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DENNIS SOARES

ORGANIZADOR

FISIOTERAPIA
NA SAÚDE COLETIVA

PERSPECTIVAS PARA A PRÁTICA


PROFISSIONAL

editora científica
1ª EDIÇÃO
2020
Copyright© 2020 por Editora Científica Digital

Copyright da Edição © 2020 Editora Científica Digital


Copyright do Texto © 2020 Os Autores

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SUMÁRIO
CAPÍTULO 01............................................................................................................................................. 8

A SOBRECARGA DOS CUIDADORES DE PACIENTES COM DÉFICIT NEUROFUNCIONAL

Carmen Silvia da Silva Martini; Erik Coelho da Costa; Mayara Álvares Cabral; Aléxia Gabriela da Silva
Vieira; Sabrina Maciel Nascimento

DOI: 10.37885/201001812

CAPÍTULO 02........................................................................................................................................... 16

A TERAPIA DO ESPELHO NO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO DE PACIENTES PÓS ACIDENTE


VASCULAR CEREBRAL: REVISÃO SISTEMÁTICA

Thayana Fernanda da Silva Oliveira; Ana Priscila Santos Moraes; Márcio Eduardo Silva Alves; Maria
Cristina Damascena dos Passos Souza; Vinicius de Queiroz Gomes

DOI: 10.37885/201001713

CAPÍTULO 03........................................................................................................................................... 28

ATUAÇÃO DO MÉTODO PILATES NO TRATAMENTO DE LOMBALGIA GESTACIONAL

Gabriel Coutinho Gonçalves; Giuliana Moura Luz Cordeiro Brasil; Luiz Gustavo Xavier Filho; Gabriella
Peixoto de Araújo Soares; Gabriel Gomes da Silva; Dennys Ramon de Melo Fernandes Almeida; Juliana
Campos Pinheiro; Daniel Felipe Fernandes Paiva; Elisama Ferreira Paiva; Thiago Guedes Teles
DOI: 10.37885/200801137

CAPÍTULO 04........................................................................................................................................... 42

CONTRIBUIÇÕES DA FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA À ATUAÇÃO DOS FISIOTERAPEUTAS


NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) JUNTO A USUÁRIOS SUSPEITOS OU
DIAGNOSTICADOS COM COVID-19

Claudia Silva Dias; Fernanda Warken Rosa Camelier; Mara Lisiane de Moraes dos Santos

DOI: 10.37885/201001859

CAPÍTULO 05........................................................................................................................................... 61

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA

Leuziane Moreira de Oliveira

DOI: 10.37885/201001645

CAPÍTULO 06........................................................................................................................................... 78

AVALIAÇÃO DO RISCO DE LESÃO EM FISIOTERAPEUTAS NO ATENDIMENTO AOS PACIENTES


A NÍVEL AMBULATORIAL

Nathalia Cristina Rodrigues Veloso; Marina de Lima Neves Barros; Erica Patrícia Borba Lira Uchôa

DOI: 10.37885/201001630
SUMÁRIO
CAPÍTULO 07........................................................................................................................................... 90

CONFECCÇÃO DO EQUIPAMENTO DE SUPORTE DE PESO CORPORAL DE BAIXO CUSTO:


AUXÍLIO NA REABILITAÇÃO NEUROLÓGICA INFANTIL

Amadeu Igor Danielowski Seixas de Barros Oliveira; Alice Sá Carneiro Ribeiro

DOI: 10.37885/201001761

CAPÍTULO 08........................................................................................................................................... 99

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM APLICATIVO TECNOLÓGICO COMO COMPLEMENTO


AO ENSINO E PRÁTICA DOS EXERCÍCIOS RESPIRATÓRIOS

Gabriel Coutinho Gonçalves; Gabriel Gomes da Silva; Glória Maria de França; Juliana Campos Pinheiro;
Rafaella Bastos Leite; Luiz Gustavo Xavier Filho; Jabes Gennedyr da Cruz Lima; Dennys Ramon de
Melo Fernandes Almeida; Danielle do Nascimento Barbosa; Anairtes Martins de Melo
DOI: 10.37885/200901379

CAPÍTULO 09......................................................................................................................................... 107

EFEITO DA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA NERVOSA TRANSCUTÂNEA NA REGIÃO PARASACRAL


NA BEXIGA HIPERATIVA

Davi Santana Sousa; Laís Bispo Silva; Yasmin dos Santos; Licia Santos Santana

DOI: 10.37885/201001810

CAPÍTULO 10..........................................................................................................................................115

EFEITOS CARDIOPROTETORES DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE A TOXICIDADE CARDÍACA


INDUZIDA PELO TRATAMENTO DO CÂNCER

Josicléia Leôncio da Silva; Joubert Vitor de Souto Barbosa; Roberto Vinicius Antonino da Costa; Kedma
Anne Lima Gomes; Jéssica Costa Leite
DOI: 10.37885/201101994

CAPÍTULO 11......................................................................................................................................... 128

EQUILÍBRIO E RISCO DE QUEDAS EM PACIENTES COM ATAXIA

Cleonice Garbuio Bortoli; Hélio A. G. Teive; Rauce Marçal da Silva; Soraia Koppe; Kátia Mayumi Konno;
Marise Bueno Zonta
DOI: 10.37885/201001681

CAPÍTULO 12......................................................................................................................................... 138

ESTUDO COMPARATIVO DOS EFEITOS IMEDIATOS DO TENS E DA LIBERAÇÃO MIOFASCIAL


DE HOOVER EM PACIENTES COM LOMBALGIA

Thiago Santos de Araújo; Verônica Gomes dos Santos; Sáskia Furstenberg Thoma; Airlon Nery Ferreira;
Maria Luiza Silva Freitas
DOI: 10.37885/201001677
SUMÁRIO
CAPÍTULO 13......................................................................................................................................... 152

EXERCÍCIO DE VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO (EVCI) NO MANEJO DE DOENÇAS CRÔNICAS

Anelise Sonza; Ana Inês Gonzáles; Amanda da Silva; Aline Reis Silva; Marcia Cristina Moura-Fernandes;
Danubia da Cunha de Sá-Caputo; Mario Bernardo-Filho

DOI: 10.37885/201001716

CAPÍTULO 14......................................................................................................................................... 170

IMPACTO DE UM PROGRAMA FISIOTERAPÊUTICO NA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA E


RESISTÊNCIA FÍSICA EM PACIENTES HEMODIALÍTICOS

José Carlos Molero Junior; Bianca Morais Fischer; Brenda Aparecida da Silva Ferreira; Larissa Vieira
Ramos; Alyne Lima Barbosa; Laercio da Silva Paiva; Ronaldo Bergamo; Fernanda Antico Benetti

DOI: 10.37885/200901546

CAPÍTULO 15......................................................................................................................................... 186

INFLUÊNCIA DA TERAPIA REIKI NA QUALIDADE DO SONO, DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL


E SINTOMAS OSTEOMIOARTICULARES

Filipe dos Santos Silva; Letycia Monteiro Cavalcanti Araújo; Vinícius José Guimarães do Carmo; Tácia
Gabriela Vilar dos Santos Andrade; Dayane Feitoza Rufino; Michele Batista dos Santos; Sabrina
Cavalcanti Claudino; Nylene Maria Rodrigues da Silva
DOI: 10.37885/201001694

CAPÍTULO 16......................................................................................................................................... 197

MODIFICAÇÕES DA DINÂMICA RESPIRATÓRIA EM INDIVÍDUOS COM HEMIPARESIA PÓSACIDENTE


VASCULAR ENCEFÁLICO

Juliana Loprete Cury; Alessandra Rigo Pinheiro; Antonio Fernando Brunetto

DOI: 10.37885/201001746

CAPÍTULO 17......................................................................................................................................... 223

O PAPEL DO FISIOTERAPEUTA DENTRO DA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR EM UNIDADES DE


TERAPIA INTENSIVA

Ana Luiza Nascimento; Danielle de Aquino Zambom; Karla Rocha Carvalho Gresik

DOI: 10.37885/201001806

CAPÍTULO 18......................................................................................................................................... 231

O PROGRAMA SESI GINÁSTICA E A PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS TRABALHADORES


INDUSTRIAIS

Camylla Leite Medeiros

DOI: 10.37885/201001802
SUMÁRIO
CAPÍTULO 19......................................................................................................................................... 244

PERCEPÇÃO DE PACIENTES COM ARTRALGIA PÓS - ARBOVIROSES ACERCA DO TRATAMENTO


FISIOTERAPÊUTICO: RELATO DE DOIS CASOS

Pamela Maria de Lima Tenório; Izabela Cristina Nogueira Mesquita; Abner Vinícius Rolim de Oliveira;
Mylena Cristina Ever de Almeida; Suellen Alessandra Soares de Moraes
DOI: 10.37885/201001811

CAPÍTULO 20......................................................................................................................................... 252

PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS PARA PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA EM TRATAMENTO


ONCOLÓGICO

Érika Kinosita Jacobucci; Mayara Laís de Sousa Nunes; Emília Cardoso Martinez

DOI: 10.37885/201001799

CAPÍTULO 21......................................................................................................................................... 266

TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS DE ATLETAS


PRATICANTES DE FUTEBOL

Bruno Luiz Lau Paixão; Areolino Pena Matos

DOI: 10.37885/201001705

SOBRE O ORGANIZADOR.................................................................................................................... 280

ÍNDICE REMISSIVO............................................................................................................................... 281


01
“ A sobrecarga dos cuidadores
de pacientes com déficit
neurofuncional

Carmen Silvia da Silva Martini


UFAM

Erik Coelho da Costa


UFAM

Mayara Álvares Cabral


UFAM

Aléxia Gabriela da Silva Vieira


UNIFESP

Sabrina Maciel Nascimento


UFAM

10.37885/201001812
RESUMO

OBJETIVO: Avaliar a sobrecarga dos cuidadores de pacientes que apresentam déficit neu-
rofuncional. MÉTODOS: Estudo descritivo, avaliativo e exploratório com abordagem quan-
titativa, realizado pelo Laboratório de Estudos de Neurociências e Comportamento (LENC),
da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas/
UFAM, na cidade de Manaus/AM, aprovado com o CAAE31075814.0.0000.5020. Amostra
composta por três (3) cuidadores (100%), de pacientes com déficit neurofuncional,
atendidos pelo projeto de extensão Atenção ao Paciente com Déficit Neurofuncional
(ADENEURO), avaliados pelo questionário de Zarit Burden Interview reduzida.
RESULTADOS: Indicam um (1) cuidador formal casada apresentando score 21, deter-
minando sobrecarga moderada e, dois (2) cuidadores informais familiar, casados apre-
sentaram score de 74 e 51, indicando sobrecarga severa. CONCLUSÃO: O cuidador com
sobrecarga moderada pode levar uma vida mais saudável, realizando atividade laboral ou
descansando. Mas, os cuidadores com sobrecarga severa podem tornar-se susceptíveis
ao desenvolvimento de incapacidades e dependência com o passar dos anos.

Palavras-chave: Cuidadores, Sobrecarga, Incapacidade.


INTRODUÇÃO

O cuidador presta cuidados a outro indivíduo que está acamado e/ou com limitações
físicas ou mentais, recebendo ou não remuneração. A profissão de cuidador é apreciada
na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, definida como alguém
que cuida cumprindo objetivos focados por instituições, zelando pela saúde, alimentação,
educação, cultura e lazer, da pessoa assistida. (BRASIL, 2008)
A definição de cuidador, é a função desenvolvida por indivíduos adultos e responsáveis
pelo cuidado de homens/mulheres doentes ou dependentes, amparando estes em suas
atividades da vida diária.
O paciente que necessidade de cuidados, normalmente se encontra dependente, ca-
rente, necessita de atenção, dedicação, afeto e respeito, podendo estar em alta vulnera-
bilidade. Deste modo, o cuidador presta o cuidado de forma diferenciada, a partir de seus
conhecimentos e ideias, considerando as peculiaridades e necessidades do indivíduo a ser
cuidado. (BRASIL, 2008)
Ante a prestação do serviço, como cuidador formal ou informal, é de suma importância
que o cuidador acompanhe e auxilie ao indivíduo a se cuidar, mas somente nas ações que
o mesmo não consiga realizar sozinho.
O choque de uma pessoa dependente, por doença crônica, é definido pelo conceito
“burden, burden some, raramente burnout”, usada pela primeira vez por Zarit (1980), rela-
tando sobre os problemas físicos, psicológicos ou emocionais vivenciados pelos familiares
na função de cuidador. Desta maneira, é possível deliberar que sobrecarga é a

“qualidade e quantidade de demanda que vai além da capacidade de desem-


penho do cuidador, por insuficiência técnica ou de tempo e que a pressão e a
responsabilidade no trabalho proporcionam, principalmente, o aparecimento
da exaustão emocional”. (BOAVENTURA et al., p. 3194, 2016)

A síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional, é conhecida como


patologia relacionada à atividade laboral e constituída no Código Internacional de Doenças
(CID 10), pela sigla Z 73.0, é definida como uma reação a tensão emocional de forma crônica
causada por um trabalho envolvente, marcada pelo isolamento, ironia e cinismo. (OMS, 2003)
O objetivo do estudo foi avaliar a sobrecarga dos cuidadores de pacientes que apre-
sentam déficit neurofuncional.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 13


MÉTODOS

Estudo descritivo, avaliativo e exploratório com abordagem quantitativa, realizado


pelo Laboratório de Estudos de Neurociências e Comportamento (LENC), da Faculdade de
Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas/UFAM, na cidade de
Manaus/AM, aprovado com o CAAE31075814.0.0000.5020.
A amostra foi composta por três (3) cuidadores informais (100%), de pacientes com
déficit neurofuncional, sendo todos do sexo feminino, com média de 40 anos de idade.
Os atendimentos foram realizados pelo projeto de extensão Atenção ao Paciente com
Déficit Neurofuncional (ADENEURO), onde os pacientes foram submetidos a tratamento
de fisioterapia.
Os cuidadores foram convidados à participar do estudo, e após assinarem o termo de
consentimento livre esclarecido foram avaliados por um tempo de 20 minutos, pelo ques-
tionário de Zarit Burden Interview reduzida, contendo 22 perguntas, aferindo o impacto das
atividades de cuidados nas esferas física, psicológica e social, onde os escores pontuam
como 0 (nunca), 1 (raramente), 2 (algumas vezes), 3 (frequentemente) e 4 (sempre), onde
a soma das respostas geram um score diretamente proporcional ao nível de sobrecarga do
cuidador, refletindo que quanto maior a pontuação maior o nível de sobrecarga.
O instrumento foi adaptado e validado para o Brasil, que pode ser empregado no curso
do impacto de enfermidades mentais e físicas nos cuidadores, por ser um instrumento fiável,
com boas propriedades para avaliar a sobrecarga associada ao processo de cuidar.
Para análise deste estudo foi construído um banco de dados organizado no aplicativo
microsoft excel 2014.
Os critérios de inclusão foram os cuidadores, de pacientes adultos com doença neu-
rológica, de ambos os sexos, maiores de 18 anos de idade submetidos a avaliação pelo
questionário de Zarit Burden Interview reduzida.

RESULTADOS

No decorrer do estudo foi identificado diferenças de sobrecarga entre os três (3) cui-
dadores. De acordo com a classificação de ZARIT os resultados encontrados indicaram que
um (1) cuidador formal casada apresentou score 21, determinando sobrecarga moderada e,
dois (2) cuidadores informais familiar, casados apresentaram score de 74 e 51, indicando
sobrecarga severa, evidenciando uma menor sobrecarga apenas de 1, dentre três cuidadores.
No que refere a patologia que necessitava de cuidados, foi observado déficit sensó-
riomotor nos pacientes com sequelas pós acidente vascular cerebral, todos usuários de
cadeira de rodas.

14 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


De tal modo, ilustramos os itens e os scores que evidenciam o nível de insatisfação
(Gráficos 1) e o resultado total do questionário de sobrecarga dos cuidadores (Gráfico 2).

Gráfico 1. Evidência de nível de insatisfação

Gráfico 2. Resultado total do questionário

DISCUSSÃO

Os dados resultantes neste estudo, em relação ao cuidador informal familiar, do


sexo feminino e casada, corroboram com diversos estudos (BOAVENTURA et al., 2016;
GUERRA et al., 2017).
Moraes et al. (2019) avaliaram os riscos cardiovasculares e sobrecarga em cuidadores
de pacientes neurológicos, corroborando com nosso estudo ao determinar que os cuidadores

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 15


estavam com média de idade 47 anos e do sexo feminino. Os pacientes com sequelas neuro-
lógicas carecem de mais cuidados e, os cuidadores informais cedem seu tempo e acumulam
múltiplas tarefas que poderão causar o surgimento de doenças vasculares.
Sousa et al. (2020) ao avaliarem a sobrecarga dos cuidadores de Alzheimer, evidencia-
ram o predomínio de mulheres casadas e com idade acima de 40 anos, podendo apresentar
transtornos psicológicos, doenças crônicas e alterações posturais, onde corrobora com
nosso estudo quando aponta que a maioria dos cuidadores apresentam sobrecarga severa.
As alterações posturais podem ser aparentadas em qualquer região da coluna verte-
bral, mas é possível apontar que a coluna lombar, por ser a região que sustenta a maior
parte do peso corporal, acomete a população adulta, com desconforto e lesões, onde são
agravadas pelo excesso de peso carregado pelo cuidador. Essa situação pode ser facil-
mente visualizada no cuidador, apresentando uma rotina de segurar e transferir a criança
ou adolescente ou adulto com disfunção, de um lugar para outro, estando susceptível as
alterações. (QUEIROZ et al., 2018)
Para Gaio et al. (2018), em seu estudo objetivaram avaliar a qualidade de vida do
cuidador de pacientes com doenças neurológicas crônicas que realizam tratamento fisiote-
rapêutico em uma clínica-escola, com a população de cuidadores de paciente neurológico
crônico, de ambos os gêneros, com faixa etária entre 30 e 65 anos. Neste estudo, eles per-
ceberam as dificuldades suportadas pelo cuidador e o impacto gerado na vida de cada um
deles. Mas, concluíram que há a necessidade de se ressaltar e direcionar extrema atenção
aos aspectos de vitalidade, sintomas como a dor relatada pelos cuidadores e a ausência de
informação para lidarem com sua própria vida.
Além disso, Queiroz et al. (2018) aclaram que a ação por cuidados ocasionada pela alta
dependência dos pacientes, pode originar uma comiseração de auto cobrança, limitando o
tempo para cuidar de si mesmos, impactando negativamente no nível de sobrecarga física
e emocional, incluindo a qualidade de vida dos próprios cuidadores.
Ainamani et al. (2020) realizaram um estudo qualitativo de cuidadores formais e infor-
mais de pacientes com demência na zona rural de Uganda, e ressaltaram que esses cuida-
dores possuem sobrecarga pela deterioração cognitiva/física de seus pacientes, induzindo a
gastos físicos, financeiros e sociais. Ainda, relatam que os cuidadores informais suportaram
sobrecarga de cuidado no que envolve os comportamentos problemáticos de seus pacientes
e sequelas psicológicas (estigma, ansiedade/hipervigilância e uso indevido de substâncias).
Além da identificação de sobrecarga de cuidadores, há a necessidade de se implemen-
tar estratégias que possam minimizar as decorrências negativas da sobrecarga de trabalho
físico e mental. Para tal, podemos citar Shaw et al. (2020), que em seu estudo entrevistaram
17 cuidadores e observaram que os mesmos enfrentam múltiplos desafios no cotidiano,

16 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


mas que podem ser beneficiados por treinamentos para uma ergonomia correspondente no
trabalho e redução de artralgias.

CONCLUSÃO

No presente estudo, foi percebido que a mulher é a que cuida, principalmente a que
possui vínculo familiar. E, que o ato de cuidar gera outros atos, pois esta ação faz parte da
essência humana.
Conseguintemente, concluímos que o cuidador com sobrecarga moderada pode levar
uma vida mais saudável, como realizar uma atividade laboral ou simplesmente descansar,
porque se encontra com o seu aspecto físico, social, emocional e financeira consolidada.
Mas, os cuidadores com sobrecarga severa podem tornar-se susceptíveis ao desenvolvi-
mento de incapacidades e dependência com o passar dos anos.
Mas, sugere-se novos estudos complementares e com um maior N da população, en-
volvendo outras áreas de atendimento para que relacionem os achados deste estudo com
resultados futuros.

REFERÊNCIAS
1. AINAMANI, Herbert E. et al. Caring for people with dementia in rural Uganda: qualitative study
of caregiving burden experienced by informal and formal caregivers. Journal of global health
reports, v. 4, 2020.

2. BOAVENTURA, LC; BORGES, HC BOAVENTURA; OZAKI, AH. Avaliação da sobrecarga do


cuidador de pacientes neurológicos cadeirantes adultos. Ciência & Saúde Coletiva, 21(10):3193-
3202, 2016.

3. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Gestão


do Trabalho e da Educação na Saúde. Guia prático do cuidador Série A Normas e Manuais
Técnicos. Brasília: MS; 2008.

4. CAMARGO, G; TUNI, DC; PETZEN, KI; ANJOS, MM; PICCININI, AM. A percepção do cui-
dador frente aos pacientes neurológicos na Clínica Escola de Fisioterapia da Unochapecó.
FisiSenectus, Unochapecó, ano 7, nº2, p.4-11, 2019.

5. GAIO, BB; PRONER, B; KROTH, A. CUIDANDO DO CUIDADOR: O IMPACTO NA VIDA DO


CUIDADOR DE PACIENTES NEUROLÓGICOS CRÔNICOS. Unoesc & Ciência - ACBS Joa-
çaba, v. 9, n. 1, p. 45-52, 2018.

6. GUERRA, HS; ALMEIDA, NAM; SOUZA, MR; MINAMISAVA, R. A sobrecarga do cuidador


domiciliar. Revista Brasileira Promoção Saúde, Fortaleza, 30(2): 179-186, 2017.

7. QUEIROZ, D; BRITO, C; MAGALHÃES, M; PEREIRA, E; PERES, T. Prevalência de lombalgia


e incapacidade funcional em cuidadores de crianças e adolescentes com paralisia cerebral.
Revista Inspirar-Movimento & Saúde, v.15, n. 45, 2018.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 17


8. MORAES, JG.; CRESPO, JMFS, TERRA, SO; SOARES, EV; MONTEIRO, NA. Avaliação dos
Fatores de Risco dos Cuidadores de Pacientes Neurológicos. Perspectivas Online: Biológicas
& Saúde, v. 9, n. 31, p. 34-45, 2019.

9. Organização Mundial da Saúde (OMS). CID10: classificação estatística internacional de do-


enças e problemas relacionados à saúde. 9. ed. São Paulo: EDUSP, 2003.

10. SOUSA, SML; FERREIRA, DF; GONÇALVES, LHT; POLARO, SHI; FERNANDES, DS. Sobre-
carga do cuidador familiar da pessoa idosa com Alzheimer. Enfermagem Brasil;19(3):246-252,
2020.

11. SHAW, Amy L. et al. Family Caregiver Perspectives on Benefits and Challenges of Caring for
Older Adults With Paid Caregivers. Journal of Applied Gerontology, p. 0733464820959559,
2020.

18 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


02
“ A terapia do espelho no
tratamento fisioterapêutico de
pacientes pós acidente vascular
cerebral: revisão sistemática

Thayana Fernanda da Silva Oliveira


UNINASSAU

Ana Priscila Santos Moraes


UNINASSAU

Márcio Eduardo Silva Alves


UNINASSAU

Maria Cristina Damascena dos Passos


Souza
UNINASSAU

Vinicius de Queiroz Gomes


UNINASSAU

10.37885/201001713
RESUMO

Objetivo: Revisar sistematicamente a literatura acerca da eficácia da utilização da téc-


nica TE como forma de tratamento em pacientes no pós AVC. Métodos: Este estudo
trata-se de uma revisão sistemática da literatura. Sendo utilizadas as seguintes bases de
dados: MEDLINE, PubMed, LILACS, SciELO e PEDro, incluindo-se as publicações entre
os anos de 2014 e 2019, nos idiomas Português e Inglês. Foram utilizadas as Palavras-
chaves: Fisioterapia, Acidente Vascular Cerebral, Neurônios-Espelho e Reabilitação.
Resultados: A partir da análise das produções científicas, foi possível verificar que
houve uma redução do grau de paresia, passando de severa a moderada com a TE.
Quando a técnica é associada a outras terapias como a mobilização passiva, há uma
melhora semelhante também na função motora. Considerações finais: Ao ser utilizada
a técnica TE, nos estudos em evidência, nota-se que ela é bastante eficaz para pacien-
tes com sequelas dessa patologia, pois traz diminuição do grau de paresia de severa
para moderada e também grande melhora em pacientes na fase subaguda, porém, essa
técnica em conjunto com a mobilização passiva, alongamento e cinesioterapia também
traz resultados significativos em pacientes com AVC crônico.

Palavras-Chave: Acidente Vascular Cerebral, Fisioterapia, Neurônios-Espelho, Reabilitação.


INTRODUÇÃO

Segundo a World Health Organization (2014), as doenças cerebrovasculares, como por


exemplo, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), ocupam o segundo lugar do ranking mundial
no que se refere às principais causas de mortes. A nível nacional, a doença representa a
primeira causa de morte e incapacidade, de acordo com a Academia Brasileira de Neurologia
(ABN). Existem alguns fatores de risco que não são passíveis de alteração, como o sexo,
a idade e doenças congênitas do coração. Porém, há outros fatores que, por meio de uma
mudança no estilo de vida, podem evitar um futuro AVC, como hipertensão arterial, tabagismo,
ingestão de bebidas alcoólicas, drogas, dieta, colesterol e sedentarismo. (SAID et al., 2016).
O AVC se desenvolve por um distúrbio focal e às vezes global da função cerebral,
que corresponde a um tempo maior que 24 horas, ocasionando rapidamente na vítima a
aparição de sintomas. Dependendo da região onde ocorre a interrupção do fluxo sanguíneo,
pode ocorrer variação nos efeitos, indo desde a perda significativa da função, evoluindo
para a recuperação completa, até um comprometimento mais permanente e com limitações
funcionais que comprometeriam o desenvolvimento das atividades diárias das pessoas
(THIEME et al., 2018).
Não há apenas déficits físicos, o AVC pode trazer como sequelas prejuízos na questão
emocional e na percepção, e às vezes, essas alterações de percepção resultam em dor,
implicando na dependência desses pacientes. A Terapia de espelho, definida como o uso de
um espelho reflexo de movimentos de membros não afetados sobrepostos na extremidade
afetada, surge como uma forma de tratamento que é usada para auxiliar nesses problemas
de percepção (CASTRO et al., 2018; CORBETTA et al., 2018).
Segundo Rezende et al. (2014), tradicionalmente, após um AVC, a reabilitação por
meio da fisioterapia convencional prioriza a avaliação e tratamento de comprometimentos
neurológicos primários, incluindo a fraqueza muscular do hemicorpo contralateral à lesão
cerebral (hemiparesia) e a presença de sinergismo anormal que compromete o controle dos
movimentos. Na tentativa de atenuar os déficits sensório- motores e acelerar o processo de
recuperação funcional, atualmente a técnica de terapia do espelho (feedback visual espe-
lhado), introduzida por Ramachandran e Rogers (1992) para o tratamento de pacientes com
dor fantasma, é utilizada para o tratamento da hemiparesia pós-AVC.
A técnica da terapia do espelho (TE) ou técnica Mirror Visual Feedback (MVF) foi de-
senvolvida originalmente por por Vilayanur Subramanian Ramachandran e Diane Rogers-
Ramachandran. Ramachandran é um neurocientista indiano, diretor do Centro do Cérebro e
da Cognição da Universidade da Califórnia, em San Diego e originalmente procurava diminuir
a dor e o desconforto percebidos em pacientes com membros fantasmas. Eles utilizavam a

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 21


sobreposição visual da imagem do membro intacto com o membro fantasma utilizando um
espelho, num processo de feedback visual (MEDEIROS et al., 2014).
Durante a TE, os pacientes são orientados a posicionarem o seu membro que não foi
acometido ao lado de um espelho, enquanto que o membro afetado pela lesão fique oculto
no interior de uma caixa de espelhos. Essa técnica se baseia na ativação do sistema de
neurônios espelho por meio do feedback visual gerado durante a terapia, de modo a esti-
mular a neuroplasticidade cerebral. Na figura 1 pode-se observar a aplicação da terapia do
espelho em paciente após AVC (LIMA, 2019).
Através do uso repetido da terapia do espelho, o paciente tende a se tornar menos
ansioso a respeito da movimentação do membro acometido pela lesão, o que permite o au-
mento da movimentação e permitindo a progressão do processo de reabilitação (LIMA, 2015).

Figura 1. Aplicação da Terapia do Espelho. Fonte: Ferreira (2016).

De acordo com Fagundes (2017), o AVC representa um problema na saúde pública


mundial, e apesar de avanços obtidos pela medicina, ainda consiste em um longo trabalho
para a recuperação dos pacientes, o que poderia ser minimizado se medidas preventivas
da doença fossem trabalhadas no setor primário.
Tendo em vista que essa doença está acontecendo cada vez de forma mais frequente,
e que enfatizamos técnicas de baixo custo e de fácil utilização para o tratamento desses
pacientes, esta revisão sistemática da literatura tem como objetivo: analisar as evidências
científicas encontradas na literatura acerca da aplicação da técnica de Terapia do Espelho
como uma forma de tratamento dos pacientes com sequelas pós Acidente Vascular Cerebral.

OBJETIVO

Identificar, por meio de uma revisão sistemática da literatura, com estudos dos últimos
6 anos, a eficácia da utilização da técnica de terapia do espelho em pacientes como forma
de tratamento no pós Acidente Vascular Cerebral.

22 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


MÉTODOS

A técnica metodológica utilizada para a realização desse estudo foi uma revisão siste-
mática da literatura, onde foram utilizadas as seguintes bases de dados: National Library of
Medicine (MEDLINE–PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde
(LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Physiotherapy Evidence DatDatab
(PEDro) e revistas eletrônicas de saúde. Com os anos de publicações entre os anos de
2014 e 2019, nos idiomas Português e Inglês. Foram utilizados os descritores: Fisioterapia,
Acidente Vascular Cerebral, Neurônios- Espelho e Reabilitação.
Para a pesquisa, inicialmente, foram lidos cada título e resumo, sendo selecionados
286 artigos nos banco de dados. De acordo com os critérios de exclusão, foram descartados
280 artigos, pois não agregavam valor à pesquisa, não abordavam sobre a técnica da terapia
do espelho no tratamento pós acidente vascular cerebral e/ou contemplava outras áreas da
saúde. Outro critério, foram os artigos que não permitiam acesso completo. Sendo assim,
restaram 06 artigos que cumpriam os requisitos empregados às informações de relevân-
cias tais como: título do artigo, ano de publicação, base de dados, objetivos, metodologia,
resultados e conclusões.
Selecionado por elegibilidade, estudos publicados nos 6 últimos anos, que referencia-
vam a intervenção da fisioterapia no tratamento pós AVC, que incluíam terapia do espelho.
Inseridos também na pesquisa, os estudos experimentais e ensaios clínicos randomizados
envolvendo seres humanos que apresentassem alguma modalidade de intervenção de re-
cursos fisioterapêuticos no tratamento pós AVC.
O Fluxograma 1 apresenta o número de artigos selecionados em cada base de dados
para se chegar à amostra final.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 23


Fluxograma 1. Identificação e seleção dos artigos para revisão sistemática.

Publicações seleciona-
das para revisão: 6

Fonte: os autores.

RESULTADOS

No processo de busca nas bases de dados foram identificados 286 trabalhos. No en-
tanto, na presente revisão sistmática, analisou-se seis artigos que atenderam aos critérios
de inclusão previamente estabelecidos.
Os seis artigos que constituem a amostra final desta revisão foram lidos na íntegra,
analisados quanto aos aspectos metodológicos e abordagem da temática levantada, e ca-
talogados no quadro a seguir.

24 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Quadro 1. Análise dos artigos segundo autor, título, média de idade, gênero, objetivo, recurso fisioterapêutico e resultados
principais.

MÉDIA DE RECURSO FISIOTERAPÊU-


AUTOR TÍTULO GÊNERO OBJETIVO RESULTADOS PRINCIPAIS
IDADE TICO

Avaliar os efeitos da
aplicação da terapia
de espelho por
Efeito da terapia
meio de atividades A TE é mais benéfica quando
de espelho por
funcionais e padrões está associada a outras tarefas
meio de atividades
motores do movi- Cinesioterapia, alongamen- específicas, porém, existe
Medeiros et al., funcionais e padrões A partir de
Ambos mento na função to, mobilização articular e uma melhora funcional com a
(2014) motores na função 18 anos
motora do membro Terapia do espelho. aplicação da terapia de espelho
do membro superior
superior de hemipa- independente da utilização de
pós-acidente vascular
réticos crônicos pós- outras tarefas.
encefálico.
Acidente Vascular
Encefálico
(AVE).

Constatou-se, uma melhora na


motricidade grossa, princi-
palmente da articulação do
ombro, aumento da função
Investigar a melhora
Análise da atividade motora, melhora na realização
da motricidade do
motora em hemi- das AVD’s, melhora referente à
Lima et al., Acima de membro superior
plégicos submetidos Ambos Terapia do espelho. mobilização passiva dasarti-
(2015) 18 anos comprometido de
à terapia espelho: culações, melhora do quadro
dois indivíduos
relatos de casos. álgico. A técnica também ofe-
acometidos por AVC.
rece melhora da sensibilidade
desses pacientes. Contudo, não
houve melhora na coordena-
ção.

A melhoria na função motora


proporcionada pela TE foi
semelhante à melhoria pro-
Determinar a porcionada pela mobilização
eficácia da TE nos passiva. Já na função sensorial,
Mirror therapy in
sobreviventes de embora não tenha sido
chronic stroke sur-
AVC crónico com Mobilização passiva, terapia detectada nenhuma melhoria
Colomer;Noé; vivors with severely
- Ambos comprometimento convencional e Terapia do significativa na cinestesia e na
Llorens (2016) impaired upper limb
de membro superior Espelho. estereognosia, a TE forneceu
function: A randomi-
severo em compara- uma melhoria estatisticamente
zed controlled trial.
ção com a mobiliza- significativa na sensação tátil,
ção passiva. para a sensibilidade superficial,
em comparação com resulta-
dos obtidos
pelo Grupo Controle.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 25


MÉDIA DE RECURSO FISIOTERAPÊU-
AUTOR TÍTULO GÊNERO OBJETIVO RESULTADOS PRINCIPAIS
IDADE TICO

Houve melhora na função


motora, na coordenação/ve-
locidade,na sensibilidade, no
movimento articular passivo e
na dor articular no pós trata-
mento. O paciente apresentou
ganhos significantes sobre a
força de preensão e coorde-
Verificar a influência nação motora, bem como a
de um protocolo facilitação dos movimentos
Terapia espelho de Terapia Espelho do membro parético. A TE
Média de Exercícios ativos e terapia do
Fagundes et em hemiparéticos Ambos sobre a Funcionali- promoveu melhores resultados
52,75 anos espelho
al. (2017) crônicos: análise dade de pacientes em relação à sensibilidade,
funcional. com sequelas de movimentação ativa, coorde-
Acidente vascular nação, força de preensão e
encefálico. precisão bem como agilidade
do membro superior parético
de indivíduos com AVE. Ob-
teve-se ganho na capacidade
funcional do membro superior,
com evidências de melhora de
força, movimentação ativa e
coordenação se comparados à
fisioterapia convencional.
Com a TE melhorou-se signi-
Função motora me- Avaliar os efeitos da ficamente a função motora
lhora em pacientes Terapia Espelho (TE) do membro superior afetado,
18 e 70
Silveira et al. pós acidente vascular na função motora principalmente nas questões
anos Ambos Terapia do espelho.
(2017) cerebral submetidos de indivíduos hemi- da movimentação passiva e
à terapia espelho. paréticos em fase controle de punho. Houve
crônica de AVE. melhora também na coordena-
ção motora.
Foi possível melhorar mo-
deradamente o movimento
dos membros superiores e
inferiores afetados, melhorar a
função motora, AVD’s e reduzir
a dor, porém o efeito nocivo
Resumir a eficácia
causado por negligência visual
da terapia com
espacial foi mantido. Há tam-
espelho em compa-
bém um alívio da hemiparesia
ração com nenhum
após o AVC. Atuando junto à
tratamento, placebo
terapia de rotina, pode me-
ou terapia simulada,
lhorar a função motora para o
ou outros tratamen-
Mirror therapy for derrame epidérmico. Em rela-
Thieme et al. Média de Ambos tos para melhorar a
improving motor Terapia do espelho. ção aos sintomas não motores,
(2018) 59 anos função motora e o
function after foram encontrados efeitos
comprometimento
stroke (Review). significativos no comprometi-
motor após o AVC.
mento somatossensorial após
Avaliar também
o AVC. Uma das vantagens da
efeitos da terapia de
terapia com espelho é a admi-
espelho nas ativida-
nistração relativamente
des da vida diária,
fácil e a possibilidade de
dor e negligência
terapia domiciliar autoadmi-
visuoespacial.
nistrada, mesmo para pessoas
comdéficits motores severos.
Em comparação a outras inter-
venções, houve redução
da dor e melhora da função
motora com a utiliza

DISCUSSÃO
No estudo proposto, foram realizados os cruzamentos das técnicas que envolvem a
terapia do espelho (TE) e outras intervenções relacionadas ao tratamento dos pacientes pós
acidente vascular cerebral. Os resultados segundo a análise de Pereira (2017), cuja proposta

26 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


foi avaliar e elaborar diretrizes de orientações, após realizar com dois grupos controles de
ambos os sexos, obteve um resultado de valia para os pacientes onde houve uma redução
do grau de paresia, passando de severa a moderada com a TE.
Partindo dos princípios fundamentais para a comparação entre a TE e outras técnicas,
Branco (2016), enfatizou que um programa que utiliza as duas técnicas no período de 4
semanas, 3 vezes por semana (1hora/sessão) obteve um efeito positivo nos pacientes com
AVC, principalmente na fase subaguda. Quando se trata de pacientes com AVC crônico, o
estudo de Colomer et al. (2016), reafirma uma melhora semelhante quando a TE é associada
a outras terapias tais como mobilização passiva, utilizada em seu estudo, onde 31 pacientes
participaram das intervenções divididos em 2 grupos, em seu protocolo foram realizados 24
sessões com duração de 45 minutos por três dias por semana.
Várias técnicas são aplicadas em pacientes que sofreram AVC, no estudo de Medeiros
et al. (2014), um fator interessante pode ser constatado no decorrer da abordagem, onde os
6 participantes foram divididos em 2 grupos, cada um com 3 pacientes, combinando a TE e
outras técnicas com alongamento, cinesioterapia e mobilização articular, seguido um pro-
tocolo de 15 sessões realizadas 3 vezes por semana com duração 50 minutos. No final, os
resultados não tiveram significâncias estatísticas nos grupos separados. Mas, após analisar
os grupos como um só, de seis pacientes, puderam verificar uma melhora no comprometi-
mento funcional diante da TE.
Ao confrontar autores que fizeram avaliações exclusivamente com TE, constatou- se no
estudo de Silveira et al. (2017), que em seu protocolo aplicaram 2 fichas para avaliação dos
pacientes, uma de identificação dos pacientes e outra para função motora, no período de 12
sessões, com frequência de 3 vezes por semana com duração de 40 a 60 minutos. No final,
foi observada uma melhora significativa na função motora.
Sabemos que o AVC compromete as funções motoras essenciais para atividade simples
de qualquer pessoa. Corroborando com Silveira et al (2017), sobre a TE, como protocolo
exclusivo para pacientes que sofreram AVC, o estudo de Fagundes et al. (2017) obteve uma
influência na funcionalidade do membro afetado onde foi aplicado a TE durante 12 sessões,
três vezes por semana com duração 3 minutos e 1 para descanso entre os movimentos. Para
obter um resultado eficaz, foi realizada uma avaliação antes e após o protocolo proposto
aos 8 pacientes envolvidos no estudo.
Levando em consideração só a técnica TE usada no estudo de Silva et al. (2015), pô-
de-se avaliar um dado relevante em seu estudo, foi utilizado em seu protocolo 3 avaliações
que em tempos distintos; no pré-tratamento, pós-tratamento e follow-up (3 meses após o
término da terapia). Os 13 participantes foram divididos em 2 grupos (PM: padrões Motores)

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 27


e (AE: atividades especificas).Onde puderam trabalhar com a TE, obtendo assim um resul-
tado eficaz nos pacientes PM em relação AE.

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo mostra o uso da técnica de terapia do espelho associada a outras


formas de tratamento em pacientes pós AVC. Ao ser utilizada a técnica da terapia do espelho
nos estudos em evidência nota-se que ela é bastante eficaz para pacientes com sequelas
da doença, pois traz diminuição do grau de paresia de severa para moderada e também
grande melhora em pacientes na fase subaguda, porém essa técnica em conjunto com a
mobilização passiva, alongamento e cinesioterapia também traz resultados significativos em
pacientes com AVC crônico.
Vale também ressaltar que essa técnica aplicada para esses pacientes promove be-
nefícios para a função motora no pós AVC, já que é a seção mais acometida. Nos artigos
encontrados para essa revisão, observa-se um potencial enorme para essa técnica da tera-
pia do espelho no ramo da fisioterapia, sugere-se então mais estudos que visem de forma
detalhada a Terapia do espelho como técnica para as sequelas de AVC.

REFERÊNCIAS
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R$ 437 mi. Ministério da Saúde. Disponível em: http://www.cadastro.abneuro.org/site/conteudo.
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Acesso em: 11 mar. 2019.

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rely impaired upper limb function: a randomized controlled trial. European Journal of Physical
and Rehabilitation Medicine. vol.52, n.3, p.271-278, 2016. Disponível em: http://hdl.handle.
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5. CORBETTA, D. et al. Mirror therapy for an adult with central post-stroke pain: a case report.
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28 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


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7. FERREIRA, F. S.; A Influência da terapia do espelho nos membros superiores em pacientes


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11. PEREIRA, C. I.. Terapia do espelho no doente com hemiparesia pós AVC: revisão sistemática
da literatura, 2017. Relatório final de mestrado – Escola Superior de Saúde de Viseu, Portugal,
2017, 58f. Disponível em: https://repositorio.ipv.pt/handle/10400.19/4765. Acesso em 10 mar
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12. REZENDE, N. S. et al. Efeitos da terapia do espelho no tratamento de pacientes pós acidente
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do Rio Verde, Três Corações, v. 12, n. 1, p. 231-237, jan./jul. 2014. Disponível em: doi :http://
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13. SAID, P, C, Z, M; SOARES, T, R, S. Avaliação da influência da Terapia do Espelho nas limi-


tações funcionais em pacientes hemiparéticos pós Acidente Vascular Encefálico. Arquivos do
MUDI, v. 20, n.2, p. 56-71, 2016. Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/
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para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia - Faculdade de Ciências da Saúde do
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15. SILVEIRA, J. et al. Função motora melhora em pacientes pós-acidente vascular cerebral sub-
metidos à terapia espelho. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v.
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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 29


17. WORLD HEALTH ORGANIZATION. (WHO). The top 10 causes of death. Geneva; 2014. Dis-
ponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/em. Acesso em 13 mar 2019.

30 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


03
“ Atuação do método pilates
no tratamento de lombalgia
gestacional

Gabriel Coutinho Gonçalves Dennys Ramon de Melo Fernandes


UECE Almeida
UFRN
Giuliana Moura Luz Cordeiro Brasil
UFRN Juliana Campos Pinheiro
UFRN
Luiz Gustavo Xavier Filho
UFRN Daniel Felipe Fernandes Paiva
UNICAMP
Gabriella Peixoto de Araújo Soares
UFRN Elisama Ferreira Paiva

Gabriel Gomes da Silva Thiago Guedes Teles


UFRN

10.37885/200801137
RESUMO

A gestação trata-se de um processo fisiológico e natural na vida da mulher, sempre


acompanhada de diversas alterações fisiológicas hormonais, mecânicas e psicológicas.
diante dessas mudanças, o pilates surge como um dos métodos mais efetivos nas al-
terações corporais, utilizando-se de seis princípios tais como, concentração, controle,
“centramento”, consciência, respiração, movimento harmônico. O objetivo do presente
estudo foi realizar uma revisão bibliográfica, retrospectiva e secundária, avaliando os
efeitos do método pilates no tratamento da lombalgia gestacional. O Pilates é o método
que possui mais técnicas eficientes, tanto para tratamento, a curto e longo prazo, pois
utilizam a contração dos músculos multífidos e transverso abdominal associado à respi-
ração. Dados desvelados mostram que sentiram-se satisfeitos com as técnicas utilizadas
no tratamento da lombalgia, tal afirmativa esta relacionada à facilidade e adaptação dos
pacientes a tal método. Apesar de tamanhos benefícios, a literatura mostrou que há con-
tra indicações, tais como, exercícios no segundo e terceiro trimestre na posição supina,
devendo os mesmos serem executados em outra postura. Segundo esta pesquisa, o
método Pilates é eficiente na prevenção e redução das complicações gravídicas no que
diz respeito as lombalgias, havendo, entretanto, algumas contra indicações relativas
apenas ao período gestacional. Observou-se ainda a escassa bibliografia sobre o tema,
e as existentes ainda são poucas e fragmentadas. Nesse sentido, é importante que mais
fisioterapeutas desenvolvam pesquisas quantitativas e qualitativas na busca por mais
informações sobre a aplicação desta técnica na paciente gestante.

Palavras-chave: Lombalgia Gestacional, Fisioterapia na Lombalgia, Método Pilates.


INTRODUÇÃO

A gestação trata-se de um processo fisiológico e natural na vida da mulher, acompa-


nhado de diversas alterações fisiológicas hormonais, mecânicas e psicológicas. No qual se
devem às necessidades funcionais e metabólicas do organismo e se fazem indispensáveis
para que a gravidez aconteça e chegue a termo (MARTINS, SILVA, 2005). A ocorrência de
lombalgias é considerada muito frequente nesse período e se agrava nos últimos meses da
gravidez. Isso se deve ao centro de gravidade que se modifica com o avanço da gestação, e
a região lombar acentua sua curvatura com o crescimento uterino frontal (LIMA, 2011). Nesta
perspectiva, o cuidado na atenção pré-natal apresenta-se como de suma importância, de-
vendo incluir a qualidade da assistência; a atenção centrada na gestante (ZAMPIERI, 2006).
Os efeitos das lombalgias ocorridas durante o período gravídico se não tratados de
maneira adequada, seguirão mesmo após o parto, ocasionado danos das mais diversas
naturezas (STEPHENSON, 2004). Partindo da ideia de assistência à qualidade de vida da
gestante, o Pilates surge como um dos métodos mais efetivos na melhora das alterações
corporais gravídicas. Este método utiliza seis princípios, sendo eles: concentração, contro-
le, “centramento”, consciência, respiração, movimento harmônico (SACCO, 2005). É uma
técnica dinâmica que visa trabalhar força, alongamento e flexibilidade, preocupando-se
em manter as curvaturas fisiológicas do corpo e tendo o abdômen como centro de força, o
qual trabalha constantemente em todos os exercícios da técnica, realizados com poucas
repetições (SACCO, 2005).
Os aparelhos, dotados de um mecanismo de molas e elásticos que colocam uma
maior resistência ou facilitam a execução de movimentos e simulam situações rotineiras
da atividade física, apresentam diferentes graus de dificuldade, podendo então, ocorrer
uma evolução do indivíduo praticante, na medida em que se aperfeiçoa, visando alcançar a
posição de máximo esforço e eficiência para aquele exercício (SACCO, 2005). A aplicação
de exercícios específicos para gestantes e o Pilates auxilia no controle de peso, melhora as
condições das estruturas de sustentação do corpo que se faz através da manutenção da
postura de adaptações biomecânicas mais eficientes (FABRIN, CRODA, OLIVEIRA, 2011;
LIMA; OLIVEIRA, 2005).
O Pilates na gravidez tem como foco a estabilidade da musculatura postural e do as-
soalho pélvico, o fortalecimento e alongamento suave dos músculos. Praticando o Método
Pilates a grávida melhora a concentração, a força postural, equilíbrio, coordenação e a qua-
lidade dos movimentos sem sobrecarregar as articulações, desenvolvendo um excepcional
relacionamento com o seu corpo, prevenindo dores musculares, principalmente a lombalgia
(ENDACOTT, 2007). É muito importante a aquisição de novos hábitos posturais, a realização
de exercícios terapêuticos por fisioterapeutas, por terem o conhecimento fisiopatológico das

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 33


disfunções osteomioarticulares, onde são responsáveis por aplicar técnicas de relaxamento
que proporcionam uma melhor preservação da musculatura (STEPHENSON, 2004). Nesse
sentido, o fisioterapeuta se apresenta como um profissional da área da saúde capaz de con-
tribuir com a melhora da qualidade de vida da gestante, amenizando suas queixas, através
de um programa educativo e terapêutico (STRASSBURGER; DREHER, 2006). O objetivo
do presente estudo foi realizar uma revisão bibliográfica, retrospectiva e secundária, ava-
liando os efeitos do método pilates no tratamento da lombalgia gestacional, uma vez que
o número de publicações a respeito do tema ainda é incipiente, e considerando, também,
que um percentual elevado das gestantes sofrem de lombalgia. As informações sintetizadas
neste estudo poderão contribuir para o enriquecimento de pesquisas dentro deste contexto
no meio científico.

METODOLOGIA

Trata-se de um artigo de revisão de literatura. Os descritores utilizados foram, gestação,


fisioterapia, dor lombar e técnicas de exercício e de movimento. A busca forneceu um total
de 33 estudos. Os resumos foram lidos e avaliados pelos autores e categorizados como
relevantes com base nos seguintes critérios de inclusão, disponibilidade do texto integral,
publicação nas línguas portuguesa e inglesa e detalhamento metodológico evidenciando a
importância da atuação do método pilates no tratamento de lombalgia gestacional. Ademais,
os artigos que não apresentaram os critérios citados anteriormente foram excluídos do estudo.

RESULTADOS

Os trabalhos selecionados nas bases de dados foram identificados, de acordo com o


título, síntese, autor, ano e periódico. Demonstrando assim as possibilidades do tratamento
da lombalgia gestacional com o método Pilates (Tabela 1).

34 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Tabela 01. Identificação e proposta das publicações.
Título Síntese Autor e ano Periódico
O objetivo foi calcular a prevalência da
lombalgia em gestantes do município de
Itabuna, Bahia, investigando a relação da
lombalgia gestacional com as atividades
domésticas. Os resultados foram que de 124
gestantes, 48,2% sofriam de lombalgia, e
Prevalência da lombalgia
delas 78 faziam atividades domesticas, sendo
e sua associação com
que 22,6% sentiam dor quando lavavam SILVA; CARVALHO, Revista Baiana
atividades domésticas em
roupas. Conclui-se que, o fato de a lombalgia 2012. de Saúde Pública
Gestantes do município
ser um acometimento frequente entre essa
de itabuna, Bahia
população, há a necessidade de programas
educacionais que visem à atenuação ou
mesmo prevenção dessa alteração, a fim de
proporcionar maior conforto à gestante e evitar
o aparecimento de maiores complicações
musculoesqueléticas.
O Objetivo foi determinar a prevalência
de lombalgia e descrever suas principais
características em gestantes. Os resultados
foram de que 73% sentiam dores na
lombar. A lombalgia foi mais frequente em
Lombalgia gestacional:
mulheres que apresentaram lombalgia
prevalência e SANTOS; Arquivo Brasileiro de
prévia e naquelas que estiveram grávidas
características de um GALLO, 2010. Ciências da Saúde
pela primeira vez. Concluiu-se assim que
programa pré-natal
a lombalgia é um achado comum em
gestantes, com características específicas e
fatores agravantes que podem ser facilmente
identificados e tratados durante a rotina pré-
natal.
Teve como objetivo descrever os recursos
fisioterapêuticos e avaliar as suas influencias
nas algias decorrentes das alterações
Influências das técnicas posturais gestacionais. Os resultados foram Ensaios e Ciência:
FABRIN; CRODA;
de fisioterapia nas algias que existem vários recursos, inclusive que o Ciências Biológicas,
OLIVEIRA, 2010.
posturais em gestantes Pilates que tem resultado comprovado para Agrárias e da Saúde.
diminuição das algias. Concluiu-se que os
todos os recursos tinham resultados benéficos
no tratamento de lombalgia gestacional.
A lombalgia é uma queixa comum durante
a gravidez devido às adaptações que o
organismo sofre para acomodar o feto.
Ocorrem assim alterações músculo-
esqueléticas, como o aumento das curvas
Tratamento torácica e lombar, e a alteração do eixo da
hidroterapêutico na dor bacia, propiciam o surgimento da dor lombar. SEBBEN, 2011. Revista Perspectiva
lombar em gestantes O objetivo é conhecer a hidroterapia nos
benefícios da gestação. E os resultados foram
uma redução total da dor lombar referida pelas
gestantes. Concluiu-se que diminui a dor,
influenciando no bem-estar, na auto-estima e
na qualidade de vida destas pacientes.
Teve como objetivo avaliar o efeito da
Reeducação Postural Global no tratamento
da lombalgia durante a gravidez e sua relação
Lombalgia durante com limitações funcionais das gestante. A
a gestação: eficácia pesquisa foi feita em um grupo que referiu
GIL; OSIS; Revista Fisioterapia
do tratamento com diminuição da dor, comparada a um grupo
FAÚNDES, 2014. e Pesquisa
reeducação postural que não realizou reeducação postural
global (rpg) global. Conclui-se que pode dar importante
contribuição no tratamento da dor lombar
durante a gestação, reduzindo, ao mesmo
tempo, as limitações funcionais.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 35


Título Síntese Autor e ano Periódico
O objetivo foi de verificar a correlação entre
a dor lombar e as alterações posturais em
gestantes. Os resultados foram que existe
a relação da idade gestacional, onde a
prevalência de dor lombar foi maior nas
gestantes com até 13 semanas. Com
Correlação entre a dor relação às modificações da curvatura da
Arquivos Brasileiros de
lombar e as alterações coluna lombar, não foi possível estabelecer CORTEZ, 2012.
Ciências da Saúde
posturais em gestantes correlação estatisticamente significativa das
alterações posturais apresentadas com a
presença da dor lombar no período gestacional
pela analise da postura de todas as mulheres.
Concluiu-se que não houve correlação entre a
sintomatologia de dor lombar e as alterações
posturais no período gestacional.
Teve como objetivo determinar a prevalência
dos tipos de lombalgia e suas características
em gestantes. Os resultados foram que as
gestantes analisadas 95,23% relataram
dor lombar durante a gestação, sendo que
71,43% apresentavam-na antes da gestação.
A maioria das gestantes 57,14 % relataram
Lombalgia gestacional:
sentir dor com duração superior a 60 minutos.
prevalência e
A combinação de dor lombar com dor pélvica GOMES et al., 2013. Revista Dor
características clínicas em
posterior foi verificada em 66,65% das
um grupo de gestantes
gestantes, e 28,58% apresentaram somente
dor lombar. Concluiu-se que existe uma
alta prevalência de lombalgia nas gestantes
analisadas, demonstrando ser fundamental o
emprego de medidas educativas, preventivas
e reabilitadoras, devido ao impacto negativo
que as alterações das alterações posturais.
Teve como objetivo acompanhar a adaptação
da curvatura lombar e da inclinação do tronco
durante o período gestacional e após o parto.
Como resultados, o grupo de voluntários
analisadas apresentou aumento significativo
Curvatura lombar e da curvatura na região lombar e inclinação
inclinação do tronco significativa posterior do tronco. Durante Revista Ciências
BENETTI, 2005.
durante o período o pós-parto, observaram-se as reduções Médicas
gestacional da lordose e em relação ao tronco houve
mudança para inclinação anterior. Concluiu-
se que as alterações durante a gestação
foram acentuação da lordose e inclinação
posterior do tronco, sendo que no período
pós-parto existiu uma tendência inversa.
O objetivo foi verificar a eficácia de uma
órtese caseira de baixo custo para lombalgia
em grávidas. A media do aparecimento da
Estudo experimental dor surgiu aproximadamente com 5 meses,
da eficácia de uma 100% das grávidas apresentaram melhora
Revista Paraense
órtese caseira de significativa da escala visual analógica. após DIAS, 2011.
de Medicina
Baixo custo para lombalgia o uso da órtese. Concluiu-se que é uma
Em grávidas queixa frequente das grávidas, a lombalgia no
período gestacional é muito pouco explorada.
E essas dores influenciam de modo negativo
na qualidade de vida das grávidas.
Objetivo analisar o impacto nos fatores
psicossociais de gestantes com queixas de
lombalgias associada à falta de atividade
Prevalência de lombalgias
física antes da gravidez. Os resultados foram
e inatividade física: o
que a dor lombar foi de 75%, relacionando a
impacto dos fatores
dor com os fatores psicossociais. Também RODRIGUES, 2011. Revista Einstein
psicossociais em gestantes
percebeu-se que 53% das mulheres que
atendidas pela estratégia
sentiam dor lombar não praticavam atividades
de saúde da família
físicas antes da gravidez. Concluiu-se que
a falta de atividade física é uma causa da
lombalgia gestacional e interfere nos fatores.

36 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Título Síntese Autor e ano Periódico
O objetivo foi revisar a literatura científica
sobre a avaliação clínica, classificação,
prevenção e tratamento da lombalgia
gestacional. Onde percebeu que precisam ser
Avaliação fisioterapêutica
feitas novas pesquisas e de conscientização PITANGUI.; Revista Fisioterapia
e tratamento da
dos profissionais de saúde em relação à FERREIRA, 2008. em movimento
lombalgia gestacional.
lombalgia na gestação, para que se adotem
medidas preventivas e terapêuticas mais
eficazes, que venham contribuir para uma
melhor qualidade de vida das gestantes.
Teve como objetivo de comparar os efeitos
entre duas intervenções fisioterapêuticas
Lombalgia crônica: sobre a força muscular respiratória e
comparação entre a capacidade funcional em pacientes
Revista Fisioterapia
duas intervenções com lombalgia crônica. O isostretching e TOMÉ, 2012.
em movimento
Na força inspiratória e treinamento sensório-motor aquático foram
capacidade funcional. eficazes na melhora da FMR e da CF, e o
tratamento fisioterapêutico convencional foi
efetivo apenas na melhora da CF.
O objetivo foi avaliar a efetividade do método
dos exercícios stretching global ativo para
resolver as dores lombares e/ou pélvica
posterior durante a gestação. Os resultados
Tratamento da lombalgia foram que as gestantes que participaram
Revista Brasileira
e dor pélvica posterior dos exercícios não apresentaram queixa de MARTINS;
de Ginecologia
na gestação por um dor nas regiões lombares e pélvica posterior. SILVA, 2005.
e Obstetrícia
método de exercícios Concluiu-se que houve diminuição e redução
na intensidade da dor lombar e pélvica
posterior, entretanto as orientações médicas
não foram efetivas para amenizar as dores
das gestantes.
Avaliou a qualidade de vida através dos
domínios do Instrumento SF-36 em portadores
de lombalgia crônica inespecífica. Mostraram
que ambas as técnicas fisioterápicas
Avaliação da qualidade
diminuíram a dor, mas unindo as técnicas de
de vida com o ADORNO; Acta ortopedica
isostretching com reeducação postural global
Instrumento sf-36 em NETO, 2013. brasileira
houve uma melhora significativamente na
lombalgia crônica
dor lombar. Conclui-se que houve melhora
na diminuição de dor lombar, assim também
como melhora na qualidade de vida dos
pacientes.
Escola de Postura, recursos terapêuticos
que empregam prevenções educativas, são
Efeitos da escala de
eficazes no tratamento de lombalgia. Nesse
postura em indivíduos Revista ConScientiae
estudo, a qualidade de vida em relação a dor SOUZA, 2010.
com sintomas de Saúde
foi contribuída por um programa Escola de
lombalgia crônica
Postura, vista em comparação com avaliações
feitas pela Escala Analógica de Dor.
O objetivo foi comparar os efeitos da terapia
manual e cinesioterapia na dor, qualidade
de vida e incapacidade de pacientes com
lombalgia. As sessões de fisioterapia foram
compostas por manobras miofasciais, traços
Terapia manual e
cutâneos, exercícios de alongamentos e
cinesioterapia na dor,
fortalecimentos; ainda utilizaram-se posturas MACEDO;
incapacidade e Qualidade Revista Espaço saúde
do método Isostretching e exercícios BRIGANO, 2009
de vida de indivíduos
com bolas suíça. Estabeleceu-se que a
com lombalgia
fisioterapia baseada em recursos de terapia
manual e cinesioterapia apresentou efeitos
significativos na melhora da dor, qualidade
de vida e incapacidade dos pacientes com
lombalgia.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 37


Título Síntese Autor e ano Periódico
Avaliou-se a eficácia dos exercícios de
controle motor nas dores lombares e pélvicas.
E concluiu-se que os exercícios de controle
Eficácia dos exercícios
motor não melhoram a dor e incapacidades
de controle motor na dor Revista Fisioterapia
nos casos agudos. No entanto, podem ser FERREIRA, 2009.
lombopélvica: uma revisão e Pesquisa
indicados como prevenção de recorrência
Sistemática
e para indivíduos com quadros crônicos a
fim de aliviar a dor, reduzir a incapacidade e
melhorar a qualidade de vida.
Este estudo teve como objetivo geral analisar
os aspectos relacionados à importância da
estabilização central no método Pilates. Os
resultados foram que a estabilização central
A importância da
ajuda o indivíduo a obter ganhos de força,
estabilização central no Revista Fisioterapia
controle neuromuscular, potência e resistência MARES, 2012.
método Pilates: uma em Movimento
muscular, facilitando um equilibrado
revisão sistemática
funcionamento muscular. Concluiu-se que a
estabilização central no Pilates é importante
para o equilíbrio de carga apropriado dentro
da coluna vertebral, pélvis.
Teve como objetivo revisar estudos
controlados aleatorizados sobre a eficácia do
método Pilates no tratamento da dor lombar
crônica não específica. Como resultados,
foram encontrados 1545 artigos, onde apenas
oito foram considerados legíveis e sete foram
Eficácia do método
colocados na metanálise. Dois estudos
Pilates considerando
comparavam o método Pilates com outros
dor e incapacidade em
exercícios, e quatro estudos comparados com MIYAMOTO et Brazilian Journal of
pacientes com dor lombar
nenhuma intervenção para dor a curto prazo, al., 2013. Physical Therapy
crônica não específica:
quatro estudos compararam o método Pilates
uma revisão sistemática
com intervenção mínima para incapacidade a
com metanálise
curto prazo. Concluiu-se que o método Pilates
é mais eficaz que intervenção mínima para
melhora da dor e incapacidade a curto prazo.
E também que o método Pilates não é mais
eficaz que outros tipos de exercícios para
melhora da dor a curto prazo.
O objetivo deste estudo foi analisar os
efeitos da utilização do método Pilates,
por meio de uma revisão da literatura com
estudos realizados no Brasil. Os resultados
foram que apesar da maioria dos estudos
analisados confirmarem ganhos em relação à
força, melhora da dor e flexibilidade através
do Pilates, os achados não se aplicam a
O método Pilates no Brasil: COSTA; ROTH; Arquivos Catarinenses
qualquer população, grupo muscular ou série
uma revisão de literatura NORONHA, 2012. de Medicina
de exercícios. Conclui-se que a melhora da
flexibilidade foi controversa, já a melhora
da dor e do desempenho funcional foram
verificados. Em relação ao ganho de força,
não foram encontradas evidências científicas.
Outros estudos pré e pós sem grupo controle
afirmam que há ganho de força, minimização
da dor lombar e aumento da flexibilidade.
O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade
do método Pilates no tratamento de pacientes
com lombalgia crônica. Como resultados
houveram melhora da dor, demonstrada
pela Escala Analógica Visual de Dor que,
Eficácia do método Pilates inicialmente, apresentava média de 7 e após
no solo em pacientes 3 meses de tratamento, diminuiu para 1,7. CONCEIÇÃO;
Revista Dor
com lombalgia crônica: Além disso, houve melhora na qualidade de MERGENER, 2012.
Relato de casos vida, com redução do Índice de Oswes­try de
36,8% para 8% após 3 meses de tratamento.
Concluiu-se que método Pilates foi efetivo
no trata­mento de pacientes portadores de
lombalgia crônica, di­minuindo a dor e as
incapacidades

38 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Título Síntese Autor e ano Periódico
O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos
do método Pilates em solo no alinhamento
postural e flexibilidade articular de indivíduos
Efeitos de 20 sessões sadios jovens do sexo feminino. Como
do método Pilates no resultados houveram mudanças significantes
Revista Fisioterapia
alinhamento postural e no grupo que participou dos exercícios do SINZATO, 2013.
e Pesquisa
flexibilidade de mulheres método Pilates, como melhoras na postura
jovens: estudo piloto. e aumento da flexibilidade articular. Porém
que apenas 20 sessões parecem não são
suficientes para causar adaptações posturais
estáticas em mulheres jovens sadias.
Este estudo teve como objetivo geral analisar
os aspectos relacionados ao uso do método
Pilates na reabilitação. Os resultados
foram que o método pode ser utilizado na
reabilitação em diferentes populações,
incluindo gestantes e idosos; e também com
Pilates na reabilitação: SILVA; MANNRICH, Revista Fisioterapia
diferentes finalidades, entre elas tratamento da
uma revisão sistemática 2009. em movimento
lombalgia, correção postural, ganho de massa
óssea, e de força no período pós-operatório;
sendo mais indicado no tratamento da
lombalgia independente da idade. Concluiu-
se que o Pilates é uma ferramenta útil para
um programa de reabilitação.
Objetivo Teve como objetivo realizar uma
revisão de literatura sobre o Método Pilates,
seus benefícios e sua aplicação na reabilitação
da saúde, baseado em evidências científicas.
Como resultados, revelam como vantagens
Benefícios do Método
do método Pilates: estimular a circulação,
Pilates e sua aplicação COMUNELLO, 2011. Revista Salus
melhorar o condicionamento físico, a
na reabilitação.
flexibilidade, o alongamento e o alinhamento
postural. Pode melhorar os níveis de
consciência corporal e a coordenação motora.
Tais benefícios ajudariam a prevenir lesões e
proporcionar um alívio de dores crônicas.
O objetivo deste estudo foi verificar a relação
existente entre a flexibilidade, sobretudo
da musculatura lombar inferior e posterior
Correlação entre da coxa, e a presença de lombalgia em
Revista Mineira de
Flexibilidade e Lombalgia praticantes de Pilates. Os resultados obtidos ROSA; LIMA, 2009
Educação Física
em Praticantes de Pilates mostram que os cuidados para a lombalgia
não deverão estar voltados apenas para a
flexibilidade, uma vez que sua etiologia é
multifatorial.
O objetivo foi verificar os efeitos do método
Pilates sobre força, flexibilidade e dor de um
paciente com espondilolistese traumática em
O método Pilates
L4-L5. Como resultados foram observados
no tratamento de
que O método Pilates se mostrou eficiente no Revista Fisioterapia
espondilolistese OLIVEIRA, 2013.
aumento da força em Movimento
traumática em L4-L5:
da musculatura abdominal e paravertebral, da
estudo de caso
flexibilidade da cadeia posterior e na melhora
da dor na coluna lombar, em um paciente com
espondilolistese traumática de L4-L5.
O objetivo foi analisar por uma visão
cinesiológica e biomecânica alguns exercícios
do método Pilates e compará–los entre si
para uma melhor descrição do método e dos
benefícios desta atividade. Duas participantes
Método pilates em revista: realizaram tais exercícios nos aparelhos
aspectos biomecânicos Mat, Cadillac, Chair e Reformer e, depois
Revista Brasileira de
de movimentos específicos trabalharam os músculos de , de forma SACCO, 2005.
Ciência e Movimento
para reestruturação concêntrica e excêntrica Concluiu-se que há
postural – Estudos de caso uma grande variação dos torques resistentes
em função do posicionamento dos membros
superiores e inferiores, tronco e cabeça nos
exercícios analisados e que a musculatura
abdominal é o principal grupo muscular
trabalhado.
Fonte: COUTINHO et al. (2020).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 39


DISCUSSÃO

Segundo Cortez (2012) e Souza (2010) durante a gestação ocorrem modificações fisio-
lógicas no sistema reprodutor, digestório, respiratório, circulatório, urinário, nervoso, materno,
estando a gestante susceptível ao desenvolvimento de algumas patologias durante esse
período. Sebben (2011) mencionou em seu estudo que a lombalgia é uma queixa comum
durante a gravidez devido às adaptações fisiológicas que o organismo sofre para acomo-
dar o feto, esses achados corroboram os estudos de Ramos e Santos (2006), onde foram
observados em gestantes a presença de alterações musculoesqueléticas, como o aumento
das curvas torácica e lombar, e a alteração do eixo da bacia, propiciam o surgimento da dor
lombar durante a gestação.
A dor, segundo a Associação Internacional de Estudo da Dor, se define por uma “expe-
riência sensorial e emocional desagradável associada ou relacionada à lesão real ou potencial
dos tecidos, ou descrita em tais termos.” A lombalgia é designada qualquer dor persistente
na região inferior da coluna vertebral (SOUZA, 2010). Em um estudo realizado por Gomes
et al. (2013), foi observado que 66,65% das gestantes apresentavam uma combinação de
dor lombar e dor pélvica posterior, e apenas 28,58% apresentam somente a dor lombar.
Conforme menciona Ramos e Santos (2006) a incidência da dor lombar durante a gra-
videz é de aproximadamente 50%, dos casos iniciando-se comumente após a sexta semana
de gestação, podendo durar até seis semanas após o parto. Cortez (2012) afirma que a pre-
valência de dor lombar é maior nas gestantes com até 13 semanas, persistindo após o parto.
Gil, Osis e Faúndes (2014), apontam que as dores nas costas no período gestacional
representam, portanto, queixa relevante, tanto pela alta frequência de mulheres acometidas,
quanto pela intensidade da dor e desconforto provocado, além de influenciar de modo nega-
tivo a qualidade do sono, disposição física, desempenho no trabalho, vida social, atividades
do­mésticas e lazer. Com isso, verifica-se a importância de um bom acompanhamento pré-
-natal, de modo a se propiciar a identificação e tratamento das algias gestacionais.
Assim, conforme já apontado, mostrando-se a lombalgia como um fenômeno frequente
entre a população de gestantes, demonstra-se ser necessária a realização de programas edu-
cacionais que visem à atenuação ou mesmo prevenção dessa alteração, a fim de proporcionar
maior conforto à gestante e evitar o aparecimento de maiores complicações musculoesquelé-
ticas (SILVA; CARVALHO, 2012). O tratamento da lombalgia é complexo, preciso e minucioso
quando comparado à maioria dos tratamentos, sendo a fisioterapia um recurso essencial
para a reabilitação do paciente que sofre desse desconforto (MACEDO; BRIGANO, 2009).
Fabrin, Croda e Oliveira (2010), apontam que como forma de tratamento da lombalgia
gestacional o Pilates tem resultado comprovado para sua diminuição, apresentando, por-
tanto, resultados benéficos. O método Pilates foi desenvolvido por Joseph Pilates durante

40 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


a Primeira Guerra Mundial e levado para os EUA em 1923, sendo que seu conceito inicial
envolvia elementos de ginástica, artes marciais, yoga e dança, relacionando o corpo e a
mente (SILVA; MANNRICH, 2009). O método surgiu pelas essências das técnicas orientais
que visavam ao relaxamento, respiração, concentração, controle e flexibilidade, somadas à
técnica ocidental, objetivando a ênfase no movimento com força (OLIVEIRA, 2013).
Segundo Silva e Mannrich (2009), a experiência de trabalho no Pilates é caracterizada
pelo uso de aparelhos diferenciados em que a sobrecarga externa (carga externa) imposta à
estrutura musculoesquelética é obtida pelo auxílio de molas. A técnica de Pilates consiste em
dois tipos de modalidades: no solo (também denominado The Mat) e no aparelho. O trabalho
tanto no solo quanto nos aparelhos (Cadeira, Reformer, Wall, Trapézio) atuam em exercícios
para estabilizar pelve, controlar abdome, mobilizar articulações, fortalecer e alongar membros
superiores e inferiores (OLIVEIRA, 2013).
No estudo de Conceição e Mergener (2012) foi observado que o método Pilates preco-
nizava a melhoria das relações musculares agonista e antagonista, favorecendo o trabalho
dos músculos estabilizadores, sendo necessário avaliar a sua efetividade no tratamento da
lombalgia. Sacco (2005), analisando a prática do método Pilates em gestantes, mencionaram
que a musculatura abdominal é o principal grupo muscular trabalhado. Como já apontado,
o Pilates caracteriza-se por exercícios que envolvem contrações concêntricas, excêntri-
cas e principalmente isométricas, com ênfase no power house (composto pelos músculos
abdominais, transversoabdominal, multífidos e assoalho pélvico), sendo responsável pela
estabilização estática e dinâmica do corpo (SINZATO, 2013).
Segundo aponta o trabalho Miyamoto et al. (2013), o método Pilates é mais eficaz que
intervenção mínima para melhora da dor e incapacidade a curto prazo, embora não seja mais
eficaz que outros tipos de exercícios para melhora da dor a curto prazo. Nota-se, portanto,
que a estabilização central no Pilates é importante para o equilíbrio de carga apropriado
dentro da coluna vertebral e pélvis (MARES, 2012). Observa-se, ainda, que o Pilates é uma
técnica de estabilização dos sintomas álgicos na lombalgia gestacional. Essa técnica atua,
como já mencionado, ativando os músculos transverso-abdominal, multífidos, grande dorsal
e assoalho pélvico. Além disso, permite na melhoria do padrão respiratório, na consciência,
postura e no bem estar em geral (FABRIN et al, 2010).
Na mesma linha de raciocínio, Sinzato (2013), acredita que o método Pilates é capaz
de melhorar a flexibilidade geral do corpo, o alinhamento postural e a coordenação motora,
além do aumento da força muscular, o que demonstra uma relação direta com o processo
de reeducação postural, melhora do controle motor e do recrutamento muscular. Pode-se
observar o quanto o Pilates tem a contribuir para o equilíbrio corporal (físico e mental), au-
xiliando, assim, nas prevenções osteomioarticulares do corpo humano. Podemos subsidiar

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 41


uma proposta significativa para a reeducação postural dos alunos de Pilates, e, acima de
tudo, contribuir para uma melhor qualidade de vida (OLIVEIRA, 2013).
Vale ressaltar que embora diversos estudos verifiquem a elevada incidência da lom-
balgia na gestação, na prática clínica esse sintoma, ainda, continua sendo muitas vezes
ignorado, por se tratar, como já verificado, de uma queixa muito frequente e tolerável para
gestante, o que talvez possa justificar o pequeno número de trabalhos que busquem esta-
belecer métodos de prevenção e tratamento para esta manifestação clínica.

