com as fórmulas a seguir (IOM, 2002).

EER (homens > 19 anos)


EER = 662 – (9,53 X idade[a]) + CAF x (15,91 x peso[kg] +
539,6 x estatura[m])
sendo CAF o coeficiente de atividade física:
1) CAF = 1 se NAF sedentário (≤ 1 < 1,4).
2) CAF = 1,11 se NAF leve (≤ 1,4 < 1,6).
3) CAF = 1,25 se NAF moderado (≤ 1,6 < 1,9).
4) CAF = 1,48 se NAF intenso (≤ 1,9 < 2,5).

EER (mulheres > 19 anos)


EER = 354 – (6,91 X idade[a]) + CAF x (9,36 x peso[kg] + 726
x estatura[m])
sendo CAF o coeficiente de atividade física:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 101


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

1) CAF = 1 se NAF sedentário (≤ 1 < 1,4).


2) CAF = 1,12 se NAF leve (≤ 1,4 < 1,6).
3) CAF = 1,27 se NAF moderado (≤ 1,6 < 1,9).
4) CAF = 1,45 se NAF intenso (≤ 1,9 < 2,5).

Nível de atividade física (NAF)


1) NAF sedentário (≤ 1 < 1,4): trabalhos domésticos,
caminhadas relacionadas com o cotidiano, ficar
sentado por várias horas.
2) NAF leve (≤ 1,4 < 1,6): caminhadas a 6,4 km/h, e
mesmas atividades relacionadas ao NAF sedentário.
3) NAF moderado (≤ 1,6 < 1,9): ginástica aeróbica, corrida,
natação, jogar tênis, além das mesmas atividades
relacionadas ao NAF sedentário.
4) NAF intenso (≤ 1,9 < 2,5): ciclismo de intensidade
moderada, corrida, pular corda, tênis e atividades
relacionadas ao NAF sedentário.

Proteína
No quadro a seguir, é possível observar as recomendações
diárias de quantidade de proteína na dieta segundo FAO/ OMS,
FBN/ NRC e SBAN, respectivamente:

Quadro 4 Quantidade recomendada de proteína.


FAO/ OMS (1985) FBN/ NRC (1989) SBAN (1990) DRI, 202

0,75 g/kg/dia 0,8 g/kg/dia 1,0 g/kg/dia 0,8 g/kg/dia


Fonte: adaptado de Cuppari (2005).

102 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Já no Quadro 5, é possível observar a quantidade de


energia proveniente das proteínas da dieta:

Quadro 5 Proporção de energia proveniente das proteínas da


dieta.
PROPORÇÃO DE ENERGIA
CARACTERÍSTICAS DO GRUPO
PROVENIENTE DAS PROTEÍNAS

FAO/ OMS (1985) 10 a 15%

SBAN (1990) 8 a 10%

Ingestões dietéticas de referência (DRI) 10 a 35%


Fonte: adaptado de Cuppari (2005).

Vitaminas e minerais
São essenciais para os processos normais de crescimento e
desenvolvimento, além de importantes na prevenção de doenças
infecciosas e crônicas (SCOTT-STUMP, 2011).
No quadro a seguir, são apresentadas as vitaminas e suas
funções orgânicas, bem como suas recomendações diárias
segundo a DRI (2000).

Quadro 6 Vitaminas importantes no desenvolvimento – funções


e recomendações.
VITAMINAS FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO
Essencial para visão, sistema
Homens: 900 mcg/d.
imune e reprodução. Deficiência
Vitamina A
causa cegueira noturna e
Mulheres: 700 mcg/d.
xeroftalmia.
Homens e mulheres:
Homeostase do cálcio e do
fósforo; diferenciação celular.
Vitamina D 19 a 50 anos: 5 mcg/d.
Deficiência causa raquitismo e
osteomalácia.
50 a 70 anos: 10 mcg/d.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 103


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

VITAMINAS FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO


Antioxidante, combate estresse Homens e mulheres:
Vitamina E oxidativo; impede degeneração
oxidativa da membrana celular. 15 mg/d.
Homens: 120 mcg/d.
Importante para a coagulação
Vitamina K
sanguínea e metabolismo ósseo.
Mulheres: 90 mcg/d.
Homens: 1,2 mg/d.
Atua no metabolismo de
Tiamina (B1)
carboidrato; função neural.
Mulheres: 1,1 mg/d.
Atua no metabolismo de Homens: 1,3 mg/d.
Riboflavina (B2) carboidratos, aminoácidos e
lipídios. Mulheres: 1,1 mg/d.
Atua no metabolismo de Homens: 16 mg/d.
Niacina (B3) carboidratos, aminoácidos e
lipídios. Mulheres: 14 mg/d.
Homens:

19 a 50 anos: 1,3 mg/d.


Coenzima de diversas enzimas
50 a 70 anos: 1,7 mg/d.
do metabolismo de aminoácidos,
Vitamina B6
neurotransmissores, glicogênio,
Mulheres:
esteroides.
19 a 50 anos: 1,3 mg/d.

50 a 70 anos: 1,5 mg/d.


Coenzima de diversas reações
no metabolismo de aminoácidos Homens e mulheres:
Folato e nucleotídeos; biossíntese de
ácidos nucleicos; maturação de 400 mcg/d.
hemácias.
Coenzima de diversas reações; Homens e mulheres:
Vitamina B12 essencial na formação do sangue
e função neurológica. 24 mcg/d.
Homens: 90 mg/d.
Antioxidante; biossintetizador de
Vitamina C
colágeno e aminoácidos
Mulheres: 75 mg/d.
Fonte: adaptado de Cuppari (2005).

