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INSTRUÇÃO NORMATIVA 06/2023

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO EM SALAS DE RECURSOS


MULTIFUNCIONAIS - SRM

O Secretário Municipal de Educação, no uso de suas


atribuições, em conformidade com a Lei Complementar n°
316/2020, que dispõe sobre o Atendimento Educacional
Especializado em Salas de Recursos Multifuncionais - SRM e
dá outras providências:

Considerando a Constituição Federal, de 1988, que assegura o direito à educação


e ao atendimento educacional especializado;

Considerando a Lei nº 9394 de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional;

Considerando o Decreto nº 5.296 de 2004, que estabelece normas gerais e


critérios básicos para promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência;

Considerando a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da


Educação Inclusiva, de 2008;

Considerando o Decreto nº 6.949 de 2009, que promulga a Convenção


Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência;

Considerando o Parecer nº 13 de 2009, do Conselho Nacional de Educação, que


estabelece as Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional
especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial;

Considerando a Resolução nº 04 de 2009, do Conselho Nacional de Educação que


institui as diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado;

Considerando o Decreto nº 7.611 de 2011, que dispõe sobre a educação especial e


o atendimento educacional especializado;

Considerando o Decreto nº 7.612 de 2011, que institui o plano nacional dos direitos
das pessoas com deficiência - Plano Viver sem Limite;

Considerando a Lei 12.764 de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção


dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art.
98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990;

Considerando o Decreto nº 8.368 de 2014, que regulamenta a Lei nº 12.764, de 27


de dezembro de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da
Pessoa com Transtorno do Espectro Autista;

Considerando o Plano Nacional de Educação - Lei nº 13.005 de 2014, em seu


artigo 8º que garante o Sistema Educacional Inclusivo;

Considerando a Nota Técnica nº 04/2014/MEC/SECADI/DPEE, que orienta quanto


a documentos comprobatórios de educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no Censo Escolar;

Considerando a Lei Brasileira de Inclusão, nº 13.146 de 2015;

Considerando a Instrução Normativa 08/2021, que dispõe sobre as atribuições de


Suporte pedagógico que podem ser assumidas por Professores na Rede Municipal
de Ensino;

Considerando a RESOLUÇÃO CME Nº 05/2023 do Conselho Municipal de


Educação de Araquari, que torna público e dá validade ao Parecer Nº 02, que
aprova sem ressalvas as propostas de diretrizes da política de Educação Especial
da Rede Municipal de Araquari e o modelo de Plano de Atendimento Educacional
Especializado;
Considerando a Instrução Normativa 05/2023 da Secretaria Municipal de Educação
que institui a Comissão de Avaliação Pedagógica para a Educação Especial;

RESOLVE:

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º A Educação Especial é uma modalidade de ensino complementar e/ou


suplementar à formação dos educandos e educandas com deficiência, TEA e altas
habilidades/superdotação, perpassando todos os níveis, etapas e demais
modalidades de ensino, sem substituí-los, tendo o atendimento educacional
especializado (AEE) como parte integrante do processo educacional.

Art. 2º A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva é uma


modalidade de ensino de responsabilidade de todos os profissionais da educação.

Art. 3º São princípios da Política de Educação Especial da Rede Municipal de


Ensino de Araquari:
I – da aprendizagem, convivência social e respeito à dignidade como direitos
humanos;
II – do reconhecimento, consideração, respeito e valorização da diversidade e da
diferença e da não discriminação;
III – da compreensão da deficiência como um fenômeno sócio-histórico-cultural e
não apenas uma questão médico-biológica;
IV – da promoção da autonomia e do máximo desenvolvimento da personalidade,
das potencialidades e da criatividade das pessoas com deficiência, bem como de
suas habilidades físicas e intelectuais, considerados os diferentes tempos, ritmos e
formas de aprendizagem;
V – da transversalidade da Educação Especial em todas as etapas e modalidades
de educação ofertadas pela Rede Municipal de Ensino, a saber, Educação Infantil,
Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos;
VI – da institucionalização do Atendimento Educacional Especializado - AEE como
parte integrante do Projeto Político-Pedagógico – PPP das Unidades de Ensinos;
VII – do currículo emancipatório, inclusivo, relevante e organizador da ação
pedagógica na perspectiva da integralidade, assegurando que as práticas,
habilidades, costumes, crenças e valores da vida cotidiana dos educandos e
educandas sejam articulados ao saber acadêmico;
VIII – da indissociabilidade entre o cuidar e o educar em toda a Educação Básica e
em todos os momentos do cotidiano das Unidades de Ensino;
IX – do direito à brincadeira e à multiplicidade de interações no ambiente educativo,
enquanto elementos constitutivos da identidade dos educandos;
X – dos direitos de aprendizagem, visando garantir a formação básica comum e o
respeito ao desenvolvimento de valores culturais, geracionais, étnicos, de gênero e
artísticos, tanto nacionais como regionais;
XI – do direito de educação ao longo da vida, bem como qualificação e inserção no
mundo do trabalho;
XII – da participação do próprio educando e educanda, de sua família e da
comunidade, considerando os preceitos da gestão democrática.