CONCLUSÃO

Com base nos dados levantados a partir da revisão bibliográfica em autores sobre a
abordagem fisioterapêutica no tratamento da lombalgia em gestantes com o método Pilates,
pode-se averiguar que cada vez mais se constrói um conceito de ampla aceitação de que
queixas de lombalgia não podem ser mais interpretadas como algo inerente à gestação e
que se limitará tão somente à este período.
Nota-se como sendo de suma importância a redução das dores lombar para a gestante,
tanto do ponto de vista físico quanto psicológico, pois a depender do nível de dor no perío-
do gestacional, inúmeras são as alterações que podem ocorrer na vida dessas mulheres,
alterações estas que podem perdurar alguns anos após o parto quando não tratada. Nesse
sentido, a reabilitação estabelece a melhoria na qualidade de vida, visando à readaptação
e à reabilitação social e profissional, e não apenas ao alívio da dor. Mostra-se como sendo
essencial o enfoque multifacetário e multimodal na reabilitação dos doentes com dor crônica,
devendo-se incluir terapias direcionadas à melhora da auto eficácia, através de aquisição
de estratégias específicas que compartilhem experiências em grupo e divulguem para os
doentes a necessidade do conhecimento sobre fisiopatologia, anatomia e natureza.
Quanto ao uso do método Pilates no tratamento das lombalgias gestacionais, a
Fisioterapia apresenta duas modalidades de tratamentos, como Pilates no solo e nos apa-
relhos, mostrando-se como o mais indicado para a gestante a modalidade dos aparelhos.
Ressalte-se que o método Pilates é considerado a técnica mais bem aceita entre as grávidas,
devido à facilidade de adaptação ao método, melhorando a flexibilidade geral do corpo, a
força muscular, a postura, a coordenação da respiração. Além disso, os benefícios notados
não restringem-se apenas à mãe, mas também para o bebê. Observaram-se ainda algumas
contra indicações relativas, tais como, não realização dos exercícios na posição supina no
segundo e terceiro trimestre e para os casos de mulheres que não eram adeptas do Pilates
antes da gravidez, sendo recomendado que somente iniciem o mesmo no quarto mês de
gestação, para prevenir aborto.

42 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


REFERÊNCIAS
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44 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


04
“ Contribuições da Fisioterapia
Respiratória à atuação dos
fisioterapeutas no âmbito da
Atenção Primária à Saúde (APS)
junto a usuários suspeitos ou
diagnosticados com COVID-19
Claudia Silva Dias
PUC - MG

Fernanda Warken Rosa Camelier


UNEB

Mara Lisiane de Moraes dos Santos


UFMS

Artigo original publicado em: 2020


Revista Assobrafir Ciência - ISSN 2177-9333.
Oferecimento de obra científica e/ou literária com autorização do(s) autor(es) conforme Art. 5, inc. I da Lei de Direitos Autorais - Lei 9610/98

10.37885/201001859
RESUMO

Este documento tem por objetivo apresentar recomendações e informar aos fisioterapeu-
tas e serviços de saúde sobre o papel do fisioterapeuta atuante na Atenção Primária à
Saúde (APS) durante a pandemia de COVID-19, com ênfase na avaliação e utilização das
técnicas e recursos da fisioterapia respiratória, com o intuito de ampliar o conhecimento
acerca da especialidade no cotidiano nas diferentes realidades da rede de atenção no
Brasil. Os Fisioterapeutas da APS, ao incorporarem os conhecimentos da fisioterapia
respiratória e cardiovascular em seu cotidiano do trabalho, tanto para o planejamento
das ações da APS (acolhimento, triagem e encaminhamentos) quanto para o acompa-
nhamento dos usuários dos grupos de risco, dos casos suspeitos ou confirmados da
COVID-19, aqueles que cursem com sintomas respiratórios leves e em condições de
pós alta hospitalar, têm papel preponderante no cuidado ampliado e possíveis melhores
desfechos clínicos junto aos usuários que estão sob a responsabilidade de suas equipes.

Palavras-chave: Fisioterapia, COVID-19, Atenção Primária à Saúde.


INTRODUÇÃO

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior sistema de saúde pública de cober-


tura universal do mundo e, possivelmente, o maior patrimônio das políticas públicas do
Brasil. No SUS, a Atenção Básica (AB), especificamente por meio das Equipes de Saúde
da Família (eSF), ocupa a centralidade das ações para a reorganização do modelo assis-
tencial no país, é a ordenadora das redes de atenção à saúde e incorpora os princípios da
Atenção Primária à Saúde (APS). Dados de dezembro de 2019 apontam que a AB no país
era responsável pelo cuidado de 155.875.540 pessoas, com cobertura de 74,8% da popu-
lação (BRASIL, 2020c). Nesse cenário, de acordo com dados de março de 2020 do sistema
de dados do SUS (DATASUS), há 10.287 fisioterapeutas atuando na APS, seja em eSF ou
em equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF).
A APS é a principal porta de entrada do SUS e, mediante a elevada cobertura e grande
capilaridade desse serviço no país (BRASIL, 2017), as equipes que atuam nesses espaços
estão em posição estratégica e fundamental no enfrentamento da pandemia de COVID-19.
Com a manutenção da longitudinalidade e a coordenação do cuidado nas redes de aten-
ção à saúde, com importante papel na condução dos casos suspeitos e confirmados de
COVID-19 com sintomas leves e também na identificação dos casos mais graves que devem
ser manejados em serviços especializados (BRASIL, 2020d), a APS desempenha importante
papel nesse período de pandemia. A COVID-19 é uma doença respiratória infecciosa das
vias aéreas superiores e/ou inferiores (pneumonia viral), altamente contagiosa e que pode
causar disfunções sistêmicas: respiratória, cardíaca, hepática, renal, neurológica, imuno-
lógica, física e psicológica aos usuários (CHINESE ASSOCIATION OF REHABILITATION
MEDICINE, 2020; BANSAL, 2020; FENG et al., 2020; WOLLENBERG et al., 2020; RONCO;
REIS, 2020; USHER; DURKIN; BHULLAR, 2020; JIMÉNEZ-PAVÓN; CARBONELL-BAEZA;
LAVIE, 2020; MISRA et al., 2020; PUIG-DOMINGO; MARAZUELA; GIUSTINA, 2020; LIPPI;
HENRY; SANCHIS-GOMAR, 2020; MAO, 2020).
O SARS-CoV-2 é o vírus que causa a infecção, que cursa assintomática ou com
sintomas leves em aproximadamente 80% dos casos, mas pode provocar uma síndrome
respiratória aguda capaz de evoluir para insuficiência respiratória grave em 5 a 10% das
ocorrências. Trata-se de um agravo à saúde recente e por isso ainda há muito a ser escla-
recido sobre sua história e evolução natural, bem como sobre o melhor manejo clínico.
Há condições que aumentam o risco para agravamento do estado de saúde em relação
à COVID-19, como doenças cardíacas (crônicas, isquêmicas, congênitas); doenças respira-
tórias crônicas (doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC, asma mal controlada, doenças
pulmonares intersticiais, fibrose cística, displasia broncopulmonar nos lactentes); doenças
renais crônicas; usuários em diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal); imunossupressão

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 47


por doenças e/ou medicamentos (em vigência de quimioterapia/radioterapia, entre outros
medicamentos); transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea; diabetes mellitus;
pessoas com deficiência por restrições respiratórias, dificuldades nos cuidados pessoais,
condições autoimunes, entre outras, e doenças raras (BRASIL, 2020b); pessoas com doen-
ças cromossômicas e com estados de fragilidade imunológica (ex.: síndrome de Down) e
hábitos de vida como o tabagismo e alcoolismo (VARDAVAS; NIKITARA, 2020). A idade
avançada, condições crônicas associadas, gestantes e puérperas estão relacionadas à
maior letalidade na COVID-19.
As experiências de vários países do mundo têm mostrado que somente com ações
extremamente coordenadas entre os cuidados nas comunidades, nos postos de trabalho
e nos serviços de saúde que utilizam tecnologias de alta densidade, com os de urgência,
emergência e hospitalar, é possível enfrentar de modo efetivo a COVID-19. Nesse contexto,
a APS tem papel fundamental no rastreamento, acolhimento, monitoramento, encaminha-
mento e/ou tratamento das pessoas com suspeita ou diagnóstico da COVID-19 no território
adscrito, bem como dos grupos de risco (BRASIL, 2020d).
Em relação às práticas dos Fisioterapeutas no cuidado dos usuários com
COVID-19, foram publicados documentos internacionais norteadores destinados aos
profissionais que atuam em ambiente hospitalar e após a alta, a partir da realidade ob-
servada na China (CHINESE ASSOCIATION OF REHABILITATION MEDICINE, 2020;
GRUPO DE INTERESSE EM FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA, 2020a, 2020b;
THOMAS et al., 2020). A ASSOBRAFIR também tem contribuído para informação dos fisio-
terapeutas e divulgou uma série de comunicações oficiais que podem ser encontradas em
seu sítio eletrônico1. Entretanto, até o momento, a literatura apresenta poucos documentos
que abordam a assistência Fisioterapêutica no âmbito da APS, seja no acolhimento, ras-
treamento, tratamento ou encaminhamentos para atenção especializada dos usuários com
diferentes condições clínicas da COVID-19, dos casos suspeitos e grupos de risco.
É importante salientar que as experiências de China e Itália demonstraram que as
pessoas com COVID-19 em fase inicial da doença têm indicação mínima para o uso de téc-
nicas de remoção de secreção brônquica, otimização da ventilação e da oxigenação, o que
pode ser diferente para os usuários com fatores de risco e/ou doenças associadas. Esses
recursos e estratégias são mais requeridos na assistência fisioterapêutica no ambiente hospi-
talar (enfermarias e unidades de terapia semi-intensiva e intensiva), quando a frequência de
tosse e de secreção pulmonar, demonstradas em um estudo chinês, são, respectivamente,
de 67,8% e 33,7% (GUAN et al., 2020). Todos estes recursos, associados ao manejo do
suporte ventilatório e mobilização precoce, são fundamentais nas circunstâncias em que

48 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


o Fisioterapeuta, com as devidas precauções, tem indicação para intervir nos diferentes
cenários de tratamento e distintas fases da evolução da doença.
Assim, considerando o papel estratégico da APS para o enfrentamento da pandemia de
COVID-19 no Brasil, associado ao expressivo número de profissionais fisioterapeutas gene-
ralistas que atuam nesses espaços, a ASSOBRAFIR apresenta orientações para nortear as
ações dos fisioterapeutas da APS junto aos usuários e comunidade dos territórios adscritos, e
também junto àqueles considerados grupo de risco para desenvolverem complicações a partir
da COVID-19. A intenção não é esgotar o assunto; pelo contrário, abrir um canal de debate
com os profissionais que atuam na APS sobre as práticas dos fisioterapeutas no manejo e
mitigação da infecção, que, muitas vezes, não têm experiência ou formação complementar
em fisioterapia respiratória, assim como com especialistas e pesquisadores da área.

DESENVOLVIMENTO

AS TECNOLOGIAS DO CUIDADO NA APS

A APS constitui um espaço de produção de cuidado que utiliza ferramentas de baixa


densidade tecnológica, mas de alta complexidade (BRASIL, 2017). É no âmbito da APS
que as pessoas têm total autonomia para conduzirem suas vidas e, em situações como a
da pandemia da COVID-19, tais peculiaridades tornam-se ainda mais relevantes para que
os projetos profiláticos e terapêuticos tenham a adesão dos usuários.
Ainda que a pandemia da COVID-19 seja mundial, os fatores individuais, sociais, cultu-
rais, religiosos, entre outros, repercutem em modos singulares de viver a doença ou o risco
de adoecer. Os diferentes contextos interferem nas distintas maneiras de encarar e viver
esse momento, e é no cuidado no território – no âmbito da APS – que tais particularidades
são cruciais para o sucesso no enfrentamento da pandemia. Nessa perspectiva, destacamos
que as tecnologias leves e as leve-duras devem estar na centralidade da relação entre o
profissional e o usuário. As tecnologias leves são aquelas utilizadas para favorecer o cui-
dado: escuta, empatia, porosidade, reconhecimento dos distintos saberes, das diferentes
realidades, dos conhecimentos prévios trazidos por cada usuário. As tecnologias leve-duras
são relativas aos conhecimentos necessários para a atuação terapêutica junto aos usuários,
famílias e comunidade (MERHY et al. 2019).
As equipes de saúde na APS têm o desafio de promover o cuidado de modo que as
singularidades dos usuários sejam consideradas, com atos cuidadores capazes de ampliar
as potências de vida e favorecer o combate à pandemia com o enfrentamento de proble-
mas que não podem ser resolvidos. Nesse contexto, a vulnerabilidade social ocupa lugar
de destaque, e a extrema objetivação e generalização de ações sobre o corpo biológico,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 49


com prescrições higienizadoras e de isolamento no domicílio, podem deixar passar outros
elementos que são constitutivos da produção da vida e que não são incluídos, trabalha-
dos, tanto na tentativa de compreender a situação como nas intervenções para enfrentá-la
(MERHY; FEUERWERKER; GOMES, 2016).
Assim, não podemos deixar de propor a seguinte reflexão: as práticas dos Fisioterapeutas
e das equipes na APS devem operar a partir das melhores evidências para o enfrentamento
da pandemia da COVID-19, associadas a práticas que dialoguem com a diversidade das
realidades em que as pessoas vivem e das diferentes formas de viver. Trazer para a cena
do cuidado as tecnologias leves, ao mesmo tempo em que é desafiador, é essencial para a
adesão dos usuários e potencialização dos projetos terapêuticos para o enfrentamento da
pandemia da COVID-19.

Acolhimento, rastreamento e ações

O Fisioterapeuta, como membro da equipe da APS, deverá incorporar em seu pro-


cesso de trabalho as recomendações de entidades que acatem as melhores evidências
científicas disponíveis e as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse
cenário, para um cuidado efetivo é essencial acompanhar as atualizações disponibilizadas
por essas instituições. Cada município tem autonomia para organizar os próprios fluxos e
intervenções nos serviços de saúde, considerando as diretrizes acima mencionadas, as
particularidades locais da organização da rede de atenção à saúde e as características
epidemiológicas da população.
É importante que o Fisioterapeuta participe e contribua com o planejamento e com
as ações a serem desenvolvidas no território adscrito, o qual constitui-se a partir de uma
delimitação espacial onde vive uma população com um perfil epidemiológico, social, cultu-
ral e demográfico. Tais características tornam o território dinâmico, sempre em movimen-
to, no qual a população adota estratégias próprias para o enfrentamento da pandemia de
COVID-19. A partir da realidade local, a equipe da APS deverá ponderar sobre como ajudar
as famílias a seguir as recomendações de isolamento social e comportamentais para en-
frentamento da pandemia. Nesse contexto, vale ressaltar a importância das abordagens que
intensifiquem a busca ativa de sintomáticos respiratórios, com vigilância e monitoramento
de regiões mais aglomeradas e vulneráveis.
Até o momento, o comprometimento do sistema respiratório é o mais preocupante na
COVID-19 e, assim, exige uma abordagem específica e resolutiva o mais precoce possível,
direcionada aos usuários dos grupos de risco, com síndrome gripal ou com o diagnóstico
de COVID-19 (Quadro 1) em tratamento no domicílio.

50 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Nesse cenário, o Fisioterapeuta da APS deverá incorporar em seu cotidiano práticas
da fisioterapia respiratória, adotando as medidas de prevenção da transmissão do coro-
navírus e de tratamento dos casos confirmados e suspeitos que cursam com sintomas
leves (BRASIL, 2020d) orientadas pela Organização Mundial da Saúde e pelas melhores
evidências disponíveis. Deverá ser capaz de avaliar sinais e sintomas quando diante de
casos suspeitos ou confirmados de COVID-19, como: tempo de diagnóstico ou presença de
sintomas, temperatura corporal (>37,8 oC), presença e característica de tosse, presença e
intensidade de dispneia, tempo desde o início da dispneia, saturação de pulso de oxigênio
(≤94%), pressão arterial (<90/60 mmHg ou >140/90mmHg), presença de mialgia e fadiga
(BRASIL, 2020d). Publicações recentes também associam a COVID-19 a sintomas como
anosmia (distúrbios do ouvido, nariz e garganta), vômito, diarreia, entre outros (HEIDARI
et al., 2020; WONG; LUI; SUNG, 2020).

Quadro 1. Definições de síndrome gripal, síndrome respiratória aguda grave e diagnóstico laboratorial da COVID-19

SÍNDROME GRIPAL (SG): indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre*, mesmo
que relatada, acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza OU dificuldade respiratória.
*Na suspeita de COVID-19, a febre pode não estar presente.
● EM CRIANÇAS: considera-se também obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico.
● EM IDOSOS: a febre pode estar ausente. Deve-se considerar também critérios específicos de agravamento
como sincope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência.
SÍNDROME RESPIRATÓRIA AGUDA GRAVE (SRAG): síndrome gripal que apresente dispneia/desconforto respiratório
OU Pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios
ou rosto.
● EM CRIANÇAS: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal,
desidratação e inapetência.
CRITÉRIO LABORATORIAL – caso suspeito de SG ou SRAG com teste de:
● Biologia molecular (RT-PCR em tempo real, detecção do vírus SARS-CoV-2): Doença pelo Coronavírus 2019 –
com resultado detectável para SARS-CoV-2. Amostra clínica coletada, preferencialmente até o sétimo dia de início
de sintomas.
● Imunológico (teste rápido ou sorologia clássica para detecção de anticorpos para o SARS-CoV-2): com resultado
positivo para anticorpos IgM e/ou IgG em amostra coletada após o sétimo dia de início dos sintomas.
CRITÉRIO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO: caso suspeito de SG ou SRAG com histórico de contato próximo ou domiciliar
nos últimos 7 dias antes do aparecimento dos sintomas, com caso confirmado laboratorialmente para COVID-19 e para
o qual não foi possível realizar a investigação laboratorial específica.

Fonte: Ministério da Saúde, Protocolo do Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde (APS)

A avaliação fisioterapêutica, que envolve a anamnese e o exame físico, com todos


os cuidados em relação à proteção individual, é um recurso imprescindível para obtenção
de informações e dados que norteiam a assistência fisioterapêutica nos diferentes níveis
de atenção à saúde. No contexto da pandemia de COVID-19, e de acordo com os fluxos e
direcionamentos de documentos oficiais e das melhores evidências científicas disponíveis,
busca-se aqui enfatizar aspectos relevantes da avaliação fisioterapêutica no âmbito da APS.
A dispneia refere-se à percepção subjetiva do aumento do trabalho respiratório
(GIOVANETTI et al., 2009). Com o objetivo de qualificar e quantificar este sintoma, assim

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 51


como acompanhar a evolução da piora da dispneia, sugere-se a padronização da avaliação
utilizando a Escala de Dispneia do Medical Research Council (MRC) (PEREIRA, 2002),
representada no Quadro 2.

Quadro 2. Escala modificada de dispneia do Medical Research Council (mMRC)

Você tem falta de ar?

Com atividades extraordinárias, tais como correr, carregar cargas


Grau 0 (esperada)
pesadas no plano ou cargas leves subindo escadas.

Com atividades maiores, tais como subir ladeira muito inclinada, dois
Grau 1 (leve)
ou mais andares ou carregando pacote pesado de compras no plano.

Com atividades moderadas, tais como: subir um andar, caminhar


Grau 2 (moderada)
depressa no plano, ou carregar cargas leves no plano.

Com atividades leves, tais como: tomar banho, andar uma quadra em
Grau 3 (acentuada)
passo regular.

Grau 4 (muito acentuada) Em repouso ou para se vestir ou caminhar poucos passos devagar.

Outro sintoma a ser observado é a tosse, que é um importante reflexo de proteção das
vias áreas. No momento da avaliação, deve-se obter informações acerca da sua efetividade
e presença de expectoração (GIOVANETTI et al., 2009). É relevante o fisioterapeuta orientar
os membros da equipe de saúde a não perguntar apenas se há presença de tosse ao pa-
ciente sintomático gripal ou caso confirmado de COVID-19, mas contextualizar a presença
deste sintoma previamente à ida ao serviço de saúde.
São exemplos para esta abordagem:

Você habitualmente tosse ou pigarreia? Se a resposta for afirmativa, prosseguir

Sua tosse está pior em relação ao que normalmente apresenta? Posteriormente

Você elimina catarro?

O exame físico deve ser realizado de maneira criteriosa, e precisam ser avaliados,
além dos sinais e sintomas, os seguintes parâmetros:
– Frequência respiratória (FR): deve ser avaliada com o usuário em repouso, em decú-
bito dorsal ou sentado, por pelo menos 30 segundos (GIOVANETTI et al., 2009). A presença
de taquipneia (FR > 30 respirações por minuto no adulto) está relacionada à gravidade dos
sintomas para a síndrome gripal (BRASIL, 2020d).
– Sinais de desconforto respiratório: esta avaliação deve ser realizada, preferencialmen-
te, no usuário com o tórax desnudo. O desconforto respiratório é caracterizado pelos mús-
culos respiratórios que estão executando sua função em excesso (GAZZOTTI; NOGUEIRA,
2012), com sobrecarga. Avaliar a presença de tiragens, que são movimentos de retração da

52 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


pele/músculo que recobrem a parede torácica durante o movimento inspiratório (isso ocorre
devido à queda pressórica abrupta gerada pela musculatura respiratória). As tiragens podem
ser intercostais, supraclaviculares ou subcostais, dependendo da sua localização (PRESTO;
PRESTO, 2005). A presença deste achado está associada à fadiga muscular respiratória e
indica gravidade da síndrome gripal (BRASIL, 2020d).
– Ausculta pulmonar: geralmente é realizada com o usuário em posição sentada, com
o tórax exposto, orientando, dentro do possível, que ele realize respiração oral. Com o
estetoscópio, todo o tórax deve ser percorrido, sendo realizada a comparação dos sons
respiratórios entre os hemitórax (GIOVANETTI et al., 2009). O Fisioterapeuta deve estar
atento na avaliação para identificar a presença ou ausência de sons normais e/ou não, como
crepitações, sibilos e roncos (PASTERKAMP et al., 2016). A presença de roncos, de acor-
do com o “Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à
Saúde” (BRASIL, 2020d), pode estar associada à gravidade da síndrome gripal.
– Oximetria de pulso (SpO2): avaliação não invasiva por meio do oxímetro de pulso
(RUPPEL, 1998). A SpO2 < 95% em ar ambiente está associada com a gravidade da síndrome
gripal (BRASIL, 2020d). Caso o paciente não tenha história de doenças crônicas, como as
pneumopatias, cardiopatias, condições metabólicas ou deficiência física, e a saturação seja
inferior a 88%, este deverá ser encaminhado imediatamente para uma unidade de internação
hospitalar para tratamento do quadro.
– Avaliar se o usuário faz uso de prótese ventilatória e/ou suplementação de oxigênio
mesmo que em ventilação espontânea.
Os usuários com suspeita de COVID-19 (porém assintomáticos) ou com síndrome gripal
deverão ser contatados pelo menos uma vez a cada 48 horas – por telefone e, se neces-
sário, presencialmente – para que seja investigado quanto aos critérios clínicos e qualquer
alteração da condição clínica. E os usuários com diagnóstico confirmado deverão ser moni-
torados pela equipe de profissionais de saúde, por telefone, todos os dias (BRASIL, 2020d).

EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A prática de educação em saúde deverá ser uma rotina dos profissionais de saúde
e propiciará que o usuário aprenda sobre a doença, suas repercussões, estratégicas de
prevenção e o processo de tratamento por meio de orientações utilizando-se metodologias
diversas, como conversas com os usuários que estejam presentes nas Unidades de Saúde,
fôlderes, vídeos, áudios, podcasts, lives, chamadas telefônicas por vídeo, mensagens em
redes sociais da unidade de saúde, manuais e cartilhas divulgados por meios de comuni-
cação formais de órgãos de saúde em nível nacional, estadual e/ou municipal, entidades
de classe e associações profissionais, dentre outros. Para ampliar o impacto dessas ações,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 53


é importante que a linguagem seja acessível aos usuários e que os canais de informação
confiáveis estejam ao alcance dos usuários e seus familiares.
Consideramos importante reforçar algumas orientações/recomendações aos usuários
que podem ser utilizadas pelos Fisioterapeutas e toda a equipe da APS.
Orientações sobre medidas de responsabilidade sanitária

1. O isolamento social é a forma mais adequada de evitar o contágio, e todas as vezes


que o usuário entrar em contato com outras pessoas e quando o distanciamen-
to não for possível deverá usar a máscara cirúrgica ou de tecido tripla (BRASIL,
2020a).
2. A máscara cirúrgica deverá ser substituída a cada 2-3 horas ou quando estiver
úmida e deve ser descartada em saco plástico fechado e condicionada em lixeira.
3. As máscaras “caseiras” podem ser utilizadas em ambientes coletivos onde o dis-
tanciamento for inviável, desde que confeccionadas, utilizadas e higienizadas de
maneira correta. Segundo a OMS, devem ter pelo menos três camadas: a cama-
da exterior deve ser feita de um material resistente à água, como o polipropile-
no, poliéster ou uma mistura deles; a camada do meio deve agir como um filtro e
pode ser feita de um material sintético, como o polipropileno, ou de uma camada
extra de algodão; a camada interior deve ser feita de um material que absorva a
água, como o algodão. O importante é que a máscara seja feita nas medidas cor-
retas, cobrindo totalmente a boca e o nariz, e que estejam bem ajustadas ao rosto,
sem deixar espaços entre a face e a máscara (WHO/OMS, 2020). Trocar quando
a máscara estiver úmida. Deve ser lavada pelo próprio indivíduo com sabão e/ou
água sanitária, deixando de molho por cerca de 30 minutos (BRASIL, 2020a).
4. Seguem as recomendações da OMS para o uso das máscaras: lavar as mãos
com água e sabão ou usar álcool em gel antes e após a utilização da máscara, a
qual deverá ser examinada previamente ao uso, e se estiver danificada deverá ser
descartada; ao retirar a máscara, incline-se ligeiramente para a frente e pegue na
máscara pelos elásticos, na parte que está atrás da orelha, sem tocar a frente. Não
toque na máscara enquanto estiver a usando, para evitar contaminação, e se tocar
na máscara acidentalmente, limpe as mãos (WHO/OMS, 2020).
5. Os usuários com doenças crônicas, como as pneumopatias, cardiopatias, condi-
ções metabólicas ou deficiência física, deverão manter a medicação de controle
prescrita pelo médico, e qualquer dúvida o mesmo ou um familiar deverá contatar,
por telefone, o médico de referência ou a unidade de referência.
6. Etiqueta da tosse: ao tossir ou espirrar, deve-se cobrir o nariz e a boca com a parte
interna do cotovelo flexionado ou com um lenço, preferencialmente descartável;

54 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


caso não tenha um lenço no momento, tossir ou espirrar na parte de cima da man-
ga da blusa/camisa; em caso de tosse produtiva, orientar a eliminação da secreção
em um lenço, que deverá ser descartado em sacos de plástico, fechados e coloca-
dos em uma lixeira. É preciso higienizar as mãos em seguida com água e sabão ou
álcool gel (BRASIL, 2020d).

No Quadro 3 estão descritas algumas sugestões sobre exercícios e cuidados que po-
dem ser orientados aos usuários com suspeita ou confirmação de COVID-19 sintomáticos
ou com síndrome gripal ou usuários dos grupos de risco.

Quadro 3. Exercícios e cuidados que podem ser orientados aos usuários com suspeita ou confirmação de COVID-19
sintomáticos ou com síndrome gripal ou usuários dos grupos de risco

(continua)

Justificativa Sugestões Cuidados

Evitar longos períodos em comportamento


sedentário e tentar manter a mobilidade para
as AVDs.
Modalidades (JIMÉNEZ-PAVÓN;
CARBONELL-BAEZA; LAVIE, 2020;
Devido ao início repentino FERREIRA et al., 2020): exercícios de
do período de quarentena/ intensidade leve visando à manutenção
– O usuário deverá estar
isolamento social, os usuários da condição física prévia, incluindo
sem febre, sem fadiga e
poderão desenvolver: exercícios aeróbios, de resistência, de
dores musculares e sem
●mudança para um estilo de equilíbrio, mobilidade e coordenação, e
dispneia importante.
vida menos ativo; preferencialmente associar a dupla tarefa,
– Manutenção das
● redução da força muscular; principalmente se o usuário for idoso e com
horas de sono, dieta e
● risco aumentado de trombose comorbidades.
hidratação adequadas
venosa profunda; Frequência: 5 a 7 dias por semana,
Estável, e interrupção do hábito
●alteração do estado considerando o período de quarentena; 1 ou
sem sinais e de fumar devem ser
emocional, com risco de falta 2 vezes por dia.
sintomas priorizadas.
de colaboração ou o abandono Duração de cada sessão de treino: entre 15 a
– É aconselhável que no
do tratamento associado ao 45 minutos; considerar entre 200 – 400 min de
dia após o exercício físico
medo da doença. exercícios aeróbios por semana, distribuídos
o usuário não sinta fadiga
O estado fisicamente ativo entre 5 – 7 dias/semana; e pelo menos 3
adicional.
influencia positivamente na dias/semana para exercícios resistidos,
– Se idoso ou com deficit
saúde física e mental e melhora preferencialmente em dias alternados.
de equilíbrio, atenção em
componentes da aptidão física Intensidade do exercício: sensação de
relação às quedas.
(cardiorrespiratória, força, dispneia e fadiga ≤ 3 na escala de Borg
agilidade de coordenação). modificada (0-10); se possível, orientar a
intensidade do exercício entre 65-75% da
frequência cardíaca máxima, avaliando a
condição individual.
Modo: pode ser contínuo ou intervalar. No
caso de não haver equipamentos e

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 55


Quadro 3. Exercícios e cuidados que podem ser orientados aos usuários com suspeita ou confirmação de COVID-19
sintomáticos ou com síndrome gripal ou usuários dos grupos de risco

(continua)
materiais específicos disponíveis, são
algumas opções para realização de
exercícios no ambiente domiciliar: exercícios
de resistência utilizando o próprio peso
corporal, agachamentos com apoio em
parede ou cadeira, sentar e levantar de uma
cadeira, subir e descer escada ou degraus,
elevar mantimentos como um quilo de
alimento não perecível ou garrafa PET com
água e areia ou pedrinhas; atividade aeróbia
como caminhada dentro de casa e dança;
exercício de equilíbrio, como andar em uma
linha no chão, andar na ponta dos pés ou com
os calcanhares, caminhando com pequenos
obstáculos para elevar joelhos.
Exercícios respiratórios para controle e
consciência da respiração:
Técnica – respiração diafragmática.
Sugerimos orientar o usuário a inspirar Realizar quando estiver
lentamente pelo nariz e tentar elevar o sozinho, devido ao risco
– Usuário sem doença prévia: abdome e expirar lentamente pela boca, com de disseminação do
Relata fadiga e/ou falta de ar os lábios franzidos ou entre os dentes. vírus, em um ambiente
Aumento da para AVD. Técnicas de conservação de energia: bem ventilado.
dispneia – Usuário com doença prévia: Sugerimos orientar o usuário a planejar as Realizar com a utilização
Relata piora da fadiga e/ou da atividades do dia a dia dando prioridade para de máscara cirúrgica, se
falta de ar. as que forem mais importantes; intercale com estiver com o profissional,
períodos de repouso e caso seja necessário e com distanciamento
faça os exercícios respiratórios entre as mínimo de 2 m.
atividades; tarefas que demandam mais
energias, faça quando estiver se sentindo
melhor.

Quadro 3. Exercícios e cuidados que podem ser orientados aos usuários com suspeita ou confirmação de COVID-19
sintomáticos ou com síndrome gripal ou usuários dos grupos de risco

(conclusão)

As técnicas com objetivo de remoção de


secreção brônquica não são indicadas em
– Devido à redução da
usuários que apresentem tosse seca, o que
mobilidade, pode haver
ocorre na maioria dos casos da COVID-19.
retenção de secreção,
Eventualmente, os usuários podem – Utilizar etiqueta da
principalmente em usuários
apresentar tosse produtiva quando houver tosse.
que tenham histórico de
alguma doença respiratória prévia associada, – Utilizar proteção
acúmulo de secreção por
nos casos de tabagismo ou em algumas individual.
Aumento da doença prévia.
situações menos frequentes da COVID-19 – Realizar em ambiente
tosse – A maioria dos usuários com
ou síndrome gripal. Nesse cenário, podem bem ventilado.
COVID-19 apresenta como
ser indicadas – com cautela – técnicas de – Mudança do aspecto da
principal problema hipoxemia
remoção de secreção brônquica. A escolha secreção requer procura
e tem essencialmente tosse
da melhor técnica deve ser avaliada pelo médica.
seca, que pode ocorrer em
fisioterapeuta e individualizada, considerando
episódios sucessivos, levando
a especificidade de cada usuário e de
o usuário à sensação de fadiga.
suas condições clínicas no momento da
intervenção.

Evitar o uso de inaladores domésticos para fins de umidificação e fluidificação de secreções. Sugere-se
O que se
o uso de inaladores dosimetrados e espaçadores para a administração de broncodilatadores, quando
deve evitar
necessário, seguindo recomendações médicas.

56 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


APOIO MATRICIAL

O apoio matricial, quando necessário, deve ser utilizado como estratégia para ampliar
e qualificar a atuação dos Fisioterapeutas e profissionais da equipe de APS no cuidado
respiratório aos usuários do território, levando para esse cenário de atenção à saúde conhe-
cimentos inerentes a especialidades profissionais de fisioterapia respiratória e fisioterapia
cardiovascular, os quais serão úteis no contexto da pandemia da COVID-19. Nessa pers-
pectiva, sugerimos parcerias entre Fisioterapeutas da APS e Fisioterapeutas especialistas
em fisioterapia respiratória e fisioterapia cardiovascular que trabalham como docentes em
cursos de Fisioterapia de universidades situadas nas regiões onde as equipes atuam, assim
como nas Unidades Regionais, Núcleos e Grupos de Estudo da ASSOBRAFIR, os quais
podem ser solicitados como consultores especialistas junto às equipes da APS.
Na mesma direção, os Fisioterapeutas podem utilizar o matriciamento junto aos Agentes
Comunitários de Saúde (ACS) e demais profissionais da equipe de APS – com orientações
relativas à identificação de sinais e sintomas que possam corresponder ao aparecimento de
sintomas mais graves ou agravamento do quadro respiratório de usuários do território, identi-
ficados durante as visitas domiciliares ou via relatos durante os contatos por telefone – e tam-
bém podem reforçar as orientações sobre as melhores práticas descritas neste documento.
Outra frente de trabalho que será desafiante aos profissionais da APS é o acolhimento e
a assistência aos usuários após hospitalização decorrente da COVID-19. O recente relatório
elaborado por Fisioterapeutas envolvidos no Comitê da Sociedade Respiratória Europeia
(ERS) recomenda assistência multiprofissional no âmbito da comunidade aos usuários que
foram hospitalizados por COVID-19 sempre que necessário (MARTIJN et al., 2020). A OMS
recomenda a mobilização ativa do paciente crítico de COVID-19, quando é seguro fazê-lo,
desde a fase inicial da doença até após o quadro agudo, iniciando no ambiente hospitalar
e progredindo para o domicílio ou centro de reabilitação para dar continuidade ao processo
de recuperação com objetivo de diminuir sintomas e incapacidades e ganhar funcionalidade
(WHO/OMS, 2020). A oferta de programas de reabilitação nas comunidades locais favorece
o cuidado em longo prazo (OPAS, 2020) e, nessa perspectiva, as equipes da APS ocupam
lugar privilegiado, ao operarem na lógica do cuidado no território, centrada no usuário, e por
constituírem uma rede de serviços de saúde altamente capilarizada no país.
A reabilitação do paciente que teve COVID-19 deverá ser uma intervenção abrangen-
te, com base em avaliação completa do usuário, seguida de intervenções personalizadas
que incluem exercícios de treinamento e educação e mudança de comportamento, proje-
tadas para melhorar a condição física e psicológica dos usuários e promover a adesão em
longo prazo aos comportamentos de melhoria da saúde. Diante das evidências descritas

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 57


previamente, em condições de saúde similares, a reabilitação abrangente parece ser uma
estratégia promissora a esta parcela de usuários.
Caso a reabilitação seja realizada na APS, e não na atenção secundária ou terciária,
os itens a seguir se fazem necessários:

• Avaliação individual (dispneia, fadiga, necessidade de oxigênio, disfunções cardio-


vasculares, neuromotoras, outras doenças prévias, etc.);
• Avaliações da função pulmonar, capacidade de exercício e funcional, função mus-
cular, equilíbrio e qualidade de vida relacionada à saúde devem ser realizadas so-
mente quando possível;
• Avaliação ambiental (possibilidade de mobilidade segura);
• Avaliação nutricional, psicológica e social (quando necessária);
• Elaborar propostas de reabilitação direcionadas aos usuários pós-COVID-19 que
apresentem disfunção ventilatória e/ou descondicionamento físico persistente,
como programas domiciliares com exercícios progressivos, orientações sobre mu-
danças de comportamento e adequação do ambiente, reconhecimento de sinais de
alerta em relação à piora do quadro clínico (OPAS, 2020) e/ou desenvolvimento de
complicações e técnicas de conservação de energia.

Sugestões de programa de intervenção (deverá ser individualizado e dependente das


condições clínicas e funcionais do usuário):

• Inicialmente serão incluídos exercícios físicos de baixa intensidade (incluindo for-


talecimento funcional), progredindo de acordo com a melhora da capacidade de
realização dos exercícios e ganho funcional, conforme descrito no Quadro 3.

Cuidados e recomendações:

• A equipe procederá com avaliação e assistência a usuários infectados ou suspeitos,


e o acompanhamento desses usuários, quando possível, deverá ser por telefone
(incluir a possibilidade de videochamada) e disponibilização de materiais educati-
vos como cartilhas, fôlderes, vídeos, podcasts e áudios de orientações gerais e/ou
individualizadas, dentre outros recursos disponíveis.
• Caso seja necessário acompanhamento domiciliar, este deverá ser realizado com
total segurança (utilização de EPIs) para a equipe e para o usuário e seus familia-
res, conforme orientações publicadas2.
• O encaminhamento de usuários que tiveram diagnóstico de COVID-19 ou suspei-
tos para serem assistidos nos centros de reabilitação só deverá ser realizado após

58 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


cura documentada da doença.
• As equipes NASF poderão operar como equipes multidisciplinares itinerantes com
programas de reabilitação para os usuários pós-COVID-19, em ambientes comuni-
tários dos distintos territórios sob sua responsabilidade.
• As equipes deverão apoiar a transição entre hospital e domicílio dos casos mais
complexos, que exijam um acompanhamento diferenciado, como, por exemplo,
pessoas com problemas de saúde preexistentes, doenças crônicas, deficiência,
idosos, que cursem com síndrome pós-terapia intensiva, sequelas motoras, que
estejam em oxigenioterapia, entre outros (OPAS, 2020).
• Estabelecer parcerias com os equipamentos sociais do território (OPAS, 2020), uti-
lizando infraestrutura, recursos materiais e profissionais que contribuam para a am-
pliação do acesso à reabilitação aos usuários acometidos pela COVID-19.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As experiências do enfrentamento da pandemia com o cuidado nos territórios no âmbito


da APS ainda são pouco divulgadas e compartilhadas, com evidências limitadas. No campo
da fisioterapia, a realidade é a mesma. Entretanto, acredita-se na potência do cuidado nesse
ponto da rede de atenção à saúde no Brasil, que é a principal porta de entrada dos usuários
no sistema de saúde. Tal abordagem exige a atuação de uma equipe multiprofissional e
participação ativa das comunidades e grupos sociais.
Os Fisioterapeutas da APS, ao incorporarem em seu cotidiano do trabalho os conhe-
cimentos da fisioterapia respiratória e cardiovascular, tanto para o planejamento das
ações da APS (acolhimento, triagem e encaminhamentos) como para o acompanhamento
dos usuários dos grupos de risco, dos casos suspeitos ou confirmados da COVID-19 e que
cursem com sintomas respiratórios leves, têm papel preponderante no cuidado ampliado e
possíveis melhores desfechos clínicos junto aos usuários que estão sob a responsabilidade
de suas equipes.
Após a alta hospitalar, a intervenção fisioterápica em domicílio e na comunidade, no
contexto da reabilitação, tem se apresentado como uma necessidade importante dos usuá-
rios. No futuro, a disponibilidade de novos conhecimentos sobre o impacto da doença e
suas repercussões respiratórias, cardiovasculares, motoras, metabólicas e sistêmicas irão
nortear com maior precisão a tomada de decisões sobre as intervenções da fisioterapia
pós-COVID-19, o processo de reabilitação e a reinserção dos pacientes na comunidade.
Finalmente, cabe ressaltar que a atuação das equipes da APS nos territórios é ex-
tremamente ampla e complexa e que esse documento pretende abrir o debate sobre a

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 59


contribuição da Fisioterapia Respiratória e Cardiovascular ao processo de trabalho dos
Fisioterapeutas da APS.

ANEXO

Figura 1. Fluxo acerca do papel do profissional Fisioterapeuta no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS)

 Fonte: Ministério da Saúde, Protocolo do Manejo Clínico do Coronavírus (COVID-19) na Atenção Primária à Saúde (APS)

60 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 63


05
“ Análise da Qualidade de Vida em
idosos com Esclerose Lateral
Amiotrófica

Leuziane Moreira de Oliveira


HUAP - UFF

10.37885/201001645
RESUMO

A Esclerose Lateral Amiotrófica compromete tanto o Sistema Nervoso Central (SNC)


quanto o Sistema Nervoso Periférico (SNP). O estudo objetiva analisar os aspectos es-
pecíficos relacionados à qualidade de vida nos pacientes portadores da ELA do Hospital
Universitário Antônio Pedro (HUAP) e do Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC).
Utilizaram-se as escalas Form Health Survey (SF-36), com oito componentes: capacida-
de funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais,
aspectos emocionais e saúde mental e o Amyotrophic Lateral Sclerosis Assessment
Questionnaire (ALSAQ-40), com cinco componentes: mobilidade, estado emocional,
atividades de vida diárias, alimentação, comunicação. Amostra foi composta por 120
pacientes. A pesquisa revelou menor prejuízo na saúde mental (∆% = 45,8 %), seguido
por aspectos sociais (∆% =45,6%), limitações por aspectos emocionais (∆% =5 %) e
capacidade funcional (∆% = 10,5 %) e demonstrou maior prejuízo nos aspectos so-
ciais (∆% = 64,1%).

Palavras-chave: Qualidade de Vida, Capacidade Funcional.


INTRODUÇÃO

A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é definida como doença neurodege­nerativa que


acomete tanto o neurônio motor superior quanto o inferior, caracterizada pela deterioração
progressiva das células do núcleo motor dos nervos cranianos do tronco encefálico, do
corno anterior da medula e das vias córtico-espinhais e córtico-bulbares (ZANOTELI et al.
200). Nessa doença, não há comprometimento primário das funções sensitivas e disfunção
vésico-esfincteriana, e também das funções corticais superiores como inteligência e memória
(ZANOTELI et al. 2005; PARAKH et al. 2013).
Assim sendo, existe um declínio funcional com início nas extremidades, dos membros
superiores, progredindo posteriormente para os demais membros, tronco, musculatura fa-
ríngea e respiratória (XEREZ, 2008). Culminando na incapacidade definitiva para a reali-
zação das atividades de vida diárias, disfagia e insuficiência respiratória (XEREZ, 2008;
GUEZZI et al., 2005).
A continuidade da insuficiência respiratória apresentará o impacto da incapacidade no
controle muscular, o que tem efeito adverso na função e bem-estar dos pacientes com esse
diagnóstico (JENKINSON et al., 1999; MILLER et al., 2012). Desta forma, a percepção do
estado de saúde e o impacto na QV, bem como a evolução da doença e os benefícios do
tratamento, estão sendo amplamente reconhecidos como tópicos de pesquisa em estudos
clínicos e epidemiológicos (WITTEMER et al. 2003).
Sendo assim, os critérios de inclusão na amostra desta pesquisa foram os pacientes
atendidos nos Ambulatórios de Neurologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-
UFF), e no Instituto de Neurologia Deolindo Couto (UFRJ), após o diagnóstico clínico confir-
mado de ELA, com a idade entre 36 e 80 anos, apresentando-se em regime de internação
domiciliar e que assinaram e concordaram com o Termo de Consentimento na participação
da Pesquisa. Os critérios de exclusão foram os participantes que apresentaram pelo me-
nos um dos seguintes itens: realizarem somente a avaliação inicial; eletroneuromiografia
demonstrando bloqueio de condução motora ou sensitiva; quadro clínico de deterioração
mental verificado pelo teste de “Mini-avaliação do estado mental”.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a expressão “qualidade de
vida” se refere à percepção pelo indivíduo, da sua posição na vida, dentro do contexto de
cultura e sistema de valores e em relação estabelecida com o ambiente que vive (MINAYO
et al. 2003; DINIZ. 2006; PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS, 2009).
Nesse sentido, o binômio da Fisioterapia e QV são componentes dentre os fa-
tores que compõem o bem estar e longevidade dos indivíduos portadores de ELA
(FREGONEZI et al. 2013).

66 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


MÉTODOS

Esse estudo caracteriza-se descritivo com uma abordagem quantitativa. A população


foi constituída de 120 indivíduos portadores de ELA, do HUAP e INDC. Com 72 pacientes
(60%) do INDC e 48 pacientes (40%) do HUAP.
Os critérios de inclusão na amostra foram: pacientes com diagnóstico clínico confirma-
do de ELA. A amostra recebeu atendimentos nos Ambulatórios de Neurologia do Hospital
Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), e no Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC-
UFRJ), com a idade entre 36 e 80 anos, apresentando-se em regime de internação domiciliar
e que assinaram e concordaram com o Termo de Consentimento na participação da Pesquisa.
Os critérios de exclusão na amostra foram todos os participantes que apresentarem
pelo menos um dos seguintes itens: pacientes que realizarem somente a avaliação inicial,
apresentação da eletroneuromiografia demonstrando bloqueio de condução motora ou sensi-
tiva e com quadro clínico de deterioração mental verificado pelo setor da psicologia, através
do teste de “Mini-avaliação do estado mental”.
Visando respeitar os aspectos éticos das pesquisas envolvendo seres humanos, pre-
visto na resolução n⁰ 466 de 12 de dezembro de 2012, do conselho nacional de saúde, esta
pesquisa foi aprovada pela comissão de Ética do HUAP CAAE no 0009.0.258.000-10.
Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi apresentado e assinado
pelos indivíduos, antes de serem incluídos na amostra, confirmando sua participação na
pesquisa. A coleta de dados ocorreu entre 11 de junho de 2010 ao dia 6 de janeiro de 2012.
Por intermédio de um questionário auto-administrado e que foi realizado por um avaliador
na sala de avaliação dos HUAP e do INDC. Com os pacientes que aceitaram participar da
pesquisa e após o preenchimento do TCLE. O questiona foi aplicado de forma transversal
e respondido individualmente pelos participantes do estudo.
Ao final do processo de amostragem, a pesquisa contou com 120 pacientes portadores
de ELA, do HUAP e INDC. Com 72 pacientes (60%) do INDC e 48 pacientes (40%) do HUAP.

Instrumentos

A avaliação da QV foi realizada por intermédio dos questionários ALSAQ-40 e SF-36,


em uma sala específica de avaliação dos hospitais e por um avaliador.
Os procedimentos foram divididos em: estabelecimento de vínculo entre pesquisa-
dora e pacientes/familiares e aplicação do Questionário de Avaliação da Esclerose Lateral
Amiotrófica (ALSAQ-40) e Avaliação da qualidade de vida (SF-36). Foram escolhidos o
ALSAQ-40 e o SF-36 no presente estudo, pois são questionários específicos e validados
para avaliar a qualidade de vida de indivíduos com ELA.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 67


O ALSAQ-40 avaliou as 5 dimensões: mensurou, objetivamente, a QV nos pacientes
com diagnóstico clínico de ELA. A avaliação compreendeu em 40 perguntas, divididas em
cinco dimensões: (1) mobilidade (10 itens); (2) atividade no dia a dia (ADL) e na indepen-
dência (10 itens); (3) alimentação (3 itens); (4) comunicação (7 itens) e (5) aspectos emo-
cionais (10 itens) envolvendo as áreas da fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia
e psicologia. O escore de cada escala varia de 0 a 100 (FREGONEZI et al. 2013).
A outro questionário, o SF-36, subdivididos em 8 dimensões: capacidade funcional (10
itens); aspecto físico (4 itens); dor (2 itens); estado de saúde (6 itens); vitalidade (4 itens);
aspecto social (2 itens); aspectos emocionais (3 itens) e saúde mental (5 itens). A contagem
final varia de 0 a 100, e quanto mais elevada a contagem, melhor QV (CRONIN et al. 2007).

Tabela 1. Itens das escalas dos domínios: SF-36 e ALSAQ-40.

Domínios do SF-36 Domínios do ALSAQ-40

1) Capacidade funcional 1) Mobilidade


2) Aspectos físicos 2) Estado emociona
3) Dor 3) Atividades de vida diárias
4) Estado geral de saúde 4) Alimentação
5) Vitalidade 5) Comunicação
6) Aspectos sociais 6) Domínios do ALSAQ-40
7) Aspectos emocionais
8) Saúde mental

Análise estatística

Os dados foram analisados por meio do pacote computadorizado Statiscal Packagr


for the Socila Sciences (SPSS) versão 20.0. A amostra desta análise estatística foi consti-
tuída de 120 indivíduos portadores de ELA, com 72 pacientes (60%) do INDC e 48 pacien-
tes (40%) do HUAP.

RESULTADOS

AVALIAÇÃO DOS DOMÍNIOS MAIS PREJUDICADOS NO HUAP E INDC

No HUAP, ocorreu a perda de informação sobre 20 pacientes da avaliação inicial para


a final em virtude de óbitos, de não retornos, de internações, dentre outros motivos.

68 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Gráfico. Domínio da Capacidade funcional

Capacidade funcional
100

80

Nível de qualidade de vida


60

40

20

0
N= 20 20

Avaliação inicial Avaliação final

Para os 20 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV na dimensão da Capacidade funcional foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média:32,3 % Desvio padrão: 32,75 %
Mínimo: 0 % Máximo: 100 %
Mediana: 25 % Amplitude interquartílica: 52,5 %
Avaliação final: Média: 10,5% Desvio padrão: 19,66 %
Mínimo: 0 % Máximo: 60 %
Mediana: 0% Amplitude interquartílica: 12
O nível de QV no domínio da capacidade funcional apresentou queda estatisticamente
significativa da primeira para a terceira avaliação (teste de postos sinalizados de Wilcoxon
normalizado: z = 2,714; valor-p 0,007). A queda na pontuação mediana foi de 25 pontos
percentuais e a queda na variação interquartílica foi de 40 pontos percentuais.

Gráfico. Domínio das Limitações por aspectos físicos

Limitações por aspectos físicos


100

80
Nível de qualidade de vida

60

40

20

0
N= 20 20
Avaliação inicial Avaliação final

Avaliação inicial: Média: 23,8 % Desvio padrão: 40,94 %


Mínimo: 0 % Máximo: 100 %
Mediana: 0 % Amplitude interquartílica: 37,5 %
Avaliação final: Média: 16,3 % Desvio padrão: 36,52 %
Mínimo: 0 % Máximo: 100 %
Mediana: 0% Amplitude interquartílica: 0 %

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 69


Para os 20 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística
do o nível de QV no domínio das limitações por aspectos físicos não apresentou queda
estatisticamente significativa da primeira para a terceira avaliação (teste de postos sinali-
zados de Wilcoxon normalizado: z = 1,342; valor-p 0,180). Não houve queda na pontuação
mediana, que se manteve em 0 % e a queda na variação interquartílica foi de 37,5 %. Dos
vinte pacientes, dezoito mantiveram o mesmo nível nas duas avaliações, embora quatorze
deles de valor 0 %; os outros dois diminuíram seus níveis de QV.

Gráfico. Domínio da Dor

Dor
100

80
Nível de qualidade de vida

60

40

20

0
N= 20 20
Avaliação inicial Avaliação final

Para os 20 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV nessa dimensão foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média: 58,1 % Desvio padrão: 20,24 %
Mínimo: 0 % Máximo: 84 %
Mediana: 57 % Amplitude interquartílica: 22,5 %
Avaliação final: Média: 43,2 % Desvio padrão: 27,72 %
Mínimo: 10 % Máximo: 84 %
Mediana: 36,5 % Amplitude interquartílica: 58 %
O nível de QV no domínio da dor apresentou queda estatisticamente significativa da
primeira para a terceira avaliação (teste de postos sinalizados de Wilcoxon normalizado: z
= 2,358; valor-p 0,018). A pontuação mediana declinou 21,5% e a variação interquartílica
aumentou 35,5%, indicando um aumento na heterogeneidade dos níveis individuais. Dos
vinte pacientes, oito mantiveram o mesmo nível nas duas avaliações e doze apresenta-
ram diminuição do nível de QV (dois em 10% e um em 20%, sendo que este último variou
de 0% para 20%).
Os domínios dessa avaliação do ALSAQ-40, apresentam a relevância do conhecimento
acerca do impacto que a evolução da doença ocasiona na qualidade de vida das pessoas com
ELA. Dessa forma, devido ao comprometimento motor progressivo à medida que a doença
evolui, a independência funcional e a qualidade de vida dos pacientes acometidos são itens

70 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


de fundamental importância e devem ser amplamente estudados em pesquisas acerca da
clínica e da epidemiologia da doença (MITCHELL et al. 2007; BARBER et al. 2010).
A independência funcional está ligada às atividades de vida diária, ou seja, às atividades
funcionais que são aquelas identificadas pelo indivíduo como essenciais para a manutenção
do seu bem-estar físico e psicológico.
Na análise dos domínios do ALSAQ-40 no HUAP e no INDC apresentam-se os resul-
tados no gráfico:

120

100
90.4 89.3
Nível de qualidade de vida (%)

88
85.6
83.1
80 74.4
71.2
69.2 70.8

60 54.6

40

20

0
Mobilidade AVD's Alimentação e Comunicação Estado emocional
deglutição
Dom ínio do ALSAQ-40

Hospital Universitário Antonio Pedro Instituto de Neurologia Deolindo Couto

O DOMÍNIO DA MOBILIDADE NOS DOIS HOSPITAIS

No caso do domínio Mobilidade, o grupo do INDC mostrou, com significância estatística


(p<0,05), a manutenção da QV. (teste de Mann-Whitney: U = 223,5; p < 0,0001).

Gráfico. Domínio da mobilidade

Mobilidade
100

80
Nível de qualidade de vida

60

40

20

0
N= 20 70
HUAP INDC

Hospital

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 71


No INDC, ocorreu perda de informação sobre dois pacientes da avaliação inicial para
a final em virtude de óbitos, de não retornos, de internações, dentre outros motivos.

Gráfico. Domínio da Capacidade funcional

Capacidade funcional
100

80

Nível de qualidade de vida


60

40

20

0
N= 69 69
Avaliação inicial Avaliação final

Para os 70 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV na dimensão da Capacidade funcional foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média: 8,8 % Desvio padrão: 17,75 %
Mínimo: 0 % Máximo: 60 %
Mediana: 0 % Amplitude interquartílica: 5 %
Avaliação final: Média: 7,3% Desvio padrão: 17,48 %
Mínimo: 0 % Máximo: 60 %
Mediana: 0% Amplitude interquartílica: 0 %
O nível de QV no domínio da capacidade funcional não apresentou queda estatistica-
mente significativa (p>0,05) da primeira para a terceira avaliações (teste de postos sinalizados
de Wilcoxon normalizado: z = 0,618; valor-p = 0,536). Não houve queda na pontuação me-
diana, mantendo-se em 0% e a queda na variação interquartílica foi de 5 pontos percentuais.
Dos 69 pacientes, 57 (71,0%) mantiveram o mesmo nível nas duas avaliações, embora 47
deles de valor 0%; dos outros doze (17,4%) diminuíram seus níveis de QV.

Gráfico. Domínio das Limitações por aspectos físicos

Limitações por aspectos físicos


100

80
Nível de qualidade de vida

60

40

20

0
N= 69 69
Avaliação inicial Avaliação final

Para os 70 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV nessa dimensão foi a seguinte:

72 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Avaliação inicial: Média: 3,5 % Desvio padrão: 15,31 %
Mínimo: 0 % Máximo: 75 %
Mediana: 0 % Amplitude interquartílica: 0 %
Avaliação final: Média: 4,3 % Desvio padrão: 16,02 %
Mínimo: 0 % Máximo: 75 %
Mediana: 0% Amplitude interquartílica: 0 %
O nível de QV no domínio das limitações por aspectos físicos não apresentou queda
estatisticamente significativa (p > 0,05) da primeira para a terceira avaliações (teste de
postos sinalizados de Wilcoxon normalizado: z = 0,828; valor-p = 0,408). Não houve queda
nas pontuações mediana e de amplitude interquartílica, que se mantiveram em 0 %. Dos 70
pacientes, 64 (92,8%) mantiveram o mesmo nível nas duas avaliações, embora 62 deles de
valor 0%; dos outros oito (7,2%) diminuiu seus níveis de QV.
Gráfico – Domínio da Dor

Dor
100

80
Nível de qualidade de vida

60

40

20

0
N= 69 69
Avaliação inicial Avaliação final

Para os 70 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV nessa dimensão foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média: 56,2 % Desvio padrão: 20,83 %
Mínimo: 0 % Máximo: 100 %
Mediana: 52 % Amplitude interquartílica: 22 %
Avaliação final: Média: 63,4 % Desvio padrão: 15,62 %
Mínimo: 31 % Máximo: 100 %
Mediana: 74 % Amplitude interquartílica: 22 %
O nível de QV no domínio da dor apresentou melhora estatisticamente significativa
(p<0,05) da primeira para a terceira avaliação (teste de postos sinalizados de Wilcoxon nor-
malizado: z = 2,503; valor-p = 0,012). A pontuação mediana subiu 22% tendo se mantido a
variação interquartílica em 22%. Dos 69 pacientes, 35 (50,7%) mantiveram o mesmo nível
nas duas avaliações (com 33 apresentando níveis acima de 50%) e 34 (47,7%) apresen-
taram diminuição.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 73


COMPARAÇÃO ENTRE A AVALIAÇÃO INICIAL E FINAL EM DOMÍNIOS PREJUDICADOS

Ocorreu a ausência de informações sobre 28 pacientes no HUAP, da avaliação inicial


para a final, em virtude de óbitos, de não retornos, de internações, dentre outros motivos.