104 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Já no Quadro 7, são apresentados alguns dos mais


importantes minerais, com suas funções mais relevantes e
recomendações diárias.

Quadro 7 Minerais importantes no desenvolvimento – funções e


recomendações.
MINERAIS FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO
Homens e mulheres:
Manutenção do volume
Sódio extracelular e osmolalidade 19 a 50 anos: 1,5 g/d.
sérica.
50 a 70 anos: 1,3 g/d.
Garante função celular normal;
manutenção do volume hídrico Homens e mulheres:
Potássio
normal; regula atividade 4,7 g/d.
neuromuscular
Formação de ossos e Homens e mulheres:
dentes; contração muscular;
Cálcio 19 a 50 anos: 1000 mg/d.
transmissão impulsos
nervosos. 50 a 70 anos: 1200 mg/d.
Homens: 8 mg/d.

Componente de proteínas, Mulheres:


Ferro
como hemoglobina e enzimas. 19 a 50 anos: 18 mg/d.

50 a 70 anos: 8 mg/d.
Homens:
19 a 30 anos: 400 mg/d.
Cofator enzimático; presente
em ossos, dentes, músculos, 31 a 70 anos: 420 mg/d.
Magnésio
tecidos moles e fluidos Mulheres:
corpóreos.
19 a 30 anos: 310 mg/d.
31 a 70 anos: 320 mg/d.
Homens e mulheres:
Fósforo Formação de ossos e dentes.
700 mg/d.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 105


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

MINERAIS FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO


Componente dos hormônios
da tireoide, está envolvido Homens e mulheres:
Iodo
na regulação de enzimas e 150 mcg/d.
processos metabólicos.
Componente de enzimas
que mantêm a estrutura das Homens: 9,4 mg/d.
Zinco
proteínas; regula expressão Mulheres: 6,8 mg/d.
gênica.
Homens e mulheres:
Selênio Antioxidante.
55 mcg/d.
Homens e mulheres:
Cobre Componente de enzimas.
900 mcg/d.
Homens:
19 a 30 anos: 35 mcg/d.
31 a 70 anos: 30 mcg/d.
Cromo Potencializa a ação da insulina.
Mulheres:
19 a 30 anos: 25 mcg/d.
31 a 70 anos: 20 mcg/d.
Fonte: adaptado de Cuppari (2005).

Importante!
Para conhecer as demais recomendações, consulte as tabelas
de recomendações das DRIs, já utilizadas nas unidades
anteriores.

Guia Alimentar para a População Brasileira


Lançado em 2014, o Guia Alimentar para a População
Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde do Brasil
em parceira com a Organização Pan-Americana da Saúde/

106 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e a Universidade de


São Paulo (USP), tem como objetivo promover a saúde e a boa
alimentação, combater a desnutrição e prevenir enfermidades
em ascensão, como a obesidade, o diabetes e outras doenças
crônicas, como AVC, infarto e câncer.
Diferente da já conhecida pirâmide alimentar, que é
dividida por grupos alimentares e porções diárias recomendadas,
o guia trabalha os alimentos categorizados em quatro grupos:
alimentos in natura ou minimamente processados; ingredientes
culinários; alimentos processados e alimentos ultraprocessados.
Exemplos de como essa classificação funciona na prática
podem ser observados nas figuras a seguir.

Figura 1 Exemplos de alimentos in natura ou minimamente processados.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 107


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Figura 2 Exemplo de ingredientes culinários.

Figura 3 Exemplos de alimentos processados.

108 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Figura 4 Exemplos de alimentos ultraprocessados.

O guia preconiza que, para uma alimentação saudável


e equilibrada, deve-se dar preferência sempre a alimentos in
natura ou minimamente processados nas preparações culinárias
em vez de a alimentos ultraprocessados.
Entre essas e outras informações do guia, a publicação
também traz 10 dicas simples para tornar a alimentação mais
saudável no dia a dia:
5) Fazer de alimentos in natura ou minimamente
processados a base da alimentação.
6) Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas
quantidades ao temperar, cozinhar alimentos e criar
preparações culinárias.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 109


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

7) Limitar o consumo de alimentos processados.


8) Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados.
9) Comer com regularidade e atenção, em ambientes
apropriados e, sempre que possível, com companhia.
10) Fazer compras em locais que ofertem variedades de
alimentos in natura ou minimamente processados.
11) Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades
culinárias.
12) Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o
espaço que ela merece.
13) Dar preferência, quando fora de casa, a locais que
servem refeições feitas na hora.
14) Ser crítico quanto a informações, orientações
e mensagens sobre alimentação veiculadas em
propagandas comerciais.

Importante!
Para maiores informações sobre o Guia Alimentar para a
População Brasileira, acesse o link: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.
pdf>.