CAPÍTULO II
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE

Art. 4º Considera-se Atendimento Educacional Especializado - AEE o conjunto de


atividades e recursos pedagógicos e de acessibilidade organizados
institucionalmente, prestado em caráter complementar ou suplementar às atividades
escolares, destinado ao público-alvo da Educação Especial que dele necessite.

Art. 5º O AEE tem como função identificar, elaborar e organizar recursos


pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras existentes no processo
de escolarização e desenvolvimento dos educandos e educandas, considerando as
suas necessidades específicas e assegurando a sua participação plena e efetiva
nas atividades escolares.

§ 1º A oferta do AEE será realizada, de maneira articulada, pelos educadores da


Unidade de Ensino e pelos professores de suporte pedagógico de atendimento em
educação especial.

§ 2º A oferta do AEE dar-se-á nos diferentes tempos e espaços educativos, sob as


seguintes formas:

I - no contraturno;

II - por meio de trabalho itinerante, prestando suporte às instituições;

III - por meio de trabalho colaborativo com todos os profissionais da educação.

Art. 6º As atividades realizadas no Atendimento Educacional Especializado (AEE)


diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum não sendo substitutivas
à escolarização em classe comum.

Art. 7º Dentre as atividades de AEE são disponibilizados programas de


enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de
comunicação e sinalização e tecnologias assistivas. Ao longo de todo o processo de
escolarização esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica
do ensino comum.

Art. 8º Do nascimento aos três anos, o AEE se expressa por meio da organização
do ensino que promova a aprendizagem e desenvolvimento, em interface com os
serviços de saúde e assistência social.
SEÇÃO I
DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO AEE NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Art. 9º Conforme dispõe a Resolução CNE/CEB no 4/2009, art. 10o, o Projeto


Político Pedagógico - PPP das unidades de ensino regular deve institucionalizar a
oferta do AEE, prevendo na sua organização:
I - Sala de recursos multifuncionais - SRM: espaço físico, mobiliários, materiais
didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos específicos;
II - Matrícula no AEE de educandos matriculados no ensino regular da própria
escola ou de outra escola;
III - Cronograma de atendimento aos educandos;
IV - Plano do AEE (I.N 05/2023): identificação das necessidades educacionais
específicas dos educandos, definição dos recursos necessários e das atividades a
serem desenvolvidas;
V - Professores para o exercício do AEE;
VI - Outros profissionais da educação: tradutor intérprete de Língua Brasileira de
Sinais, guia-intérprete e outros que atuem no apoio, principalmente às atividades de
alimentação, higiene e locomoção;
VII - Redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do
desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos,
entre outros que maximizem o AEE.

Art. 10° Para fins de planejamento, acompanhamento e avaliação dos recursos e


estratégias pedagógicas e de acessibilidade, utilizadas no processo de
escolarização, a escola/CEI institui a oferta do atendimento educacional
especializado, contemplando na elaboração do PPP (Anexo I), aspectos do seu
funcionamento, tais como:

§ 1.° Carga horária para os educandos do AEE, individual ou em pequenos grupos,


de acordo com as necessidades educacionais específicas;
§ 2.° Espaço físico com condições de acessibilidade e materiais pedagógicos para
as atividades do AEE;
§ 3.° Professores com formação para atuação nas salas de recursos multifuncionais
- SRM;
§ 4.°Profissionais de apoio às atividades da vida diária e para a acessibilidade nas
comunicações e informações, quando necessário;
§ 5.° Articulação entre os professores da educação especial e do ensino regular e a
formação continuada de toda a equipe escolar;
§ 6.° Participação das famílias e interface com os demais serviços públicos de
saúde, assistência, entre outros necessários;
§ 7.°Oferta de vagas no AEE para educandos matriculados no ensino regular da
própria escola e de outras escolas da rede pública, conforme demanda;
§ 8.°Registro anual no Censo Escolar MEC/INEP das matrículas no AEE.