Gráfico. Domínio da Mobilidade

Mobilidade
100

80

Nível de qualidade de vida


60

40

20

0
N= 48 20
Avaliação inicial Avaliação final

Para os 20 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV nessa dimensão foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média: 60,6 % Desvio padrão: 24,81 %
Mínimo: 15 % Máximo: 100 %
Mediana:67,5 % Amplitude interquartílica:18,75 %
Avaliação final: Média: 83,1 % Desvio padrão: 14,35 %
Mínimo: 35 % Máximo: 100 %
Mediana: 87,5 %Amplitude interquartílica: 12,5 %
O nível de QV no domínio da Mobilidade apresentou aumento estatisticamente sig-
nificativo (p<0,05) da primeira para a terceira avaliações (teste de postos sinalizados de
Wilcoxon normalizado: z = 3,522; valor-p = 0,0004). A pontuação mediana cresceu 20 pontos
percentuais e a variação interquartílica diminuiu cerca de 6%. Dos vinte pacientes, quatro
(20,0%) mantiveram o mesmo nível nas duas avaliações, dezesseis (80,0%) pioraram.
Ocorreu a ausência de informação sobre 2 pacientes no Instituto de Neurologia Deolindo
Couto, da avaliação inicial para a final em virtude de óbitos, de não retornos, de internações,
dentre outros motivos.

74 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Gráfico. Domínio da Capacidade funcional

Mobilidade
100

80

Nível de qualidade de vida


60

40

20

0
N= 70 70
Avaliação inicial Avaliação final

Para os 70 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV nessa dimensão foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média: 50,8 % Desvio padrão: 24,35 %
Mínimo: 15 % Máximo: 87,5 %
Mediana: 37,5 % Amplitude interquartílica:37,5 %
Avaliação final: Média: 54,6 % Desvio padrão: 24,30 %
Mínimo: 15 % Máximo: 97,5 %
Mediana: 55 % Amplitude interquartílica:37,5 %
O nível de QV no domínio da Mobilidade apresentou aumento estatisticamente significa-
tivo (p<0,05) da primeira para a terceira avaliações (teste de postos sinalizados de Wilcoxon
normalizado: z = 2,253; valor-p = 0,024). A pontuação mediana cresceu 3,2 pontos percen-
tuais e a variação interquartílica manteve-se inalterada. Dos setenta pacientes, sessenta e
oito (75,7%) mantiveram o mesmo nível nas duas avaliações e dois (2,9%) pioraram. Este
resultado foi apresentado devido à manutenção da QV, a qual resultou de um acompanha-
mento multiprofissional.

Gráfico. Domínio das AVD’s

AVD's
100

80
Nível de qualidade de vida

60

40

20

0
N= 70 70

Avaliação inicial Avaliação final

Para os 70 pacientes que participaram das duas avaliações, a descrição estatística do


nível de QV nessa dimensão foi a seguinte:
Avaliação inicial: Média: 66,6 % Desvio padrão: 23,92 %

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 75


Mínimo: 5 % Máximo: 100 %
Mediana: 72,5 % Amplitude interquartílica:25 %
Avaliação final: Média: 69,2 % Desvio padrão: 19,35 %
Mínimo: 5 % Máximo: 100 %
Mediana: 72,5 % Amplitude interquartílica:15 %
O nível de QV no domínio das AVD’s não apresentou variação estatisticamente sig-
nificativa (p>0,05) da primeira para a terceira avaliação (teste de postos sinalizados de
Wilcoxon normalizado: z = 1,857; valor-p = 0,063). Ao nível da amostra, a pontuação mediana
manteve-se em 15 pontos percentuais e a variação interquartílica caiu 10%, melhorando a
homogeneidade do grupo. Dos setenta pacientes, sessenta e oito (81,4%) mantiveram o
mesmo nível nas duas avaliações e dois (2,9%) pioraram. Este resultado foi apresentado
devido à manutenção da QV, a qual resultou de um acompanhamento multiprofissional.

DISCUSSÃO

A análise dos resultados apresentados nessa pesquisa, mostraram que os domínios


mobilidade física e atividades de vida diária foram os que mais impactaram negativamente
a qualidade de vida dos pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (Gotqb-Janowska,
2010; Abdulla, 2014).
Em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica de início bulbar, os domínios alimen-
tação e comunicação foram os mais prejudicados, enquanto que as dificuldades na mobi-
lidade física afetaram a qualidade de vida destes pacientes em menor extensão, o que se
justifica, pois as inabilidades físicas dos pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica bulbar
e Esclerose Lateral Amiotrófica espinhal se apresentam em momentos diferentes durante a
evolução da doença (Obayashi, 2008; Mora, 2013).
Nos estudos realizados, os domínios que menos impactaram negativamente a qualidade
de vida foram a alimentação e a função emocional. Embora o prejuízo não seja significativo
na qualidade de vida do paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica, a função emocional
é um domínio muito estudado pelos pesquisadores, sendo de alta prioridade para o cuida-
do clínico, pois há evidências do estresse emocional nesses pacientes (Gotqb-Janowska,
2010; Mora, 2013).
Alguns sentimentos avaliados neste domínio, dentre eles, ser um fardo, perda de liber-
dade e desesperança foram os que mais prejudicaram a qualidade de vida dos pacientes,
sendo a desesperança o sentimento que persistiu durante a evolução da Esclerose Lateral
Amiotrófica. Os sentimentos que prejudicaram em menor extensão a qualidade de vida foram
raiva da doença e depressão (Abdulla, 2014; Mora, 2013).

76 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


A qualidade de vida do paciente com Esclerose Lateral Amiotrófica em estudo realizado
na Polônia com 44 pacientes não foi prejudicada pelos fatores sociodemográficos, como
idade e sexo e fatores clínicos como tipo de tratamento. Já a baixa escolaridade impacta
negativamente o domínio mobilidade física. Os domínios mobilidade física, atividades de
vida diária, alimentação e função emocional dos pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica
obtiveram diferenças significativas entre o grupo de cuidadores que relatou ter um ou nenhum
problema com o fornecimento de serviços de atenção à saúde e apoio social e o grupo que
afirmou ter dois ou mais problemas (Gotqb-Janowska, 2010; Peters, 2012).
Outro estudo, apresentou que não houve alteração no resultado do ALSAQ-40 aplica-
do a 27 pacientes num ensaio clínico que compara intervenção medicamentosa e placebo.
Como também em outro estudo de gerenciamento de caso com 132 pacientes (71 no grupo
de intervenção e 61 no grupo controle), que não obteve diferença entre grupo de intervenção
e grupo controle, além de não ter alterado ao longo do tempo, com a evolução da doença
(Cremmers, 2914; Lauria, 2015).
Os dois estudos que tiveram intervenção mostraram que não houveram diferenças sig-
nificativa nos valores do ALSAQ-40, principalmente no domínio função emocional. Embora os
autores do estudo não tenham discutido esse resultado, pode ser devido à doença ter uma
característica peculiar, que é o fato da função cognitiva permanecer intacta na maioria dos
casos. O paciente tem consciência de toda a evolução da doença e os aspectos emocionais
são individuais, pois depende como cada um processa a experiência que está vivenciando
(Cremmers, 2914; Lauria, 2015).
Acreditamos que devido ao pequeno número de ensaios clínicos randomizados publi-
cados sobre o assunto, às diferentes metodologias adotadas nos já existentes e ao baixo
nível de evidência da maioria dos estudos encontrados (nível VI), há necessidade de apro-
fundamento das pesquisas sobre a temática.

CONCLUSÃO

Após a avaliação da QV em 90 pacientes atendidos no setor de doenças neuromucu-


lares do serviço de neurologias do HUAP e do INDC, através das escalas de QV SF 36 e
ALSAQ-40, com os estudos das referências relacionadas ao tema desta Pesquisa e com a
interpretação coesiva da análise estatística, concluímos que os dados dessa pesquisa de-
monstraram que todos os domí­nios estão afetados nos portadores de ELA, principal­mente,
o motor (mais afetado) e o emocional (menos afetado). Tal fato permite-nos concluir que
a QV dos por­tadores de ELA declina com a evolução da doença, que é rápida, e que estes
se adaptam às suas limitações, valo­rizando o que ainda lhes é preservado.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 77


Esta pesquisa apresentou, em seus dados estatísticos e bibliografia que, a equipe mul-
tidisciplinar em saúde, embora não sendo capaz de parar a progressão da doença, mostra-se
muito importante nos cuidados paliativos, atuando no controle das comorbidades, desde a
prevenção de deformidades neuromusculares produzidas com o avanço da doença, até o
controle e suporte ventilatório, essencial na fase de evolução tardia da enfermidade. Neste
contexto mostra-se muito importante na promoção de uma melhor qualidade de vida do pa-
ciente portador de ELA. É importante que o profissional de saúde saiba olhar este paciente
na sua totalidade, para o seu completo bem-estar físico, emocional, social, familiar e outros,
no intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida a este paciente.

REFERÊNCIAS
1. ZANOTELI E, GABBAI AA, OLIVEIRA ASB. Atualização Terapêutica: manual prático de diag-
nóstico e tratamento. 975-985. São Paulo: Arte Médicas, 2005.

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2013.

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2041. 2007

4. ZANOTELI E, PERES ABA, OLIVEIRA ASB, GABBAI AA. Biologia molecular nas doenças do
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80 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


06
“ Avaliação do risco de lesão em
fisioterapeutas no atendimento
aos pacientes a nível ambulatorial

Nathalia Cristina Rodrigues Veloso


UNICAP

Marina de Lima Neves Barros


UNICAP/CAPES 4/UFPE

Erica Patrícia Borba Lira Uchôa


UNICAP/CAPES 3/UFPE

10.37885/201001630
RESUMO

Introdução: A fisioterapia utiliza-se do seu próprio corpo para reabilitar pessoas que
necessitam de seus cuidados, sabendo que os mesmos, estão ligados a grandes fato-
res de riscos. Tendo em vista todos esses fatores de riscos, a ergonomia irá atuar para
prevenir futuras lesões no ambiente de trabalho deste profissional. Objetivo: Avaliar e
analisar as principais posturas adotadas pelos profissionais de fisioterapia em seu am-
biente de trabalho e os possíveis fatores de riscos associados a esta profissão. Materiais
e Método: É um estudo do tipo descritivo-analítico , do tipo observacional, de corte
transversal e quantitativo. Fizeram parte da amostra 11 fisioterapeutas, com idade entre
23 e 50 anos, sendo todos do sexo feminino. A avaliação foi composta pelo questionário
sociodemográfico, seguido por uma avaliação corporal nas vistas anterior, posterior e
lateral, através dos recursos da fotogrametria, para complementação desta avaliação foi
utilizado os softwares OWAS e RULA. Os dados foram submetidos à análise estatística
, sendo a significância do estudo p<0,05. Resultados: obteve-se que 99% tinham idade
abaixo de 35 anos e 100% eram mulheres, 82% exerciam sua profissão a mais de um
ano, 18% eram formados a mais de 6 meses e já se encontravam no mercado de traba-
lho, 64% desses profissionais já se afastaram do trabalho por algum motivo onde 55%
deles atuam na área de traumato-ortopedia e 73% dos fisioterapeutas relataram ter dor
na região da coluna lombar, seguido de 27,3%), na região do trapézio . Considerações
Finais: Concluiu-se que os participantes de maior idade dessa pesquisa apresentam
um alto índice de riscos a lesões decorrentes do trabalho. E que as dores na região da
coluna lombar são mais frequentes, devido as grandes cargas geradas nessa estrutura.

Palavras-chave: Fisioterapia, Ergonomia, Saúde do Trabalhador.


INTRODUÇÃO

O trabalho é uma atividade profissional onde cada indivíduo busca desempenhar da


melhor maneira, para se atingir um determinado fim. No Brasil, cerca de 1.779 pessoas se
afastaram de suas respectivas funções, devido às doenças do trabalho, segundo dados do
Instituto de Seguro Social (INSS), no estado de Pernambuco, no ano de 2013. Entretanto,
estes afastamentos podem estar ligados a fatores ambientais internos e externos e, princi-
palmente, à fatores de risco a saúde( Capita; Longen, 2012) .
Buscando evoluir visando o aumento da produtividade, junto com o avanço da tecno-
logia, trabalhadores são expostos a situações que exigem grandes esforços, principalmente
inadequados e intensos, gerando frequentemente desordens neuromúsculo-tendionosas(
Nascimento; Mejia , 2013) . Segundo a Constituição Federal (CF), no capítulo dos direitos
sociais, inciso XXII do art. 7.1998, deixa explicito que o trabalhador tem direito de exercer
sua função em um ambiente seguro, ao qual não traga danos a sua saúde.
Mediante as situações expostas, a ergonomia visa uma solução para a melhora da
qualidade de vida dos trabalhadores, onde busca adequar os sistemas de trabalho da melhor
maneira, com o uso de diversas ferramentas, ao qual trará benefícios tanto para o traba-
lhador, quanto para a empresa. O uso das análises ergonômicas deve ser indispensável
na empresa, pois será ela o principal ponto de partida para se convergir melhorias nos
aspectos de segurança como um todo, tendo como base principal o bem-estar humano (
Nascimento; Mejia , 2013).
Alguns estudos, acerca da biomecânica ocupacional evidencia as interações entre
o trabalho e o homem partindo dos movimentos musculoesqueléticos executados em seu
ambiente operacional, sobretudo as posturas adotadas no trabalho e consequentemente
a força aplicada ao mesmo. Por esta razão existe uma grande relevância provocadas por
tensões musculares, dores e fadiga( Nascimento; Mejia , 2013).
Os recursos e técnicas de avaliação são frequentemente utilizados nas práticas clínicas
dos profissionais da área de saúde, na fisioterapia por exemplo, um dos instrumentos mais
utilizados para avaliação é o goniômetro, recurso este que tem o intuito de promover uma
mensuração da amplitude de movimentos que determinará o grau de restrição do paciente,
onde o terapeuta deve obedecer certos preceitos para minimizar o número de erros, sendo
de fundamental importância o conhecimento dos valores de referências normais para cada
articulação. O movimento deve ser realizado lentamente e o paciente deve ser posicionado
corretamente, para que a mensuração seja realizada da melhor maneira, este procedimento
varia de acordo com o critério utilizado pelo terapeuta, o que pode levar a algumas diferenças
de graus caso o indivíduo seja reavaliado por um outro profissional (Chaves et al, 2008).
Trata-se de um instrumento de boa confiabilidade, porém com o crescimento tecnológico, a

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 83


fotogrametria digital vem surgindo como uma nova alternativa de avaliação postural, podendo
ser utilizada tanto para avaliar quantitativamente as assimetrias do corpo, como também
para efetuar medidas lineares ( Chave, et al ; 2008 ).
A fotogrametria é a junção do uso de fotografias digitais com softwares que permitem
a mensuração das medidas de amplitude, para diversas finalidades, porém de maneira pa-
dronizada. Este recurso facilita a quantificação em relação a cinemática entre as posturas,
onde permite o registro de mudanças sutis e de difícil mensuração, se comparada ao uso de
ferramentas manuais. Por esta razão, a fotogrametria é de boa confiabilidade e de bastante
credibilidade se voltada para a prática clínica( Watson, 1998) .
A fisioterapia é uma ciência que usa recursos físicos e mecânicos, ao qual utiliza-se do
seu próprio corpo para reabilitar pessoas que necessitam de seus cuidados, sabendo que
os mesmos, estão ligados a grandes fatores de riscos, tais como, as sobrecargas físicas ao
qual irão gerar má posturas decorrentes de compensações (Watson; Mac , 2000). Devido
as grandes exigências posturais mediante as tarefas desempenhadas por este profissional,
entende-se que a má postura é decorrente dos grandes esforços exigidos em sua prática
diária, o que poderá acarretar dores bastante intensas. Os transtornos posturais têm como
fator desencadeante os fatores psicossociais estressores, que podem desencadear dores
sistemáticas na coluna lombar e em contrapartida causar graves irregularidades na estrutura
corporal (Nunes; Meija ,2013) .
Entende-se que a postura humana é a correlação entre os complexos articulares e a
harmonização das estruturas corporais, que ao encontrassem equilibradas ocasionará menos
danos ao corpo, o que consequentemente irá gerar mínimas sobrecargas físicas e uma gran-
de eficiência do aparelho locomotor. Para que se obtenha tais resultados, torna-se de total
necessidade a aplicação de uma avaliação corporal, com o objetivo de planejar, diagnosticar
e obter os resultados mediante um tratamento fisioterapêutico( Nascimento; Meija, 2013) .
A maioria das práticas profissionais, trazem consigo grandes agravos a estrutura cor-
poral ( Zanotelli, 2015) . Em busca de maiores comprovações sobre o determinado tema,
o presente estudo busca analisar a estrutura física oferecida ao fisioterapeuta em seu am-
biente de trabalho, tendo como principal foco a busca incessante por melhorias em seus
respectivos postos de trabalho e uma maior conscientização voltada para os problemas de
saúde ligados a esta profissão.

MATERIAIS E MÉTODO

Este projeto está vinculado a Universidade Católica de Pernambuco, ao Centro de


Ciências Biológicas e Saúde e ao curso de Fisioterapia. Está vinculado ao projeto de pesquisa
“Recursos de Avaliação e Intervenção Fisioterapêuticos no sistema Osteomioarticulares”, com

84 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


o número de CAAE: 55918116.9.0000.5206, já aprovado pelo comitê de ética, com número de
aprovação 226.764 e pertencente ao grupo de pesquisa “Fisioterapia Baseada em Evidências”.
Trata-se de um estudo descritivo-analítico, do tipo observacional, de corte transversal,
quantitativo, que irá avaliar o risco de lesão em fisioterapeutas em seus respectivos am-
bientes de trabalho, realizado na cidade do Recife-PE, no período de agosto a novembro
de 2016. Como base de dados foram utilizados Google acadêmico, Scielo, livros e revisões
de literatura sobre ergonomia, doenças ocupacionais, qualidade de vida, fisioterapia, entre
outros correlatos com o tema.
A seleção dos participantes foi realizada por conveniência, totalizando um n=11 par-
ticipantes. A amostra usada constituiu de fisioterapeutas atuantes a nível ambulatorial e
que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido(TCLE) . Após a seleção foram
realizadas as entrevistas nas dependências da clínica em que os mesmos trabalhavam,
onde foram abordados três principais pontos, sendo eles : entender a jornada de trabalho
desempenhada pelo profissional , o nível de satisfação com o trabalho desempenhado no
local e quantas folgas no mês ou no dia os mesmos tinham . Os horários das entrevistas
foram definidos de acordo com a disponibilidade dos pacientes e terapeutas.
Como critérios de inclusão da pesquisa foram considerados fisioterapeutas formados ao
qual já exerçam sua profissão, profissionais de ambos os sexos e que trabalhem na cidade
do Recife. Foram excluídos profissionais liberais que estejam afastados por algum motivo
de sua profissão e que não concordaram em assinar o TCLE.
Para coleta de dados foi utilizado um questionário sociodemográfico, elaborado pelos
pesquisadores, com o intuito de coletar informações sobre o entrevistado. O questionário
consiste em 10 perguntas, englobando: dados pessoais (nome, idade, sexo, etnia, estado
civil), características profissionais (tempo de formado, tempo de trabalho, se houve afasta-
mento do trabalho, área de atuação) e percepção das dores relacionadas ao trabalho. Cada
participante recebeu uma cópia do questionário e duas cópias do termo livre e esclarecido
(TCLE), contendo informações sobre os objetivos e os principais pontos abordados no estudo.
Depois da coleta de dados, foi realizada uma avaliação corporal através do recurso
da fotogrametria, com o intuito de quantificar as variáveis morfológicas relacionadas aos
vícios posturais adotados pelo profissional em seu ambiente de trabalho. A mesma, teve
como critério de partida a vista anterior, lateral e posterior, visando os principais pontos de
sobrecargas impostos por esses profissionais em sua prática diária, tais como: a coluna
lombar, cervical e ombros.
Os sujeitos foram fotografados com uma câmera digital com resolução de 2 megapixels,
que foi manuseada pela pesquisadora, onde não foi estabelecido nenhuma distância padrão
na realização das fotos, devido as estruturas ambientais encontradas nos setores de trabalho

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 85


dos profissionais . Na vista anterior, foram avaliados a retração e protrusão dos ombros e
cabeça, já na vista lateral, foi observado a inclinação da cabeça junto com a abertura dos
braços mediante a cintura, e por fim, na vista posterior foram analisados os desvios posturais
da região cervical, torácica e lombar.
Como ponto de partida para avalição corporal através do recuso da fotogrametria foi
considerado como principais pontos na vista lateral e anterior o centro da pega, o epicôn-
dilo lateral e o acrômio, já na vista posterior foram considerados os pontos dos processos
transversos de L5 e a vertebra C7, ao final de cada procedimento foi quantificado em graus
o movimento realizado pelo profissional no momento da tomada da foto.
Para complementação desta avaliação, foram utilizados alguns softwares, tais como
Corel Draw que junto com a fotogrametria, irá permitir a mensuração dos ângulos e distan-
cias em todas as vistas posturais analisadas, já o Ergolândia serve para avaliar as posturas
adotadas pelos mesmos, onde através dos softwares OWAS e RULA, irá permitir realizar
uma análise específica de tais estruturas. OWAS é uma ferramenta de diagnóstico ergonô-
mico que irá analisar o risco biomecânico da coluna lombar( Ligeiro, 2010) , já o RULA tem
o objetivo de avaliar as exposições dos trabalhadores aos fatores de riscos , que levam a
uma elevada carga postural e que podem gerar algum transtorno nos membros superiores(
Junior; Roberto, 2009) .
Após a realização da avaliação postural, os dados foram submetidos a uma análise
estatística, sendo utilizados software R versão 3.2.4 revisado (2016), o teste de correlação
de Spearman, o teste de normalidade de Shapiro-Wilk , o teste de Mann-Withney e o teste
de Kruskal-Wallis. Em seguida, foi utilizado o Excel 2010, com intuito de realizar uma análise
comparativa entre todos os profissionais, afim de identificar as possíveis alterações postu-
rais destes profissionais, sendo os resultados apresentados em forma de tabela com suas
respectivas frequências absoluta e relativa.

RESULTADOS

Participaram do estudo 11 fisioterapeutas com idade variando entre 23 e 50 anos, dos


quais (99%) tinham idade abaixo de 35 anos. Todos os participantes do estudo eram do sexo
feminino (100%). O tempo de trabalho na profissão variou de 6 meses à 15 anos , sendo
que grande parte dos fisioterapeutas (82%) tinha de 1 a 15 anos de exercício profissional
. Em relação ao tempo de formado, 9 participantes já estavam no mercado de trabalho a
mais de 1 ano , enquanto 2 participantes, estavam a menos de 6 meses( 18% ) . ( Tabela 1 )

86 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Tabela 01. Valores de média, desvio padrão, mediana e amplitude das variáveis empregadas na realização dos testes de
correlação.

Desvio
Variáveis trabalhadas Média Mediana Amplitude
Padrão

RULA 28,81 7,39 28,00 27,00


OWAS 5,15 5,53 3,60 19,30
Idade 3,60 4,35 1,80 14,90
Tempo de profissão 6.54 0,52 7,00 1,00
Tempo de formado 1,64 1,29 2,00 3,00

Avaliando o nível de afastamento do trabalho (64%) dos participantes já se afastaram


de suas respectivas funções por algum motivo ou doença, e apenas (36%) desta população
nunca se ausentou do trabalho. Dentre esses profissionais, (55%) trabalham na área de
traumato-ortopedia, enquanto (45%) trabalham em outras áreas, tais como : pilates, derma-
tofuncional , pediatria , rpg e neurologia . (Tabela 2)

Tabela 02. Valores de média, mediana e desvio padrão dos softwares RULA e OWAS a depender das características dos
entrevistados.
RULA OWAS
Características dos entrevistados Desvio Desvio
Média Mediana Média Mediana
Padrão Padrão
Já se afastou do trabalho 6,50 6,50 0,58 1,00 1,00 0,82
Não se afastou do trabalho 6,57 7,00 0,54 2,00 3,00 1,41
Trabalham com traumatologia 6,40 6,00 0,54 1,80 3,00 1,64
Não trabalham com traumatologia 6,67 7,00 0,51 1,50 1,50 1,04

Descrevendo os locais de dor, a coluna lombar foi apontada como a região mais afe-
tada (73%), seguida pela região do trapézio (27,3%), da coluna cervical e ombros (18,5%).
Outras regiões também foram citadas, tais como punho (9,1%) , cotovelo (9,1%) e joelhos
(9,1%) . (Tabela 3 )

Tabela 03. Valores de média, mediana e desvio padrão dos softwares RULA e OWAS a depender do local da dor indicado
pelo entrevistado.
RULA OWAS
Local da dor Desvio Desvio
Média Mediana Média Mediana
Padrão Padrão
Coluna cervical 6,33 6,00 0,57 2,00 3,00 1.73
Coluna lombar 6,57 7,00 0,53 2,28 3,00 0.95
Ombros 6,33 6,00 0,57 2,33 3,00 1.15
Trapézio 6,66 7,00 0,57 1,00 1,00 1,00

Foi encontrada associação estatisticamente significativa entre a relação do OWAS


com o RULA (rs=0,5996; n=11; p<0,05) , o que deixou claro que quanto mais se aumen-
tava o valor do RULA, aumentava também o do OWAS. Se comparado os dois softwares
(RULA E OWAS) com a idade do profissional, houve uma relação significativa (rs=0,5232;

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 87


n=11; p<0,05) entre ambos , o que deixou claro, que quanto mais velha for a pessoa, maior
será os valores do RULA, o que não acontece se comparado com o OWAS .
Quando analisado o tempo de profissão com os softwares RULA e OWAS , foi ob-
servado que não houve nenhuma relação entre ambos, tendo o RULA(rs=0,1463; n=11;
p>0,05) e o OWAS (rs=-0,0909; n=11; p>0,05) . Em relação ao tempo de formado, houve
relação significativa positiva entre o tempo de formado e os valores de RULA (rs=0,4619;
n=11; p>0,05). Dessa forma, pessoas com mais tempo de formado apresentaram maiores
valores de RULA. Contudo, não houve relação entre o tempo de formado e OWAS (rs=-
0,033; n=11; p>0,05).
Por sua vez, não foi encontrada uma diferença significativa entre os valores de RULA das
pessoas que já se afastaram do trabalho, e as que não se afastaram (U=13; p>0,05). O mes-
mo ocorreu com os valores de “OWAS” (U=7,5; p>0,05), não havendo diferenças entre os
que já se afastaram, e os que não se afastaram. Em relação entre ouso do RULA e a área
de trabalho do profissional, não houve diferenças significativas entre os valores destes soft-
wares, entre as pessoas que trabalham com traumatologia, e as que não trabalham com
traumatologia (U=11; p>0,05), o que também ficou claro no software OWAS (U=12,5; p>0,05).

DISCUSSÃO

Historicamente a ergonomia é uma ciência em constante evolução, que faz uso de


diversas áreas do saber (Abrahão et all, 2005) . A força do planejamento estratégico, afirma
que a tecnologia da ergonomia, trata-se da interface humana do sistema, o que inclui o uso
de softwares, com intuito de melhorar a qualidade de vida, desde bem-estar físico ao conforto
adotado no ambiente de trabalho (Hendrick, 2003) .Dentre as variáveis observadas no estudo,
foi possível evidenciar que as ferramentas ergonômicas são de total significância para se
realizar uma avaliação mais fidedigna dentro dos ambientes de trabalho desses profissionais.
Também foi possível observar que 100% dos participantes da pesquisa obtiveram um
score entre 6 e 7 no software RULA onde fica subentendido a mudança imediata no ambiente
de trabalho deste profissional, o que condiz com a pesquisa de ( Capeletti et al, 2015) onde
consideram que ao se analisar o posto de trabalho através de um método reconhecido, além
de deixar claro a necessidade encontrada neste ambiente, torna-se explicito as prioridades
necessárias para a qualidade de vida desse trabalhador ( Serranheira; Florentino,2009) .
Com relação ao uso do software OWAS, observou-se que 45,5% da população do estu-
do precisam de correção imediatas em seu posto de trabalho, o que foi observado no estudo
de ( Almeida et al, 2009) relacionado ao uso do OWAS em trabalhadores, o autor destaca
que através desse software fica de fácil compreensão caracterizar as atividades que causam
maior dano a estrutura corporal e as possíveis correções necessárias para execução de uma

88 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


determinada tarefa. 36,5% dos profissionais necessitaram de correções futuras, o que condiz
com o estudo de ( Paula et al, 2010) , onde a mesma afirma que no trabalho somos levados
a compreender o por que dele desenvolver tantas tensões musculares e ser tão cansativo,
desta forma, deve se visar um descanso e conforto para essa musculatura sem ocasionar
danos ao trabalho . Apenas 18,3% dos componentes desse estudo apresentaram em sua
avaliação não ser necessária nenhuma correção imediata, o que indica uma boa postura
adotada por esse profissional na realização de suas atividades profissionais .
Observou-se que 34% dos profissionais nunca precisaram se afastar dos seus postos
de trabalho por algum motivo, já 64% dos fisioterapeutas necessitaram se afastaram de
suas respectivas funções por algum motivo, sejam eles ligados a doença ou dores no corpo
. Segundo o estudo de ( Vacaro et al, 2013) falam que no Brasil , no ano de 2006 , 48,2%
dos benefícios concedidos pelo INSS foram por causa de doenças musculoesqueléticas ,
sendo as doenças ocupacionais as que mais causam afastamento do trabalho .
Relacionado a área de atuação profissional, apenas 45% desses profissionais não tra-
balham com traumato-ortopedia, enquanto 55% desses profissionais trabalham nesta área.
Compreende-se que a carga de trabalhado exercida por esses profissionais, poderá gerar
danos futuros a estrutura corporal destes indivíduos ( Vacaro et al, 2013 ; Dantas, 2012).
Segundo ( Souza et al,2012) , fisioterapeutas que trabalham por mais de 8 horas diá-
rias apresentam uma grande possibilidade de desenvolver desordens musculoesqueléticas
relacionadas ao trabalho , já ( Wagner et al, 23) , afirma que as patologias mais frequentes
responsáveis pelo afastamento do trabalho , são as de origem musculoesqueléticas, prin-
cipalmente as doenças do aparelho locomotor . Nesse estudo observou-se que a maior
incidência de dor encontra-se na região da coluna lombar (73%) o que condiz com o estudo
de ( Costa el al, 2005) , onde mostra que 80% da população adulta sofre com dores na
região lombar. As regiões menos acometidas são as do punho (9,1%) , cotovelo (9,1%) e
joelhos ( 9,1%) , que segundo Yeng et al 24
são decorrentes de anormalidades neurais ou
musculoesqueléticas .
Estudos relatam a incidência de dor lombar relacionada ao trabalho, onde muitas vezes
deixa impossibilitado realizar uma analise dos fatores e das principais consequências ligadas
a essas dores( Tchia, 2011 e Molumphy, 1895) por esta razão , a dor lombar relacionada
ao trabalho é bastante estudada em todas as áreas profissionais da saúde ( Mierzejewkim,
1997 ; Santos et al, 2011) . Conforme ( Cromie et al,2001) , foi observado tanto a prática da
terapia manual quanto a repetição de tarefas aliadas a poucas pausas, são fatores associa-
dos à dor na região cervical , o que pode ser explicado as grandes sobrecargas muscular
nessa região, já ( Caragianis et al, 2000) , afirma que os sintomas ligados a patologias que

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 89


envolvem cotovelo, punho ou mão , estão associados à realização da terapia manual (
Caragianis, 2002 e Bork et al, 1996) .
Mediante ao exposto, entende-se que os programas de qualidade de vida visam com-
bater o estresse e doenças ocasionas pelo trabalho. Consequentemente , os custos extras
das empresas, tais como , os planos de saúde são reduzidos junto com as faltas ao trabalho
, o que irá gerar um aumento na produtividade e um empregado mais saudável e motivado
( West et al, 2001) .

CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO

A partir do presente estudo pode-se constatar que as ferramentas ergonômicas junto


com a utilização da fotogrametria são de bastante significância para se obter uma avalição
específica de cada profissional em seu ambiente de trabalho. Mediante os dados analisa-
dos, foi observado que quanto mais idade tem o profissional, maior será o grau de risco no
software RULA, o que não irá acontecer no software OWAS, quando comparado ao tempo
de formado deste profissional , os resultados obtidos foram os mesmos encontrados em
relação a idade desses profissionais.
A amostra de 11 indivíduos pode ser considerada pequena o que poderá gerar escores
poucos significantes quando atribuída à caracterização da população desse estudo. O baixo
número da amostra do estudo pôde ser dado em vista da dificuldade da entrada da pesquisa-
dora nos ambientes de trabalho dos fisioterapeutas na cidade do Recife/PE, atrelando-se com
a dificuldade da disponibilidade de horário dos profissionais para realização das coletas de
dados. Nesse sentido, torna-se necessário mais estudos à cerca desse tema , com amostra
maiores com intuito de ampliar a representatividade da amostra populacional .

REFERÊNCIAS
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92 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


07
“ Confeccção do equipamento de
suporte de peso corporal de baixo
custo: auxílio na reabilitação
neurológica infantil

Amadeu Igor Danielowski Seixas de


Barros Oliveira
Centro Universitário Tiradentes - UNIT

Alice Sá Carneiro Ribeiro


Universidade de Brasília - UnB

10.37885/201001761
RESUMO

Introdução: O equipamento de suporte de peso corporal tem como função básica susten-
tar o peso de pacientes que não conseguem manter-se em uma posição ortostática, sendo
utilizado principalmente em pessoas com paralisia cerebral, síndrome de Down, lesados
medulares e em outros casos que apresente dificuldade na mobilidade e deambulação
dos membros inferiores. Objetivo: Construir um equipamento com design e mecanismos
diferenciados de baixo custo visando facilitar o acesso as pessoas e possibilitar trabalhar
diferentes partes do corpo humano, durante o atendimento fisioterapêutico com crianças
com disfunções neurológicas. Resultados: O equipamento foi confeccionado com tubos
de metalon que é um material leve, de baixo custo, resistente e totalmente inoxidável,
sendo utilizado em construções civis. Considerações finais: Foi possível desenvolver
um equipamento de suporte de peso de baixo custo, utilizando materiais de construção
civil, que promoverá mecanismos diferenciados durante o tratamento fisioterapêutico de
crianças com disfunções neurológicas.

Palavras Chave: Facilitação, Marcha, Sensorial.


INTRODUÇÃO

O equipamento de suporte parcial de peso corporal é utilizado basicamente para a sus-


pensão e recuperação da deambulação nos membros inferiores (MMII), além de proporcionar
uma melhora significativa na autoestima (TASIEMSKI et al, 2000), aumento da capacidade
aeróbica e força muscular em MMII (BHAMBHANI, 2002; HICKS; GINIS, 2008; MEHRHOLZ;
POHL; ELSNER, 2014). Com o trabalho de marcha, promovido pelo equipamento, é possível
observar a manutenção da densidade mineral óssea e o efeito mecânico da contração mus-
cular (CARVALHO et al, 2006), associado ao trabalho com aumento da resistência durante
a prática de atividade física (DUTRA, 2009), influenciando na qualidade do exercício e no
ganho de independência funcional (BEHRMAN; HARKEMA, 2000). Sendo assim, é possível
também observar a utilização dessa ferramenta com intuito de dar suporte aos pacientes
com lesão medular incompleta, sendo um recurso importante na recuperação funcional do
paciente para a posição ortostática, auxiliando na promoção da plasticidade neural e posi-
cionamento do mesmo (COLOMB et al, 2000; JAKEMAN; HOSCHOUER; BASSO, 2011).
Estudo retrata a utilização do suporte parcial de peso em pacientes com lesão medular
incompleta visando, a plasticidade neural (JAKEMAN; HOSCHOUER; BASSO, 2011) por
meio de células-tronco (COLOMBO et al, 2000), com o propósito de aprimorar ao máximo
o potencial residual do organismo e favorecer a reintegração de sua funcionalidade corpo-
ral. Sendo assim, o uso do suporte parcial de peso corporal tem sido proposto como uma
importante ferramenta para a reabilitação (BORIN et al, 2018).
No que se refere à deambulação da criança, em reabilitação neurológica, utiliza-se na
prática terapêutica, diferentes técnicas e métodos que, geralmente, exigem assistência e
apoio do fisioterapeuta para sustentar o peso da criança e, assim, melhorar o seu equilíbrio.
Tal fato caracteriza a recuperação da marcha como tarefa difícil e dispendiosa para os pacien-
tes, pois, muitas vezes, eles são incapazes de produzir força muscular suficiente para manter
a postura e caminhar (FINCH; BARBEAU; ARSENAULT, 1991; SLATER; MEADE, 2004).
Para facilitar essa função, lança-se mão do equipamento de suporte de peso corporal, o
qual contém um colete suspenso que permite diferentes graus de movimentação. É possível
ajustar a altura do colete proporcionando uma suspensão completa ou parcial com o objetivo
de aliviar o peso corpóreo e, assim, facilitar a mobilidade e o fortalecimento da musculatura
dos membros inferiores durante a marcha (MATSUNO et al, 2010). Atualmente, não são
todos os laboratórios de estudo que conseguem adquirir um equipamento de suporte de
peso, devido ao seu alto custo.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 95


OBJETIVO

Construir um equipamento com design e mecanismos diferenciados de baixo custo


visando facilitar o acesso as pessoas e possibilitar trabalhar diferentes partes do corpo hu-
mano, durante o atendimento fisioterapêutico.

METODOLOGIA

O equipamento de suporte parcial de peso corporal foi desenvolvido, em 2016, como


projeto de iniciação científica no Centro Universitário Tiradentes – Unit, Maceió- AL.
Para confecção do equipamento proposto foram utilizados tubos de metalon que se
caracterizam como um material leve, de baixo custo, resistente e totalmente inoxidável,
sendo utilizado em construções civis.
Para fins metodológicos, o equipamento foi dividido em três partes: base, corpo e ápice
(Figura 1). A parte designada como “base” refere-se ao espaço que o paciente irá ocupar e
contém toda a sustentação inferior, do equipamento por meio de hastes e robustas rodas com
sistema de travas. A parte considerada como “corpo” serve para proporcionar sustentação
ao equipamento como um todo e assim unir o ápice à base e contém as hastes de apoio
de membros superiores. E, por fim, a parte identificada como “ápice” apresenta-se por meio
do suporte para o colete de sustentação e para os objetos de estímulos multissensoriais.
O equipamento mede 2,15 m de altura e 90 cm de largura, podendo suportar um pa-
ciente de até 120 Kg.

Figura 1. Equipamento de suporte parcial de peso corporal.

96 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


RESULTADOS

Base do equipamento: Foram utilizadas hastes de metalon para confecção da base


de suporte juntamente com cinco rodas calibrosas com sistema de travas (Figura 2).

Figura 2. Base do equipamento (vista anterior). (Legenda: 1- Espaço designado para o paciente; 2- Rodas com sistema
de travas; 3- Haste vertical).

De acordo com a (Figura 2) é possível identificar o espaço (1) em que o paciente perma-
necerá em posição ortostática e, também, poderá caminhar com auxílio deste equipamento.
Neste espaço é possível utilizar outros recursos terapêuticos como esteiras que poderão
funcionar em conjunto com o uso do suporte parcial de peso corporal. Percebe-se também
as rodas (2) com o sistema de travas que serão importantes para facilitar no deslocamento
do equipamento assim como para mantê-lo em repouso. A haste vertical (3) servirá para dar
apoio à haste horizontal, mais acima, em que se acoplou o colete de sustentação.
Corpo do equipamento: Utilizaram-se duas hastes de metalon em sentido vertical
sendo acopladas as hastes para os braços de apoio manual (Figura 3) .

Figura 3. Corpo do equipamento (vista posterior). (Legenda: 1 e 2 - Hastes verticais; 3 - Braço do apoio manual).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 97


Nos braços de apoio manual, é possível colocar um acolchoado (Figura 4) para me-
lhorar a pega e manual durante a execução das atividades funcionais.

Figura 4. Detalhe do acolchoado no braço de apoio manual.

De acordo com a Figura 5, observa-se o apoio manual. Há um sistema de ajustes


de altura e de largura, de acordo com o biotipo do paciente. Este sistema foi desenvolvido
para facilitar a utilização deste equipamento por diversas crianças e poderá ser removido
facilmente de acordo com a evolução do paciente.

Figura 5. Apoio manual e sua mecânica (vista posterior). (Legenda): A- movimentos de elevação e depressão do apoio;
L- Movimento do braço para direita e esquerda; H- Braço de apoio manual.

Ápice do equipamento: Composto por colete de segurança industrial sustentado, supe-


riormente, por uma catraca para amarração de carga, utilizados em construção civil. No colete
foram colocados acolchoados nos MMII assim como um clipe de liberação rápida no tronco
para melhorar conforto e segurança do paciente (Figura 6).

98 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Figura 6. Vista da catraca para amarração de carga (1.) que dá sustentação ao colete. Sistema de clipe de libração rápida
(2.) e acolchoado nos MMII (3.), do colete de sustentação corporal.

No ápice do equipamento também há o suporte para o objeto de estímulo multissenso-


rial composto por hastes totalmente articuladas para ajustes de acordo com a necessidade
e objetivos terapêuticos, assim como, para o biotipo do paciente. Na haste indicada com
letra H ocorre o movimento no sentido frontal e costal (distanciar o apoio ou aproximar); na
indicada com a letra V ocorre o movimento em sentido vertical para que o objeto de estímulo
possa permanecer na altura ideal de cada paciente. A letra A indica o apoio para objetos
de estímulo (Figura 7).

Figura 7. Ápice do equipamento (vista lateral).

O design do equipamento de suporte de peso corporal foi construído a fim de gerar


dissipação de forças em diversas áreas do equipamento para proporcionar liberdade e fa-
cilitação de movimentos. A intenção é promover a marcha, gerar sustentação através do
colete. Sendo assim o paciente que faz uso desse equipamento adota vários recursos ao

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 99


seu favor que tem como objetivo auxiliar em sua reabilitação, como: apoio manual, colete e
apoio móvel para os objetos de estímulo o qual pode ser ajustado de acordo com necessi-
dades terapêuticas, assim como, em relação à altura do paciente.
Sendo assim, o equipamento foi desenvolvido principalmente para crianças com dis-
funções neurológicas sem força muscular para realizar grandes movimentos devido ao
comprometimento da musculatura dos membros inferiores e superiores. Apesar da estrutura
do equipamento ser bastante leve, devido ao material utilizado, pode suportar até 120 kg

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível desenvolver um equipamento de suporte de peso de baixo custo, utili-


zando materiais de construção civil, que promoverá mecanismos diferenciados durante
o tratamento fisioterapêutico de crianças com disfunções neurológicas. Por meio desse
equipamento é possível potencializar as habilidades motoras, assim como, facilitar os ciclos
da marcha, a sustentação do peso corporal do paciente, e, ainda, promover um estímulo
lúdico utilizando objetos específicos de estimulação multissensorial. Por fim, destaca-se,
a possibilidade de sustentação de até 120 kg, o que abrange o público para utilização do
equipamento desenvolvido.

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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 101


08
“ Desenvolvimento e validação de
um aplicativo tecnológico como
complemento ao ensino e prática
dos exercícios respiratórios

Gabriel Coutinho Gonçalves Jabes Gennedyr da Cruz Lima


UECE UFRN

Gabriel Gomes da Silva Dennys Ramon de Melo Fernandes


UFRN Almeida
UFRN
Glória Maria de França
UFRN Danielle do Nascimento Barbosa
UEPB
Juliana Campos Pinheiro
Anairtes Martins de Melo
Rafaella Bastos Leite UNIFANOR
UFRN

Luiz Gustavo Xavier Filho


UFRN

10.37885/200901379
RESUMO

Os ambientes educativos informatizados reúnem novos elementos, sendo utilizadas


para diferentes fins e em variados contextos educacionais e profissionais. O presente
estudo teve como objetivo desenvolver e validar o aplicativo tecnológico educacional
‘FISIOSPITAL’, como complemento ao processo de ensino aprendizagem da fisioterapia
no ambiente hospitalar e na pratica de assistência da atenção primária em saúde (APS)
nos atendimentos domiciliares. A pesquisa trata-se de um estudo documental, quantita-
tivo, transversal e descritivo. A amostra do estudo foi composta por 32 indivíduos, sendo
que 17 eram alunos do curso de fisioterapia e 15 profissionais fisioterapeutas da APS.
Foi realizado a aplicação de questionários para avaliar a similaridade, acessibilidade,
adaptabilidade, proveito, compatibilidade, usabilidade, praticidade e aplicabilidade do
aplicativo ‘FISIOSPITAL’. Em relação aos resultados, observou-se que 65,5% dos parti-
cipantes não relataram complicações em relação a acessibilidade do aplicativo. No en-
tanto, quando foi avaliado o proveito oferecido, 68% relataram que o mesmo precisava
ser melhorado. Já em relação a compatibilidade, 71,8% relataram que o aplicativo era
de fácil manuseio. O aplicativo Fisiospital, representou uma ferramenta tecnológica no
curso de fisioterapia e para a assistência fisioterapêutica, demonstrando que o ensino-
-aprendizado está sempre em desenvolvimento, principalmente com as novas invenções
tecnológicas que contribuem na educação.

Palavras- chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Fenômenos Fisiológicos


Respiratórios, Fisioterapia.
INTRODUÇÃO

Nos últimos anos busca de qualidade de vida está mais evidenciada na população geral,
pois os meios de comunicação e a globalização interferem na educação formal, facilitam o
acesso a bens e serviços, e assim ocorre a contribuição para que o número de pessoas que
vivem em estado de vida pouco favorecido tenha diminuído. As tecnologias têm sido utiliza-
das para diferentes fins e em variados contextos sociais, econômicos, políticos e culturais
(TRINDADE, SCHMITT, CASAROTTO., 2013; GONÇALVES, MELO., 2017).
Os processos cognitivos na construção do conhecimento não são inatos e sim cons-
tantemente construídos no decorrer do desenvolvimento humano. Sendo assim, na maneira
construtivista, o professor deve promover situações de aprendizagem que permita ao aluno
interagir com os conceitos abordados nos estudos (PAIM., 2011; SILVA, CASOTTI, CHAVES.,
2013). Neste contexto, a educação sofre influência desta tendência tecnológica, através da
inserção de ferramentas que auxiliem nos processos de ensino aprendizagem de diferentes
formas (OLIVEIRA, DE COSTA., 2012; COSTA., 2016).
O processo de ensino é considerado por muitos, atualmente, como uma verdadei-
ra “tecnologia educacional”, onde se procura aplicar descobertas das diversas ciências
ao processo educacional (DALFOVO, LANA, SILVEIRA., 2008). Sabe-se que a tecnologia
está em constante evolução, facilitando o desenvolvimento de novas atividades na área da
saúde. No campo da fisioterapia, os recursos tecnológicos promovem uma colaboração no
processo de reabilitação dos pacientes, melhorando a sua qualidade de vida (ALMEIDA,
MOUTINHO, LEITE., 2016).
Nesse contexto, o uso das ferramentas tecnológicas na fisioterapia, vem exibindo um
impacto significativo no que diz respeito aos benefícios e satisfação dos pacientes, além
de garantir uma maior segurança nos tratamentos (DALFOVO, LANA, SILVEIRA., 2008).
Portanto, o objetivo do presente estudo foi desenvolver e validar o aplicativo tecnológico
educacional “Fisiospital”, como complemento ao processo de ensino aprendizagem da fi-
sioterapia no ambiente hospitalar e na pratica de assistência da atenção primária em saúde
(APS) nos atendimentos domiciliares.

METODOLOGIA

O presente estudo foi enviado para Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Saúde
Pública do Ceará e aprovado com o parecer de n.º 1.857.240. A pesquisa trata-se de um
estudo documental, quantitativo, transversal e descritivo realizada em uma Instituição de
Ensino Superior (IES), localizada no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. A amostra foi
composta por 17 alunos matriculados na disciplina de estágio Hospitalar em Fisioterapia e 15

104 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


fisioterapeutas do município de Tauá que responderam os questionários completos. A seleção
dos participantes para a amostragem com os alunos ocorreu de forma espontânea. Foram
incluídos neste estudo os questionários do curso de Fisioterapia matriculados na disciplina
de Estágio Hospitalar e dos fisioterapeutas da atenção primária em saúde do município de
Tauá. Para melhor entendimento da pesquisa o procedimento foi dividido em 3 fases.
Na primeira fase deu-se a criação do aplicativo nomeado ‘FISIOSPITAL’ (Figura1) por
meio de sítios digitais (sites) que oferecem a criação de forma gratuita. Este aplicativo contém
10 (dez) abas com informações sobre fisioterapia respiratória, explicações de técnicas de
higiene brônquica, descrições de manobras expansivas pulmonares, definições de técnicas
desinsuflativas, explanações sobre ventilação mecânica inclusive definições de modos ven-
tilatórios, denominações sobre exame complementar de gasometria arterial, espirometria
e finalizando com uma lista fórmulas para cálculos da mecânica respiratória. Os assuntos
selecionados foram escolhidos por serem utilizados no dia a dia dos alunos durante o Estágio
Hospitalar Supervisionado, foram baseados pelo Guia Prático de Recursos Manuais em
Fisioterapia Respiratória, do curso de Fisioterapia no Centro Universitário Unifanor.

Figura 1. Aplicativo FISIOSPITAL.

Na segunda fase, foram organizados os instrumentos de pesquisas que foram aplicados


aos estudantes e aos profissionais e selecionados trabalhos científicos que já publicados
com o desenvolvimento e a utilização do ‘FISIOSPITAL’ O instrumento continha 6 perguntas
fechadas e 4 alternativas de respostas diferentes para cada pergunta. A primeira pergunta
se referia a qual recurso tecnológico utilizado para acessar o aplicativo e outras 5 pergun-
tas envolvem indagações quanto a similaridade, acessibilidade, adaptabilidade, proveito,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 105


compatibilidade e valorização do aplicativo ‘FISIOSPITAL’. Na terceira fase, foram analisa-
das as respostas da pesquisa relacionados ao uso do aplicativo ‘FISIOSPITAL’ Por fim, foi
realizada uma estatística descritiva dos dados coletados no presente estudo.

RESULTADOS

Foram incluídos 17 questionários respondidos pelos alunos do curso de fisioterapia e


15 questionários preenchidos por fisioterapeutas, totalizando 32 participações. Foi obser-
vado que 14 (82%) dos alunos realizaram o acesso do aplicativo ‘FISIOSPITAL’ via celu-
lar. O acesso pelo computador foi realizado por apenas 3 (17,6%) alunos. Todavia, todos
os fisioterapeutas participantes do estudo, utilizaram o celular como meio de acesso para
o aplicativo ‘FISIOSPITAL’.
A partir do instrumento utilizado na pesquisa, o aplicativo ‘FISIOSPITAL’ foi classificado
em relação à similaridade no processo de aprendizagem pelos participantes. No total 13
(76,47%) alunos e 15 (100%) fisioterapeutas relataram que este recurso atendia as necessi-
dades de aprendizado em relação a fisioterapia respiratória. No entanto, 3 (17,64%) alunos
responderam que o aplicativo não atendia às necessidades de aprendizado, apenas era uma
ferramenta complementar. Além disso 1 (5,8%) aluno relatou que o recurso exibia um bom
entendimento em relação ao seu uso, porém não sentia vontade de utilizá-lo.
Ao ser questionado sobre a primeira impressão ao tentar utilizar o aplicativo
‘FISIOSPITAL’ observou-se que, 11 (64,7%) alunos e 10 (66,66%) fisioterapeutas referiram
que não havia complicação para utilizar aplicativo. Entretanto, 6 (35,29%) alunos e 3 (20%)
fisioterapeutas responderam que apesar de o aplicativo não ser complicado, os mesmos
necessitaram de um tempo compreender a sua utilização.
Através da pergunta: Usando o aplicativo ‘FISIOSPITAL’ foi possível perceber uma
ligação entre ele (aplicativo) e algo já visto na sala de aula?, verificou-se que 15 (88,24%)
alunos e 15 (100%) fisioterapeutas relatam que o aplicativo adaptava bem os assuntos re-
passados em sala de aula, facilitando o entendimento do que já havia sido explicado. No en-
tanto, 2 (11,76%) aluno referiu que o aplicativo não complementava o que foi abordado
em sala de aula.
Em relação a pergunta sobre o aproveitamento do uso do aplicativo ‘FISIOSPITAL’
associado ao assunto que já foi dado em sala de aula, houve uma predominância de um
resultado satisfatório, onde 15 (88,24%) alunos e 7 (46,66%) fisioterapeutas, afirmaram que
o aplicativo era proveitoso, porém precisava de alguns ajustes para complementar o enten-
dimento dos alunos. Ademais, 2 (11,76%) alunos e 4 (26,66%) fisioterapeutas responderam
que o resultado foi satisfatório, porém precisavam utilizar o aplicativo com mais frequência.

106 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Por fim, 4 (26,66%) fisioterapeutas responderam que o aplicativo não precisava ser melho-
rado, pois já estava bem formulado para ser utilizado pelos profissionais.
Foram perguntados como poderia ser melhorado o aplicativo, em relação a sua com-
patibilidade e valorização?. Conforme a pergunta, 13 (76,47%) alunos e 10 (66,66%) fi-
sioterapeutas relataram uma facilidade em manusear o aplicativo, porém afirmaram que a
utilização do computador (recurso multimídia) facilitaria melhor o entendimento. Além disso,
2 (11,76%) alunos e 4 (23,53%) fisioterapeutas referiram que a atividade foi apresentada
como difícil e o uso do computador facilitou o entendimento, bem como outros 2 (11,76%)
alunos e 1 (6,66%) fisioterapeuta, relataram que precisariam apresentar outra atividade, sem
usar computador, por isso mais fácil, para que os alunos possam entender algo e nenhum
entrevistado sugeriu que houvesse outra atividade, mais fácil, usando computador.

DISCUSSÃO

O crescente uso da tecnologia de redes sem fio e de dispositivos móveis está permitindo
a população ao acesso de serviços e dados, independente de sua localização física. Sendo
assim, possibilita os mesmos a levarem consigo aparelhos tecnológicos, podendo acessá-lo
de qualquer lugar, potencializando o uso na educação, formando uma aprendizagem com
mobilidade (MOREIRA., 2004; ALMEIDA, MOUTINHO, LEITE., 2016).
O aplicativo ‘FISIOSPITAL’ foi considerado um bom instrumento para melhorar o pro-
cesso de aprendizagem dos alunos e profissionais da fisioterapia. Esses achados corrobo-
ram o estudo de Silva, Casotti & Chaves (2013) no qual relata que o acesso à informação
se torne mais rápido e fácil com o uso de tecnologias móveis e aos poucos, as tecnologias
da informação e comunicação participam do cotidiano em relação ao processo de ensino
aprendizagem. Atualmente a cultura audiovisual eletrônica proporciona aos jovens informa-
ções, valores, saberes e outros modos de ler e perceber o conhecimento.
Este estudo representou que o ensino-aprendizado está sempre em desenvolvimento,
principalmente com as mudanças na globalização, com novas invenções tecnológicas que
contribuem na educação. É perceptível que o desenvolvimento de novos sistemas educati-
vos mediados pelas novas tecnologias vem se tornando relevante como objetos de estudos
na comunidade científica. Com o crescimento e desenvolvimento da Internet, os materiais
e ambientes educativos informatizados criam novos elementos de aprendizado, através de
publicações, interações e comunicações com a sociedade (HANDAL, HERRINGTON., 2003;
PAIM., 2011; TRINDADE, SCHMITT, CASAROTTO., 2013; GONÇALVES, MELO., 2017).
O aluno representa um sujeito ativo que manipula o conteúdo a sua maneira, respei-
tando sua forma de aprender e seus interesses pessoais. Dessa forma, o computador se
torna uma ferramenta que promove a interação, proporcionando aos alunos momentos de

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 107


concentração em uma tarefa, e por estarem totalmente envolvidos, gostando ou não do que
estão fazendo. A implantação dos computadores na educação proporcionou novas ferra-
mentas de auxílio para o processo educacional contribuindo para aprendizagem e trouxeram
mudanças reais (FARIA., 2009). Esses achados corroboram o presente estudo, no qual foi
evidenciado que o aplicativo ‘FISIOSPITAL’ adaptava os vistos em sala de aula, facilitando
o entendimento do que já havia sido explicado. Desta forma, observa-se que esses tipos
de aplicativos tecnológicos não só ajudam os acadêmicos de fisioterapia, mas também aos
profissionais fisioterapeutas, pelo simples fato de despertar a curiosidade da leitura e a
facilidade de acesso.

CONCLUSÕES

O aplicativo ‘FISIOSPITAL’, representou uma ferramenta tecnológica no curso de fisio-


terapia e para a assistência fisioterapêutica, desde o ambiente hospitalar quanto no ambiente
domiciliar ajudou os alunos e profissionais pela facilidade de acesso e a disponibilidade
dos assuntos abordados em sala de aula, além de funcionar como um recurso para revisar
conteúdos, auxiliando os usuários nos momentos dos atendimentos. Desta forma podemos
concluir que a educação está ligada a tecnologia, sendo de fundamental importância o co-
nhecimento e manuseio dos recursos tecnológicos, para o processo de desenvolvimento do
conhecimento, ensino e aprendizagem.

REFERÊNCIAS
1. ALMEIDA , E. R.; MOUTINHO, C. B.; LEITE, M. T. S. Prática pedagógica de enfermeiros de
Saúde da Família no desenvolvimento da Educação em Saúde. Interface-Comunicação, Saúde,
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108 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


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em uma Unidade Básica de Saúde: implicações para o planejamento das ações em saúde e
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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 109


09
“ Efeito da estimulação elétrica
nervosa transcutânea na região
parasacral na bexiga hiperativa

Davi Santana Sousa


UNIT

Laís Bispo Silva


UNIT

Yasmin dos Santos


UNIT

Licia Santos Santana


EINB/UNIT

10.37885/201001810
RESUMO

Introdução: A bexiga hiperativa é um tipo de incontinência urinária e é definida como


uma síndrome causada pelo mau funcionamento do trato urinário inferior que acomete
cerca de 15% dos homens e 40% das mulheres. Pode ser causada por diversos fatores
e tem como sintomas a noctúria e em alguns casos, urgência. Objetivo: este estudo
busca analisar, através de um levantamento bibliográfico, o efeito da Estimulação elétrica
nervosa transcutânea (TENS) na região parasacral na bexiga hiperativa. Metodologia:
o estudo trata-se de uma revisão de literatura que tem como finalidade analisar artigos
anteriores que comprovem a eficácia da intervenção e ajude no desenvolvimento da
pesquisa que para ser efetuada, foi analisado seis artigos, a partir dos critérios de inclu-
são, entre os anos de 2015 e 2020, nas bases de dados: PubMed, Scientific Electronic
Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(Lilacs). Resultados e Discussão: Para uma melhor análise dos artigos, foi elaborada
uma tabela contendo as informações sobre autor/ano, título, objetivos, metodologia, resul-
tados e conclusão para melhor entendimento do estudo. A partir disso, foi possível notar
que geralmente o TENS traz resultados bons no tratamento da bexiga hiperativa quando
não houver patologias associadas, for usada acima de vinte sessões e a depender dos
parâmetros usados no aparelho. Conclusão: Conclui-se que o uso do TENS para essa
síndrome tende a ser a melhor intervenção uma vez que não leva a efeitos colaterais,
podendo ser associado a outros tipos de tratamento, como a terapia comportamental,
para melhores obtenções de resultados.

Palavras-chave: Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea, Bexiga Urinária Hiperativa,


Incontinência Urinária.
INTRODUÇÃO

A bexiga é um órgão importante do sistema urinário que tem como função armazenar
e expulsar urina. Para que isso ocorra é preciso da interação entre o esfíncter uretral e o
músculo detrusor que levarão a contração e o relaxamento deste órgão, no qual enquanto
o esfíncter estiver contraindo, o detrusor precisa estar relaxado para que suceda o arma-
zenamento da urina, e assim quando o mesmo contrair será para esvaziamento da bexiga.
Caso ocorra alguma disfunção entre essa interação, poderá levar a incontinência urinária
(IU). (BARDSLEY, 2016)
A IU é um problema que afeta cerca de 69% das mulheres e 34% dos homens, tendo
seu aumento de acordo com a idade, afetando de forma considerável a qualidade de vida
do indivíduo e pode ser causada por vários fatores como complicações durante o parto,
doenças neurológicas, infecção urinária, obesidade, entre outros. Existem três categorias
de IU mais comuns: incontinência urinária de esforço (haverá vazamento de urina de forma
involuntária ao tossir, espirrar, subir escadas). IU mista (quando há perdas involuntárias
durante o esforço) e Bexiga hiperativa (OAB). (BARDSLEY, 2016)
A OAB foi dita como síndrome pela InterSociedade Nacional de Continência, dada pelo
ruim funcionamento do trato urinário inferior, e que tem como sintomas o aumento da fre-
quência urinária geralmente na parte da noite, com ou sem urgência, podendo ser causada
devido a vários fatores e tem uma prevalência de ate 15% em homens e 40% nas mulheres.
(HOFNER, 2016; YILMAZ, VOYVODA, SIRINOCAK, 2018)
Para o diagnóstico dessa síndrome nem sempre se faz necessário um exame urodinâ-
mico, podendo ser diagnosticado com sintomas clínicos e exame físico. Devido ao encurtado
número de fisioterapeutas especializados na área de disfunções pélvicas, o tratamento mais
indicado na atualidade continua sendo o medicamentoso (que tem uma taxa de sucesso
boa, mas com nível elevado de efeitos colaterais), porém existem outras intervenções como:
terapia comportamental (taxa de sucesso intermediária) e a utilização de Estimulação elétrica
nervosa transcutânea (TENS) que tem mostrado altos níveis de êxito, sem efeitos adversos
e podendo diminuir de forma significativa 94% dos casos. (HOFFMANN, et al. 2018)
Diante disto, o presente trabalho tem como objetivo elucidar o uso e efeito da Estimulação
elétrica nervosa transcutânea na região parasacral no tratamento da bexiga hiperativa a partir
de um levantamento bibliográfico.

METODOLOGIA

O levantamento bibliográfico foi realizado por meio da busca eletrônica de artigos encon-
trados em bases de dados: PubMed, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura

112 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Foram incluídos artigos entre
os anos de 2015 e 2020 e a busca foi realizada a partir dos seguintes descritores selecio-
nados, pesquisados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): estimulação elétrica
nervosa transcutânea, Bexiga Urinária Hiperativa e incontinência urinária (Transcutaneous
electric nerve stimulation; Urinary incontinence and Urinary bladder overactive). Os estudos
elegidos para a discussão do atual trabalho abordaram o efeito da eletroestimulação na be-
xiga hiperativa. Foram excluídos os estudos que não realizaram a intervenção do TENS em
pessoas com bexiga hiperativa, que não mostrassem o benefício terapêutico do aparelho e
artigos que possuíam outras patologias associadas.
O período da coleta de dados foi de março a abril de 2020. Os artigos foram seleciona-
dos inicialmente pela combinação dos descritores, usando o sufixo “and” (Transcutaneous
electric nerve stimulation and Urinary bladder overactive) totalizando 208 artigos. Após colo-
car o filtro para obtenção de artigos de 2015 a 2020, foram eliminados 93 artigos, sobrando
115 estudos. Desses foi feito a leitura minuciosa do título e resumo, eliminando 109, por
não se enquadrar aos critérios de inclusão propostos e por repetição, resultando uma amos-
tra de 6 artigos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa foi realizada entre março e abril de 2020, com estudos entre os anos de
2015 e 2020. Para uma organização mais completa da coleta de dados, foi realizada uma
análise do ano, autor, título, objetivo, metodologia, resultados e conclusão dos artigos sele-
cionados para a elaboração de uma tabela, levando ao melhor entendimento da discussão.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 113


Tabela 1. Síntese dos artigos obtidos no levantamento bibliográfico do presente estudo.