As leituras indicadas no Tópico 3.2. tratam das


recomendações nutricionais no adulto. Neste momento, você
deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

110 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ADULTO

A fim de relembrar e esclarecer conceitos acerca de


componentes e funções dos sistemas humanos, consulte a obra
a seguir:
• STANFIELD, C. L. Fisiologia humana. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2013. Disponível na Biblioteca
Virtual Pearson.
Nesta unidade, também foi estudado o impacto das
Doenças Crônicas Não Transmissíveis na mortalidade no Brasil.
Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo a seguir:
• DUNCAN, B. B. et al. Doenças crônicas não transmissíveis
no Brasil: prioridade para enfrentamento e investigação.
Rev. Saúde Pública, v. 46, (supl.), p. 126-134, 2012.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/
v46s1/17.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2019.
Na introdução desta unidade, falamos sobre o fenômeno
da transição nutricional no Brasil. Para conhecer mais sobre o
assunto, leia o seguinte artigo:
• BATISTA FILHO, M.; RISSIN, A. A transição nutricional
no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad. Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 19, supl. 1, p. S181-S191,
2003. Disponível em: <https://www.scielosp.org/pdf/

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 111


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

csp/2003.v19suppl1/S181-S191/pt>. Acesso em: 1 jul.


2019.

3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO ADULTO

Para aprofundar os estudos em relação às recomendações


de macronutrientes no adulto, consulte o Guia Alimentar para a
População Brasileira e leia o artigo indicado a seguir:
• BRASIL. Ministérios da Saúde. Guia alimentar para
a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_
brasileira_2ed.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2019.
• MOREIRA, A. P. B. et al. Evolução e interpretação das
recomendações nutricionais para os macronutrientes.
Rev Bras Nutr Clin, v. 27, n. 1, p. 51-59, 2012. Disponível
em: <http://www.braspen.com.br/home/wp-content/
uploads/2016/12/08-Evolu%C3%A7%C3%A3o-
e-interpreta%C3%A7%C3%A3o-das-
recomenda%C3%A7%C3%B5es.pdf>. Acesso em: 1 jul.
2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, assinale a
alternativa que contempla os atributos básicos para que se tenha uma
alimentação saudável.

112 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

a) Acessibilidade física e financeira, sabor, cor, variedade, harmonia e


segurança sanitária.
b) Alimentação rica em fontes de proteínas, lipídeos e carboidratos.
c) Acesso aos alimentos industrializados, pré-preparados ou prontos.
d) Acesso à tríade legumes, frutas e verduras.
e) Acessibilidade física e financeira, para pagar alguém para preparar a
comida.

2) Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por um processo conhecido


como Transição Nutricional, que consiste em uma inversão nos padrões
de distribuição dos problemas nutricionais de uma dada população no
tempo, geralmente uma passagem da desnutrição para a obesidade.
Além do ganho de peso, esse processo acarreta diversas outras
consequências para a saúde, como o surgimento de Doenças Crônicas
Não Transmissíveis. Assinale a alternativa que não representa uma
patologia associada a esse quadro:
a) Hipertensão arterial.
b) Diabetes.
c) Câncer.
d) Doença renal crônica.
e) Infarto.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as Questões
Autoavaliativas propostas:
1) a.

2) d.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 113


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

5. CONSIDERAÇÕES
Esta unidade apresentou alguns aspectos básicos sobre
a fisiologia humana, com destaque para o crescimento das
doenças crônicas não transmissíveis na fase adulta. Além disso,
foram abordados alguns aspectos da avaliação antropométrica
(assunto que será abordado mais profundamente no decorrer
do curso) e das recomendações nutricionais nessa fase da vida.
O tema é amplo e, portanto, o ideal é que você complemente
seus estudos por meio das referências bibliográficas citadas e das
sugestões de leitura feitas no decorrer da unidade e no Conteúdo
Digital Integrador.
Como continuação do assunto, a próxima e última unidade
tratará das alterações fisiológicas no envelhecimento e das
recomendações nutricionais para os indivíduos nessa fase da
vida.

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de Figuras
Figura 1 Exemplos de alimentos in natura ou minimamente processados. Disponível
em: <http://ecos-redenutri.bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=1871>. Acesso em:
1 jul. 2019
Figura 2 Exemplos de ingredientes culinários. Disponível em: <http://ecos-redenutri.
bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=1871>. Acesso em: 1 jul. 2019
Figura 3 Exemplos de alimentos processados. Disponível em: <http://ecos-redenutri.
bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=1871>. Acesso em: 1 jul. 2019
Figura 4 Exemplos de alimentos ultraprocessados. Disponível em: <http://ecos-
redenutri.bvs.br/tiki-read_article.php?articleId=1871>. Acesso em: 1 jul. 2019

114 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 3 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA FASE ADULTA

Sites pesquisados
BRASIL. Ministério da Sáude. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde,
2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_
populacao_brasileira_2ed.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Sobre a vigilância nas DCNT. 2019. Disponível em:
<http://portalms.saude.gov.br/noticias/43036-sobre-a-vigilancia-de-dcnt>. Acesso
em: 1 jul. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2016. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/abril/17/
Vigitel_17-4-17-final.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2019.
OPAS − ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. La obesidad en la
pobreza: un nuevo reto para la salud publica, Washington, D. C.: OPS, 2000.
n. 576. Acesso em: <https://www.paho.org/ecu/index.php?option=com_
docman&view=download&category_slug=documentos-2013&alias=439-la-obesidad-
en-la-pobreza-esp&Itemid=599>. Acesso em: 1 jul. 2019.
VASCONCELOS, A. M. N.; GOMES, M. M. F. Transição demográfica: a experiência
brasileira. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 21, n. 4, p. 539-548, out./dez. 2012.
Disponível em: <http://scielo.iec.gov.br/pdf/ess/v21n4/v21n4a03.pdf>. Acesso em: 1
jul. 2019.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUPPARI, L. Nutrição clínica no adulto. 2. ed. Barueri: Manole, 2005.
SCOTT-STUMP, S. Nutrição relacionda ao diagnóstico e tratamento. 6. ed. Barueri:
Manole, 2011.
STANFIELD, C. L. Fisiologia humana. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 115


© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO
UNIDADE 4
FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Objetivos
• Conhecer as alterações fisiológicas inerentes ao processo de
envelhecimento.
• Compreender o impacto dessas alterações na ingestão alimentar.
• Conhecer as necessidades nutricionais dos indivíduos nessa fase da vida.