Art.7° O encaminhamento ao AEE em Sala de Recursos Multifuncionais - SRM


deverá ser orientado pelas necessidades específicas quanto às atividades próprias
deste atendimento (I.N. 05/2023) e não pela existência da deficiência. O processo
desse encaminhamento poderá ocorrer em qualquer época do ano.

SEÇÃO II
DO AEE EM SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS - SRM

Art. 11º A Sala de Recursos Multifuncionais-SRM é um local da escola/CEI com


equipamentos, materiais e recursos pedagógicos específicos, no qual se realiza o
atendimento educacional especializado para educandos e educandas com
deficiência, TEA, altas habilidades/superdotação, por meio do desenvolvimento de
estratégias de aprendizagem centradas em um fazer pedagógico que favoreça a
construção de conhecimentos pelos educandos e educandas, subsidiando-os para
que desenvolvam o currículo e participem da vida escolar.

Art. 12º O atendimento na sala de recursos multifuncionais - SRM deve ser


realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola/CEI onde o
educando está matriculado ou em outra escola de seu zoneamento.

Art. 13º Para atuação na sala de recursos multifuncionais - SRM, o professor deve
ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação
específica para a Educação Especial, conforme Resolução CNE/CEB n.4/2009, art.
12.

Parágrafo único: A necessidade e a intensidade do serviço serão avaliadas pelo


profissional da sala de recursos multifuncionais - SRM em conjunto com os
profissionais que atuam com o educando e educanda.

Art. 14º Ao Professor do Atendimento Educacional Especializado atuante na Sala


de Recursos Multifuncionais - SRM compete:
I - realizar o atendimento de forma complementar ou suplementar à escolarização,
considerando as habilidades e as necessidades específicas dos educandos
público-alvo da educação especial.
II – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de
acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos
educandos e educandas público-alvo da Educação Especial;
III – elaborar e executar em conjunto com os demais profissionais que atuam com
os educandos e educandas, o plano de Atendimento Educacional Especializado,
avaliando a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade, com base no estudo de caso realizado com a comissão de avaliação
pedagógica em educação especial;
IV – organizar o tipo e o número de atendimentos aos educandos e educandas na
sala de recursos multifuncionais - SRM;
V – acompanhar a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de
acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros
ambientes da escola;
VI – estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias
e na disponibilização de recursos de acessibilidade;
VII – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de
acessibilidade utilizados pelo educando;
VIII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais
dos educandos e educandas, promovendo autonomia e participação;
IX – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à
disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das
estratégias que promovem a participação dos educandos e educandas nas
atividades escolares.
X - Elaborar o Plano de Atendimento Educacional Especializado – Plano de AEE,
em conjunto com os demais profissionais que atuam com os educandos e
educandas, documento comprobatório de que a escola, institucionalmente,
reconhece a matrícula do educando e educanda público-alvo da educação especial
e assegura o atendimento de suas especificidades educacionais (nota técnica
04/2014).
XI - Avaliar e replanejar o Plano de AEE trimestralmente ou sempre que os objetivos
já tiverem sido atingidos ou não houver avanços na aprendizagem e
desenvolvimento dos educandos e educandas a partir das ações previstas no Plano.

Parágrafo único: durante o estudo de caso, primeira etapa da elaboração do Plano


de AEE, se for necessário, o professor do AEE, poderá articular-se com
profissionais da área da saúde, tornando-se o laudo médico, neste caso, um
documento anexo ao Plano de AEE (nota técnica 04/2014).
Art. 14º Os casos omissos serão resolvidos pela Secretaria Municipal de Educação
– SME.

Araquari, 29 de agosto de 2023.

FRANCISCO AIRTON GARCIA


SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

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