Autor/Ano Título Objetivo Metodologia Resultados Conclusão

Predictors of ou-
tcome in children O objetivo deste
Após TENS parasa-
and adolescents estudo foi avaliar A TENS parassacral foi A enurese noturna foi o único
crais tratamento,
with overactive possíveis preditores realizada duas vezes sintoma associado a um mau
(HOFFMANN, et uma resposta
bladder treated dedesfecho em por semana, num total resultado após o tratamento
al. 2018). significativa foi
with parasacral crianças com OAB de 20 sessões de 20 para TENS parasacral em
relatada em 96,4%
transcutaneous tratados com trata- min cada um a 10 Hz. crianças com o OAB.
dos casos.
electrical nerve mento parassacral.
stimulation.
O objetivo foi testar
Parasacral transcu- Todas as crianças
a hipótese de que
taneous electrical foram tratadas com A resolução comple- Não houve diferença esta-
o efeito positivo da
nerve stimulation 20 sessões de TENS ta dos sintomas da ticamente significante nos
(VEIGA, et al. TENS parasacral na
for overactive bla- parasacro aplicado por OAB foi registrada sintomas urinários entre as
2016). OAB seria porque
dder in constipated 20 minutos, três vezes em 25 crianças crianças constipadas e as não
a constipação
children: The role por semana em dias (49%). constipadas.
melhorou com este
of constipation. alternados.
método.
O objetivo deste Todos os pacientes
estudo foi avaliar foram submetidos
Parasacral transcu-
determinar a taxa de a neuroestimulação Nas 10 e 20
taneous electrical Descobrimos que um pacien-
resposta completa transcutânea sacral (últimas) sessões,
stimulation for te pode experimentar com-
(VEIGA, et al. de hiperatividade (TENS). O desenvolvi- 12(17,4%) e 38
overactive bladder pleta resolução dos sintomas
2016). sintomas da bexiga mento de sintomas foi (55,1%) pacientes
in children: An tão rapidamente quanto após
(OAB) para cada observada logo antes relataram uma reso-
assessment per a terceira sessão de TENS.
sessão de trans-es- de cada sessão usando lução dos sintomas..
session.
timulação elétrica uma escala visual
cutânea (TENS) analógica (EVA).
Busca
eletrônica realizada nas
bases de dados Centro
Avaliar os efeitos da
Latino-Americano e do
eletroestimulação
Caribe de Informação
transcutânea do
em Ciências da Saúde
nervo tibial e da Foram achados
Treatment of ove- (BIREME), Scientific Existem poucos estudos
eletroestimulação apenas quatro arti-
ractive bladder in Electronic Library sobre a eletroestimulação do
(DUARTE, et al. sacral para o trata- gos que relaciona-
women using tibial Online (SciELO), Phy- nervo tibial posterior e sacral
2019) mento de mulheres vam os tratamentos
nerve and sacral siotherapy Evidence como tratamento para bexiga
com diagnostico de com a população
stimulation. Database (PEDro) e hiperativa.
síndrome de bexiga feminina.
PubMed para a
hiperativa por meio
identificação de artigos
de uma revisão de
científicos publicados
literatura.
no período de janeiro
de 2007 a setembro de
2016.
A qualidade de vida
Percutaneous tibial O objetivo deste melhorou nos dois
60 mulheres com
nerve stimulation estudo foi comparar grupos, enquanto
OAB foram inscritas.
versus electri- eficácia, segurança, a percepção de ur-
Os pacientes foram
cal stimulation qualidade de vida gência do paciente Este estudo demonstra a efi-
randomizados em dois
with pelvic floor e segurança do melhorou apenas cácia do PTNS e ES com PFMT
(SCALDAZZA, grupos. No grupo A,
muscle training paciente parâme- em mulheres tra- em mulheres com OAB, mas
2017). as mulheres foram
for overactive tros de fração em tadas com PTNS. A foram encontradas melhoras
submetidas à ES com
bladder syndrome pacientes tratados impressão global de maiores com o PTNS.
PFMT, no grupo B,
in women: results com duas terapias melhoria alcançou
mulheres foram sub-
of a randomized diferentes para os satisfação maior em
metidos ao PTNS.
controlled study. sintomas da OAB. pacientes tratados
com SNPT.

114 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Autor/Ano Título Objetivo Metodologia Resultados Conclusão

Avaliar o efeito Cinqüenta voluntárias


Transcutaneous da estimulação do sexo feminino, com
tibial nerve stimu- transcutânea do idade média de 68,62 Os sintomas de am-
lation versus para- nervo tibial (TTNS) (± 5,9) anos, foram bos os grupos me-
sacral stimulation e estimulação divididas aleatoria- lhoraram conforme Ambos os tratamentos
(JACOMO, et al. in the treatment of transcutânea do mente em dois grupos: medido pelo ICIQ-O- propostos foram eficazes na
2020). overactive bladder parassacral no tra- aquelas que receberam AB (G1 = <0,001; G2 melhora dos sintomas da
in elderly people: tamento da bexiga TTNS (G1, N = 25) e = <0,001) e ICIQ-SF OAB.
a triple-blinded hiperativa (OAB) em aquelas que receberam (G1 = <0,001; G2 =
randomized con- idosos e comparar estimulação parasacral <0,001).
trolled trial. os resultados finais transcutânea (G2, N
entre os grupos. = 25).
Fonte: Elaborada pelos autores.

Em seu estudo, Hoffmann et al. (2018) submeteu todos os pacientes ao uso de TENS
parasacral, com idades entre quatro e dezesseis anos, sem patologias associadas e com
tais parâmetros: frequência de 10 Hz e largura de pulso de 700us, cada sessão durava vinte
minutos, três vezes na semana até completar vinte sessões e todas realizadas pelo fisio-
terapeuta. Ao fim do tratamento obtiveram uma boa resposta, mas não como esperavam,
porém, foi possível notar que o TENS pode ter a função de restaurar a percepção da bexiga
durante o enchimento e esvaziamento.
Já Veiga, et al. (2016) avaliou se o TENS parasacral seria capaz de melhorar a bexiga
hiperativa e a constipação. Participaram do estudo, crianças com idades de 4 a 18 anos e
após o tratamento não houve diferença significativa dos sintomas urinários em crianças com
ou sem constipação, relatando que houve melhora na urgência e que 49% dos participantes
teve sua resolução completa na OAB.
Em Veiga, et al. (2016) avaliou setenta e nove crianças com idade média de oito anos,
100% das crianças obtiveram melhoras ao fim das vinte sessões aplicadas na região para-
sacral, algumas melhoraram antes de finalizar o tratamento. Esta intervenção foi escolhida
uma vez que o tratamento mais usado continua sendo o medicamentoso, que na maioria
das vezes leva a constipação e outros fatores adversos.
No que diz respeito à comparação da utilização do TENS na região parasacral com
a aplicação no nervo tibial, os estudos de acordo com Duarte et al. (2019) e JACOMO,
et al. (2020) mostraram que os dois métodos são benéficos no tratamento da bexiga hi-
perativa e diminuição da urgência, porém a intervenção no nervo tibial mostrou resultados
mais significativos.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a estimulação elétrica nervosa transcutânea é uma ótima alternativa


para o tratamento da Bexiga hiperativa quando usada acima de 20 sessões, uma vez que
essa intervenção tem tido ótimos resultados e não causa efeitos colaterais, diferente do

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 115


tratamento medicamentoso. Além disso, é de suma importância que o indivíduo procure
atendimento fisioterapêutico para melhor avaliação e implementação de técnicas que aju-
dem em sua melhora.

REFERÊNCIAS
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trical nerve stimulation (TENS) in children with overactive bladder and daytime incontinence-A
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pelvic floor muscle training for overactive bladder syndrome in women: results of a randomized
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Paulo, 2019.

116 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 117
10
“ Efeitos cardioprotetores
do exercício físico sobre a
toxicidade cardíaca induzida
pelo tratamento do câncer

Josicléia Leôncio da Silva


UNIFACISA

Joubert Vitor de Souto Barbosa


UNIFACISA

Roberto Vinicius Antonino da Costa


UNIFACISA

Kedma Anne Lima Gomes


UNIFACISA

Jéssica Costa Leite


UNIFACISA

10.37885/201101994
RESUMO

Introdução: A cardiotoxicidade é caracterizada pela disfunção cardíaca induzida por


agentes antineoplásicos. Considerada a principal causa de morte ligada ao tratamento
oncológico, está associada a diversas comorbidades: insuficiência cardíaca, hiperten-
são arterial e miocardite. No tratamento oncológico o exercício físico tem sido sugerido
como uma valiosa ferramenta terapêutica, porém as evidências a respeito da sua efe-
tividade sobre a cardiotoxicidade ainda são obscuras. Portanto, esta pesquisa realizou
um levantamento bibliográfico das evidências existentes sobre os efeitos cardioprote-
tores do exercício físico na toxicidade cardíaca. Metodologia: Trata-se de uma revisão
integrativa realizada em setembro e outubro de 2020 por meio das bases de dados:
Cochrane, EMBASE, IBECS, LILACS, MEDLINE/PubMed, PEDro, SciELO e Web of
Science. Os Palavras-chave adotados foram: Cardiotoxicity, Cardiac Toxicity, Neoplasms,
Cancer Survivors, Exercise Therapy, Physical Exercise e Exercise. Não houve restrição de
idioma ou ano de publicação. Incluíram-se pesquisas de intervenção com seres humanos
ou animais, excluindo-se artigos de revisão ou estudos incompletos. Resultados: Dos
248 resultados, 14 pesquisas foram selecionadas, destas, duas foram realizadas com
animais. A maioria (n=10) apresentou desfechos positivos, especialmente para melhora
do VO2 máx. e da função cardíaca. O exercício mais investigado foi o aeróbio, além do
treino de força, resistência e flexibilidade. Considerações finais: As evidências apontam
que o Exercício Físico possivelmente promova efeitos cardioprotetores capazes de pre-
venir ou amenizar os danos da cardiotoxicidade relacionada ao tratamento oncológico.
Entretanto, mais investigações precisam ser realizadas, a fim de que os mecanismos
envolvidos nesse processo sejam elucidados.

Palavras-chave: Câncer, Quimioterapia, Cardiotoxicidade, Exercício Físico.


INTRODUÇÃO

Avanços na detecção e no tratamento do câncer tiveram como consequência o au-


mento exponencial no número de sobreviventes em todo o mundo. No entanto, grande parte
desses indivíduos enfrentam os efeitos adversos relacionados ao tratamento, dentre eles, a
cardiotoxicidade (LAUFER-PERL et al., 2020). Considera-se dano cardíaco por toxicidade,
as alterações cardiovasculares que tenham se originado durante ou após o tratamento on-
cológico (HAJJAR et al., 2020). Além disso, uma redução na Fração de Ejeção do Ventrículo
Esquerdo (FEVE) para valores abaixo de 53%, já é definida como disfunção cardíaca rela-
cionada à terapêutica do câncer (GEORGIADIS et al., 2020).
Essas disfunções podem ser ocasionadas pela radiação (radiotoxicidade) e/ou pelo uso
de medicamentos anticancerígenos (LEHMANN; FRÖHLING, 2020). Atualmente, os casos
de cardiotoxicidade por drogas, especialmente as antraciclinas, têm se tornado cada vez
mais frequentes. Muitas dessas terapias sobrecarregam o sistema cardiovascular, elevando
o risco de cardiomiopatia (VECCHIS; PACCONE, 2020). Algumas manifestações clínicas
da toxicidade cardíaca incluem: miocardite, pericardite, hipertensão, taquicardia sinusal,
disfunção valvar, isquemia miocárdica e infarto do miocárdio (SŁAWIŃSKI et al., 2020).
Além disso, a cardiomiopatia dilatada e a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) são
disfunções frequentemente apresentadas por pacientes tratados com doxorrubicina (DOX),
uma droga comumente utilizada no tratamento da leucemia linfoblástica ou mieloblástica,
câncer de mama, sarcomas e tumores sólidos infantis (WU et al., 2020). A DOX, perten-
cente à família das antraciclinas (DALLONS et al., 2020), possui seu uso clínico limitado
graças a seu um alto poder cardiotóxico, já que a droga contribui para produção excessiva
de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), um fator de risco para IC (CHENG et al., 2020).
Outro agente quimioterápico amplamente usado no tratamento de muitos tipos de cânce-
res é a cisplatina. Contudo, apesar de sua eficácia, alguns eventos cardiotóxicos importantes
podem ocorrer após a sua administração, dentre eles: déficit na fração da ejeção, arritmias,
miocardite e cardiomiopatia. Sua ação citotóxica se dá pela formação maciça de EROS,
que induz o estresse oxidativo e danifica as células miocárdicas (SALEH et al., 2020). Já o
trastuzumabe, medicamento usado no câncer de mama, embora contribua para maior so-
brevida, possui inúmeros eventos adversos: disfunção ventricular esquerda, ICC, síndrome
coronariana aguda, hipertensão arterial e cardiomiopatia dilatada (BLANCAS et al., 2020).
A cardiotoxicidade é a principal causa de morte associada ao tratamento oncológico,
especialmente nos sobreviventes do câncer de mama (JAFARI et al., 2020). A complexidade
do cuidado oncológico e do gerenciamento das múltiplas comorbidades apresentadas pelos
pacientes, expressam a necessidade de que esses indivíduos recebam uma abordagem
terapêutica integrada e multidisciplinar (TRAPANI et al., 2020). Por isso, é imprescindível

120 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


que ocorra a detecção e intervenção precoce para que seja possível prevenir a evolução
para doença cardíaca, bem como reduzir a mortalidade (PLANEK et al., 2020).
Nesse contexto, a Diretriz Brasileira de Cardio-oncologia (2020) defende que seja
realizada a prevenção da cardiotoxicidade por meio da identificação e combate aos fatores
de risco cardiovascular. Desse modo, deverão ser acrescentadas como metas terapêuticas
no tratamento oncológico: a interrupção do tabagismo e alcoolismo; o controle da pressão
arterial sistêmica, do diabetes e da dislipidemia; uma dieta alimentar saudável; a manutenção
da massa corpórea ideal; e o incentivo a prática de exercícios físicos aeróbicos, pelo menos
30 minutos ao dia, cinco vezes por semana (HAJJAR et al., 2020).
Vale salientar, que o exercício físico tem sido sugerido como uma importante ferramenta
terapêutica para a prevenção da morbidade cardiovascular e no manejo de diversos eventos
associados ao tratamento do câncer. Ainda assim, há um crescente interesse científico so-
bre seus efeitos na prevenção da cardiotoxicidade (FOULKES et al., 2020). Já se sabe que
a inclusão do treinamento físico no tratamento de cardiopatas, não-oncológicos, tem sido
eficaz para atenuação do remodelamento ventricular esquerdo e na redução do Peptídeo
Natriurético Pró-cérebro N-terminal (NT-proBNP), um marcador de IC (ANTUNES et al., 2019).
Além disso, desde o ano de 2016, a força-tarefa para tratamentos de câncer e toxici-
dade cardiovascular da Sociedade Europeia de Cardiologia (SEC) divulgou um documento
no qual sugere a adoção dos exercícios aeróbicos como uma estratégia promissora para
atenuar a cardiotoxicidade (ZAMORANO et al., 2017). No entanto, as evidências existentes
a respeito da efetividade e os mecanismos cardioprotetores dos exercícios físicos sobre a
cardiotoxicidade, ainda permanecem obscuras.
Considerando o impacto nocivo da cardiotoxicidade, assim como o fato de que o exer-
cício físico já é estabelecido como um componente terapêutico viável, não farmacológico e
seguro para a prevenção de muitos fatores de risco cardiovasculares (HOJAN et al., 2020),
esta pesquisa objetivou realizar um levantamento bibliográfico a fim de reunir as evidências
científicas existentes relacionadas aos possíveis efeitos cardioprotetores do exercício físico
sobre a toxicidade cardíaca induzida pelo tratamento oncológico.

METODOLOGIA

Para a construção desta revisão integrativa, foram selecionados artigos científicos


publicados em qualquer idioma, sem restrição de ano, nas seguintes bases de dados ele-
trônicas: The Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL/Cochrane Library);
EMBASE (Elsevier); Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS), via
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Literatura Latino‐Americana e do Caribe em Ciências
da Saúde (LILACS), via BVS; Medical Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE),

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 121


via PubMed; Physiotherapy Evidence Database (PEDro); Scientific Electronic Library Online
(SciELO), via BVS; e Web of Science (atual Clarivate Analytics).
As buscas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de 2020. Os ter-
mos usados, conforme o vocabulário controlado dos Descritores em Ciências da Saúde
(DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH), foram combinados por meio dos opera-
dores booleanos „AND’ e „OR‟. Foram usados os seguintes cruzamentos nas buscas:
[(“Cardiotoxicity” OR “Cardiac Toxicity”) AND (“Neoplasms” OR “Cancer Survivors”) AND
(“Exercise Therapy” OR “Physical Exercise” OR “Exercise”)]. A pesquisa no banco de dados
PEDro foi adaptada, conforme as exigências da própria base: [Cardiotoxicity AND Exercise].
Os critérios de inclusão empregados foram: estudos de intervenção com animais ou
seres humanos adultos que investigassem os efeitos dos exercícios físicos sobre a cardio-
toxicidade relacionada ao tratamento do câncer. Foram excluídos artigos de revisão, proto-
colos de pesquisas, estudos sem relação com o tema ou com texto indisponível, além dos
duplicados. Primeiramente, os estudos foram analisados por meio dos títulos. Em seguida,
realizou-se a análise dos resumos, e por fim a leitura na íntegra. Logo, os artigos que preen-
cheram os critérios de elegibilidade foram selecionados para esta pesquisa.
A extração dos dados foi realizada por meio do preenchimento de um formulário, elabo-
rado pelos autores desta pesquisa, que continha informações consideradas relevantes como,
por exemplo: autoria dos estudos, ano de publicação, local da pesquisa, características da
amostra, intervenção adotada, principais desfechos evidenciados, dentre outros. Os dados
extraídos foram armazenados no formato de arquivo Microsoft Word.
Além disso, a questão norteadora desta pesquisa foi formulada mediante a utilização
da estratégia intitulada pelo acrônimo „PICO‟ (Patient/problem, Intervention, Comparison e
Outcome). Logo, o “P” referiu-se ao paciente ou problema (cardiotoxicidade); “I” à interven-
ção (exercícios físicos); “C” à comparação ou controle (não foi considerado nesta pesquisa),
e “O”, ao desfecho de interesse (efeitos cardioprotetores). Portanto, este estudo procurou
buscar evidências científicas que pudessem responder a seguinte pergunta: Qual a efetivi-
dade dos exercícios físicos como ferramenta terapêutica para a prevenção ou tratamento
da cardiotoxicidade induzida pela terapia oncológica?

RESULTADOS

Ao todo, foram identificados 248 resultados, respectivamente: CENTRAL (n=28);


EMBASE (n=61); IBECS (n=00); LILACS (n=01); MEDLINE (n=82); PEDro (n=01); SciELO
(n=00); e Web of Science (n=75). Após aplicação dos critérios de elegibilidade, 14 estudos
foram selecionados para elaboração desta revisão integrativa (Figura 1).

122 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Figura 1. Fluxograma do processo de busca e seleção dos artigos

Dos estudos incluídos, dois foram realizados com animais e doze com seres huma-
nos. Ao todo, 757 voluntários participaram das pesquisas: 394 nos grupos de intervenção
e 363 nos controles. O tipo de neoplasia mais prevalente foi o câncer de mama, presente
em 71,43% dos estudos (n= 10) e exclusivo em 57,14% (n= 08). O país que mais publicou
foi os Estados Unidos da América (n= 04), nenhuma investigação foi realizada no Brasil.
Quanto ao ano de publicação, variou entre 2003 e 2020. Ainda assim, duas pesquisas
foram realizadas com participantes que apresentavam IC resultante da cardiotoxicidade e
outro estudo elegeu especificamente mulheres com câncer de mama HER2-positivo (Receptor
do Fator de Crescimento Epidérmico). A temática mais avaliada foram os efeitos dos exer-
cícios físicos sobre a toxicidade induzida por DOX (Quadro 1).

Quadro 1. Caracterização dos estudos selecionados

Estudo Delineamento Tema avaliado Amostra Neoplasia

Efeito do exercício sobre o Adenocarcinoma


KELM et al., 2003, 01 Humano
Relato de caso sistema cardiorrespiratório metastático do
Alemanha Homem (58 anos).
durante a quimioterapia reto
HUGHES et al., Efeito do exercício em 02 Humanos Linfoma de
2011, Relato de casos sobreviventes de câncer com Mulher de 56 anos Homem de Hodgkin e
Estados Unidos IC induzida pelo tratamento 44 anos leucemia

48 Camundongos
STURGEON et al., Efeito do exercício de baixa
E s t u d o G1: sedentários + placebo G2:
2014, intensidade sobre a carga Melanoma
experimental sedentários + DOX G3: exercício
Estados Unidos tumoral e cardiotoxicidade
+ placebo G2: exercício + DOX

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 123


Estudo Delineamento Tema avaliado Amostra Neoplasia

91 Humanos
STEFANI et al., Efeito do exercício vigoroso
Mulheres de 57 ± 7 anos G1: Câncer de mama,
2015, Estudo de coorte sobre o sistema cardíaco em
exercícios (n=55) sem metástase
Itália sobreviventes de câncer
G2: saudáveis ativos (n=36)

Efeito do exercício sobre a 22Humanos Mulheres e homens


REPKA et al., Câncer de mama,
aptidão cardiorrespiratória G1: exercícios (n=08)
2016, Ensaio clínico ovário, pâncreas,
e o estresse oxidativo em G2: cuidados básicos (n=07)
Colômbia linfoma e outros
sobreviventes de câncer G2: saudáveis ativos (n=07)

Efeito do exercício sobre a 24 Humanos


KIRKHAM et al.,
Ensaio clínico função cardíaca 24 horas antes Mulheres de 50 ± 9 anos G1: Câncer de mama
2017,
randomizado do tratamento com exercícios (n=13) em estágio I-III
Canadá
DOX G2: cuidados básicos (n=11)
28 Humanos (n=28)
HOWDEN et al., Efeito do exercício no VO2
Ensaio clínico Mulheres de 42 ± 9 anos* G1: Câncer de mama
2018, pico durante a terapia com
não randomizado Exercícios (n=14) em estágio I
Austrália antraciclina
G2: cuidados básicos (n=14)
24 Humanos
KIRKHAM et al., Efeito cumulativo do exercício
Ensaio clínico Mulheres de 50 ± 9 anos G1: Câncer de mama
2018, 24 horas antes do tratamento
randomizado exercícios (n=13) em estágio I-III
Canadá com DOX
G2: cuidados básicos (n=11)
Efeitos do exercício na função 70 Humanos
MA, 2018, E s t u d o cardíaca de pacientes com Mulheres de 43,1 ± 5,4anos G1:
Câncer de mama
China comparativo câncer após terapia com exercícios (n=35)
antraciclinas G2: cuidados básicos (n=35)

32 Camundongos
Efeito cardioprotetor do
WANG et al., 2018, E s t u d o G1: sedentários + placebo G2: Sarcoma de
exercício na cardiotoxicidade
Estados Unidos experimental sedentários + DOX G3: exercício Ewing
induzida por DOX
+ placebo G2: exercício + DOX

375 Humanos
THUNE et al., Efeito do exercício na função
Ensaio clínico Mulheres de 27 a 75 anos G1: Câncer de mama
2019, cardiovascular durante o
randomizado exercícios (n= 187) em estágio I-II
Noruega tratamento adjuvante
G2: cuidados básicos (n= 188)
Câncer de
Efeitos do exercício em 22 Humanos
TSAI et al., 2019, Ensaio clínico mama, boca,
sobreviventes com IC G1: exercícios (n=14)
Estados Unidos randomizado osteosarcoma,
relacionada à quimioterapia G2: cuidados básicos (n=08)
linfoma e outros
Efeito do exercício sobre o 47 Humanos
HOJAN et al., Câncer de mama
Ensaio clínico sistema cardiovascular durante Mulheres de 54,5 ± 6,05 anos
2020, HER2-positivo em
randomizado a terapia com G1: exercícios (n=26)
Polônia estágio I-III
trastuzumabe G2: cuidados básicos (n=21)
Efeito do exercício na aptidão 51 Humanos
JONES et al., E n s a i o
cardiorrespiratória e no risco Mulheres de 55,8 ± 7,2 anos G1: Câncer de mama
2020, clínico quase
cardiovascular em exercícios (n = 26) em estágio I-III
Nova Zelândia randomizado
sobreviventes de câncer G2: cuidados básicos (n= 25)
Legendas: DOX: doxorrubicina; G1: Grupo 1; G2: Grupo 2; G3: Grupo 3; G4: Grupo 4; ±: desvio padrão; HER2: Receptor do Fator
de Crescimento Epidérmico. IC: Insuficiência cardíaca; n: número; VO2: consumo de oxigênio; *Idade relacionada ao grupo que
recebeu exercícios.

A modalidade de exercício empregada em 100% dos protocolos de intervenção foi o


aeróbico; usado isoladamente (57,14%) ou associado ao treino de força, resistência, flexibili-
dade e equilíbrio (42,86%). No que se refere aos possíveis efeitos cardioprotetores; 71,43%
das pesquisas (n= 10) evidenciaram desfechos benéficos para prevenção ou atenuação da
toxicidade cardíaca. Entretanto, 28,57% dos estudos (n= 04) não observaram diferenças
significativas entre os grupos avaliados. Ainda sim, todos os autores mostraram-se favoráveis
a adesão dos exercícios físicos na terapêutica oncológica (Quadro 2).

124 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Quadro 2. Síntese da intervenção e dos principais achados evidenciados nos estudos.
Autoria Intervenção Resultados e considerações dos autores
Exercícios aeróbios, de força e O exercício contribuiu para redução de 10% na FC e de 21,55% na
KELM
resistência: 30 min., 2 vezes por concentração de lactato. Nenhum dano cardíaco foi detectado. O
et al.
semana, durante 13 semanas. exercício físico durante a quimioterapia adjuvante é benéfico.
HUGHES Exercícios aeróbios: 30 min., 3 vezes Ambos melhoraram o VO2 pico. Exercícios prescritos de maneira
et al. por semana, durante 16 semanas. adequada podem ser benéficos para sobreviventes com IC.
STURGEO Exercícios aeróbios: 45 min., 5 vezes O exercício não amenizou a disfunção cardíaca, porém contribuiu para
N et al. por semana, durante 2 semanas. redução no volume do tumor (p <0,05), podendo ser eficaz.
Prática esportiva aeróbica de O exercício contribuiu para melhora dos parâmetros diastólicos e da
STEFANI
intensidade moderada realizada ao função cardíaca, especialmente no grupo intervenção. O exercício
et al.
longo de quatro anos. impacta favoravelmente no desempenho cardíaco.
Exercícios aeróbios, resistidos, de Os exercícios contribuíram para o aumento da capacidade antioxidante
REPKA
flexibilidade e equilíbrio: 60 min., 3 (p <0,001) e do VO2 pico (p = 0,018). Os exercícios podem aumentar a
et al.
vezes por semana, por 10 semanas. aptidão cardiorrespiratória.
O exercício melhorou a FE (p= 0,02) e a taxa de deformação sistólica
Exercício aeróbio: 30 min., única (p <0,01). Houve redução na resistência vascular sistêmica (p <0,01),
KIRKHAM
sessão em esteira 24 horas antes do no NT-proBNP* circulante (p <0,01) e queda de 46% no risco de
et al.
tratamento com DOX. desenvolver IC. O exercício pré-tratamento pode atenuar a liberação de
NT-proBNP e aumentar a função sistólica.
Exercícios aeróbios e resistidos: 60 Nenhuma diferença foi observada na troponina, FEVE e na função
2018
min., 2 vezes por semana durante 8 a cardíaca de repouso. Porém o exercício atenuou a diminuição do
HOWDEN
12 semanas. Mais 30 a 60 min. de VO2 pico durante a quimioterapia (p= 0,010). O exercício durante a
et al.
exercícios domiciliares. quimioterapia pode aliviar as percas na capacidade funcional.
Exercício aeróbico: 30 min., única Não houve efeito nos marcadores cardiotóxicos, porém o exercício
KIRKHAM
sessão em esteira 24 horas antes dos preveniu mudanças na hemodinâmica (p <0,01). O exercício antes da
et al.
quatro tratamentos com DOX. quimioterapia pode ser uma modalidade clínica simples e benéfica.
Exercícios aeróbios e de flexibilidade: O grupo de exercícios apresentou melhora significativa na FEVE e no
MA. 50 min., 3 vezes por semana, durante VO2 máx. (p <0,05). O exercício é benéfico para função cardíaca e, até
16 semanas. certo ponto, pode reverter o dano cardíaco pela quimioterapia.
Exercícios aeróbios: 45 min., 5 vezes O exercício contribuiu para prevenção da disfunção cardíaca e reduziu
WANG
por semana, com 2 dias de intervalo, a penetração da DOX no miocárdio. O exercício durante a exposição
et al.
durante 2 semanas. precoce à DOX pode atenuar a toxicidade cardíaca.
Exercícios aeróbios: 60 min., 2 vezes O grupo de exercícios apresentou melhora no VO2 máx. (p <0,001). O
THUNE
por semana, durante 12 meses. Mais treinamento físico durante o tratamento adjuvante pode neutralizar o
et al.
120 min. de exercícios domiciliares. declínio na função cardiovascular.
Os exercícios resultaram em melhorias significativas no VO2 máx.
TSAI Exercícios aeróbios: 30 min., 3 vezes
(p= 0,042). Os exercícios são viáveis, seguros e têm potencial para
et al. por semana, durante 16 semanas.
melhorar a aptidão cardiorrespiratória.
Exercícios aeróbios, de força, Os exercícios não contribuíram para melhora da função cardíaca.
HOJAN
resistência e flexibilidade: ± 50 min., 5 Entretanto, evitou a diminuição da FEVE e da capacidade física. O
et al.
vezes por semana, por 9 semanas. exercício moderado pode ser um tratamento preventivo primário.
Exercícios aeróbios, resistidos e Os exercícios contribuíram para redução significativa na velocidade
JONES
funcionais: 60 min., 2 vezes por de onda de pulso aórtica, com melhorias no VO2 máx. (IC 95%). Os
et al.
semana, durante 12 meses. exercícios podem melhorar a aptidão cardiorrespiratória.
Legendas: DOX.: doxorrubicina; FC: frequência cardíaca; FE: Fração de ejeção; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo;
IC 95%: intervalo de confiança no nível 95%; min.: minutos; NT-proBNP: Pró-peptídeo Natriurético B Terminal-Amina. p: valor de
significância; VO2 máx.: consumo de oxigênio máximo. *Marcador de cardiotoxicidade.

DISCUSSÃO

De acordo com achados desta revisão, a intervenção com exercícios físicos aeróbios
e/ou treinamento físico global (força, resistência, equilíbrio e flexibilidade) pode contribuir
para prevenção ou tratamento das disfunções cardiovasculares relacionadas ao tratamento
oncológico, amenizando os efeitos da cardiotoxicidade. Apesar das diferenças entre os
protocolos adotados, no que se refere à frequência, modalidade, tempo e duração do tra-
tamento; a maioria dos estudos resultou em benefícios para os sobreviventes de câncer,
principalmente com relação ao consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 125


Duas pesquisas foram realizadas com animais, o protocolo usado foi praticamente o
mesmo (caminhada em esteira por 45 min.), com exceção da intensidade. Os camundon-
gos, tratados com DOX, que foram exercitados em baixa intensidade apresentaram redução
considerável do tumor, porém não houve reversão da cardiotoxicidade (STURGEON et al.,
2014). Já os animais treinados de forma moderada tiveram redução na penetração da droga
no miocárdio, atenuação na diminuição da Fração de Ejeção (FE) e no encurtamento fracio-
nário (FS). Nesse estudo, o exercício evitou a perda da função cardíaca (WANG et al., 2018).
Dentre os estudos com seres humanos, Kelm et al. (2003) usaram exercícios de baixa
e média intensidade (esteira, cicloergômetro e treino de força) durante a terapia adjuvante
de um câncer de reto metastático. Observou-se melhora na Frequência Cardíaca (FC) (re-
dução em 10%) e na concentração de lactato (queda de 21,5%). Já Hughes et al. (2011)
realizaram a primeira intervenção com pacientes com IC consequente do tratamento onco-
lógico. Os autores usaram apenas exercício em bicicleta ergométrica (50% da Frequência
Cardíaca de Reserva - FCR) que resultaram em melhora do consumo de oxigênio (VO2 pico).
Ainda no contexto dos sobreviventes do câncer com IC por cardiotoxicidade, Tsai et al.
(2019) usaram uma intervenção de 30 min. em bicicleta ergométrica, intensidade inicial de
50% da FCR. Os voluntários eram sobreviventes de diversos tipos de câncer. Os autores
relataram que os exercícios resultaram em melhorias no VO2 máx. (p= 0,042), bem como
houve satisfação dos participantes com a intervenção e alta adesão ao tratamento.
Usando uma abordagem diferenciada, porém também incluindo na população investi-
gada um perfil de participantes misto (portadores de neoplasias distintas), Repka e Hayward
(2016) optaram por uma intervenção que incluía caminhada ao ar livre ou em esteira, treino
em bicicleta ergométrica, step, uso de pesos livres, faixas de resistência e exercícios li-
vres. A intensidade era aumentada semanalmente, com manutenção dos valores da FC abai-
xo de 75% da FCR. Nesse estudo, os autores identificaram que os exercícios contribuíram
para melhoria do VO2 pico (p= 0,018) e da capacidade antioxidante (p<0,001).
Outras duas pesquisas, realizada pelo mesmo grupo de pesquisadores, adotaram
protocolos terapêuticos semelhantes (30 min. de caminhada em esteira, intensidade mode-
rada, 24 horas antes do uso da DOX) em mulheres com câncer de mama (KIRKHAM et al.,
2017; KIRKHAM et al., 2018). No primeiro estudo, a intervenção foi única e se deu antes da
primeira quimioterapia. Nessa investigação, o exercício contribuiu para diminuição (p<0,01)
da resistência vascular sistêmica e do NT-proBNP, um importante marcador de cardiotoxi-
cidade. Já a FE (p= 0,02) e a taxa de deformação sistólica (p <0,01) aumentaram.
Entretanto, na segunda pesquisa realizada, essa mesma intervenção foi executada
em uma intensidade relativamente menor. Contudo, não foi observado nenhum tipo efeito
benéfico para os marcadores de cardiotoxicidade. Mas, ocorreram mudanças positivas na

126 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


hemodinâmica cardiovascular (débito cardíaco, resistência vascular sistêmica, pressão ar-
terial e FCR). Os autores sugeriram que outros estudos considerem adotar um estímulo de
exercício agudo mais potente, ou seja, uma intensidade alta (KIRKHAM et al., 2018).
De modo a investigar os efeitos cardioprotetores de uma prática esportiva de inten-
sidade moderada à alta, Stefani et al. (2015) realizaram o acompanhamento, ao longo de
quatro anos, de um grupo de mulheres sobreviventes do câncer de mama que eram prati-
cantes de um esporte denominado „corrida Barco-dragão‟. Os autores avaliaram parâmetros
hemodinâmicos, morfológicos e funcionais cardíacos. Posteriormente, esses dados foram
comparados aos de um grupo de mulheres saudáveis e fisicamente ativas. Após quatro anos
de atividade esportiva, a função diastólica melhorou significativamente (p<0,001).
Enquanto na pesquisa de HOWDEN et al. (2018), os autores empregaram exercícios
aeróbicos e de resistência, em intervenções de 60 min., direcionadas a mulheres com câncer
de mama em estágio inicial submetidas à quimioterapia com antraciclina. Cada programa
de exercícios foi prescrito com base no teste de exercício e esforço incremental submáximo.
Nesse estudo, nenhuma melhora foi observada, porém a intervenção preservou a função
cardíaca e, portanto, reduziu o impacto adverso da quimioterapia.
Ainda com relação à função cardíaca, desfecho diferente foi evidenciado por Ma (2018),
tendo em vista que após aplicar um protocolo de 60 min. com exercícios aeróbios intermi-
tentes e alongamentos, durante o tratamento de mulheres com câncer de mama em uso de
antraciclinas, ocorreram melhoras na função cardíaca, especialmente na FEVE (p <0,05).
Enquanto Thune et al. (2019), também usaram uma intervenção de 60 min. com exercícios
aeróbios em mulheres com câncer de mama durante o tratamento adjuvante, no qual, os
autores observaram melhorias significativas no VO2 máx. (p<0,05).
Por fim, Hojan et al. (2020) realizaram um dos primeiros estudos com exercícios físicos
moderados prescritos para mulheres com câncer de mama HER2-positivo em terapia com
trastuzumabe. A intervenção envolveu caminhada, corrida, ciclismo e musculação. Entretanto,
apesar do exercício ter prevenido a redução da FEVE e da capacidade funcional, não houve
melhora da função cardíaca. Diferentemente de Jones et al. (2020), que após utilizar um
treinamento com exercícios de força, resistência, aeróbios, funcionais e alongamentos, ob-
servaram que as sobreviventes de câncer de mama tiveram uma redução na velocidade da
onda de pulso aórtica e melhorias no VO2 máx. (p<0,05).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A compilação dos estudos revelou a existência de evidências positivas que apontam


para possíveis efeitos cardioprotetores estaticamente significativos e favoráveis a interven-
ção por meio dos Exercícios Físicos como forma de prevenir e/ou amenizar a toxicidade

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 127


cardíaca induzida pelo tratamento oncológico, especialmente para os desfechos referentes
ao VO2 máx. e FEVE.
Destacaram ainda que o treinamento físico, principalmente o aeróbico, mostrou-se
benéfico no que diz respeito à função cardíaca, podendo não apenas melhorá-la, mas tam-
bém reverter, até certo ponto, os danos (agudos ou de longo prazo) causados ao coração
pela cardiotoxicidade. Logo, o exercício físico parece ser uma estratégia terapêutica bené-
fica, no entanto, mais investigações clínicas precisam ser realizadas para elucidar quais os
reais efeitos e mecanismos de atuação das diferentes modalidades de exercício sobre a
toxicidade cardíaca.

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130 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


11
“ Equilíbrio e risco de quedas em
pacientes com ataxia

Cleonice Garbuio Bortoli


HC-UFPR

Hélio A. G. Teive
HC-UFPR

Rauce Marçal da Silva


HC-UFPR

Soraia Koppe
HC-UFPR

Kátia Mayumi Konno


HC-UFPR

Marise Bueno Zonta


HC-UFPR

10.37885/201001681
RESUMO

Introdução: a ataxia é caracterizada pela falta coordenação dos movimentos e alterações


no equilíbrio. Estudos comprovam o efeito da fisioterapia na melhora do equilíbrio em
pacientes com ataxia cerebelar. Objetivo: Avaliar o equilíbrio e risco de quedas e verificar
se exercícios de equilíbrio fazem parte da rotina dos pacientes com ataxia. Metodologia:
estudo transversal descritivo avaliando pacientes do Ambulatório de Ataxias, Setor de
Distúrbios do Movimento, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
através de entrevista direcionada de dados gerais, do tratamento fisioterapêutico, escala
de avaliação e graduação da Ataxia (SARA), escala de equilíbrio de Berg e coleta de
dados no prontuário. Resultados: Foram avaliados 64 pacientes com média de idade
de 43,12 anos ± 13,08, 50% homens, sendo 44 (69%) com diagnóstico de ataxia do-
minante, 11 (17%) recessiva, 6 (9%) esporádica e 3 (5%) em investigação. A média do
escore de gravidade da ataxia (SARA) foi de 12,59 ± 6,39. Na escala de Berg 35 (55%)
pacientes apresentaram déficit de equilíbrio, com pontuação inferior a 45 pontos, e o
risco de quedas foi médio a alto para 29 (45%) pacientes. Dos 64 pacientes, 48 (75%)
foram encaminhados para fisioterapia, 21 (33%) estavam em atendimento no momento da
avaliação e 6 (10%) relataram não fazer exercícios específicos de coordenação e equilí-
brio. Conclusão: Os pacientes com ataxia avaliados neste estudo apresentam perda no
equilíbrio e aumento do risco de quedas. Apenas um terço deles estava em tratamento
de fisioterapia e parte destes não realizavam exercícios de equilíbrio como rotina.

Palavras-chave: Ataxia, Equilíbrio Postural, Fisioterapia.


INTRODUÇÃO

Doenças e distúrbios cerebelares produzem deficiências na velocidade, amplitude e


força do movimento, resultando em incoordenação das atividades motoras (LUNDY-EKMAN,
2004). O termo ataxia, que no grego significa “desordem”, descreve esta falta de uniformidade
e sincronia nos movimentos (HARDING, 1983). A ataxia cerebelar, forma mais amplamente
reconhecida, pode ser classificada como primária, idiopática, adquirida (ou secundária) e
esporádica. Entre as primárias, a forma hereditária compreende as ataxia de origem autos-
sômica recessiva, autossômica dominante (atualmente conhecida como ataxia espinocere-
belares - SCA), ataxia ligada ao X e ataxia mitocondriais (TEIVE et al., 2012).
O déficit de equilíbrio, especialmente durante a marcha, é um dos sintomas mais ca-
racterísticos da ataxia, e um dos mais incapacitantes, pois reduz a mobilidade gerando con-
sequências físicas e sociais (LATASH et al., 2003; VAN DE WARRENBURG, 2005). As que-
das são frequentes e graves nesta população, e além de lesões, levam ao medo de cair
(VAN DE WARRENBURG et al., 2005).
Apesar de muitas pesquisas nesta área, até o momento não foi encontrada a cura
definitiva da ataxia, sendo o tratamento sintomático, oferecido preferencialmente por uma
equipe multidisciplinar. O objetivo do tratamento a estes pacientes é retardar a progressão
dos sintomas e melhorar a qualidade de vida, mantendo a independência e autonomia pelo
maior tempo possível. Atualmente a fisioterapia é apontada como a única terapia de es-
colha para melhorar as disfunções da ataxia. W Ilg et al. (2009) demonstraram evidências
do benefício de exercícios de coordenação e equilíbrio em reduzir os sintomas da Ataxia,
permitindo aos pacientes alcançar objetivos significativos para seu dia a dia. Segundo este
estudo, o treinamento contínuo parece crucial para estabilizar os ganhos e deve tornar-se
padrão na fisioterapia (W ILG et al., 2009).
O objetivo deste estudo foi avaliar o equilíbrio e risco de quedas e verificar se exercícios
de equilíbrio fazem parte da rotina dos pacientes com ataxia.

CASUÍSTICA E MÉTODOS

Estudo prospectivo, transversal, com abordagem descritiva, realizado no período de


janeiro/2011 até setembro/2012, no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná
(HC-UFPR), maior hospital público do Paraná, totalmente inserido no Sistema Único de
Saúde como um hospital escola. Dentre as especialidades do atendimento terciário prestado
à população, o Setor de Distúrbios do Movimento do HC-UFPR conta com um Ambulatório de
Ataxias que atende semanalmente pacientes encaminhados para investigação diagnóstica
e acompanhamento multidisciplinar, onde foi realizado este estudo.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 133


Após a aprovação pelo Comitê de Ética do HC-UFPR (ref. no. 2542.149/2011-06) e
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a amostra foi coletada de forma
consecutiva, sendo incluídos pacientes com ataxia, sem distinção de sexo, com 18 anos ou
mais. Foram excluídos pacientes cadeirantes ou com outras desordens concomitantes que
pudessem interferir na avaliação.

Avaliação Clínica

A avaliação incluiu dados clínicos e funcionais coletados como rotina durante a consulta
no ambulatório multidisciplinar de Ataxias, e foram acrescentadas as seguintes perguntas
sobre o tratamento de fisioterapia: se estava em atendimento regular, se fazia exercícios
específicos para melhora do equilíbrio e se recebia orientação para exercícios domiciliares.
Dados clínicos e funcionais considerados: idade, sexo, situação laboral, idade de início
dos sintomas, tempo de evolução dos sintomas, escores de equilíbrio e de independência
para atividades básicas (AVDs) e instrumentais de vida diária (AIVDs). Os dados clínicos
foram conferidos com os dados do prontuário médico, onde foram coletados o diagnóstico
e o escore de gravidade da ataxia, pontuado no mesmo dia da consulta.
O equilíbrio foi avaliado pela versão validada no Brasil da escala de Equilíbrio de Berg
(EEB), que considera a performance de 14 itens que pontuam o equilíbrio estático e dinâmico,
com escore máximo de 56 pontos, sendo a pontuação 45 ou menor indicativa de alteração
no equilíbrio. A escala também determina o risco de quedas como baixo (pontuação entre
41 a 56 – marcha independente), médio (entre 21 e 40 – requer assistência para andar) e
alto (abaixo de 21 pontos – requer cadeira de rodas) (MIYAMOTO et al., 2004).
A independência para as AVDs foi avaliada pela escala Medida de Independência
Funcional (MIF), que pontua a demanda de cuidado para tarefas motoras e cognitivas, com
uma pontuação de 18 a 126, na qual, altos escores indicam boa independência funcional.
Cada uma das 18 tarefas recebe uma pontuação que varia de 1 (dependência total) a 7
(independência total), sendo que os escores 6 e 7 caracterizam independência total ou mo-
dificada. Escores abaixo de cinco indicam a necessidade cada vez maior de ajuda humana
(RIBERTO et al., 2004).
A independência para as AIVDs foi avaliada pela escala de Lawton que considera a
capacidade para tarefas mais complexas como preparar refeições e fazer compras. Cada
item pontua de 1 a 3, sendo que 1 representa dependência total para realização da função e 3
representa independência, com escore total possível variando entre 7 e 21 pontos (ARAÚJO
et al., 2008; SANTOS; JÚNIOR, 2008).

134 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Foram considerados os escore pontuados pela Escala de Avaliação e Graduação da
Gravidade da Ataxia (Scale for the Assessment and Rating of Ataxia –SARA), utilizada como
rotina no Ambulatório de Ataxia do HC-UFPR (YABE et al., 2008; BRAGA-NETO, 2012).

Análise dos dados

Os dados foram analisados no software Microsoft Office Excel 2010®. A análise descri-
tiva dos dados foi realizada por meio de frequência absoluta (n), relativa (%), média e desvio
padrão dos resultados obtidos pelas escalas de nível de gravidade da ataxia, equilíbrio,
atividades instrumentais de vida diária e funcionalidade.

RESULTADOS

Foram avaliados 79 pacientes, destes 15 foram excluídos por falta de dados nas fichas
ou por não terem realizado a avaliação do equilíbrio e da gravidade da ataxia. A amostra
final foi composta por 64 pacientes com média de idade de 43,12 (DP± 13,08) anos, sendo
32 (50%) do gênero masculino com média de idade de 46 (±12,55) anos, variando entre 17
e 72 anos. A média de idade do gênero feminino 40,15 (±13,11) anos, variando entre 17e 63
anos. Em relação ao diagnóstico o mais frequente foi o de ataxia dominante, seguida pelas
recessivas, esporádicas e pelos pacientes ainda em investigação (Figura 1).

Figura 1. Classificação diagnóstica das ataxias

Dados demográficos, médias da idade, idade de início dos sintomas, tempo de doen-
ça, médias dos escores de gravidade (SARA), equilíbrio (BERG) e de independência para
atividades básicas (MIF) e instrumentais de vida diária (Lawton) estão descritos na tabela
1, para cada grupo, segundo o diagnóstico.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 135


Tabela 1. Dados clínicos e funcionais segundo o tipo de ataxia (n=64)
ATAXIAS ATAXIAS ATAXIAS EM
VARIÁVEIS
DOMINANTES RECESSIVAS ESPORÁDICAS INVESTIGAÇÃO
INDIVIDUOS – n/% 44 (69) 11 (17) 6 (9) 3 (5)
SEXO – MASC/ FEM 22/22 3/8 4/2 3/0
IDADE (anos) 46,81±10,67 33,27 ±15,32 35,66±13,86 40 ±16,52
IDADE DE INÍCIO DOS
33,6 ± 13.3 13,5 ± 09.3 29,8±13.1 19,3 ±21,82
SINTOMAS (anos)
TEMPO DE DOENÇA (anos) 13,2 ± 11.4 14 ± 13,2 5,8±4,8 13,6±17,2
ESCORES
SARA 12,12 ±5,78 15,22±8,47 12,33±7,71 10,33±5,51
BERG 40,54 ±13,39 27,81±17,74 43,33±14,88 51,33±6,42
MIF TOTAL 118,47±10,66 115,63±10,09 116,66±5,42 121,33±4,16
MIF COGNITIVO 32,70±5,03 33,36±2,24 33,33±1,86 34,66±0,57
MIF MOTOR 85±7,37 82,27±9,93 83,33±650 86,66±3,78
LAWTON 18.13±3.61 17,72±3,52 18±3,03 16±6,92
n: Número; %: porcentagem: SARA: Escala de Graduação da Ataxia; Berg: Escala de equilíbrio de Berg; MIF: Medida da
Independência Funcional; Lawton : Escala de Atividades Instrumentais de Vida Diária de Lawton.
Fonte: Autores

Na escala de equilíbrio de Berg 35 (55%) pacientes pontuaram 45 ou menos, apre-


sentando alteração do equilíbrio. Em relação ao risco de quedas 8 (12%) apresentaram alto
risco, 21 (33%) médio e 35 (55%) baixo risco para quedas. Dados detalhados do risco de
quedas para cada grupo segundo o diagnóstico da ataxia estão descritos na tabela 2.

TABELA 2. Estratificação pelo risco de quedas de acordo com a escala de berg segundo o tipo de ataxia
ATAXIAS ATAXIAS ATAXIAS EM
DOMINANTES RECESSIVAS ESPORÁDICAS INVESTIGAÇÃO

RISCO DE QUEDAS
n/% n/% n/% n/%
Baixo risco 24 (55) 3 (27) 5 (83) 3 (100)
Médio risco 16 (36) 5 (46) 0 0
Alto risco 4 (9) 3 (27) 1 (17) 0
n: Número; %: porcentagem Berg: Escala de equilíbrio de Berg.
Fonte: Autores

Trinta e quatro (53%) pacientes referem ter deixado a profissão devido aos sintomas
de ataxia; 27 (42%) referem ter recebido orientações sobre a doença, cuidados, e exercícios
domiciliares, sendo que destes 26 referem seguir as orientações. Em relação á fisioterapia,
48 (75%) pacientes referem ter sido encaminhados, sendo que destes, no momento da pre-
sente avaliação, 21(33%) estavam em atendimento de fisioterapia; 11 (53%) uma vez na
semana, 7 (33%) duas vezes, e 3 (14%) três vezes na semana. Entre os 21 pacientes que
estavam em atendimento, 6 não realizavam exercícios de equilíbrio e coordenação motora.

136 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


DISCUSSÃO

O presente estudo verificou que apenas um terço (21) dos pacientes com ataxia desta
amostra estavam em atendimento de fisioterapia, e um terço destes não faziam treino espe-
cífico do equilíbrio e coordenação motora. Até 2009, quando W ILG et al. (2009) publicaram
seu estudo, os benefícios do treino de equilíbrio e coordenação motora não haviam sido
demonstrados. Esses autores, além de comprovar o efeito destes exercícios em reduzir
os sintomas da ataxia, mostraram que os efeitos persistiram por um ano, independente
da progressão gradual da doença. A melhora foi observada tanto no desempenho motor,
como nas conquistas em atividades de vida diária, e novos pesquisadores tem mostrado os
mesmos resultados (W ILG et al., 2009; MIYAI et al., 2012). Estes resultados foram revolu-
cionários, de grande esperança para os pacientes que até então não dispunham de meios
para retardar a evolução da doença. Estes resultados também passaram aos profissionais
da área de fisioterapia a grande responsabilidade de desenvolver programas de reabilitação
voltados ao treino de equilíbrio e coordenação motora, e estimular pacientes com ataxia a
se manterem em treinamento contínuo.
O fato de que 75% dos pacientes foram encaminhados para fisioterapia e que 42%
receberam orientações para conduta domiciliar provavelmente se deve ao local da coleta,
um ambulatório especifico de ataxia onde estas orientações e encaminhamentos fazem
parte da rotina. O que talvez explique porque 25% não receberam encaminhamento seja
por apresentarem sintomas leves e não necessitarem de supervisão para exercícios. Outra
possibilidade é que alguns pacientes não tenham retido as orientações ou, por diferentes
motivos, não tenham buscado ou conseguido atendimentos de fisioterapia próximos ao seu
local de origem. Dificuldades logísticas por necessitarem acompanhantes para ir ao local
de atendimento, ou falta de disciplina para manterem atividades em casa são desafios para
os pacientes. A agilidade do sistema de saúde em encaminhar rapidamente pacientes com
ataxia para atendimento num centro terciário é outro desafio.
Entre os que estavam em atendimento de fisioterapia, um terço não fazia o tratamento
recomendado, o que pode refletir pouco conhecimento dos profissionais ou a dificuldade
para este tipo de terapia, que necessita que o fisioterapeuta se mantenha ao lado do in-
dividuo durante todo o tempo do atendimento pelo risco de quedas. Muitas clínicas fazem
atendimentos múltiplos, forçando os profissionais a ajustarem o tipo de terapia que podem
oferecer, o que pode ser um obstáculo ao atendimento adequado a estes pacientes.
Entre os pacientes avaliados as ataxias hereditárias foram as mais freqüentes, com as
SCAs em maior número. Até o momento existem 30 tipos distintos de SCAs, 16 dos quais
estão associados a um gene identificado (TEIVE et al., 2012). Teive et al. (2012) estudaram
104 famílias brasileiras com SCA e observaram que o tipo 3 foi o mais freqüente, seguido

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 137


pelo tipo 10, este com características de ataxia pura. A segunda ataxia mais frequente foi
do tipo recessiva, Embirucu et al. (2009) descreveram que o grupo de ataxias recessivas é
composto por mais de 20 entidades clinicas, algumas muito raras, outras encontradas em
todo mundo, sendo que um grupo expressivo delas é tratável. O terceiro grupo de pacien-
tes apresentava ataxia esporádica, definida como ataxia progressiva que se inicia na idade
adulta, e sem histórico familiar da doença (KLOCKGETHER, 2010).
A média de idade de início dos sintomas nos três grupos corrobora com a literatura
(TEIVE et al., 2012), sendo estes pacientes jovens quando percebem os sinais da doença e
gradualmente perdem sua independência. O fato de que 34 pacientes referiram ter deixado
sua profissão devido aos sintomas da ataxia deixa claro o impacto econômico e social que
caminha junto com a disfunção.
Os escores de independência para AVDs e AIVDs estavam comprometidos em todos
os grupos de ataxia, o que corrobora os estudos que demonstram a influência da perda do
equilíbrio e aumento do risco de quedas sobre a capacidade funcional (ARAÚJO et al., 2010;
AIZAWA et al., 2013). O caráter progressivo destas ataxias se manifesta na alteração do equi-
líbrio que esteve evidente em 55% da amostra, e pelo risco de quedas classificado como mé-
dio ou alto em 45%. Sabe-se que a maior gravidade da ataxia está relacionada ao maior risco
de quedas (FONTEYN et al., 2010; LEONARDI et al, 2009), mas VAN DE WARRENBURG
et al. (2005) observaram que mesmo mudanças inicias no equilíbrio podem levar a quedas.
O treino da coordenação e do equilíbrio até o momento é a única possibilidade de ate-
nuar os sintomas da ataxia. W ILG et al. (2009) ressaltam que a manutenção dos ganhos
a longo prazo parece ser influenciada pela intensidade do treinamento em casa. Desta
forma recomendam o treino contínuo de exercícios de coordenação e equilíbrio pelos fisio-
terapeutas, que devem incentivar e orientar o treino complementar em casa. Oferecer um
tratamento adequado a estes pacientes é um desafio para todas as equipes que participam
da reabilitação de pacientes com ataxia.

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os pacientes com ataxia avaliados neste estudo apresentam perda no equilíbrio e


aumento do risco de quedas. Apenas um terço deles estava em tratamento de fisioterapia
e parte destes não realizavam exercícios de equilíbrio como rotina.
Este estudo foi realizado entre 2011-2013. Diante destes resultados o Ambulatório de
Ataxia do HC-UFPR lançou em 2012 o manual de “Fisioterapia nas Ataxias”, (FISIOTERAPIA
NAS ATAXIAS, 2012) com orientações práticas sobre exercícios de coordenação e equilí-
brio, distribuindo ao longo dos anos 1000 exemplares e, atualmente, disponibilizando este
material gratuitamente online. Em 2018 a mesma equipe, junto com outros profissionais,

138 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


lançou o livro “Reabilitação nas Ataxias: orientações aos pacientes, cuidadores e profissio-
nais”, (REABILITAÇÃO NAS ATAXIAS, 2018) com abordagem multidisciplinar, e bastante
extensa em relação aos exercícios de coordenação e equilíbrio, disponível gratuitamente
online. Estes são exemplos de medidas estratégicas possíveis a que somos desafiados
diante do conhecimento do efeito destes exercícios em retardar os sinais desta doença, que
persiste até a presente data (2020) sem apresentar cura farmacológica. Cabe ás Equipes de
Saúde orientar pacientes com ataxia sobre a evolução da doença e sobre as possibilidades
de retardar os sintomas.

REFERÊNCIAS
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falls, important balance impairment, and decreased ability to function. Arq Neuropsiquiatr,
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140 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


12
“ Estudo comparativo dos efeitos
imediatos do tens e da liberação
miofascial de hoover em
pacientes com lombalgia

Thiago Santos de Araújo Airlon Nery Ferreira

Verônica Gomes dos Santos Maria Luiza Silva Freitas

Sáskia Furstenberg Thoma

10.37885/201001677
RESUMO

Introdução: A lombalgia é considerada uma das maiores causas de morbidade e in-


capacidade funcional, classificada entre os distúrbios dolorosos que mais acometem
o indivíduo, estando presente em todas as culturas, afetando a qualidade de vida das
pessoas, devido às incapacidades causadas pela afecção. O tratamento engloba diver-
sas técnicas, dentre elas a eletroterapia e a osteopatia. Objetivo: Comparar os efeitos
imediatos da TENS e da liberação miofascial de Hoover na lombalgia e analisar, entre
essas duas técnicas, quais promoveram uma maior redução da dor lombar, de acordo com
o gênero e faixa etária do paciente. Metodologia: A pesquisa foi realizada de maneira
descritiva, quantitativa e transversal com aplicação de um questionário sociodemográfi-
co e da Escala Analógica Visual onde, a dor do paciente foi avaliada antes e depois de
iniciar o tratamento. O trabalho foi executado na clínica da FCM na Cidade de Campina
Grande - PB com 20 pacientes dos sexos femininos e masculinos. Resultado: Em rela-
ção às técnicas utilizadas ambas apresentaram melhora, porém, a liberação miofascial
de Hoover mostrou uma porcentagem maior na redução álgica; quanto ao gênero, o
estudo apresentou frequência maior de dor lombar em mulheres (84%) do que em ho-
mens (16%). A faixa etária mais acometida com dor lombar foi em pacientes entre 26 e
40 anos. Conclusão: Conclui-se que a fisioterapia é satisfatória para os resultados no
auxílio ao tratamento da dor. Tanto a eletroterapia quanto a terapia manual apresentam
resultados eficazes que possibilitam a restauração da integridade físico-funcional dos
pacientes em relação às afecções acometidas.

Palavras-chave: Lombalgia, Liberação Miofascial de Hoover, TENS.


INTRODUÇÃO

A coluna vertebral, eixo central do nosso corpo, tem como principal função, a susten-
tação do corpo em posição bipedal. Deve-se ser móvel, porém resistente, principalmente
quando está sobrecarregada, visando manter a estrutura anatômica e proteger o conteúdo
neural (WIRTH; NUNES; PRZYSIEZNY, 2007). De acordo com COUTO (2007), à coluna
possui como principais características duas funções opostas: a rigidez e a mobilidade. A es-
tabilidade dessa estrutura só é possível, graças aos constituintes dela: fáscias, músculos e
ligamentos, que formam uma rede de conexões, permitindo com que o ser humano tenha
equilíbrio. Acrescente- se que, a coluna vertebral, serve para proteger a medula espinhal e
dar suporte e mobilidade a cabeça; permite movimentos entre as diversas partes do tronco
e dá fixação a diversos músculos (DANGELO; FATTINI 2003).
As patologias da coluna vertebral geram alterações em sua estrutura e função, e estão
comumente associadas à presença da dor, geralmente existe a predominância de dor na
coluna lombar. Mesmo sem a existência de doenças ortopédicas ou reumáticas associadas,
às dores lombares tem sido um achado cada vez mais comum (VILARIM, 2013).
A lombalgia se apresenta como um conjunto de manifestações dolorosas, acometendo
a região lombar, lombo sacral ou sacro ilíaco (OCARINO, 2009). De acordo com FURLAN
(2005), essa condição, é a principal causa de incapacidade em indivíduos abaixo de 45
anos e a segunda razão de procura por assistência médica em consequência de doenças
crônicas. Hoje, uma gama de intervenções estão disponíveis no tratamento dessa disfunção.
Apesar disso, a escassez de convencimento na utilização dessas intervenções, fazem com
que, o tratamento terapêutico varie e, possa trazer prejuízos e sofrimento ao portador dessa
afecção (FURLAN, 2005).
Segundo ROCHA JUNIOR, RENATO; PEREIRA (2010), entre os métodos de tratamento
para a lombalgia, estão inclusas a osteopatia e a eletroterapia com a estimulação elétrica
nervosa transcutânea (TENS). A osteopatia é considerada uma terapia manual completa,
embasada em conhecimentos profundos, que visam resgatar a capacidade de auto cura do
indivíduo, com técnicas suaves e não dolorosas (ROCHA JUNIOR, RENATO; PEREIRA,
2010). A utilização dessa técnica, deve-se ao fato dela ser considerada uma abordagem
eficaz, atuando nas funções musculoesqueléticas e viscerais, visando a atenuação do quadro
álgico e diminuição do processo degenerativo (RICARD; SALLÉ 2001).
A técnica de Hoover, consiste em um método osteopático responsável por produzir uma
redução do espasmo muscular, onde uma das mãos do osteopata palpa continuamente as
mudanças que são produzidas no tecido (RICARD; SALLÉ 2001).
A eletroterapia dispõe de uma grande variedade de estimuladores, com diversas finali-
dades. A TENS é um recurso da eletroterapia, onde utiliza-se uma corrente elétrica de baixa

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 143


frequência, podendo ser sequencial ou em trens de pulso, buscando, principalmente o alívio
da dor (KITCHEN, 2003). São aplicados eletrodos sobre a pele, com a finalidade de estimular
fibras de condução rápida (a-alfamilelinizadas), desencadeando os sistemas analgésicos
descendentes de caráter inibitório sobre a transmissão nociceptiva conduzida pelas fibras
não mielinizadas de pequeno calibre, gerando assim, a diminuição da dor (AGNE, 2009).
Nas disfunções da coluna vertebral, a lombalgia é a mais habitual, acometendo ambos
os sexos, podendo variar de semanas, meses e persistir por anos. É um problema preo-
cupante, trazendo um alto custo para a saúde pública e para a previdência social, devido
ao alto índice de afastamento e incapacidade para o trabalho. Desta forma, observou-se a
necessidade de contribuir com os estudos acerca deste tema, o que justifica a elaboração
deste texto com uma abordagem comparativa acerca dos tratamentos que têm mais eficácia
nas dores lombares.

OBJETIVO

Comparar os efeitos imediatos da TENS e da liberação miofascial de Hoover na lombal-


gia e, analisar entre a TENS e a liberação miofascial de Hoover se alguma destas técnicas
reduz mais a dor lombar; verificar qual gênero e faixa etária apresenta maior alteração álgica
com cada técnica utilizada.

MÉTODOS

Tipo de pesquisa

A pesquisa foi descritiva, visto que todos os fatos foram observados, analisados e re-
gistrados sem que ocorresse interferência do pesquisador, com a utilização de questionários
para a coleta de dados; foi quantitativa, pois fez uso dos dados estatísticos traduzindo em
números às informações para serem analisadas e, transversal, porque foi observado e cole-
tado dados de forma direta no local em que o estudo foi realizado (GIL, 2002; GIOLO, 2007).

Cenário de pesquisa

A pesquisa foi realizada na sala de traumato-ortopedia na Clínica Escola da Faculdade


de Ciências Médicas de Campina Grande - PB (FCM). A clínica em questão, dispõe de aten-
dimentos gratuitos nas áreas de enfermagem, medicina e fisioterapia. No setor de fisioterapia,
ocorrem atendimentos nas áreas de uroginecologia, hidroterapia, cardiorrespiratória, geron-
tologia, RTM (Recursos terapêuticos manuais), neurologia, dermato funcional e traumato

144 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


– ortopedia, esse último setor possui vários recursos terapêuticos, dentre eles, equipamentos
relacionados a eletroterapia e a própria TENS, equipamento utilizado neste estudo.

População e amostra

A população deste estudo foi constituída por pacientes com lombalgia, atendidos na
clínica escola da FCM. A amostra foi formada por 20 pacientes de ambos os sexos com
idade acima de 18 anos atendidos na clínica. Logo após um convite formal e uma explica-
ção detalhada sobre o estudo, os pacientes que aceitaram participar da presente pesquisa
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), atendendo os critérios de
inclusão e exclusão e respeitando a identidade dos pacientes, ficando em total anonimato.

Critérios de inclusão e exclusão

Fizeram parte da amostra pacientes com lombalgia na fase crônica, de ambos os sexos,
com idade acima de 18 anos, não grávida e que não realizaram qualquer tratamento medi-
camentoso e/ou fisioterapêutico durante a coleta de dados. Foram excluídos os voluntários
que não assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, os que possuíam algum
tipo de deficiência intelectual, e que estivessem utilizando algum medicamento que pudesse
interferir no resultado do tratamento.

Instrumentos e procedimentos para coleta de dados

A coleta de dados foi realizada após a entrega do projeto à diretoria do Centro de


Ensino Superior e Desenvolvimento (CESED) para sua possível liberação e emissão do
Termo de Autorização Institucional – TAI e posteriormente foi enviado para apreciação do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para aprovação. Os dados foram coletados na sala
de traumato- ortopedia da Clínica Escola da FCM, onde participaram 20 voluntários, sendo
dividido em dois grupos de 10 em dias específicos onde foram encaminhados até uma sala
para a realização do tratamento, na qual foi feito uma leitura breve para esclarecimentos de
dúvidas presentes e assinatura dos TCLEs.
Durante a pesquisa os participantes foram avaliados de maneira individual em horá-
rios específicos para evitar qualquer interrupção no tratamento, apenas com o pesquisador,
a fim de manter assim o sigilo sobre a identidade de cada voluntário. Os participantes do
Grupo 1 - G1, ao chegarem para realizar o tratamento, respondiam ao questionário sócio
demográfico que descreveu o perfil do participante, contendo questões como duração de
tempo da dor, local, tipo, intensidade, fator desencadeante, fatores que melhoram ou pio-
ram, se fez ou faz alguma prática alternativa ou complementar para tratar a lombalgia e,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 145


em seguida, mensurar a dor na Escala Visual Analógica - EVA que é uma escala onde os
indivíduos avaliados estimam a sua dor numa escala de 0 a 10, dividindo-se da seguinte
maneira: 0 sem dor; 1 a 3 dor leve; 4 a 7 moderada; 8 a 10 intensa. Após isso, era realizada
a eletroterapia com o uso da TENS. Posicionava-se o paciente em decúbito ventral, com a
região da coluna lombar livre de vestimentas para aplicação da eletroanalgesia, utilizando
o aparelho modelo Neurodyn da Ibramed, de dois canais e quatro eletrodos do tipo de bor-
racha impregnada com carbono, do tamanho 2,5 x 4,5 cm, a fixação dos eletrodos na pele
do paciente foi realizada por meio de fitas adesivas do tipo “micropore”, utilizando-se gel
eletrocondutor entre o eletrodo e a pele, estes foram posicionados paralelamente à área
dolorosa da região lombar já que há contra- indicação de seu uso em cima da superfície
vertebral, os parâmetros obedecidos foram preconizados por JOHNSON et al. (1991), que
estabeleceram a frequência do aparelho em 80 Hz com onda quadrada, bifásica, simétrica
em pulsos de 125 µs, a intensidade da corrente (mA) foi delimitada conforme a sensibilidade
de cada paciente e o tempo de uso foi de 30 (trinta) minutos. O Grupo 2 - G2, ao chegar
ao serviço também respondia ao questionário e avaliava a dor através da EVA, estes eram
submetidos ao tratamento osteopático com a liberação miofascial de Hoover, técnica manual
que consiste no deslizamento lateral e ântero-posterior das faces articulares das vértebras
lombares com movimentos artrocinemáticos de compressão e tração com o objetivo de
promover relaxamento muscular e mobilização articular. Ao ser posicionado em decúbito
ventral, o paciente sentia-se mais confortável para usufruir da terapia, que era associada
ao trabalho respiratório e durava em média três minutos.