Conteúdos
• Aspectos fisiológicos do idoso.
• Recomendações nutricionais para o idoso.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo desta obra; busque outras informações em


sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final
de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento
pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) O estudo da Nutrição para o idoso é marcado pela relação entre as


alterações fisiológicas do período e seu impacto na saúde do indivíduo.
Conhecê-las é fundamental para uma conduta nutricional adequada.

117
UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

3) Além dos aspectos fisiológicos, os aspectos sociais e comportamentais


exercem papel fundamental no envelhecimento. Busque sempre associá-
los para realizar um melhor atendimento nutricional.

118 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

1. INTRODUÇÃO
Desde a segunda metade do século passado, o Brasil
passa por uma fase de transição demográfica, que, em linhas
gerais, significa que o país passou de uma época com altas taxas
de natalidade e mortalidade para uma com baixa natalidade e
mortalidade, que levou a um aumento na expectativa de vida
e, consequentemente, a um envelhecimento populacional. Esse
novo cenário gera grande impacto em diversas áreas, entre elas
as de economia, serviços e saúde (SIMÕES, 2016).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), em 2012, o Brasil possuía 25,4 milhões de
pessoas acima dos 60 anos. Em 2017, ultrapassou a marca dos
30,3 milhões, o que representa um crescimento de 18% nessa
faixa etária (IBGE, 2018). Segundo projeções da Organização
Mundial de Saúde (OMS), em 2025, o Brasil terá a sexta maior
população de idosos do mundo, com 31,8 milhões de idosos
(OMS, 2005). Na figura a seguir, está representada a distribuição
da população brasileira por sexo e grupos de idades, baseada em
dados de 2017.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 119


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Figura 1 Distribuição da população por sexo e grupo idade – 2017.

O processo de envelhecimento traz diversas alterações


fisiológicas e anatômicas. Profissionais da área da saúde
devem ficar atentos a essas alterações para melhor adequação
de suas condutas, sempre com o objetivo de promover um
envelhecimento saudável.
A atuação do nutricionista na atenção à saúde da população
geriátrica é considerada essencial e deve acontecer de maneira
integrada à dos demais profissionais de saúde, como geriatras,
enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos.
O acesso à nutrição adequada, não só no envelhecimento
como nas demais fases da vida, contribui para uma melhor
qualidade de vida, proporcionando autonomia e independência,

120 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

o que tem impacto direto no estado emocional dos indivíduos e


do idoso em especial (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2016).

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo
estudo do Conteúdo Digital Integrador.

2.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO

Essa fase é marcada por intensas alterações orgânicas,


fisiológicas e metabólicas que podem afetar o estado nutricional
do idoso, pois ele se torna mais vulnerável às alterações de
ingestão alimentar, digestão, absorção e biodisponibilidade de
nutrientes (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2016). Compreender
essas mudanças é fundamental para uma fazer uma avaliação
nutricional mais precisa e, consequentemente, traçar estratégias
dietoterápicas mais eficientes.
A seguir, serão apresentadas as principais alterações
fisiológicas existentes no processo de envelhecimento.

Alterações na composição corporal


Ocorre diminuição da altura (devido ao achatamento
dos discos intervertebrais e do arco plantar dos pés e ao
enfraquecimento da musculatura da perna) e do peso (pela
diminuição na quantidade de água corporal e massa magra,
diminuição da ingestão alimentar, estado emocional, uso
de medicamentos e incapacidade de locomoção), além de

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 121


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

mudança na composição corporal, oriunda, principalmente, da


perda progressiva de massa muscular esquelética (sarcopenia),
ilustrada na Figura 2, e do aumento da gordura corporal (SILVA;
MARUCCI; ROEDIGER, 2016). O teor total de água corpórea
diminui em torno de 20 a 30%, por perda de água intracelular
(TIBO, 2007).

Figura 2 Corte de ressonância magnética das coxas de um adulto de 21 anos (acima) e


um idoso de 63 anos (abaixo).

Fonte: adaptado de Silva et al. (2016).

A redução na musculatura gera diminuição da densidade


óssea, redução na força muscular e da mobilidade, menor
sensibilidade à insulina, menor capacidade aeróbia, menor taxa

122 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

de metabolismo basal e menores níveis de atividades físicas


diárias (FECHINE; TROMPIERI, 2012).

Alterações no aparelho digestório


Ocorrem alterações estruturais, funcionais e de
motilidade, o que torna os idosos mais vulneráveis aos distúrbios
nutricionais, pois afetam a ingestão alimentar, o processo
digestório e a biodisponibilidade de nutrientes. No Quadro 1,
estão relacionadas as mudanças que ocorrem em diferentes
estruturas do sistema gastrointestinal.