Processamento e análise de dados

Os dados foram analisados de forma estatística através da comparação da média


+ erro padrão da média (e.p.m). Para que os dados sejam considerados estatisticamente
significantes, foi necessário um valor de p < 0,05. Todas estas análises foram realizadas no
programa estatístico SPSS statistics 17.0.

Apresentações dos resultados

Os resultados foram apresentados através da análise descritiva do questionário e da


EVA, antes e após o tratamento. Os dados foram apresentados em forma de gráficos e
tabelas com a média + epm.

146 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Aspectos éticos

Esta pesquisa teve seu desenvolvimento de acordo com Resolução nº 466/12 de 12


de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde/MS, atendendo as diretrizes éticas
e científicas da pesquisa envolvendo seres humanos, com base nos princípios da Bioética:
beneficência, não maleficência, autonomia e justiça. Antes da sua execução dessa pesquisa,
o projeto foi enviado ao Comitê de Ética do CESED, onde foi submetido à aprovação, tendo
início apenas após emissão do parecer favorável, cujo CAAE é: 47267015.5.0000.5175
Todas as informações sobre a pesquisa foram repassadas aos participantes, no qual
assinaram o TCLE, onde atestou à voluntariedade de participação na pesquisa, ficando
assegurado total anonimato e sigilo sobre as informações coletadas, sem risco de qual-
quer penalização ou qualquer prejuízo pessoal, profissional e financeiro, como também a
privacidade e o direito de desistir em qualquer momento da pesquisa. Os pesquisadores
estão cientes do compromisso com esta instituição e com os participantes voluntários da
pesquisa, cumprindo com honestidade e respeito se comprometendo por meio do Termo de
compromisso do (s) Pesquisador (es) - TCP. Todos os formulários com as informações da
coleta de dados das participantes da pesquisa foram guardados por um período de cinco
anos após a finalização do estudo, como preconiza a Resolução nº 466/12, e podem ser
usados apenas para fins de pesquisa.

RESULTADOS

A pesquisa foi realizada com 20 pessoas que foram divididas de forma randomizada,
em dois grupos com 10 voluntários. Um grupo utilizou a TENS e o outro grupo realizou a
técnica de liberação miofascial de Hoover.
Na utilização da TENS, foi possível observar que, a redução da dor foi estatistica-
mente significante, de 4,9 (média) + 0,56 (desvio padrão) para 1,8 + 0,59 (p<0,05), corres-
pondendo a 63,74%.
Com os resultados mencionados acima, verificou-se que 84% dos indivíduos partici-
pantes da pesquisa eram do sexo feminino e 16% do sexo masculino e, a média de tempo
de duração da dor foi de 8,35 (± 1,6) anos, sendo que 41,2% dos indivíduos apresentaram
dor entre 1 e 5 anos. Na faixa etária de 26-40 anos houve redução significante de dor
com cerca de 40%.
No grupo que foi aplicada a técnica de Hoover, também composto por 10 voluntários,
a média de redução de dor também foi estatisticamente significante, de 5,9 (média) + 0,45
(desvio padrão) para 1,4 + 0,40 (p<0,05), correspondendo a 76,27%.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 147


Tabela 1. Valores de média e desvio padrão da EVA antes e após o TENS

Média Desvio padrão P Porcentagem


EVA (Antes) 4,9 +0,56 0,05 63,74%
EVA (Depois) 1,8 +0,59

Tabela 2.Valores de média e desvio padrão da EVA antes e após a técnica de liberação miofascial de Hoover
Média Desvio padrão P Porcentagem
EVA (Antes) 5,9 +0,45 0,05 76,27%
EVA (Depois) 1,4 +0,40

De acordo com os dados obtidos as duas técnicas mostraram resultado satisfatório no


alívio da dor nos voluntários que submeteram a pesquisa, no entanto foi observado que ao
utilizar a técnica de liberação miofascial de Hoover, os voluntários apresentaram uma média
melhor e uma porcentagem maior de redução álgica.

DISCUSSÃO

Um dos objetivos do tratamento fisioterapêutico é avaliar os sintomas do paciente,


principalmente em relação a dor, que além de ser desagradável faz com que o mesmo tenha
dificuldades na realização das atividades de vida diária e laborais. Neste estudo, antes da
aplicação da técnica analgésica, os pacientes responderam o questionário marcando o índi-
ce de dor no início e após a terapia, que durou 30 minutos. Há diversas comprovações que
mostram que a utilização da TENS reduz o quadro álgico do paciente. Todos os voluntários
que se submeteram a técnica eletroterapêutica apresentaram redução da dor na região da
coluna lombar. A atenuação da dor no grupo que utilizou a corrente elétrica, reforça o estudo
realizado por SIQUEIRA (2015) onde o objetivo foi avaliar a eficácia do TENS acupuntura,
massoterapia e posicionamento de retificação lombar, na melhora da dor e da amplitude de
movimento em paciente com lombalgia crônica, com amostra composta pelo gênero feminino,
com idades entre 26 e 66 anos. O protocolo em questão, foi aplicado 2 vezes na semana,
com total de 12 sessões de 50 minutos cada, onde os resultados mostraram que aconteceu
a redução da dor em todas as participantes da amostra, porém, sem ganhos consideráveis
com relação a amplitude de movimento. Assim sendo, foi constatado que o procedimento
fisioterapêutico foi eficaz, podendo ser um recurso terapêutico útil, quando visado na redução
do quadro álgico de pacientes com lombalgia crônica.
Já ABREU et al (2011), fez uso da TENS isoladamente e TENS com crioterapia. Foram
recrutados 6 pacientes, onde a técnica de analgesia foi aplicada por 20 minutos, durante 5
dias, com 1 sessão por dia. Todos os pacientes foram submetidos à cinesioterapia conven-
cional, com alongamento de isquiotibiais, quadrado lombar e iliopsoas, realizando 20 minutos

148 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


de crioterapia, utilizando bolsas de gelo, ou de TENS (modalidade Burst) por dia. O resultado
do estudo mostrou que ocorreu redução das dores, mostrando o efeito analgésico da TENS.
A liberação miofascial, também é um recurso da fisioterapia muito utilizado na redução
da dor em algum desconforto e patologia relatada pelo paciente. Porém, existem poucas
evidências científicas que comprovem os benefícios da técnica de liberação miofascial na
redução álgica. A técnica de liberação miofascial de Hoover foi realizada em 10 voluntários
que apresentaram dor lombar e o resultado foi de redução significativa.
Os estudos de FERREIRA e RIBAS (2011), a respeito das repercussões funcionais
da técnica de liberação miofascial em pacientes com gonartrose, realizado em uma clínica
escola de fisioterapia com portadores de gonartrose de ambos os sexos, contava com uma
população composta por 13 indivíduos, sendo 11 do sexo feminino. Neste estudo, o proto-
colo de tratamento foi aplicado duas vezes por semana, com um total de nove sessões, e
obteve como resultado a redução de sintomas da dor e melhora na qualidade de vida dos
pacientes, o que faz concordância com os resultados desta pesquisa.
Já nos estudos de JUNIOR E PEREIRA (2010), sobre a avaliação da contribuição da
técnica osteopática utilizando a aplicação de stretching no quadrado lombar e lombo-sacra
em indivíduos com lombalgia, realizada no Centro Médico Guanabara (RJ), analisou jovens-
adultos com lombalgia aguda, com uma população composta por 30 pacientes, sendo os
indivíduos divididos em dois grupos: o primeiro submetido ao tratamento osteopático (grupo
experimental) e, o segundo, utilizando a fisioterapia convencional (grupo de controle). O pro-
tocolo foi aplicado três vezes por semana, durante quatro semanas e com duração de setenta
e cinco minutos por sessão, totalizando doze sessões, onde os resultados obtidos evidencia-
ram que em ambos os grupos ocorreu a redução da dor na região lombar, o que concorda
com os resultados dessa pesquisa, visto que, tanto a técnica de Hoover, quanto o stretching
liberam o tecido miofascial e reduziram a lombalgia dos participantes das pesquisas.
Para ARRUDA, STELLBRINK e OLIVEIRA (2010), a liberação miofascial é uma técnica
que trabalha com mobilizações manuais da fáscia, que tem como intuito aumentar a amplitude
de movimentos, aliviar a dor e restaurar a qualidade normal dos movimentos, uma vez que,
muitas técnicas visam apenas os músculos e não a fáscia e, quando esta não é trabalhada,
o músculo retornaria a sua posição original. Logo, essa técnica pode sim ser uma forma de
intervenção mais adequada para auxiliar na conquista de resultados duradouros, pois age
sobre o tecido conjuntivo, elasticidade corporal e ao mesmo tempo a função estática da
fisiologia da locomoção, promovendo dessa forma, um tratamento completo.
No ano de 2012, SOUZA e MEIJIA realizaram uma revisão bibliográfica buscando
ampliar o conhecimento em anatomia e fisiologia e fisioterapia na dor, com o uso de várias
técnicas, utilizando como fonte artigos científicos entre 2000 e 2011. Foi verificado que as

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 149


técnicas de eletroterapia e liberação miofascial dispõem praticamente da mesma finalidade,
com utilidade e benefícios podendo serem usadas para o mesmo fim, ficando a escolha do
profissional, qual terapia utilizar e qual o momento correto para aplicá-la, tornando-se a apli-
cação das técnicas de muita utilidade para a fisioterapia e também para a área desportiva,
concordando com os resultados dessa pesquisa, onde ambas as técnicas foram benéficas
para os voluntários, todavia, foi observado que ao utilizar a técnica de liberação miofascial
de Hoover, os voluntários apresentaram uma melhor média e porcentagem maior de redução
do quadro álgico.
Dos 20 voluntários que se submeteram a pesquisa, 16% correspondiam ao sexo mas-
culino e 84% ao feminino. Com isso, foi verificado que a presente pesquisa apresentou
frequência maior de dor lombar no sexo feminino (84%) do que no masculino (16%).
Os dados mencionados acima, se confirmam no estudo de PERSCH et al., (2007), onde
12 mulheres e 7 homens apresentavam algum tipo de dor lombar, apesar disso, o estudo
de PEREIRA, GONÇALVES e BARBOSA (2006), relata que a incidência entre os gêneros
ocorre devido a existência de certas distinções anatômicas e histológicas dos músculos o que
são considerados fatores que predispõem ao surgimento da lombalgia em mulheres, o que
não ocorre com o gênero masculino, justificando tais dados apresentados em nosso estudo.
A explicação para maior frequência da lombalgia entre as mulheres ainda permanece
incerta, porém, alguns estudos sugerem algumas hipóteses para tentar esclarecer tal dife-
rença (PONTE, 2005; CHORATTO; STABILLE, 2003; DA SILVA, 2005). De acordo com o
estudo de SILVA et al., (2004) os achados são plausíveis, visto que, as mulheres combinam
cada vez mais, a realização de tarefas domésticas com o trabalho fora de casa, onde estão
expostas a cargas ergonômicas, como repetitividade, posição viciosa e grande velocidade
de trabalho, acrescido às características anátomo-funcionais, como: menor estatura, menor
massa muscular e óssea, articulações mais frágeis e menos adaptadas ao esforço físico
pesado; que podem vir a contribuir para o surgimento das dores lombares crônicas.
No estudo de CARAVIELLO et al., (2005), com relação à avaliação da dor e função de
pacientes com lombalgia, no qual a maioria dos pacientes era do sexo feminino (86,7%). A alta
prevalência da lombalgia no sexo feminino pode estar relacionada com tarefas domésticas
e sobrecarga repetida da coluna lombar durante trabalhos geralmente realizados pelas
mulheres (SILVA, 2004; PONTE, 2005). Já no estudo de HOFFMANN, M. (2010), realizado
durantes os meses de janeiro a dezembro de 2006, onde o objetivo era analisar a prevalência
de doenças lombares em pacientes de terceira idade, verificou que as mulheres são mais
frequentes suscetíveis a ter lombalgia, devido às mudanças psicoemocionais serem mais
encontradas nas mesmas, como também a exposição a dupla jornada de trabalho.

150 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


De acordo com CHORATTO; STABILLE (2003), os estudos epidemiológicos têm de-
monstrado maior prevalência em mulheres do que em relação a homens, sendo os moti-
vos da maior frequência ainda incertos, porém com estudos ocorrendo na busca de escla-
recer a diferença.
O fator idade é apontado como risco para as lombalgias, principalmente na faixa etária
acima dos 40 anos, onde o indivíduo ainda está em fase produtiva (PEDROSO et al., 2013;
HELFENSTEIN JUNIOR; GOLDEFUM; SIENA, 2010).
No presente estudo, a faixa etária mais acometida entre os sujeitos esteve entre 26-40
anos com 8 voluntários, correspondendo a 40%, devido ser considerada uma fase produtiva;
seguido de 5 pacientes com 41-50 anos (25%) e entre 7 indivíduos entre 51-70 anos (35%).
Os resultados mencionados acima, foram semelhantes aos encontrados no estudo rea-
lizado por Ponte (2005), no qual existiu um predomínio de 43,9% de indivíduos portadores de
lombalgia na faixa de 18 a 39 anos. Acredita-se que esses resultados têm como justificativa,
o fato de que lombalgia acomete principalmente indivíduos economicamente ativos, os quais
possuem mais chances de estarem expostos a cargas excessivas de trabalho.
De acordo com CASSIDY (1998), a lombalgia diz respeito a um problema de saú-
de pública, pois é a causa mais frequente de limitação das atividades em indivíduos com
menos de 45 anos de idade nos Estados Unidos da América (EUA). A dor lombar é uma
das alterações músculos-esqueléticos mais comuns nas sociedades industrializadas, aco-
mete entre 70% a 80,5% da população, sendo o maior índice de pacientes pertencentes
ao sexo feminino entre 22 a 45 anos de idade (ANDRADE et al., 2005; LUCA et al.,1999;
TREVISANI; ATALLAH, 2003).
De acordo com o exposto percebe-se que os objetivos da pesquisa foram alcançados,
pois o teste estatístico mostrou significância estatística no grupo estudado. Pode-se dizer
que na população estudada, a lombalgia não é um fator determinante apenas nas faixas
etárias mais avançadas, aparecendo também em indivíduos jovens, acomete os dois sexos,
mas com maior frequência no feminino e isso também vai depender do trabalho físico que
esse indivíduo realiza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A lombalgia vem sendo considerada a causa mais frequente de incapacidade, e um dos


grandes problemas de afastamento de trabalho e de hospitalização. Assim a fisioterapia visa,
buscar estratégias direcionadas ao alívio da sintomatologia, através de recursos terapêuti-
cos, no intuito de obter uma melhor qualidade de vida a essa população. O presente estudo
teve seus objetivos alcançados, visto que o mesmo foi avaliar qual das técnicas reduz mais
a dor e verificar qual gênero e faixa etária apresenta maior alteração álgica. Notou-se que

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 151


os dois grupos apresentaram melhora significativa, porém a técnica de liberação miofascial
de Hoover apresentou uma porcentagem maior na diminuição da dor.
A dor lombar apresenta como principal sintomatologia dor, seguida de restrição da
amplitude de movimento, espasmos musculares protetores, com consequentes alterações
posturais e diminuição da força muscular, levando a limitações ou incapacidades funcionais
para o desenvolvimento das atividades de vida diária, além de restrição na participação do
indivíduo na sociedade e redução dos padrões esperados de qualidade de vida. Foi obser-
vado que a eletroterapia apresentou resultados satisfatórios no alívio da dor, pois atuou
justamente na teoria da comporta da dor. As manobras miofasciais, também se mostraram
eficazes, pois através das fricções aliviaram as tensões musculares, promovendo maior
satisfação nas atividades diárias e melhor condicionamento físico/mental.
Em alguma época da vida, 70 a 85% de todas as pessoas sofrerão de dores na co-
luna, sendo que cerca de 10 milhões de brasileiros ficarão inabilitados por causa desta
morbidade. Dessa forma, devem ser tratadas como um problema de saúde pública, já que
atinge principalmente a população em idade economicamente ativa, podendo ser altamente
incapacitante, e por constituir uma das mais importantes causas de afastamento.
Pode-se considerar que as condutas fisioterapêuticas que agregaram a eletroterapia
e a manipulação osteopática foram eficazes e podem contribuir no tratamento da lombalgia
em todas as suas formas, no entanto, faz-se necessário novos estudos que utilizem um nú-
mero de amostra maior, para uma significância positiva nos dados, e que avaliem de forma
mais criteriosa as características e fatores individuais de cada gênero, para determinar se
há algum fator anatomofisiológico que influencie na frequência desta patologia.

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154 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


13
“ Exercício de Vibração de Corpo
Inteiro (EVCI) no manejo de
doenças crônicas

Anelise Sonza Marcia Cristina Moura-Fernandes


UDESC UERJ

Ana Inês Gonzáles Danubia da Cunha de Sá-Caputo


UDESC UERJ

Amanda da Silva Mario Bernardo-Filho


UDESC UERJ

Aline Reis Silva


UERJ

10.37885/201001716
RESUMO

Objetivo: Realizar revisão narrativa da literatura para apresentar os principais achados


do uso do exercício de vibração de corpo inteiro (EVCI) em doenças crônicas não trans-
missíveis e trazer como perspectiva para atuação na saúde coletiva. Métodos: Uma
revisão narrativa da literatura foi realizada em busca de ensaios clínicos randomizados
utilizando-se palavras-chave relacionados ao uso do EVCI em doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) (osteoartrite - OAJ, doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC,
síndrome metabólica-SMet) na base de dados PUBMED, de janeiro de 2010 a agosto de
2020. Resultados: Ao todo foram encontrados 34 estudos envolvendo EVCI nas citadas
DCNT, e destes, 15 foram incluídos; 3 de OAJ, 7 de DPOC e 5 SMet. Foram avaliados
desfechos como qualidade de vida, força muscular, flexibilidade, funcionalidade, capaci-
dade funcional e qualidade do sono, com diferentes parâmetros biomecânicos utilizados
no EVCI. Os estudos foram desenvolvidos no Iran(1), China(2), Brasil (7), Alemanha(4)
e Espanha(1). Conclusão: O EVCI comparado a outras modalidades de exercício físico
apresentou inúmeros desfechos com ganhos significativos aos pacientes. Este estudo
apresenta os principais parâmetros biomecânicos recomendados e utilizados nos estu-
dos investigados na OAJ, DPOC e SMet para os desfechos que se desejam alcançar.
Assim, o EVCI é uma ferramenta viável para utilização na saúde coletiva em diferentes
doenças crônicas não transmissíveis.

Palavras-Chave: Atenção Primária, Vibração Mecânica, Osteoartrite, Doença Pulmonar


Obstrutiva Crônica, Síndrome Metabólica.
INTRODUÇÃO

A inatividade física tem aumentado na população mundial devido a fatores como hábitos
de vida não saudáveis e aumento da incidência de violência. Este comportamento seden-
tário tem favorecido o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) ao
longo dos anos (CARLUCCHI et al., 2013). Existem várias modalidades de exercício físico
(EF) que dependem da participação direta da pessoa para sua execução e, diante da difi-
culdade apresentada pelos indivíduos com DCNT para a realização de EF, estudos devem
ser realizados para investigar diferentes opções de EF, identificando parâmetros ideais de
execução para cada população e seus reais benefícios.
Dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) o profissional que trabalha no acompanha-
mento e reabilitação do paciente com DCNT é o fisioterapeuta, e a fisioterapia coletiva é
referida como novo modelo de atuação profissional (BISPO JÚNIOR, 2010). O fisioterapeu-
ta passa a desenvolver novas relações entre profissionais e usuários, estabelecer víncu-
los, com acompanhamento sequencial, potencializando ações promocionais e preventivas
(NASCIMENTO et al., 2006). O manejo das DCNT como a obesidade, a doença pulmonar
obstrutiva crônica e a osteoartrite de joelhos, envolve abordagens relacionadas à mudan-
ça no estilo de vida, a adequação de hábitos alimentares mais saudáveis, o combate ao
estresse, o controle de condições clínicas como a obesidade, a hipertensão e o diabetes
e a realização do EF (DUNCAN et al., 2012). Considerando este enfoque profissional, é
interessante o estudo do uso de instrumentos que potencializem e tragam perspectivas não
apenas a reabilitação, mas na promoção da saúde. Neste contexto, o exercício de vibração
de corpo inteiro (EVCI) tem sido amplamente estudado com relação a seus efeitos e fácil
aplicabilidade (SONZA et al., 2013).
A vibração gerada pelas plataformas vibratórias (PV) induz efeitos fisiológicos sob
forte influência de parâmetros como frequência de vibração, amplitude, tempo de exposição
(SONZA et al., 2015; WUESTEFELD et al., 2020). Na complexa interação entre os estímu-
los vibratórios e seus efeitos fisiológicos, as vibrações mecânicas (VM) geradas na PV são
transmitidas ao corpo do indivíduo e promovem diferentes efeitos no organismo, tendo sido
recomendados para diferentes populações como: indivíduos obesos (SÁ-CAPUTO et al.,
2014), idosos (TOOSIZADEH; MOHLER; MARLINSKI, 2018), mulheres pós-menopausa
(FIGUEROA et al., 2014), indivíduos com osteoporose (SLATKOVSKA et al., 2010), pessoas
com fibromialgia (BIDONDE et al., 2017), com osteoatrite de quadril e de joelhos (WANG,
et al., 2016, MOURA-FERNANDES, et al, 2020), com síndrome metabólica (SMet) (SÁ-
CAPUTO et al., 2018) e aqueles com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (BRAZ
et al., 2015; GLOECKL et al., 2012; NEVES et al., 2018; SPIELMANNS et al., 2017a e 2017b).
Efeitos como: redução da dor, melhora da fadiga, da força muscular, da massa óssea, da

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 157


dispneia, da funcionalidade, da qualidade de vida, tem sido descritos nos estudos acima
citados e outros estudos.
Considerando aspectos relacionados à saúde pública, o EVCI pode ser considerado
uma estratégia interessante de intervenção devido ao baixo custo, boa aderência e fácil ope-
racionalização. A relevância de sua utilização se dá principalmente com relação às comorbi-
dades que acometem a população em geral, como as doenças crônicas não transmissíveis,
destacando-se a doença pulmonar obstrutiva crônica, a obesidade e a osteoartrite. Assim,
o papel do fisioterapeuta dentro da saúde coletiva, pode ser ampliado com a adição dessa
ferramenta, embasado em estudos de qualidade para proporcionar qualidade de vida ao
usuário do Sistema Único de Saúde. Assim, o conhecimento e orientação quanto à pratica,
torna-se importante de ser resgatado.

OBJETIVO

Realizar revisão narrativa da literatura para apresentar os principais achados do uso


do exercício de vibração de corpo inteiro (EVCI) em doenças crônicas não transmissíveis
(musculoesqueléticas, pulmonares e metabólicas) em diferentes áreas de atuação do fisio-
terapeuta e trazer como perspectiva para atuação na saúde coletiva.

MÉTODOS

Este estudo é uma revisão narrativa da literatura, para atualizar e orientar o conheci-
mento sobre uma temática especifica em curto espaço de tempo. As perguntas de pesquisa
foram: Quais os efeitos do EVCI? Quais protocolos foram utilizados? Existe recomendação
de uso do EVCI em diferentes doenças crônicas não transmissíveis?
A busca de artigos incluiu pesquisa em uma base eletrônica e busca manual de cita-
ções nas publicações inicialmente identificadas. A base eletrônica pesquisada foi MEDLINE
(Medical Literature Analysis and Retrieval System Online). Para esta base foram utilizadas pa-
lavras-chave e descritores em inglês do dicionário Mesh (Medical Subject Headings). O perío-
do de abrangência foi entre janeiro de 2010 e agosto de 2020. As doenças crônicas não trans-
missíveis selecionadas são doenças comumente atendidas em unidades básicas de saúde.
No quadro 1, é possível visualizar os descritores utilizados nas buscas de acordo com
a doença de desfecho.

158 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Quadro 1. Temas utilizados na revisão narrativa com respectivos descritores utilizados na base de dados selecionada.
Tema de Busca Descritores de Busca
EVCI na Osteoartrite [(Whole Body Vibration) AND (Osteoarthritis)]
[(Whole Body Vibration) AND (Chronic Obstructive Pulmonary
EVCI na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Disease OR COPD)]
EVCI na Síndrome Metabólica [(Whole Body Vibration) AND (Metabolic Syndrome)]

Os títulos e os resumos de todos os artigos identificados na busca eletrônica foram


revisados e selecionados para leitura na íntegra. Com base nesta ação, os artigos foram
selecionados e organizados por tópicos de interesse.
Foram incluídos apenas estudos do tipo ensaios clínicos randomizados e quasi rando-
mizados, realizados em adultos (idade igual ou maior a 18 anos), de ambos os sexos, com
diagnóstico de doenças crônicas não transmissíveis (musculoesqueléticas, pulmonares e
metabólicas) que tenham sido submetidos a intervenção com EVCI de forma isolada ou as-
sociada a diferentes outras modalidades de exercícios (endurance, resistido, dentre outros).
Foram excluídos os arquivos do tipo resumo, carta ao editor, diretrizes, revisões sistemá-
ticas, meta-análises e aqueles que não apresentavam texto completo. Adicionalmente, foram
excluídos os estudos de intervenções que tenham sido associados a qualquer tipo de suple-
mentação ou medicação experimental, que possam interferir na interpretação dos resultados.

RESULTADOS

Para as DCNT estudadas, os dados extraídos como objetivos, características dos


participantes, tipo de plataforma utilizada, protocolos de intervenção e principais conclusões
encontram-se descritos na Tabela 1.

Tabela 1. Principais estudos (ensaio clínicos randomizados), envolvendo doenças crônicas não transmissíveis (OAJ, DPOC
e SMet) e diferentes protocolos de EVCI.
Características dos Protocolo de intervenção
Autor, ano, país Objetivo Tipo de plataforma Conclusão
participantes Parâmetros biomecânicos
EVCI na Osteoartrite de Joelhos
N total = 28
-GI: EVCI + EFMJ
- GI = 15 indivíduos
8 semanas, 3x/semana
51,8 ± 8,3 anos A adição do EVCI aos
Investigar os efeitos da Frequência: 25 –30Hz
Bokaeian, et al 2016. Sexo: 5H/10F EFMJ, ↑ significativa-
adição do EVCI a exercí- Amplitude: 2mm
IMC: 75,3 ± 8,7 kg/m2 Plataforma Vibratória mente os índices de
cios de força muscular Tempo de Trabalho: 30 a 70 s.
Iran Vertical (Fitvibe Italy) desempenho do músculo
de joelho em pacientes Tempo de Descanso: 30-70s.
- GC= 13 indivíduos quadríceps e atividades
com OAJ
54,0 ± 3,9 anos funcionais
-GC – sem intervenção
Sexo: 13F
IMC: 72,1 ± 8,5 kg/m2

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 159


Características dos Protocolo de intervenção
Autor, ano, país Objetivo Tipo de plataforma Conclusão
participantes Parâmetros biomecânicos
EVCI na Osteoartrite de Joelhos
N total =39
-GI1: EVCI + EFQ
- GI1 = 19 indivíduos 12 semanas, 5x/semanas,
Plataforma Vibratória
Comparar os efeitos 61,1 ± 7,1 anos 30min
Vertical EVCI em combinação aos
Wang et al, 2016 dos EVCI associados aos Sexo: 9 H/10F Frequência: 35 Hz. Amplitude:
(modelo My7TM, EFQ promoveram melhora
EFQ ou EFQ realizados IMC: 27,8 ± 3,1 kg/m2 4 a 6 mm.
Personal Plate, Power nos sintomas, função
China isoladamente na função Tempo de Trabalho: 60 s.
Plate, Northbrook, IL, física e parâmetros espaço
e parâmetros da marcha - GI2 = 20indivíduos Tempo de Descanso:60
EUA) temporais
em pacientes com OAJ 61,5 ± 7,3 anos
Sexo: 7H/13F -GI2: EFQ
IMC: 26,2 ± 2,7 kg/m2

N total = 99
-GI1: EVCI + ERQ
Determinar os efeitos Plataforma Vibratória 24 semanas, 5x/semana,
- GI1: 49 indivíduos
dos EVCI associado Vertical 30min
61,2 ± 9,6 anos
Wang et al, 2016 aos ERQ versus ERQ (modelo My7TM, Frequência: 35Hz EVCI associado a ERQ
Sexo: 13H/36F
isolado na dor, função Personal Plate, Power Tempo de Trabalho: 60 s. melhorou sintomas, fun-
IMC: 26,1 ± 1,2 kg/m2
China física, biomarcadores Plate, Northbrook, IL, Tempo de Descanso: 60 s. ção física, AVDs e QV em
- GI2: 50 indivíduos
sorológicos e de urina, EUA) pacientes com OAJ
61,5 ± 9,1 anos
AVDs e QV em pacientes
Sexo: 15H/35F
com OAJ -GI2: ERQ
IMC: 26,7 ± 1,5kg/m2

EVCI na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Estudo do tipo Crossover

Momento 1: Ausência de AF
por 12 semanas (washout)

Momento 2
12 semanas, 3x/semana
Autores sugerem que
N total = 11 -1ª a 4ª semana- 10 min, com
Braz et al., 2015 Investigar o efeito de 12 EVCI é tratamento seguro
62,9 ± 8,8 anos Plataforma Vibratória 30s, amplitude: 2mm, 60s de
semanas de treinamen- e viável para promover
Sexo: 8H/3F (MY3; Power Plate, intervalo;
Brasil to com EVCI na CF e QV melhora na CF no TC6 e
IMC = 25,1 ± 5,3 kg/m2 Londres, Reino Unido) - 5ª a 8ª semana - 15 min,
de indivíduos com DPOC na QV em pacientes com
com 30s, amplitude: 2mm,
DPOC
60s de intervalo;
- 9ª a 12ª semana- 20 min,
60s, amplitude: 4mm, 30s
repouso;

Frequência: 35Hz

N total = 72
DPOC grave/muito grave
(III e IV) -GI: Ciclismo (15min) + TF +
O treinamento com EVCI
EVCI (agachamento)
parece ser modalidade
-GI: 36 indivíduos 3 semanas, 3x/semana
Investigar os efeitos Plataforma Vibratória promissora para pacientes
Gloeckl et al., 2012, 64 ± 11 anos Frequência: 24 – 26Hz
da vibração de corpo Lateral Alternada com DPOC, e pode poten-
Sexo: 18H/18F Amplitude: 6mm
inteiro durante a reabili- (Galileo®, Novotec cializar os efeitos de um
Alemanha IMC: 24 ± 5 kg/m2
tação multidisciplinar de Medical, Pforzheim, programa de reabilitação
-GC: ciclismo (15 minutos) +
pacientes com DPOC Alemanha) multidisciplinar
- GC: 36 indivíduos TF + agachamento no solo
65 ± 7 anos 3 semanas, 3x/semana
Sexo: 19H/17F

160 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Características dos Protocolo de intervenção
Autor, ano, país Objetivo Tipo de plataforma Conclusão
participantes Parâmetros biomecânicos
EVCI na Osteoartrite de Joelhos
-GI: Ciclismo (15min) + TF +
EVCI (agachamento)
3 semanas, 3x/semana
Frequência: 24 – 26Hz
Amplitude: 6mm

-GC: ciclismo (15 minutos) +


TF + agachamento no solo
3 semanas, 3x/semana

Intervenções em um único dia


Avaliar a demanda A combinação de exercí-
Ciclismo (10 min)
Gloeckl et al., 2017 cardiopulmonar aguda N total = 10 cios de agachamento com
Plataforma Vibratória +Momento 1: 1 min de aga-
(a) em pacientes com 62 ± 8 anos EVCI induziu resposta car-
Lateral Alternada chamento na plataforma
DPOC grave realizando Sexo: 7H/3F diopulmonar semelhantes
(Galileo®, Novotec Momento2: 2 min de agacha-
exercícios de agacha- IMC = 26,3 ± 4,4 kg/m2 em pacientes com DPOC
Medical, Pforzheim, mento na plataforma
Alemanha mento dinâmico com e grave em comparação aos
Alemanha) Momento 3: 3 min de agacha-
sem uso de plataforma exercícios de agachamen-
mento na plataforma
vibratória to isolados.
Momento 4: 1 min de agacha-
mento no solo
Momento 5: 2 min de agacha-
mento no solo
Momento 6: 3 min de agacha-
mento no solo
+3 min em pé na plataforma
Agachamentos:4s de trabalho
e 2 s de repouso
Frequência: 26 Hz
Amplitude: 5 mm

N total= 74
-GI: Ciclismo (15min) + TR +
DPOC grave/muito grave
EVCI (agachamento)
Avaliar a Influência de (III e IV)
Gloeckl et al., 2017 3 semanas, 3x/semana
um protocolo de treina- -GI: 37 indivíduos
(b) Plataforma Vibratória Frequência: 24 – 26Hz
mento de agachamento 65 ± 8 anos A implementação do EVCI
Lateral Alternada Amplitude: 5mm
com e sem plataforma Sexo: 27H/10F melhora o desempenho
(Galileo®, Novotec 4 séries de agachamento de
vibratória no equilíbrio IMC: 25,2 ± 5,2 kg/m2 do equilíbrio postural e
Alemanha Medical, Pforzheim, 2min
postural e desempenho - GC: 37 indivíduos força muscular
Alemanha) -GC: ciclismo (15 minutos) +
de exercício em pacien- 63 ± 9 anos
TR + agachamento no solo
tes com DPOC grave Sexo: 23H/14F
3 semanas, 3x/semana
IMC: 25,6 ± 6,3 kg/m2

- GI: EVCI associado a agacha-


N total= 20 mento estático
-GI: 10 indivíduos 12 semanas, 3x/semana EVCI induziu benefícios
Investigar os efeitos
Neves et al., Idade: 63,8 ± 8,1 anos 6 séries de 30s clínicos semelhantes em
da vibração de corpo
2018 Sexo: 4H/6F Plataforma Vibratória Frequência inicial: 30Hz, sen- relação a capacidade de
inteiro nos níveis de
IMC: 23,3 ± 3,6 kg/m2 sincônica (FitVibe Ex- do elevada progressivamente exercício, FM e QV em
biomarcadores oxidati-
- GC: 10 indivíduos cel Pro, GymnaUniphy, até 40Hz pacientes com DPOC, sem
vos e inflamatórios e na
Brasil Idade: 63,5 ± 7,8 anos Bélgica) Amplitude de 2mm alteração de biomar-
capacidade de exercício
Sexo: 4H/6F Tempo de Descanso: 60s cadores inflamatórios
em pacientes com DPOC
IMC: 23,1 ± 4,5 kg/m2 -GC: sem intervenção oxidativos

N total = 51 -GI: Aquecimento de MsSs


Neves et al.,
DPOC grave e MsIs + EVCI + Alongamen-
2018
-GI: 26 indivíduos to 6 semanas, 3x/semana EVCI proporcionou ↑
Plataforma Vibratória
Idade: 68.4 ± 8,9 anos Frequência: 35Hz Amplitude: significativo na CF em pa-
Brasil Determinar se EVCI sincônica (FitVibe Ex-
Sexo: 26H 2mm Tempo de Trabalho: 30s cientes com DPOC grave,
Pleguezuelo et al., isolado melhora FM e/ cel Pro, GymnaUniphy,
IMC: 26,3 ± 5,3 kg/m2 Tempo de Descanso: 60s sem alterações na FM
2013 ou modifica parâmetros Bélgica)
-GC: 25 indivíduos
de CF na DPOC grave
Idade: 71,3 ± 8.0 anos - GC: recomendações sobre AF
Espanha
Sexo: 25H e Estilo de Vida + orientação
IMC: 26.0 ± 3.9 kg/m2 de 30min de caminhada diária

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 161


Características dos Protocolo de intervenção
Autor, ano, país Objetivo Tipo de plataforma Conclusão
participantes Parâmetros biomecânicos
EVCI na Osteoartrite de Joelhos
-GI: ciclismo ou caminhada de
N total= 27 baixa intensidade por 10min + Um programa de EVCI de
Comparar os efeitos do DPOC leve a grave alongamento+ EVCI baixo volume resultou em
EVCI de baixa ampli- - GI: 14 indivíduos 12 semanas, 2x/semana melhora significativa e
Spielmanns et al., tude por 3 meses com Idade (média): 69 anos Plataforma Vibratória Frequência: 6 a 10Hz clinicamente relevante na
2017 (a) TC convencional em Sexo: 7H/7M Lateral Alternada Amplitude: 4 a 6mm capacidade de exercício
indivíduos com DPOC IMC (média): 27.2 kg/m2 (Galileo®, Novotec Tempo de Trabalho: 2min em com comparação com
Alemanha leve a grave GC: 13 indivíduos Medical, Pforzheim, Tempo de Descanso: 2min TC em pacientes com
Idade (media): 70 anos Alemanha) DPOC leve a grave
Sexo: 7H/6M - GC: 3min relaxamento +
IMC (média): 30.6 kg/m2 Tresp. + TC.
12semanas, 2x/semana

EVCI na Síndrome Metabólica


-GI:EVCI realizado com 3
posições diferentes de pés
Amplitude: Variável 2,5/5,0 e
N total = 39 7,5 mm
Plataforma Vibratória Frequência: Progressiva 5 a
Houve melhora nos
Paineiras et al., 2018 -GI1: 22 indivíduos 61,18 Alternada 14 Hz
Avaliar a funcionalidade parâmetros funcionais de
± 8,39 anos IMC: 83,65 ± (Novaplate; Fitness Tempo de Trabalho: 1min
por meio do teste SPPB equilíbrio, marcha e força
Brasil 16,27 kg/m2 Evolution, São Paulo, Tempo de Descanso: 1min
em indivíduos com de membros inferiores no
- GI2: 17 indivíduos Brazil) 10 sessões
SMet após EVCI grupo GI1 que realizou
58,20 ± 9,11 anos
EVCI
IMC: 87,43 ±18,02 kg/m2 -GC: realizado com 3 posições
diferentes de pés, mesmo
protocolo, com plataforma
desligada

-GI: EVCI realizado com 3


posições diferentes de pés
Amplitude: Variável 2,5/5,0 e
7,5 mm
N total =21
Plataforma Vibratória Frequência: Progressiva 5 a
Lima et al., 2017 Alternada 14 Hz EVCI 2x/semana com
Avaliar o efeito do EVCI - GI e GC
(Novaplate; Fitness Tempo de Trabalho: 1min frequência progressiva
na QV de indivíduos Idade: 66,65 ± 2,90 anos
Brasil Evolution, São Paulo, Tempo de Descanso: 1min pode melhorar a QV em
com SMet Sexo: 7 H/14 M
Brazil) indivíduos com SMet
IMC: 28,28±1,76
-GC: realizado com 3 posições
diferentes de pés, mesmo
protocolo, com plataforma
desligada

GI1: EVCI FF 6 semanas, 2x/


semana 18-30min Fre-
quência: 5Hz Amplitude:
Os resultados sugerem
Avaliar os efeitos N total = 31 2,5/5,5/7,5mm Tempo de
que os 2 protocolos (EVCI
Paiva et al., agudos a acumulativos Trabalho: 1min Tempo de
Plataforma Vibratória FF 5 Hz), relacionados ao
2019 utilizando-se de dois -GI1: 09 58±13anos IMC: Descanso: 1min
Alternada efeito cumulativo, e (EVCI
protocolos de EVCI, de 82 ± 10,09 kg/m2
(Novaplate; Fitness FV de 5 a 16 Hz), relacio-
frequência fixa e vari- -GI2: EVCI FV 6 semanas, 2x/
Evolution, São Paulo, nados ao efeito agudo
Brasil ável na flexibilidade e - GI2: 10 57±12anos IMC: semana 18-30min Frequência
Brazil) e cumulativo, podem
percepção de esforço de 88,8 ± 11,9 kg/m2 Crescente: 5Hz a 16Hz Ampli-
melhorar a flexibilidade
indivíduos com SMet tude: 2,5/5,5/7,5mm Tempo
do tronco
de Trabalho: 1min Tempo de
Descanso: 1min

162 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Características dos Protocolo de intervenção
Autor, ano, país Objetivo Tipo de plataforma Conclusão
participantes Parâmetros biomecânicos
EVCI na Osteoartrite de Joelhos
-GI1: EVCI FF
3x de 18min
Pés posicionados em 3 dife- A intervenção foi capaz de
N total = 31 rentes posições Frequência: interferir nos mecanismos
5Hz Amplitude: 2,5/5,0/7,5 fisiológicos de melhoria
-GI1: 09 indivíduos Tempo de Trabalho: 1min da qualidade do sono em
Figueiredo et al., Plataforma Vibratória
Estudar os efeitos IMC: 29,50 kg/m2 Tempo de Descanso: 1min indivíduos com SMet. O
2019 Alternada
de dois diferentes EVCI pode ser uma impor-
(Novaplate; Fitness
protocolos de EVCI na - GI2: 10 indivíduos - GI2: EVCI FV tante intervenção clínica
Evolution, São Paulo,
Qualidade do Sono de IMC: 35,40 kg/m2 3x de 18min para melhorar a qualidade
Brasil Brazil)
pacientes com SMet Pés posicionados em 3 dife- do sono em ambos os
Idade total amostra: 58,9 ± rentes posições grupos (EVCI FF e EVCI FV)
12,55anos Frequência: 5 a 14Hz e melhorar a sonolência
Amplitude: 2,5/5,0/7,5 diurna, somente no grupo
Tempo de Trabalho: 1min de (EVCI FV) (5–16 Hz).
Tempo de Descanso: 1min

-GI: EVCI com pés em 3 dife-


rentes posições
N total = 33 10 sessões
3x de 18 min
-GI: 17 indivíduos Frequência: 5Hz a 14Hz
Paineiras et al., 2020 Plataforma Vibratória
Identificar os efeitos do 61,10 ± 8,39 anos Amplitude: 2,5/5,0/7,5 EVCI em indivíduos com
Alternada
EVCI na QV e nível de IMC: 83,65 ± 16,27 kg/m2 Tempo de Trabalho: 1min SMet foi capaz de promo-
(Novaplate; Fitness
dor em indivíduos com Tempo de Descanso: 1min ver melhora na QV e nível
Brasil Evolution, São Paulo,
SMet de dor
Brazil)
- GC: 16 indivíduos
58,20 ± 9,11 anos - GC: realizou o mesmo
IMC: 87,43 ± 18,02 kg/m2 protocolo com a plataforma
desligada

Legenda: EVCI – exercício de vibração de corpo inteiro; OAJ – Osteoartrite de joelho; N – amostra do estudo; GC – grupo controle;
GI – grupo intervenção; EFMJ – Exercícios de Força Muscular de Joelho; IMC – Índice de Massa Corporal; kg/m2 – quilograma por
metro quadrado; x/semana: vezes por semana; ↑ - aumentou; EFQ – Exercícios de Fortalecimento de Quadríceps; GI1: Grupo de
intervenção 1; GI2 – Grupo de Intervenção 2; M – Masculino; F – Feminino; ERQ – Exercícios de Resistência de Quadríceps; AVDs –
Atividades de Vida Diária; QV – Qualidade de Vida; Hz – Hertz; CF – Capacidade Funcional; DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica;
N – amostra do estudo; GC – grupo controle; mm – milímetros; AF – Atividade Física; min – minutos; s – segundos; TC6 – teste de
caminhada de seis minutos; III e IV – classificação conforme Gold; TF – treinamento de força; TR – treinamento de resistência; FM –
força muscular; TC – treinamento calistênico; Tresp. – Treinamento Respiratório; SPPB – Short Physical Performance Battery; SMet –
Síndrome Metabólica; FF – Frequência Fixa; FV – frequência variável;

EVCI na Osteoartrite de Joelhos (OAJ)

Em relação ao uso da EVCI em pacientes com diagnóstico de OAJ, a pesquisa na


base de dados inicialmente evidenciou 14 artigos, sendo que, após o processo de análise
dos títulos, resumos e leitura na íntegra apenas 3 estudos foram mantidos.

Capacidade Funcional, Dor e Qualidade de Vida

Em estudo desenvolvido por BOKAEIAN, et al (2016), após período de intervenção de


8 semanas, a comparação das alterações médias entre os grupo intervenção (GI) e grupo
controle (GC) demonstrou melhora significativa para o GI nas variáveis: teste de caminhada
de 2 metros, pico de torque muscular, trabalho total e força muscular (P<0,05), mas não
foi encontrada diferença significativa nas variáveis: dor, QV, TUG teste e no teste de ca-
minhada de 50 pés.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 163


Já no estudo de WANG et al (2016), verificaram melhorias significativas tanto no grupo
submetido ao EVCI associado ao exercício de força de quadríceps (EFQ) quanto no grupo
submetido apenas ao EFQ isolado nos desfechos: domínios do questionário de QV Western
Ontario and McMaster Universities (WOMAC), TUG teste, no teste de caminhada de 6 mi-
nutos (TC6) e em todos os parâmetros espaço-temporais de 12 a 16 semanas, sendo que,
o grupo de intervenção mostrou melhorias maiores. Não foi encontrada melhoras significa-
tivas em ambos grupos na dor e nos parâmetros cinemáticos e cinéticos de marcha em 12
semanas e 16 semanas.
WANG, et al,(2016) ao investigar os efeitos do EVCI com exercícios de resistência
do quadríceps (ERQ) versus ERQ sozinho, evidenciaram que em comparação com o ERQ
o EVCI +ERQ mostrou melhora significativa na dor após 4 semanas de intervenção (p =
0,03) e na dor, TC6 (p = 0,01), no WOMAC - domínio dor (p = 0,01) e WOMAC – domínio
função física (p = 0,02) em 16 semanas, e em todos os desfechos primários em 24 semanas
(todos p <0,01).

EVCI na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC)

Ao todo, após busca na base de dados foram encontrados 11 artigos relacionando o


uso da EVCI em pacientes com DPOC. Após análise de títulos, resumos e leitura na íntegra,
7 artigos foram inclusos na revisão tendo seus dados extraídos e organizados por tópicos
de interesse e apresentados os principais desfechos.
Nota-se que a maioria dos estudos foi conduzido na Alemanha (N= 4; 62,55), seguido
por Brasil (N= 2; 25%) e Espanha (N= 1; 12,5%). A amostra total dos estudos foi composta
de 265 indivíduos com DPOC com classificação de I a IV (leve a muito grave), sendo que
destes 10 foram submetidos a treinamento com VCI de forma isolada, 134 associada a
outras modalidades (treinamento aeróbio, de força, alongamento ou aquecimento) e 121
mantiveram-se apenas como controle.
Devido ao número grande de artigos encontrados e afim de melhorar a compreensão
dos resultados, estes foram divididos por desfechos para esta população.

Testes funcionais

Os achados dos estudos (BRAZ et al, 2015; GLOECKL et al, 2012, 2017a e 2017b;
NEVES et al, 2018; PLEGUEZUELOS et al, 2013; SPIELMANNS et al 2017a) demonstraram
que pacientes com DPOC quando submetidos a diferentes protocolos de VCI de forma isolada
ou associada a outra terapia obtém uma melhora na capacidade funcional verificada por meio
do aumento da distância percorrida (DP) no teste de caminhada de 6 minutos (TC6min) ou
redução no tempo de execução do teste de sentar e levantar (TSL) de 5 repetições.

164 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


A diferença entre o grupo intervenção (GI) e grupo controle (GC) na DP no TC6min
variou entre os estudos uma melhora de 23 a 105 metros, demonstrando diferença sig-
nificativa no GI. Os protocolos com maiores tempos de intervenção (6 e 12 semanas) fo-
ram aqueles que demonstrara melhores desfechos (BRAZ et al, 2015; NEVES et al, 2018;
PLEGUEZUELOS et al, 2013; SPIELMANNS et al, 2017a). É o caso do estudo realizado
por SPIELMANNS et al (2017a), onde o GI aumentou a DP em 105 m (45,5–133,5 m; P =
0,001) e o GC 15m (−3 a 21 m; P = 0,10), após 12 semanas de intervenção.
No TSL de 5 repetições a diferença entre GI e GC no tempo execução do teste de-
monstrou uma redução que ficou entre -1,9 a -4 segundos (GLOECKL et al, 2012 e 2017b;
SPIELMANNS et al, 2017a). O estudo que apresentou melhor resultado foi conduzido por
GLOECKL et al (2017b), durante três semanas, demonstrando uma redução do tempo
no GI em comparação ao GC, com diferença significativa entre grupos de 4 segundos [IC
95%, −4,0 (−6,1 a −1,9)], p< 0,001.
No estudo realizado por SPIELMANNS et al (2017b) não foram encontradas diferen-
ças significativas no TC6min e TSL 5 repetições intra ou intergrupos após 12 semanas de
intervenção. Uma possível explicação para este resultado está no número de sessões, visto
que neste estudo era realizada apenas uma sessão semanal e nos demais, a frequência
utilizada foi de sessões semanais.

Qualidade de vida

A qualidade de vida (QV) foi mensurada em cinco estudos (BRAZ et al, 2015; GLOECKL
et al, 2012; NEVES et al, 2018; SPIELMANNS et al 2017a e 2017b), com variação nos ins-
trumentos utilizados para tal avaliação.
Dois estudos (GLOECKL et al, 2012; SPIELMANNS et al 2017b) demonstraram me-
lhora no escore de QV mensurada pelo Chronic Respiratory Questionnaire (CRQ). Em seu
estudo, GLOECKL et al (2012) encontrou uma diferença entre os grupos de 0,16 pontos ([IC
95%, 1,63 a 1,95], p = 0,86). Já SPIELMANNS et al (2017b) encontrou mudança significativa
para o GI nos subgrupos fadiga (P = 0,022), função emocional (P = 0,007) e domínio (P =
0,018). No mesmo estudo, também houve melhora da QV no GI, com a diferença mínima
de -2 pontos alcançada, no COPD Assessment Test (CAT). Um terceiro estudo, conduzido
por Braz et al (2015) mensurou a QV por meio do Saint George’s Respiratory Questionnaire
(SGRQ) que apresentou redução no escore total (28,21 ± 14,21, IC de 95%: 18,66-37,76) e
em todos os domínios (sintomas, atividade e impacto) no GI.
Já os estudos de NEVES et al (2018) e SPIELMANNS et al (2017a) não encontraram
diferenças significativas na QV mensurada pelo SGRQ. Estes estudos realizaram a VCI
de forma isolada (NEVES et al, 2018) ou associada apenas ao ciclismo (SPIELMANNS,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 165


2017a), com protocolos de 12 semanas de duração. Já os estudos que encontraram melho-
ra na QV associaram a VCI com treinamento aeróbico e de fortalecimento muscular, com
duração de três (GLOECKL et al, 2012) e 12 semanas (SPIELMANNS et al, 2017b), o que
pode ter influenciado em um aumento da qualidade de vida em menor espaço de tempo.

Força muscular

A força muscular foi analisada em quatros estudos (GLOECKL et al, 2017b; NEVES
et al, 2018; PLEGUEZUEIROS et al, 2013; SPIELMANNS et al, 2017a), com uso de dife-
rentes instrumentos/testes para avaliação.
Em seu estudo, GLOECKL et al (2017b) realizaram mensuração de força muscular de
quadríceps (força isométrica durante extensão de joelho- dinamometria) e encontraram uma
diferença entre grupos de 1.0 Newton (N) (IC 95% −17.7 a 19.8), p= 0.912. Neves et al (2018)
encontraram melhora da força de preensão manual no GI em comparação a linha de base
(34.1 kgf vs. 36.7 kgf) e GC (34.1 kgf vs. 32.4 kgf). PLEGUEZUEIROS et al (2013) realizou
teste isocinético de flexores e extensores de joelho e não encontrou um efeito significativo
comparando linha de base e final do estudo. Já SPIELMANN et al (2017a), no teste de
1RM no leg press, encontrou um aumento de força no GI (28,7 [16,7 a 33,3] kg, P= 0,001)
e nenhuma alteração no GC (3,0 [-2,5 a 5,8] kg, P = 0,13).

EVCI na Síndrome Metabólica

No total foram encontrados 07 artigos na base de dados pesquisada que investigaram


os efeitos do EVCI em indivíduos com Síndrome Metabólica (SMet). Os títulos e os resumos
de todos os estudos foram revisados sendo que destes, 05 foram selecionados para leitura
na íntegra. Destes, 01 avaliaram o desfecho de QV, 01 avaliou a capacidade funcional,
01 avaliou a flexibilidade, 01 a marcha e equilíbrio e por fim 01 investigou a qualidade do
sono. O resumo dos resultados encontra-se apresentado na Tabela 1.

Qualidade de vida

A avaliação da QV, ocorreu no estudo de CARVALHO-LIMA et al (2017), por meio do


questionário WHOQOL- bref demonstrando resultados significativos na melhora QV após
2 semanas de intervenção com um protocolo de EVCI isolado utilizando uma frequência
crescente de 5 a 14 Hz no GI em comparação ao controle.

166 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Funcionalidade

Estudo de PAINEIRAS-DOMINGOS et al (2020) investigou a funcionalidade desses


indivíduos após um protocolo de EVCI utilizando o posicionamento dos pés em três des-
locamentos pico a pico diferentes (2,5;5,0;7,5) e utilizou como instrumento de avaliação o
SPPD “Short Physical Performance Battery” que avalia três domínios equilíbrio estático,
habilidade de caminhar e levantar-se de uma cadeira. O estudo mostrou que um protocolo
de EVCI utilizando três DPP diferentes em uma plataforma modelo alternada pode melhorar
a funcionalidade desses indivíduos bem como melhora da marcha e equilíbrio.

Flexibilidade

PAIVA et al (2019) no seu trabalho revelou resultados significativos na flexibilidade


do tronco a partir de um protocolo agudo ou de efeito cumulativo na plataforma alternada.
Azeredo et al. explorou um protocolo de EVCI com frequências fixas e variáveis e apontou
resultados significantes na melhora da sonolência diurna e qualidade do sono com o protocolo
de frequência variável e melhora da qualidade do sono com o protocolo de frequência fixa.

DISCUSSÃO

A popularização e a disseminação na utilização de PV pela fisioterapia destacam a


necessidade de se conhecer as evidências diante da sua utilização em DCNT, a fim de
permitir uma prática clínica baseada em evidência mais eficiente e assertiva.
Após a realização de uma revisão na literatura diante dos efeitos do uso do EVCI iso-
lado ou associado a outras modalidades no tratamento da OAJ, DPOC e SMet, foi possível
identificar benefícios com melhoras significativas em diferentes desfechos.
A OAJ, é considerada uma doença progressiva que envolve a articulação como um todo,
sendo considerada a principal causa de dor crônica e incapacidade em idosos, influenciando
sobremaneira na qualidade de vida desses indivíduos (KOLASINSKI et al, 2020). Diante deste
desfecho, nossos resultados evidenciaram que o uso EVCI, em uma plataforma vibratória
vertical, em posição estática, com os pés descalços e com joelhos flexionados, sozinho ou
em adição a exercícios de resistência ou fortalecimento muscular foi capaz de melhorar os
escores de dor e funcionalidade e força muscular de indivíduos com OAJ (BOKAEIAN, et al,
2016, WANG, et al, 2016). Tais achados, podem demonstrar ser possível a utilização de
EVCI nesta população, quando o objetivo é o manejo destes desfechos.
Entretanto, dados diante do posicionamento adequado do indivíduo na plataforma vi-
bratória, bem como os parâmetros biomecânicos ainda não se encontram bem estabelecidos

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 167


para esta população, o que deve ser melhor investigado, uma vez que indivíduos com OAJ
apresentam um risco maior de quedas (FOLEY, 2006), o que pode comprometer a segurança
do participante durante o protocolo em algumas posições. No entanto, resultados impor-
tantes já foram obtidos e podem ser considerados de importância clínica sendo promissora
ferramenta para o uso profissional do Fisioterapeuta nesta população.
Quando verificados os resultados encontrados em pacientes com DPOC, esta revisão
de literatura permitiu compreender os benefícios de protocolos de intervenção d o EVCI, de
forma isolada ou associada a outras terapias não medicamentosas, em indivíduos com DPOC
classificados de leve a grave. Os estudos, de uma forma geral, demonstraram que o EVCI é
capaz de promover melhora nos resultados de capacidade funcional, da força muscular, do
equilíbrio postural, da QV e de variáveis respiratórias após período de treinamento de três a
12 semanas. Já variáveis como esforço percebido, SpO2, FR, FC e biomarcadores oxidativos
não demonstraram alterações com significância, ressaltando a segurança na utilização das
plataformas vibratórias como intervenção nesta população.
Os protocolos utilizados pelos estudos apresentaram variações quanto ao tempo de
realização (3 a 12 semanas), frequência (6 a 40 Hz, sendo a mais utilizada entre 24 e 26
Hz), amplitude (2 a 6 mm) e uso do EVCI de forma isolada (Neves, 2018) ou associada a
outras terapias (BRAZ, 2015; GLOECKL, 2012, 2017A E 2017B; PLEGUEZUELOS, 2013;
SPIELMANNS 2017a e 2017b). Os estudos com maior tempo de intervenção obtiveram maio-
res diferenças nos desfechos apresentados, como a distância percorrida (DP) no TC6. O uso
do EVCI de forma associada ou isolada não interferiu nos desfechos, demonstrando que
sua utilização gera ganhos de capacidade funcional, força muscular e QV independen-
te dessa variável.
O uso do EVCI também evidenciou benefícios importantes em pacientes com SMet
em diferentes desfechos. O estudo de PAINEIRAS et al (2018) demonstrou que o EVCI
realizado na PV alternada com baixa frequência (12 Hz) é viável de ser utilizada em idosos
com diagnóstico de SMet para aumento da função física.
Sabendo-se idosos com SMet apresentam diminuição da força e potência muscular,
nosso achados demonstram a importância da utilização de intervenções que possam auxiliar
a minimizar o quadro, podendo permitir o uso da PV em programas preventivos, incluindo
exercícios, nessa população.
Autores descreveram que a análise do resultado de um questionário relacionado
à QV em DCNT permite verificar o impacto de um procedimento na vida de um sujeito (WANG
et al.2016; BRAZ et al.2015). Achados observados após a intervenção, indica que um pro-
tocolo EVCI pode ser adequado para promover melhorias na QV de pacientes com SMet.

168 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Já a melhora da flexibilidade pode significar maior eficiência no movimento do indivíduo,
neste contexto, o estudo de PAIVA et al.(2019), esta acordo com os achados de SÁ-CAPUTO
et al.(2018) que demonstraram melhora dos efeitos agudos na flexibilidade do tronco após
o protocolo de exercícios EVCI em indivíduos com SMet.
Por fim, um protocolo de 6 semanas EVCI com frequencia fixa (5 Hz) foi capaz de
trazer benefícios significantes na qualidade do sono de pacientes com SMet. Tal resultado
se mostra importante, uma vez que pacientes com SMet apresentam elevada prevalência
de distúrbios do sono.

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos envolvendo o EVCI vêm crescendo, e com eles, aumentam as possibili-


dades e perspectivas da utilização desta ferramenta de forma segura com indivíduos que
possuem DCNT na saúde pública. Destaca-se a grande quantidade de protocolos (e uso de
parâmetros biomecânicos como frequência, amplitude, tempo de exposição e aceleração)
e desfechos analisados nos diferentes estudos; cada doença e desfecho devem ser cui-
dadosamente analisados no momento da escolha do protocolo específico direcionado aos
pacientes beneficiados com a terapia.

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172 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


14
“ Impacto de um programa
fisioterapêutico na força
muscular respiratória e
resistência física em pacientes
hemodialíticos

José Carlos Molero Junior Alyne Lima Barbosa


Centro Universitário Saúde ABC - FMABC Centro Universitário Saúde ABC - FMABC

Bianca Morais Fischer Laercio da Silva Paiva


Centro Universitário Saúde ABC - FMABC Centro Universitário Saúde ABC - FMABC

Brenda Aparecida da Silva Ferreira Ronaldo Bergamo


Centro Universitário Saúde ABC - FMABC Centro Universitário Saúde ABC - FMABC

Larissa Vieira Ramos Fernanda Antico Benetti


Centro Universitário Saúde ABC - FMABC Centro Universitário Saúde ABC - FMABC

10.37885/200901546
RESUMO

Objetivo: Avaliar a força muscular respiratória e a resistência física de pacientes hemodia-


líticos, antes e após a realização de um programa fisioterapêutico. Métodos: Trata-se de
um estudo clínico randomizado controlado composto por 06 meses de fisioterapia. Os su-
jeitos foram submetidos à fisioterapia 2 vezes por semana no período intradialítico, rea-
lizando exercícios de fortalecimento, aeróbicos e respiratórios. Foi aplicado antes do
início do programa o teste de caminhada de 6 minutos (TC6’) e a manovacuometria, e os
mesmos após o término. Resultados: O estudo foi composto por 23 indivíduos. Em rela-
ção ao TC6’ no grupo experimental observa-se que houve aumento da variável distância
percorrida (m) com p= 0.0449. Já as variáveis da manovacuometria não tiveram diferença
estatisticamente significativa em ambos os grupos. Considerações Finais: Nota-se uma
melhora da resistência física (DTC6’) perante a prática de exercícios, coincidindo com o
estudo de Oh-Park et al., no qual a distância elevou-se de 398m para 453m. A pressão
inspiratória máxima e a pressão expiratória máxima não mostraram significância após a
fisioterapia, por não utilizar aparelhos específicos para o fortalecimento da musculatu-
ra. Os exercícios físicos propostos, feitos de uma forma regular no período intradialítico,
demonstram melhora na resistência física de pacientes hemodialíticos, porém sem alte-
rações nos demais parâmetros avaliados.

Palavras-chave: Insuficiência Renal Crônica. Hemodiálise. Fisioterapia. Manovacuometria.


Teste de Caminhada de 6 Minutos.
INTRODUÇÃO

Insuficiência renal é a condição na qual os rins perdem a capacidade de efetuar funções


básicas. A Doença Renal Crônica (DRC) refere-se a um diagnóstico sindrômico de perda pro-
gressiva e irreversível da função renal de depuração, ou seja, da filtração glomerular. Os rins
perdem a capacidade de manter o equilíbrio do meio interno (homeostasia), o que resulta
em alterações séricas como aumento de ureia, creatinina, entre outros, alterações urinárias
como a proteinuria. (BARROS, 2006)
A doença renal crônica tornou-se um grande problema de saúde pública no mundo
todo, cerca de 1,2 milhões de pessoas encontram-se sob tratamento dialítico. No Brasil, são
aproximadamente 54,5 mil pessoas. Estimativas de diferentes países indicam que mais de
60% dos pacientes morrem antes de completar 10 anos de diálise. Desta forma, a vigilân-
cia é importante para evitar o aumento da endemia, pois a expressão clínica das doenças
crônicas geralmente ocorre após longo tempo de exposição aos fatores de risco e da con-
vivência assintomática do indivíduo com a doença não diagnosticada. (SCHOR e AJZEN,
2002; FREIRE et al., 2013)
A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é multicausal, apresentando diversos fatores de
risco. De acordo com inquéritos realizados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, no pe-
ríodo de 1996/1997, as principais doenças diagnosticadas como sendo potenciais causas
de IRC são: a hipertensão arterial sistêmica (24% dos casos), a glomerulonefrite (24%) e
diabetes mellitus (17%). Outras causas devem ser consideradas, como: pielonefrite, doença
policística renal, doenças autoimunes etc. (SCHOR e AJZEN, 2002; BARROS et al., 2006)
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia tem-se como disfunção renal uma
Taxa de Filtração Glomerular (TFG) menor que 60 ml/min./1,73, por um período superior a três
meses; e, quando atinge níveis de TFG menores do que 15 ml /min.1,73 m², é denominado
doença renal crônica na fase terminal. Nessa fase, o tratamento de escolha substitutivo da
função renal mais utilizado é a hemodiálise, que atualmente vem aumentando a sobrevida
destes pacientes. (ROCHA, MAGALHAES e LIMA, 2007; OH-PARK et al., 2002)
Uma das principais terapias renais substitutiva é a hemodiálise, que é empregada no
tratamento de pacientes com insuficiência renal crônica, um processo que através da filtra-
gem sanguínea (circulação extracorpórea) é capaz de remover catabólitos do organismo e
corrigir as modificações do meio interno. (DE SOUZA TERRA et al., 2010). É um procedi-
mento no qual o sangue é retirado de uma veia, por meio de uma fístula ou cateter sendo
encaminhado para uma máquina que se encontra um filtro capaz de retirar os catabólitos
do organismo. (BEZERRA e SANTOS, 2008)
A hemodiálise é realizada com o indivíduo em repouso, posição em que a circulação
está relativamente estagnada, gerando um atraso no equilíbrio de ureia durante a diálise,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 175


limitando sua eficácia. Durante a diálise, a ureia é removida rapidamente do sangue, mas se
mantém de forma desproporcional nos compartimentos da periferia do corpo, principalmente
nos membros inferiores. Após a hemodiálise a concentração plasmática de ureia aumenta
de forma rápida, levando a um reequilíbrio da ureia intracelular, e essa retenção se deve
à sua baixa difusão ao redor da membrana celular ou ao baixo fluxo sanguíneo em alguns
compartimentos do corpo. (SCHOR e AJZEN, 2002)
O tratamento das pessoas com insuficiência renal crônica, normalmente é iniciado nas
fases mais avançadas da doença, em período em que já há perda quase total da função
renal, havendo necessidade do tratamento dialítico e de transplante renal. Todos esses tra-
tamentos têm apenas o objetivo de retirar os catabólitos do organismo e aliviar os sintomas,
sem caráter curativo. Sendo estes: Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC), Diálise
Peritoneal Automatizada (DPA), Diálise Peritoneal Intermitente (DPI), Hemodiálise (HD) e o
transplante renal. (BEZERRA e SANTOS, 2008)
Nos pacientes portadores de doença renal crônica, submetidos à hemodiálise, ocor-
re declínio da capacidade funcional perante a realização das atividades de vida diária.
Uma das hipóteses relacionadas a isso, são as complicações cardiovasculares que quan-
do acompanhadas de alterações como fraqueza muscular, sedentarismo e distúrbios hi-
droeletrolíticos, impactam significativamente na realização das atividades do dia a dia.
(REBOREDO et al., 2011)
O exercício físico é uma das propostas que pode ser aplicado, durante a hemodiálise,
para ativar a circulação que se encontra estagnada e, consequentemente, melhorar a efi-
ciência dialítica. Através de exercícios, tais como, alongamentos, exercícios calistênicos e
isotônicos, capaz de favorecer um aumento da oxigenação, temperatura e contração mus-
cular, e consequentemente a dilatação dos capilares que estavam constritos, aumentando
a circulação. (COELHO, RIBEIRO e SOARES, 2008)
A literatura pouco fala sobre a atuação da fisioterapia em pacientes renais crônicos
durante o regime de hemodiálise. Peres et al. (2009) e Reboredo et al. (2011) indicam
que um programa de exercícios físicos durante a diálise promove melhora da capacidade
funcional, da força e resistência muscular e da função cardíaca. Rocha, Magalhaes e Lima
(2010) afirmam que exercícios físicos durante a diálise é uma estratégia eficiente para dar
motivação aos pacientes em um ambiente estruturado e monótono.
Tanto o tratamento dialítico como a própria condição da doença resultam em alterações
que se fazem perceber em quase todos os sistemas do corpo: cardiovascular, imunológi-
co, endócrino/metabólico, musculoesquelético. O sistema respiratório é especificamente o
mais comprometido, sofrendo alterações no drive respiratório, mecânica pulmonar, função
muscular e troca gasosa. Essa disfunção pulmonar pode ser resultado direto da circulação

176 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


de toxinas ou, indiretamente, do excesso de volume devido ao aumento de líquido corporal
circulante, anemia, supressão imunológica, drogas e nutrição deficiente. As alterações pul-
monares mais encontradas são a limitação ao fluxo aéreo, desordens obstrutivas, redução
da capacidade de difusão pulmonar, diminuição da endurance e força muscular respiratória.
Entretanto, a mensuração da força e funcionalidade dos músculos respiratórios permite o
diagnóstico precoce destas alterações, ajudando no estabelecimento de protocolos de trei-
namento direcionados. (COELHO et al., 2008; ROCHA et al., 2010)
Diante a isso é usado a manovacuometria que se difere de um teste muscular con-
vencional, pois, por meio desta avaliação, é possível investigar as condições da força e
desempenho mecânico dos músculos da respiração. (ONAGA et al., 2010)
Segundo Rodrigues e Barbara (2000), a PIMÁX é um índice da força dos músculos ins-
piratórios (diafragma e intercostais externos), enquanto a PEMÁX mede a força dos músculos
expiratórios (abdominais e intercostais internos). É um método verdadeiramente útil para a
avaliação das pressões musculares respiratórias, ressaltando que as mensurações da PIMÁX
são de maior relevância clínica pelo fato dos músculos inspiratórios suportarem maiores car-
gas de trabalho ventilatório. Della Giustina e Montemezzo (2013), relatam que as mensura-
ções da PEMÁX são úteis para a diferenciação entre uma fraqueza neuromuscular de músculos
abdominais e uma fraqueza específica do diafragma ou de outros músculos inspiratórios.
A manovacuometria deve ser feita antes de qualquer treinamento muscular respirató-
rio, pois é possível através desta, quantificar o aumento da força muscular obtida após um
treinamento muscular respiratório. (ONAGA et al., 2010) Quando valores obtidos pela ma-
nuovacuometria estão diminuídos, podem estar relacionados a doenças neuromusculares,
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose cística e insuficiência cardíaca conges-
tiva, podendo ser também um indicativo de má nutrição, doenças endócrinas associadas ao
colágeno e uma das consequências de um longo tratamento com medicamentos a base de
corticoesteróides. (GIBSON, 1995)
Já a resistência física é analisada através do teste de caminhada de 6 minutos (TC6’)
que resulta da adaptação do teste de corrida de 12 minutos de Cooper (1968), o qual tem a
finalidade de avaliar a capacidade funcional, monitorar a efetividade de tratamentos diversos
e estabelecer o prognóstico de pacientes com doenças cardiorrespiratórias.
Trata-se de um instrumento válido, confiável amplamente descrito na literatura e seguro
de avaliação do sistema cardiorrespiratório. O princípio básico desse teste é medir a maior
distância percorrida pelo indivíduo caminhando em sua velocidade máxima durante seis
minutos. Nesse período, o paciente é monitorado quanto aos sintomas de dispnéia e fadiga
e quanto aos sinais de frequência cardíaca e saturação de pulso de oxigênio. (GOSKER
et al., 2000; DEMERS et al., 2001)

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 177


Objetivo

Avaliar a força muscular respiratória e a resistência física em pacientes submetidos


à hemodiálise e comparar a força muscular respiratória avaliada pelo manovacuômetro
e a resistência física pelo teste de caminhada de 6 minutos, antes e após a intervenção
fisioterapêutica.

MÉTODOS

Consistiu em um estudo clínico randomizado e controlado, com duração de 06 meses


de fisioterapia, em que avaliou a força muscular respiratória e a resistência física de pacien-
tes submetidos à hemodiálise, antes e após a realização de um programa fisioterapêutico.
O trabalho foi realizado seguindo as normas que regulamentam a pesquisa em seres hu-
manos contidas nas Resoluções números 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde,
de acordo com o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Saúde ABC (FMABC).
Aprovado pela diretoria clínica e/ou técnica do Centro Nefrológico do ABC (CENE) e
do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Centro Universitário Saúde ABC (FMABC) sob o
nº: 1.308.760, atendendo aos princípios éticos previstos.

Casuística

Foram convidados a participar da pesquisa 83 pacientes, dos quais apenas 26 indiví-


duos aceitaram e/ou obedeciam aos critérios de inclusão e exclusão. A amostra inicial foi
constituída por ambos os sexos, sendo o grupo controle formado por 14 indivíduos, composta
por 7 mulheres com média de idade 51 anos e 7 homens com média de idade de 40,67
anos. Já o grupo experimental foi composto por 12 indivíduos, sendo 4 mulheres com média
de idade de 48,33 anos e 8 homens com média de idade de 55,33 anos.
Foram incluídos ao estudo somente indivíduos submetidos à hemodiálise por um pe-
ríodo mínimo de 3 meses e frequência mínima de terapia dialítica de 3 vezes por semana.
A amostra foi composta de dois grupos (controle e experimental), nos quais partici-
param do protocolo de fisioterapia com realizações de exercícios aeróbicos, exercícios de
fortalecimento e alongamento muscular, além de, orientações para realizá-los em domicílio
através da entrega de uma cartilha.
A avaliação dos pacientes (ambos os grupos) ocorreu em três momentos: inicial (antes
do início do programa fisioterapêutico), após 3 meses de programa e 6 meses de programa
(sendo este o término do programa). As avaliações de um mesmo paciente foram priorita-
riamente realizadas no mesmo período do dia objetivando não captar oscilações de pressão

178 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e outras possíveis alterações fisiológicas normalmente
influenciadas ao longo do dia.
Os sujeitos foram submetidos à fisioterapia 2 vezes por semana, em dias que o mesmo
já realizava a hemodiálise. Com sessões com duração aproximada de 30 minutos, sendo divi-
didas em quatro etapas: Etapa 1) alongamentos passivos ou auto alongamentos propiciando
melhor flexibilidade; Etapa 2) exercícios aeróbicos (cicloergômetro); Etapa 3) exercícios ativos
livres e/ou resistidos para membros superiores (MMSS) e membros inferiores (MMII) com
utilização de tornozeleiras, halteres e bastões, objetivando fortalecimento muscular global;
Etapa 4) exercícios respiratórios, visando melhora da capacidade pulmonar, além de orien-
tações e incentivo ao longo de toda a terapia para a realização das atividades em domicílio.
No início e ao término de cada sessão de fisioterapia foram realizadas aferições de
pressão arterial (PA) através de esfigmomanômetro, pulso/frequência cardíaca (FC) e de
saturação periférica de O2 (SapO2) através de oxímetro de pulso.
A fisioterapia somente seria interrompida caso o paciente apresentasse quaisquer dos
sintomas a seguir: pressão arterial sistólica maior que 180 mmHg, ou também um aumento
em 40 mmHg da sua sistólica inicial; pressão arterial diastólica menor que 60 mmHg, ou
também uma queda maior que 40 mmHg; FC maior que 85% da FC máxima (FC máxima=
220 – idade); FC menor que 60 batimentos por minuto (bpm); Borg maior ou igual a 17;
vertigem; síncope; cefaleia súbita; parestesias; sudorese intensa, precordialgia; náuseas;
epigastralgia; diplopia; dispneia intensa e outros sintomas atípicos.
Os pré-requisitos para ingresso no protocolo de pesquisa foram os seguintes: estarem
em programa de hemodiálise no CENE; período mínimo de hemodiálise de 3 meses; serem
maiores de 18 anos; assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ;
independência funcional e boa cognição.
Os critérios de exclusão da pesquisa foram: insuficiência cardíaca; apresentar sequela
de acidente vascular encefálico (AVE); ser portador de doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC); dependente de oxigênio; dependência funcional; não deambulador; menor de 18
anos e não assinatura de TCLE.
Os instrumentos utilizados foram: ficha de Identificação do Paciente (Anexo D), com-
posto por dados pessoais, dados clínicos e avaliação física geral. Ficha de coleta de dados
contendo informações antropométricos, dados clínicos e manovacuometria.
A avaliação da dispneia foi através da Escala Original de Percepção de Esforço de
Borg, que segundo a Sociedade Torácica Americana (2002) permite avaliação subjetiva de
indivíduos em seu nível de esforço durante o exercício ou teste ergométrico. Estruturalmente
consiste em uma escala visual analógica e observa a intensidade da dispneia e de fadiga de
membros inferiores, quantificando o esforço durante o exercício numa faixa que varia de 6 a

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 179


20 pontos, sendo que 6 é a ausência do sintoma e 20, a máxima sensação de dispneia. Esta
avaliação foi realizada antes do TC6’, sendo aplicada no segundo, quarto e sexto minuto e
após a recuperação no segundo e quarto minuto.
A força muscular respiratória foi medida através de um manovacuômetro analógico
M120, calibrado em cmH20 com limite operacional de -120 a +120 cmH20 escalas variando
de 4 em 4 cmH20, equipado com um adaptador de bocal contendo um orifício com aproxima-
damente 2mm de diâmetro, a fim de evitar que durante os esforços inspiratórios máximos,
músculos da boca e da orofaringe possam gerar uma pressão negativa que falseia o valor
da pressão produzida pelos músculos inspiratórios da caixa torácica, esteja a glote aberta
ou devidamente fechada. (SOUZA, 2002)
Para avaliação o indivíduo permaneceu na posição sentada, estando o tronco em um
ângulo de 90º com as coxas, como Neder et al. (1999) descreve. A coleta dos dados foi ba-
seada no preconizado por Black e Hyatt (1969), a PIMÁX foi obtida por meio de uma manobra
de inspiração máxima partindo de uma expiração máxima, próxima ao volume residual, e
PEMÁX por uma manobra de expiração máxima partindo de uma inspiração máxima próxima
a capacidade pulmonar total. Antes da realização houve uma demonstração de como seria
realizado as manobras de PIMÁX e PEMÁX. Os indivíduos permaneceram na posição sentada e
utilizaram um clipe nasal a fim de evitar escape de ar pelo o nariz. Na coleta das manobras
o avaliador incentivou através de estímulos verbais, sendo repetidas no mínimo três vezes
cada manobra, considerando que no máximo pode ser realizado cinco manobras aceitá-
veis e reprodutíveis com valores que não difiram entre si por mais que 10% do valor mais
elevado como descrito em um estudo de Souza (2002). O intervalo entre cada manobra
foi de 15 segundos.
O teste de caminhada de seis minutos (TC6’) foi realizado, seguindo a técnica proposta
pelas diretrizes da Sociedade Torácica Americana (2002). Os pacientes são incentivados
a caminhar por uma distância tolerável num corredor de 30 metros com livre circulação de
pessoas, durante seis minutos, e orientados a interromper a caminhada, caso seja neces-
sário. De acordo com o protocolo, o avaliador não deve caminhar junto ao paciente. Porém,
neste estudo, devido a maior segurança ao paciente, o avaliador o acompanhou para evitar
qualquer eventualidade de déficits de equilíbrio (principalmente por serem participantes
idosos). Nesse caso, o avaliador caminhou sempre atrás do sujeito.
O avaliador acompanhou o paciente e, a cada minuto, emitiu estímulos verbais com
frases de encorajamento, padronizadas, do tipo “muito bem”, “continue assim”. Uma cadeira
ficou disposta sempre ao lado do circuito de realização do teste caso o paciente necessitasse
de repouso. Durante o teste, um oxímetro de pulso e foi utilizado para monitoramento da
frequência cardíaca (FC) e saturação periférica de oxigênio (SapO2). O paciente permaneceu

180 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


com o braço estendido ao longo do corpo e o sensor luminoso fora fixado no segundo dedo do
paciente na posição horizontal, proporcionando estabilidade nos valores mensurados. O teste
seria interrompido caso o paciente apresentasse dor torácica, dispneia intolerável, câimbras
musculares, desequilíbrios por vertigem ou mal-estar, sudorese intensa à palidez cutânea.
Oxigenioterapia poderia ser instituída, caso a oximetria de pulso do paciente registre valores
inferiores a 85% como relatado em um estudo de Steele (1996).
Foi avaliada, também, a pressão arterial sistólica, por meio de um esfigmomanômetro
manual, antes do início do teste, em repouso e imediatamente após o término do teste, e
três minutos após o teste. Além disso, foi calculada a distância caminhada pelo paciente de
acordo com Steele (1996).
Para avaliação da distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (DTC6),
foi utilizado a equação de referência para homens: DTC6= 539+ (6,1 x estatura)-(0,46 x
peso)- (5,8 x idade) e a DTC6 para mulheres é DTC= 493 + (2,2 x estatura)-(0,93 x peso)-
(5,3 x idade) segundo Gibbons et al. (2000).

Análises Estatísticas

As variáveis qualitativas foram apresentadas por frequência absoluta e relativa, e as


quantitativas por média, desvio padrão, valores mínimos e máximos, e respectivos intervalos
de confiança de 95% (variáveis com distribuição normal, teste de Shapiro-Wilk, p>0,05) e
mediana, percentis 25 e 75 e respectivos intervalos de confiança de 95% (variáveis sem dis-
tribuição normal, teste de Shapiro-Wilk, p<0,05). Para analisar a associação entre o teste de
resistência física e força muscular respiratória após protocolo de fisioterapia segundo grupo
foi utilizado teste t de student e teste de Mann-Whitney. A evolução da distância percorrida
nos meses de estudos no grupo experimental e controle foi utilizado o teste de Anova para
medidas repetidas e Friedman respectivamente. O nível de confiança adotado na análise
foi de 95%. A análise estatística foi realizada pelo software estatístico Stata versão 11.0.

RESULTADOS

Inicialmente a pesquisa foi composta por 26 sujeitos com insuficiência renal crônica,
porém houve perda amostral de 3 sujeitos, sendo 2 do grupo controle e 1 do experimental,
restando ao final do programa fisioterapêutico 12 homens (59,09%) e 11 mulheres (40,91%),
Apresentando a média da idade de 49,47 ± 11,63 anos, peso com média de 75,41 ± 16,27 kg
e altura com média de 168,22 ± 10,16 cm. As características antropométricas da população
estudada encontram-se na Tabela 1.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 181


Tabela 1. Características antropométricas dos grupos: controle e experimental, Centro Nefrológico ABC, 2016.
Sexo 12 homens 11 mulheres
Idade (anos) 49,47 ± 11,63
Peso (kg) 75,41 ± 16,27
Altura (cm) 168,22 ± 10,16
Fonte: O autor (2016)

Os resultados do primeiro, terceiro e sexto mês do Teste de Caminhada de 6 minutos


(TC6’) em relação ao grupo controle e experimental referente à variável distância percorrida
(m) são demonstrados a seguir na Tabela 2.
Observa-se que referente à variável distância percorrida (m) o terceiro mês apresen-
ta uma média maior com 393.087 ± 74.94337 metros, enquanto o primeiro mês está com
346.9565 ± 67.76944 metros e o sexto mês com 388.2717 ± 88.31127 metros.

Tabela 2. Descrição do teste de caminhada entre os meses estudados após programa de fisioterapia, Centro Nefrológico
ABC, 2016.
Variáveis Média DP
Distância percorrida (m)
Primeiro mês 346.9565 67.76944
Terceiro mês 393.087 74.94337
Sexto mês 388.2717 88.31127
DP: desvio padrão.
Fonte: O autor (2016)

A tabela 3 mostra a superioridade do grupo experimental sobre o controle antes e após


a aplicação do protocolo fisioterapêutico, analisando a distância percorrida (m). Podemos
observar uma significância estatística no grupo experimental após o final do protocolo fi-
sioterapêutico com aumento da variável distância percorrida (m) de p= 0.0449. Além disso,
nota-se que o grupo experimental apresentou uma maior média quando comparada com o
grupo controle dentro do intervalo de confiança de 95%, com uma média na distância per-
corrida (m) de 395.9848 no grupo experimental e no grupo controle de 357.8819 metros.

Tabela 3. Associação entre o teste de caminhada nos meses estudados após protocolo de fisioterapia, Centro Nefrológico
do ABC, 2016.
Experimental Controle
Variáveis p*
Média (IC 95%)
Distância percorrida (m) 395.9848 357.8819 0.0449
IC 95%: intervalo de confiança de 95%.
* Teste t de student.
Fonte: O autor (2016)

As variáveis estudadas da manovacuometria, tais como, pressão inspiratória máxima e


pressão expiratória máxima do grupo controle e experimental são demonstrados na Tabela 4.

182 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Nota-se que em nenhum grupo houve diferença estatisticamente significativa antes, durante
e após a intervenção fisioterapêutica.
Observamos que no terceiro mês tanto a variável pressão inspiratória máxima e pressão
expiratória máxima apresentaram uma maior tendência estatística. No grupo experimental a
pressão inspiratória máxima apresentou no terceiro mês uma mediana com intervalo de con-
fiança 95% de 80 (40.55; 90.29) e a pressão expiratória máxima de 56 (34.85; 92.59). Já no
grupo controle a avaliação de pressão inspiratória máxima no terceiro mês foi de 63 (37.06;
79.57) e a pressão expiratória máxima de 45 (28.42; 71.14).

Tabela 4. Associação entre a força muscular respiratória ao longo dos meses após um programa de fisioterapia segundo
grupo de estudo. Centro Nefrológico ABC, 2016.
Experimental Controle
Variáveis p*
Mediana (IC 95%)
Pressão inspiratória máxima
1 mês 58 (44.27; 84.32) 62 (45.70; 87.57) 0.6214
3 mês 80 (40.55; 90.29) 63 (37.06; 79.57) 0.2406
6 mês 80 (43.12; 120) 90 (44.42; 98) 0.9753
Pressão expiratória máxima
1 mês 50 (31.45; 82.29) 40 (28; 83.57) 0.6436
3 mês 56 (34.85; 92.59) 45 (28.42; 71.14) 0.3710
6 mês 48 (37.70; 100.04) 63 (38.12; 73.78) 0.9509
*Teste de Mann-Whitney. IC 95%: intervalo de confiança de 95%
Fonte: O autor (2016)

DISCUSSÃO

De acordo com o estudo realizado por Kusumota, Rodrigues e Marques (2004), há


maior incidência de doença renal crônica na população do sexo masculino, como encontrado
nos resultados nesse estudo, sendo que homens ocupam cerca de 59.09% da população
estudada e as mulheres 40.91%, demonstrando uma tendência geral de aumento contínuo
e progressivo de idosos com doença renal crônica.
Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia mostram que no Brasil, a faixa etária da
maioria dos pacientes com doença renal crônica em diálise é de 40 a 59 anos, o que está
de acordo com a média de idade encontrada em nosso estudo que foi de 49,47 ± 11,63.
A relação entre a idade dos pacientes em hemodiálise e a aderência a programas de
exercício foi descrita por Daul et al.(2004), estes autores observaram que os pacientes com
idade mais avançada foram mais aderentes às sessões de exercício em relação aos mais
jovens. Graças à debilidade física e funcional dos pacientes mais idosos, a aderência ao
exercício tende a ser maior, na tentativa de melhorar seu estado geral de saúde, o que não
se observa nos pacientes hemodialisados mais jovens. (REBOREDO et al., 2011)

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 183


Segundo a Sociedade Torácica Americana (2002), uma preocupação frequente com a
realização de exercício durante as sessões de hemodiálise refere-se às possíveis complica-
ções. É sabido que esse processo carreia algumas complicações agudas como hipotensão,
cãibras musculares, arritmias, náuseas, vômitos, cefaleia, entre outras. Estas complicações
poderiam ser intensificadas pela prática de exercício, no entanto, em nossa população não
houve nenhum desses episódios, diferenciando do que a literatura nos mostra.
Diante dos resultados, observamos alguns aspectos relevantes: os exercícios físicos
propostos, feitos de uma forma regular, durante a sessão de hemodiálise proporcionaram
um aumento na distância percorrida, observado através da aplicação do teste de caminhada
de 6 minutos antes e após o início do programa em relação ao grupo experimental. Os da-
dos obtidos coincidem com um estudo realizado por Silva (2013), que demonstra aumento
na tolerância dos exercícios propostos e melhora do desempenho nas atividades de vida
diária, como o caminhar, o qual há um aumento de cerca de 54m no teste de caminhada de
6 minutos após o programa fisioterapêutico.
Foi utilizado nesse estudo, como treinamento aeróbico, cicloergômetro por 10 minutos.
Estudos como de Silva (2013) e Tawney e Kovach (2003) verificaram que, após as duas
primeiras horas da hemodiálise, o exercício submáximo utilizando um cicloergômetro pode
gerar ou piorar uma descompensação cardiovascular, como hipotensão arterial sistêmica.
Assim, nesse estudo foi realizado o mesmo no início da sessão e não houve nenhum epi-
sódio de hipotensão arterial sistêmica. O treinamento aeróbico com a bicicleta ergométrica
contribuiu para a redução do nível de cansaço.
Além disso, nota-se uma melhora na capacidade funcional perante a prática de exercí-
cios em pacientes submetidos à hemodiálise analisado pelo teste de caminhada de 6 minutos,
uma vez que há um aumento em relação à distância percorrida e esperada apresentando
significância estatística de (p) = 0.0449 do grupo experimental sobre o grupo controle. Esses
resultados coincidem com os obtidos em um estudo realizado por Oh-Park et al. (2002)
onde 14 pacientes renais crônicos em hemodiálise foram submetidos ao exercício aeróbio
associado com o treinamento de força, com objetivo de avaliar o efeito desta intervenção na
capacidade funcional pelo teste de caminhada de seis minutos. Os autores observaram que a
distância obtida neste teste se elevou de 398m para 453m após três meses de treinamento.
Outro estudo realizado por Headley et al. (2002) mostra que após 12 semanas de
treinamento de força em 10 pacientes com doença renal crônica em hemodiálise, houve
um aumento significativo na distância do teste de caminhada de seis minutos (521,9 ± 48,5
vs. 546,5 ± 54,2m, p < 0,05). Estes achados são sugestivos de que o comprometimento
da capacidade funcional nos pacientes com doença renal crônica pode ser atenuado pelo
ganho de força muscular.

184 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Nesse estudo, notamos que não há diferença em relação às variáveis: pressão inspirató-
ria máxima e pressão expiratória máxima antes, durante e após a intervenção fisioterapêutica.
Isso pode ser justificado pela não utilização de aparelhos específicos para o fortalecimento
da musculatura respiratória, como o uso de carga linear pressórica, sendo somente utilizado
a cinesioterapia respiratória, o que justifica o ganho menor ao fim do sexto mês.
Coelho et al. (2008) propuseram um protocolo de exercícios físicos que foi executado
três vezes por semana durante 8 semanas. Os autores observaram melhora estatisticamente
significante das medidas de pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima, o
que não ocorreu com a resistência (endurance) da musculatura respiratória. Vale salientar
que houve associação de exercício aeróbico com bicicleta ergométrica e esteira, além de
treinamento específico para a musculatura respiratória com o uso de carga linear pressó-
rica. Apesar dos resultados, os autores concluem que mais pesquisas sobre intervenções
fisioterapêuticas durante a hemodiálise são necessárias. Os achados encontrados no nosso
estudo não coincidem com esse estudo descrito.
As reduções das variáveis como pressão inspiratória e expiratória máxima interferem
na resistência física do paciente em hemodiálise, coincidindo com o estudo realizado por
Jatobá et al. (2008) ao avaliar 27 pacientes com doença renal crônica, verificaram com-
prometimento significativo e diretamente proporcional na capacidade muscular ventilatória,
com repercussão e prejuízo no desempenho físico funcional pela redução significativa da
distância caminhada em relação aos valores preditos e redução de 38,2% da pressão inspi-
ratória máxima e 29% da pressão expiratória máxima em relação aos valores preditos. Isso
sugere que o exercício realizado no período intradialítico é benéfico na resistência física
dos pacientes em hemodiálise, pois traz vantagens adicionais, tais como, maior aderência
ao tratamento, conveniência de horário, redução da monotonia do processo de diálise e
facilidade do acompanhamento médico.
Assim, como realizado nesse estudo, sessões de fisioterapia foram empregadas no
início da diálise, a literatura recomenda que o exercício seja realizado nas duas primeiras
horas da hemodiálise, pois, na terceira hora, pode ocorrer instabilidade cardiovascular com
queda da pressão arterial, prejudicando sua realização em muitos pacientes. Além disso, há
evidências de que o exercício aeróbio realizado durante a hemodiálise pode gerar melhora
na eficácia da diálise, porém os estudos são pouco conclusivos. (ONAGA et al., 2010)
Desta forma, pode-se concluir que a prática de exercícios físicos contribui para a me-
lhoria da qualidade de diálise.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 185


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados neste estudo foram positivos quanto à resistência física em


pacientes submetidos à hemodiálise, onde após seis meses de realização de exercícios no
período intradialítico, utilizando-se de fortalecimento, exercícios aeróbicos e respira-
tórios, houve um aumento significativo da distância percorrida no teste de caminhada de 6
minutos pelos sujeitos do grupo experimental, porém sem alterações nos demais parâmetros
avaliados, tais como, a pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima.
Diante disso, vemos a necessidade de mais estudos para avaliar a força muscular
respiratória em hemodialíticos e ressaltamos a importância de um protocolo fisioterapêutico
com o intuito de trazer mais benefícios para a população estudada e amenizar o impacto
negativo que a doença renal crônica e a hemodiálise causam nesses indivíduos.

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188 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


15
“ Influência da terapia REIKI na
qualidade do sono, diminuição
da pressão arterial e sintomas
osteomioarticulares

Filipe dos Santos Silva Michele Batista dos Santos


FIS FIS

Letycia Monteiro Cavalcanti Araújo Sabrina Cavalcanti Claudino


FIS FIS

Vinícius José Guimarães do Carmo Nylene Maria Rodrigues da Silva


FIS FIS

Tácia Gabriela Vilar dos Santos Andrade


FIS

Dayane Feitoza Rufino


FIS

10.37885/201001694
RESUMO

Introdução: O Reiki é uma terapia da medicina complementar japonesa que vem se


mostrando eficaz na melhora de variadas condições, e recentemente entrou nos serviços
oferecidos pelo SUS. Objetivo: Verificar a influência do Reiki em sintomas osteomioar-
ticulares e na qualidade do sono em discentes de uma instituição de ensino superior.
Métodos: Trata-se de um estudo experimental, não randomizado, de análise quantita-
tiva, demonstrando a relação entre os momentos pré e pós aplicação da Terapia Reiki.
Resultados: Após a 1ª sessão foi observada redução das pressões arteriais sistólica
(p=0,001), diastólica (p=0,008) e média (p=0,003).O tempo para dormir também foi sig-
nificativamente reduzido (p=0,03) após a 3ª sessão. Outros sintomas (dor e qualidade
do sono) também obtiveram melhora, porém com o p>0,05. Conclusão: O Reiki possui
positiva influência na redução do tempo para conseguir dormir, e na redução de níveis
pressóricos em contatos iniciais.

Pa l av r a s - c h ave: Reik i, Q uali dade d o S ono, Dor, Terapias H olístic as, Terapias
Complementares em Saúde.
INTRODUÇÃO

O Reiki é uma terapia holística japonesa que objetiva a restauração do sistema ener-
gético do corpo ao estimular os mecanismos naturais de recuperação de saúde. Utiliza o
reikiano como um canal energético que canaliza as energias do universo e transfere para o
receptor através de uma prática de imposição de mãos que usa a aproximação ou o toque
sobre o corpo. Assim, essa técnica se baseia na concepção vitalista de saúde e doença,
também presente em outros sistemas terapêuticos, e considera a existência de uma energia
universal canalizada que atua sobre o equilíbrio da energia vital, com o propósito de harmo-
nizar as condições gerais do corpo e da mente de forma integral1.
A terapia Reiki proporciona benefícios no que diz respeito a dor, ansiedade, depressão
e stress, e sua prática tem indicação para desconfortos físicos e psicológicos2.
Spezzia e Spezzia3 relatam que o Reiki pode ser utilizado em casos de insônia, medo,
pânico, e até mesmo em condições que gerem sintomatologia dolorosa. Salientando a impor-
tância da inserção da técnica no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2017 através das Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PICS). Por se tratar de uma técnica de baixo
custo, e grande abrangência populacional, haja visto seus variados benefícios, o Reiki se faz
uma atrativa escolha, pois pode gerar economia para os gastos com os serviços de saúde.
Segundo Coelho et al.4 o sono é um fenômeno indispensável para a sobrevivência, pois
atuará na restauração mental e corporal, assim como tem importante ação no processamento
da memória. Dessa forma para realizar atividades que envolvam raciocínio são necessárias
horas adequadas de sono, fato este intimamente relacionado à rotina de estudantes, con-
tribuindo para manter ou otimizar o desempenho acadêmico/escolar.
Para Galvão et al.5 os indivíduos portadores dos sintomas de insônia relatam maiores
níveis de desequilíbrios nas funções cognitivas, piora da qualidade de vida, além de sin-
tomas como cansaço, depressão e ansiedade. O sono é indispensável para redução dos
índices de problemas psíquicos, pois o sono de má qualidade pode está relacionado a um
maior risco para o primeiro evento depressivo, assim como, com a antecipação da recor-
rência deste quadro4.
Outro fator que possui influência negativa na homeostase corporal é a dor osteomioar-
ticular. Segundo Bourscheidt e Guinoza6, a dor é um sintoma de tamanha importância que
pode ser considerada como o quinto sinal vital, haja vista que esta denota um sinal de alerta
para algo que esteja em desordem.
Mansano-Schlosser e Ceolim7 observaram em sua pesquisa que a dor constituiu im-
portante influenciador para a má qualidade do sono. Elevando, desta forma, a pontuação
no questionário Pittsburgh.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 191


Diante do exposto, observa-se a urgente necessidade de métodos terapêuticos que
possam atuar amenizando, ou debelando, quadros de negativa influência no sono e em sin-
tomas osteomioarticulares que repercutem de forma insatisfatória na homeostase corporal;
sendo o Reiki uma terapia pouco onerosa, não farmacológica, que gera benefícios nos níveis
físico, mental e emocional, e pode favorecer o manejo de problemáticas atuais de saúde em
vários públicos, dentre eles os estudantes.

OBJETIVO

Avaliar a influência da terapia Reiki na qualidade do sono e em sintomas osteomioar-


ticulares em estudantes de uma Instituição Privada de Ensino Superior.

MÉTODOS

Tipo de estudo: Trata-se de um estudo experimental, não randomizado, de análise


quantitativa, demonstrando a relação entre os momentos pré e pós aplicação da Terapia Reiki.
Aspectos éticos e legais: Foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa com
Seres Humanos da Faculdade de Integração do Sertão (FIS) de acordo com o parecer de
número: 3.357.023.
Cenário da pesquisa: Foi realizado nas dependências da Faculdade de Integração
do Sertão (FIS), na Clínica Escola de Fisioterapia (CLINEFIS), localizada no município de
Serra Talhada, no período entre maio e junho de 2019.
Amostra: Os voluntários foram abordados inicialmente para responderem ao ques-
tionário sociodemográfico, elaborado através do estudo de Galvão et al. 5. A amostra foi
constituída por 7 discentes da Faculdade de Integração do Sertão que obedeceram aos
critérios de inclusão.
Critérios de inclusão e exclusão: Ambos os sexos; maiores de 18 anos; relato de
quadro álgico ou disfunções no sono e que estivessem devidamente matriculados em curso
superior somente da área da saúde, pois as rotinas de estudo são mais semelhantes. Já os
critérios de exclusão foram: Discentes com diagnóstico de transtornos psiquiátricos como
esquizofrenia ou outros transtornos cognitivos que possam interferir na coleta de dados ou
no relato de percepção do participante. Foram eliminados aqueles que necessitaram se
ausentar da sessão antes dos 20 minutos e os que faltaram 2 sessões.
Coleta de dados: Para avaliar a qualidade do sono foi utilizado o questionário de
Pittsburgh. Para observar as regiões corporais sintomáticas e a intensidade de quadro álgico
foi utilizado o questionário Nórdico.Após responderem aos instrumentos de avaliação, foi

192 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


realizada a prática da terapia Reiki. Ao todo ocorreram 3 sessões sempre acompanhadas
pela professora orientadora.
Antes da aplicação do Reiki, foi indicado que o paciente ficasse em um ambiente calmo,
ventilado, ou climatizado, por 5 minutos em repouso, com a bexiga vazia, sem ter praticado
exercícios há 1 hora, sem ter ingerido bebida alcoólica, café, alimentos ou fumado 30 minu-
tos antes da aplicação. Após, foi aferida a pressão arterial do paciente sentado, com pernas
descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado, sempre no braço
esquerdo na altura do coração. Será considerada a pressão arterial sistólica a primeira fase
de Korotkoff e como pressão arterial diastólica o quinto som de Korotkoff. Os procedimentos
de aferiçãoseguem as recomendações da VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial8.
Após a aferição da pressão arterial, foi iniciada uma sessão de Reiki, realizada por um
reikiano devidamente sintonizado por um mestre habilitado. Antes do início da aplicação, o
paciente foi orientado sobre os procedimentos da técnica. O reikiano realizou a canalização
através de pontos específicos impondo as mãos a uma distância de até no máximo 10 cm
do ponto, sem toque, por um tempo de 2 minutos em cada posição. Todos os pacientes se
encontravam em decúbito dorsal. Os locais de aplicação, em ordem, foram: 1ª posição na
região anterior da cabeça, 2ª posição nas regiões laterais da cabeça (uma mão em cada
lado), 3ª posição na região ântero-posterior da cabeça (uma mão no osso frontal, a outra
no occipital), essas três sintonizando os chakras coronário e frontal; 4ª posição no pescoço,
sintonizando o chakra laríngeo; 5° área do coração, no chakra cardíaco; 6° linha estomacal,
no chakra do plexo solar; 7° região umbilical, no chakra umbilical; 8° posição na pelve, no
chakra básico; 9° posição nos joelhos e 10° posição nos pés, somando assim, 20 minutos para
cada sessão. Após a aplicação, foi dado um tempo para que o paciente relatasse
alguma percepção, caso fosse do seu desejo, e então, foi realizada a aferição da pressão
arterial nos mesmos moldes da aferida antes do Reiki.
Processamento de dados: Os dados foram tabulados no programa Excel® 2016
para obtenção de média, máxima, mínima, desvio padrão e valores percentuais. O teste
paramétrico t de student de amostras emparelhadas foi realizado através do SPSS 17.0,
sendo considerados significantes estatisticamente os resultados que apresentarem p<0,05.

RESULTADOS

Após a tomada de dados através da aplicação dos questionários mensurados na me-


todologia foram obtidos resultados como os apresentados abaixo (Tabela 1).
Observou-se no presente estudo uma predominância amostral de participantes dis-
centes de cursos da saúde, sexo feminino (85,7%), solteiros (as) (100%), não praticantes
de exercício físico (100%).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 193


Tabela 1. Questionário Sociodemográfico
GE
Variáveis Categoria %
n (07)
Masculino 01 14,2
Sexo
Feminino 06 85,7
Estado Civil Solteiros 07 100

Grau de instrução Ensino superior incompleto 07 100

Etilista 03 42,8
Estilo de vida
Tabagista 00 00
Pratica regular de exercício físico SIM 00 00
NÃO 07 100
Artrite 01 14,2
Ansiedade 02 28,5
Doença instalada e diagnosticada
Psoríase 01 14,2
Nenhuma doença 03 42,8
SIM 00 00
Horário de descanso diurno
NÂO 07 100

Sente-se ansioso em situações comuns do dia- SIM 02 71,4


a-dia NÃO 02 28,5

Amostra n (30)
Média Máxima Mínima Dp
Idade (anos)
19 23 17 4,2

Horas de sono 6,57 10 5 1,7

Distribuição das variáveis mais relevantes, demonstrando o número absoluto (n) e o valor percentual do Grupo Experimental (GE);
além do grau de instrução e a idade em anos da amostra total n (07); Dp – Desvio Padrão.
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

A redução da pressão arterial também foi observada na amostra atual, no qual nos
momentos pré e pós cada sessão de Reiki era realizada uma aferição, encontrando assim,
ao final da primeira sessão, redução estatisticamente significativa na PAS (Pressão Arterial
Sistólica) com p=0,001, PAD (Pressão Arterial Diastólica) com p=0,008, e PAM (Pressão
Arterial Média) com p=0,003.

Gráfico 1. Pressão arterial média pré e pós aplicação de Reiki.

PAM – Pressão Arterial Média.


Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

194 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Dados que reforçam a eficácia da Terapia Reiki na qualidade do sono também foram
encontrados no presente estudo. No que diz respeito ao tempo para conseguir dormir, os
receptores relatavamem média 40 minutos (±30,55) antes da técnica, e 16 minutos (±10,69)
após 3 sessões, obtendo assim, um p=0,03. O gráfico 2demonstra o tempo que cada volun-
tário/receptor levou para dormir antes e após o Reiki.

Gráfico 2. Tempo para conseguir dormir, comparando o antes e após 3 aplicações de Reiki.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

A qualidade subjetiva do sono também foi avaliada, percebendo-se uma melhora neste
item, porém, sem relevância estatística (p=0,08). Antes dos voluntários receberem a técnica
28,57% definiram a qualidade do seu sono como “muito boa”, 42,86% como “boa”, 28,57%
como “ruim”, e nenhum classificou como “muito ruim”. Após as sessões de Reiki 42,86%
definiram como “muito boa”, 57,14% como “boa”, e nenhuma apresentação de “ruim” e “muito
ruim”, como observados no gráfico 4.

Gráfico 3. Qualidade subjetiva do sono após 3 aplicações de Reiki.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 195


A redução da dor também foi verificada no atual estudo, os7 participantes, após rece-
berem 3 sessões de Reiki relataram redução das dores, principalmente em região cervical
com EVA média anterior em 5 (±3,16) e pós Reiki de 2,71 (±2,14) (p=0,075), região dorsal
com EVA média anterior em 3,86 (±3,72) e EVA pós Reiki de 2 (±3,06) (p=0,224) e região
lombar com EVA média anterior em 3,29 (±3,50) e EVA pós Reiki 1 (±1,91) (p=0,187).

Gráfico 4. Média da EVA antes e após 3 aplicações de Reiki.

Fonte: Dados da pesquisa, 2019.

DISCUSSÃO

Nardelliet al9 averiguou em seu trabalho que a maioria dos ingressantes em cursos de
saúde eram jovens (34%), do sexo feminino (89%), solteiras (97,6%), que não praticavam
atividades físicas (35,5), o que corrobora com o presente estudo.
O exercício físico ajuda a promover disparos do início do sono, e promove o estímulo de
mecanismos indutores do sono, que pode ser pela teoria da conservação de energia para a
reparação corporal10. É possível, portanto, que os participantes da presente pesquisa sofram
de algum distúrbios do sono, pelo fato de que 100% da amostra não pratica exercícios físicos.
Uma sessão de Reiki produz aumento significativo nos níveis de imunoglobulina e di-
minuição dos níveis de pressão arterial diastólica11. Outro estudodemonstra que a aplicação
de 20 minutos de Reiki em pacientes com quadro de hipertensão arterial reduz significati-
vamente os níveis pressóricos, sugerindo ser uma técnica complementar para o controle
da hipertensão12.
Desta forma, no que diz respeito a PA, os presentes resultados evidenciam uma impor-
tante eficácia da técnica no primeiro contato com o receptor, e menores resultados nas aplica-
ções subsequentes, embora, também com observações de redução das pressões sistólicas e
diastólicas sem significância estatística após 3 sessões, reportando assim, que o Reiki pode
ser uma técnica eficaz na redução da PAS, PAD e PAM e que talvez se ocorrer a aplicação
de um maior número de sessões essa redução seja percebida também a longo prazo.

196 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Em estudo realizado com 98 pacientes de vários setores de um hospital, observou-se
que oReiki foi relatado como uma experiência positiva para 93% da amostra. Os indivíduos
ainda relataram melhora no relaxamento (86%), na ansiedade (75%), no sono (35%), na
redução da dor (49%), entre outras13.
A literatura é escassa em estudos que observem a eficiência do sono após o uso da
presente terapia holística. Verificou-se baixa significância neste percentual, pois os volun-
tários tinham uma eficiência média de 76,18% antes das aplicações, e aumentaram para
80,24% (p=0,679). Desta maneira, no tangente à qualidade do sono, o Reiki evidenciou, com
significância estatística, apenas a redução no tempo para dormir. Houve também a melhora
nos demais itens (qualidade subjetiva e eficiência do sono), porém com p>0,05.
No trabalho produzido por Bourscheidt e Guinoza6, foram realizadas aplicações de
Reiki em pacientes com diagnóstico de Fibromialgia, e aplicados os questionários SF-36
(qualidade de vida), o questionário sobre o impacto da Fibromialgia (QIF), e a Escala Visual
Analógica da dor (EVA), antes e após 10 sessões de Reiki. Nessa pesquisa foi observado
que os participantes apresentavam uma média de dor (EVA) em 7,9 (±2,0) antes do Reiki,
e passaram a média de 3,3 (±2,6) após o Reiki.
Outra pesquisa avaliou a interferência do Reiki na dor, no estresse e na fadiga em
pacientes internados em um hospital na Turquia. Os indivíduos foram divididos no grupo
experimental, que recebeu o Reiki e o grupo controle, que recebeu somente tratamento
medicamentoso. Foi então percebido que, no que se refere ao estresse, houve redução
no grupo experimental (p<0,001), porém aumentou no grupo controle (p=0,001). Já para a
média do grau da dor observou-se redução no grupo experimental (p<0,0001), e aumento
no grupo controle (p=0,001).
Assim, apesar das diferenças em relação às amostras dos estudos, fica evidente, no-
vamente, que o Reiki reduz estados de estresse e de dor, o que pode interferir na pressão
arterial, e na qualidade do sono, sendo importante dado a ser averiguado.
Outro fator importante é o estímulo parassimpático promovido pelo Reiki onde os
trabalhos avaliados evidenciam a redução dos níveis de estresse e ansiedade. O estímulo
parassimpático promove o estado de relaxamento que pode influenciar positivamente a
redução álgica, e a qualidade do sono 14,15.

CONCLUSÃO

Após análise dos dados colhidos para a realização do presente estudo, pode-se concluir
que a terapia Reiki possui positiva influência, com relevância estatística, na redução do tempo
para conseguir dormir, assim como, na redução de níveis pressóricos em indivíduos não hi-
pertensos, nas abordagens iniciais. Foram observadas também melhoras no que diz respeito

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 197


às dores e qualidade do sono, porém sem relevância estatística. No entanto, a amostra do
presente estudo foi pequena, uma vez que era necessário que os voluntários estivessem a
disposição no mínimo 20 minutos para receber a terapia e retornassem, pois o objetivo do
estudo não era a aplicação de apenas 1 sessão, eram no mínimo de 3 sessões e a rotina
de estudos impossibilitou a assiduidade. Assim, são necessárias novas pesquisas com a
temática, aumentando o número de participantes, com foco também em discentes, além da
quantidade de aplicações para que respostas mais claras e concisas possam ser alcançadas.

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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 199


16
“ Modificações da dinâmica
respiratória em indivíduos
com hemiparesia pósacidente
vascular encefálico

Juliana Loprete Cury


UNIGRAN/MS

Alessandra Rigo Pinheiro


UFGD/MS

Antonio Fernando Brunetto


UEL/PR (in memoriam)

10.37885/201001746
RESUMO

Introdução: O acidente vascular encefálico (AVE) deixa sequelas crônicas como hemi-
paresia ou hemiplegia que comprometem a função motora incluindo os componentes
da biomecânica respiratória. Objetivo: avaliar a função respiratória de pacientes com
sequelas de AVE. Métodos: Foram avaliados 20 indivíduos, sendo 10 hemiparéticos
(GE) e 10 controles saudáveis (GC), pareados quanto ao sexo e idade. Todos foram
testados por MEEN, cirtometria, manuvacuometria e espirometria. Análise estatística pelo
teste t Student e correlação simples de Pearson, com significância p<0,0. Resultados:
verificou-se redução da mobilidade tóraco-abdominal do GE (p<0,05) nosíndices inspira-
ção/expiração e expiração/inspiração. Força muscular respiratória com tendência de ser
menor no GE. A espirometria mostrou não houve diferença estatisticamente significativa
entre os grupos para CVF, VEF1, VEF1/CVF%, FEF25-75% e PEF. No entanto a VVM
(l/min) mostrou uma redução significativa no GE. Conclusões: Pode-se considerar que
indivíduos hemiparéticos pós-AVE apresentam alteração da dinâmica respiratória, estando
as manobras estáticas dentro da normalidade.

Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Hemiparesia, Função Pulmonar, Mobilidade


Torácica, Biomecânica Respiratória.
INTRODUÇÃO

O Acidente Vascular Encefálico (AVE), caracterizado por uma perturbação focal da


função cerebral, de origem vascular e início súbito, no qual os sintomas devem persistir por
mais de 24 horas, é um importante problema de saúde pública; encontra-se entre as quatro
principais causas de morte em muitos países, e é responsável por um grande número de
pessoas com seqüelas neurológicas (ROWLAND, 2002). É considerado a terceira causa de
morte em países desenvolvidos, perdendo apenas para doenças cardiovasculares e câncer,
além de ser uma das principais causas de seqüelas permanentes, que promovem incapaci-
dade do indivíduo (DOBKIN, 1995; SACOO, 1995 apud CESÁRIO et al, 2006).
Dentre os distúrbios do movimento encontrados, a hemiparesia é um dos sinais clínicos
mais evidentes da doença (UMPHRED, 2004), podendo ser definida como uma alteração da
motricidade caracterizada por diminuição da força muscular em um hemicorpo (MACHADO,
2005), fato que gera uma posição de assimetria postural, na qual o peso corporal é menos
distribuído sobre o lado hemiparético e transferido para o lado não afetado, comprometendo
assim a capacidade de manter o controle postural, e impedindo a orientação e estabilidade
para realizar movimentos com o tronco e membros (CHAGAS; TAVARES, 2001).
No tronco de um indivíduo, diferentemente dos membros, os músculos dos dois lados
estão vinculados entre si, sendo ao mesmo tempo agonistas e estabilizadores de uma ação,
o que proporciona movimentos seletivos e harmônicos (BACHIR; BARALDI, 2002). Por isso,
a alteração da motricidade em um hemicorpo, além de gerar incapacidade do indivíduo,
promove alterações musculares que comprometem o tronco como um todo, fato que pode
interferir na biomecânica respiratória normal, gerando comprometimento da função pulmonar.
Estudos mostram que mesmo pessoas que possuíam uma função respiratória ex-
tremamente boa, sem história de doenças pulmonares, após um AVE passaram a ter sua
função respiratória prejudicada, apresentando sintomas como dispnéia durante atividades
leves, fato este que dificulta a reabilitação destes pacientes, visto que o comprometimen-
to da função pulmonar contribui para a fadiga (HAAS et al, 1967 apud DAVIES, 1996 e
SANTOS, et al. 2019).
O estudo do tronco na hemiparesia é de extrema importância, visto que a perda de
controle do mesmo tem efeitos de longo alcance, e de certa forma é mais incapacitante do
que o comprometimento da musculatura do braço ou da perna (DAVIES, 1996), no entanto
as intervenções de reabilitação após um AVE dão ênfase à recuperação sensório-motora
do hemicorpo acometido (ROWLAND, 2002), porém pôde-se contatar que esses pacientes
devido à alterações musculares, que modificam a biomecânica normal do tórax, podem
apresentar alterações significativas da função pulmonar, sendo que através do conhecimento

202 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


destas alterações, pode-se acompanhar e mensurar melhor a evolução da função pulmonar
desta população, na tentativa de direcionar melhor seu tratamento.
A caixa torácica é uma estrutura importante do tronco, composta por ossos e mús-
culos, que tem como função proteger e suportar órgãos vitais no seu interior, e também,
promover a interação entre ossos torácicos e músculos, de forma a aumentar e diminuir o
volume torácico, fato este que gera diferenças de pressão necessárias para que o ar flua
para dentro e para fora dos pulmões (SCANLAN et al, 2000). Os componentes ósseos da
caixa torácica são as 12 vértebras torácicas posteriormente, os 12 pares de costelas late-
ralmente, e o esterno anteriormente. As costelas ligam as vértebras posteriores ao esterno,
sendo que o espaço intercostal é preenchido por músculos, entre os quais se encontram os
vasos e nervos. A disposição das costelas na caixa torácica faz com que o tórax apresente
seu diâmetro ântero-posterior menor que o diâmetro transverso (PALASTANGA et al, 2000).
Durante a respiração ocorrem alterações no volume da caixa torácica, como conse-
qüência da movimentação do diafragma, das costelas, e do esterno (PALASTANGA et al,
2000). As costelas se alongam durante a inspiração e se encurtam na expiração; o movimento
da segunda a sexta costela faz aumentar o diâmetro ântero-posterior do tórax (movimento
de braço de bomba), enquanto que o movimento da sétima a 10ª costela aumenta os diâ-
metros transversal e ântero-posterior do tórax (movimento de alça de balde), sendo que a
11ª e 12ª costelas servem como ponto de apoio ou de fixação para a musculatura abdominal
(BETLHEM, 2001).
Os músculos respiratórios são músculos esqueléticos que têm a função de bombear o
ar para dentro e para fora dos pulmões de forma coordenada e rítmica. Durante a respiração
normal o diafragma é o principal músculo, o qual é responsável pela inspiração. A expiração
é um processo passivo durante a respiração normal, que ocorre devido à elasticidade do
pulmão (decorrente das forças de tensão superficial nos alvéolos e das forças teciduais) e
da parede torácica, porém quando é necessária uma respiração mais intensa, como durante
exercícios, a expiração passa a ser ativa, sendo ocasionada pela contração dos intercostais
internos e abdominais (IRWIN; TECKLIN, 2003).
A bomba respiratória é constituída pelos músculos respiratórios e pelo tórax. Na ins-
piração o trabalho dos músculos vence a resistência do pulmão, da parede torácica e das
vias aéreas, para que então o ar flua para dentro dos pulmões, sendo a resistência das vias
aéreas alterada por fatores como volume pulmonar (um volume pulmonar reduzido aumenta
a resistência das vias aéreas), retração elástica, diâmetro da vias aéreas (quanto menor o
diâmetro maior a resistência) e, densidade e viscosidade do gás inspirado. Já a expiração
em repouso resulta do recuo elástico dos pulmões (WEST, 1996).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 203


A mecânica ventilatória sofre influência de forças que podem favorecer ou dificultar a
respiração, sendo que a maior parte do trabalho respiratório vem da resistência elástica dos
pulmões e da caixa torácica, a qual também possui propriedades elásticas. A capacidade do
pulmão se distender é denominada complacência, sendo que quanto maior a complacência
maior a capacidade de distensão pulmonar, e menor o trabalho músculos inspiratórios para
distender os pulmões, no entanto, em volumes pulmonares muito elevados (acima de 75%
da capacidade vital), algumas regiões do pulmão já atingiram seu ponto máximo de disten-
são elástica e, conseqüentemente, o pulmão torna-se menos complacente. Já a elasticidade
facilita o retorno dos pulmões à condição de repouso durante a expiração (WEST, 1996).
É importante mencionar que apesar de não ser muito lembrada, a resistência da parede
torácica pode chegar a ser responsável por 30% da resistência total do sistema respirató-
rio. A caixa torácica tende sempre à expansão, exceto em volumes pulmonares superiores a
cerca de 75% da capacidade vital, quando tende também à retração, portanto, assim como
no caso da complacência pulmonar, em volumes extremos a complacência da parede torá-
cica diminui (BETHLEM, 2001).
Afecções que comprometam a parede torácica podem causar disfunção do sistema
respiratório como um todo, visto que apesar de os componentes pulmonar e torácico do
sistema respiratório apresentarem propriedades mecânicas diferentes, ocorre a interação
entre esses compartimentos para que seja alcançada uma mecânica pulmonar fisiológica
(BETLHEM, 2001).
Os vários músculos que contribuem para o movimento de gás para dentro e para fora
dos pulmões podem ser divididos em músculos respiratórios inspiratórios ou expiratórios, e
ainda entre estes temos os músculos primários e acessórios da respiração (SCANLAN et al,
2000), entretanto, deve-se levar em consideração que, qualquer músculo inserido na caixa
torácica é capaz de influir na mecânica respiratória em algum grau (KENDALL et al, 1995).
Deve-se considerar que as musculaturas, diafragmática e abdominal, trabalham de
maneira antagonista-sinérgica, visto que seu tônus evolui de maneira inversa, ou seja, en-
quanto na inspiração a tensão do diafragma aumenta, o tônus dos músculos abdominais
diminui, sendo que na expiração ocorre o inverso (KAPANDJI, 2000).
O tônus dos músculos abdominais, impede que as vísceras abdominais, que são em-
purradas para baixo e para frente durante a contração diafragmática, se salientem, fato que
irá assessorar a contração diafragmática, e por conseqüência a inspiração (PALASTANGA
et al, 2000), além de que, a contração da musculatura abdominal no final da expiração au-
menta tanto o comprimento quanto o raio da curvatura do diafragma, aumentando a pressão
transdiafragmática, promovendo uma maior tensão contrátil do músculo, fato que também
contribuirá com a inspiração, por isso, a imobilidade ou rigidez da parede abdominal pode

204 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


interferir na descida diafragmática durante a inspiração gerando uma menor eficiência mus-
cular respiratória (SCANLAN et al, 2000).
As forças mecânicas que atuam na caixa torácica dependem da interação entre gradil
costal e cavidade abdominal. Embora estes compartimentos apresentem-se separados
externamente, internamente eles se sobrepõem ao nível das últimas costelas, formando
a zona de sobreposição do diafragma, a qual depende do volume pulmonar, sendo maior
na expiração quando o diafragma se eleva, e menor quando ocorre aumento do volume
pulmonar, desaparecendo virtualmente em volumes pulmonares próximos à CPT. Portanto,
ao analisar a ação muscular respiratória, deve-se considerar o compartimento torácico e
abdominal, os quais se encontram anatômico e funcionalmente integrados (MAcKLEM, 1981
apud NEDER; NERY, 2003).
Os movimentos do tórax humano estão relacionados primariamente com a respiração,
sendo que a análise desses movimentos nos permite relacioná-los aos movimentos respi-
ratórios, que são objetos de estudo de processos biomecânicos, fisiológicos, clínicos, entre
outros (YOSHIZAKI, 2003).
Durante a ventilação ocorre uma complexa interação entre os músculos respiratórios, a
caixa torácica e o abdome, que dependem da força, resistência e eficiência destes músculos,
sendo que as propriedades da caixa torácica modificam a ação dos músculos, e o abdome
influencia a ventilação por meio da transmissão da pressão do conteúdo abdominal até o
tórax (CARVALHO, 2005). Por isso, a entrada de ar nos pulmões depende da integridade
dos músculos respiratórios, principalmente do diafragma, do parênquima pulmonar e da
parede torácica (FROWNFELTER; DEAN, 2004).
A respiração é um processo natural que usa a contração muscular para criar um gra-
diente de pressão, sendo que a inspiração ocorre quando a pressão alveolar diminui, ou seja,
torna-se inferior à pressão atmosférica; já a expiração irá ocorrer quando a pressão alveolar
excede a pressão atmosférica (SILVERTHORN, 2017), sendo que, ao final da expiração, o
sistema respiratório está em repouso, ao nível da CRF, neste ponto a força de expansão da
caixa torácica é igual em módulo à força de recolhimento elástico dos pulmões, inexistindo flu-
xo, visto que não há diferença entre as pressões, atmosférica e alveolar (CARVALHO, 2005).
Na inspiração, a contração do diafragma e intercostal externo, que deve ser suficiente
para neutralizar as forças elásticas do pulmão bem como as forças resistivas causada pelo
atrito do ar com as vias aéreas, aumenta o volume da caixa torácica, fato que diminui a pres-
são neste compartimento, fazendo com que o ar flua para dentro dos pulmões. A pressão
aumenta até a caixa torácica parar de se expandir, e os músculos inspiratórios pararem de
se contrair. Após isto, a parte elástica que recobre os pulmões, retorna o diafragma e a caixa
torácica às posições iniciais, relaxadas, gerando com isso um aumento na pressão alveolar,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 205


que se torna mais alta que a atmosférica, com isso o ar move-se para fora dos pulmões
(respiração em repouso) (SILVERTHORN, 2017).
Portanto a inspiração ocorre quando o esforço muscular expande o tórax, diminuindo a
pressão pleural e favorecendo o enchimento alveolar, então com o enchimento dos alvéolos, a
pressão alveolar atinge um equilíbrio com a pressão atmosférica (final da inspiração); quando
a expiração começa, o tórax retrai e a pressão pleural começa a aumentar, desinsuflando
o alvéolo, até que a pressão alveolar atinja novamente o nível atmosférico e novo ciclo se
inicie (SCANLAN et al, 2000).
A respiração pode ser realizada de forma involuntária ou voluntária; para isso temos
centros de controle que regulam estas atividades, sendo que a atividade respiratória volun-
tária é controlada por hemisférios cerebrais, enquanto que as atividades involuntárias são
controladas por centros contidos na ponte e medula espinhal (FROWNFELTER; DEAN, 2004).
Sabe-se que a capacidade respiratória ideal necessita de uma postura de equilíbrio
muscular perfeito, sendo assim, o desequilíbrio muscular resultante de retração, fraqueza ou
paralisia pode alterar a respiração normal, sendo que distúrbios neuromusculares e esque-
léticos podem levar a complicações respiratórias (KENDALL et al, 1995), considerando-se o
exposto, pode-se dizer que, indivíduos acometidos por um AVE poderão apresentar alteração
da respiração normal em algum grau.
Pacientes com lesão do neurônio motor superior, como é o caso de pacientes aco-
metidos por um AVE, apresentam um quadro de disfunção motora, que engloba posturas
e padrões de movimentos atípicos, lentidão e coordenação pobre, fraqueza muscular, au-
mento da resistência das articulações à movimentação passiva (hipertonia) e espasticidade
(GIULIANI, 1991 apud VAZ et al, 2006), a qual é caracterizada pelo aumento da resistência ao
movimento passivo, e depende da velocidade do mesmo, estando também associada à exa-
cerbação dos reflexos tendinosos, é uma seqüela bastante comum em indivíduos com lesão
do sistema nervoso central (SNC) (SHARP; BROUWER ,1997; TEIXEIRA et al, 1998 apud
TEIXEIRA-SALMELA et al, 2000), fatores estes que podem vir a gerar deficiência ventilatória
em pacientes pós-AVE, visto que interferem na biomecânica do tórax (SANTOS, et al. 2019).
A espasticidade é comum em pacientes com lesão do neurônio motor superior, varia de
acordo com fatores como a localização, gravidade e o tempo de instalação da lesão, sendo
manifestada por aumento do tônus associado a outros sinais clínicos como aumento dos
reflexos de estiramento e dos reflexos tendinosos profundos, fraqueza e atrofia muscular,
inadequação do recrutamento na geração de força, alterações na elasticidade muscular, entre
outros. Nos membros superiores predomina nos músculos flexores, sendo que o membro
adota uma postura em adução e rotação interna do ombro, flexão do cotovelo, pronação do
punho e flexão dos dedos, enquanto que no membro inferior a espasticidade se sobressai

206 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


nos músculos extensores, com extensão e rotação interna do quadril, extensão do joelho,
com flexão plantar e inversão do pé (TEIVE et al, 1998).
A hipertonia encontrada nos músculos peitorais irá contribuir para que a caixa torácica
seja mantida em uma posição de elevação, fato facilitado pela ineficiência dos músculos
abdominais, que serão incapazes de reter as costelas para baixo, deformando assim a
configuração do tórax, e levando por conseqüência a movimentos anormais da caixa torá-
cica (DAVIES, 1996).
Qualquer portador de sequela neurológica é um indivíduo que pode apresentar altera-
ção na biomecânica respiratória, especialmente os que apresentam alteração do tônus da
musculatura torácica e/ou abdominal (RAMOS; SILVA, 2005).
A presença da espasticidade associada à hemiparesia levam a um padrão de assimetria
postural, além de dificuldade de um controle muscular isolado, o que gera padrões anormais
de movimento (WANG et al, 1998 apud LIMA; MARTINS, 2005), fato que fará com que a
mecânica ventilatória sofra forte influência da hipertonia que acompanha os indivíduos pós
AVE (PIZZOL et al, 2004).

Figura 01 – Tórax de um indivíduo após acidente vascular encefálico, com hemiparesia à direita. (A) Vista anterior; (B)
Vista Posterior.