Quadro 1 Principais componentes do sistema gastrointestinal e


suas alterações.
LOCAL MODIFICAÇÕES IMPACTOS NA ALIMENTAÇÃO
Atrofia das papilas gustativas;
Diminuição do paladar; alteração
desgaste e perda de dentes;
na consistência da dieta;
Boca dificuldade de fala; redução da
dificuldade na formação do bolo
funcionalidade dos músculos da
alimentar.
mastigação; xerostomia.
Distúrbios funcionais do Dificuldade na deglutição;
Esôfago
esfíncter; disfagia. alteração na consistência da dieta.
Aumenta fragilidade da mucosa; Formação de úlceras; deficiência na
diminuição da secreção ácida; absorção de ferro, B12, ácido fólico,
Estômago
maior tempo de esvaziamento cálcio e betacaroteno; sensação de
gástrico. plenitude precoce.
Atrofia; fibrose e degeneração Tolerância à glicose diminuída
Pâncreas gordurosa; redução na secreção (não obrigatório); dificuldade de
de bicarbonato e enzimas. digestão.
Diminuição de volume e da
capacidade regenerativa; Formação de cálculos biliares;
Fígado declínio na metabolização de dificuldade para digestão de
drogas; diminuição da secreção gorduras.
de sais biliares.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 123


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

LOCAL MODIFICAÇÕES IMPACTOS NA ALIMENTAÇÃO


Redução das vilosidades;
Possível impacto na absorção;
Intestino diminuição do peristaltismo;
constipação intestinal.
predisposição à diverticulite.
Fonte: adaptado de Tibo (2007) e Silva, Marucci e Roediger (2016).

Alterações no sistema cardiovascular


Nessa fase da vida, ocorrem redução da frequência cardíaca
em repouso, espessamento das válvulas cardíacas (o que pode
acarretar aparecimento de sopros), aumento do colesterol e
também da resistência vascular periférica, com o consequente
aumento da tensão arterial e maior risco de aterosclerose (TIBO,
2007; FECHINE; TROMPIERI, 2012).

Alterações no sistema respiratório


Com o envelhecimento, temos a diminuição da função
pulmonar, com parede torácica mais rígida e retração da
elasticidade do pulmão, com consequente perda de capacidade
respiratória máxima. Os engasgos são mais frequentes devido
à diminuição dos reflexos pulmonares e da função ciliar (TIBO,
2007; FECHINE; TROMPIERI, 2012).

Alterações no sistema gênito-urinário


Os rins diminuem a filtração glomerular. A bexiga
apresenta menor capacidade de armazenamento e redução da
força de contração. Ocorre um desequilíbrio entre a musculatura
voluntária e lisa, o que pode gerar episódios de incontinência
(TIBO, 2007).

124 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Alterações no sistema nervoso


Responsável pelas sensações, movimentos, funções
psíquicas e pelas funções biológicas internas, é o sistema mais
afetado pelo envelhecimento e, por não apresentar função
reparadora, é uma alteração preocupante nessa fase da vida
(FECHINE; TROMPIERI, 2012).
Dentre as alterações recorrentes, podem-se citar: redução
no tamanho e peso do cérebro; menor número de neurônios;
maior prevalência de demências; declínio de algumas funções
cognitivas; processamento mais lento de informações; menor
quantidade de neurotransmissores; e alteração nos reflexos
devido a uma menor velocidade de condução nervosa (TIBO,
2007; FECHINE; TROMPIERI, 2012).

As leituras indicadas no Tópico 3.1. tratam das alterações


fisiológicas inerentes ao envelhecimento. Neste momento,
você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema
abordado.

2.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO IDOSO

Assim como nas demais unidades, antes de estudarmos


as recomendações nutricionais dessa fase da vida, é importante
conhecermos o estado nutricional do indivíduo idoso, para então
adequarmos suas necessidades.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 125


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Avaliação Nutricional
Diversos aspectos podem interferir na avaliação nutricional
dos idosos, entre eles as alterações fisiológicas e anatômicas
inerentes à própria idade, alterações de composição corporal,
presença de doenças e interação entre fármacos e nutrientes
(VITOLO, 2008).
Alterações na cavidade oral (ausência ou amolecimento
dos dentes; próteses mal adaptadas; gengivas machucadas
e xerostomia), alterações na deglutição (disfagia), entre
outras, são algumas das alterações que estão associadas ao
comprometimento do estado nutricional do idoso.

Antropometria
Para essa avaliação, são realizadas as seguintes aferições:
1) Peso (caso a pesagem não seja possível, pode-se
utilizar a fórmula de Chumlea et al. (1985) para estimar
o peso):
Homens:
P = (1,73 x CB) + (0,98 x CP) + (0,37 x DSE) + (1,16 x AJ) – 81,69
Mulheres:
P = (0,98 x CB) + (1,27 x CP) + (0,4 x DSE) + (0,87 x AJ) – 62,35
sendo:
• CB: circunferência do braço (cm).
• CP: circunferência da panturrilha (cm).
• DSE: dobra subescapular (mm).
• AJ: altura do joelho (cm).

126 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

2) Altura (na impossibilidade de aferir a altura com


estadiômetro, é possível estimá-la por envergadura ou
meia envergadura ou ainda pela fórmula de Chumlea
et al. (1985)):
a) Envergadura: distância entre os dedos médios de
uma mão a outra, feita com os braços estendidos com
ângulo de 90° em relação ao corpo.
b) Meia envergadura: extensão do braço até o osso
externo multiplicada por dois.
c) Chumlea:
Homens:
E = 64,19 – (0,04 x I) + (2,02 x AJ)
Mulheres:
E = 84,88 – (0,24 x I) + (1,83 x AJ)
sendo:
• I: idade (anos).
• AJ: altura do joelho (cm).
a) Circunferências: braço, muscular do braço, panturrilha,
cintura e quadril.
b) Pregas cutâneas: tricipital, bicipital, suprailíaca e
subescapular.
Com a associação dessas medidas, é possível avaliar
diversos indicadores de estado nutricional. O mais simples deles
é o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado através
da fórmula:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 127


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

IMC = Peso (kg)


Altura2 (m)

Porém, é preciso ficar atento, pois os pontos de corte


para a população idosa diferem do adulto. A partir dos 60 anos,
devem-se utilizar os pontos propostos por Lipschitz, descritos no
quadro a seguir:

Quadro 2 Classificação do estado nutricional de adultos segundo


o IMC.
IMC (kg/m2) CLASSIFICAÇÃO

< 22 Magreza

22 a 27 Eutrófico

> 27 Sobrepeso
Fonte: adaptado de Lipschitz (1994).