Fonte: O autor

Deve-se considerar que a respiração pode ser alterada por mudanças na postura,
visto que dos mais de 20 músculos primários e acessórios da respiração, quase todos têm
função postural, por isso alterações posturais, podem restringir a respiração, e provocar uma
redução na complacência da parede torácica (KENDALL, 1995).
A ventilação pulmonar está diretamente relacionada com as curvaturas da coluna verte-
bral (COSTA, 1999). Na Figura 01, onde é possível visualizar o tronco de um indivíduo com
hemiparesia à direita, percebe-se a inclinação lateral do tronco para o lado hemiparético,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 207


fato que irá ocasionar um desarranjo da musculatura da caixa torácica e também uma alte-
ração na biomecânica respiratória, visto que segundo Kapandji (2000), a inflexão lateral da
coluna vertebral, terá repercussões sobre o tórax, onde no lado da concavidade apresenta
uma aproximação de suas costelas, com conseqüente redução dos espaços intercostais,
além de uma descida e retração do tórax, ocorrendo o oposto no lado da convexidade. Com
isso, o movimento do lado espástico/parético seria dificultado.
Segundo Kisner e Colby (1998) a escoliose conduz a desequilíbrios de força e com-
primento musculares no tronco, sendo que a musculatura do lado côncavo apresenta-se
retraída, e músculos do lado convexo da curvatura, alongados, o que caracteriza um pro-
blema de assimetria muscular.
A alteração postural, que leva a alteração da mecânica respiratória, irá ocasionar uma
redução do volume pulmonar, devido ao aumento da rigidez (complacência diminuída), no
entanto, esta restrição da expansão pode ocorrer por ineficiência dos músculos inspiratórios,
resultantes da distorção de seus pontos normais de fixação no esqueleto (SBPT, 2002).
Para Scanlan et al (2000), o acometimento que o AVE pode causar sobre o sistema
respiratório depende de quais elementos que controlam a respiração foram lesados, entre-
tanto, lesões no córtex cerebral (localização comum de um AVE), apesar de poderem gerar
efeitos sobre a ventilação, como, hiperventilação discreta, redução dos movimentos da parede
torácica contralateral, diminuição da excursão diafragmática, apnéia do sono, entre outros,
geralmente não produzem alterações significativas na ventilação, porém existem relatos de
AVE’s localizados produzindo alterações profundas no sistema respiratório.
Com a instalação da hemiparesia, que é um distúrbio do movimento que persiste após
a fase aguda, o paciente apresentará dificuldades em movimentar o seu tronco, os músculos
abdominais apresentam uma perda de atividade, sendo que ambos os lados do abdômen
tornam-se comprometidos, visto que a ação eficiente dos músculos de um lado da parede
abdominal depende da fixação do lado oposto, para que os músculos atuem de maneira
eficaz, embora o lado hemiparético seja mais acometido (DAVIES, 1996). Tal fato compro-
mete a expiração ativa e de certa forma a inspiração, visto que os músculos abdominais
além de serem músculos primários da expiração, auxiliam na inspiração ao impedirem que
as vísceras abdominais se salientem durante a contração do diafragma (PALASTANGA
et al, 2000; CARVALHO, 2005).
Davies (1996) relata que após o AVE o paciente terá dificuldades em manter seu con-
trole postural, fato que o levará a adotar uma postura cifótica para evitar cair para trás, tal
postura comprime a caixa torácica reduzindo o volume dos pulmões; por isso nesta postura
ocorrerá uma diminuição da complacência pulmonar (KENDALL et al, 1995), bem como
uma ineficiência dos músculos abdominais, visto que sua origem e inserção encontram-se

208 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


aproximadas (KLEIN-VOGELBACH, 1989 apud DAVIES, 1996). Considerando também que
os movimentos da coluna modificam a mobilidade das costelas, pode-se dizer que quando
a coluna encontra-se em extensão, o ato inspiratório é favorecido, e quando a coluna en-
contra-se em flexão, o ato expiratório é favorecido (BETLHEM, 2001). Tais circunstâncias
podem gerar dificuldades respiratórias, comprometendo assim a participação ativa o paciente
em todo programa de reabilitação.
A musculatura abdominal fraca ou disfuncional, provavelmente será incapaz de gerar
fluxos expiratórios máximos normais, fato que será refletido nas provas de função pulmonar
(SCANLAN et al, 2000).
Alguns estudos avaliaram a atividade motora do tronco de indivíduos com hemiparesia
através da eletromiografia de superfície (EMGs), e contataram que pessoas acometidas por
um AVE apresentam uma diminuição da ativação dos músculos reto abdominal e oblíquo
externo, porém um aumento da ativação dos músculos eretores da espinha (DICKSTEIN et al,
1999; DICKSTEIN et al, 2000; KAFRI; DICKSTEIN, 2005 apud MARCUCCI et al, 2007), fato
que pode gerar alteração nas provas de função pulmonar, visto que os músculos abdominais
são músculos respiratórios.
A monitorização da função pulmonar pode ser realizada com provas específicas que
fornecem ao médico e ao fisioterapeuta dados importantes sobre o estado pulmonar do
paciente (AZEREDO, 2002), podendo ser utilizada para determinar a gravidade, as conse-
qüências funcionais e o progresso de diversas disfunções pulmonares e neuromusculares,
sendo que a avaliação das pressões respiratórias máximas (PRM) e a capacidade vital (CV)
são recursos muito utilizados para este fim (GIBSON, 2002 apud FIORE JUNIOR, 2004).
Segundo Scanlan et al (2000), a complacência torácica e pulmonar encontram-se
diminuídas no pós-AVE, fato que provoca uma diminuição da capacidade pulmonar to-
tal e da capacidade vital, resultando em um distúrbio ventilatório restritivo nas provas de
função pulmonar.
Análises do volume pulmonar mostram que o efeito do AVE é refletido na musculatura
respiratória, principalmente nos músculos intercostais (ODA, 1984 apud OGIWARA; OGURA,
2001). A paralisia dos músculos intercostais internos promove uma diminuição na sucção
e capacidade de sopro, além de limitação na caixa torácica, e diminuição na habilidade de
estabilização da mesma (KENDALL et al, 1995).
A pesquisa realizada por Albuquerque e Silva (2006), evidenciou através da espiro-
metria, um decréscimo dos valores da CVF, VEF1, PFE e do índice Tiffenaut, em pacientes
pós-AVE, quando comparados a valores referência. Já Pizzol et al (2004), obteve resul-
tados normais de espirometria pós-AVE, em 72,7% da sua população, porém os valores
das pressões respiratórias máximas (PImax e PEmax) apresentaram valores inferiores ao

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 209


normal, resultado este confirmado no estudo de Inácio et al (2004), onde pode-se constatar
que indivíduos hemiparéticos apresentaram uma PImax e uma PEmax significativamente
menores quando comparados à idosos assintomáticos, resultados que sugerem fraqueza
da musculatura respiratória.
Após um AVE, durante uma respiração sustentada de hemiplégicos, a excursão do
hemitórax superior paralisado pode diminuir em até 15% quando comparado ao lado sadio,
enquanto que a excursão do hemitórax inferior permanece inalterada. Já durante uma respi-
ração profunda voluntária a excursão do hemitórax superior decresce em 15% e do inferior
em 10%, porém durante um suspiro, a excursão do hemitórax paralisado permanece simé-
trica (AKASHI, 1973 apud OGIWARA; OGURA, 2001), tais dados sugerem uma alteração
na expansibilidade torácica desta população.
Considerando-se que a incidência de AVE aumenta com a idade, deve-se considerar tal
fator quando se analisa esta população, mesmo porque o número de idosos vem crescendo
amplamente no Brasil nas últimas décadas (PASSARELLI, 1997), e com este envelhecimen-
to populacional brasileiro, estima-se que a prevalência de AVE aumente nesta população
(TEIXEIRA-SALMELA et al 2000), por isso ao discutir-se AVE deve-se levar em consideração
as alterações que ocorrem no organismo devido ao envelhecimento.
O sistema muscular é um dos sistemas acometido por intensas modificações em decor-
rência do envelhecimento, onde ocorre substituição de tecido muscular por gorduroso, fato
que associado a inatividade leva a redução da massa, da força, e da potência da musculatura
esquelética, e por conseqüência a um menor endurance muscular (GORZONI; RUSSO, 2006).
O sistema respiratório, do mesmo modo que o muscular sofre alterações anatômicas e
funcionais inerentes ao processo normal e natural do envelhecimento, no entanto a freqüente
associação com outras enfermidades, principalmente as de caráter crônico-degenerativas,
aumenta o comprometimento da função pulmonar no idoso. Ocorrem alterações estruturais
da caixa torácica, que se torna mais rígida pela calcificação das cartilagens costais e alte-
ração das articulações costovertebrais, fato este que gera uma diminuição da complacência
torácica no idoso, além de maior participação do diafragma e dos músculos abdominais
e menor dos músculos torácicos na respiração; ocorre também um aumento do diâmetro
ântero-posterior do tórax, o que provoca um aumento no volume residual e conseqüente
diminuição na capacidade vital; o aumento da cifose torácica associada à atrofia da mus-
culatura intercostal contribuem para a ineficiência da respiração. Nos pulmões podemos
citar a diminuição da elasticidade do tecido pulmonar e o colapso de pequenas estruturas
pulmonares, fato que aumenta a resistência ao fluxo aéreo, e por conseqüência o trabalho
respiratório. Já nos músculos respiratórios podemos citar diminuição do tamanho e do número

210 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


de fibras musculares, e substituição de tecido muscular por adiposo, o que provocará uma
perda de força muscular (GORZONI; RUSSO, 2006).
As modificações estruturais mencionadas levam a alterações na biomecânica respirató-
ria e, conseqüentemente, dos volumes e capacidades pulmonares, entre elas diminuição da
capacidade vital (CV), aumento da capacidade residual funcional (CRF) e o volume residual
(VR), enquanto que a capacidade pulmonar total (CPT) e o volume corrente (VC) pouco se
alteram (CHAN; WELSH, 1998; GORZONI; RUSSO, 2006).
Estudos demonstram uma perda de força e resistência dos músculos respiratórios com
processo de envelhecimento, sendo que, qualquer doença que altere a parede torácica, a
força e a resistência da musculatura ventilatória e a área de troca gasosa irá interferir na
respiração (GUCCIONE, 2002).
Sabe-se que as fibras musculares possuem um comprimento ótimo para gerar ten-
são; abaixo ou acima deste comprimento, a tensão gerada com o mesmo gasto energético
é menor. O comprimento ótimo das fibras musculares inspiratórias acontece ao nível da
CRF, com isso em situações de hiperinsuflação pulmonar ou quando os volumes pulmo-
nares estiverem abaixo do normal, haverá um maior gasto energético para gerar a mesma
tensão (CARVALHO, 2005). Por isso é de extrema importância que o trabalho respiratório
seja facilitado, para que se reduza o gasto energético dos músculos respiratórios, de forma
a prevenir quadros de insuficiência respiratória (KENDALL et al, 1995), e diminuir possíveis
desconfortos respiratórios, para que assim ocorra um melhor desempenho do paciente em
suas atividades de reabilitação, considerando que além das alterações provocadas pelo
envelhecimento, os pacientes em questão apresentam também alterações decorrentes de
uma doença crônica, o AVE.

OBJETIVOS

O presente estudo teve como objetivo avaliar a função pulmonar de pacientes acometi-
dos por um AVE, nos aspectos de força dos músculos respiratórios, biomecânica respiratória,
mobilidade tóraco-abdominal, volumes e capacidades pulmonares em indivíduos portadores
de sequelas de AVE.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram avaliados, no período de junho a setembro de 2008, 20 indivíduos entre 46 e 75


anos, que participaram deste estudo pesquisa voluntariamente após assinarem um termo de
consentimento livre e esclarecido, sendo que a pesquisa só foi iniciada após a aprovação
pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da UNIGRAN – protocolo 005/08.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 211


Os sujeitos foram recrutados a partir da lista de pacientes atendidos em uma Clínica
Escola de Fisioterapia do interior do Mato Grosso do Sul. O grupo estudo (GE) foi formado
por 10 indivíduos com diagnóstico clínico de AVE único, há mais de seis meses, enquanto
que fizeram parte do grupo controle (GC) 10 sujeitos livres de sintomas neurológicos, sele-
cionados por conveniência, sendo eles acompanhantes ou pacientes do mesmo estabele-
cimento. Foram incluídos no estudo indivíduos com mais de 18 anos, de ambos os sexos, e
com ausência de distúrbio cognitivo evidenciado por meio do MEEN - Mini Exame do Estado
Mental (BRUCKI et al, 2003), sendo excluídos indivíduos com doenças pulmonares prévias
e cardíacas, bem como indivíduos com deformidade torácica evidente, ou com IMC acima
de 40kg/m2 (BIRING et al, 1999). Os grupos foram pareados quanto ao sexo e idade.
Todos os sujeitos foram submetidos a um mesmo protocolo de avaliação, para coleta
de informações sobre história da doença (para o GE) e dados pessoais, além de avaliação
da espasticidade, do cognitivo (através do MEEM); após realizaram cirtometria torácica, es-
pirometria e manuvacuometria. Foi utilizado também o Índice de Barthel (MAHONEY et al.,
1965), para verificar a funcionalidade dos indivíduos. Previamente à realização dos testes
os sujeitos receberam a explicação e demonstração de como o teste deveria ser realizado,
sendo os dados coletados pelo mesmo pesquisador, sob comando verbal homogêneo, para
que não ocorressem alterações nos resultados.
A avaliação da espasticidade foi realizada no grupo muscular flexor de cotovelo (sujeito
posicionado em decúbito dorsal), em membro superior, e dos extensores de joelho (indivíduos
posicionados em decúbito ventral, estando os pés para fora da maca de exame), em mem-
bro inferior. Um dos membros do examinador ficou próximo à articulação a ser examinada
de forma a estabilizá-la, estando o outro posicionado distalmente ao membro do paciente,
de forma a realizar a flexão e extensão rápida e constante. Após a avaliação de ambas as
musculaturas foi considerada a pontuação maior para classificar o grau de hipertonia, se-
gundo a escala de Ashworth Modificada (BOHANNON; SMITH, 1987), no entanto deve-se
considerar que esta é uma avaliação subjetiva, pois depende da interpretação do examinador.
O Índice de Barthel avalia atividades relacionadas ao vestuário, nutrição, higiene pessoal
e de transferências, cada item recebem uma pontuação de 0, 5, 10 ou 15 pontos, atingindo
um score total máximo de 100 pontos, sendo utilizado com o objetivo de identificar o grau
de independência nas atividades de vida diária (AVD`s) dos indivíduos.
Na cirtometria o paciente permanecia na posição ortostática, sem roupas que inter-
ferissem na avaliação, sendo então feita a mensuração dos níveis infraxilar, xifoidiano,
basal e umbilical durante manobras de expiração até VR, ou após uma expiração máxima,
e de inspiração até CPT, ou após uma inspiração máxima, sendo que: saíram do repouso
até uma expiração máxima (índice repouso-expiração), da expiração máxima à inspiração

212 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


máxima (índice expiração-inspiração), da inspiração máxima até a expiração máxima (índice
inspiração-expiração), e do repouso até uma inspiração máxima (índice repouso-inspiração)
(KAKISAKI et al 1999 e BRUNETTO, 2009). A mensuração foi realizada com uma fita métrica
padrão, que fornecia os valores em centímetros.
A avaliação da função pulmonar realizada através da espirometria bem como a interpre-
tação dos testes seguiu os critérios estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Pneumologia
e Tisiologia (SBPT, 2002). O aparelho utilizado foi o Espirômetro da marca Pony MicroQuark/
Cosmed, sendo obtidos os seguintes parâmetros: capacidade vital forçada (CVF), volume
expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1), índice de Tiffenau (VEF1/CVF%), fluxo
expiratório forçado 25%-75% (FEF25%-75%), pico de fluxo expiratório (PEF), ventilação
voluntária máxima (VVM), volume corrente (VC) e volume minuto (VM). O teste foi realizado
três vezes, obtendo provas reprodutíveis com variação inferior a 5%, sendo o maior valor
coletado para estudo.
A força muscular respiratória foi avaliada através do Teste de Pressões Respiratórias
Máximas. Foram avaliadas as pressões inspiratória e expiratória máximas (PImax e PEmax,
respectivamente) dos sujeitos, utilizando um manovacuômetro analógico da marca Comercial
Médica, com intervalo operacional de +120 e -120 cmH2O, sendo a escala marcada de
quatro em quatro cmH2O, e precisão de 0,25%. Foram utilizados bocais descartáveis, no
qual havia um pequeno orifício de 2 mm de diâmetro que servia como uma válvula de alí-
vio de pressão da cavidade oral. O teste foi realizado com o indivíduo na posição sentada,
estando o tronco num ângulo de 90º com as coxas, o nariz foi ocluído por uma pinça nasal.
Foram realizadas no máximo cinco manobras, de forma que fossem obtidas três manobras
aceitáveis (sem vazamentos e com duração de pelo menos dois segundos), e entre estas
houvesse pelo menos duas manobras reprodutíveis (com valores que não diferissem entre
si por mais de 10% do valor mais elevado), sendo a de maior valor adotada neste estudo.
Foi concedido ao sujeito, um intervalo de repouso variando entre 30 e 40 segundos, entre
as manobras. A interpretação dos resultados seguiu os valores referência de normalidade
propostos por Neder et al (19) para a população brasileira.
Os resultados estão demonstrados em média (± desvio padrão) apresentados em
gráficos, tabelas ou descritos no texto. A comparação dos resultados entre os grupos foi
realizada por meio do teste t Student, e a correlação entre as variáveis através do teste de
Correlação simples de Pearson. Foi considerado nível de significância p<0,05.

RESULTADOS

Com relação às características da amostra avaliada (Tabela 01), observou-se que a


mesma foi homogênea para os parâmetros idade, peso, altura e IMC. De todos os sujeitos

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 213


avaliados 90% eram do sexo masculino e 10% do sexo feminino. Considerando o tabagismo,
dois indivíduos do GE, e um do GC relataram ser fumantes.

Tabela 01. Caracterização da amostra estudada (média ± desvio padrão).


GE GC p-valor
(n=10) (n=10) (t student)

IDADE (anos) 59,30 ± 8,60 60,2 ± 8,37 0,40

PESO (Kg) 70,30 ± 10,19 74,6 ± 12,06 0,20

ALTURA (cm) 163,50 ± 6,07 167,5 ± 5,27 0,06

IMC (Kg/m2) 26,31 ± 3,27 26,59 ± 3,83 0,43

MEEN 26 ± 3,49 25,9 ± 2,51 0,47

Não houve diferença estatisticamente significativa para nenhuma das variáveis (p > 0,05); GE: grupo estudo; GC: grupo controle;
IMC: índice de massa corpórea; e MEEN: Mini Exame do Estado Mental.

A avaliação da espasticidade no GE mostrou que 60% dos sujeitos apresentaram


grau 1+ na escala de Escala de Ashworth Modificada, caracterizado por um leve aumento
do tônus seguido de resistência mínima em menos da metade da ADM restante, 30% grau
2, onde constata-se aumento marcante do tônus muscular durante a maior parte da ADM,
e 10% grau 1, que expressa aumento do tônus no final da ADM. O GC mostrou um tônus
muscular normal, classificado em grau zero na Escala de Ashworth Modificada. O índice de
Barthel demonstrou uma média de 92,5 ± 7,07 pontos nos indivíduos pós-AVE, demostrando
a independência nas AVD`s dos indivíduos estudados.
A mobilidade tóraco-abdominal mostrou-se significativamente inferior, em vários índices,
entre os indivíduos do GE, quando comparado ao GC (Tabela 02 e Figura 02). Segundo
Kakisaki et al (1999) os valores de normalidade dos índices inspiração/expiração e expi-
ração/inspiração devem ser maior que 4cm na população em geral; no GE esses índices
foram menores que 4cm em todos os níveis avaliados, sendo que o GC obteve valores de
normalidade (ou seja, valores superiores a 4 cm).
A força dos músculos respiratórios (Tabela 03), tanto PImax quanto PEmax, mesmo
dentro dos limites de normalidade, apresenta uma tendência a ser menor nos sujeitos do
GE, no entanto a diferença não foi estatisticamente significativa.

214 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Figura 07 - Mobilidade tóraco-abdominal no índice inspiração/expiração.

7
6
5
4
3
2
1
0
Axilar Xifóide Basal Umbilical

GE GC

* T Student valor de p<0,05.

Os resultados espirométricos mostraram que no GE 90% dos sujeitos obtiveram índices


espirométricos normais (média de 104,33% da CVF predita), enquanto que 10% apresentou
um distúrbio obstrutivo leve, porém sem diminuição da CVF (107,8% da CVF predita). Já entre
o GC, 100% dos indivíduos apresentaram um laudo espirométrico normal (média de 97,89%
da CVF predita). Os resultados espirométricos de CVF, VEF1, VEF1/CVF%, FEF25-75% e
PEF, não apresentaram diferença estatisticamente significativa entre os grupos (Tabela 04),
estando os valores dentro do predito.

Tabela 02. Mobilidade tóraco-abdominal (média ± desvio padrão).

NÍVEIS INDICES GE (n=10) GC (n=10) p-valor

Repouso/Expiração 1,55 ± 0,79 1,90 ± 0,90 0,18

Repouso/Inspiração 1,55 ± 0,92 2,05 ± 1,03 0,13


AXILAR
Expiração/Inspiração 3,1 ± 0,93 3,95 ± 0,83 0,02 *

Inspiração/Expiração 3,30 ± 1,47 4,75 ± 1,53 0,02 *

Repouso/Expiração 1,05 ± 0,55 1,85 ± 0,52 0,001 *

Repouso/Inspiração 2,05 ± 1,06 2,35 ± 1,10 0,27


XIFÓIDEO
Expiração/Inspiração 3,1 ± 0,90 4,25 ± 1,03 0,008 *
Inspiração/Expiração 3,15 ± 1,13 4,30 ± 1,08 0,01 *

Repouso/Expiração 1,40 ± 0,73 2,80 ± 0,63 0,0001 *

Repouso/Inspiração 2,55 ± 1,01 3,15 ± 1,90 0,19


BASAL
Expiração/Inspiração 3,65 ± 1,31 5,95 ± 1,64 0,001 *

Inspiração/Expiração 3,40 ± 1,22 6,20 ± 1,71 0,0002 *

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 215


NÍVEIS INDICES GE (n=10) GC (n=10) p-valor

Repouso/Expiração 1,35 ± 1,41 2,90 ± 1,28 0,009 *

Repouso/Inspiração 0,50 ± 0,52 1,3 ± 1,20 0,03 *


UMBILICAL
Expiração/Inspiração 1,85 ± 1,20 4,0 ± 1,76 0,002 *
Inspiração/Expiração 2,05 ± 1,46 3,85 ± 1,47 0,006 *

* T Student valor de p<0,05.

Tabela 03. Força muscular respiratória (média ± desvio padrão).


GE GC p-valor
(n=10) (n=10) (t student)

PImax (cmH2O) 101,20 ± 22,55 106,80 ± 18,18 0,27

PEmax (cmH2O) 105,60 ± 17,09 114,4 ± 13,75 0,11

PImax (% do predito) 97,12 ± 23,37 105,40 ± 19,74 0,20

PEmax (% do predito) 94,12 ± 18,33 106,05 ± 18,60 0,08

Constatou-se também que os indivíduos do GE apresentaram um VC significativamente


menor quando comparados ao GC (p=0,02) assim como uma maior FR (p=0,03), no entanto
o VM não apresentou diferença significativa entre os grupos, apesar do GE apresentar uma
tendência à diminuição do VM quando comparado aos controles (Tabela 05). Ao correla-
cionar-se o índice inspiração/expiração à nível umbilical com o VC e também com a FR,
contatou-se uma correlação positiva entre a mobilidade e o VC, ou seja, quanto maior a
mobilidade maior o volume corrente; já ao correlacionar a mobilidade com a FR verificou-se
uma correlação negativa, ou seja, quanto menor a mobilidade, maior a FR.

Tabela 04. Avaliação espirométrica (média ± desvio padrão).


GE GC p-valor
(n=10) (n=10) (t student)

CVF (%predito) 104,68 ± 18,33 97,89 ± 6,36 0,19

VEF1 (%predito) 104,76 ± 19,74 97,17 ± 18,66 0,19

VEF1/CVF% (%predito) 100,88 ± 5,66 99,02 ± 4,03 0,20

FEF25-75% (%predito) 100,50 ± 26,26 93,63 ± 29,44 0,29

PEF (litros/segundo) 6,51 ± 2,02 7,49 ± 2,00 0,14

VVM (%predito) 92,72 ± 22,30 96,36 ± 19,37 0,35

VVM (litros/minuto) 94,21 ±± 15,58 112,74 ± 28,45 0,04 *

* T Student valor de p<0,05.

A VVM mostrou-se dentro dos limit es de normalidade (> 80% do predito), com uma
média 92,72% do predito para o GE, e, 96,36% do predito para o GC; no entanto a VVM (l/
min) apresentou-se significativamente diminuída no GE (Figura 03), demonstrando que o
paciente pós-AVE, apresenta um prejuízo na capacidade ventilatória.

216 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Tabela 05. Análise do volume corrente, freqüência respiratória e volume minuto.
GE GC p-valor
(n=10) (n=10) (t student)

VC (litros) 0,42 ± 0,08 0,57 ± 0,20 0,02 *

FR (rpm) 16,88 ± 4,97 13,3 ± 2,99 0,03 *

VM (l/min) 7,15 ± 2,48 7,42 ± 3,18 0,41

* Diferença significativa com valor de p<0,05.

Ao estabelecer correlação entre PImax, PEmax, e índice inspiração/expiração com a


VVM, verifica-se uma correlação positiva, ou seja, quanto maior a força dos músculos res-
piratórios e a mobilidade torácica, maior a VVM.

Figura 03 – Ventilação Voluntária Máxima (l/min).

112,74

115
VVM (litros/minuto)

110
94,21
105
100
95
90
85
80
GE GC

* T Student valor de p<0,05.

A correlação entre o tempo de ocorrência do AVE com a VVM, mostrou que quanto
maior o tempo após o AVE melhor de reserva muscular ventilatória, e o endurance mus-
cular, o que favorece a realização de atividades de grandes esforços com menor predis-
posição a fadiga.

DISCUSSÃO

A homogeneidade da amostra estudada quanto aos parâmetros sexo, idade, peso, altura
e IMC, é relevante para o presente estudo, pois diferenças muito grandes destas variáveis
interferem nos resultados dos testes de função pulmonar.
Segundo Simões et al (20) a idade e o sexo são fatores que influenciam diretamente
a força muscular respiratória, sendo os valores de PImax e PEmax menor nas mulheres
em relação aos homens, ocorrendo também uma redução progressiva e significativa com o
avançar da idade. Sendo a estatura é a variável com maior influência nos valores previstos
para a função pulmonar (SBPT, 2002) tal fato pode interferir nos resultados deste estudo
visto que apesar da média das alturas entre os grupos ser semelhante, os grupos, estudo
e controle, não foram pareados quanto à altura.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 217


Este estudo encontrou diminuição da mobilidade tóraco-abdominal entre os indivíduos
do GE. Segundo Sarmento (2005), a expansibilidade torácica da uma idéia do volume de
ar mobilizado durante a respiração, sendo esta simétrica entre os hemitóraxs, no entanto,
qualquer doença que afete a caixa torácica, sua musculatura, o diafragma, a pleura ou o
pulmão unilateralmente, irá gerar uma assimetria de movimentos ventilatórios, sendo que
independente da estrutura acometida, o hemitórax comprometido move-se menos que o
sadio. Estudos mostram que o movimento do hemitórax plégico torna-se restritivo após
um AVE, ocorrendo diferença significativa da excursão ântero-posterior entre os hemitórax
sadio e afetado (Ogiwara et al., 2001). Tais achados podem ser associados ao encontrado
no presente estudo, pois a restrição do movimento no hemitórax parético provocará uma
alteração na complacência dinâmica da caixa torácica, o que será refletido na cirtometria
através da diminuição de seus valores.
Deve-se considerar ainda que a expansibilidade tóraco-pulmonar poderá estar diminuída
por limitações músculo-esqueléticas do tórax como em uma escoliose (visto que a maioria
dos músculos respiratórios apresenta função postural), bem como por outras condições,
como doenças neuromusculares (Guyton e Hall, 2017 e NEDER et al., 1999).
A inflexão lateral da coluna vertebral, freqüentemente encontrada em indivíduos pós-A-
VE levará a uma aproximação dos arcos costais do lado da concavidade, que é mais evidente
nas costelas inferiores, pois segundo Kapandji (2000) estas são mais móveis, maiores, apre-
sentam um ângulo menor de 90o com as vértebras torácicas (articulação costovertebral), por
isso o movimento de elevação da costela provoca um aumento, principalmente, do diâmetro
transversal do tórax; já as costelas superiores são menores, e possuem uma maior angu-
lação com as vértebras torácicas, o que favorece o aumento do diâmetro ântero-posterior
do tórax; associado a isso os componentes da cintura escapular como escápula, esterno e
clavícula, auxiliam a limitar essa flexão lateral do tronco, na parte superior do tórax. Sendo
assim, a concavidade existente devido à inflexão lateral da coluna vertebral em indivíduos
hemiparéticos é mais fácil de ocorrer na porção inferior do tórax, o que provoca uma limita-
ção do movimento de alça de balde, e menor restrição do movimento de braço de bomba,
ou seja, a mobilidade do tórax inferior torna-se mais restrita, fato este que pode justificar a
diminuição significativa da mobilidade abdominal encontrada neste estudo para todos os
índices a nível umbilical.
O estudo de Ogiwara e Ogura (2001) constatou que durante uma respiração profunda
em indivíduos hemiparéticos (como a realizada para avaliar a mobilidade torácica através
da cirtometria), a excursão do hemitórax superior é maior em relação ao inferior. E Teixeira-
Salmela et al (25), encontrou resultados semelhantes ao estudo anterior, onde indivíduos
pós-AVE possuem uma menor contribuição do abdômen durante a respiração. Assim como

218 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


o estudo de Santos et al, 2019 que mostra que os indivíduos com sequelas de AVE possuem
comprometimento da função de controle de tronco e impacto negativo na função pulmonar.
Deve-se considerar que para promover o movimento inspiratório, os músculos respi-
ratórios dos indivíduos pós-AVE, além de precisarem vencer a resistência fisiológica dos
pulmões e da caixa torácica, encontram uma terceira resistência que necessita ser vencida
para que o ar flua para dentro dos pulmões, a espasticidade, a qual segundo Wang et al,
apud Lima e Martins (2005), gera dificuldade de um controle muscular isolado. No entanto,
a hipertonia encontrada nos músculos peitorais, somado à ineficiência dos músculos ab-
dominais contribuirá para que a caixa torácica seja mantida em uma posição de elevação
(Davies, 1996), fato que resistirá o movimento expiratório. Esse aumento da resistência
imposta aos músculos respiratórios além de dificultar a mobilidade torácica exigirá um maior
gasto energético, o que pode predispões a fadiga muscular.
Estudo realizado por Cardoso e Pereira (2002), que analisou a função respiratória
de indivíduos com Parkinson, os quais apresentam um tônus aumentado, contatou que a
amostra estudada apresentou uma diminuição significativa na mobilidade torácica durante
a respiração, o que gera um aumento do trabalho da musculatura respiratória, sendo que
os padrões posturais em flexão e rigidez da musculatura intercostal encontrada nestes in-
divíduos torna a mobilidade torácica ainda mais limitada.
No presente estudo as pressões respiratórias máximas (PRM) não apresentaram dife-
rença significativa entre os grupos, apresar dos valores no GE terem tendência à diminuição,
resultado que diverge aos de outros estudos (4,11,25,27). Deve-se considerar que o estudo
realizado por Pizzol et al (2004), avaliou indivíduos hemiplégicos, enquanto que o presente
estudo analisou a força dos músculos respiratórios em sujeitos hemiparéticos, fato que pode
acarretar a divergência de resultados. No entanto outros estudos (11,25,27) que avaliaram
indivíduos hemiparéticos, também constataram uma diminuição significativa tanto da PImax
como da PEmax. Deve-se considerar que os hemiplégicos avaliados são ativos (média do
índice de Barthel igual a 92,5 ± 7,07 pontos), e realizam tratamento fisioterapêutico de duas
a três vezes por semana, estando em uma fase de reabilitação mais avançada, o que pode
ter contribuído para a melhora da força dos músculos respiratórios.
Apesar dos valores das pressões respiratórias máximas encontrarem-se dentro dos
limites de normalidade, tanto no GE quantos no GC, deve-se considerar que os indivíduos
hemiparéticos apresentaram uma diminuição da mobilidade torácica, conseqüente a um
desarranjo no equilíbrio dinâmico do tórax, o que gera a uma alteração na relação com-
primento-tensão muscular. Além disso, segundo O’Dwyer et al (1996) o tecido muscular
espástico e parético sofre conseqüências adaptativas. A fraqueza muscular gera uma certa
imobilidade, a qual contribui para a manutenção dos músculos em um mesmo comprimento,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 219


o que associado à postura anormal desta população e da espasticidade, levam à alteração
do comprimento muscular, o que modifica a capacidade de contração muscular, fato este
que pode justificar a tendência à diminuição das PRM entre os indivíduos do GE.
Teoricamente, o encurtamento muscular e limitação dos movimentos voluntários de-
corrente da espasticidade, (FEYS et al 1998 apud TEIXEIRA-SALMELA et al) (29), associa-
do ao padrão de assimetria postural encontrado nos indivíduos pós-AVE promoveria uma
desvantagem mecânica dos músculos comprometidos. No presente estudo observa-se uma
diminuição da força dos músculos respiratórios no GE, no entanto, pode-se considerar que
esta diferença entre GE e GC não tenha sido significativa porque a espasticidade do GE não é
severa, sendo classificada em grau 1+ na escala de Escala de Ashworth Modificada, em 60%
dos sujeitos, no entanto isso só poderia ser afirmado se fosse estudado a função pulmonar
em indivíduos com hipotonia e diferentes graus de hipertonia, de forma a comparar os grupos.
O estudo realizado por Moreno et al (2007) que avaliou o efeito de um programa de
alongamento muscular pelo método de Reeducação postural Global sobre a força muscular
respiratória e a mobilidade tóraco-abdominal de homens jovens sedentários, evidenciou
um aumento significativo de força muscular respiratória e mobilidade tóraco-abdominal , no
grupo estudo, quando comparado à controles. O que mostra que o comprimento muscular
adequado possibilita aos músculos respiratórios, exercerem uma capacidade contrátil mais
eficaz, promovendo assim melhora da mecânica respiratória.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (2002), processos e afec-
ções que interfiram com a ação de fole dos pulmões, da parede torácica, como a escolio-
se, ou dos músculos respiratórios, podem resultar em restrição, onde observa-se volumes
pulmonares reduzidos. Tal fato diverge com os resultados do presente estudo, pois apesar
dos sujeitos do GE apresentarem alteração do tórax e também dos músculos do tronco,
que deveria ocasionar a diminuição dos volumes pulmonares, isso não ocorreu. No entanto
deve-se considerar que a espirometria é uma medida pulmonar estática (18), e consideran-
do que os sujeitos do presente estudo apresentam boa força muscular, por conseqüência
conseguem gerar uma boa manobra.
A pesquisa realizada por Albuquerque e Silva (2007) evidenciou através da espirometria,
um decréscimo dos valores da CVF, VEF1, PFE e do índice Tiffenaut, em pacientes pós-
-AVE, quando comparados a valores referência. Já no estudo de Pizzol et al (2004) 72,7%
dos indivíduos apresentaram valores espirométricos normais, enquanto que apenas 27,3%
apresentaram um distúrbio restritivo, dados que se assemelham aos do presente estudo,
visto que 90% dos indivíduos do GE apresentaram valores espirométricos normais.
No entanto, pode-se dizer que o GE apresenta uma pior dinâmica respiratória, pois
para compensar uma ventilação alveolar deficiente, devido a um volume corrente (VC)

220 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


significativamente diminuído, tais indivíduos necessitam aumentar a freqüência respiratória
(FR) para manter o volume minuto (VM). Fato que diminui a ventilação alveolar e aumenta o
volume de ar perdido no espaço morto anatômico, portanto a eficiência das trocas gasosas
será menor, principalmente em atividades intensas onde é necessário que ocorra um aumento
da ventilação. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2002),
valores anormais da VVM são encontrados em doenças restritivas clinicamente significantes,
sendo possível para indivíduos com doença pulmonar restritiva ter valores para VVM dentro
da faixa normal, pois para compensar a falta de aumento do volume, realizam-se aumentos
significativos na freqüência respiratória.
A VVM é uma manobra dinâmica que exige contrações musculares repetidas, com
movimentos de expansão e retração do tórax de forma rápida e brusca, simulando uma
ventilação em esforço máximo, sendo possível estabelecer uma correlação sobre a resis-
tência da musculatura respiratória e da expansibilidade do conjunto pulmões – caixa torácica
(Neder et al., 1999). Tal fato nos faz considerar que se indivíduos apresentam uma força
muscular dentro dos limites de normalidade, associado a volumes pulmonares normais, como
ocorreu no presente estudo, a diminuição da VVM teve uma maior influencia da alteração
da expansibilidade torácica, que limita a função ventilatória dos indivíduos hemiparéticos.
A fraqueza muscular, refletida pela incapacidade de gerar força muscular em níveis
normais, tem sido reconhecida como fator limitante em pacientes pós-AVE. Nestes indivíduos
as unidades motoras do lado parético são mais fadigáveis, levando a um déficit de resistên-
cia (29), portanto os indivíduos pós-AVE apresentam um menor endurance muscular, o que
também pode ter contribuído para a diminuição da VVM no presente estudo.
O estudo de Albuquerque e Silva (2007) evidenciou uma redução significativa da VVM
em pacientes pós-AVE, que expressa a diminuição de reserva muscular ventilatória, com
falta de endurance, o que aumenta os riscos destes indivíduos desenvolverem fadiga mus-
cular durante grandes esforços. Sezer et al (2004) demonstrou em seu estudo que pacientes
hemiplégicos apresentaram uma redução significativa da tolerância ao exercício.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados deste estudo considera-se que os indivíduos pós-AVE apre-
sentam diminuição da mobilidade toráco-abdominal, sendo esta mais restrita no tórax infe-
rior. A força dos músculos respiratórios – PImax e PEmax, mostrou valores de normalidade
tanto para o GE quanto para o GC, sem diferença significativa entre os grupos, apesar dos
sujeitos do GE apresentarem uma tendência a diminuição da força dos músculos respirató-
rios. Quanto à função pulmonar constatou-se que os indivíduos pós-AVE obtiveram índices

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 221


espirométricos considerados normais. No entanto a VVM (l/min) mostrou-se significativamente
diminuída nos indivíduos pós-AVE.
Portanto, evidenciou-se que indivíduos hemiparéticos apresentam alteração do compo-
nente dinâmico da respiração, fato comprovado com a diminuição significativa da mobilidade
tóraco-abdominal, avaliada através da cirtometria, e também da VVM, ambas manobras
dinâmicas. Enquanto que as manobras estáticas como volumes e capacidade (avaliados
através da espirometria) e força dos músculos respiratórios, não apresentaram diminuição
estatisticamente significativa.
Apesar de estudos já demonstrarem indícios das conseqüências negativas que o AVE
pode vir acarretar sobre a função pulmonar, ainda faltam análises mais concretas e objeti-
vas, de forma que se chegue à um consenso, de forma a proporcionar maior segurança e
qualidade quanto ao atendimento clínico do indivíduo acometido por um AVE.

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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 225


17
“ O papel do fisioterapeuta dentro
da equipe multidisciplinar em
unidades de terapia intensiva

Ana Luiza Nascimento


FMT

Danielle de Aquino Zambom


FMT

Karla Rocha Carvalho Gresik


FMT

10.37885/201001806
RESUMO

Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fornece suporte e tratamento intensivo,


propondo monitorização contínua, vigilância por 24 horas, equipamentos específicos,
além de outras tecnologias voltadas ao diagnóstico e ao curativo. Sob cuidados de uma
equipe multidisciplinar aos pacientes graves, o fisioterapeuta se faz atuante em diversos
estágios do tratamento intensivo, desde a recuperação da condição clínica à prevenção
de outras complicações. Objetivo: Apresentar o papel do fisioterapeuta na Unidade de
Terapia Intensiva, compreendendo possibilidades de atuação frente ao paciente grave.
Métodos: O presente artigo foi realizado através da análise bibliográfica cujas bases de
dados foram SciELO, LILACS, MEDLINE, e capítulos de livros utilizando palavras-chave:
“Unidade de Terapia Intensiva”, “pacientes graves” ,“recursos fisioterápicos”, “fisiotera-
peuta”, “ventilação mecânica”, “reabilitação”. Foram selecionados 30 (trinta) artigos, mas
apenas 12 (doze) preencheram os critérios de inclusão (ser original, estar em língua
portuguesa e inglesa, publicado nos últimos 10 anos), sendo que destes, apenas 5 (cin-
co) artigos foram citados diretamente. Resultados: A imobilidade presente no paciente
criticamente enfermo em leito de UTI torna-o predisposto a mudanças que comprometem
a sua capacidade física e funcional, no qual a cinesioterapia respiratória e motora é de
extrema importância no tratamento deste doente, favorecendo a recuperação da defi-
ciência ou perturbação e prevenção de futuras comorbidades. Conclusão: Em suma, o
fisioterapeuta exerce diversas condutas terapêuticas em diferentes fases do tratamento,
buscando evitar possíveis complicações respiratórias e motoras, garantindo um bom
prognóstico no quadro clínico do paciente e independência funcional até a sua alta.

Palavras-chave: Fisioterapeuta Intensivista, Unidade de Terapia Intensiva, Paciente Grave.


INTRODUÇÃO

Atualmente, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) vêm tendo uma alta demanda
devido a pandemia do COVID-19, pois se trata de uma unidade especializada a pacientes
em estado crítico, logo, fornece suporte e tratamento intensivo, propondo monitorização
contínua, vigilância por 24 horas, equipamentos específicos, além de outras tecnologias
voltadas ao diagnóstico e ao curativo. Vale salientar que os pacientes necessitam de con-
trole rigoroso dos seus parâmetros vitais e assistência contínua e intensiva. A qualidade dos
serviços prestados nas UTIs depende da assistência, da tecnologia de ponta, como também
de agilidade e habilidade no atendimento ao cliente (FRANÇA; et al, 2012).
Sob cuidados de uma equipe multidisciplinar unida por único objetivo que é recuperar
a saúde dos pacientes em estado grave que se encontram no ambiente das UTIs, temos em
sua composição: Médicos Intensivistas, Enfermeiros, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Auxiliar
de Enfermagem, Auxiliar Administrativo, Auxiliar de Higiene Hospitalar, e é nesse cenário
que o fisioterapeuta se faz atuante em diversos estágios do tratamento intensivo, desde a
recuperação da condição clínica à prevenção de outras complicações (FRANÇA; et al, 2012).
O grande desafio do fisioterapeuta em Unidade de Terapia Intensiva é tratar a imobilida-
de e incapacidades funcionais do paciente criticamente enfermo, pois com as complicações
respiratórias, advindas da internação e imobilização no leito, os exercícios respiratórios são
cruciais nos serviços prestados, além de restabelecer outras funções, exigindo do fisiotera-
peuta conhecimentos e habilidades nas áreas cardiopulmonar, musculoesquelética, entre
outras, (FRANÇA; et al, 2012).
A atuação do fisioterapeuta na UTI cada vez mais vem ganhando credibilidade, visibili-
dade, além de apresentar resultados positivos, com foco em um melhor prognóstico e maior
qualidade de vida durante período de internação e após alta hospitalar dos pacientes. Então,
através da autonomia no manuseio do ventilador mecânico e o fortalecimento da parceria
com a equipe multidisciplinar têm-se fatores cruciais dentro dos serviços prestados pelos
profissionais em Fisioterapia (FU, 2018).

OBJETIVO

Apresentar o papel do fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva, compreendendo


possibilidades de atuação frente ao paciente grave.

228 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


MÉTODOS

Este estudo caracterizou-se como sendo de natureza descritiva de revisão bibliográfica


sobre o tema o papel do fisioterapeuta nas unidades de terapia intensiva. Utilizaram-se como
descritores de assunto os termos unidades de terapia intensiva, pacientes graves, recur-
sos fisioterápicos, fisioterapeuta, ventilação mecânica e reabilitação, a partir das bases de
dados SCIELO, LILACS e MEDLINE, além de capítulos de livros. Para escolha dos artigos
definiram-se como critérios de inclusão artigos originais, estar em língua portuguesa e/ou
inglesa, publicados em periódicos nos últimos 10 anos que abordassem a temática proposta.
Com os descritores unidades de terapia intensiva, pacientes graves e ventilação mecâ-
nica, foram obtidas 2 publicações indexadas ao SCIELO, 1 publicação indexada ao LILACS
e 2 publicações indexada ao MEDLINE. Diante dessa pequena amostra obtida optou-se
pelo uso combinatório dos descritores de assuntos. Assim, foram utilizados os descritores
fisioterapeuta e unidades de terapia intensiva e foram encontradas 3 publicações indexadas
ao LILACS, 1 publicação indexada ao SCIELO, e 3 publicações indexada ao MEDLINE.
Já com os descritores reabilitação e unidade de terapia intensiva, foram obtidas 4
publicações no SCIELO e 3 publicações no LILACS. Por fim, combinaram-se unidades de
terapia intensiva e fisioterapeuta, e foram obtidas 5 publicações no LILACS e 4 no SCIELOS.
Mesmo com a combinação de descritores obtivemos 2 ocorrências de publicações na base
de dados MEDLINE.
Foram selecionados 30 (trinta) artigos, mas apenas 12 (doze) preencheram os critérios
de inclusão (ser original, estar em língua portuguesa e inglesa, publicado nos últimos 10
anos), sendo que destes, apenas 5 (cinco) artigos foram citados diretamente.
O fluxograma 1 descreve a organização das bases de pesquisa referente ao total de
30 publicações encontradas para o presente estudo, apenas 12 atendiam aos critérios de
inclusão, sendo que delas, uma publicação repetiu-se no LILACS por 5 vezes, devido às com-
binações entre os descritores de assuntos; portanto, foi considerada apenas uma única vez.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 229


Fluxograma 1. Distribuição dos artigos de acordo com as bases de dados pesquisadas.

RESULTADOS

A imobilidade presente no paciente criticamente enfermo em leito de UTI torna-o pre-


disposto a mudanças que comprometem a sua capacidade física e funcional, no qual a cine-
sioterapia respiratória e motora é de extrema importância no tratamento deste doente, favo-
recendo a recuperação da deficiência ou perturbação e prevenção de futuras comorbidades.
O suporte da ventilação mecânica tem como objetivo oferecer aporte de oxigênio,
favorecendo as trocas gasosas, em condições favoráveis. Além disso, é papel do fisiote-
rapeuta manter as vias aéreas sempre limpas e desobstruídas, de modo que o paciente
retorne o mais rápido possível à respiração espontânea. França et al (2012), demonstraram
as recomendações mínimas, aplicáveis à realidade brasileira, sobre a fisioterapia na unida-
de de tratamento intensivo, onde o fisioterapeuta intensivista possui um papel de extrema
importância, atuando na prevenção e/ou tratamento das disfunções de diversos sistemas,
reduzindo os fatores de riscos, possíveis complicações clínicas e mortalidade.
Afim de traçar um panorama do papel do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar,
foram buscados artigos e feito leitura e seleção dos mesmos, com amostra final eviden-
ciado no quadro 1.

230 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Quadro 1. Distribuição dos artigos segundo autor, ano e metodologia aplicada.

AUTOR ANO METODOLOGIA APLICADA

Revisão da literatura sobre as implicações dos programas


FRANÇA, D. C et al. 2010
de reabilitação pulmonar nas UTI.

Recomendações elaboradas pelo Departamento de


FRANÇA, EET et al. 2012 Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva
Brasileira (AMIB).

Editorial abordando os avanços e atualizações na atuação


FU, C. 2018
do fisioterapeuta, publicado em revista científica da área.

Revisão sistemática da literatura abordando os desfechos


PINHEIRO AR, CHRISTOFOLETTI G. 2012 propiciados pela fisioterapia motora em pacientes críticos
assistidos em UTI.

Revisão Integrativa da literatura acerca da mobilização


PISSOLATO JS, FLECK CS, M.SC. 2018
precoce em pacientes adultos.

Conforme literatura pesquisada, França; et al (2010), revisaram estudos sobre a rea-


bilitação pulmonar na UTI, ressaltando a segurança e boa tolerância nos protocolos de
atendimento uma vez que não foram percebidos efeitos colaterais. Os principais benefícios
identificados foram aumento da deambulação, melhora do desempenho da musculatura
respiratória e esquelética, além de impacto funcional nas atividades de vida diária.
A importância do fisioterapeuta em UTI tem sido cada vez mais difundida e mostra-se
salutar para o prognóstico do paciente. A fisioterapia atua eficazmente na prevenção da
fraqueza muscular, do hipotrofismo, melhorando significativamente a capacidade funcional,
além de beneficiar fisicamente e psicologicamente esses pacientes (PISSOLATO, 2018).
Evidências mostram a importância e eficácia da mobilização precoce em pacientes restritos
ao leito e sob ventilação mecânica, promovendo uma evolução clínica considerável. Ainda
assim alguns profissionais da fisioterapia limitam esses pacientes a beira leito deixando-os
à mercê da inatividade (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).
Em 2012, sob tutela da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), especialis-
tas desenvolveram um documento contendo recomendações para atuação do fisioterapeuta
na UTI, enfocando a prevenção e tratamento de atelectasias, condições respiratórias relacio-
nadas à remoção de secreção e condições relacionadas ao descondicionamento e declínio
funcional. Todas as intervenções abordadas foram de caráter exclusivo do fisioterapeuta no
que tange ao diagnóstico, prescrição e realização (FRANÇA; et al, 2012).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 231


RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fisioterapia ainda não é uma profissão secular, mas pode afirmar que se encontra
num estado de maturidade e firmeza. A consolidação de áreas cada vez mais promissoras,
aliado ao arsenal terapêutico disponível, torna a profissão estrutura elementar no processo
de saúde, onde o profissional fisioterapeuta está fortemente inserido. Ademais, nunca hou-
veram tantas publicações científicas no campo da fisioterapia, evidenciando ainda mais a
importância da profissão.
Diante desse contexto, era de se esperar que dentro da unidade de terapia intensiva,
em conjunto com a equipe formadora de trabalho, o fisioterapeuta fosse também peça funda-
mental e imprescindível. Todos os estudos analisados trouxeram as repercussões do traba-
lho, seja no aspecto motor, cognitivo ou respiratório. O paciente internado na UTI necessita
das ações e intervenções da fisioterapia afim de obter processo curativo, prevenir sequelas
e otimizar o quadro funcional, podendo sair de um período prolongado de internação sem
tantas comorbidades e problemas.
A intervenção fisioterapêutica envolve técnicas de prevenção como posicionamento no
leito, estímulo à independência para atividades funcionais, estímulo à deambulação, e tam-
bém atua na prevenção de complicações respiratórias, assistindo no tratamento de patologia
pulmonar já existente, promovendo uma eficácia no padrão respiratório. A fisioterapia atua
também na prevenção de complicações circulatórias, diminui a dor oriunda da imobilidade,
mantém a força muscular e amplitude de movimentos com exercícios.

CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisioterapia nos pacientes em estado grave nos leitos de UTIs tem exigido cada vez
mais com que o fisioterapeuta execute o seu papel no manejo do paciente crítico, pois ela
é parte integrante da equipe multidisciplinar em unidade de terapia intensiva. Em suma, o
fisioterapeuta exerce diversas condutas terapêuticas em diferentes fases do tratamento,
buscando evitar possíveis complicações respiratórias e motoras, garantindo um bom prog-
nóstico no quadro clínico do paciente e independência funcional até a sua alta.
O estudo apresenta limitações quanto ao número de referências utilizadas, necessitando
de mais tempo para ampliação de estudos, com resultados mais substanciais.

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Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 233


18
“ O programa sesi ginástica e a
promoção da qualidade de vida
dos trabalhadores industriais

Camylla Leite Medeiros

10.37885/201001802
RESUMO

O estilo da vida imposto pela globalização, em um mercado cada vez mais competitivo, é
um dos principais fatores associados ao aparecimento das chamadas “doenças da civili-
zação”, principalmente as doenças cardiovasculares. Alimentação inadequada e falta de
atividades físicas, associadas ao estresse contínuo e a fatores comportamentais de risco,
resultam em inúmeros agravos à saúde comprometendo o bem-estar e a produtividade
no trabalho A grande corrida pela sobrevivência exige do trabalhador mais esforço, em
contrapartida, a tecnologia torna-os cada vez menos ativos. Neste sentido, buscou-se
analisar como o Programa SESI Ginástica na Empresa atua na promoção da qualidade
de vida dos trabalhadores industriais de empresas da cidade de Campina Grande (PB)
e região. Para isso foi aplicado um questionário, extraído do livro Diretrizes de Gestão
SESI Ginástica na Empresa, onde foi avaliado o perfil individual dos trabalhadores das
indústrias envolvidos com o Programa, e após seis meses, este foi reaplicado para ave-
riguar assim a eficácia do método utilizado. Por fim, concluiu-se que após a prática da
ginástica, os colaboradores demonstraram: ânimo, disposição, correções de vícios pos-
turais, integração, melhora na produtividade e benefícios psicossociais como a elevação
da autoestima e motivação.

Palavras-chave: Ginástica Laboral, Qualidade de Vida, Saúde do Trabalhador.


INTRODUÇÃO

O estilo da vida imposto pela globalização, em um mercado cada vez mais competitivo, é
um dos principais fatores associados ao aparecimento das “doenças da civilização”, também
chamadas hipocinéticas, que decorrem da falta de movimento, esforço ou decréscimo de
atividade física (MOTA, 1997), principalmente as doenças cardiovasculares. Isso se deve,
principalmente, às novas rotinas adotadas pela maioria das pessoas, fruto da acelerada indus-
trialização e urbanização. Alimentação inadequada e falta de atividades físicas, associadas
ao estresse contínuo e a fatores comportamentais de risco, resultam em inúmeros agravos à
saúde comprometendo o bem-estar e a produtividade no trabalho, gerando silenciosamente
um quadro preocupante à saúde do trabalhador.
Estudos brasileiros revelam que altos níveis de estresse estão entre os fatores que mais
afetam a saúde do trabalhador. Pesquisas científicas recentes confirmam o papel decisivo
da prática de atividade física regular, independentemente ou em conjunto com outras ca-
racterísticas do comportamento saudável, na prevenção e no controle de diversas doenças
e promoção da saúde e qualidade de vida.
As empresas vêm buscando meios de manter os seus colaboradores saudáveis e con-
sequentemente produtivos, reduzindo assim também custos com afastamentos por doenças
ocupacionais, sendo assim programas de Ginástica Laboral contendo exercícios físicos no
local de trabalho são uma das principais ferramentas utilizadas pelas organizações, e neste
sentido o SESI dispõe de um Programa denominado SESI Ginástica na Empresa (SGE),
cujo objetivo principal é a melhoria na qualidade de vida e a mudança de comportamento
em relação aos hábitos dos trabalhadores.
Conforme França (1997, p. 80), Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é o conjunto das
ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais,
tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições
plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho.
Os Programas de Ginástica Laboral vêm se tornando cada vez mais comuns em orga-
nizações, em virtude de seu baixo custo, comparado aos resultados positivos sobre a saúde
dos funcionários, que vêm sendo relatados por estudiosos do assunto como Mendes e Leite
(2004). A prática desta atividade deve ser realizada, segundo os autores, diariamente no
ambiente de trabalho em um curto período de tempo (15 a 20 minutos) e conter exercícios
específicos, de acordo com as características particulares do público-alvo, considerando,
portanto, suas necessidades, para evitar qualquer agravamento ou surgimento de novas
doenças relacionadas ao trabalho.
O SESI Ginástica na Empresa é um programa de atividades física preventivo, de-
senvolvido de forma coletiva pelo trabalhador, no tempo e local de seu trabalho, que visa

236 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


contribuir para adoção de estilo de vida ativa, a socialização, a melhoria da qualidade de
vida do trabalhador e o fortalecimento da empresa. O Programa é um produto oferecido sob
a forma de serviço que, se configura em uma intervenção ampla, que combina estratégias
informativas e motivacionais, com potencial para melhorar diversos indicadores associados
à saúde e qualidade de vida dos trabalhadores.
A proposta do SESI Ginástica na Empresa, então, vai além das questões relativas à
prevenção de doenças e acidentes no trabalho, abrangendo fatores individuais que interferem
na capacidade de trabalho e na qualidade de vida do trabalhador, ao pressupor que seu estilo
de vida pode ter significativo impacto na dinâmica e nos resultados da empresa. O Programa
utiliza, como principal ferramenta, séries de exercícios físicos, porém não espera que os
trabalhadores melhorem parâmetros de aptidão física. As estratégias do SESI Ginástica na
Empresa são de promoção de saúde, socioeducativa e lúdica, voltadas para a sensibilização
e conscientização para mudanças de hábitos e atitudes.
O trabalho é realizado através da sensibilização e orientação dos trabalhadores para
a importância e o desenvolvimento da prática regular de atividade física para a melhoria da
saúde ocupacional e geral; orientando esses trabalhadores para a importância do lazer, como
fator de melhoria da qualidade de vida; promovendo situações que valorizem as boas rela-
ções no trabalho, tanto as interpessoais entre os trabalhadores quanto as destes com suas
empresas e contribuindo com a empresa no exercício da responsabilidade social corporativa.
O programa é um investimento em saúde, que pode gerar retorno para as empresas,
a médio e longo prazo, inclusive de natureza econômica, na forma de aumento de produti-
vidade, redução de despesas médicas e redução do absenteísmo decorrentes da mudança
de comportamento do trabalhador da indústria para aquisição de hábitos saudáveis e estilo
de vida mais ativo. O retorno financeiro do investimento em ações de saúde é de difícil
mensuração, por isso, é mais importante enfatizar resultados concretos, que podem ser
demonstrados. Estes resultados podem ser mensurados a partir dos benefícios decorrentes
de um ciclo de resultados de mudanças de comportamento, além de controle de frequência;
pesquisa de satisfação; avaliação de impacto e revitalização do perfil individual do funcionário.
Portanto, este estudo propõe-se a fazer uma análise do Programa SESI Ginástica na
empresa como ferramenta de promoção da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores
industriais, descrevendo os resultados obtidos após seis meses de aplicação do Programa
com colaboradores da indústria. Para isso foi aplicado um questionário, extraído do livro
Diretrizes de Gestão SESI Ginástica na Empresa, e avaliado o perfil individual do trabalhador
da indústria envolvido com o programa, averiguando assim a sua eficácia.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 237


OBJETIVO

Analisar o Programa SESI Ginástica na Empresa como ferramenta de promoção da


qualidade de vida dos trabalhadores industriais.

MÉTODOS

A amostra da pesquisa foi composta por 780 funcionários de quatro empresas de mé-
dio (100 a 499 funcionários) porte e duas de pequeno porte (20 a 99 funcionários), estas
atendidas pelo SESI, e mais especificamente pelo Programa SESI Ginástica na Empresa,
situadas nas cidades de Campina Grande, Mogeiro e Ingá no estado da Paraíba. O critério
para definir o porte da empresa foi o adotado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas).

TIPO DE PEQUISA

Efetuou-se uma pesquisa de campo qualitativa aplicando-se dois questionários de


Diagnóstico do Perfil Individual de cada trabalhador, extraído do livro Diretrizes de Gestão
SESI Ginástica na Empresa.

PROCEDIMENTOS

Na primeira fase foi aplicado o primeiro questionário composto de 30 questões divididas


em informações pessoais (questões de 1 a 4), estilo de vida (questões de 5 a 20), ambiente
de trabalho (questões de 21 a 25), interesses pessoais (questões de 26 a 30).
Após seis meses, foi aplicado o segundo questionário composto de 11 questões para
comprovar a eficácia do referido programa, composto por questões referentes às informa-
ções pessoais (1 a 3), satisfação em relação aos serviços de lazer (4 a 9) e resultados do
Programa SESI Ginástica na Empresa (10 e 11).

TRATAMENTO ESTATÍSTICO

Os resultados dos questionários foram tabulados e a partir daí gerados gráficos para
que assim pudéssemos chegar às conclusões sobre o programa analisado.

238 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


RESULTADOS

Os dados coletados nas pesquisas de campo e bibliográficas demonstram os im-


pactos que o programa de ginástica laboral tem causado nos indivíduos das indústrias
vinculadas ao SESI.
O gráfico 1 mostra que a quantidade de funcionários do sexo feminino nas organizações
é maior que a do sexo masculino, correspondendo a 430 (55%) e 350 (45%) colaboradores,
respectivamente.

Gráfico 1. Universo Masculino e Feminino da Pesquisa

O gráfico 2 representa as idades do público entrevistado, onde 53,8% (420) possui até
29 anos de idade, 36,7% (286) possui entre 30 e 39 anos de idade, 7,8% (61) possui entre
40 e 49 anos de idade e 1,8% (13) têm 50 anos ou mais.

Gráfico 2. Idade dos Sujeitos da Pesquisa

Quando questionados sobre o nível de estresse, observamos um número significativo


de pessoas convivendo com o estresse em algum momento (62,3%), e este influenciando na
rotina do dia a dia. Porém 37,7% (294 pessoas), quase dois terços da amostra informaram
que raramente ficam estressados, vivendo muito bem.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 239


Gráfico 3. Nível de Estresse

Sobre a prática de atividades físicas, no gráfico 4, percebe-se que a grande maioria


(43,4%) dos entrevistados não realizam atividade física, mas pretendem realizá-la num fu-
turo próximo, por saberem dos benefícios que a mesma pode trazer para o indivíduo, tanto
pessoalmente quanto para a área profissional.

Gráfico 4. Realidade da Atividade Física

Com relação a afastamentos do trabalho por motivos de saúde, 15,8% (123 pessoas)
da amostra estudada informou algum tipo de afastamento no período de 30 dias anterior à
pesquisa, em contrapartida 84,3% não apresentaram nenhum afastamento pós-aplicação
do Programa de Ginástica do SESI.

240 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Gráfico 5. Afastamento do Trabalho por Motivos de Saúde

Podemos perceber nesta pesquisa através dos gráficos 6 e 7 que a maior parte dos
trabalhadores (49,1%) sofrem ou já sofreram indisposição para realizar tarefas tendo ficado
dias com dores ou desconfortos quando começou a realizá-las e 57,6% passaram pelo me-
nos 1 ou 2 dias com dores ou desconfortos ao realizar as tarefas referentes à sua função,
podendo chegar a mais de 8 dias com sintomas.

Gráfico 6. Indisposição para Realizar Tarefas

Gráfico 7. Números de Dias com Dores ou Desconforto ao Realizar Tarefas

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 241


O gráfico 8 representa a resposta satisfatória que os trabalhadores têm dado ao parti-
cipar dos intervalos de lazer promovidos pelo Programa SESI Ginástica na Empresa visando
momentos de descontração e descanso.

Gráfico 8. Participação nas Atividades de Lazer que o SESI oferece aos Trabalhadores da Empresa

Os gráficos 9 e 10 revelam que além da satisfação com as atividades desenvolvidas pelo


Programa SESI Ginástica na Empresa com um índice de 76,4% de excelência, verificou-se
que 84% dos entrevistados alegaram conseguir perceber os benefícios (físicos, mentais
ou sociais) após a participação no Programa SESI Ginástica na Empresa, enquanto 15%
acham que o programa lhe proporciona benefícios apesar de ainda não os haver sentido e
apenas 1% afirmaram não haver sentido os benefícios da ginástica, não havendo mudança
de hábito após essa prática.

Gráfico 9. Avaliação da Qualidade das Atividades Desenvolvidas pelo Programa SESI Ginástica na Empresa

242 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Gráfico 10. Percepção do Programa SESI Ginástica na Empresa

DISCUSSÃO

A quantidade de funcionários do sexo feminino nas organizações estudadas na pre-


sente pesquisa é maior que a do sexo masculino, conforme demonstrado no gráfico 1. Nos
estudos apontados pelas autoras Leão e Marinho (2003, p. 32) percebemos que há maior
pré- disposição de ocorrências de problemas mentais, sintomas osteomusculares e fadiga
em mulheres quando comparadas aos homens, então nestas empresas a chance de que
estes problemas surjam passam a ser maiores, o que sugere que a empresa deve investir
em prevenção, e o Programa de Ginástica do SESI é uma excelente alternativa no que se
refere a esta questão.
É frequente o depoimento de médicos e profissionais da saúde mais experientes de
que quando as mulheres trabalhavam apenas no seu lar, não havia relatos de casos tão
numerosos de tendinites e nem tão graves.
Ao tratarmos dos dados da pesquisa em relação à idade (gráfico 2), percebemos
que mais de 50% dos funcionários possuem até 29 anos, o que se torna um fator de aler-
ta, pois estudos mostram que os distúrbios osteomusculares acometem profissionais
na faixa de idade produtiva, sendo ainda mais comum dos 27 aos 34 anos. (LOPES &
VILLANACCI NETO, 1994).
Os fatores organizacionais que mais afetam a qualidade de vida, segundo Ballone
(2006), podem ser: sobrecarga de trabalho (o ambiente de trabalho exige muito e com isso
a falta de adaptação); falta de estímulos (neste caso existe o tédio, a sensação de nulida-
de ou solidão, portanto a falta ou escassez de solicitações também proporciona situações
estressoras); ruídos (nas profissões onde o ruído é intenso existe mais estresse); alteração
do sono (atraso nos horários do sono provocados pelo horário de trabalho, viagens, entre

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 243


outros podem levar a insônia e consequentemente ao estresse). Os resultados apresentados
no gráfico 3 revelam a grande parcela de colaboradores que relatam estresse em algum
momento da vida laboral.
O indivíduo submetido ao estresse ocupacional pode deixar de responder adequada-
mente às demandas do trabalho e geralmente se encontra irritável, ansioso e ou deprimido.
Indivíduos crônicos que apresentam altos níveis de estresse ficam vulneráveis ao surgimento
da Síndrome de Burnout (um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intima-
mente ligada à vida profissional). (TAMAYO 1997).
Sobre afastamentos por motivos de saúde (gráfico 5), para Inocente (2005) alguns
sintomas físicos iniciais seriam semelhantes à fase de estresse, como dores de coluna,
costas e pescoço. No Brasil, as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho são a
principal causa de afastamento do trabalho entre os segurados da Previdência Social, com
quase 100 mil casos novos por ano, o que corresponde a 26% do total de benefícios con-
cedidos neste ano pela Previdência Social, como podemos constatar no gráfico 5, devido
à implantação da ginástica, 84,2% dos trabalhadores não se afastaram do trabalho nos 30
dias anteriores à pesquisa.
Podemos perceber nesta pesquisa através dos gráficos 6 e 7 que a maior parte dos
trabalhadores sofrem ou já sofreram indisposição para realizar tarefas tendo ficado dias com
dores ou desconfortos quando começou a realizá-las novamente. Está é a dor muscular de
início tardio (DMIT), que é caracterizada pela sensação de desconforto na musculatura es-
quelética que ocorre algumas horas após a prática da atividade física, principalmente após a
execução de um padrão de movimento diferente daquela ao qual estão acostumados. A dor
muscular tardia não se manifesta até aproximadamente 8 horas após o exercício, aumen-
tando a intensidade nas primeiras 24 horas e alcançando seu máximo de intensidade entre
24 e 72 horas (TRICOLI, 2001). Isso pode ser evitado com a prática contínua de exercícios.
Queremos ressaltar que o SESI é uma empresa que se destaca pela preocupação em
oferecer para seus trabalhadores qualidade de vida profissional de forma que organizam
eventos de lazer visando momentos de descontração e descanso que impreterivelmente vão
refletir na vida profissional deste trabalhador, pois este se sentirá respeitado enquanto ser
humano e consequentemente essa satisfação fará com que seu desempenho melhore e se
sinta motivado para executar as tarefas do dia a dia e o gráfico 8 nos mostra exatamente a
resposta satisfatória que os trabalhadores têm dado ao participar destes eventos.
Os gráficos 9 e 10 revelaram que além da satisfação com as atividades desenvolvidas
pelo Programa SESI Ginástica na Empresa com um índice de 76,4% de excelência, verificou-
se que 84% dos entrevistados alegaram conseguir perceber os benefícios (físicos, mentais
ou sociais) após a participação no Programa SESI Ginástica na Empresa, enquanto 14,8%

244 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


acham que o programa lhe proporciona benefícios apesar de ainda não os haver sentido e
apenas 1,1% afirmaram não haver sentido os benefícios da ginástica, não havendo mudança
de hábito após essa prática.

CONCLUSÃO

Verificou-se que quando a empresa procura proporcionar programas de qualidade de


vida, isso incluindo a Ginástica Laboral, os seus funcionários se tornam mais motivados e
mais produtivos, além de evitar problemas de saúde adquiridos por más posturas e movi-
mentos repetitivos.
Percebe-se também que a ginástica laboral está dando sua contribuição para a qua-
lidade de vida dos funcionários, criando um espaço de quebra no ritmo, na rigidez e na
monotonia do trabalho, de forma que os mesmos percebam que este é um dos poucos
momentos da jornada laboral em que eles podem ser eles mesmos, abrindo mão do auto-
controle, livre dos riscos de acidentes e erros, podendo conversar com os colegas e saindo
de suas posturas automatizadas.
A ginástica laboral se destaca pela fácil implantação, baixo custo, pouco tempo neces-
sário a sua realização e pelos rápidos resultados obtidos. Entendemos que, quanto maior a
preocupação com a qualidade de vida de seus colaboradores, melhor será o retorno para
a empresa. Vale ressaltar, que com o colaborador motivado, maior será o grau de produti-
vidade. A Ginástica Laboral do SESI é um programa que objetiva e estimula a redução do
sedentarismo através da mudança do estilo de vida, conscientizando os trabalhadores sobre
a importância da movimentação natural e correta do corpo, conservação da postura e de
sua saúde, tão estreitamente ligadas à sua performance profissional.
No que expõe a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é um estado de total
bem-estar, tanto físico, quanto mental, quanto social e, a Ginástica Laboral apresenta-se
como mais um instrumento à disposição das empresas cujo objetivo é a prevenção das
doenças ocupacionais e, como elemento contributivo para a melhoria da qualidade de vida
dos trabalhadores. Desta forma conclui-se de que foi uma estratégia eficiente a adoção do
Programa SESI Ginástica na Empresa, por parte das organizações, produzindo dessa forma
um melhor clima organizacional, além de melhorar, também, a cultura prevencionista em
relação às doenças ocupacionais.