Além desse indicador, é possível também avaliar a


composição corporal, com o cálculo de porcentagem de gordura
corporal através de fórmula que utiliza as pregas cutâneas, e
também o estado nutricional, pela adequação de medidas como
circunferência do braço (CB), prega cutânea tricipital (PCT), entre
outras.

Parâmetros bioquímicos
A interpretação de marcadores bioquímicos é de extrema
importância na avaliação nutricional, pois evidencia alterações
bioquímicas de forma precoce, muitas vezes antes mesmo de
aparecerem sintomas.

128 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Avaliação de glicemia, albumina, marcadores do


metabolismo de ferro, hemograma, perfil lipídico e vitaminas
(B12 e ácido fólico) estão entre os principais parâmetros a serem
avaliados (VITOLO, 2008).

Consumo alimentar
É importante que aspectos como queixas (ganho ou
perda de peso), história pregressa (antecedentes pessoais e
familiares), hábitos alimentares, consumo alimentar e questões
especiais (hábitos sociais como tabagismo ou etilismo e uso de
medicamentos) sejam levados em consideração para a realização
de uma anamnese mais completa.

Exame físico
A sistemática utilizada para detectar sinais e sintomas
relacionados com desnutrição em idosos é a mesma utilizada
em adultos, porém alguns sinais de deficiência podem ser
confundidos com alterações decorrentes do processo de
envelhecimento. Merecem atenção especial aspectos como
avaliação da dentição e/ou uso de próteses dentárias; presença
de disfagia; úlceras de pressão e hidratação.

2.3. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

Energia
Para estimativa da TMR, utilizam-se as equações propostas
por Harris-Benedict (1979) ou pela OMS (1985). Em ambos os
casos, é necessário levar em consideração fatores relacionados
à atividade física, lesões e efeitos térmicos para a estimativa do
gasto energético total (SILVA, 2016). O cálculo da necessidade
energética total (NET) é feito pela fórmula:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 129


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

NET = TMR x FATOR ATIVIDADE x FATOR TÉRMICO x FATOR


LESÃO

Harris-Benedict (1919)
Mulheres:
TMR = 655,1 + (9,56 x P) + (1,85 x E) – (4,68 x I)
Homens:
TMR = 66,5 + (13,75 x P) + (5,0 x E) – (6,78 x I)
sendo:
• P: peso (kg).
• E: estatura (cm).
• I: idade (anos).

Equações propostas pela IOM (1985)


Mulheres > 60 anos:
TMR = (10,5 x P) + 596
Homens > 60 anos:
TMR = (13,5 x P) + 487

Quadro 3 Fatores relacionados à atividade (FA).


Long et al. (1979) WHO (1985) – Mulheres WHO (1985) – Homens
Acamado: 1,2 Muito leve: 1,3 Muito leve: 1,3
Acamado + móvel: 1,25 Leve: 1,5 Leve: 1,6
Ambulante: 1,3 Moderado: 1,6 Moderado: 1,7
Intenso: 1,9 Intenso: 2,1
Fonte: adaptado de Silva (2016).

130 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Quadro 4 Fatores relacionados a lesão e estresse (injúria).


FATOR INJÚRIA FATOR INJÚRIA

Paciente não complicado: 1,0 Politrauma em reabilitação: 1,5

Pós-operatório oncológico: 1,1 Politrauma + sepse: 1,6

Fratura ossos longos: 1,2 Queimadura 30 a 50 %: 1,7

Sepse moderada: 1,3 Queimadura 50,1 a 70%: 1,8

Peritonite: 1,4 Queimadura 70,1 a 90%: 2,0


Fonte: adaptado de Silva (2016).

Quadro 5 Fatores térmicos (FT).


FATOR TÉRMICO FATOR TÉRMICO

38 °C: 1,1 40 °C: 1,3

39 °C: 1,2 41 °C: 1,4


Fonte: adaptado de Silva (2016).

Já as fórmulas propostas pela IOM (2002) reúnem, além


da taxa metabólica basal, coeficientes de atividade física e
consideram grupo etário, peso corporal e estatura. O cálculo
pode ser feito de forma direta através das fórmulas:

EER (homens > 19 anos)


EER = 662 – (9,53 X idade[a]) + CAF x (15,91 x peso[kg] +
539,6 x estatura[m])

EER (mulheres > 19 anos)


EER = 354 – (6,91 X idade[a]) + CAF x (9,36 x peso[kg] + 726
x estatura[m])

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 131


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

sendo CAF o coeficiente de atividade física:


• CAF = 1,25 se NAF sedentário (≤ 1 < 1,4).
• CAF = 1,50 se NAF leve (≤ 1,4 < 1,6).
• CAF = 1,75 se NAF moderado (≤ 1,6 < 1,9).
• CAF = 2,20 se NAF intenso (≤ 1,9 < 2,5).

Nível de atividade física (NAF)


• NAF sedentário (≤ 1 < 1,4): realizar trabalhos domésticos,
caminhadas relacionadas com o cotidiano e permanecer
sentado por várias horas.
• NAF leve (≤ 1,4 < 1,6): fazer caminhadas de até 6,4 km/h
e as mesmas atividades relacionadas ao NAF sedentário.
• NAF moderado (≤ 1,6 < 1,9): fazer ginástica aeróbica,
corrida, natação, jogar tênis, além das mesmas
atividades relacionadas ao NAF sedentário.
• NAF intenso (≤ 1,9 < 2,5): praticar ciclismo de
intensidade moderada, corrida, pular corda, tênis e
atividades relacionadas ao NAF sedentário.

Proteína
As necessidades proteicas nesse grupo são alvo de muita
investigação. Estudos apontam que um consumo menor que
0,8 g/kg/dia favoreceria o surgimento de sarcopenia. Tal fato
elevaria a recomendação diária de proteína, porém a presença
de problemas renais (muito comuns nessa fase) contraindicam
esse aumento. Por isso, as condutas devem ser avaliadas de
forma individual (SILVA, 2016).

132 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

De forma geral, o IOM (2002) recomenda que a proteína


represente de 10 a 35% do valor calórico total ou 0,8 g/kg/dia.

Vitaminas e minerais
No quadro a seguir, são apresentadas as vitaminas e suas
funções orgânicas, bem como suas recomendações diárias.

Quadro 6 Vitaminas importantes no processo de envelhecimento


e recomendações.
VITAMINAS FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO

Homens: 900 mcg/d.


Essencial para visão e
Vitamina A
sistema imune.
Mulheres: 700 mcg/d.

Prevenção de fraturas; Homens e mulheres:


Vitamina D melhora na densidade
óssea. 15 mcg/d.

Prevenção de anemia
Homens e mulheres:
perniciosa; prevenção de
Vitamina B12
hipocloridria e da redução
2,4 mcg/d.
do fator intrínseco.

Homens: 90 mg/d.
Antioxidante; auxiliar na
Vitamina C
absorção de ferro.
Mulheres: 75 mg/d.
Fonte: adaptado de Silva (2016) e Vitolo (2008).

Já no Quadro 7, são apresentados alguns dos minerais


mais importantes para a manutenção da saúde na velhice e suas
recomendações diárias.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 133


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Quadro 7 Minerais importantes no processo de envelhecimento


e recomendações.
MINERAIS FUNÇÃO RECOMENDAÇÃO

Homens e mulheres:
Participação no
desenvolvimento ósseo
Cálcio 19 a 50 anos: 1000 mg/d.
e na preservação óssea;
evitar a osteoporose.
50 a 70 anos: 1200 mg/d.

Homens:

31 a 70 anos: 420 mg/d.


Participação no
> 70 anos: 420 mg/d.
desenvolvimento ósseo
Magnésio
e na preservação óssea;
Mulheres:
evitar a osteoporose.
31 a 70 anos: 320 mg/d.

> 70 anos: 320 mg/d.

Participação no
Homens e mulheres:
desenvolvimento ósseo
Fósforo
e na preservação óssea;
700 mg/d.
evitar a osteoporose.

Homens e mulheres:
Ferro Evita quadro de anemia.
8 mg/d.

Homens: 11 mg/d.
Zinco Antioxidante
Mulheres: 8 mg/d.

Homens e mulheres:
Selênio Antioxidante.
55 mcg/d.
Fonte: adaptado de Silva (2016).

134 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

Importante!
Para conhecer as demais recomendações, consulte as tabelas
de recomendações das DRIs, já utilizadas nas unidades
anteriores.

As leituras indicadas no Tópico 3.2. tratam das recomen-


dações nutricionais para idosos. Neste momento, você deve
realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado.

Vídeo complementar 3–––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. ASPECTOS FISIOLÓGICOS NO ENVELHECIMENTO

A fim de aprofundar o conhecimento acerca das alterações


fisiológicas que ocorrem durante o envelhecimento, leia o
Capítulo 5 da seguinte obra:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 135


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

• SILVA, M. L. N.; MARUCCI, M. F. N.; ROEDIGER, M. A.


Tratado de nutrição em gerontologia. Barueri: Manole,
2016. Disponível na Biblioteca Virtual Pearson.
Outra sugestão de leitura é o artigo a seguir, que também
retrata as alterações ocorridas nessa fase da vida:
• FECHINE, B. R. A.; TROMPIERI, N. O processo de
envelhecimento: as principais alterações que acontecem
com o idoso com o passar dos anos. Revista Científica
Internacional, v. 1, n. 20, p. 106-194, 2012. Disponível
em: <http://www.interscienceplace.org/isp/index.php/
isp/article/view/196/194>. Acesso em: 1 jul. 2019.

3.2. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DO IDOSO

Para aprofundar os estudos em relação às recomendações


nutricionais para o idoso, leia o artigo a seguir:
• FISBERG, R. M. et al. Ingestão inadequada de nutrientes
na população de idosos do Brasil: Inquérito Nacional
de Alimentação 2008-2009. Rev Saúde Pública, v. 47,
supl. 1, p. 222S-230S, 2013. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rsp/v47s1/08.pdf>. Acesso em: 1
jul. 2019.
Leia também os Capítulos 6 e 7 da obra:
• SILVA, M. L. N.; MARUCCI, M. F. N.; ROEDIGER, M. A.
Tratado de nutrição em gerontologia. Barueri: Manole,
2016. Disponível na Biblioteca Virtual Pearson.
Para conhecer mais sobre o impacto do envelhecimento no
estado nutricional do idoso, leia o artigo sugerido a seguir:

136 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

• SANTOS, A. C. O.; MACHADO, M. M. O.; LEITE, E. M.