REFERÊNCIAS
1. BALLONE G.J. Estresse e trabalho. Disponível em: www.psiqweb.med.br. Acesso em: 19
dez. 2013.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 245


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políticas públicas de saúde. Promoção da Saúde. v. 30, p. 31-36, 2003.

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Cirurgião-Dentista. Revista da APCD, v. 48, n. 6, p. 1545-1552, nov./dez. 1994

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Manole, 2004.

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1997.

7. SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA – SESI. Ginástica na empresa. Caderno Técnico- Didá-


tico. SESI, 2006.

8. Serviço Social da Indústria. Departamento Nacional. Diretrizes Técnicas e de Gestão SESI


Lazer Ativo. Caderno 2: Macroprocesso Sensibilização Estadual. Brasília: SESI/DN, 2007.

9. TAMAYO, M. R. (1997). Relação entre a síndrome do Burnout e os valores organizacionais


no pessoal de enfermagem de dois hospitais públicos. Dissertação de mestrado não-pu-
blicada, Universidade de Brasília, Brasília.

10. TRICOLI, Valmor. Mecanismos envolvidos na etiologia da dor muscular tardia. Revista Bra-
sileira de Ciência e Movimento, v. 9, n. 2, p. 39-44, abril, 2001.

246 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


19
“ Percepção de pacientes com
artralgia pós - arboviroses acerca
do tratamento fisioterapêutico:
relato de dois casos

Pamela Maria de Lima Tenório


UFPA

Izabela Cristina Nogueira Mesquita


UFPA

Abner Vinícius Rolim de Oliveira


UFPA

Mylena Cristina Ever de Almeida


UFPA

Suellen Alessandra Soares de Moraes


UFPA

10.37885/201001811
RESUMO

Objetivo: Verificar as percepções de duas pacientes com artralgia pós-infecção por ar-
boviroses acerca do atendimento fisioterapêutico ofertado em um projeto de extensão.
Método: Foram analisadas as fichas de avaliação e evolução das pacientes, onde foi
mensurado o quadro álgico através da Escala Visual Analógica de Dor (EVA) e aplicado
o questionário de qualidade de vida SF-36. Além disso, foi elaborada uma entrevis-
ta retrospectiva semiestruturada com ambas as pacientes. Como condutas terapêuti-
cas, foram utilizadas eletrotermoterapia, cinesioterapia e terapia manual. Resultados:
Observou-se que, após o tratamento fisioterapêutico, houve diminuição na intensidade
da dor e aumento da qualidade de vida em ambas as pacientes. Segundo o relato das
voluntárias, o tratamento foi positivo por possibilitar melhora na capacidade funcional
e maior participação em atividades sociais e de vida diária. Conclusão: O tratamento
fisioterapêutico proporcionou redução da dor e aumento da qualidade de vida, sendo
positivo, na percepção das pacientes, por contribuir com melhora da capacidade funcional
e aumento na frequência de realização de atividades diárias e sociais.

Palavras- chave: Infecção Pelo Zika Virus, Febre de Chikungunya, Artrite Infecciosa,
Artralgia, Fisioterapia.
INTRODUÇÃO

As arboviroses têm se destacado como um importante problema de saúde pública


no país (1). A transmissão dos vírus Zika (ZIKV), Dengue (DENV) e Chikungunya (CHIKV)
ocorre através do mosquito Aedes aegypti. Uma dificuldade encontrada é o diagnóstico clí-
nico dessas doenças devido à sobreposição de seus sinais e sintomas, os quais podem ser
confundidos e dificultar a notificação específica, além disso, podem ser assintomáticas (2).
Apesar de a maioria das infecções não resultar em grandes complicações, apresentan-
do basicamente febre, cefaleia, mal estar, edema e dores articulares, evidências mostram a
associação dessas doenças com complicações mais debilitantes, tais como: artralgia persis-
tente no caso do CHIKV (3); dengue hemorrágica no DENV (4) e; microcefalia, artrogripose,
síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa, meningite no ZIKV (5–6).
A artralgia refere-se a dor em uma ou mais articulações do corpo, sendo a artrite in-
fecciosa uma das possíveis causas dessa dor. Esse tipo de artrite é de baixa incidência no
cenário mundial e é causada por infecção por vírus, bactérias ou fungos. Seu diagnóstico
precoce possibilita um tratamento bem elaborado e efetivo, o que permite ao paciente melhor
movimento das articulações afetadas auxiliando contra a rigidez permanente (7,8).

OBJETIVO

Verificar as percepções de duas pacientes com artralgia pós-infecção por arboviroses


acerca do atendimento fisioterapêutico ofertado em um projeto de extensão da Universidade
Federal do Pará (UFPA).

MÉTODOS

O estudo foi realizado com duas pacientes participantes do projeto de extensão intitulado
“Mapeamento de bairros endêmicos para Zika, Dengue e Chikungunya na cidade de Belém:
prevenção, acompanhamento e reabilitação de pacientes com sequelas” da Universidade
Federal do Pará (UFPA).
Foi feita caracterização das pacientes através da revisão de suas fichas de avalia-
ção e foram observadas as condutas terapêuticas realizadas, através das fichas de evolu-
ção. A Escala Visual Analógica de Dor (EVA) foi realizada na avaliação e sempre no início
e final de cada sessão pelos participantes do projeto, sendo considerado: 0, sem dor; 1 a 2,
dor leve; 3 a 7, dor moderada e; 8 a 10, dor severa. Para mensurar a qualidade de vida, foi
utilizado o questionário Medical Outcomes Short-Form Health Survey (SF-36), onde foi feita
a média entre os 8 domínios do questionário para se obter um escore geral.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 249


Após isso, as pacientes foram submetidas à entrevista retrospectiva semiestruturada
composta por seis perguntas, que se referiam ao tratamento ofertado pelo projeto. Tais per-
guntas abordavam sobre suas opiniões acerca do tratamento fisioterapêutico, sugestões,
atividades de vida diária, atividades de lazer e dor.
As entrevistas foram individuais. Após a apresentação dos objetivos da entrevista para
a paciente, a entrevistadora colocava a questão geral: “Como você considera o atendimento
fisioterapêutico: péssimo, ruim, regular, bom ou excelente? Por quê?”. Após isso, as demais
perguntas foram sendo colocadas sempre de maneira aberta, de modo a esclarecer e apro-
fundar a visão da paciente, quando necessário, sobre a experiência com o atendimento.
As entrevistas foram gravadas em aplicativo de celular sendo, posteriormente, trans-
critas e analisadas pelos autores. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Instituto de Ciências da Saúde da UFPA, sob o parecer 1.593.170.

RESULTADOS

O único acometimento apresentado pelas pacientes foi a artralgia em extremidades,


associada a edema, mialgia e rigidez articular. As condutas adotadas no tratamento foram:
mobilizações articulares, treino de coordenação motora, analgesia e exercícios ativos e
passivos de alongamento e fortalecimento muscular.
Mediante os valores da EVA e qualidade de vida é possível sugerir que o tratamento
fisioterapêutico foi benéfico a essas pacientes. Vale enfatizar que a intensidade da dor redu-
ziu a 0 na paciente A após 14 sessões e, na paciente B, após 3 sessões. A caracterização
completa é apresentada na Tabela 1.

Tabela 1. Caracterização das pacientes

Variável Paciente A Paciente B


Idade 47 58
Gênero Feminino Feminino
Tipo de infecção vírus Chikungunya vírus Zika e vírus Chikungunya
Acometimento Artralgia no tornozelo Artralgia no punho
Sinais e Sintomas Dor, edema e rigidez Dor, edema e rigidez
Conduta Eletrotermoterapia e cinesioterapia Eletrotermoterapia e cinesioterapia
Número de sessões 32 19
EVA Inicial 9 5
Final 0 0
Sessão EVA 0 (n) 14 3
SF-36 Inicial 20 65,4
Final 85,1 91

Fonte: dados das fichas de avaliação e evolução usadas no projeto

250 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Vale ressaltar que a paciente que apresentou mais de uma infecção, adquiriu-as em
momentos distintos.
No que tange à percepção das pacientes acerca do tratamento, foram destacados
alguns trechos das entrevistas:

[...] não conseguia lavar, coisas básicas, varrer. Agora eu consigo um pouco
moderado, lavar, varrer, numa extensão menor [...] trouxe de volta a minha
rotina diária, então ficou melhor pra mim, pra eu me movimentar sem depender
de alguém [...]. Antes, participava de atividade religiosa e hidroginástica. Com
a complicação não conseguia frequentar mais. Depois da fisioterapia, voltei,
a minha frequência aumentou. (Paciente A)

Eu sentia (dificuldade) quando ia pegar qualquer coisa, às vezes sentia muita


dificuldade de fechar a minha mão devido às dores que eu sentia e agora já
consigo bem melhor. Não tinha muitas atividades assim, mas fazia caminhada
e continuo fazendo só a caminhada. (Paciente B)

Quando questionadas acerca da qualidade do atendimento proporcionado pelo projeto


e suas considerações:

Excelente, porque eu cheguei aqui e não conseguia nem me movimentar


direito. Depois, com o tratamento, eu já senti uma melhora imediata. Eu acho
muito importante (o atendimento ofertado pelo projeto), porque a comunidade
ela já tem tão poucos recursos [...] e esse trabalho vem auxiliar muito as pes-
soas. Por exemplo, no meu caso, talvez, se eu não tivesse conhecido isso, eu
não ia estar melhor, porque eu não ia ter recurso pra pagar um fisioterapeuta.
Então, esse trabalho é realmente bem importante colocar e traz experiências
pro aluno praticar o que está estudando [...]. (Paciente A)

É bom [...]. Nos dão atenção e melhora nossas condições físicas, nos sentimos
seguras. A partir do atendimento, eu procurei melhorar, aprendi com vocês
(alunos do projeto) como fazer para ter melhora e vocês dão um suporte melhor
pra gente. Devido à fisioterapia de vocês nós estamos conseguindo resgatar
os nossos movimentos. (Paciente B)

No que tange à percepção das pacientes acerca do tratamento, ambas relataram me-
lhora no quadro álgico, confirmando os achados da EVA, no tornozelo e punho. Em decor-
rência disso, afirmaram conseguir realizar com mais eficiência e frequência suas atividades
de vida diária e sociais.

DISCUSSÃO

Tais resultados corroboram com o que já está descrito na literatura que o quadro clí-
nico da artrite infecciosa inclui dor, edema e limitação dos movimentos, sendo fundamental

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 251


uma intervenção precoce de modo a evitar a destruição permanente das articulações
afetadas (9, 10).
Ambas as pacientes possuíam diagnóstico de Febre de Chikungunya (CHIKF). Essa
doença pode ser debilitante devido à dores musculoesqueléticas que proporciona, ocasio-
nando grande impacto na saúde física dos indivíduos, afetando também o aspecto emocional
e a qualidade de vida (11, 12).
De acordo com os valores da EVA, antes do tratamento, as pacientes A e B apresen-
tavam dor severa e moderada, respectivamente. Enquanto que, após o tratamento, ambas
estavam sem dor. Além disso, segundo os relatos, antes do tratamento, a paciente A não
conseguia mais realizar suas atividades diárias e sociais, enquanto a paciente B realizava
com dificuldade e, após, ambas estão retomando seus afazeres.
Allami e colaboradores (13), em seu estudo, relacionaram a incapacidade de realizar
as atividades de vida diária e as atividades instrumentais de vida diária como preditores de
baixa qualidade de vida. Isso pode justificar o aumento no escore do SF-36 das voluntárias
do presente estudo, uma vez que relataram melhora na execução de suas tarefas rotineiras
e independência após o tratamento fisioterapêutico.
Basset (14) afirma que o nível de adesão do paciente ao tratamento fisioterapêutico é
considerado responsável por parte de sua eficácia. Segundo Gusmão e Mion-Jr (15), vários
fatores influenciam na adesão do paciente. Dentre eles, incluem-se o custo, acesso ao ser-
viço e relacionamento com a equipe de saúde. Tais fatores encontram-se nos relatos das
pacientes como pontos positivos do tratamento ofertado no projeto de extensão, haja vista
que: uma afirma achar importante, pois não teria acesso a tratamento caso o projeto não o
ofertasse gratuitamente; e a outra afirma sentir segurança pela melhora com o tratamento
e atenção que a equipe lhe fornece.
Em contrapartida, é válido ressaltar que são necessários estudos mais abrangentes
relacionando artralgia pós infecção por arboviroses, reabilitação e fisioterapia, visto que,
uma limitação importante do estudo foi o baixo número de participantes e a impossibilidade
de realizar análise estatística dos dados.

CONCLUSÃO

De acordo com o estudo, o acompanhamento fisioterapêutico proporcionou a dimi-


nuição na intensidade da dor e aumento da qualidade de vida das pacientes com artralgia
pós-infecção por arboviroses. Além disso, notou-se que as pacientes têm uma visão positiva
acerca do atendimento, pois o mesmo proporcionou melhora na execução das atividades
diárias e maior participação em atividades sociais.

252 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


REFERÊNCIAS
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254 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


20
“ Protocolo de exercícios para
pacientes com câncer de mama
em tratamento oncológico

Érika Kinosita Jacobucci

Mayara Laís de Sousa Nunes

Emília Cardoso Martinez

10.37885/201001799
RESUMO

Objetivo: Propor protocolo de exercícios que promova melhora na qualidade de vida de


pacientes em tratamento adjuvante. Método: Levantamento bibliográfico relacionando
câncer de mama com fisioterapia e exercícios, de publicações de janeiro de 2000 a se-
tembro de 2017, nas plataformas Scielo, PubMed, Lilacs e Pedro. Resultados: Exercício
de resistência pode aumentar número e atividade de células NK periféricas em indivíduos
com peso normal, exercício aeróbio aumenta NK 35% mais em mulheres, classificando
HIIT como uma estratégia de alto potencial terapêutico. O método Pilates tem sido defen-
dido para reabilitação de sobreviventes de câncer devido aos benefícios em condições
relacionadas à saúde. Propomos protocolo de exercícios para pacientes de Câncer de
Mama. Conclusão: Protocolo de exercícios simples de ser aplicado e praticado parece
ser uma ferramenta de grande valia para manutenção do estado físico geral e da quali-
dade de vida em pacientes em tratamento do Câncer de Mama.

Palavras-chave: Câncer de Mama, Fisioterapia, Exercício.


INTRODUÇÃO

O Câncer de Mama é o tipo de câncer mais comum nas mulheres no mundo e no


Brasil, respondendo por cerca de 20% dos casos a cada ano. Estima-se um número de 11
milhões de sobreviventes de câncer em 2020, número que representa um aumento de 42%
em apenas 10 anos (2010 a 2020) (ICESP 2017 ; PARRY C, et al. 2011).
Tratamentos anticâncer promovem vários efeitos colaterais críticos, podendo afetar ou
impossibilitar os pacientes em suas atividades da vida diária ( MAYER, E. 2013 ).
A radioterapia pode causar danos como a diminuição da mobilidade articular e, em
longo prazo, alterações posturais. (CASLA, S. et al 2014)
A fadiga relacionada ao câncer é um sintoma de grande impacto em sobreviventes de
câncer de mama, gerando stress, problemas de sono e levando o indivíduo à inatividade e
consequentemente a um descondicionamento físico e desequilíbrio emocional.
Durante muitos anos, pacientes com câncer de mama, eram orientados a permanece-
rem em repouso, sem carregar peso ou exercícios repetitivos sendo também proibidas as
tarefas domésticas. Hoje, felizmente esse quadro mudou e a atividade física é fortemente
recomendada, porém, ainda não é uma realidade em todos os serviços e entre todos os
profissionais de saúde deste país.
Inúmeros estudos mostram os benefícios que a atividade física pode trazer em qual-
quer momento do tratamento e, inclusive suas adaptações de acordo com os efeitos que
cada um pode gerar, desde o estado físico até as condições psicológicas, emocionais e
sociais. Limitações, necessidades específicas, níveis de dor e segurança individuais devem
ser respeitados. Daí, a importância da realização de avaliação fisioterapêutica em diversos
momentos do tratamento desde o diagnóstico até o final do tratamento, pois o modo, a in-
tensidade, frequência e outros parâmetros relacionados ao exercício devem ser monitorados
e modificados pelo fisioterapeuta sempre que necessário (MARX, A.; FIGUEIRA, P 2017).

OBJETIVO

Propor um protocolo de exercícios que promova a melhora na qualidade de vida de


pacientes em fase pré-cirúrgica e a elaboração de uma cartilha de exercícios orientados
a pacientes, possibilitando uma intervenção acessível em diversos locais (casa, trabalho,
locais públicos etc), considerando-se todas as dificuldades existentes no Brasil.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 257


MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizado levantamento de informações nas plataformas Scielo, PubMed, Lilacs e


PEdro com os seguintes descritores: câncer de mama, fisioterapia, exercícios, quimiotera-
pia e radioterapia.
Foram levantados trabalhos realizados de janeiro de 2000 a setembro de 2017. Os artigos
incluídos deveriam relacionar câncer de mama com fisioterapia e/ou exercícios. Baseado
nas fontes citadas desenvolveu-se um protocolo de exercícios direcionados a pacientes
portadores de câncer de mama pré-cirúrgico.
Critérios de inclusão:

• Pacientes com câncer de Mama;


• Estágio I da doença;
• Sem alterações neurológicas / musculoesqueléticas prévias que
impeçam a movimentação ativa;
• Cognitivo preservado;
• Em tratamento adjuvante;
• Pré-cirúrgico;
• Sem cirurgias recentes;

Critérios de exclusão:

• Pacientes com problemas secundários ao câncer de mama de


limitem movimentação ativa;
• Presença de inflamação ou edema em abdome, virilha e extre-
midades superiores e inferiores;
• Pacientes que apresentam metástases ósseas e osteoporose
(SCHMITZ, K. H. et al. 2010);

RESULTADOS

A obesidade constitui um fator de risco para o desenvolvimento de várias doenças,


incluindo o câncer em mulheres (ALLOTT, E. H. et al. 2015). Estudos mostram que o Índice
de massa corporal relaciona-se diretamente com a apoptose das células NK e inversa-
mente com o número de células NK em mulheres. Além disso, indivíduos obesos têm re-
duzida a circulação de Citocina Interleucina (IL 15), vital para o desenvolvimento das cé-
lulas NK (LYNCH, L. A. et al. 2009; BARRA, N. G. et al. 2010). O exercício de resistência
é uma possível intervenção oncológica que pode aumentar o número e a atividade de

258 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


células NK periféricas em indivíduos com peso normal, e o exercício aeróbio pode aumentar
o número de células NK 35% mais em mulheres do que em homens, classificando o HIIT
como uma estratégia de alto potencial terapêutico na mama feminina de pacientes com
câncer. Ou seja, o HIIT pode mitigar o crescimento do câncer associado à obesidade, su-
gerindo-o como uma opção terapêutica promissora no benefício de pacientes obesos com
câncer de mama (TIMMONS, B. W. 2006).
O método Pilates tem sido defendido para reabilitação de sobreviventes de câncer
de mama, apesar de pouca evidência científica, várias publicações citam os benefícios do
método em condições relacionadas à saúde (dor nas costas, reabilitação, fibromialgia e
qualidade de vida em adultos mais velhos) (ALTAN, L. et al 2009). Um estudo examinou
a viabilidade de um programa de Pilates em sobreviventes de câncer de mama pós-mas-
tectomia e o impacto em parâmetros físicos e psicológicos, onde as medidas de resultado
foram viabilidade e adesão, ou seja, aceitabilidade do tratamento. Os resultados expressos
foram, no geral, positivos em todos os aspectos, com uma ressalva para linfedema, que
deve ser melhor investigado. Este estudo mostra que um programa estruturado de exercícios
do método Pilates é interessante clinicamente por ter boa adesão, baixo atrito, melhoras
significativas na mobilidade do ombro, parâmetros psicológicos, tais como qualidade de
vida, humor e imagem corporal (LEVINE, B. 2009). Com base nesses achados, propomos
o seguinte protocolo/cartilha de exercícios para pacientes de Câncer de Mama pré-cirúrgico
em tratamento adjuvante:
Protocolo

1. Exercícios respiratórios para ativação de musculaturas intrínsecas (core – diafrag-


ma, assoalho pélvico, transversos espinhais, oblíquo interno e transverso do abdo-
me).
2. Posicionamento da pelve e da coluna lombar (posição neutra e compensatória) 3.
Exercícios conscientizadores da contração da musculatura abdominal e sua rela-
ção com a caixa e coluna torácica.
3. Estabilização da cintura escapular – movimentos escapulares (adução, abdução,
rotação para cima e para baixo, elevação e depressão).
4. Posicionamento da cabeça e da coluna cervical – movimentos crânio-vertebrais
(flexão, extensão, rotação e inclinação) de exercícios.

Exercícios
Aquecimento
(10 repetições)

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 259


1. Exercícios respiratórios para ativação de musculatura intrínseca (core – diafragma,
assoalho pélvico, transversos espinhais, oblíquo interno e transverso do abdome).2
2. Posicionamento da pelve e da coluna lombar (posição neutra e compensatória) 3.
Exercícios conscientizadores da contração da musculatura abdominal e sua rela-
ção com a caixa e coluna torácica.
3. Estabilização da cintura escapular – movimentos escapulares (adução, abdução,
rotação para cima e para baixo, elevação e depressão).
4. Posicionamento da cabeça e da coluna cervical – movimentos crânio-vertebrais
(flexão, extensão, rotação e inclinação)

Figura 1. exercício nº1

Fonte: Érika Kinosita Jacobucci

Figura 2. exercício nº2

Figura 3. exercício nº3

260 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Parte Principal
(10 repetições)
Em decúbito dorsal

1. Com joelhos flexionados na largura dos quadris e com pés apoiados ao solo, flexão
da coluna cervical e torácica na expiração, iniciando pelo aceno da cabeça na ins-
piração Na mesma posição, flexão com rotação
2. Flexão de um quadril e joelho a 90º, realizar círculos no sentido horário e anti-ho-
rário;
3. Ponte articulada, iniciando a articulação pela transição da posição neutra para a
compensatória (pelve) e prosseguindo a articulação dos segmentos lombares e
parte da torácica. Estabilização na posição elevada da pelve, executando seis ci-
clos respiratórios;

Figura 4. exercício nº1

Figura 5. exercício nº3

Em decúbito lateral

4. Pernas flexionadas e aduzidas, com quadril ligeiramente flexionado. Realizar rota-


ção lateral do fêmur, mantendo os pés em contato. Na sequência, estender a mes-
ma perna e realizar a abdução em rotação lateral e, finalmente, extensão de qua-
dril. Posteriormente, poderá ser realizado com uma miniband em volta dos joelhos.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 261


Figura 6. exercício nº4

Em sedestação:

5. Bola suíça acoplada entre o banco e a parede, paciente com uma distância de
um palmo da pelve para a bola, realiza rolamento da coluna, iniciando da pelve
e sequenciando para a lombar, torácica e cervical, com uma extensão da coluna
apoiando-se na bola, e retorno iniciando a flexão pelo aceno da cabeça, finalizando
com a flexão da coluna lombar e retorno a posição neutra.
6. Segurando uma faixa elástica, com os braços em flexão de ombro a 90º, cotovelos
destravados, realizar mobilização de escápula (adução), remadas, bíceps braquial
alternado e simultâneo, rotação externa com os braços em abdução de 90º e flexão
de ombro de 90º para 180º.

Figura 7. exercício nº5

262 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Figura 8. exercício nº5

Treino intervalado
Exercício Estático
(10 repetições)

1. Em ortostatismo, afastamento antero-posterior de membros inferiores, segurando


uma faixa elásticas em ambas as mão com posicionamento de 90º de flexão de
ombros, realizar afundos com abdução dos ombros tracionando a faixa simultanea-
mente. Após as repetições, isometria no afundo com 8 rotações da coluna vertebral
para o lado do membro que está a frente.
2. Mobilização de escápulas em quatro apoios
3. Agachamento estático
4. Sentado na bola suíça, realizar flexão lateral de coluna vertebral alternando os la-
dos. 5. Sentado na bola suíça, com uma extremidade da banda elástica embaixo
de um dos pés e a outra extremidade da mão contralateral, realizar abduções de
ombro em rotação externa em uma diagonal com posterior rotação da coluna ver-
tebral.

Figura 9. exercício estático nº1

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 263


Figura 10. exercício estático nº2

Figura 11. exercício estático nº5

Exercício Funcional
(10 repetições)

1. Seguindo a mesma estrutura do exercício 1 estático, realizar avanços (afundo com


deslocamento anterior), trocando as pernas, realizando passos e abduções com
a faixa elástica. Ao final do oitavo passo, posicionar-se em isometria de afundo e
realizar as rotações de tronco.
2. Descarga de peso em prancha pronada com extensão de um quadril, alternado.
3. Agachamento com salto
4. Em decúbito lateral, realizar flexão lateral da coluna, elevando membros inferiores
e coluna cervical e torácica.
5. Em afastamento antero-posterior de membros inferiores, realizar abduções de om-
bro em rotação externa em uma diagonal com posterior rotação da coluna vertebral.

Aeróbio
(Tempo: 20 segundos)

1. Hope
2. Flexão de braço
3. Polichinelo
4. Deslocamento lateral tocando o solo com uma as mãos após o terceiro passo, al-

264 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


ternando os lados.
5. Saltos em afastamento anteroposterior de membros inferiores alternadamente re-
alizando simultaneamente torções da coluna vertebral para o lado contralaterais

DISCUSSÃO

O tratamento adjuvante torna melhor a sobrevida e reduz o risco de recorrência do


câncer de mama (EBCTCG 2012). Porém, o tratamento está relacionado a efeitos colate-
rais consideráveis que pioram a qualidade de vida relacionada à saúde de um indivíduo.
(BARBARIC, M. et al. 2010; .BOWER, J. E. 2014). A fadiga é normalmente citada como a
mais debilitante de todos os sintomas experimentados durante a quimioterapia (BOWER, J. E.
2014; VAN VULPEN, J. K. et al. 2016).
A prática de exercícios pelo paciente com Câncer de Mama é, ainda hoje, tratada com
certo temor por parte, não somente do próprio paciente, mas também por alguns médicos e
fisioterapeutas. Por outro lado, sabe-se, comprovadamente, que o tratamento de câncer de
mama prejudica o condicionamento cardiorrespiratório, levando o indivíduo à fadiga, fraqueza
muscular, perda de densidade óssea dentre outros. O fortalecimento muscular associado
ao trabalho aeróbio está relacionado a uma melhora da condição física, além de modificar
alguns marcadores biológicos como citocinas, resistência à insulina, hormônios sexuais,
marcadores inflamatórios como a proteína C Reativa, níveis de insulina no sangue e, além
disso, há evidências de que aspectos do estilo de vida como peso corporal, alimentação
e atividade física regular, podem modificar os índices metabólicos, alterando o estado de
saúde de um indivíduo, até mesmo na prevenção do câncer (MARX, A.; FIGUEIRA, P 2017).
Para reduzir ou eliminar a fadiga provocada pelo câncer e otimizar a qualidade de vida
relacionada à saúde, o treinamento físico mostra-se uma boa ferramenta a ser utilizada, com
eficácia e segurança, sendo melhor comparado às intervenções farmacológicas e psicológi-
cas (MUSTIAN, K. M. et al. 2017). As diretrizes de exercícios específicos do câncer sugerem
que pacientes com câncer de mama realizem uma combinação de exercícios aeróbicos e
resistidos (SCHMITZ, K. H. et al. 2010).
Há um crescimento de evidências que destacam os benefícios de picos mais curtos
de exercícios de alta intensidade para populações clínicas (TJONNA, A. E. et al. 2008 ;
WISLOFF, U. et al. 2007). Os estudos não só comprovam melhorias na aptidão cardiorres-
piratória em comparação com o treinamento aeróbio de intensidade moderada, mas também
na qualidade de vida (JAUREGUIZAR, K.V. et al. 2016), no humor (THUM, J. S., et al. 2017;
(OUERGHI, N. et al. 2016 ) , na saúde Cognitiva (DRIGNY, J. et al. 2014) e potencializam
liberação de endorfina em áreas do cérebro associado ao controle da emoção e da dor
(SAANIJOKI, T. et al. 2017).

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 265


Esse estudo apresenta como limitações a não aplicação do protocolo em pacientes e,
em decorrência, a não identificação de adaptações comuns necessárias aos exercícios, além
das individuais que sempre devem ser verificadas e realizadas. Sugerimos que o protocolo
de exercícios proposto seja testado em ensaio clínico randomizado em nova oportunidade
utilizando um grupo controle para comprovar sua eficácia.

CONCLUSÃO

A falta de conhecimento sobre os benefícios que a atividade física pode representar na


qualidade de vida do paciente com câncer de mama converge inicialmente para o próprio
paciente, que se posiciona defensivamente com falsas crenças, medo e insegurança sobre
essa prática. É necessário um aprimoramento no relacionamento profissional/paciente, seja
ele um médico, fisioterapeuta ou qualquer outro profissional da saúde. Outra dificuldade a
ser considerada é a falta de acesso a um serviço onde haja um fisioterapeuta especializado
em Oncologia ou até mesmo um espaço físico planejado para tal finalidade. Ao se considerar
outras possibilidades, parques, praças, centros comunitários, locais públicos ou até mesmo
em casa é, por vezes, a única opção desses pacientes (MARX, A.; FIGUEIRA, P 2017).
Por isso, um protocolo de exercícios simples de ser aplicado e praticado parece ser uma
ferramenta de grande valia para manutenção do estado físico geral e da qualidade de vida
em pacientes em tratamento do Câncer de Mama.

266 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


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268 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


21
“ Técnicas fisioterapêuticas para
lesões musculoesqueléticas de
atletas praticantes de futebol

Bruno Luiz Lau Paixão


Faculdade Estácio - Macapá

Areolino Pena Matos


Unicsatelo

10.37885/201001705
RESUMO

O presente artigo apresenta como objetivo bordar sobre a fisioterapia desportiva a partir
de uma revisão integrativa de literatura sobre as possíveis técnicas fisioterapêuticas em
atletas praticantes de futebol, destacando a importância da prevenção, como a neces-
sidade da reabilitação funcional diante das lesões musculoesqueléticas. Metodologia:
Para tanto, realizou-se uma revisão integrativa de literatura, nas bases de dados Scielo
e Google Acadêmico, no período entre 2010 a 2020. Os Resultados deste estudo,
verificou-se que o futebol se apresenta como uma prática desportiva com risco para o
acometimento de lesões que podem afastar o atleta da prática esportiva e prejudicar o
seu desempenho profissional, onde destacou-se a importância da Fisioterapia Desportiva
diante da prevenção de lesões e reabilitação funcional; as lesões mais comuns diante
as prática do futebol e as possíveis técnicas fisioterapêuticas em atletas praticantes
de futebol. Portanto, conclui-se, destacando que os estudos sobre a temática proposta
são muitos, porém não reduzem a importância do tema, estimulando ainda mais novas
pesquisas pautadas na Fisioterapia Desportiva tanto na prevenção de lesões esportivas
e na sua reabilitação.

Palavras- chave: Fisioterapia Despor tiva, Lesões Musculoesqueléticas, Técnicas


Fisioterapêuticas.
INTRODUÇÃO

O futebol apresenta-se como um desporto praticado por milhões de pessoas no mun-


do inteiro, e gradativamente tornou-se mais exigente, no nível tático e físico, ocorrendo um
grande número de lesões durante a sua prática, atingindo de 50% a 60% de todas as lesões
que incidem na referida atividade desportiva (MARCON; SOUZA; RABELLO, 2015).
Sendo assim, o referido estudo pauta-se nas possíveis técnicas fisioterapêuticas pre-
ventivas aplicadas em atletas praticantes de futebol, pois é importante ressaltar que as lesões
foram surgindo a partir das exigências decorridas da prática do referido esporte, uma vez
que a realização de maiores esforços, levam os jogadores a treinar no seu limite máximo
(PALÁCIO; CANDELORO; LOPES, 2010).
Diante disso, destaca-se a fisioterapia desportiva, que conforme Marcon, Souza e
Rabello (2015), apresenta-se como um componente da Medicina Esportiva onde seus mé-
todos são usados nas lesões ocasionadas pelo esporte, pois o tratamento fisioterapêutico
tem como objetivo eliminar a dor; recuperar a flexibilidade, a força muscular e a estabilida-
de da área lesada, além de recuperar a realizar treinamento proprioceptivo para ganho de
segurança, confiança, força, agilidade e coordenação.
A fisioterapia desportiva, destacando as técnicas fisioterapêuticas que visam prevenir,
bem como retornar o atleta à sua prática esportiva o mais rápido possível e com segurança
dentro dos limites fisiológicos e clínicos, permitindo a prática de atividade física sem sinto-
mas e riscos, promovendo a qualidade de vida e a condição do sistema musculoesquelético
(SILVA, et al., 2011).
Sendo assim, a referida pesquisa é de relevância científica, social e acadêmica, pois
uma pesquisa com resultados comprovados cientificamente sobre a fisioterapia desportiva
diante possíveis técnicas fisioterapêuticas preventivas aplicadas em atletas praticantes de
futebol, sendo de grande valia para a formação profissional no curso de pós-graduação em
Traumato-Ortopedia com ênfase em Terapia Manual, pois a prática do esporte tem populari-
dade mundial e, essas possíveis técnicas fisioterapêuticas preventivas podem ser influenciar
no rendimento dos atletas, bem como podem evitar lesões.
Diante do exposto, o objetivo do presente artigo foi abordar sobre a fisioterapia des-
portiva a partir de uma revisão integrativa de literatura sobre as possíveis técnicas fisiotera-
pêuticas em atletas praticantes de futebol, destacando a importância da prevenção, como a
necessidade da reabilitação funcional diante das lesões musculoesqueléticas.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 271


OBJETIVO

Abordar sobre a fisioterapia desportiva a partir de uma revisão integrativa de literatura


sobre as possíveis técnicas fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol, destacando a
importância da prevenção, como a necessidade da reabilitação funcional diante das lesões
musculoesqueléticas.

METODOLOGIA

O estudo em pauta trata sobre “técnicas fisioterapêuticas para lesões musculoes-


queléticas”, utilizou uma pesquisa bibliográfica e descritiva, com abordagem qualitativa
e quantitativa, a partir de materiais publicados em livros, monografias, artigos, disserta-
ções, além de teses.
A busca bibliográfica foi conduzida nos sites das bases de dados eletrônicas a partir
dos artigos indexados no sítio da Biblioteca Virtual em Saúde – BVS; Scientific Electronic
Library Online (SCIELO) e Google acadêmico, de acordo com as palavras-chave: Fisioterapia
Desportiva; Lesões musculoesqueléticas; Técnicas Fisioterapêuticas. Assim, por ser uma
pesquisa bibliográfica, não houve a coleta de dados de forma direta, não havendo a parti-
cipação de seres humanos.
Após a leitura, os artigos foram selecionados, e de acordo com os critérios de inclusão
de monografias, artigos, dissertações, além de teses; foram incluídos na pesquisa estudos
publicados entre os anos de 2010 a 2020; nos idiomas português e inglês; publicações
científicas na integra e que estivessem relacionados com a temática em questão. De acordo
com os critérios de exclusão, não foram incluídos na pesquisa publicações científicas que
antederam 2010, publicações apenas com resumo e fora do período selecionado, além de
publicações que não atendessem o objetivo da pesquisa.
Posteriormente a seleção das publicações científicas, os dados foram selecionados,
analisados e expostos a partir de uma revisão integrativa de literatura, permitindo examinar
estudos científicos de forma sistemática e abrangente, oferecendo a possibilidade de realizar
a identificação e análise da questão de pesquisa sob o prisma de diferentes especialistas e
a identificação de seus múltiplos determinantes, fornecendo subsídios sobre a temática em
questão (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).

272 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


PROCEDIMENTOS PARA A SELEÇÃO DOS ARTIGOS

Questão Norteadora

Para o desenvolvimento desta revisão de literatura integrativa elaborou-se a seguinte


questão norteadora: Quais as possíveis técnicas fisioterapêuticas preventivas em atletas
praticantes de futebol?

Processo de seleção dos artigos

Foram estabelecidas as bases de dados, as palavras de pesquisa, assim como critérios


de seleção para definir quais as fontes condizentes para a etapa seguinte. O levantamento
bibliográfico foi realizado na internet, no sítio da Biblioteca Virtual Scielo e Google acadêmico.
Para a busca nas bases de dados utilizou-se as palavras-chave: Fisioterapia Desportiva
AND Lesões musculoesqueléticas AND Técnicas Fisioterapêuticas, cruzadas respectiva-
mente. A quantidade de fontes encontradas foi explanada no Quadro 1, abaixo.

QUADRO 1. Artigos obtidos através das palavras-chave nas bases de dados consultados.
REFERÊNCIAS
BASES DE DADOS PALAVRAS-CHAVE UTILIZADAS
ENCONTRADAS
Fisioterapia Desportiva AND Lesões musculoesqueléticas
SCIELO 41
AND Técnicas Fisioterapêuticas
Fisioterapia Desportiva AND Lesões musculoesqueléticas
Google Acadêmico 29
AND Técnicas Fisioterapêuticas

Pré-seleção dos estudos

Foi efetuada uma leitura dos títulos e resumos de cada fonte encontrada, incluindo-os
ou excluindo-os, de acordo com os critérios de seleção.
Na base de dados Scielo foi a primeira em número de fontes encontradas 41, a qual
foram incluídos 7 publicações científicas e excluídos 34, pois não preenchiam os critérios de
inclusão. Já na base de dados Google acadêmico, foram encontradas 29 artigos, no entan-
to, 3 foram incluídos e 26 foram excluídos. O Quadro 2 apresenta a quantidade de estudos
fontes encontrados, incluídos e excluídos em cada base de dados da pesquisa.

QUADRO 2. Número de publicações científicas incluídos e excluídos de acordo com os critérios de seleção.
BASE DE DADOS REFERÊNCIAS ENCONTRADAS ARTIGOS INCLUÍDOS ARTIGOS EXCLUÍDOS
SCIELO 41 7 34
Google Acadê-
29 3 26
mico

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 273


Seleção e Análise dos Artigos Incluídos

Para facilitar a identificação dos artigos incluídos na revisão, os mesmos receberam


um código alfa-numérico de acordo com a ordem alfabética de cada título (Publicação
Científica 1= PC1 a Publicação Científica 10). A partir desta triagem foi elaborado um fluxo-
grama de coleta de dados e seleção dos estudos (Figura 1) encontrados em cada base de
dados, com o objetivo de apresentar esse processo de maneira clara e objetiva.

Aspectos Éticos e Legais

Este estudo foi realizado de acordo com o que preconiza a legislação vigente, dessa
forma, de acordo com as orientações da resolução 466/2012 que trata das questões rela-
cionadas a pesquisa científica envolvendo seres humanos não foi necessária a aprovação
da Comissão do Comitê de Ética em pesquisa devido a não utilização e manuseio de dados
sigilosos e de seres humanos.
Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica que se valeu apenas de dados secundários,
ou seja, realizou análise em resultados de pesquisas de outras pessoas não foi necessário
autorização de terceiros, uma vez que todos os autores e pesquisadores citados foram devi-
damente referenciados de acordo com o que preconiza a Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.

274 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Análise da Revisão Integrativa

A análise dos artigos se deu de maneira descritiva, possibilitando ao leitor visualizar


informações específicas de cada artigo, tais como: autor, título, ano, base de dados, bem
como atividades desenvolvidas e principais resultados, serão descritos nas categorias te-
máticas em que cada artigo se incluiu.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados

Através de busca nos bancos de dados Scielo (7); Google Acadêmico (3) obteve-se um
total de 10 publicações científicas, após a leitura dos resultados selecionados, realizou-se
o preenchimento do instrumento de coleta de dados de todas as publicações científicas,
visando extrair evidências científicas que tragam as respostas ao objetivo da pesquisa.
Posteriormente a realização da leitura na íntegra e de acordo com os critérios de inclusão,
foram excluídos 60 publicações científicas. Abaixo, o Quadro 3 explana quais foram as pu-
blicações científicas incluídas.

QUADRO 3. Publicações científicas incluídos na revisão integrativa


CÓDIGO AUTOR (ES) TÍTULO ANO BASE DE DADOS
Rozendo, Ochotorena e
PC1 A fisioterapia e a performance no futebol 2018 Scielo
Mendonça
Prevalência de lesões em atletas profissionais
PC2 Pinto e Chiapeta 2018 Scielo
de futebol: revisão de literatura
Lesões musculoesqueléticas em jogadores de
PC3 Nascimento et al. futebol durante o campeonato paraense de 2015 Scielo
2013
PC4 Silva e Mejia A fisioterapia e as lesões no futebol 2013 Scielo
Nascimento e Lesões mais incidentes no futebol e a atuação
PC5 2012 Scielo
Takanashi da fisioterapia desportiva
Utilização do FIFA 11+ para prevenção de lesões
PC6 Pinheiro e melhora da performance em atletas de fute- 2015 Scielo
bol: uma revisão de literatura
O futebol como uma modalidade esportiva
PC7 Rodrigues et al. popular no brasil e as lesões mais incidentes 2015 Scielo
nessa prática
Incidência de lesões musculoesqueléticas em
PC8 Silva et al. 2019 Google Acadêmico
jogadores de futebol profissional no brasil
Lesões mais comuns em jogadores profissionais
PC9 Simionato 2014 Google Acadêmico
de futebol de campo
Atuação da Fisioterapia na Prevenção de Lesões
PC10 Rodrigues et al. 2016 Google Acadêmico
em Atletas

A partir da apresentação das publicações científicas acima foi possível observar, que
a maioria das publicações científicas foram publicados no ano de 2015, sendo 3 (três) pu-
blicações científicas; 2018, com 2 (duas) publicações científicas; os anos de: 2012, 2013,

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 275


2014, 2016 e 2019, com 1 (uma) publicação científica em cada ano, com a maior publicação
na base de dados Scielo, com 7 (sete) publicações científicas, apenas 3 (três) na base de
dados Google Acadêmico.
No Quadro 4 apresenta-se autor (es), ano, o objetivo de cada publicação científica,
bem como seus principais resultados.

QUADRO 4. Listagem das publicações científicas.

AUTOR (ES) ANO OBJETIVO PRINCIPAIS RESULTADOS

A atuação do fisioterapeuta é impres-


cindível na utilização da prevenção de
lesões esportivas e na sua reabilitação,
Analisar a relação entre as lesões
onde destacaram-se vários recursos
Rozendo, Ochotorena e frequentes no futebol e o papel que a
(2018) fisioterapêuticos usados durante a
Mendonça fisioterapia pode proporcionar na perfor-
fase da lesão, sendo estes: crioterapia;
mance do atleta.
hidroterapia; eletroterapia; laserte-
rapia; termoterapia; mecanoterapia;
cinesioterapia; massoterapia, e outros.
Como resultado mais recorrentes
foram encontradas as lesões em
membros inferiores, atingindo de
Diagnosticar a prevalência de lesões forma mais significativa a musculatura
futebol, uma vez que esta modalidade de tal membro, seguida de entorse de
Pinto e Chiapeta (2018) esportiva é a mais praticada no mundo, tornozelo e lesão articular de joelho.
tendo cerca de 240 milhões de atletas Perante os dados obtidos conclui-se
entre profissionais e amadores. com a localização dessas lesões é im-
portante para um direcionamento de
atendimento da equipe multiprofissio-
nal para tratamento destas moléstias.
Com o presente estudo pode-se con-
cluir que há um alto índice de lesões
em atletas no futebol ocorrendo por
Identificar através de revisão literatura diversos fatores. Estas lesões ocorrem
especializada as lesões mais incidentes mais em membros inferiores, com
Nascimento et al. (2015)
no futebol e a atuação da fisioterapia predomínio na região da coxa. O
desportiva no Brasil. tratamento fisioterápico e o tempo
de afastamento desses atletas variam
muito de acordo com o grau e caracte-
rística de cada lesão.
Os resultados mostraram que a lesão
mais frequente nos atletas de futebol
Verificar, quais as lesões mais frequentes
é a contusão, resultado de trauma
no futebol e o papel da fisioterapia na
direto sobre o corpo do jogador, se-
prática do futebol, descrevendo, através
Silva e Mejia (2013) guido pela lesão muscular e entorse. A
de revisão bibliográfica, a prevenção das
localização mais frequente das lesões é
lesões e a intervenção fisioterapêutica
nos membros inferiores, especialmen-
na reabilitação dos atletas.
te o joelho, seguido pela coxa e pelo
tornozelo.
Os resultados corroboram com os
achados da literatura, nos quais se
Analisar as lesões musculoesqueléticas percebe que a maioria das lesões
Nascimento e
(2012) dos atletas de futebol profissional em ocorre em indivíduos mais jovens e são
Takanashi
um clube de Belém do Pará. do tipo contusões e entorses, afetando
principalmente membros inferiores
devido a natureza do esporte.

276 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


AUTOR (ES) ANO OBJETIVO PRINCIPAIS RESULTADOS

Os resultados mostraram que o


programa FIFA 11+ através de um
conjunto de exercícios pode diminuir
Realizar uma revisão narrativa da litera- o risco de lesão em jogadores de fute-
tura sobre a utilização do programa FIFA bol. A implementação de programas
Pinheiro (2015)
11+ para prevenção de lesões e melhora de prevenção de lesão gera redução
da performance em atletas de futebol de gastos para equipe e também pro-
moção de saúde para a população, já
que o futebol é um esporte altamente
praticado pela sociedade.
Os resultados mostraram que a
evolução e condutas fisioterapêuticas
Promover e pesquisar métodos, trata- procuram cada vez mais aprimorar
mentos e melhores formas de introduzir seus conhecimentos de forma a
a prevenção fisioterapêutica de modo usa-las acreditando em um modelo
Rodrigues et al. (2016)
que venha contribuir com a diminuição de treinamento buscando por atletas
de lesões em atletas independente de mais evoluídos e com menos tempo
suas classificações e qualificações parados em recuperação ao qual pode
trazer prejuízo para ambos (atletas e
treinadores)
Os resultados mostraram que as lesões
musculoesqueléticas mais incidentes
em atletas praticantes de futebol são
os membros inferiores, a posição de
meio campo foi a que obteve maior in-
Analisar a incidência de lesões muscu- cidência de lesões, e o excesso de trei-
Silva et al. (2019) loesqueléticas em jogadores de futebol no, falta de descanso e recuperação
profissional no Brasil. inadequada como principais fatores
de riscos. Com isso, são necessários
estudos e programas que busquem a
prevenção de lesões no futebol, com
intuito de diminuir a incidência e até
mesmo a gravidade.
Os resultados mostraram que as lesões
mais comuns que atingem os jogado-
Identificar as lesões mais comuns que
res profissionais de futebol: Estiramen-
Simionato (2014) atingem os atletas profissionais de fute-
to muscular, localizado na coxa, Rup-
bol de campo.
tura de ligamento de joelho e torção
articular, localizado no tornozelo.
Os resultados mostraram que a prática
do futebol como uma prática mundial,
Analisar o futebol como uma prática es-
é normal a incidencia de lesões, a
portiva popular no Brasil, a incidência de
qual envolvem as contusões/ lesões
lesões musculoesqueléticas em atletas
Rodrigues et al. (2015) traumáticas e das entorses. Quando
praticantes deste esporte e as ocorrên-
relacionado lesão e posição do jogador
cias dessas lesões segundo a posição de
em campo, os meios-campistas, late-
jogo dos atletas.
rais e atacantes são as posições que
mais sofrem lesões.

DISCUSSÃO

A importância da Fisioterapia Desportiva diante da prevenção de lesões e reabilitação


funcional

A partir da temática apresentada, destacou-se as pesquisas de Rozendo, Ochotorena


e Mendonça (2018), sobre a fisioterapia e a performance no futebol, que utilizou como me-
todologia uma pesquisa tem caráter bibliográfico e uma pesquisa descritiva, com caráter
qualitativo, com intuito de analisar a relação entre as lesões frequentes no futebol e o papel
que a fisioterapia pode proporcionar na performance do atleta.

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 277


As abordagens de Rozendo, Ochotorena e Mendonça (2018) evidenciaram que a fisio-
terapia apresenta-se como uma ciência da saúde aplicada ao estudo, diagnóstico, preven-
ção e tratamento de disfunções cinéticas e funcionais, de órgãos e sistemas, uma vez que
realiza estudos, diagnósticos, prevenções e tratamento dos distúrbios cinético-funcionais.
Diante disso, o profissional de fisioterapia deve ter visão holística de diversas áreas
médicas, com intuito de associar as patologias com o tratamento fisioterapêutico ideal, como
no caso das lesões musculoesqueléticas de praticantes do futebol, onde essas lesões são
muito comuns, pelo fato de ocorrer muitos casos.
Pinto e Chiapeta (2018), ressaltaram em sua pesquisa realizadas a partir de uma re-
visão de literatura que a prática do futebol tem crescido consideravelmente em todo o mun-
do, onde destaca-se o profissional que atua na área da fisioterapia desportiva, atuando na
prevenção e tratamento das lesões musculoesqueléticas de atletas praticantes de futebol,
buscando um mapeamento epidemiológico das lesões ocorridas, visando uma intervenção
mais direta e especifica.
O profissional que atua na área da Fisioterapia Desportiva, conforme Silva e Mejia
(2013), é um profissional com competências e skills específicos pertinentes com a promo-
ção da prática de exercício/atividade física, prevenção e tratamento, visando a melhoria
da funcionalidade e performance dos atletas, desde os momentos iniciais até à completa
reintegração desportiva.
Nascimento e Takanashi (2012), em suas pesquisas relaram que a Fisioterapia
Desportiva mais especificamente relacionada ao futebol possui importante papel não só no
processo de tratamento e reabilitação do atleta, mas também na implementação de medidas
de caráter preventivo, com intuito de tornar mínimo a ocorrência de lesões.
Ressalta-se que o tratamento preventivo é delineado e realizado de maneira eficaz
com base no levantamento dos fatores de risco dessas lesões. A Fisioterapia Desportiva a
partir de suas práticas e métodos são aplicados no caso de lesões causadas por esportes
com o propósito de recuperar, sanar e prevenir as lesões.
Nas pesquisas de Rodrigues et al. (2016), ficou evidente que a introdução da Fisioterapia
Desportiva é capaz de proporcionar na prevenção das lesões mais comuns na área esportiva,
especificamente no futebol, como uma forma de fazer a manutenção ou a recuperação de
um atleta, além de prevenir ou reduzir lesões, patologias, deficiências e vários outros fatores
relacionados a saúde e bem estar deste.

Lesões mais comuns diante da prática do futebol

Rozendo, Ochotorena e Mendonça (2018), deixaram evidentes em suas pesquisas que


um grande número de lesões pertinentes ao esporte torna-se cada vez maior, sobretudo as

278 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


lesões musculoesqueléticas. Nesse contexto, a prática de futebol, precisa ter um acompa-
nhamento de um profissional na área da Fisioterapia Desportiva.
Ressalta-se que o grande contato físico, movimentos curtos, velozes e não ininter-
ruptos, como aceleração, desaceleração, pivotamento, mudanças de direção, saltos, entre
outros, podem gerar um índice grande de lesões, tais como entorses de joelho e tornozelo,
contusões e lesões musculares, onde a atuação da técnicas fisioterapêuticas apresentam-se
necessárias para que os atletas praticantes de futebol possam ter melhores rendimentos.
Pinto e Chiapeta (2018), as lesões mais comuns diante da prática do futebol foram de
membros inferiores, tem por sua característica lesões musculares e articulares, principalmente
em tornozelos e joelhos respectivamente, dando ênfase na importância de se diagnosticar
a lesão o mais precocemente possível, para que os profissionais da equipe interdisciplinar,
incluindo o fisioterapeuta, possam começar a intervenção imediata, visando sanar ou redu-
zir sua incidência.
Nascimento et al. (2015), destacaram em suas pesquisas que as lesões mais comuns
diante da prática do futebol foram entorse de tornozelo, entorse de joelho, distensão de coxa
e lombalgia. Ressalta-se que cada tipo de lesão precisa levar em consideração o grau, ou
seja, leve, moderada ou pesada.
As práticas fisioterapêuticas no futebol surgem como uma alternativa de tratamento,
atuando de forma preventiva e na reabilitação, precisando ser desenvolvidas de acordo com
a gravidade da lesão incidida, para que o atleta lesionado possa obter melhores resultados
nos campeonatos ou torneios.
Silva e Mejia (2013) em suas pesquisas ressaltaram que a prevalência das lesões em
praticantes de futebol foram nos membros inferiores, especialmente o joelho, tendo como
fatores desencadeadores de lesões na referida prática desportiva, o tipo de treinamento,
condicionamento dos atletas e outros tipos de fatores isolados, onde os atacantes se apre-
sentam em maior número com lesões, seguidos dos zagueiros e laterais.
Nas pesquisas de Nascimento e Takanashi (2012), ficou evidente que a lesão despor-
tiva refere-se a um nome coletivo para todos os tipos de lesões suscetíveis de ocorrerem no
decurso de atividades desportivas. Logo, há um alto índice de lesões em atletas no futebol
ocorrendo por vários fatores, onde são mais incidentes em membros inferiores com predo-
mínio na região da coxa. Um dos mais graves problemas do atleta, e do esportista de uma
maneira em geral, é o seu retorno tardio e medo de reiniciar sua atividade esportiva.
Silva et al. (2019), ao abordarem sobre as lesões mais comuns diante da prática do
futebol destacaram: entorse, contusão, distensão muscular, luxação, lesão ligamentar e
contratura, em relação aos locais mais acometidos destacam-se os membros inferiores com

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 279


ênfase na região da coxa, joelho e tornozelo, os jogadores que atuam no meio de campo e
ataque são os que mais sofrem com lesões.
As pesquisas de Simionato (2014), mostraram que as lesões mais comuns diante da
prática do futebol foram estiramentos musculares (coxa), sendo classificados de acordo com
as dimensões da lesão em Grau 1, Grau 2 e Grau 3; torção articular (tornozelo); ruptura dos
ligamentos do joelho, além dos jogadores que atuam no meio de campo e no ataque, que
são os mais afetados com lesões, pois, são os mais exigidos fisicamente durante as partidas.
Por fim, Rodrigues et al. (2015) em suas pesquisas mostraram que as principais lesões
diante da prática do futebol envolvem as contusões, lesões traumáticas e das entorses.
Quando relacionado lesão e posição do jogador em campo, a literatura retrata que os meios-
-campistas, seguido pelos laterais e atacantes são as posições que mais sofrem lesões.

Possíveis técnicas fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol

Rozendo, Ochotorena e Mendonça (2018), ao abordar sobre as possíveis técnicas


fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol para reduzir o índice elevado de lesões,
onde destacou-se os exercícios proprioceptivos, que ajudam a manter uma excelente res-
posta do sistema somatosensorial.
O uso dos exercícios fisioterapêuticos auxilia na manutenção do equilíbrio, sendo estes
dinâmicos, multidirecionais e específicos, pois trabalham com componentes da equilíbrio
dinâmico das articulações que, durante os movimentos, conservam os membros e as ar-
ticulações firmes.
Rozendo, Ochotorena e Mendonça (2018), ressaltaram que o treinamento proprioceptivo
pode diminuir expressivamente a incidência de lesões de atletas praticantes de futebol, pois
esses exercícios são considerados uma parte integral do processo de reabilitação, podendo
ser usado clinicamente na prevenção de lesões desportivas.
Nesse pesquisa ainda, os autores citaram ainda outros recursos fisioterapêuticos usados
durante a fase da lesão, sendo estes: crioterapia; hidroterapia; eletroterapia; laserterapia;
termoterapia; mecanoterapia; cinesioterapia; massoterapia, etc.
Nascimento e Takanashi (2012), em suas pesquisas ressaltaram que as possíveis
técnicas fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol precisam levar em consideração
a atenção primaria (prevenção), até a terciaria (reabilitação). Logo, o tratamento preventivo
é delineado e realizado de maneira eficaz, com base no levantamento dos fatores de risco
dessas lesões, da análise de sinais específicos do esporte, como os erros de movimentos
executados pelos atletas, onde os métodos de prevenção das lesões, destacou-se a impor-
tância de um bom aquecimento /alongamento, além da necessidade do descanso, de uma
nutrição balanceada e um treinamento individualizado. Evidencia-se que o fato dos atletas

280 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


terem um retorno precoce da reabilitação, sem um tratamento adequado, aumenta o risco
de ocorrer outras lesões.
Nas pesquisas de Pinheiro (2015), constatou-se que dentre as possíveis técnicas
fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol ficou evidente que o FIFA 11+, desenvol-
vido como um programa de aquecimento pré-treino para prevenir lesões no futebol, podem
reduzir a incidência de lesão de atletas praticantes de futebol. O programa também se
mostrou eficaz na melhora de parâmetros da performance, no que diz respeito ao ganho
de controle neuromuscular.
Rodrigues et al. (2016), em suas pesquisas relataram que dentre as possíveis técnicas
fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol, destacou-se a cinesioterapia como forma
de abranger o fortalecimento vem trazer as prevenções o fortalecimento das regiões pré-
-determinada. Os autores ressaltaram ainda que por meio de um protocolo de treinamento
proprioceptivo e de equilíbrio pode-se obter resultados comprovando a eficácia dos treinos
em seus atletas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da pesquisa realizada pode-se constatar que as lesões musculoesqueléticas


ocorrem com muitas frequência em atletas praticantes de futebol. Diante dessa realidade,
destaca-se as técnicas fisioterapêuticas que atuam tanto na reabilitação, como na prevenção
de lesões, pois estas lesões podem implicar no aspecto físico e psicológico do atleta, uma
vez que este será afastado da prática esportiva.
As práticas fisioterapêuticas surgem nesse cenário como uma opção de tratamento
que atuam na prevenção e na reabilitação dos atletas praticantes de futebol. Diante disso,
analisa-se que o objetivo foi alcançado com êxito, uma vez que foi possível abordar sobre
a fisioterapia desportiva a partir de uma revisão integrativa de literatura sobre as possíveis
técnicas fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol, destacando a importância da pre-
venção, como a necessidade da reabilitação funcional diante das lesões musculoesqueléticas.
Conclui-se, destacando a importância de estudos sobre a temática proposta, pois ficou
evidente que a escassez das pesquisas limitaram informações importantes sobre as possíveis
técnicas fisioterapêuticas em atletas praticantes de futebol, porém não reduzem a relevância
do tema, mas sim estimulam novas pesquisas pautadas na Fisioterapia Desportiva tanto na
prevenção de lesões musculoesqueléticas e a reabilitação funcional dos atletas.

REFERÊNCIAS

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 281


1. MARCON, C. A.; SOUZA, A. A. F.; RABELLO, L. M. Atuação fisioterapêutica nas principais
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3. NASCIMENTO, G. A,. et al. Lesões musculoesqueléticas em jogadores de futebol durante o


campeonato paraense de 2013. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.7, n.25,
p.290-296. Maio/Jun./Jul./Ago. 2015.

4. PALÁCIO, E.; CANDELORO, B.; LOPES, A. Lesões nos jogadores de futebol profissional do
Marília atlético clube: Estudo de coorte histórico do Campeonato Brasileiro de 2003 a 2005.
Revista Brasileira de Medicina Esportiva, v. 15, n. 1, p 31-35, 2010.

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Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande. 2016. Disponível em: <https://repositorio.
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8. RODRIGUES, M., et al. O futebol como uma modalidade esportiva popular no brasil e as lesões mais
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9. ROZENDO, J.; OCHOTORENA, S.; MENDONÇA, T. A fisioterapia e a performance no


futebol. In. Saúde no Brasil, formação acadêmica, práticas e exercício da profissão. Porto
Alegre, RS: Editora Fi, 2018.

10. SILVA, A. et al. Análise do perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta com atuação na área
esportiva nas modalidades de futebol e voleibol no Brasil. Revista brasileira de fisioterapia.
São Carlos, v. 15, n. 3, p. 219-26, 2011.

11. SILVA, J.; MEJIA, D. A fisioterapia e as lesões no futebol, 2013. Disponível em: <https://do-
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12. SILVA, W. et al. Incidência de lesões musculoesqueléticas em jogadores de futebol profissional no


Brasil. Revista CPAQV – Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida. v..11, n. 3, 2019.

13. SIMIONATO, E. Lesões mais comuns em jogadores profissionais de futebol de campo.


2014. Disponível em: < http://repositorio.unesc.net/handle/1/3141> Acesso em 15 jan. 2020.

14. SOUZA, M.; SILVA, M.; CARVALHO R. Revisão Integrativa: o que é e como fazer. Einstein.
São Paulo, v. 8, n. 1, 2010.

282 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


SOBRE O ORGANIZADOR

Prof. Esp. Dennis Soares Leite


Sanitarista. Possui graduação em Fisioterapia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
Aperfeiçoamento em Saúde Pública pela Faculdade do Método de São Paulo (FAMEESP).
Aperfeiçoamento em Fisioterapia em dor orofacial pela Faculdade de Odontologia da Universidade
de São Paulo (FOUSP). Especialização (Modalidade Residência) em Saúde Coletiva com ênfase
em Saúde do Trabalhador pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Pós-graduando em Educação e Tecnologias com ênfase em Docência do Ensino Superior na
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Membro da Associação Brasileira de Saúde
Coletiva (ABRASCO). Durante a residência realizou estágio eletivo na Residência Multiprofissional
em Saúde da Família com ênfase em gestão em saúde na Universidade do Estado do Pará
(UEPA) e estágio pesquisa em Salud Colectiva na Universidad Nacional de Lanús (Buenos Aires
- Argentina). Experiência em docência para o curso de Fisioterapia da Universidade de São
Paulo (Eletrotermofototerapia e Fisioterapia Preventiva). Atualmente, Fisioterapeuta do Trabalho
responsável por treinamentos EaD na Belmonte Saúde: Consultoria e Reabilitação. Fisioterapeuta
no Serviço de Assistência Especializada de DST/Aids de São Paulo. Professor de Saúde Pública
e Odontologia na Faculdade Unyleya e DP Content. Professor de Educação Física e Fisioterapia
em Gerontologia na Power Content. Fisioterapeuta ergonomista na Libbs Farmacêutica e
Fisioterapeuta do trabalho no Banco BTG. Tem interesse e experiência em sexualidade humana,
saúde da população LGBTQIA+, educação em saúde, saúde coletiva, saúde pública, saúde do
trabalhador, educação à distância, vulnerabilidade em saúde e saúde de comunidades quilombolas.

283 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


ÍNDICE REMISSIVO

37, 38, 39, 42, 43, 44, 45, 46, 57, 60, 61, 62,
A 66, 82, 84, 85, 90, 100, 103, 104, 105, 109, 132,
138, 139, 140, 153, 170, 174, 187, 188, 192, 212,
Acidente Vascular Encefálico: 26 222, 223, 224, 225, 228, 231, 233, 248, 256,
267, 270, 272, 273, 275, 277, 278, 279, 281, 282
Artralgia: 248, 250

Artrite: 194, 248, 253 Função: 26, 29, 62, 222

Ataxia: 132, 133, 135, 136, 138, 139, 140 G


Atenção: 7, 12, 14, 17, 45, 46, 47, 51, 53, 60, Ginástica: 235, 236, 237, 238, 240, 242, 243,
61, 156, 198 244, 245, 246

B H
Bexiga: 111, 112, 113, 115 Hemodiálise: 174, 176

C I
Câncer: 119, 124, 256, 257, 259, 265, 266, 268 Incapacidade: 12

Capacidade: 68, 69, 72, 75, 163, 223 Incontinência: 111

Cardiotoxicidade: 119 Infecção: 248

Cuidadores: 12, 18 Insuficiência: 120, 124, 174, 175

D L
Dor: 36, 37, 38, 40, 68, 70, 73, 154, 163, 190, Lesões: 270, 272, 273, 275, 278, 282
248, 249, 250
Liberação: 142
E
Lombalgia: 32, 35, 36, 37, 39, 43, 44, 142, 153,
Ergonomia: 90, 91 154

Espelho: 20, 22, 23, 25, 26, 29 M


Estimulação: 111, 112, 224 Manovacuometria: 174

Exercício: 9, 119, 125, 155, 188, 198, 224, 256, Marcha: 94


263, 264
Método: 32, 33, 39, 43, 44, 82, 84, 91, 248, 256
F
Mobilidade: 68, 71, 74, 75, 215, 225
Facilitação: 94
N
Febre: 248, 252
Neurônios: 20, 23
Fisioterapeuta: 49, 50, 51, 53, 60, 91, 168, 227
P
Fisioterapia: 7, 12, 14, 17, 20, 23, 29, 32, 35,

284 Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional


Paciente: 12, 14, 179, 224, 227, 250, 251

Q
Qualidade: 7, 29, 37, 64, 65, 78, 79, 163, 165,
166, 190, 195, 198, 223, 235, 236, 242, 246, 282

Quimioterapia: 119

R
Reabilitação: 20, 23, 78, 92, 139, 140, 224, 232

Reiki: 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197,


198, 199

S
Saúde: 7, 17, 18, 23, 28, 29, 35, 36, 37, 43, 44,
45, 46, 47, 50, 51, 53, 57, 60, 61, 62, 66, 68, 79,
84, 92, 104, 108, 109, 111, 113, 114, 121, 122,
133, 139, 140, 147, 153, 154, 157, 158, 170,
173, 178, 190, 191, 198, 214, 224, 235, 241,
245, 246, 250, 272, 282

Sensorial: 94

Sobrecarga: 12, 18

T
Técnicas: 10, 56, 223, 246, 269, 270, 272, 273,
274

Tecnologias: 103, 108

Terapias: 190

Teste: 174, 182, 183, 213

U
UTI: 61, 227, 228, 230, 231, 232

V
Vibração: 9, 155, 156

Fisioterapia Na Saúde Coletiva: Perspectivas Para A Prática Profissional 285


editora científica

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