Envelhecimento e alterações do estado nutricional.
Geriatria & Gerontologia, v. 4, n. 3, p. 168-175, 2010.
Disponível em: <http://ggaging.com/export-pdf/274/
v4n3a09.pdf>. Acesso em: 1 jul. 2019.
Para conhecer mais sobre a interação de fármacos e
nutrientes e seu impacto no estado nutricional do idoso, leia o
artigo sugerido a seguir:
• THURNHAM, D. I. An overview of interactions between
micronutrients and of micronutrients with drugs, genes
and immune mechanisms. Nutrition Research Reviews,
v. 17, n. 2, p. 211-240, 2004. Disponível em: <https://
https://claretia.no/bbvQN>. Acesso em: 1 jul. 2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Em relação à nutrição do idoso, podemos afirmar que:
a) A nefropatia geriátrica é resultado da supernutrição lipídica crônica.
b) A função imunológica aumenta com a idade.
c) Os sentidos do paladar, olfato, visão, audição e tato aumentam em
taxas específicas.
d) A proteína corpórea no idoso sadio é inferior à dos adultos jovens.
e) A hipercloridria aumenta a absorção do cálcio e ferro não heme.

2) Em indivíduos da terceira idade, são necessárias algumas modificações na


dieta devido às características do processo de envelhecimento humano.
As principais mudanças na dieta do idoso são:

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 137


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

a) Diminuir o número de refeições, reduzir o volume por refeição e usar


suplementos nutricionais obrigatoriamente.
b) Aumentar o número de refeições, aumentar o volume por refeição e
abrandar as fibras dietéticas por cocção ou por subdivisão.
c) Aumentar o número de refeições, reduzir o volume por refeição e
abrandar as fibras dietéticas por cocção ou por subdivisão.
d) Diminuir o número de refeições, aumentar o volume por refeição e
usar suplementos nutricionais obrigatoriamente.
e) Aumentar o número de refeições, reduzir o volume por refeição e usar
suplementos nutricionais obrigatoriamente.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as Questões
Autoavaliativas propostas:
1) d.

2) c.

5. CONSIDERAÇÕES
Com esta unidade, encerramos o nosso estudo da Nutrição:
da Gestação ao Envelhecimento.
Durante nossa caminhada, percorremos todas as fases
do desenvolvimento humano e estudamos as principais
características e os aspectos fisiológicos inerentes a cada fase.
A partir daí, foi possível relacionar esses aspectos com o estado
nutricional do indivíduo e propor, respeitando as individualidades,
as melhores estratégias nutricionais, que promovem o pleno
desenvolvimento e a preservação da saúde e da qualidade de
vida.
Não se limite aos conteúdos aqui estudados. Lembre-
se de que a Nutrição é uma ciência dinâmica, que passa

138 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

frequentemente por alterações de condutas e paradigmas. A


busca pelo conhecimento constante fará de você um profissional
diferenciado, sempre atualizado e apto a desenvolver suas
atividades de forma ética e eficiente. Bons estudos!

6. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Distribuição da população por sexo e grupo idade – 2017. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
noticias/20980-numero-de-idosos-cresce-18-em-5-anos-e-ultrapassa-30-milhoes-
em-2017>. Acesso em: 1 jul. 2019.

Sites pesquisados
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Número de idosos
cresce 18% em 5 anos e ultrapassa 30 milhões em 2017. 2018. Disponível em:
<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/
noticias/20980-numero-de-idosos-cresce-18-em-5-anos-e-ultrapassa-30-milhoes-
em-2017>. Acesso em: 1 jul. 2019.
LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care, v. 21, n. 1, p.
55-67, mar. 1994. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8197257>.
Acesso em: 1 jul. 2019.
SIMÕES, C. C. S. Relações entre as alterações históricas na dinâmica demográfica
brasileira e os impactos decorrentes do processo de envelhecimento da população. Rio
de Janeiro: IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais, 2016. Disponível
em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98579.pdf>. Acesso em: 1
jul. 2019.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHUMLEA, W. C., ROCHE, A. F., STEINBAUGH, M. L.. Estimating stature from knee
height for persons 60 to 90 years of age. J Am Geriatr Soc. 1985;33(2):116-20.

© NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO 139


UNIDADE 4 – FISIOLOGIA E RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO

FECHINE, B. R. A.; TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: as principais


alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos. Revista Científica
Internacional, Campos dos Goytacazes, v. 20, n. 1, p. 106-194, jan./mar. 2012.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary Reference Intakes for energy, carbohydrate, fiber,
fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids. Washington D.C., National
Academies Press, 2002.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde.
Brasília, DF: OPAS; 2005.
SILVA, M. L. N.; MARUCCI, M. F. N.; ROEDIGER, M. A. Tratado de nutrição em
gerontologia. Barueri: Manole, 2016.
TIBO, M. G. M. Alterações anatômicas e fisiológicas do idoso. Revista Médica Ana
Costa 12.2, 2007.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.

140 © NUTRIÇÃO: DA GESTAÇÃO AO ENVELHECIMENTO

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